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17/02/2024, 11:32 UNINTER

FUNDAMENTOS DA LINGUAGEM
VISUAL
AULA 5

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17/02/2024, 11:32 UNINTER

Prof. André Luiz Pinto dos Santos

CONVERSA INICIAL

Nesta aula abordaremos o tema do ritmo como um dos elementos da linguagem visual e como

ele se relaciona e está presente nas artes sequenciais. No segundo tema, veremos o movimento e

como ele é percebido nas imagens estáticas. Já no terceiro tema será explicado como acontece a

organização e espaço nas artes visuais e principalmente nas artes sequenciais. No Tema 4, o conceito

de arte sequencial é aprofundado, apresentando também um breve relato histórico. Para finalizar a

aula, o Tema 5 demonstrará como os diferentes planos de visão interferem na compreensão e na

percepção visual das artes sequenciais, principalmente nas histórias em quadrinhos.

TEMA 1 – RITMO

Antes de se definirmos propriamente o tema do ritmo, é fundamental compreender que a

linguagem visual é tida como a forma mais pura da forma de arte sequencial, porque, ao lidar com a
narração, procura empregar como linguagem uma mistura de letras e imagens (Eisner, 1989).

O termo arte sequencial foi proposto por Will Eisner, na sua obra Comics and Sequential Art em

1985, com o intuito de conceituar as diferentes formas de arte que utilizam de imagens empregadas
em uma ordem com o objetivo de criar uma narrativa gráfica. Um dos exemplos mais conhecidos

dessa modalidade são as histórias em quadrinhos, assim como as animações ou storyboards. Por esse
motivo, entender os diferentes elementos da linguagem visual e como se relacionam com as artes

sequenciais tem grande importância para o conhecimento acadêmico.

Já a respeito do ritmo, segundo a definição do dicionário Michaelis Online (2020), trata-se da

“Correlação e disposição harmoniosa, espacial e/ou temporal, entre as partes de uma obra, de uma
atividade artística”. Ou seja, nas artes visuais, o ritmo é a expressão de movimento dada pela

repetição de alguns elementos. É um dos elementos intelectuais da composição visual.

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Entende-se como elementos intelectuais aqueles que são percebidos na composição, não sendo

analisados de maneira isolada, como o ponto, a linha, a forma, a cor. Como exemplos de elementos
intelectuais temos o ritmo, o movimento e a unidade. Rocha (2009) afirma que a repetição periódica

de um elemento compositivo (ponto, linha ou cor) gera o ritmo.

Como tipos de ritmos temos o por repetição, que ocorre quando o elemento se repete, como

exemplificado na Figura 1, em que a forma de quadrados vermelhos se repetem, gerando a figura de


uma seta:

Figura 1 – Representação do tipo de ritmo por repetição

Crédito: Tavi/Shutterstock.

O ritmo do tipo crescente acontece como na Figura 2, quando as formas ou cores se repetem e
vão crescendo progressivamente.

Figura 2 – Representação do tipo de ritmo crescente

Crédito: Zhiltsov Alexandr/Shutterstock.

Já o ritmo do tipo decrescente, conforme o nome sugere, acontece como na Figura 3, quando as

formas ou cores se repetem e diminuem gradativamente.

Figura 3 – Representação do tipo de ritmo decrescente

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Crédito: SAD44/Shutterstock.

Além dos já citados, tem-se ainda o ritmo alternado, que acontece quando as formas se repetem

regularmente de maneira alternada. A progressão é mais um tipo de ritmo que ocorre com o

aumento gradual de uma ou mais formas da composição visual. Além das formas, o ritmo pode ser

alcançado por meio dos outros elementos das artes visuais, como linhas, ponto, cores, contraste,

entre outros.

