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nas telas. Buscando aproximar esse resultado final de uma compreensão que abarque
o design enquanto ferramenta comunicativa, propõe-se no presente artigo tomar como
objeto uma obra cinematográfica que, reconhecidamente, faça uso das cores no seu
processo de construção. O objetivo principal desse trabalho é analisar o uso das paletas
de cores como elemento comunicativo no filme Her (2013), observando a maneira como
a história é narrada utilizando-se de recursos da linguagem cinematográfica e como isto
pode influenciar na percepção do filme.
Ou seja, é preciso levar em consideração o público a que a obra se destina, pois, suas
experiências e repertório contribuem para a sensação que a cor trará. Segundo estudos
do psicólogo Bamz (1950) o fator idade pode manifestar a preferência de uma pessoa por
determinada cor, como pode ser visto na tabela abaixo:
Seguindo esses aspectos, Ana Karina (2007) afirma que a partir de hábitos sociais
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que se estabelecem durante toda uma vida, fixam-se reações psicológicas que
norteiam tendências individuais. Sendo assim, significados conotativos são atribuídos às
sensações visuais que temos, de forma que estes permaneçam enraizados na cultura
de determinado povo, que irão utilizá-los para definir estados emocionais ou situações
vividas. Expressões como “verde de fome”, “vermelha de vergonha” ou “branca de susto”
que estão presentes na fala de certos povos, não são usuais no cotidiano de outros.
O filme tem como ponto forte a construção de um universo futurista de estilo vintage,
com uma utilização marcante das cores na maioria das vezes em tons quentes (figura
2). Observando o cartaz do filme (figura 3), fica claro que o diretor em conjunto com o
designer de produção K. K. Barrett buscou reinventar a ideia de futurismo que se tem,
substituindo os tons monocromáticos e frios bastante empregados em cartazes de filmes
de temática similar por um contraste do vermelho com o rosa, cores análogas no círculo
cromático (figura 3).
Figura 2- Utilização da paleta de cores com tons quentes. Fonte: autoral, a partir de intervenção nas imagens
disponíveis no site Thecolorsofmotion2.
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Figura 3- Comparação de cartazes do filme Her e similares com temática futurista. Fonte: autoral, a partir de
intervenção nas imagens disponíveis no site AdoroCinema3.
3 Da esquerda pra direita, sentido horário temos (1) Cartaz do filme Her, disponível em <adorocinema.com/filmes/filme-206799/> (2)
cartaz do filme A.I., disponível em < adorocinema.com/filmes/filme-29280/> (3) cartaz do filme Robocop disponível em <adorocinema.
com/noticias/filmes/noticia-104497/> (4) cartaz do filme 2001- uma odisseia no espaço disponível em <ccine10.com.br/2001-uma-
-odisseia-no-espaco-critica/> (5) cartaz do filme Wall-e disponível em <adorocinema.com/filmes/filme-123734/> Acesso em Setem-
bro/2018.
4 Disponível em <thecolorsofmotion.com/detail/her-2013> Acesso em Setembro/2018
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Figura 5- Comparação das paletas de Her e Mad Max, com temática futurista. Fonte: autoral, a partir de inter-
venção nas imagens do site thecolorsofmotion5.
Figura 6- Análise paleta de cores. Fonte: Capturas de tela retiradas do site <thecolorsofmotion.com>6
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Observa-se uma frequência do uso do vermelho nas cenas que na maioria das vezes
possuem elementos e até mesmo figurinos nesse tom (figura 7). Segundo Pedrosa
(2002), o vermelho é a cor que mais se destaca visualmente e a mais rapidamente
distinguida pelos olhos. Diante disso, percebe-se um grande número de significados
que sua utilização pode ter nas cenas. Durante o momento de instalação da inteligência
artificial, por exemplo, o vermelho utilizado tanto no traje do protagonista quando na tela
de carregamento sugere a possível relação que acontecerá posteriormente no filme entre
Theodore e Samantha (figura 8).
Figura 7- A presença do vermelho nas cenas. Fonte: Capturas de tela do filme Her7.
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Figura 9- O uso dos tons azuis. Fonte: Autoral, a partir de intervenção na captura de tela do filme Her.
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Figura 12- O uso da harmonia triádica no filme. Fonte: Autoral, a partir de intervenção nas capturas de tela do
filme Her.
3. CONCLUSÃO
Com as análises, pode-se perceber a importância dos profissionais envolvidos no
processo de realização de uma obra cinematográfica, visto que o uso das cores deve ser
realizado de forma consciente. Quando assim feita, busca potencializar a interpretação da
história contada por meio dos espectadores.
No filme Her, é notório o uso de conceitos da harmonia cromática por meio de
contrastes e combinações de cores empregadas na fotografia e até mesmo no figurino,
levando o foco da atenção para o protagonista, na maioria das vezes com o uso da cor
vermelha.
A marcante presença dos tons quentes resulta em cenas muitas vezes melancólicas,
10 Disponível respectivamente em: <thecolorsofmotion.com/detail/her-2013/155> <thecolorsofmotion.com/detail/her-2013/278> <the-
colorsofmotion.com/detail/her-2013/509> Acesso em Setembro/2018.
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REFERÊNCIAS
A BRIEF lesson on color theory. Produção de Rhea Lelina Manglapus. Estados Unidos da
América: Vimeo, 2015. Online (01.34 min.) Disponível em: <vimeo.com/114900089?ref=fb-
share> Acesso em Setembro/2018.
BAMZ, J. Arte y Ciência del Color. Barcelona: Ediciones de Arte, s.d. 1950.
BANKS, Adam; FRASE, Tom. O essencial da cor no design. São Paulo: Senac, 2012.
FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4a ed. São Paulo (Brasil): Edgar
Blucher Ltda, 1990.
GOMES, Thanani Bastos. Os apelos visuais utilizados nas propagandas direcionadas a
crianças. 2003. 45 f. Monografia (Especialização) - Curso de Comunicação Audiovisual,
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2003.
GUIMARÃES, Luciano. A cor como informação: a construção biofísica, linguística e cultural
da simbologia das cores. 2. ed. São Paulo, Sp: Annablume, 2000. 160 p.
https://medium.com/arqueologias-do-futuro/her-o-filme-f3c5c0c732bc Acesso em
Setembro/2018.
https://thecolorsofmotion.com/detail/a-i-artificial-intelligence-2001/31 Acesso em
Setembro/2018.
https://thecolorsofmotion.com/detail/her-2013 Acesso em Setembro/2018.
https://thecolorsofmotion.com/detail/mad-max-fury-road-2015/7 Acesso em
Setembro/2018.
https://www.fastcompany.com/3023518/designing-a-future-of-comfort-color-and-
gorgeous-gadgets-in-her Acesso em Setembro/2018.
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Ed Léo Cristiano, 2002, p. 107 -
119.
Sobre os autores
Ana Caroline Bastos
anacaroline.bastos@hotmail.com
Universidade Federal de Alagoas
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