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17/02/2024, 11:29 UNINTER
CONVERSA INICIAL
A presente aula traz um texto intitulado Arte Contemporânea e trata sobre diferentes tópicos
desta produção recente do campo das artes visuais. O recorte busca tratar primeiramente sobre a
conceitual, escultura contemporânea, intervenções urbanas e sobre a relação entre arte e tecnologia.
Tudo isso nos permite melhor compreender a dinâmica da contemporaneidade no que se refere à
Assim, o objetivo desta aula é proporcionar ao leitor as ferramentas necessárias para adentrar o
amplo e instigante universo da arte contemporânea. Para tanto, seguimos a seguinte sequência nos
assuntos:
A complexidade do contemporâneo;
Performance;
Arte conceitual;
Arte e tecnologia.
A arte contemporânea, ou arte pós-moderna, tem início após a Segunda Grande Guerra Mundial.
Trata-se de uma tendência estética do momento atual com elementos característicos de nossa
sociedade, que vão desde os materiais empregados até as temáticas, reflexões e críticas propostas
pelos artistas por meio das diferentes linguagens. A arte contemporânea também propõe
investigações e descobertas por parte do artista, que passa a ser um pesquisador, experimentador e
crítico.
A arte contemporânea pode ser chamada de arte pós-moderna no sentido de romper com
aspectos modernistas e ultrapassá-los no que se refere ao fazer artístico, muitas vezes substituindo a
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ideia, a proposta e o conceito. Com isso, torna-se um campo ainda mais fértil para a subjetividade e
experimentações, em muitos casos, tanto por parte do artista como também do público. Além disso, a
arte contemporânea possui grande envolvimento com o desenvolvimento tecnológico e suas
reverberações nas sociedades. São tantas as possibilidades na arte contemporânea que podemos
considerar que “o jovem artista de hoje já não precisa mais dizer “sou um pintor” ou “um poeta” ou
“um dançarino”. Ele é simplesmente um “artista”” (Kaprow, 1958, citado por Dempsey, 2003).
Além do que tratamos nesse texto sobre alguns dos tópicos da arte contemporânea, devemos
lembrar, ainda, das instalações, considerando que essas não apenas podem ser intervenções
realizadas diretamente no espaço urbano e em outros espaços alternativos, mas também dentro dos
museus e galerias. As instalações tanto podem ser obras específicas como também a própria
exposição, o que permite tanto ao artista como ao curador inúmeras possibilidades de criação e
Isso ocorre porque a maioria das instalações proporciona experiências únicas e sinestésicas
envolvendo outros sentidos além da visão. As instalações na realidade brincam com o espaço,
permitindo ao público vivenciar a obra e, ao mesmo tempo, evocar as suas memórias e experiências
anteriores para serem correlacionadas com o que está sendo apresentado no presente. Não há como
As instalações como uma forma de linguagem das artes visuais têm início com a exposição
“Primeiros documentos do surrealismo”, realizada no ano de 1942, na cidade de Nova York, para a
qual o artista dadaísta Marcel Duchamp foi convidado para ser o curador. Não obstante, Duchamp
deu asas à sua imaginação para criar a sua obra por meio da exposição proposta pelos artistas
surrealistas. Destacamos que Duchamp não estava expondo nenhuma obra nessa mostra, mas, ao
realizar a curadoria, criou a sua obra intitulada “Milhas de barbante”.
A obra em questão foi produzida por Duchamp quando este espalhou barbantes pelo espaço
expositivo e entre as obras, amarrando fios pelos expositores e nos locais em que se encontravam os
quadros pendurados, o que dificultou a passagem dos visitantes da mostra e também a visibilidade
das pinturas. Como se não bastasse, ele ainda convidou um grupo de meninos para jogar bola entre
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Nada mais justo que os artistas surrealistas se sentissem um tanto quanto incomodados com
essa atitude do curador, considerando ainda que a exposição “Primeiros documentos do surrealismo”
foi a segunda exposição para a qual ele foi convidado para ser curador. A primeira exposição para a
qual Duchamp foi convidado como curadoria foi realizada em 1938, na cidade de Paris, sendo
intitulada “Exposição Internacional do Surrealismo” e contando com a participação de mais de 60
artistas de diferentes países e cerca de 300 obras expostas. Já nessa mostra, Duchamp pendurou
sacos de carvão no texto, propondo mais uma possibilidade para o espaço expositivo (O’Doherty,
2002).