O ritmo da composição é um fator determinante no interesse visual da obra. É a sucessão e

harmonia de valores visuais: linhas, formas, espaço, claro-escuro, cor, dimensão, movimento e
equilíbrio. O ritmo está presente na composição quando as formas e os seus tamanhos mantêm

uma relação harmônica entre si. (Rocha, 2009, p. 52)

Nas artes sequenciais como nas histórias em quadrinhos, o ritmo pode ser tido pelas trajetórias

das linhas, variando entre interrompidas, mais grossas, mais finas, em espiral, mais curtas ou mais

longas. Na Figura 4, por meio da obra de Roy Liechtenstein que valorizou as histórias em quadrinhos,
muito consumidas nas décadas de 50 e 60 do século XX, pode-se perceber esse elemento: o artista

coloca ritmo na obra por meio da intensidade expressa com a figura da mulher assustada. Observe

que nesse desenho é possível notar a repetição de elementos da linguagem visual (pontos, linhas,
cores). Apesar de não utilizar de palavras para se comunicar, é possível notar o ritmo intenso que o

artista retratou.

Figura 4 – Obra de Roy Liechtenstein

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Crédito: Art Villone/Shutterstock.

De acordo com Rocha (2009), a interpretação do ritmo se baseia em aumento de alguns aspectos

do natural, redução ou supressão, que podem ser de tamanho, cor, de linha, de forma ou de luz. A

utilização do ritmo pode estabelecer texturas e padrões e também criar a sensação de movimento,

que será abordado na sequência.

TEMA 2 – MOVIMENTO

Com base em Gomes Filho (2008), qualquer imagem visual que apresente os objetos por meio de

qualidades perceptivas, como espaço, superfície, direção e outras, dará impressão de movimento. Um

dos elementos constitutivos que dá a sensação de movimento a uma imagem é a linha, uma vez que

ela desloca o olhar do observador durante a visualização da obra. Para que isso ocorra, o olhar deve

percorrer uma dimensão apenas, ou altura, ou largura ou profundidade.

Derdik (2004) complementa que, no caso de uma imagem estática, representar o movimento se
torna uma tarefa complexa, mas que as utilizações de algumas técnicas auxiliam nesse processo. As

diferentes disposições das linhas causam diferentes sensações. Rocha (2009) complementa que as
linhas horizontais trazem a sensação de estabilidade e equilíbrio, uma vez que os movimentos

conhecidos se dão em um plano horizontal. Já as linhas verticais sugerem um movimento ascendente,


de elevação. As linhas inclinadas também dão a impressão de elevação, mas também de algo instável.

Na Figura 5 pode-se observar na prática a aplicação de linhas dando a percepção de movimento,


mesmo que em uma imagem estática. Esse é um recurso bastante empregado nas artes sequenciais

como as histórias em quadrinhos. Ao analisar a imagem, observa-se linhas inclinadas que sugerem um
movimento parecido com um chute. Conforme Rocha (2009) as linhas inclinadas sugerem elevação,

movimento ascendente.

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Figura 5 – Homem chutando um balão

Crédito: Studiostoks/Shutterstock.

Outro recurso utilizado nas histórias em quadrinhos é a utilização das onomatopeias, isto é, o
processo de formação de uma palavra que imita aproximadamente o som do que significa e que

auxiliam a representar o movimento (Rocha, 2009).

Além de linhas retas ou inclinadas, linhas curvas também tendem a promover a percepção de

movimento. Na Figura 6, além do uso de onomatopeia, as linhas curvas sugerem um movimento de

um golpe, forte e veloz. Outro ponto importante a se considerar é que a perspectiva, como visto

anteriormente, também auxilia nesta percepção. No caso da Figura 6, pela perspectiva adotada é
possível identificar, mesmo que em uma imagem estática e bidimensional, que um personagem está

mais à frente do que o outro, assim como um deles está sendo representado caindo.

Figura 6 – Herói golpeando

Crédito: Durantelallera/Shutterstock.

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Outro exemplo do movimento nas artes sequenciais é por meio da animação e do uso dos

storyboards. Solomon (1987) afirma que a animação está baseada na passagem sequencial das
fotografias de desenhos estáticos que geram a ilusão de movimento. As cenas quando são

semelhantes e vistas em sequência geram a ideia de movimento.

