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Material Teórico
Introdução aos elementos da Linguagem Visual
Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Introdução aos elementos
da Linguagem Visual
• Introdução
• Ponto
• Linha
• Forma
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Abordar os elementos básicos da linguagem visual - ponto, linha e
forma; seus conceitos; características; funções e variações; além de
alguns de seus valores agregados.
· Compreenderemos suas relações na composição e aplicações nas
artes visuais, exemplificadas em obras de diferentes linguagens,
períodos e estilos.
ORIENTAÇÕES
Iniciaremos nossos estudos com uma breve introdução sobre a linguagem
visual e, em seguida, analisaremos seus elementos construtivos básicos. O
ponto, a unidade mais simples e irredutível da linguagem visual e seu poder
de atração visual. A linha, o elemento que registra um gesto numa superfície,
demarca espaços, traça caminhos, dá lugar à forma e atribui dinamismo
à composição, com todos os seus diferentes modos de apresentação. E,
por fim, a forma, o elemento originado pela organização de um conjunto
de linhas que configura a imagem representada. Exemplificaremos ainda
suas relações na composição e aplicações nas artes visuais com a análise
de diversas obras.
Após ler o Conteúdo teórico, não deixe de realizar as Atividades de
sistematização e de Aprofundamento, e explore também o Material
complementar para ampliar seus conhecimentos.
Bons estudos!
UNIDADE Introdução aos elementos da Linguagem Visual
Contextualização
A linguagem visual é universal, rompe barreiras, aproxima. Diferentemente da
linguagem verbal, formada por um conjunto de códigos distintos e característicos
de uma determinada cultura em um determinado período, os elementos da
linguagem visual são únicos, reconhecíveis e utilizados por qualquer pessoa,
independentemente de sua língua nativa ou aprendida, do local onde viva ou do
momento histórico.
A criança não tem consciência disso, mas desde muito cedo ela já trabalha,
à sua maneira, com os mesmos elementos da linguagem visual que os artistas e
designers trabalham de uma forma mais aprimorada.
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Introdução
Somos impactados diariamente por milhares de imagens - televisão, cinema, rede
mundial de computadores, vídeos, fotografias, anúncios publicitários, sinalizações
e intervenções urbanas, entre tantos outros meios. A exposição às múltiplas
manifestações visuais gera a necessidade de uma educação específica para saber
ver e identificar as ideias, sentimentos e significados contidos nessas imagens.
Ponto
O ponto é o elemento mais simples e irredutível da linguagem visual, o primeiro
elemento que detém nossa atenção em uma composição. O formato arredondado
corresponde à sua apresentação mais recorrente na natureza. Qualquer ponto
exerce um grande poder de atração visual sobre o olho humano, sendo um elemento
útil de referência espacial (Fig.1).
Figura 1
O encontro da ponta de um lápis, de um pincel ou de qualquer outro material
ou instrumento sobre uma superfície já indica a existência do ponto. Ele pode
ser o “ponto de partida” de uma obra, o gesto que desencadeia o processo de
configuração de linhas e formas.
Figura 2
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Figura 3
Esse fenômeno perceptivo foi explorado por Georges Seurat em seus trabalhos
pontilhistas, nos quais a partir da justaposição de pontos formam-se imagens
complexas com cores e tons extremamente variados (Fig.4). O artista acreditava
que as cores eram vistas como pontos de pigmento e que se colocasse pequenos
pontos uns ao lado dos outros, com uma certa distância, criaria uma imagem
completa com intensa luminosidade.
Figuras 4a e 4b (detalhes)
Fonte: www.obviousmag.org
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A obra-prima de Seurat, Uma tarde de domingo na ilha da Grande Jatte
(Fig.5) é a maior representante do Pontilhismo. A paisagem apresenta 48 pessoas,
8 barcos, 3 cachorros e 1 macaco, todos formados por pequenas manchas verticais
e horizontais e por pontos de cor que, justapostos, provocam uma mistura óptica
nos olhos e compõem a imagem final como a percebemos. A técnica é uma
consequência das experimentações realizadas pelos impressionistas anos antes.
Figura 5 - Uma tarde de domingo na ilha da Grande Jatte (1884-1885) – Georges Seurat
Fonte: www.obviousmag.org
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A série Spot paints do inglês Damien Hirst compreende inúmeras obras
constituídas apenas por pontos, geralmente coloridos e em disposições simétricas,
em composições que variam de apenas 1 a 25.781 pontos pintados em telas de
diferentes formatos, que podem chegar a mais de 12 metros.
