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CONVERSA INICIAL
Este texto que lhe é apresentado aborda cinco tópicos da história da arte, mas com algumas
Arte Rococó, do Neoclassicismo, do Romantismo, para, por fim, tratar do Realismo. Esta seleção busca
instrumentalizar, de forma geral, o leitor a respeito da análise de artistas e obras da história da arte,
pois permitirá que o olhar se desenvolva a partir das discussões aqui propostas para que possa, ainda,
se voltar para outras obras e artistas, a depender dos interesses de pesquisa do leitor. Desta forma,
O período barroco
A arte rococó
O neoclassicismo
O romantismo na arte
O realismo
DO BARROCO AO REALISMO
Do período Barroco ao período Realista na arte temos vários movimentos artísticos e tendências
Esse exercício contribui, e muito, com o aperfeiçoamento de nosso olhar para que possamos nos
desenvolver na crítica e história da arte. Além disso, vale destacar que identificar essas mesmas
artes e sociedades, na história e modo de viver e assimilar o mundo. Não obstante a isso, vamos
manter viva a nossa chama da curiosidade para que, mesmo após a leitura desse texto, possamos dar
Podemos considerar o período barroco como ocorrido entre os anos de 1600 e 1750. E, “embora
o termo ‘barroco’ seja às vezes usado no sentido negativo de superelaboração e ostentação, o século
XVII não só produziu gênios artísticos excepcionais, como Rembrandt e Velázquez, mas também
expandiu o papel da arte para a vida cotidiana.” (Strickland, 1999, p. 46). Com isso, observamos
também que:
A era barroca começou em Roma por volta de 1600, quando os papas se dispuseram a financiar
Contrarreforma, e para atrais novos fiéis com a dramaticidade das “imperdíveis” obras de arquitetura.
O movimento de expandiu para a França, onde os monarcas absolutistas reinavam por direito divino e
Isso nos explica muitas coisas, inclusive sobre os temas mais usados pelos artistas no barroco -
sendo a temática religiosa mais usada nos países católicos e outros temas, incluindo cenas de gênero,
naturezas mortas e retratos, em países protestantes, mas sobretudo onde a burguesia começava a se
Vale destacar que o período Barroco veio após o Renascimento, no entanto, houve ainda um
movimento artístico entre ambos, conhecido como Maneirismo, o que significava “pintar à maneira
de”. Esse termo era utilizado porque acreditavam que os artistas ainda não haviam conseguido se
distanciar das produções dos grandes gênios renascentistas, passando a seguir a sua maneira de
pintar. De todo modo, esse movimento pode ser considerado como um exemplo de ruptura com os
ideais racionais, humanistas e antropocêntricos da Renascença antes de se adentrar ao barroco, com
O Barroco teve origem na Itália, mas foi difundido para outros países católicos europeus e da
América. Embora para cada região ele tivesse adotado características específicas, seu caráter
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dramático permaneceu o mesmo e é fácil identificá-lo nas diferentes obras. A palavra “barroco”
significava “pérola irregular” e foi usada para definir esse período da história da arte, devido ao
distanciamento que as produções dos artistas tomavam dos ideais de harmonia e equilíbrio do
Renascimento.
que separam as figuras do fundo, enquanto no Barroco as pinturas se tornam mais pictóricas,
deixando a atmosfera muitas vezes com aspecto de “brumas esfumaçadas", devido aos jogos de luz e
sombra para se obter maior dramaticidade (Wölfflin, 2000). Ainda, de acordo com Wölfflin:
Uma figura clássica pode ser recortada: ela terá, sem dúvida, uma aparência menos favorável do
que em seu meio anterior, mas nunca perderá a identidade. A figura barroca, ao contrário, tem a sua
existência totalmente associada aos demais motivos do quadro; já uma simples cabeça mescla-se
indissoluvelmente ao movimento do fundo, mesmo que seja apenas através do jogo de tons claros e
Como características da arte barroca podemos salientar o exagero nas formas, os temas
dramáticos, riqueza de detalhes e figuras mais “pictóricas”, antagonismos nas composições, dualismo
e fortes contrastes de luz e sombra, domínio da emoção sobre a razão, a fé como elemento de
destaque e mais. Dentre os diversos artistas barrocos, destacamos primeiramente Annibale Carracci
(1560 - 1609) o qual fez escola e acabou influenciando muitos artistas desse período e, de acordo
com Janson e Janson (1996, p. 253), “[...] ele sentia que a arte deveria voltar à natureza, mas a sua
abordagem era menos decidida, alternando estudos da vida com uma retomada dos clássicos.”
