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17/02/2024, 11:30 UNINTER

FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM
VISUAL
AULA 1

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17/02/2024, 11:30 UNINTER

Prof. André Luiz Pinto dos Santos

CONVERSA INICIAL

A ARTE REPRESENTA O MUNDO: OS ELEMENTOS DA LINGUAGEM VISUAL

Linguagem visual é todo tipo de comunicação que se dá por meio de imagens e símbolos. Os

elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, são a matéria-prima de toda

informação visual. Entretanto, esses elementos isolados não representam nada, não têm significados
preestabelecidos, nada definem antes de entrarem num contexto formal.

De acordo com o estudo de vários autores que veremos a seguir, é possível identificar como

principais elementos visuais: o ponto, a linha, a forma, o plano, a textura e a cor, além de toda a

complexidade possível nas articulações dos elementos para com a composição visual em questão.

Para iniciar nossa discussão, trataremos do “real” como possibilidade figurativa.

TEMA 1 – O “REAL” COMO POSSIBILIDADE FIGURATIVA

A arte figurativa é, também, comumente conhecida como figurativismo, no qual sua principal

característica é a representação por meio da arte dos elementos do “mundo natural” como a forma
humana, a natureza ou, então, até mesmo objetos criados pelo homem. Conforme De Carvalho

(2020), “Figurar os seres do mundo, representá-los e reapresentá-los àqueles que já os viram antes,
eis o que a produção artística, particularmente a pintura, tem por projeto desde seu surgimento”.

Dessa forma, considera que as produções artísticas desde a pré-história atestam essa intenção do
homem de representar os seres e tudo à sua volta, o que também permanece até as produções mais

atuais. O figurativismo foi bastante utilizado antes da fotografia e tinha como finalidade representar
as pessoas e demonstrar a individualidade de cada personagem ilustrado.

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Por milênios, a pintura dedicou-se à tarefa de retratar o existente. É nesse sentido que se pode falar

da presença de um elemento da ordem do já visto na arte. Sem um reconhecimento imediato do ser


retratado, a arte não existia enquanto tal. Sua tarefa de figuração do mundo só se completava com

a identificação do motivo da pintura por aquele que fruía da produção artística. Tal identificação, no
entanto, só era possível porque o motivo retratado era previamente conhecido ao observador da

obra. (De Carvalho, p. 33, 2020)

Além da pintura, a arte figurativa pode ser feita por meio de desenhos, esculturas, gravuras e

outros, desde que seu objetivo seja o de retratar a forma natural dos objetos, seres humanos,

paisagens ou animais.

O Renascimento, o Barroco e o Realismo podem ser citados como alguns exemplos de períodos
artísticos em que o “real” se torna uma possibilidade figurativa e a capacidade de mimese, ou seja, a

capacidade de retratar o mundo natural do pintor contava muito. No século XIX, podem ser citados o

Impressionismo e o Expressionismo como figurativos, mas menos preocupados com a representação

"correta" dos objetos.

O figurativismo pode ser divido em realista ou estilizado. O realista tem como característica a

verossimilhança com a percepção do mundo natural, enquanto as estilizadas são produzidas com

mais autonomia e não se prende aos mínimos detalhes do que se pretende expressar. Busca-se, em

vez disso, a essência de cada forma percebida por meio de seus elementos formais.

O figurativismo também pode ser classificado de acordo com o gênero, como mitológica, de

gênero, histórica, religiosa, natureza-morta, retrato, marinha e paisagem, como veremos a seguir.

1.1 MITOLÓGICA

A pintura mitológica é um gênero figurativo que procura representar os seres mitológicos ou

então os acontecimentos e está muito representada ao longo de toda a história da humanidade. Na


figura a seguir, temos um exemplo desse tipo de pintura, em que está sendo representada a figura de

Édipo, um personagem da mitologia grega.