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Figura 13 – Broken heart (2012) Figura 14 – I’m here, but nothing (2000-2014)
Pintura – Yayoy Kusama Instalação com bolinhas fluorescentes – Yayoy Kusama.
Fonte: vejasp.abril.com.br Fonte: guia.uol.com.br
Figura 15 – Filled with the brilliance of life (2011) - Instalação com luzes de LED
refletidas ao infinito em espelhos dispostos no teto e nas paredes – Yayoy Kusama
Fonte: guia.uol.com.br
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Nesse caso, tais elementos são denominados de focos de atenção e, dependendo
de sua posição no espaço, podem sugerir um maior ou menor dinamismo à
composição (Fig.17).
Linha
A linha é o elemento visual formado por uma cadeia de pontos, tão próximos entre
si que se torna impossível identificá-los individualmente, ou, em outras palavras, pode
ser definida como a trajetória de um ponto pelo espaço. A linha nunca é estática, sua
natureza linear fluida aumenta a sensação de direção e sugere movimento.
A linha raramente existe na natureza, mas pode ser sugerida pelo meio fio de uma
calçada, pelo cabeamento da energia elétrica, pelos postes e prédios observados
a distância, pelos caules das plantas, pelos ramos secos de uma árvore e pelo
horizonte. Na arte, é o elemento essencial do desenho, que captura a informação
visual e a reduz a um estado em que só o essencial permanece e toda a informação
supérflua é eliminada.
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características físicas da linha – as linhas mais grossas criam tons escuros e as mais
finas, tons claros. Em grupos de linhas paralelas, as variações de valor tonal podem
ser controladas tanto pela espessura das linhas quanto pelo espaçamento entre
elas. É o que chamamos de hachura. Valores tonais mais baixos (escuros) podem
ser obtidos com o uso da hachura cruzada, na qual dois grupos de linhas paralelas
cruzam-se em direções distintas.
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As linhas possuem diversas classificações, de acordo com suas características
físicas, como a qualidade, tipo, direção e posição.
Figura 26
Linha grossa ou fina (Fig.27): as linhas grossas tendem a comunicar uma maior
sensação de estabilidade e são mais impactantes, enquanto as finas são mais
elegantes, suaves e delicadas.
Figura 27
Linha contínua, tracejada, pontilhada ou combinada (Fig.28): na linha contínua
o traço é feito sem nenhuma interrupção, tornando o movimento visual mais
rápido; a linha pontilhada é representada por meio de pontos e o intervalo entre
eles tornam o movimento mais lento; a linha tracejada é representada por traços e
quanto maior o intervalo entre eles, mais lento e pesado torna-se o movimento; as
linhas combinadas são formadas por pontos e traços alternados.
Figura 28
Linha reta (Fig.29): a trajetória segue em uma única direção. Devido à sua
continuidade, transmite a impressão de dureza e rigidez.
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Linha sinuosa ou ondulada (Fig.31): é composta por uma sequência de linhas curvas
em constante mudança de direção que a torna ondulada. Transmitem instabilidade.
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Linha de contorno ou mista (Fig.33): uma mesma linha ainda pode ser mista,
por exemplo no contorno de uma figura, mesclando trajetórias.
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Figura 38
Figura 39
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Linhas convergentes (Fig.40): partem de pontos distintos e dirigem-se para o
mesmo ponto.
Figura 40
Figura 41
Forma
A forma corresponde ao elemento visual descrito pela linha. As formas
bidimensionais, que apresentam apenas largura e altura, são chamadas de planos
e destacam-se do entorno por seus limites definidos pela linha ou pelos contrastes
de valor tonal, cor e textura. Existem três formas básicas (Fig.42): o quadrado, o
círculo e o triângulo equilátero.
Figura 42
Cada uma das formas básicas possui características específicas e a cada uma
delas são atribuídos significados por associação, vinculação arbitrária ou por
percepções psicológicas ou fisiológicas.
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Quadrado: figura formada por quatro lados com o mesmo comprimento e ângulos
retos, à qual se associam retidão, equidade, estabilidade, solidez, confiabilidade, resistência.