(Janson e Janson, 1996, p. 253).
Figura 1: “A Assunção da Virgem Maria”, 1590, 1,3 m x 97 cm, Annibale Carracci, Museu do Prado
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aponta Gombrich (1999, p. 433), “[...] consegue a completa e laboriosa precisão na reprodução de
texturas, cores e formas, sem que o quadro tenha jamais o aspecto de elaborado ou rude.”
Figura 2: “A Vocação de São Mateus”, concluída em 1599-1600 para a Capela Contarelli, em Roma,
Caravaggio
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Além desses, devemos evidenciar a artista barroca Artemisia Gentileschi (1593-1653) que teve
reconhecimento ainda em vida e foi filha do pintor Orazio Gentileschi. Essa artista foi a primeira
mulher a integrar a Academia de Belas Artes de Florença. A obra de Artemisia nos chama a atenção
para o domínio técnico e ao mesmo tempo o aspecto dramático presente em suas pinturas que
evidenciam algumas de suas experiências mais dolorosas. De acordo com Janson e Janson (1996),
passamos a ter mais referências de mulheres na arte a partir de 1550, sobretudo na Itália, porém, se
destaca que essas mulheres geralmente tinham familiares artistas e isso facilitava o envolvimento
Um dos escultores mais conhecidos do barroco foi o italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680)
que produziu diversas obras de grande impacto e considerável dramaticidade. “Essas exibições, que
têm por objetivo dominar emocionalmente o espectador, bem podem ser chamadas de “teatrais”,
tanto por seu espírito quanto pelos artifícios empregados.” (Janson e Janson, 1996, p. 257)
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Figura 3: “O Êxtase de Santa Teresa”, Capela do Cornaro, Santa Maria della Vittoria, Roma, Itália. Foi
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Outro artista bastante importante e que traz as suas peculiaridades em suas criações pictóricas
foi o grego Doménikos Theotokópoulos – conhecido na Espanha como El Greco (1541-1614). “Pois
também ele, ao que parece, era um homem apaixonado e devoto que sentia imperiosa necessidade
de contar histórias sagradas de um modo novo e mais emocionante.” (Gombrich, 1999, p. 371)
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Ainda na Espanha, temos o pintor Diego Velázquez (1599-1660) que pintava especialmente para
a corte do Rei. “Para o ideal de beleza do estilo clássico é essencial que todas as partes se apresentem
igualmente claras; o Barroco pode dispensar esse preceito, conforme demonstra o exemplo de
Velázquez.” (Wölfflin, 2000, p. 232)
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Sobre o artista holandês Rembrandt Van Rijn (1606-1669), esse “dificilmente precisa de gestos ou
movimentos para expressar o significado íntimo de uma cena.” (Gombrich, 1999, p. 424)
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reprodução de texturas, cores e formas, sem que o quadro tenha jamais o aspecto de elaborado ou
rude.” (Gombrich, 1999, p. 433)
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Na América Latina também temos a presença do estilo barroco, presente tanto na arquitetura
como também nas esculturas, pinturas, objetos e mobiliários. Da mesma forma como na Europa, a
arte barroca na América Latina é contemplada pelo uso dos artifícios das cores no alcance do
sócio-político e econômico por trás das produções desse estilo que contava com o financiamento da
Igreja Católica e nobres da época.
