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FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM
VISUAL
AULA 3
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17/02/2024, 11:31 UNINTER
CONVERSA INICIAL
CORES PARA TODOS OS LADOS: A COR E SEUS USOS NAS ARTES VISUAIS
A cor participa da construção simbólica perceptiva, porém cada indivíduo pode sentir essa
partir de três aspectos básicos, que, segundo Silveira (2015), derivam em outros e outros,
infinitamente.
O primeiro aspecto seria o da construção física da cor, que acontece independente da vontade
do ser humano, fora dele, sendo um o aspecto crucial para que a percepção visual cromática ocorra,
uma vez que, se não há luz, não é possível a cor aparecer e ser compreendida.
percepção cromática. De acordo com o que afirma Silveira (2015), esses dois aspectos sofrem a
influência da interferência humana como fator primordial na elaboração simbólica da cor. Os três
aspectos devem ser compreendidos juntos, considerando que um está ligado ao outro.
Antes de se apresentar cada um dos três aspectos, é fundamental que se tenha uma visão geral e
conheça um pouco da história da Teoria da Cor e quais pesquisadores e teorias lhe influenciaram no
decorrer do tempo.
A Teoria da Cor vem sendo construída há muito tempo, com a contribuição de diversos
estudiosos, de diferentes áreas, tendo como objeto de estudo a percepção da cor. Silveira (2015)
ainda afirma que o conhecimento completo de todos os registros da história da formação da Teoria
da Cor seria algo complexo, uma vez que os primeiros escritos sobre a cor datam do século I d.C. e
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ainda são desenvolvidos nos dias de hoje. Todavia, para compreender a Teoria da Cor, não é
necessário conhecer todos os trabalhos que lhe constituem, sendo que alguns deles já seriam
suficientes para embasar o conhecimento a respeito da cor.
Dessa forma, veremos a seguir uma possível linha de evolução da Teoria da Cor, primeiro
apresentando as contribuições de Leonardo da Vinci e as diferenças que se determinaram a partir das
uma breve apresentação de recentes pesquisas que apontam a continuidade do caminho da Teoria da
cor.
produziu obras muito conhecidas e é considerado um grande ícone da história da pintura mundial,
tendo inúmeras técnicas imitadas até hoje. Foi também um dos pioneiros a levantar dados para a
Segundo Lotufo (2008), um desses escritos sistemáticos é o Tratatto della Pittura, na qual se
Uma das contribuições de Leonardo surgiu de sua pesquisa sobre a fisiologia da percepção
visual, no século III a.C. Nela, ele propôs uma nova teoria para a época, a respeito de como os olhos
apreendem os objetos, defendendo não ser possível que os olhos emitissem raios visuais,
contrariando o que o grego Euclides defendia em sua teoria.
manuscritos que, para ele, a cor do ar é azul, sendo mais ou menos escurecido quanto mais ou menos
esteja carregado de umidade e, também, a influência da distância nessa percepção.
Com base nessa perspectiva, Da Vinci elaborou a ‘‘perspectiva aérea’’, tendo em vista de que não
considerava que a perspectiva linear fosse suficiente para ilustrar a distância e, conforme Silveira
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(2015), “propunha que se utilizassem as cores, principalmente o azul, para garantir a sensação de
Mais uma contribuição para a Teoria da Cor que se pode observar é a respeito da definição das
cores primárias essenciais. Leonardo chama essas cores de cores simples, sendo essas as cores que
não se podem ser obtidas pela mistura de outras cores e, com isso, ainda de acordo com Silveira
(2015), aponta que um “dos aspectos importantes nas pesquisas cromáticas de Leonardo é a sua
insistência na inclusão do preto e do branco como cores primárias na escala cromática”.
Leonardo da Vinci, por meio de suas pesquisas sobre cores complementares, abordou a análise
dos contrastes simultâneos. A esse respeito, escreveu que todo objeto colorido participa da cor do
objeto que lhe rodeia. Silveira (2015) complementa que “a afirmação de que o branco é o resultado
da somatória de outras cores foi feita por Leonardo muito antes de Newton”. Dessa forma, Leonardo
da Vinci já havia descoberto o que a Física hoje conhece como síntese aditiva, ao provar que o branco
Os fenômenos cromáticos começaram a ser melhor entendidos a partir do século XVII com as
contribuições de Isaac Newton, que foi o responsável pelo progresso do estudo da luz. Por meio das
experiências com o prisma triangular de vidro, Newton realizou diversas experiências a respeito das
cores, analisando os fenômenos que hoje se entende como o da dispersão e da composição da luz
branca.