Figura 1 – Édipo e a Esfinge, por Gustave Moreau

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Crédito: EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

1.2 DE GÊNERO

É um tipo de pintura que tem o intuito de representar cenas do cotidiano e que esteve muito

presente durante o movimento da arte barroca no século XVI. Na figura seguinte, já em momento

posterior ao período Barroco, tem uma pintura do artista realista Jacob Maris, na qual estão sendo

representadas duas meninas brincando de fazer bolhas de sabão.

Figura 2 – Duas meninas fazendo bolhas, de Jacob Maris

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Crédito: EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

1.3 HISTÓRICA

Esse tipo de pintura tem como foco a representação de acontecimentos ou temas históricos. Na

Figura 3, temos um exemplo desse tipo de pintura, em que o artista Giovan Cristoforo representa o

Massacre dos Inocentes da igreja de San Eustorgio.

Figura 3 – Pintura do Massacre dos Inocentes da igreja de San Eustorgio, de Giovan Cristoforo

Crédito: RENATA SEDMAKOVA/SHUTTERSTOCK

1.4 RELIGIOSA

A pintura religiosa pode ser datada dos primórdios da humanidade. Desde o Egito Antigo,
passando pela Mesopotâmia até algumas manifestações artísticas atuais, esse tipo de gênero artístico

está presente na história da arte ocidental. Na sequência, temos a famosa pintura de Michelangelo –
A criação de Adão – que é um exemplo de pintura de cunho religioso e com características de arte

figurativa.

Figura 4 – A criação de Adão, de Michelangelo

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Crédito: FRAMEANGEL/SHUTTERSTOCK

1.5 NATUREZA-MORTA

A pintura de natureza-morta surgiu no século XVI e está presente até então. Tem como base a

representação de objetos inanimados, como vasos de flores, cestas de frutas, entre outros exemplos.

Esse tipo de gênero pictórico que foi muito representado no Período Barroco, porém, até hoje,

produções contemporâneas podem utilizar esse tipo de representação. Muitas vezes, o aspecto

naturalista é privilegiado nesse tipo de composição, como é o caso da Figura 5.

Figura 5 – Pintura de cesta de maçãs

Crédito: MARTA TERON/SHUTTERSTOCK

1.6 RETRATO

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O retrato é um dos gêneros mais conhecidos do figurativismo, faz parte da história da arte desde

a antiguidade, e, principalmente, antes da invenção da fotografia. Seu objetivo principal é o de


retratar de maneira individualizar uma pessoa ou um grupo de amigos, uma família etc.

Figura 6 – Mona Lisa, de Leonardo da Vinci

Crédito: OLEG GOLOVNEV/SHUTTERSTOCK

1.7 MARINHA

A pintura marinha é um dos gêneros da arte figurativa e se relaciona ao mar e aos assuntos

marinhos no geral, desde paisagens marítimas, barcos, pescadores, entre outros. Esse tipo de pintura
está presente em diversos períodos e movimentos e aqui chamamos a atenção para uma pintura

impressionista. Na figura a seguir, temos o quadro pintado por Claude Monet, uma pintura
impressionista francesa de óleo sobre tela e que cria a ilusão de reflexos cintilantes da luz solar na

água.

Figura 7 – Vetheuil no verão, por Claude Monet

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Crédito: EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

1.8 PAISAGEM

O gênero do figurativismo de paisagem, como o próprio nome já sugere, tem como objetivo

representar um local, seja ela a paisagem de um campo ou na cidade. Assim como o retrato, esse
gênero é considerado um dos mais populares da arte figurativa.

Figura 8 – Campo de trigo com ciprestes, de Van Gogh

Crédito: EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

Como explicado até o momento, é possível diferenciar que a arte figurativa, diferentemente da
arte abstrata, é baseada na representação das formas, seja de objetos, animais, seres humanos,

paisagens, eventos, entre outros. Para se entender melhor sobre essa diferença entre a arte figurativa
e a abstrata, será feita a conceituação a segui.

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TEMA 2 – O ABSTRATO

No início do século XX, surgiu a arte abstrata ou abstracionismo. Para o artista desse movimento,
o que interessa são os elementos formais, ou seja, o ponto, a linha, o plano, a forma, a cor e a textura.