Contudo, evidenciamos que muitas das ideias propostas por Marcel Duchamp ainda influenciam
os artistas contemporâneos nas diferentes linguagens das artes visuais. O caráter ousado no que se
refere à proposição de críticas, reflexões e questionamentos é outro item indispensável à arte
Assim, o que poderia ser considerado belo já não importa mais porque a intenção da arte
contemporânea vai além da fruição, contemplação e deleite, pois se trata de uma arte que instiga e
intui o pensar.
tornou ainda mais complexa em sua base e compreensão. A subjetividade, frente às inúmeras
possibilidades de criação por meio das diferentes linguagens, permite que artistas contemporâneos
brinquem com os sentidos humanos. E não apenas a multiplicidade de linguagens, mas também de
materiais e técnicas, convencionais ou não, incluindo matéria viva, reflete a liberdade que a arte
assumiu desde o século XX. De acordo com Cocchiaralle:
modernismo, e passou a buscar uma interface com quase todas as outras artes e, mais, com a
própria vida, tornando-se uma coisa espraiada e contaminada por temas que não são da própria
arte. (Cocchiaralle, 2006, p. 16)
em diferentes campos. Além disso, a arte contemporânea trabalha com a fusão de diferentes estilos e
técnicas permitindo que uma mesma obra possa ser composta por pintura, escultura, vídeo arte e
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tudo o mais que o arista queira inserir no espaço expositivo como sua obra. Isso evidencia o caráter
híbrido da arte contemporânea, o qual multiplica ainda mais as possibilidades de criação para os
artistas que também contam com oportunidades de intervenção e apropriação de outras obras já
na sociedade são outra característica forte da arte contemporânea, que instiga para que o observador
possa ir além do que está vendo ou sentindo com base em experiências sinestésicas. Isso porque a
arte visual já não permanece somente no campo da visão, passando a permitir a expressão do artista
Assim, é fácil encontrarmos exposições diversas com propostas interativas em que o público
pode ser convidado a participar da obra, interagir, aprender e até mesmo a recriá-la. Dessa forma,
temos o conceito de obra aberta, que, quando empregado pelo artista, tal como o título já diz,
realmente deixa a sua obra aberta para que possa passar por interferências e intervenções de quem
quer que tenha interesse em recriar algo com base nela.
O principal sentido da obra de arte é, pois, a sua capacidade de intervir no processo histórico da
sociedade e da própria arte e, ao mesmo tempo, ser por ele determinado, explicitando, assim, a
dialética de sua relação com o mundo. (Fusari; Ferraz, 1993, p. 105)
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Créditos: KeongDaGreat/Shutterstock.
materiais não considerados nobres no campo das artes visuais e passíveis de rápida degradação,
como materiais orgânicos diversos e outros. Além disso, na contemporaneidade temos a valorização
da ideia e conceito em detrimento do objeto em si, que poderá ser substituído por outro similar em
Por fim, destacamos a ampliação das dimensões e possibilidades de uma obra, como as
instalações e a apresentação da arte em espaços alternativos como a rua, e não somente nos museus
e galerias. Na atualidade, há inúmeros artistas contemporâneos que podem ser destacados, cada qual
com sua proposta, trazendo novidades e proposições diversas para o mundo da arte.