Cor começou a partir das pesquisas de Newton sobre o assunto, por volta de 1666. A ciência da cor é
considerada como o estudo dos aspectos físicos da cor, um dos aspectos compreendidos pela Teoria
da Cor.
Goethe (2018) ainda explica que, apesar disso, não se pode dizer que no século XVIII o único
nome associado aos estudos dos fenômenos das cores seria o de Newton, por conta da disputa entre
o idealismo de Goethe e a óptica mecanicista de Newton. Kops (2019) afirma que as teorias de
Goethe e de Newton eram complementares, já que, apesar de os dois terem visões diferentes do
mesmo fenômeno, a teoria de Goethe inicia no ponto em que a de Newton acabava.
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Newton e Goethe iniciaram suas experimentações sobre a cor a partir de perspectivas totalmente
divergentes. Goethe considerava a luz como o ser mais simples, indivisível e homogêneo conhecido e,
portanto, diferente do que Newton afirmava, não poderia se dividir em luzes coloridas, já que uma luz
colorida seria mais escura que a luz incolor. De acordo com Goethe (2018), não tinha interesse nos
aspectos da cor como um fenômeno físico apenas, defendendo que a cor ia além da física,
considerando também os aspectos fisiológicos na visão cromática. Considerava três formas de cores:
as cores físicas (cores-luz), as cores fisiológicas (pertenciam aos olhos pela capacidade de ação e
reação) e as cores químicas (cores-pigmento).
Com a elaboração de sua pesquisa, conhecida como a Doutrina das Cores, Goethe faz parte dos
pesquisadores da cor, sendo o pesquisador da sua época, que exerce uma grande influência a
respeito da utilização de princípios cromáticos por intelectuais e artistas contemporâneos.
Michel-Eugène Chevreul, segundo Silveira (2015), teve influência nas artes visuais no período
entre os séculos XIX e XX. Em 1839, publicou o livro Da lei do contraste simultâneo das cores, em que
demonstra as conclusões que chegou a partir da observação de como duas cores se influenciam
mutuamente, a partir das suas cores complementares e parecem ser muito mais diferentes do que
realmente são.
Segundo Lotufo (2008), “Chevreul descreveu em seus estudos sete formas de contrastes que
foram adotados por Adolf Hoelzel e depois por seu aluno Itten em 1987”. Além dessa contribuição,
também aponta que a classificação das cores com uma finalidade científica e prática foi um
Além disso, o mais detalhado catálogo de cores conhecido até hoje se deve a Chevreul, com mais
de 20.000 tons classificados teoricamente, partindo das cores saturadas e suas misturas até o branco
por degradação e o preto por rebaixamento. Este catálogo permitiu-lhe a construção de seu sólido
de cores na forma de um hemisfério. Ele idealizou este sólido de cor porque necessitava encontrar
Com suas experiências com as cores, Chevreul desenvolveu a partir de um método de observação
a ideia principal de três tipos de contraste: o simultâneo, o sucessivo e o misto. Silveira (2015) ainda
aponta que esses três fenômenos são contemplados pela ciência contemporânea e conhecidos pela
denominação genérica de cores de contraste.
