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Neste texto complementar vamos discorrer mais sobre o tema de projetos nas
artes visuais. Para isso, vamos fazer uma observação: qualquer produção artística, seja
uma pintura, gravura, fotografia, escultura ou similares que representam uma arte, será
referida, neste texto, como projeto, não no sentido de preço, mercado ou do ponto de
vista comercial, mas com o direcionamento para a concepção da criação e
representatividade artística.
Para situar, vamos relembrar que a invenção da prensa móvel, por Gutemberg,
foi o estopim para que livros e impressos fossem mais acessíveis para todos, gerando
assim uma maior oferta e mais facilidade para a reprodução dos mesmos. A câmera e
suas formas paralelas, com que se refere Dondis, criaram o imperativo do alfabetismo
visual universal. Ou seja, com a facilidade de se “fotografar” cada vez mais pessoas
dentro desse universo, tendo em vista que esse prefácio é de 1997, onde a internet
ainda estava se desenvolvendo, vamos acrescentar que, na atualidade, com as mídias
sociais, internet móvel, celulares e correlatos, a distribuição de conteúdo agora é uma
tarefa tão simples como o apertar de um botão, conseguimos transcender fronteiras e
distância a uma velocidade impressionante. Vamos a um exemplo prático, se um artista
oriental em seu país produzir uma obra artística, fotografar e postar ela em alguma mídia
social, em poucos instantes ela fica disponível a um gigantesco número de pessoas ao
redor do Planeta.
A arte hoje transcorre lugares e atinge pessoas como nunca antes aconteceu,
vários fatos podem ser retratados por diferentes pessoas em pouquíssimo tempo. Um
exemplo disso foi a morte de Alan Kurdi, em 2015, um menino sírio de apenas três anos
que se afogou quando sua família, de forma precária, tentava atravessar o mar para
fugir de uma guerra em seu país. Vários artistas prestaram homenagem em forma de
arte após essa tragédia.
Vamos falar um pouco mais sobre cor: sabemos que a cor carrega um aspecto
psicológico junto, mas não podemos esquecer que também temos os aspectos físicos.
Há muito tempo, esses aspectos físicos já são objetos de estudos, e antigas
descobertas são utilizadas até os dias de hoje. Um dos principais estudiosos foi Isaac
Newton, que inclusive foi autor da experiência que comprovou que a cor (luz) branca é
composta pela mistura de sete cores; para isso, ele utilizou um prisma com a luz natural
de um lado, e do outro ela se decompôs nas sete cores, como mostra a imagem a seguir:
Vale a pena também reforçar que, quando falamos de cores, temos uma divisão
da classificação de cores, como cor luz (síntese aditiva) ou cor pigmento (síntese
subtrativa), sendo que projetos que envolvem fontes luminosas (vídeos, telas, projetores
etc.) trabalham com cores compostas pelo sistema RGB; e quando falamos de pinturas,
quadros etc., estamos nos referindo ao sistema CMY, que trabalha com pigmentos
(tintas). Não vamos nos aprofundar nas diferenças, mas cada sistema tem suas
propriedades. A seguir, temos duas imagens que representam os dois sistemas:
(Fonte: Autoria própria)
Independente do sistema de cor, temos que ter ciência das suas propriedades,
pois se falamos, por exemplo, da cor vermelha, cada um pode imaginar um tom. Para
alguns, ela pode ser um vermelho mais claro ou mais escuro, mais intenso ou mais
“apagado”. Para formar qualquer cor, precisamos conhecer as propriedades de matiz,
saturação e brilho. O matiz, por ora, vamos definir como o nome da cor como
conhecemos: azul, verde, amarelo, laranja etc. A saturação é responsável por deixar a
cor mais ou menos “viva”. E, por fim, o brilho, onde teremos a alvura da cor, podendo
ser mais clara ou mais escura. Na figura a seguir temos o exemplo de cada uma delas:
Matiz
Saturação
Brilho
Como exemplo prático, podemos trazer dois supostos cenários para um projeto
de artes. No primeiro, vamos imaginar um quadro e, como base, vamos ter o movimento
do tropicalismo brasileiro; nesse caso, teremos uma paleta de cores bem saturadas, ou
seja, cores pujantes e vivas, independentes do matiz escolhido. No segundo caso, o
projeto será baseado no estilo vintage, assim, teremos uma paleta de cores com baixa
saturação. Vamos ver as paletas prontas nas imagens a seguir:
Vimos que a composição de um projeto é bem complexo e que cada detalhe faz
toda a diferença na hora de compor a nossa arte. Muitas vezes, o que queremos
transmitir não fazemos de forma implícita, mas utilizando o invisível para que as pessoas
“enxerguem” a proposta da nossa arte.
Referências:
ARNHEIM, R. Arte e percepção visual: uma psicologia da visão criadora. 3. ed. São
Paulo: Pioneira, 2005.
DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
WONG, Wucius. Princípios de forma e desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.