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Fernanda DEDA2
Michele BOARON3
Renata CEQUINEL4
Hilton CASTELO5
Universidade Positivo, Curitiba, PR
RESUMO
O filme “O Menino e o Mundo”, produzido por Alê Abreu faz uma crítica e alerta
sobre a sociedade e o capitalismo. A história possui uma estética com traços
simples capazes de transmitir todas as mensagens que o diretor deseja, prova
disso são os diversos prêmios que ganhou. Os sons e as cores são
indispensáveis, pois compõem o filme e proporcionam comoção do público com o
personagem e sua história. Elementos utilizados de formas brilhantes nesta
produção nos mostram que não é necessário usar toda a tecnologia disponível
atualmente para construir um filme rico em conteúdo e cheio de personalidade.
INTRODUÇÃO
1
Trabalho apresentado na disciplina Pesquisa em Comunicação do curso de Publicidade e
Propaganda da Universidade Positivo.
2
Estudante de graduação do 3° ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
Positivo. E-mail fernandadeda@hotmail.com.
3
Estudante de graduação do 3° ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
Positivo. E-mail michiboaron@hotmail.com.
4
Estudante de graduação do 3° ano do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade
Positivo. E-mail renata.cequinel@gmail.com.
5
Professor orientador. E-mail: hiltoncastelo@gmail.com.
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
1. A ANIMAÇÃO BRASILEIRA
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Martin (2003, p.114) afirma ainda que a trilha sonora estabelece de certo
modo a continuidade, tanto na simples percepção quanto na sensação estética.
Para ele a trilha sonora é menos fragmentada que a imagem e o papel da música
é primordial para dar continuidade sonora material e dramática.
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“As cores complementares, por exemplo, são aquelas que se ligam em uma
linha com ângulo de 180º e se combinam. Muitos filmes usam este círculo para
definir as cores do figurino, do cenário [...]” (STAMATO; STAFFA; VON ZEIDLER,
2013, p. 03).
Entretanto, as cores têm um papel importantíssimo na linguagem do
cinema. Além de definir em qual gênero tal filme está inserido, elas são
responsáveis por demonstrar componentes físicos e mentais, e também
emocionais.
Detendo um papel silencioso e livre de barreiras linguísticas, a cor atinge
um universo muito grande de pessoas. Ela possui uma função que vai muito além
do que somente estética. A cor obteve um papel tão importante no cinema, que
seu uso tornou-se mais intenso, simbolizando personalidade e sentimentos dos
personagens, como por exemplo, o preto para indicar tristeza, e branco a paz ou a
calma.
A partir deste papel sentimental, a cor em um filme pode influenciar as
atitudes do público. A partir da Escala Pantone, temos a definição da linguagem
padrão das cores, resultando na influência delas sob o público. Tal influência gera
reação individual, que varia conforme a cultura de cada um, associações afetivas e
materiais feitas pelas pessoas.
Construindo atmosferas diferentes, climas específicos e transmitindo
mensagens, as cores determinam o clímax de um filme. Por exemplo, a
predominância de tons quentes como vermelho, amarelo e laranja podem significar
verão, prazer, guerra, violência, amor e alegria.
Já o uso de tons frios como azul, verde e marrom significa natureza, calma,
saúde, tranquilidade, frio, melancolia.
Tons como branco representam paz; preto a morte, tristeza; cinza:
melancolia, velhice; e rosa representa o sonho, infância.
A partir destes significados, é possível usar este elemento para a
construção e definição de identidades. Tomemos por exemplo certo personagem
que “é retratado com cores frias e escuras, por viver uma vida triste e sem graça,
mas quando o jovem decide mudar o rumo de sua vida e ir atrás do seu sonho,
passa a ganhar cores fortes e alegres” (STAMATO; STAFFA; VON ZEIDLER,
2013, p. 08).
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FIGURA: Cultura.