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ocorreram as pesquisas de Thomas Young, que, de acordo com Silveira (2015), foi o pioneiro a
formular a hipótese de que a visão cromática é baseada na presença de três órgãos diferentes
sensíveis à luz, o que ficou conhecida como Teoria Tricromática e foi o pontapé inicial para a óptica
fisiológica. Essa teoria foi retomada por Hemann Lugwig Ferdinand von Helmholtz, que, juntamente
com seus colaboradores, levantou os dados sobre a influência das cores nas fibrilas nervosas da
Helmholtz e seus colaboradores, dentre eles Arthur König, recolheram dados sobre a influência das
diferentes cores nas três categorias de fibrilas nervosas (os chamados cones) da retina. Estes dados
resultaram em curvas representativas que são divididas de acordo com as espécies de fibrilas: as
sensibilizadas pela luz azul. A produção e a reprodução de todas as cores naturais em televisão,
fotografia ou impressão gráfica podem ser obtidas através destes princípios, fundamentados na
existência de três tipos de receptores visuais destinados à captação das seguintes luzes coloridas
primárias: vermelho (R: red), verde (G: green) e azul (B: blue). (Silveira, 2015)
Contrapondo a ideia defendida por Helmholtz, Edwald Hering trazia opiniões contrárias e
consistentes, estabelecendo uma diferença entre as cores primárias percebidas e as cores primárias
que funcionam como estímulo. De acordo com Silveira (2015), “nas cores-luz seriam estímulos: o
vermelho, o verde e o azul e; nas cores-pigmento opacas seriam: o vermelho, o amarelo e o azul,
mesmo sabendo da inexistência de receptores retinais específicos para o amarelo”. Com o passar do
tempo, optou-se por uma mescla das partes principais das duas teorias.
os processos na retina atuariam de acordo com a teoria tricromática, através da qual se produziria a
sensação cromática, enquanto que a teoria de Hering estaria inserida na série de processos pelos
quais se produziria a percepção cromática. (Silveira, 2015)
Para compreender melhor a Teoria da Cor, é fundamental considerar os seus aspectos físicos. De
acordo com Dondis (1997), fazem parte desses aspectos os conhecimentos a respeito da trajetória da
luz dos objetos até os nossos órgãos visuais. Partindo dessa perspectiva, neste tema, estudaremos a
Uma definição para a cor, a partir da Física, é que esta é uma sensação produzida por órgãos do
sistema nervoso quando estão sob a ação da luz. Para estudar a luz, a Física se divide em óptica
geométrica, a óptica física e a óptica quântica.
Na óptica geométrica, considera-se a trajetória dos raios luminosos sem se considerar a natureza
da luz. Já na óptica física, seus estudos estão fundamentados na radiação eletromagnética (ondas),
enquanto na óptica quântica, considera-se que a luz é formada por partículas. Levando esses aspectos
em consideração, conforme Silveira (2015) a luz pode ser considerada como ondas ou partículas e
A partir dos conhecimentos físicos, sabe-se que é por meio da interação entre luz e objeto que se
gera o fenômeno da cor percebida nos objetos. Já Lotufo (2008) considera que as cores geram
estímulos nos órgãos visuais a partir de ondas eletromagnéticas da luz branca. Dessa forma, entende-
se que os objetos possuem propriedades físicas que absorvem, refratam e refletem os raios luminosos
que incidem sobre eles.
A luz incide sobre os átomos componentes das substâncias, interagindo e gerando a coloração dos
objetos. A capacidade de absorver, refratar ou refletir determinados raios luminosos incidentes nos
objetos os faz coloridos. Assim, não podemos dizer que as substâncias possuem cor, mas, sim,
somente esta capacidade. Além disso, existem muitos tipos de fontes de luz, tais como a luz de
sódio ou as luzes incandescentes, mas a luz do sol ou a luz branca do dia parece ser a ideal para se
estudar a cor, por possuir um espectro mais amplo. (Silveira, 2015)
Outro ponto importante de se considerar é que as sensações cromáticas que os estímulos da luz
produzem são divididos em dois grupos: as cores-luz e as cores-pigmento, que será explicado a
seguir.
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Como visto anteriormente, a cor pode ser dividida em dois grupos, de acordo com as suas
características, cores-luz e cores-pigmento, cada uma dessas com suas próprias cores primárias.
De acordo com Lotufo (2008), as cores-luz podem ser reduzidas nas primárias azul, vermelho e
verde, que, quando sobrepostas de duas em duas, produzem as cores-luz secundárias: ciano (azul e
verde), magenta (vermelho e azul) e amarelo (vermelho e verde); já a soma das três primárias produz
Já a cor-pigmento são todas as cores que enxergamos a partir da reflexão da luz sobre os objetos
e ambientes. Segundo Calandrini (2018), as cores-pigmento primárias são: magenta, ciano e amarelo.