No Brasil, o estilo barroco é reconhecido como colonial e está presente em diversas regiões e
cidades como Ouro preto, Tiradentes, Diamantina, Salvador, Rio de Janeiro e mais. No entanto,
evidenciamos o “colorismo” do barroco brasileiro, que ainda apresenta temas mais festivos e menos
dramáticos do que geralmente nos oferece o barroco europeu. Há muitos artistas do barroco
brasileiro de grande representatividade, como Mestre Valentim (1745-1713), Mestre Ataíde (1762-
1830), Antônio Francisco Lisboa, também conhecido como Aleijadinho (1738-1814) e outros.
A palavra rococó tem origem a partir da palavra francesa rocaille cujo sentido tem relação com as
conchas, seixos e outros ornamentos que decoravam as fontes e outros elementos e objetos da
época. Ou seja, esse estilo surgiu em Paris sobretudo para a decoração mais elevada de interiores não
apenas dos palácios, mas também das casas ou hôtels da nova burguesia. “O rococó nasceu em Paris,
coincidindo com o reinado de Luís XV (1723-24). Por volta de 1760 já era considerado ultrapassado na
França, mas continuou em moda em outros países.” (Strickland, 1999, p. 64). Isso aconteceu porque a
arte acabou se tornando uma forma bastante comum de se pensar a decoração de uma maneira mais
leve e agradável. Trata-se, primeiramente, de uma arte que foi produzida para a ornamentação e
poderia ser considerada “tão decorativa e não-funcional quanto a aristocracia que a adotou.”
Tal crítica evidencia o quanto a arte rococó foi utilizada pelas classes sociais mais abastadas,
como a aristocracia (e agora, a alta burguesia), para satisfazerem seus luxos e expressarem seus
desejos e frivolidades sem grandes preocupações, ou profundidade. Com isso, já percebemos que
temas dramáticos e de profunda reflexão não integram o bojo de possibilidades de criação dos
artistas do rococó. Conforme aponta Hauser (1998, p. 526), “o rococó não era uma arte régia, como
neoclássico –, se parece como uma passagem que regala a oposição entre ambos. O romantismo
também se difere bastante do rococó, sendo muito mais dramático e imaginativo. Sendo assim, a arte
rococó possui características que se opõem ao estilo barroco, de certa forma abrindo espaço para a
posterior chegada do Neoclassicismo e romantismo com seus ideais estéticos. A partir de Hauser,
podemos compreender que “o rococó situa-se, com seu sensualismo e esteticismo, entre o estilo
cerimonial do barroco e o emocionalismo do movimento pré-romântico. (Hauser, 1998, p. 528). Ainda,
o rococó ganha em preciosismo e brilho, charme travesso e caprichoso, mas também em ternura
e espiritualidade; por um lado, converte-se na arte da sociedade por excelência, mas, por outro,
aproxima-se do gosto burguês pelas formas diminutivas. É uma arte decorativa altamente
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Os temas mais trabalhados são os temas bucólicos e festejos da corte, além de outras cenas de
caráter intimista, que permeavam a vida das famílias mais abastadas. Não obstante, podemos
frivolidades com linhas curvas e delicadas, além da aplicação de cores pastéis com suaves passagens
tonais. Há vários artistas do rococó, sendo alguns com suas características próprias, dos quais
Para o historiador da arte Ernst Gombrich, “há um toque de melancolia nessas visões de beleza
que é difícil descrever ou definir, mas que eleva a arte de Watteau acima da esfera da simples
habilidade e graça.” (1999, p. 455). Tomamos isso como exemplo para compreendermos que, mesmo
que os artistas do rococó tenham as características de seu tempo fortemente atreladas à sua arte, há
produções que nos revelam algo de muito especial, que extrapola o caráter frívolo proposto pelo
rococó.
França. Esse Palácio teve o início de sua construção no ano de 1661 e foi inaugurado em 1789.