Amaral (2010) afirma que o storyboard herda as características das histórias em quadrinhos,

comuns em jornais e revistas. Mesmo que tenha havido evoluções técnicas na construção dos
storyboards, “apresentar uma proposta gráfica que se aproxime ao máximo do que se trata e como se

deseja expressar determinada história segue sendo essencial e ainda resgata a linguagem do desenho

e da HQ” (Fischer, 2010, p. 56).

Sabe-se que o uso do storyboard está atrelado ao fato de narrar-se visualmente uma história ou

um acontecimento em uma sequência lógica, ou seja, compreende uma disposição de elementos

visuais que representam uma narrativa no tempo. São ilustrações exibidas em sequência com a

finalidade de pré-visualização:

O storyboard é essencialmente uma grande história em quadrinhos do filme ou de parte dele,

produzida com antecedência para ajudar os diretores e cineastas a visualizar as cenas e a encontrar
potenciais problemas antes que eles ocorram. (Leslie, 2006, p. 159)

Outra técnica prática que se pode citar é a utilização do flipbook, aqui representado na Figura 7,

em que basicamente são feitos vários desenhos sequenciados, em folhas de um pequeno bloco com

pequenas variações para ter a percepção de movimento.

Figura 7 – Flipbook

Crédito: Pavloonka/Shutterstock.

Quando se passa as folhas do bloco rapidamente entre os dedos, tem-se a percepção do

movimento. De acordo com Arnheim (1997), a percepção está relacionada com a visão e que o ver

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pode significar mais do que isto, estando diretamente relacionado, por sua vez, com a configuração e

o espaço, os quais serão abordados no tema a seguir.

TEMA 3 – CONFIGURAÇÃO E ESPAÇO

De acordo com Agra (2014), o espaço é percebido visualmente e é apresentado por meio da
imagem. Na arte sequencial, que se trata de uma narrativa visual, a configuração, isto é, a maneira

como cada imagem é disposta na ordem da leitura, faz com que a sequência de imagens tenha uma

relação próxima entre espaço e tempo, “uma vez que o tempo passa a ser percebido espacialmente,

sendo estas dimensões fundamentais para a construção de uma narrativa” (Agra, 2014, p. 5). Dessa

forma, fica evidente que as imagens, na arte sequencial, demonstram o fluxo temporal por meio do

uso dos quadrinhos.

Como outras modalidades artísticas tradicionalmente exploradas para fins majoritariamente

narrativos – as formas audiovisuais e o romance, por exemplo –, as histórias em quadrinhos

desenvolveram ferramentas para a configuração do espaço e do tempo. A composição do tempo e


do espaço nas narrativas em quadrinhos através da diagramação da página, isto é, a distribuição

dos quadros e a distribuição da sarjeta ao seu redor e entre eles, é um dos aspectos mais estudados
da linguagem. (Gonçalves, 2017, p. 3-4)

Eisner (1989) aponta que a configuração das histórias em quadrinhos apresenta tanto palavras

como imagens, e, por consequência, é preciso que o leitor se utilize de habilidade de interpretação,

tanto visual como verbal, considerando assim que a leitura de uma história em quadrinho se trata de
um ato de percepção estética e esforço intelectual. A relevância dessa estruturação para a

composição da continuidade foi apontada por Eisner (1989), contribuindo também com o
estabelecimento do contexto, do ritmo e do tom.

Conforme Agra (2014, p. 5), “na arte sequencial, as imagens podem demonstrar o fluxo temporal
através do uso dos quadrinhos; desta forma, além de definir o espaço, as imagens e os intervalos

entre elas criam a impressão de tempo”. A quantidade de quadros pode dar o ritmo à narrativa, ou
seja, para acontecimentos em um espaço curto de tempo se utiliza de uma quantidade menor de

quadros, já em um evento mais segmentado, ou quando se pretende dar um tom de suspense com
uma passagem de tempo lenta, se utiliza de mais quadros. O formato do quadro também tem relação

com a percepção do tempo; um quadrinho longo dá a conotação de uma ação longa, ao passo que
um quadro pequeno sugere o inverso, como pode se observar na Figura 8.