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TEMA 2 – PERFORMANCES
A performance tem origem na década de 1950 e trata-se de uma linguagem bastante usada
pelos artistas contemporâneos. A performance possui estreita ligação com o teatro e a body art (arte
do corpo), a qual tem origem no final da década de 1960. E, com base no olhar de Glusberg (1987, p.
a performance não é um jogo e sim uma máquina simbólica, que na sua multiplicação artística
aponta os caminhos do desenvolvimento corporal, utilizando os recursos mais cotidianos com os
Os observadores da body art são passíveis a todo o tipo de emoção, considerando o caráter
múltiplo dessa linguagem que promove o voyeurismo, evocando diferentes reações emocionais. Da
mesma forma, a performance trabalha diretamente com o corpo do artista, mas vai além do
voyeurismo, pois permite ao público a sua participação a depender da proposta.
Assim, observamos nessa linguagem artística o corpo em atuação, com uma proposta baseada
em algum conceito ou algo que o artista queira comunicar ou mesmo investigar por meio de sua
O artista performático faz uso de seu próprio corpo para apresentar a sua performance, podendo
incluir ou não outros elementos e sujeitos.
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O performer vai conceituar, criar e apresentar sua performance, à semelhança da criação plástica.
Seria uma exposição de sua ‘pintura viva’, que utiliza também os recursos da dimensionalidade e da
temporalidade. (Cohen, 1989, p. 138)
A performance, fosse ela denominada ações, arte viva ou arte direta, permitiu aos artistas romper as
fronteiras entre a mídia e as disciplinas, e entre a vida. A performance como um modo de expressão
continuou a ganhar ímpeto durante o final da década de 60 e nos anos 70, assumindo com
frequência a forma de body art. Desde então, além de explorar questões relevantes para o universo
da arte, os artistas performáticos vêm criando uma obra que se referencia a questões sociológicas
Entre as características da performance, destacamos o seu caráter híbrido por poder envolver
performances o registro fotográfico, que permite ao artista expor as imagens em outros momentos.
Além da performance, temos, ainda, o happening, o qual é realizado de forma mais espontânea e
improvisada que a performance, a qual necessita, de certa forma, de um planejamento para ser
executada. O happening trabalha diretamente com a imprevisibilidade, podendo ser realizado frente
ao público e inclusive convidando o público para participar ativamente. E, ainda, essa linguagem não
é realizada muitas vezes, pois depende do timing exato percebido pelo artista. “Os Happenings
2002, p. 48).
Uma artista contemporânea que tem se destacado sobretudo por meio da linguagem
performática é a sérvia Marina Abramovic, jocosamente considerada como a avó da performance. Sua
obra performática tem início a partir da década de 1970 e investiga os limites do corpo, as relações
entre o artista e o público, bem como as possibilidades da mente humana.
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Créditos: bibiphoto/Shutterstock.
A arte conceitual tem origem a partir da década de 1960 e se embasa no conceito para se valer
como arte, podendo fazer uso de qualquer linguagem, material e técnica, efêmera ou não, desde que
tenha uma base conceitual sólida. Assim, a arte conceitual se faz por meio da ideia, do pensamento
proposto pelo artista, que, mediante isso, pode fazer ou não uso do efêmero a considerar que a sua
ideia se sobrepõe a qualquer material empregado para a criação de sua obra. Com isso, é pretendido
que a inteligência se sobreponha ao belo com essa proposta contemporânea, dando valor à arte
como forma de se fazer pensar. Conforme aponta Dempsey sobre a arte conceitual:
preceito básico é o de que as ideias ou conceitos constituem a verdadeira obra [...]. Em um exemplo
mais extremado, a arte conceitual renuncia completamente ao objeto físico, usando mensagens
Mas também há obras conceituais que fazem uso de materiais nobres e de um resultado estético
primoroso para se consolidarem, tais como a obra do artista inglês Damien Hirst, intitulada For the
Love of God, feita por meio de platina, diamantes e dentes humanos. Por meio dessa obra, Hirst
pretende trazer à tona reflexões acerca da morte, do luto e de seus desdobramentos, evocando a
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famosa frase bastante aplicada pelos artistas barrocos em suas obras no século XVI e XVII: Memento
Obviamente, há obras cujo conceito está mais evidente para a sua existência do que a própria
matéria do suporte que a permite existir. Vale destacar que toda a arte contemporânea é, de certa
forma, conceitual em suas distintas e múltiplas linguagens. Uma obra conceitual bastante intrigante é
a obra Merda d’artista, de 1961, proposta pelo artista italiano Piero Manzoni, o qual enlatou
mecanicamente seus próprios excrementos para vender as latas ao preço da cotação diária do ouro.