Triângulo equilátero: figura formada por três lados e ângulos iguais, à qual se
associam ação, força, conflito e tensão. Estabilidade (com um dos lados na base) ou
instabilidade (com um dos ângulos na base)
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A partir das formas planas (bidimensionais) são constituídas as formas sólidas
(tridimensionais). Os tridimensionais correspondentes às três formas básicas planas
- quadrado, triângulo equilátero e círculo são, respectivamente, cubo, pirâmide
triangular ou tetraedro e a esfera (Fig.46 e 47).
Figura 46
Figura 47
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Figura 49 - Trabum (1972) - Carl Andre Figura 50 – Vega lava (1984) - Vitor Vassarely
Fonte: c4gallery.com Fonte: vasarely.com
Figura 51 – Animação luxo, Jr - Pixar Figura 52 – Pyramids, Egypt – Foto de Jesus Oranday
Fonte: prism.gatech.edu Fonte: nationalgeographic.com
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Figura 53 – PROUN 10 (1919) - El Lissitzky Figura 54 – Untitled (1969) – Donald Judd
Fonte: thecharnelhouse.org Fonte: guggenheim.org
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Figura 58 - Girl with a mandolin (Fanny Figura 59 – The skat players (1920)
Tellier) (1910) – Pablo Picasso Otto Dix
Fonte: moma.org Fonte: ips-dc.org
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As formas não figurativas não são regidas pela representação. Em uma oposição
mais radical ao caráter representacional da arte tradicional ou priorizando a
autoexpressividade do artista, movimentos artísticos chegaram à abstração total. Em
algumas obras cubistas da fase sintética, por exemplo, o objeto foi tão fragmentado
que se tornou impossível identificá-lo (Fig.61).
Figura 61 - Still life with glass and lemon (1910) – Pablo Picasso
Fonte: pablo-ruiz-picasso.net
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Figura 64 – Composição com vermelho, amarelo, azul e preto (1921) - Piet Mondrian
Fonte: infoescola.com
Nas artes visuais nem sempre é fácil classificar uma forma individual. Ela pode ser
geométrica ou orgânica em um de seus lados e fundir-se com o entorno do outro,
tornando-se amorfa. O número de formas possíveis é infinito, elas podem variar
de objetivas a subjetivas, geométricas a orgânicas, figurativas a não figurativas.
O potencial da forma para a expressão artística é ilimitado.
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Material Complementar
Há vários materiais, como vídeos, filmes, livros e sites, que podem ampliar seu conhecimento
sobre os elementos básicos da linguagem visual - ponto, linha e forma.
Indicamos aqui os seguintes:
Vídeos
O ponto, o elemento visual mais simples
Esse breve vídeo de Rui Leitão apresenta o elemento mais simples da linguagem visual
– o ponto, e sua aplicação nos movimentos artísticos Pop art e Pontilhismo.
www.youtube.com/watch?v=Q89vpzfxwrs
Livros
Ponto e linha sobre o plano
Leia o livro de KANDINSKY, W. Martins Fontes: São Paulo, 2012.
Publicada originalmente em 1926, no período em que o artista lecionava na famosa
escola da Bauhaus, essa obra de Kandinsky apresenta sua teoria das formas, seminal
nos estudos que formataram a arte abstrata.
Sites
Para conhecer mais trabalhos de Kandinsky, navegue pela coleção online do Museu
Guggenheim de Nova Iorque.
www.guggenheim.org/new-york/collections/collection-online/artists/1515
Filmes
Fantasia
Fantasia, a terceira animação produzida pela Wall Disney Pictures em 1940, integra
oito grandes obras da música clássica com visuais criativos e originais. No capítulo
Sinfonia pastoral, composição de Ludwig van Beethoven, o som é desenhado pela
linha na animação.
www.youtube.com/watch?v=r7gLlIv4ito
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Referências
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. Nova
versão. 11. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.
FRASER, T.; BANKS, A. O guia completo da cor. 2. ed. São Paulo: Editora
Senac São Paulo, 2010.
Webgrafia
Enciclopédia Itaú cultural.
Disponível em: <www.enciclopediaitaucultural.org.br>. Acesso em: 14 jul. 2015.
Hirshhorn.
Disponível em: <www.hirshhorn.si.edu>. Acesso em: 14 jul. 2015.
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