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Figura 8 – Exemplo de história em quadrinhos

Crédito: Igor Zakowski/Shutterstock.

Outro ponto apontado que contribui com a configuração e com o espaço na arte sequencial é a

organização dos elementos da imagem com base no enquadramento, uma vez que a maneira como a

cena é percebida visualmente pelo leitor tem influência direta com as reações da história (Agra, 2014).

Ao olhar uma cena de cima, o espectador tem uma sensação de pequenez, que estimula uma

sensação de medo. O formato do quadrinho em combinação com a perspectiva provoca reações


porque somos receptivos ao ambiente. Um quadrinho estreito evoca uma sensação de

encurralamento, de confinamento, ao passo que um quadrinho largo sugere abundância de espaço


para movimento – ou fuga. Trata-se de sentimentos primitivos profundamente arraigados e que

entram em jogo quando acionados adequadamente (Eisner, 1989, p. 89).

Esse recurso tem fundamental importância na narrativa da arte sequencial. Para compreender

melhor o que se conhece e entende como arte sequencial, o tema a seguir apresentará seu conceito e
quais são suas principais aplicações práticas, além das histórias em quadrinhos já mencionadas.

TEMA 4 – ARTE SEQUENCIAL

A arte sequencial pode ser conhecida também por outros nomes, tais como narrativa visual,

narrativa gráfica, narrativa pictórica, narrativa sequencial, ilustração narrativa, entre outros. É tida
como uma expressão de arte que se utiliza de imagens sequenciadas para criar uma história para
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narração gráfica ou simplesmente para transmitir informações, como nas tirinhas de jornais. Como já

foi exposto, o exemplo prático mais conhecido da arte sequencial são as histórias em quadrinhos, nas

quais se utiliza imagens, desenhos, elementos das artes visuais e textos.

Arte sequencial [...] se refere à modalidade artística que usa o encadeamento de imagens em

sequência para contar uma história ou transmitir uma informação graficamente. O melhor exemplo
de arte sequencial são as histórias em quadrinhos – HQs, que são composições impressas de

desenhos e textos utilizando balões de diálogo, especificamente em revistas em quadrinhos e nas


tirinhas de jornais. (Dansa, 2013, s.p.)

A arte sequencial também pode ser encontrada em outras expressões artísticas, como filmes,

animações ou storyboards, como já mencionado. Outro ponto fundamental de se compreender é que

a arte sequencial surgiu milênios antes das histórias em quadrinhos. Dansa (2013, s.p.) afirma que “os

primeiros exemplos, depois das pinturas das cavernas, são os hieróglifos egípcios, pinturas e imagens

dos americanos pré-colombianos”.

As pinturas rupestres (Figura 9) foram uma das primeiras formas de comunicação gráfica, assim

como os hieróglifos egípcios, que codificavam as imagens em símbolos que se repetiam e eram fáceis

de se reproduzir.

Figura 9 – Exemplo de pintura rupestre

Crédito: Enrique Alaez/Shutterstock.

Outro exemplo de arte sequencial que antecede as histórias em quadrinhos são os artistas

gregos que usavam baixos-relevos e vasos como meios de contar histórias. “As colunas de Roma e
Trajano, produzidas em 113 a.C., são um antigo exemplo sobrevivente de narrativa contada por meio

de imagens em sequência” (Dansa, 2013, s.p.). Na Figura 10 é possível observar a utilização de relevos
para criar uma sequência de imagens na coluna.

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Figura 10 – Coluna de Trajano em Roma

Crédito: Fotoecho_Com/Shutterstock.

Seguindo a linha histórica, os quadrinhos se tornaram popular após a invenção da impressão,

estando presentes nas páginas de jornais e revistas no final do século XIX, ao lado do cinema e

animação, que surgiram como consequência do surgimento da fotografia.