As latas ainda foram exportadas para diferentes países, e, por isso, podem apresentar rótulos em
diferentes idiomas. O intuito de Manzoni era promover uma crítica tanto à arte conceitual como
também à sociedade de consumo.
Outro artista contemporâneo em cuja produção artística, ideias e conceitos propostos podemos
nos aprofundar mais é o chinês Ai Weiwei. Suas obras vão desde instalações e intervenções a objetos
diversos, mas sempre com profundo e forte apelo crítico e conceitual. Suas críticas políticas ao
sistema governamental totalitário da China já lhe renderam grandes problemas que acabaram se
tornando sua inspiração para a produção de mais obras. Isso mostra o quanto a arte e ideias de um
artista bem informado pode realmente incomodar aqueles que se apresentam frente ao poder.
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No ano de 2013, Ai Weiwei expôs na Tate Gallery, em Londres, a sua obra “Sunflower
Seeds” (sementes de girassol) com cerca de 100 milhões de pequenas peças de porcelana pintadas a
mão. Inicialmente, o público podia andar sobre as sementes, tocá-las, pegá-las e pular sobre elas.
Porém, essa possibilidade de interação foi fechada ao público devido aos riscos à saúde em
decorrência do pó que o atrito entre as peças poderia oferecer.
Figura 6 – Obra Sementes de girassol, de Ai Weiwei na Tate Gallery, em Londres, fechada ao público
devido aos riscos que poderia trazer à saúde. Trata-se de 100 milhões de pequenas peças de
urbano, fazendo desse um espaço expográfico no qual o transeunte se torna observador do mundo e
das obras que o rodeiam. Assim, muitas esculturas contemporâneas podem ir além dos espaços
institucionalizados como museus e galerias, estando expostas também nos espaços alternativos,
como ruas e centros urbanos.
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Assim, a escultura contemporânea também pode ser uma obra arquitetônica a depender da
proposta do arquiteto, que pode compreender o seu projeto como uma obra de arte. Com isso,
percebemos o quanto essa linguagem da arte contemporânea funciona como uma forma de
topiaria, o que parece bastante inusitado, ao mesmo tempo em que mostra a pluralidade de técnicas,
O topiaria é uma técnica milenar de jardinagem que permite a modelagem de plantas e arbustos.
A obra Puppy, de Koons, feita por meio da técnica de topiaria e medindo cerca de 16 metros de altura,
apresenta a forma de um cachorro. Para essa obra, o artista produziu uma estrutura de ferro que
pudesse ser revestida por flores e plantas naturais, sendo estas trocadas sempre que necessário.
Créditos: BearFotos/Shutterstock.
Rom Mueck, com suas obras hiper-realistas e de tamanhos não convencionais. Rom Mueck cresceu
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fabricação de bonecos para futuramente trabalhar com a produção de cenários. Mas foi a partir da
década de 1990 que ingressou no mundo da arte com suas esculturas que propõem diferentes
leituras, e, ao mesmo tempo, despertam distintas emoções em quem as observa, tanto pelo impacto
do tamanho como pela similaridade com o real.
Créditos: Lisaveya/Shutterstock.
praticamente tudo, tanto em um objeto qualquer como em uma edificação, outra obra de arte e mais.
Já na obra intitulada L.H.O.O.Q., de Marcel Duchamp, 1919, cuja leitura da sigla remete à frase em
francês "Elle a chaud au cul" (Ela tem o rabo quente), podemos identificar uma reprodução da
imagem da obra da Mona Lisa, de autoria de Leonardo da Vinci, como referência visual, mas com um
bigode desenhado pelo artista dadaísta. Trata-se de uma intervenção de Duchamp na imagem em
questão, provocando questionamentos sobre o que ela representa visualmente e no mundo da arte.