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O Neoclassicismo surgiu no século XVIII, após a Revolução Francesa em 1789, e permaneceu até
meados do século XIX. O nome “neoclássico” é dado devido ao retorno dos padrões estéticos greco
romanos, ou seja, do classicismo, como sua maior característica. Considera-se que foi uma arte
direcionada ao caminho da razão, harmonia, equilíbrio e beleza tendo como maior expressão os
O Neoclassicismo não é uma estilística, mas uma poética; prescreve uma determinada postura,
também moral, em relação à arte e, mesmo estabelecendo certas categorias ou tipologias, permite
Durante esse momento, o pensamento filosófico foi influenciado pelos ideais Iluministas e, logo,
por pensadores como Voltaire, David Hume, Rousseau e outros “que proclamavam que todas as
atividades humanas deveriam ser dirigidas pela razão e pelo bem comum, mais que pela tradição e
da Idade da Razão, tal como ficou conhecido o Iluminismo. Assim, a arte neoclássica buscou se opor
representações, desde suas linhas até a composição das obras. Não obstante, o mesmo ocorreu em
relação a outras áreas e até mesmo ciências da época que passaram a buscar maior objetividade e
racionalismo. Tudo isso pode ser identificado na arte, economia, cultura e sociedade da época.
Na pintura, temos como o maior expoente – o artista Jacques-Louis David (1748-1825) que, com
“o sentimento sublime e patriótico alcançara uma concentração formal que satisfazia às exigências da
teoria do classicismo.” (Friedlaender, 2001, p. 34). David tem no leque de sua produção obras
históricas como “O Juramento dos Horácios”, produzida a partir da técnica de óleo sobre tela, em
1784, na qual “se inspira na moral da Roma republicana sem se remeter, a não ser pela imaginação, à
Isso nos permite observar que a imaginação para a arte neoclássica se torna item indispensável
aos artistas no que se refere à reprodução de temas históricos a partir de relações temporais; todavia,
para os artistas do Neoclassicismo, a imaginação ainda deveria ser conduzida de maneira racional e
pragmática.
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David pintava em favor da República, foi um artista partidário da Revolução, se tornou amigo de
Robespierre e se manifestou a favor da guilhotina para o então rei Luís XVI. Em suas obras podemos
sentir um forte patriotismo em meio a atmosfera política, econômica e social desse período.
(Strickland, 1999).
Outro importante artista neoclássico é Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867), discípulo de
David, tendo frequentado o seu ateliê desde os onze anos de idade. Assim, destacamos que a arte
não é um frio modelo acadêmico, mas uma realidade bela e perdida que se quer reanimar com seu
calor.” (Argan, 1992, p. 25).
Figura 11: Escultura de Pauline Bonaparte como Venus Victrix, 1808, Antonio Canova
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O Brasil também contou com a presença do estilo da arte neoclássica na produção dos artistas da
primeira geração da Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, fundada pelos artistas
neoclássicos franceses que chegaram ao país em 1816. O convite aos artistas da Missão Artística
Francesa foi realizado por Dom João VI, que reconhecia na época a necessidade de trazer artistas
europeus ao Brasil, com o intuito de criarem a primeira Academia de Belas Artes, para formar as
Em meio à Revolução Industrial, o romantismo na arte tem seu início em meados do século XIX,
sendo essa uma época de forte ebulição, com muitos fatos históricos e sociais, que resultaram em
transformações na política e nas sociedades. Concomitantemente, a França sofria em meio à uma
forte crise, que influenciaria as pessoas a se rebelarem contra o absolutismo do sistema liderado pelas
classes dominantes. Como apontam Janson e Janson (1996, p. 309):
O Iluminismo, paradoxalmente, libertou não só a razão, mas também o seu oposto: ajudou a criar
uma nova onda de sentimentalismo que iria durar quase um século e que se chamaria Romantismo.
Aqueles que, na metade do século XVIII, partilharam a reação contra a ordem social estabelecida e a
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religião – contra os valores estabelecidos de toda espécie – poderiam também tentar encontrar uma
nova ordem baseada em sua fé no poder da razão, ou poderiam procurar liberação em uma ânsia de
experiência emocional.