A invenção da imprensa estabeleceu a separação entre palavras e imagens; cada qual requeria

modos específicos de reprodução. Os primeiros impressos se concentravam em assuntos religiosos,


mas ao longo dos séculos XVII e XVIII começaram a ser abordados aspectos políticos e da vida

social. Com isso vieram a sátira e a caricatura. Foi ainda nesse período que os balões de diálogo
foram desenvolvidos, a fim de atribuir fala às figuras [...] os quadrinhos foram um produto resultante

da invenção da imprensa. Como modalidade artística, eles se estabeleceram somente no final do

século XIX e começo do XX, ao lado de formas similares que resultavam da invenção da fotografia,
como a animação e o cinema. Esses três gêneros dividem algumas convenções, mais perceptíveis

pela junção de imagens e palavras e todas três devem parte das suas convenções aos avanços
tecnológicos da revolução industrial. (Dansa, 2013, s.p.)

Na prática, Eisner (1989) defende que o visual é a forma mais pura da arte sequencial, pois lida
com a narração e procura empregar como linguagem um misto de imagens e letras. Agra (2014, p.

10) considera que a arte sequencial apresenta também uma “possibilidade de acentuar a importância
da compreensão do universo visual”, uma vez que a quantidade de possibilidades narrativas e
estéticas que ela promove são inúmeras. Como já foi visto, os elementos estruturais que compõem a

arte sequencial são vários, o que contribui com o processo de construção para uma linguagem
própria baseada no uso da arte sequencial.

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Para finalizar, será apresentado como os diferentes planos e ângulos de visão contribuem para a

construção da arte sequencial, e especificamente das histórias em quadrinhos.

TEMA 5 – PLANOS DE VISÃO

Ao pensar em planos e ângulos de visão relacionados com a arte sequencial, é importante


compreender que esses três elementos contribuem para o enquadramento das cenas que são

retratadas. De acordo com Aumont (1993, p.153),

A palavra enquadramento e o verbo enquadrar aparecem [...] para designar o processo mental e

material [...] pelo qual se chega a uma imagem que contém determinado campo visto sob

determinado ângulo e com determinados limites exatos.

Agra (2014) afirma que o enquadramento é um dos recursos que são usados para que os

momentos importantes de determinada história sejam transmitidos para quem a lê – assim como a

sequência de imagens também segue uma lógica espacial e temporal. Já Eisner (1989) explica que a

disposição das imagens dentro dos quadrinhos junto com a representação dos elementos se tornam

a gramática básica pela qual se constrói a narrativa.

Na narração visual a tarefa do escritor/artista é registrar um fluxo contínuo de experiências e

mostrá-lo como pode ser visto a partir dos olhos do leitor. Isso é feito arbitrariamente, dividindo-se
o fluxo ininterrupto em segmentos de cenas “congeladas”, encerradas num quadrinho. (Eisner, 1989)

O uso do enquadramento tem a utiidade de causar um impacto visual, o que sugere pontos de
vistas ou planos visuais de maneira que podem desencadear reações e emoções ao leitor. A respeito

dos planos visuais, Castro (2015, p. 25) considera que são pontos de vista inseridos na narrativa
gráfica pelo autor: “Os planos visuais, nos quadrinhos, são usados para ressaltar cenas e detalhes da
história, focando nos pormenores do cenário ou dos personagens”. Cagnin (2014) acredita que sua

utilização e diversificação criam uma dinâmica para a história a ser contada.

De acordo com Cagnin (2014), os planos, na arte sequencial das histórias em quadrinhos, podem
ser dividos em:

Plano em grande detalhe ou pormenor (close): utilizado para criar intensidade à narrativa e
normalmente envolve parte do rosto de um personagem ou de um objeto;

Figura 11 – Exemplo de plano em grande detalhe

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Crédito: Durantelallera/Shutterstock.

Primeiro plano: apresenta apenas a cabeça do personagem até a altura dos ombros;

Figura 11 – Exemplo de primeiro plano

Crédito: Studiostoks/Shutterstock.

Plano aproximado: normalmente utilizado em cenas com diálogos e apresenta em detalhes

algumas características da fisionomia para facilitar a percepção das expressões faciais dos
personagens;

Figura 12 – Exemplo de plano aproximado

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Crédito: Topilskaya/Shutterstock.