O curioso sobre o filme é que ele não faz o uso de toda a tecnologia
disponível atualmente. O diretor optou por utilizar desenhos com traços simples e
em formato 2D para dar vida aos personagens, transmitindo infantilidade e
ingenuidade, com um fundo branco na maioria das cenas, como se estivesse
representando uma folha de papel, porém com o uso muito forte de sons e cores
vivas. “Ideias desconexas foram se juntando, ligadas muito mais por música e
desenhos [...]” (MOGADOURO, 2014, pg. 163).
FIGURA: Oninem.
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O filme não faz uso de falas, mas o autor optou, para as poucas cenas com
diálogo entre os personagens, fazer a leitura das palavras de trás para frente e o
próprio nome do personagem principal segue essa lógica: Oninem, que seria
menino. Outro exemplo é a forma como a mídia é representada no filme: “O
mesmo se aplica às propagandas e telejornais que estão sempre nesta linguagem
(escrita e falada), dispensando palavras claras.” (MOGADOURO, 2014, pg. 163).
Apesar de contar claramente a história de exploração, desigualdade social e
condições humanas presentes no continente latino-americano - o que fica fácil de
identificar logo de cara, pois faz parte da nossa história – o longa metragem não
localiza o público no tempo e nem no espaço.
(...) Saudades de pá, pai, quanto tempo faz, a esmo / Não é que esse
mundo é grande mesmo / A melodia dela, do coração, tema / Não perdi
seu retrato / Tipo adoniran em Iracema / São lágrimas no escuro e solidão
/ Quando o vazio é mais do que devia ser / Lembro da minha mão na sua
mão / E os olhos enchem de água sem querer / Aos olhos de uma criança
/ Gente, carro, vento, arma, roupa, poste / Aos olhos de uma criança /
Quente, barro, tempo, carma, roupa, nóis / Aos olhos de uma criança /
Mente, sarro, alento, calma, moça, sorte / Aos olhos de uma criança /
Sente o pigarro, atento, alma, louça, morte / Aos olhos de uma criança /
Menino, mundo, mundo, menino (EMICIDA, 2013)
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Além disso, o filme faz o uso das três classificações de sons propostas por
Chion (citado por FERREIRA, 2013): In, Out e Off. Os sons In são utilizados em
momentos em que determinados elementos do filme produzem sons e quem
assiste consegue ver de onde está vindo, como na cena do trem, pois, ouvimos
um barulho dele e logo o identificamos, ou então, quando vemos o cão latir, por
exemplo; os animais e os sons que eles produzem, ou os próprios passos dos
personagens.
A classificação Out se encontra em cenas como o próprio início do filme, há
uma tela branca e se inicia um ruído, como o som de uma flauta, surgindo aos
poucos uma pequena bolinha lilás que dá início a toda a magia colorida e ilustrada
do filme, com uma música que nós não conseguimos ver de onde vem, ou o sino
que a mãe toca e que Oninem ouve indo na direção da sua casa.
Um bom exemplo da classificação Off são as bolinhas coloridas produzidas
pela música, elas representam a lembrança que Oninem tem com relação à cultura
e ao que o seu pai o transmitiu. Elas estão presentes em grande parte da história,
inclusive o menino guarda uma delas com afeto e a tem como uma espécie de
conforto, pois ouve a música que ela transmite quando sente saudades do pai.
Alê Abreu utiliza também o silêncio como uma forma de impactar, mas além
disso, demonstrar o que o personagem está sentindo em seus momentos de
tristeza, saudade e agonia. Lembrando que a música é capaz de nos provocar
emoção, quem assiste adquire carinho por determinado personagem e acaba se
identificando com a história e com o sofrimento dele, isso faz com que as pessoas
acabem torcendo pelo menino e pela felicidade de encontrar o pai que ele tanto
busca, por este motivo o filme se torna tão impactante, pois o destino de Oninem é
algo inesperado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
STAMATO, Ana Beatriz Taube; STAFFA, Gabriela; VON ZEIDLER, Júlia Piccolo.
A Influência das Cores na Construção Audiovisual. Intercom: XVIII Congresso de
Ciências da Comunicação na Região Sudeste – Bauru - SP – 03 a 05/07/2013.
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