De forma geral, as intervenções na arte surgem a partir da década de 1970, visando aos espaços
expositivos não convencionais, ou seja, extramuros dos museus, galerias, centros culturais e qualquer
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cenário urbano por meio de manifestações, como street art em geral, como o grafite, as colegas e o
concretização dessa obra, Ai Weiwei expôs cerca de 14 mil coletes salva-vidas encontrados por ele na
Ilha de Lesbos, na Grécia. A intenção era mostrar a trágica situação da crise de 2015 dos refugiados
que tentavam escapar pelo Mar Mediterrâneo, considerando, ainda, que somente a Alemanha
estimou que cerca de 800 mil pessoas tenham solicitado asilo nesse período.
Figura 9 – Instalação na cidade de Berlim. Obra política mostrando a crise dos refugiados por Ai
Weiwei
Créditos: 360b/Shutterstock.
Dentre as mais famosas intervenções artísticas do mundo está a “Cow Parade” (Parada da Vaca),
com a intenção de democratizar a arte, permitindo e estabelecendo um diálogo entre a arte
mundo todo, sendo pintadas por artistas locais. Com isso, apesar de observarmos a mesma
reprodução escultórica, nos deparamos com diferentes resoluções pictóricas no mundo todo.
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Créditos: Theastock/Shutterstock.
Outra linguagem urbana de destaque que tem se difundido muito desde a década de 1970 é o
grafite. O grafite hoje permite que as paredes e muros das cidades se tornem arte por meio de
imagens e letras específicas. Trata-se de uma arte produzida tanto em locais públicos como privados e
de acesso ao coletivo. Entretanto, com origem em Nova York, inicialmente o grafite tratava mais de
uma forma de expressão urbana por meio da qual adultos e crianças se manifestavam, passando a se
O grafite não surgiu isoladamente como tentativa de manifestação artística, mas sim como uma
forma de expressão do movimento cultural norte-americano hip hop, com origem na década de 1960,
o qual buscava dar voz aos membros das periferias. Não obstante, o hip hop é um movimento cultural
das ruas por meio do qual os integrantes buscavam apresentar suas reações frente aos problemas de
desigualdade social e violência urbana com as classes sociais marginalizadas. Com isso, o hip hop se
difundiu na música, na moda, na dança, bem como nas artes visuais, seguindo o que é chamado de
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Vale destacar que a inscrição de informações, expressões ou críticas como forma de manifestação
urbana vem desde o Império Romano. Um exemplo são as inscrições nas ruínas de Pompeia, por meio
das quais hoje se estuda o latim vulgar. Tais inscrições mostram desde o descontentamento social e
político por parte da população da época até expressões sentimentais e declarações amorosas.
Em meio a muitas polêmicas, a linguagem do grafite é defendida por muitos como arte urbana,
porém, é também atacada por alguns que a consideram pichação, ou seja, uma forma de vandalismo
e depredação do patrimônio público ou privado. Assim, para que uma obra de grafite possa ser
realizada, é necessário que artista e proprietário, ou responsável pelo local, estejam em comum
acordo. Dentre os principais grafiteiros, podemos destacar Jean-Michel Basquiat (1960-1988), Keith
Haring (1958-1990), Alex Vallauri (1949-1987), Banksy, Aryz, Chris Ellis (Daze), Os gêmeos (Irmãos
Figura 12 – Retrato do arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer em grafite na Avenida Paulista, em São
Paulo, por Eduardo Kobra
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trabalhassem com múltiplas técnicas e linguagens. Além disso, com os avanços tecnológicos, a arte
passou a contar também com mais possibilidades. Tal relação mostra o quanto a arte está relacionada
à sociedade e aos desdobramentos de seu tempo, não podendo se desligar da realidade e de
acontecimentos diversos.