Não há mais o interesse na representação do mundo. Se o artista expressionista já havia rompido em

partes a representação do mundo, embora ainda usasse esse mundo como fonte de inspiração, o

artista abstracionista faz o uso dos elementos que subsidiam a linguagem da pintura ou do desenho

para representação gráfica de suas obras.

Se a arte, nela mesma, é uma interface da comunicação, a arte abstrata é uma interface especial da
comunicação, porque obriga criadores e fruidores a realfabetizarem-se visualmente e a

familiarizarem-se com uma inusitada articulação ótica. Educa, também peculiarmente, para o
aguçamento dos sentidos, para um mental mais elaborado, para uma maneira de ver a própria arte,

para uma forma de, mais amplamente, visualizar e pensar o mundo, de uma vez que na arte abstrata

os reconhecimentos da realidade são inexistentes e inessenciais. É um meio de expressão e


comunicação que se pode considerar exótico, sobretudo quando de seu surgimento em 1910 por

Wassily Kandinsky. (Fortuna, 2006)

Conforme o que explica Fortuna (2006), Kandinsky é tido como um dos precursores do

abstracionismo com obras como Primeira aquarela abstrata (1910) e outras obras, como a da figura

seguinte.

Figura 9 – Arte abstrata, de Wassily Kandinsky

Crédito: ANTON.F/SHUTTERSTOCK

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Neste caso, é a cor falando pela cor, a linha falando pela linha, o formato falando pelo formato e

não mais um conjunto de elementos formais agrupados para simular algo que está no mundo natural.

A produção artística no abstracionismo não tenta simular algo que está no mundo natural, pelo

contrário, ela produz uma arte que é concreta, ou seja, a cor simplesmente está na tela, não simula

algo que está fora desta.

Embora seja chamada de arte abstrata, ela é muito mais concreta do que a arte e é produzida em
movimentos, como o Realismo, o Neoclassicismo e o Romantismo, que precisam de um grau de

abstração mental para serem consideradas como verdadeiras. A arte do período impressionista, por

exemplo, requer um observador ativo que queira entender que manchas coloridas de diferentes
tonalidades de verde representam uma árvore.

O artista abstracionista não tem interesse de representar a árvore, ele tem interesse em

representar a própria mancha em tonalidades de verde. Não é mais a árvore que é o interesse do

artista abstracionista, assim como também não é aquilo que está fora que interessa ao artista

abstracionista, o que interessa a ele é o uso dos elementos formais em suas obras artísticas. São

exemplos de movimentos que buscaram o rompimento com os antigos valores estéticos: cubismo e

surrealismo.

2.1 CUBISMO

O movimento cubista surgiu no início do século XX e tinha como princípio um novo arranjo de
produção gráfica. Até aquele momento, a pintura era representada como se fosse uma janela que dá
visibilidade a um espaço. No entanto, com o cubismo e com o abstracionismo, a obra de arte passa a

ser representada em termos de superfície.

A pintura, neste movimento, não tentava reproduzir nada que esteja fora do quadro, o cubismo
mostra essas limitações do suporte, interessa aos artistas do cubismo uma representação diferenciada

em relação aos movimentos anteriores.

Figura 10 – Temas de vinho no estilo do cubismo: garrafas, copos e uvas sobre a mesa

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Crédito: HARE KRISHNA/SHUTTERSTOCK

Os artistas cubistas fazem combinações extremas, a ponto de desmaterializar completamente a

figura do mundo das coisas, e para se chegar nesse objetivo, ele simplifica a cor, suprime a cor, pois

então com tons de cinza, é como se ele já estivesse mais longe da representação do mundo real. Ele

cria uma nova realidade. O artista sobrepõe planos, ele agrega materiais na superfície do quadro e

isso faz com que haja uma nova percepção de representação gráfica.