O que define essas cores são as substâncias dos materiais contidas na superfície dos objetos e sua
capacidade de absorver, refratar e refletir os raios luminosos da luz que incide sobre eles.
As cores-pigmento primárias, quando misturadas entre si, produzem o preto. A síntese subtrativa
pode ser entendida como um acréscimo de pigmento que faz com que a tinta ou a cor dos objetos
perca a capacidade de refletir a luz. Já sobre as cores secundárias, com a mistura de ciano com
amarelo temos o verde, o magenta com o ciano produz o azul violeta e o amarelo e o magenta
recebe todas as três cores de luz, absorvendo o verde e o azul e refletindo o vermelho. Já um objeto
amarelo absorve o azul e reflete o vermelho e o verde, somando as duas cores, o que permite ver a
cor amarela.
Com esse fenômeno de absorção e reflexão, observa-se que a luz gera as cores dos corpos ao
adicionar ondas eletromagnéticas. Essa obtenção da cor pela soma das cores-luz é denominada de
síntese aditiva.
Mas as pinturas são feitas com pigmentos e não com luz. Não é possível obter cores claras
misturando cores escuras. Misturar cores-pigmento sempre resultará em subtração de luz. Ao pintar
com tinta vermelha em um papel branco, se subtrai as cores claras verde e azul do branco. Para pintar
uma cor verde, misturamos amarelo e azul ciano (o amarelo absorve ou subtrai o azul e o ciano
absorve ou subtrai o vermelho, a única cor refletida é o verde). Esta é a síntese substrativa.
A respeito das cores primárias, Lotufo (2008) conclui que são cores que não podem ser formadas
pela soma de outras, o que se observa tanto na cor-luz quanto na cor-pigmento. Outro ponto
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primárias, como foi explicado. O círculo cromático é uma representação visual dessas cores primárias
com as suas outras combinações de cores visíveis, somando as cores secundárias e as terciárias.
Já Farina (2011) explica que o círculo cromático baseado nas cores-pigmento inicia com as cores
primárias: magenta, ciano e amarelo; complementando com as secundárias, que são o vermelho
alaranjado, o azul violeta e o verde; e com as cores terciárias, que são a combinação de uma cor
primária com uma secundária. A combinação das três cores-pigmento resulta no preto. Esse
fenômeno ocorre por conta da síntese subtrativa, já que ao misturar cores-pigmento menos luz é
refletida. Um exemplo prático é a utilização das tintas impressas, pigmentos e a pintura (Pedrosa,
2004).
Crédito: PHYSICX/SHUTTERSTOCK
O círculo cromático baseado nas cores-luz, “em suas primárias R (red), G (green) e B (blue), é
utilizado principalmente para se pensar cores em websites ou em cenários de televisão, onde a cor-luz
é instrumento principal” (Silveira, 2015). A combinação das três cores-luz resulta no branco. No caso
das cores-luz, ocorre o fenômeno de síntese aditiva, pois ao mesclar cores-luz está somando luz. É
dessa forma que funciona o olho humano e a televisão, por exemplo (Pedrosa, 2004).
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Crédito: PHYSICX/SHUTTERSTOCK
Os círculos cromáticos são uma maneira de auxiliar a percepção sobre as relações e interações
entre as cores. A disposição das cores no círculo cromático reflete isto. Conforme o que Calandrini
(2018) explica, “cada cor é disposta ao lado de uma cor análoga, isto é, matizes com diferenças
As cores complementares estão em lados opostos no círculo e são as cores mais contrastantes
entre si e, por isso, quando utilizadas juntas, uma reforça a outra. As cores complementares também
têm temperaturas diferentes, por exemplo, o azul e o laranja são cores complementares, o azul seria a
No próximo capítulo, será visto o que são e como se relacionam os aspectos fisiológicos da cor.
De acordo com a Teoria da Cor, apresentada por Silveira (2015), os aspectos fisiológicos das cores
são entendidos e explicados pela forma como os estímulos luminosos chegam aos olhos e são
transmitidos ao cérebro. Dessa forma, para compreender esses aspectos, é fundamental conhecer os
órgãos visuais, a relação com o cérebro e as teorias que explicam a visão da cor.