O contexto era propício ao drama e essa influência se expandiu para além da Europa, e, embora
tenha surgido no século anterior, esteve fortemente presente entre 1820 e 1850. Essa corrente
romântica influenciou não apenas as artes visuais, mas também o universo de outras linguagens
como a música, a poesia, a literatura e mais (Hauser, 2003).
que havia sido a arte oficial da Revolução Francesa e tinha como meta a liberdade de expressão e
criação. Aqui, a imaginação com sua força e seus rompantes pictóricos se torna item valoroso e
aclamado, em detrimento da razão, com suas linhas representativas da cultura greco romana (Wölfflin,
2000).
neoclássica. Dessa forma, a razão é deixada de lado para que a emoção, com elevada carga de
imaginação e intuição, seja evidenciada nos temas, nas composições, nas cores, nas formas. Um dos
resultados é a valoração dos sentimentos e sentimentalismo gerados pela fantasia e, na maioria das
vezes, pelo exagero.
Ou seja, o Romantismo volta-se a um mundo ideal permeado por elementos de nossas paixões,
imaginação, emoções, sonhos e fantasias. “O romântico acreditava que se o homem se comportasse
apenas de “modo natural”, dando livre vazão aos seus impulsos, o mal desapareceria.” (Janson e
Janson, 1996, p. 309)
feminina uma outra característica muito forte desse movimento estético. A exaltação da natureza e
defesa vigorosa de ideais nacionalistas são outros elementos presentes, juntamente com simbolismos
e subjetividade temática.
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Ainda, de acordo com Janson e Janson, “foi a paisagem, mais que na pintura narrativa, que o
Romantismo atingiu sua expressão mais completa, sobretudo na Inglaterra.” (1996, p. 322). Dentre
todos, podemos destacar os ingleses William Turner (1775-1851) e John Constable (1776-1837) como
grandes expoentes dessa temática. Para Gombrich (1999, p. 492), “Turner também teve visões de um
mundo fantástico, banhado de luz e resplendente beleza: mas, em vez de calmo, o seu era um mundo
Janson (1996, p. 323), afirmam que podemos considerar que “o céu para Constable, era a “tônica, a
escala padrão e o principal órgão do sentimento” [...].”
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Há vários artistas no bojo do romantismo como Eugene Delacroix (1798-1863), Francisco Goya
(1746-1828), Théodoro Géricault (1791-1824) e Honoré Daumier (1808-1879) entre outros. A pintura
“A Liberdade guiando o povo”, de Delacroix, é um dos maiores ícones do romantismo. Sobre ela,
Friedlaender analisa:
“O efeito da pintura está em seu extraordinário brilho de cor e chiaroscuro, com a cidade
incendiada e as torres da Notre Dame ao fundo, e a radiosa mulher sob os tons da bandeira tricolor
francesa. Nenhuma outra pintura revolucionária combina um élan tão impetuoso e irresistível com tão
Figura 14: Impressão em selo da NICARAGUA, 1989, da pintura “Liberdade guiando o povo” de
Eugene Delacroix
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TEMA 5 – O REALISMO
Após o forte embate entre razão e emoção, na primeira metade do século XIX, fomentado pelo
Neoclassicismo e o Romantismo, surgiu o Realismo, na segunda metade do século, como uma nova
Industrial, os artistas passavam a se preocupar mais com a realidade das coisas, das cenas, das figuras
e tudo o mais.
A Revolução Industrial ocorreu entre 1760 e 1840, insuflando mudanças consideráveis nas
sociedades da época com fortes efeitos nas ciências, política, economia, cultura e na arte. Além disso,
havia outros fatores e acontecimentos que fomentavam mudanças, deixando a Europa em um clima
de forte ebulição, sem contar outras consequências e desdobramentos.