2.2 SURREALISMO

Em meados do começo do século XX, por volta de 1920, surgiu o movimento do Surrealismo, que

começou a entender que nem o mundo, nem o sentimento estão no centro de interesse na
representação gráfica, mas, sim, aquilo que está no subconsciente do indivíduo. O artista recorre a

informações obtidas em seu subconsciente. O que fundamentou esse movimento foram as pesquisas

do psicanalista Sigmund Freud.

O mundo dos sonhos passa a ser uma possibilidade de representação. Salvador Dalí é um dos

representantes do Surrealismo, ao explorar de forma vindoura seus trabalhos com base no


inconsciente. Essas propostas não teriam como tentar ser um equivalente para o mundo natural, bem

pelo contrário, as combinações só serão possíveis de serem interpretadas a partir da aceitação de que
o subconsciente é capaz de gerar uma realidade própria, uma realidade típica do sujeito, do seu

repertório e da sua vivência.

TEMA 3 – SIMBÓLICO

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Nas artes visuais, também está presente o aspecto do simbólico, sendo comumente conhecido

como simbolismo, que se baseia na concepção de que tudo poder ter um significado simbólico, seja

ele objetos naturais, formas abstratas, ou então elementos fabricados pelo homem. Além de estar

fortemente presente na literatura e na religião, teve uma grande influência nas artes visuais.

Com sua propensão para criar símbolos, o homem transforma inconscientemente objetos ou formas

em símbolos (conferindo-lhes assim enorme importância psicológica) e lhes dá expressão, tanto na


religião quanto nas artes visuais. A interligada história da religião e da arte, que remonta aos

tempos pré-históricos, é o registro deixado por nossos antepassados dos símbolos que tiveram
especial significação para eles e que, de alguma forma, os emocionaram. Mesmo hoje em dia, como

mostram a pintura e a escultura modernas, continua a existir viva interação entre religião e arte.

(Jaffé, p. 232, 1964)

Conforme o que foi exposto, é visto que existe uma grande capacidade de o homem criar

símbolos até mesmo inconscientemente, dando uma importância psicológica, em especial nas artes
visuais. A respeito do conceito de símbolo na arte, Busnardo Filho (2007) considera que não se trata

de uma realidade concreta, mas uma verdade psíquica que transcende a consciência. É tido como o

nível “intermediário entre a percepção da realidade e as representações psíquicas da própria

realidade; portanto, pode-se dizer que a função simbólica é uma função mediadora e

transformadora”.

Historicamente, existem registros de símbolos deixados desde a pré-história que auxiliam a

construir a história da humanidade. Atualmente, o simbolismo das artes visuais, por exemplo, pinturas
e esculturas, se relacionam com a religião e a história, dando significados e estimulando emoções e
sentimentos para quem observa. De acordo com Furlanetto (2007):

a arte constrói a realidade de maneira específica, com suas próprias perspectivas e valores,

engendrando conhecimento em uma perspectiva que se distingue da ciência, da linguagem, da


religião, do mito, da história, uma compreensão profunda e essencial da realidade conformada pela

experiência estética. Na interação com os símbolos, o indivíduo lança mão de processos não apenas

racionais, mas também emocionais. São as instâncias do pensar, sentir e agir que conjuntamente, ao
se depararem com a multiplicidade simbólica existente no mundo, interpretam e significam esses

elementos. (Furlanetto, p. 49-50, 2007)

Uma das principais características do simbolismo nas artes visuais é a sua ligação com o mundo
imaterial, com o espiritual, assim como também o com o misticismo. Furlanetto (2007) afirma que

“enquanto arte, ciência, linguagem, mito e religião, o homem se expressa e sistematiza


simbolicamente seu conhecimento de mundo”.
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Uma das inspirações para os pintores simbolistas eram as temáticas com um teor moralizante,

estando relacionadas com religião, morte ou pecado. O subjetivismo, a musicalidade e o

transcendentalismo são algumas das características presentes no simbolismo.