Plano americano: o personagem é enquadrado do joelho para cima;

Figura 13 – Exemplo de Plano Americano

Crédito: Studiostoks/Shutterstock.

Plano de conjunto: utilizado quando o artista pretende exibir o personagem de corpo inteiro e

com o cenário mínimo, dando destaque principal ao personagem que está inserido no

quadrinho;

Figura 14 – Exemplo de plano de conjunto

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Crédito: Malchev/Shutterstock.

Plano panorâmico: engloba não apenas os personagens, mas também o cenário, sendo utilizado

quando o artista quer mostrar a localização da cena, ou seja, onde acontece a ação do

quadrinho;

Figura 15 – Exemplo de plano panorâmico

Crédito: Malchev/Shutterstock.

Plano plongué: com a visão do alto para baixo, ou seja, está acima do nível dos olhos, voltada

para baixo. Também é usado em uma visão geográfica com o intuito de localizar os pontos do

espaço mostrados na cena.

Figura 16 – Exemplo de plano plongué

Crédito: Lana Stem/Shutterstock.

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Plano contra-plongué: com a visão de baixo para cima, podendo ser usado quando se pretende,

por exemplo, mostrar o tamanho de prédios ou então expressar o medo de um personagem

quando se sente ameaçado por outro.

Figura 17 – Exemplo de plano contra-plongué

Crédito: Rimanya/Shutterstock.

NA PRÁTICA

Agora é a sua vez! Que tal verificar se você compreendeu como elaborar imagens com base em

diferentes planos de visão? Para isso, solicite que algum conhecido ou amigo pose para você tirar
fotos. Escolha diferentes planos de visão e, depois de tiradas, compare cada foto e veja o resultado.

FINALIZANDO

Nesta aula, foi abordado o tema do ritmo como um dos principais elementos da linguagem
visual, sendo verificada a sua pertinência em relação às artes sequenciais. Também vimos a maneira

como nós, seres humanos, percebemos o “movimento”, seja no cotidiano ou em imagens estáticas. O
espaço foi outro elemento das artes visuais que teve sua organização comentada nesta aula, em

especial a sua relação com as artes sequenciais. Um breve histórico da arte sequencial foi

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apresentado, assim como vimos como os diferentes planos de visão podem interferir na leitura de

imagens próprias das artes sequenciais.

Com isso, espera-se que esses elementos venham a corroborar para maior fluência da linguagem

visual, seja em aspectos de análise de produtos visuais já elaborados, seja para a produção de novos
materiais gráficos.

REFERÊNCIAS

AGRA, S. L. L; FIGUEIREDO JÚNIOR, P. M. de A arte de sequenciar imagens: apontamentos sobre

o processo de criação na Arte Sequencial. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos

Interdisciplinares da Comunicação. XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste,

João Pessoa, 15 a 17 maio 2014.

AMARAL, M. A.; OLIVEIRA, K. Aline; BARTHOLO, V. F. Uma experiência para definição de

storyboard em metodologia de desenvolvimento colaborativo de objetos de aprendizagem. Ciências

& Cognição, v. 15, n. 1, p. pp. 19-32, 2010.

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sequencial. 2. ed. São Paulo: Criativo, 2014.

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textuais em homem-aranha: azul. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Letras) – Faculdade

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FISCHER, G. O storyboard como instrumento de projeto: reencontrando as contribuições do


audiovisual e da publicidade e seus contextos de uso no design. Strategic Design Research Journal,

v. 3, n. 2, 2010.

GOMES FILHO, J. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras,
2008.

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Internacionais de Histórias em Quadrinhos, Escola de Comunicação e Artes da USP, 2017.

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MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova geração, 2020.

Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php>. Acesso em: 4 dez. 2020.

ROCHA, B. G. C. da. Percepção e composição. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo,

Núcleo de Educação Aberta e à Distância, 2009.

SOLOMON, C. (Org.). The art of animated image: an anthology. Los Angeles: The American Film

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