Vale destacar que a arte ocidental sempre esteve, em momentos distintos, envolta em aspectos
do “realismo” em determinados temas; todavia, foi nesse momento histórico e científico do século XIX
que os ideais realistas se tornaram um estilo mais fortificado. Isso foi praticamente como uma forma
engajada dos artistas manifestarem suas críticas e opiniões políticas, confrontando todo o idealismo
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A partir disso, percebemos uma sobriedade e até mesmo uma austeridade em muitas obras, que
não buscavam mais elementos formais na imaginação do artista e sim na própria realidade vivenciada
por ele.
Na arte realista, não apenas o tema, mas também as cores e as formas buscavam representar a
realidade visual das cenas e todas as coisas. Assim, o realismo apresenta características oponentes às
características racionalistas da arte neoclássica e idealista do romantismo. Para Argan (2006, p. 75):
o problema eu se colocava era o de enfrentar a realidade sem o suporte de ambos, libertar a sensação
visual de qualquer experiência ou noção adquirida e de qualquer postura previamente ordenada que
pudesse prejudicar sua imediaticidade, e a operação pictórica de qualquer regra ou costume técnico
Contudo, é compreendido que a busca por um naturalismo também está presente, sendo a arte
realista uma expressão que se opõe a um mundo ideal permeado por elementos de nossas paixões,
imaginação, emoções, sonhos e fantasias. Isso era proposto porque a intenção era dar luz às cenas
cotidianas, buscando, ainda, exaltar a natureza e defender vigorosamente certos ideais nacionalistas
que representavam, além do mais, uma forma de luta de classes. Logo, características como a
artistas desse grupo se reuniam próximo à aldeia de Barbizon para pintar o que entendiam como a
personalidade das árvores, sendo influenciados pela pintura de John Constable. Dentre os envolvidos
O artista francês Gustave Courbet é considerado o pai do realismo com sua proposta pictórica,
que chamou a atenção de muitos críticos de sua época. Assim, ele desafiou as academias propondo
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uma arte que fosse essencialmente concreta e voltada à simples existência das coisas. De acordo com
Courbet anunciara seu programa desde 1847: realismo integral, abordagem direta da realidade,
Conforme aponta Gombrich (1999), Courbet queria ser discípulo da natureza e suas obras podem
ser consideradas “sinceras” pois renunciavam à teatralidade, buscando uma representação que
pudesse melhor seguir a sua consciência artística. Ainda, Carol Strickland (1999) evidencia o quão
forte foi a sua intenção política de defender as classes trabalhadoras em suas temáticas.
Courbet também questionou a estrutura dos museus, além das academias e seus padrões
considerados “monótonos” por ele. Em 1855, Courbet teve sua obra recusada pelos críticos no Salão
Universal de Paris, mas não se deu por satisfeito e abriu sua própria exposição, para mostrar ao todo
quarenta pinturas. O local escolhido para a exposição, conforme Gombrich (1999), foi um barraco,
Figura 15: “Jovens senhoras da aldeia”, óleo sobre tela, por Gustave Courbet, 1851-52.
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NA PRÁTICA
Escolha o estilo da história da arte que mais te chamou a atenção e procure, a partir das
Depois disso, elabore um texto tratando da obra criada por você a partir do estilo escolhido.
FINALIZANDO
Nesta aula, falamos sobre vários períodos e estilos da história da arte, iniciando pelo período
barroco, com suas principais características, destacando seu sentido original: “irregular, contorcido,
grotesco”. Para tanto, apresentamos artistas do barroco italiano, espanhol e dos Países Baixos. Depois,
tratamos da arte rococó, com sua leveza e trivialidade, para, então, avançarmos rumo ao
realista que busca representar cenas da realidade imediata evitando, dessa forma, figuras exageradas,
distorcidas, dramáticas ou outras, oriundas da imaginação dos artistas.
REFERÊNCIAS
HAUSER, A. História social da arte e literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
JANSON, H. W; JANSON, A. F. Iniciação à história da arte. São Paulo, Martins Fontes, 1996.
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WÖLFFLIN, H. Conceitos fundamentais da história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
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