Como exemplo de artistas plásticos simbolistas, temos: Paul Gauguin e Odilon Redon. A seguir,
vemos algumas obras desses artistas.

Figuras 11 e 12 – À esquerda, uma pintura de Paul Gauguin. À direita, de Odilon Redon

Crédito: EVERETT COLLECTION/SHUTTERSTOCK

Jaffé (1964) acreditava que um dos objetivos do artista, por meio do simbolismo, seria para

“expressão à sua visão interior do homem, ao segundo plano espiritual da vida e do mundo”. Dessa

forma, o simbolismo apresenta uma maior atitude de expressão espiritual do que o aspecto estético.

O simbolismo é considerado também um dos precursores do surrealismo e expressionismo.

Para alcançar esses objetivos, era necessário que os artistas tivessem domínio e conhecimento a
respeito dos elementos básicos da linguagem visual. Nos próximos temas, serão apresentados alguns
deles, como o ponto, a linha e a textura.

TEMA 4 – PONTO E LINHA

Ao decidir trabalhar com artes gráficas, o artista deve estar ciente de que terá que trabalhar com

os elementos compositivos e formativos das artes e, em especial, os elementos que amparam a


construção da linguagem do desenho ou da gravura. Esses elementos também são comuns em outras

linguagens, porém, neste momento, será focado na linguagem do desenho e da gravura.

Os elementos formais compositivos podem gerar inúmeras configurações e arranjos, por isso, é

possível notar que podem gerar uma quantidade farta de significações.

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O elemento mais básico da linguagem visual é um ponto. Segundo Kandinsky (2005, p. 21), “o

ponto é resultante do primeiro encontro do utensílio com a superfície material, com o plano original”.

Todavia, Ostrower (2013) ignora a existência do ponto como elemento formal. Para a autora, a linha é

o marco inicial da visualidade.

Segundo Wong (2001), o ponto é um elemento adimensional, ou seja, não possui dimensão e,

portanto, só existe no campo das ideias. Desta maneira, no mundo natural, não existe o elemento
formal ponto. Para entendermos o conceito de ponto, antes, há a necessidade de um ente, uma coisa,

algo que possua características do ponto. Portanto, embora não sejam pontos de fato, locais, espaços,

objetos pequenos carregam consigo as características do ponto.

Desta maneira, vemos que o ponto pode ter qualquer formato e, ao contrário do que o senso

comum idealiza, o ponto não é redondo. A principal característica que pode ser entendida como a

essência do elemento ponto é que ele é extremamente pequeno, a ponto de afirmar-se que é

adimensional, sendo assim, não possui dimensão, nem altura, largura ou profundidade.

A função do ponto é a indicação, pois, ao olhá-lo, o observador, por um instante, repousa o

movimento ocular no ato de leitura. É como se determinado local do plano de representação, como o

professor, pudesse exemplificar o ponto ao mostrar um detalhe na camisa de um personagem,

chamando a atenção de quem olha. Embora o olhar do observador se localize em um local específico,

o ponto é muito energético e cria a potencialidade de movimentação, como explica Gomes Filho

(2008).

Quando um ponto sofre um impulso, passa a exercer movimento, ou seja, o ponto se desloca no

espaço. Ao se deslocar, esse elemento formal se transforma no elemento formal linha, que, por sua
vez, pode ser compreendida, portanto, como a trajetória do ponto. Ou ainda, a história do ponto em

movimento transforma o estático em dinâmico, como explica Kandinsky (2005).

Esse elemento é unidimensional, sendo assim, a linha possui lateralidade desprezível e, além

disso, funcionam como setas que dirigem o olhar do observador, como explica Ostrower (2013). Por
vezes, um conjunto de linhas pode prender a atenção do observador em determinado espaço do

plano de representação.

A linha pode variar em sua configuração, ou seja, a sua aparência pode ser reta, curva ou mista.