Isso deu origem a mais linguagens e formas de expressão, além da ampliação no que se refere ao
hibridismo. Para Machado (2007, p. 24):
As técnicas, os artifícios, os dispositivos de que se utiliza o artista para conceber, construir e exibir
seus trabalhos não são apenas ferramentas inertes, nem mediações inocentes, indiferentes aos
resultados, que se poderiam substituir por quaisquer outras. Eles estão carregados de conceitos,
eles têm uma história, eles derivam de condições produtivas bastante específicas. A artemídia, como
qualquer arte fortemente determinada pela mediação técnica, coloca o artista diante do desafio
permanente de, ao mesmo tempo em que se abre às formas de produzir do presente, contrapor-se
também ao determinismo tecnológico, recusar o projeto industrial já embutido nas máquinas e
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aparelhos, evitando assim que sua obra resulte simplesmente num endosso dos objetivos de
que não estão limitadas ao uso dos equipamentos tecnológicos, pois também contam com os
conceitos e outras possibilidades que a tecnologia é capaz de oferecer. Das artes diretamente
Videoarte: tem início na década de 1960 e usa a tecnologia e o vídeo como suporte para a
criação;
Web art ou internet art: realiza-se por meio da interatividade na web, sendo uma produção
artística realizada entre usuários da internet;
Computer art: trata-se de uma produção por meio da aplicação de técnicas computacionais no
âmbito da arte e estética;
Virtual art: produzida a partir da década de 1980, envolve jogos de vídeo game, filmes e
Figura 13 – Festival das luzes de Berlim, projeção de vídeo mapping na Catedral de Berlim
Créditos: Peeradontax/Shutterstock.
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Sobre a videoarte, essa linguagem tem início na década de 1960, a partir da qual o vídeo se torna
dos primeiros artistas da videoarte era se contrapor à mídia televisiva com suas práticas comerciais e
massificadoras.
Com isso, identificamos uma forte crítica à televisão e a tudo que pudesse estar relacionado a ela.
popular para realizar vídeos, instalações que usavam um canal ou multicanais, produções com
transmissões de satélites internacionais e esculturas multimonitoradas. (Dempsey, 2003, p. 258).
Para além dessas críticas, a vídeo arte ainda propunha uma forte reflexão acerca das imagens, seu
Um dos principais artistas da videoarte é o artista sul-coreano Nam June Paik (1932-2006), o qual,
“em particular, submeteu a televisão a seu espírito irreverente, declarando: ‘Torno a tecnologia como
ridícula’” (Dempsey, 2003, p. 258). No ano de 1963, Paik criou uma obra com 13 aparelhos de TV
objetivando propor uma análise por meio das possíveis distorções imagéticas. A intenção era fazer
uso dos defeitos e problemas de transmissão para a realização de sua obra e também de uma
performance.
Figura 14 – Instalação para TV, obra do videoartista sul-coreano Nam June Paik
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NA PRÁTICA
Realize uma visita a um museu ou galeria de arte contemporânea, mas também pode ser uma
visita virtual;
Escolha um artista contemporâneo que apresente uma produção visual que mais desperte o seu
interesse;
Faça uma pesquisa sobre a produção visual desse artista buscando aprender ao máximo sobre
sua poética;
Selecione uma obra desse artista e escreva um texto crítico destacando os principais elementos
visuais;
Procure outras referências, ou seja, autores que já trataram sobre a obra desse artista ou de
artes visuais.
FINALIZANDO
Seguimos para a arte conceitual, compreendendo o início na década de 1960, a qual abre mão de
elementos materiais usados como suporte para a criação e produção das obras visuais, dando maior
ênfase a ideias obra e conceitos obra. Com isso, verificamos sobre todo um universo que se abre,
pois, assim, a arte passa a questionar a sua própria produção, resultando em questionamentos que
tratam sobre a liberdade de uma obra para ser efêmera.
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Por fim, tratamos sobre arte e tecnologia, incluindo artistas que trabalham com diferentes mídias
REFERÊNCIAS
FUSARI, M. F. R.; FERRAZ, M. H. C. T. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 1993.
O’DOHERTY, B. No interior do cubo branco: a ideologia do espaço da arte. São Paulo: Martins
Fontes, 2002.
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