O estudo da teoria tricromática surge para lançar um melhor entendimento a respeito de como a
luz cria a impressão de cor, conforme Banks e Fraser (2007). Sabe-se que a visão humana pode
enxergar todas as cores baseadas nas três cores-luz primárias: vermelho, azul e verde.
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Pedrosa (2004) complementa que James Clerk Maxwell (1831 – 1879) seria um dos fundadores da
teoria tricromática. Ele definia o fluxo luminoso como radiação eletromagnética e juntava a hipótese
fotoquímica com a fotoelétrica como componentes da óptica fisiológica. Reproduziu, então, em 1859,
uma imagem colorida por meio de síntese aditiva. Esse foi o passo inicial para todos os processos
tricromáticos (Pedrosa, 2004).
Perceber como fisiologicamente ocorre a visão das cores é fundamental para se compreender as
teorias que definem a visão humana das cores. A partir dessa perspectiva, neste tema, será explicado
o funcionamento do sistema visual humano, por meio da relação dos órgãos visuais e a visão humana
das cores.
Fisiologicamente, o sistema visual humano é composto pelos órgãos visuais e a sua comunicação
com o sistema nervoso por meio do cérebro. De acordo com Silveira (2015), entender esse
funcionamento fisiológico facilita a compreensão dos dados interpretativos da visão das cores. Os
olhos são os responsáveis pela a recepção e a tradução da radiação luminosa.
O fato de a visão ser um sentido que conjuga olhos e cérebro aumenta em muito sua eficiência nos
trabalhos de avaliação, análise e correção das imagens visuais, informando a distância, a direção, a
forma e a cor dos objetos ao nosso redor. (Silveira, 2015)
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Para entender melhor como acontece a recepção das cores no olho humano, é necessário
conhecer os dois sensores que estão na retina, cones e bastonetes, que são os responsáveis pelo
reconhecimento básico da cor. Como é comumente conhecido, a luz entra no olho pela pupila e é
focalizada pela lente da retina, em que ocorre a estimulação dos cones e bastonetes. Essa informação
captada sobre o que é visto é transmitida pelo nervo óptico até o cérebro (Fraser; Banks, 2007). A
respeito da percepção visual pelo olho humano, Silveira (2015) explica que:
Na retina se realiza a ligação entre o físico, o biológico e o psicológico da visão. É a parte do olho
A respeito das especificidades de cada um desses receptores, temos que os bastonetes são os
detalhes e cores, mas sendo menos responsivos quando há pouca luz. Nessa condição de pouca luz,
os bastonetes assumem sua função de reconhecimento e trabalham juntos (Fraser; Banks, 2007).
Pedrosa (2004) explica que os cones podem ser divididos em três grupos. O primeiro seria os que
são sensíveis ao vermelho, enquanto o segundo, ao verde, já terceiro, ao azul. Quanto ao amarelo e o
que também se aplica as demais cores, o mesmo autor explica: “não existem cones específicos para a
sensação [...] Essa cor só é percebida pela sensibilização simultânea dos cones vermelhos e verdes”.
Dessa forma, fica evidente que, de acordo com Silveira (2015), a teoria tricromática mostra que
fisiologicamente o olho humano percebe a cor em “luz”, por conta de que os cones ópticos são
sensíveis à cor-luz, tanto advinda de fontes primárias como quando são resultados de reflexão a partir
de objetos coloridos. A cor-luz é tida como o veículo de informação cromática e que gera mais
relação de recepção e interpretação das cores pelo olho humano, é necessário agora entender
também a percepção simbólica e os aspectos culturais das cores.
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Nos temas anteriores, foi visto que as cores podem ser analisadas a partir de seus aspectos físicos
e fisiológicos, sendo assim, a sensação cromática é o resultado da ação da luz nos órgãos visuais
humanos. Silveira (2015), a esse respeito, ainda diferencia a sensação cromática da percepção
cromática.
Pode-se chamar sensação da cor apenas quando se considera parte do processo, isto é, quando a
luz existente atinge os olhos e este fluxo luminoso é codificado fisiologicamente. A percepção da
cor acontece quando este código fisiológico, feito a partir do fluxo luminoso, é interpretado
Dessa forma, a percepção cromática é tida como um fenômeno mais complexo que a sensação
cromática, visto que quando se refere a sensação das cores é levada em consideração apenas os
simbólicos e psicológicos das cores. Esses aspectos, conforme Farina (2011), também têm a influência
de alterar o que se vê e “nas artes visuais, a cor não é apenas um elemento decorativo ou estético. É o
fundamento da expressão sígnica. Está ligada à expressão de valores sensuais, culturais e espirituais”.