Quando se tem uma linha reta, todos os pontos estão alinhados. Uma linha curva possui uma relação

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direta com um centro. Já quando a linha é mista, existem trechos em que a linha é reta, outros em

que a linha é curva ou mesmo angulosa. Sugere, portanto, a ideia de deslocamento quando é curva,

diagonal ou angulosa, de acordo com Wong (2001). E, ao contrário dessas direções mencionadas,

quando a linha é horizontal ou vertical, transmite a ideia de passividade, como explica Kandinsky

(2005).

A visualização desse espaço ocorre de forma mais rápida ou mais lenta, dependendo da forma
como a linha foi constituída, podendo ser fragmentada, angulosa, curvilínea, reta, entre outras

características. Esses aspectos farão com que a visualização desse elemento varie. Para exemplificar

essa característica, pode-se tomar como exemplo a visualização de uma linha contínua e em uma
única direção, que, quando é vista por um observador, assume a função de um elemento

extremamente veloz. O olhar percorre rapidamente também um contorno de uma forma ao observar

uma paisagem.

Uma das características da linha é a sua capacidade de direcionar o olhar observador. É esse

elemento que delimita uma figura, contorna um espaço. A linha, ao contrário do ponto, é dinâmica.

Quanto à linha, é contínua, ela é veloz em sua leitura, já quando uma linha é interrompida, surge uma

pausa. Assim, uma linha reta e contínua é mais veloz do que uma linha reta e pontilhada (Ostrower,

2013). Para exemplificar: o observador localiza com facilidade a linha de um pinheiro ou a linha de um

prédio, por exemplo, isso porque é uma continuidade de pontos.

A linha pode ter tonalidade variada, ou seja, a sua relação entre claro e escuro pode variar,
dependendo da pressão exercida no instrumento utilizado para realizá-la. Geralmente, quando se faz
um desenho com a utilização de um lápis, o início do toque na folha de papel tende a produzir um

traço mais intenso e, na medida em que o traço tende para a finalização, existe uma suavização da
pressão exercida sobre a ferramenta e, com isso, o clareamento acontece e passa a ser visível na linha

produzida. Se for realizada com canetas, a questão da tonalidade da linha se dá em função da largura
do traçado e pressão, ou seja, cada ferramenta trará características próprias e que alteram a maneira

como compreendemos esse elemento.

Ostrower resume o elemento formal linha:

Chegamos às seguintes conclusões: a linha (cada segmento linear) cria, essencialmente, uma

dimensão no espaço. Ela é vista como portadora de movimento direcional. Introduzindo-se


intervalos, ou contrastes de direção reduz-se a velocidade do movimento. Quanto mais contrastes,

mais diminui a velocidade e, em contrapartida, aumenta o peso visual da linha. Assim há sempre um

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efeito simultâneo que abrange espaço e tempo: maior velocidade = menor peso visual; menor

velocidade = maior peso visual. (Ostrower, 2013, p. 102)

Dessa forma, fica evidente que a linha pode ter diversas características. Essa variabilidade agrega

aspectos de expressividade na confecção da argumentação visual, proposta a partir da reunião dos

elementos formais da linguagem visual.

TEMA 5 – TEXTURA

Partindo do princípio de que toda a composição visual utiliza dos elementos básicos da

linguagem visual, é fundamental compreender também o que se entende por textura. Esse é um dos

elementos básicos e é tão importante quanto o ponto e a linha, a cor, a escala, o tamanho, entre

outros. De acordo com Dondis (1997), a textura é o elemento visual que tem a capacidade de

expressar a qualidade tátil das superfícies dos objetos.

Além disso, a textura pode ser classificada como natural, sendo a que é presente na natureza ou

uma textura artificial que seria a que é produzida pelo homem, com o intuito tanto de simular

texturas naturais ou obter novas texturas. Para exemplificar a textura natural, temos as peles dos

animais ou a textura da madeira. Outra maneira de classificar a textura seria em texturas visuais ou

texturas táteis.

A textura é o elemento visual que com frequência serve de substituto para as qualidades de outro
sentido, o tato. Na verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato

quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de ambos. (Dondis, 2002)

Para uma melhor definição e compreensão, a textura visual possui apenas qualidades óticas,
simulando uma textura tátil. Um exemplo seria uma pintura em que o artista tenta reproduzir o efeito

da maciez de uma rosa. Já na textura tátil, é tida tanto as qualidades sensíveis ao tato, como as
qualidades visuais.

Figuras 13 e 14– Rosa

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Crédito: DASHADASHA/SHUTTERSTOCK

Dessa forma, é possível observar que a textura tátil está presente em todas as superfícies

possíveis de serem tocadas, enquanto que para se obter a textura visual, nas artes visuais, é

necessário que se utilize de diversas técnicas capazes de criar essa ilusão nas composições. “É possível

que uma textura não apresente qualidades táteis, mas apenas óticas, como no caso das linhas de uma

página impressa, dos padrões de um determinado tecido ou dos traços superpostos de um esboço”

(Dondis, 2002).

A representação da textura pode ser tanto geométrica como orgânica. Nas artes visuais, é

possível representá-la por meio de uma variedade dos outros elementos básicos da linguagem visual,

como pontos e linhas, conforme o exemplo.

Figura 15 – Ilustração de diferentes texturas visuais

Crédito: WARANON/SHUTTERSTOCK

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Outro exemplo seria o das técnicas que os artistas abstracionistas utilizavam por meio da

colagem de pedaços de papéis e outros materiais de diferentes texturas naturais, como madeira,

papelão, areia, entre outros.

NA PRÁTICA

Que tal fazer um desenho figurativo, abstrato e simbólico de uma fruta?

Primeiramente, pegue uma maçã ou outra fruta qualquer. Faça um desenho figurativo, o mais

próximo do mundo natural possível. Feito isso, pegue uma outra folha e faça uma representação mais
simplificada possível, buscando a síntese da fruta escolhida. Por fim, em uma terceira folha, busque

representar a fruta escolhida de maneira simbólica.

Lembre-se de utilizar os elementos formais nesta aula. Boas práticas!

FINALIZANDO

Para finalizar, vamos relembrar o que vimos nesta aula. Primeiramente, compreendemos um
pouco a noção de “Real” em uma imagem artística e suas variações. Na sequência, foi visto como uma

imagem poder ser considerada abstrata, dando sequência, logo depois, para a noção de imagem

simbólica. Por fim, foram vistos, nos últimos dois temas, alguns dos conceitos fundamentais da

linguagem visual, como ponto, linha e textura.

Pudemos ver, por meio desta aula, alguns dos conceitos elementares da linguagem visual, desde

a concepção de imagem, até mesmo, alguns dos elementos formais utilizados com maior frequência
nas imagens.

REFERÊNCIAS

BUSNARDO FILHO, A. Arte e representação simbólica. Revista Educação-UNG-Ser, v. 2, n. 2, p.

23-30, 2007.

DE CARVALHO, P. R.; MANSANO, S. R. V. Da arte figurativa à arte abstrata: uma análise

psicológica. Revista Polis e Psique, v. 10, n. 1, p. 30-46, 2020.

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DONDIS, D. A.; CAMARGO, J. L. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins fontes, 1997.

DONDIS, D. A. Elementos Básicos da Comunicação Visual. _____. A Sintaxe da Linguagem, 2002.

FORTUNA, M. Arte abstrata: uma comunicação peculiar; os audiovisuais a serviço do

abstracionismo. In: ANAIS do Intercom–Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Brasília:

UnB. 2006.

FURLANETTO, B. H. A arte como forma simbólica. Revista Científica/FAP, 2014.

GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras,

2008.

JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. O homem e seus símbolos, v. 2, p. 312-367, 1964.

KANDINSKY, W. Ponto e linha sobre plano: contribuição à análise dos elementos da pintura.

Martins Fontes, 2005.

OSTROWER, F. Universos da arte. Campinas: Editora da Unicamp, 2013.

WONG, W. Princípios de forma e desenho. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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