Silveira (2015) considera que a atribuição dos significados das cores, podem influenciar e
desencadear efeitos fisiológicos e psicológicos nas pessoas. “O significado de cada cor, assim como o
efeito que cada uma delas tem, depende de onde ela está aplicada.”
Na Tabela 1, a seguir, são encontrados os significados de cada uma das principais cores de
acordo com o dicionário Pastoreau (1997) e alguns exemplos de efeitos psicológicos.
SIGNIFICADO
CORES EFEITOS PSICOLÓGICOS
(PASTOREAU, 1997)
VERMELHO Cor por excelência, a mais bela das Causa a sensação de alegria, invasão de felicidade intensa, beleza,
cores; cor do signo, do sinal, da raridade; sensação de apreensão, de aviso, chama a atenção;
marca; cor do perigo e da proibição; sensação de prazer proibido; sensação de paixão sem limites, de
cor do amor e do erotismo; cor do amor sem consequências, sem atrelamento; sensação de energia,
dinamismo e da criatividade; cor da movimento, pulsação; sensação da energia criadora; de geração de
alegria e da infância; cor do luxo e da insights; sensação de alegria ingênua, simplesmente feliz; sensação
festa; cor do sangue; cor do fogo; cor de poder da beleza e da sabedoria; sensação barulhenta de alegria
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real, material.
de outono.
Cor preferida de mais da metade da Causa a sensação de paz e tranquilidade do céu; sensação de infinito
população ocidental; cor do infinito, espacial, expandindo planos e superfícies; sensação de estar num
do longínquo, do sonho; cor da mundo de sonho, criado de acordo 124 | Introdução à Teoria da Cor
AZUL
fidelidade, do amor, da fé; cor do frio, com os nossos desejos, perfeito; sensação de segurança e conforto
da frescura, da água; cor real e da família; sensação de frio, inverno; sensação de pureza,
aristocrática. transparência, sensação de luxo, requinte, sofisticação, realeza.
VERDE frescura; cor da juventude, da seiva ambiente natural, num jardim; sensação de estar num ambiente
e do que é estranho; cor ácida, que saciado, sem fome, sem vontade de comer
pica e envenena.
PRETO Cor da morte; cor da falta, do pecado, Causa a sensação de perda; sensação de introspecção; sensação de
da desonestidade; cor da tristeza, da escuridão, de ser tragado pela falta de clareza na visão; sensação de
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cor da autoridade.
Além da influência da cor sobre os aspectos emocionais, ela também é responsável por produzir
outras sensações adversas, como a de movimento, calma, expansão ou retração e embora essas
reações corporais nos indivíduos não sejam bem definidas de forma científica, elas são muito
Dessa forma, por conta das informações complexas e do envolvimento de diversas áreas de
conhecimento, estudar a respeito da construção cultural simbólica das cores demanda muita
dedicação.
A respeito da construção cultural simbólica das cores, Silveira (2015) expõe que os efeitos das
cores são mais dinâmicos do que a construção cultural coletiva das cores. Heller (2013) complementa
esse raciocínio ao afirmar que, por conta de os seres humanos conhecerem mais sentimentos do que
cores, uma mesma cor pode produzir efeitos diversos, ou seja, “cada cor atua de modo diferente,
dependendo da ocasião”.
Nunes (2012) diz que “a variedade de significados de cada cor, ao longo dos tempos, está
intimamente ligada em nível de desenvolvimento social e cultural das sociedades que os criam”.
Partindo dessa perspectiva, é nítido que o estudo dos aspectos simbólicos e culturais das cores
reforça a importância de, por exemplo, num projeto de artes visuais, conhecer quem será o público-
alvo para, assim, escolher as cores desse projeto e prever possíveis reações. A cor pode ser
Desta maneira, é possível concluir que os aspectos culturais e simbólicos das cores estão
diretamente ligados a cada indivíduo e o contexto a qual ele pertence. Além disso, para uma melhor
compreensão da construção simbólica da cor e da sua percepção, é necessário levar em consideração
a construção cultural simbólica social e coletiva, a materialização dos significados e seus efeitos
psicológicos.
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Como foi visto, é fundamental conhecer os principais aspectos da cor, principalmente para os
estudantes ou profissionais que tenham a intenção de entender qual o papel da cor como um meio
de mediação da percepção. Além disso, também se torna primordial saber aplicar toda essa
A informação sobre os vários aspectos da percepção cromática, por si, não resolve a aplicação da
cor em projetos. Mesmo se fosse possível saber absolutamente todos os aspectos que envolvem a
construção simbólica da cor, ainda assim não se estaria apto a aplicar a cor em qualquer lugar ou
situação. [...] O uso da intuição, isoladamente, também não resolve a aplicação da cor em projetos,
isto é, a escolha, a colocação e a avaliação dos efeitos da cor em projetos não podem estar
vinculadas a uma situação puramente intuitiva. Um profissional que é responsável pelos efeitos da
colocação da cor em objetos ou ambientes, que vão interferir na construção perceptiva das pessoas,
não pode esperar identificar a colocação da cor unicamente pelos sentimentos abstratos. (Silveira,
2015)
Dessa maneira, pode-se observar que a intuição também tem um papel importante para se
estabelecer e aplicar as cores de forma harmônica, mas ela não atua sozinha, por conta de que nessa
situação “a única informação que se traz, ainda que inconsciente, é a construção cultural de
determinadas cores, tudo isso misturado com o gosto próprio do profissional” (Silveira, 2015). Por
da informação teórica. Um exemplo de uma tarefa complexa, que exige tanto do conhecimento como
Outro ponto importante para a utilização prática das cores é que é necessário saber materializar
esse conhecimento ao aplicar a cor nos projetos. “Aplicar a cor em projetos depende do equilíbrio
entre estes três processos: estudar as informações e agregá-las à intuição, materializar e pensar nas
Com isso, fica nítida a importância de alinhar a teoria com a prática. A seguir, serão expostas
situações práticas que se relacionam com todo o conteúdo que foi abordado até o momento sobre a
Teoria da Cor, em que será possível identificar todos os aspectos mencionados anteriormente.
NA PRÁTICA
Após a exposição do conteúdo sobre os diversos aspectos da cor, nada melhor que perceber
como aplicar a teoria na prática. Escolha uma rua, uma praça ou outro ambiente externo que você
queira e elabore uma composição visual que tenha como objetivo principal a utilização das cores.
Perceba como os diversos espaços constituem a composição e tente, pela utilização das cores,
elaborar uma pintura.
FINALIZANDO
Após tudo o que foi exposto nesta aula, é possível concluir que a Teoria da Cor tem sido
áreas, tendo como objeto de estudo a percepção cromática. Entre eles, foram citadas as contribuições
Simultâneos e outros autores mais atuais como: Thomas Young, Helmholtz e Edwald Hering.
Além da visão histórica da Teoria da Cor, foram apresentados os três aspectos para uma melhor
compreensão. O primeiro aspecto foi o aspecto físico da cor, que acontece independente da vontade
do ser humano, fora dele, sendo um o aspecto crucial para que a percepção visual cromática ocorra,
uma vez que, se não há luz, não é possível a cor aparecer e ser compreendida. Neste momento,
também foram apresentados os conceitos da Radiação Luminosa e a diferença entre cor-luz e cor-
O segundo aspecto apresentado foi o aspecto fisiológico, em que foram explicados os conceitos
de como os estímulos luminosos chegam aos olhos e são transmitidos ao cérebro, assim como o
O terceiro aspecto foram os aspectos culturais simbólicos da percepção cromática, em que foi
vista a diferença entre a sensação cromática e percepção cromática, além de que as influências das
cores podem estar relacionadas aos aspectos culturais de cada indivíduo e com outros aspectos
como, simbólicos, psicológicos, mentais e racionais ao mesmo tempo. Conforme visto, é fundamental
compreender esses três aspectos em conjunto, considerando que um está ligado ao outro.
REFERÊNCIAS
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FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. Editora Blucher,
2011.
HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. Tradução de Maria
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