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“Fotografar é colocar na mesma linha a cabeça, o olho e o coração”

Henri Cartier-Bresson

Apresentação

Não podemos negar, na contemporaneidade, as diversas forma de leituras e da construção de


novas configurações de diálogos, que vão além da palavra escrita. A imagem é um forte instrumento
de leitura e interpretação do mundo. Para Sontag “ a fotografia é um fenômeno que ocupa lugar
central na cultura contemporânea. Desde 1839, da sua criação até os dias de hoje, a arte fotográfica
vem ganhando espaço na maneira de construirmos uma narrativa de mundo própria e identitária.
Antes, apenas como elemento documental de registro da realidade”. Hoje, com o advento das novas
tecnologias, em especial os dispositivos móveis como instrumento de captura e as redes sociais
como suporte de difusão e compartilhamento, a imagem pode ser uma forma mais dinâmica e um
poderoso instrumento de diálogo no mundo globalizado, já que a escrita visual independe de
entendimento direto, no que se refere à linguística, amplificando o modo de se expressar, por meio
da interpretação imagética. A proposta deste módulo é fomentar uma discussão sobre introdução à
fotografia básica digital como objeto educacional, ampliando a sua noção de registro e ilustração,
estimulando uma leitura crítica e autônoma do mundo. A educação e a arte fotográfica devem
estabelecer um diálogo de proximidades metodológicas nas etapas do ensino e da aprendizagem,
devem ir além da complementação textual, devem provocar pesquisa, produção, regionalização e
criticidade dos conteúdos. A proposta é ampliar a noção simples de imagem, que antes era vista
como elemento de uma foto, como documento do passado (memória), como apenas sendo um
registro de um momento alegre e lúdico. A imagem deve ser compreendida como instrumento
dialógico crítico no tempo e no lugar, problematizando e contextualizando as relações que se
estabelecem no espaço geográfico e suas implicações. A imagem fotográfica produzida deve ser
entendida e interpretada como sendo parte conceitual e de identidade do seu interlocutor. Quem
produz uma imagem, conta sua própria história! O módulo de fotografia pretende discutir os
processos que envolvem o fazer fotográfico e suas implicações no Brasil, bem como suas
dinâmicas narrativas.

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licenças livres. https://pixabay.com/
1. O que é fotografia afinal?

A palavra Fotografia vem do grego [fós] ("luz") e [grafis] ("estilo", "pincel") ou grafê e
significa "desenhar com luz". É a arte de fixar uma imagem por meio da luz e da sensibilização
química. A fotografia é a arte de registrar, capturar e contar histórias. Nos dá a possibilidade de
guardarmos e catalogarmos nossa memória, seja ela individual ou coletiva. Fotografar é construir
uma narrativa visual própria, é compartilhar seu repertório cultural, escrever nossa história,
eternizar a trajetória neste mundo. A fotografia consegue solidificar frações do tempo, sem nunca
terem existidos, como Barthes relatou certa vez: “ A fotografia reproduz mecanicamente o que
nunca mais poderá repetir-se
existencialmente”. A fotografia é
inventada oficialmente em 1839 e
patenteada por Louis-Jacques
Mandé Daguerre, que batizou a
primeira câmera de daguerreótipo.
Na verdade, esta história é um
pouco complicada. Desde a Grécia
antiga se observava o
comportamento da luz. Aristóteles
foi o primeiro a identificar que
quando a luz passava por um pequeno orifício e era projetada em um quarto escuro, ela refletia de
maneira inversa uma imagem, o que se chamou de câmera escura. Desde então, vários cientistas
experimentaram fixar esta imagem em um suporte. Em especial, físicos e químicos deram passos
importantes nesse processo, até culminar nos sais de prata e sua fixação em uma película, que foi
batizado de filme. Mas foi um francês naturalizado brasileiro, Antoine Hercule Romuald
Florence, um excelente gravurista e pesquisador que, segundo alguns historiadores, é considerado o
pai da Fotografia. Através de seus experimentos com a fixação de informações em papel
(poligrafia), foi possível reproduzi-las (gerando as imagens) em grande escala. Ele batizou esse
processo de photographie, em 1833. Outro grande colaborador para a democratização da fotografia
no mundo foi o empresário George Eastman que, junto com Henry A. Strong, construiu o império
KODAK. Eastman e Strong foram responsáveis por produzir máquinas fotográficas pequenas e
mais leves (compactas) e também pela invenção do filme de 35mm, popularizando assim o fazer

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fotográfico. A evolução tecnológica e os conceitos referentes à produção de imagens só se ampliam.
Do filme ao digital, ainda estamos caminhando neste universo artístico.

2. A luz na Fotografia

A luz é um agente físico (radiação eletromagnética) que se propaga em ondas e que é


sensível ao olho humano, ou também conhecida como luz visível. A luz se propaga em diversos
meios (água, ar) e em objetos reflexivos (espelhos, metal) e sempre viaja em linha reta, o que
possibilita o surgimento da sombra, que é seu contraponto. Para o fotógrafo, a luz ou seu
conhecimento amplo, tem a mesma função que o pincel para o pintor. É por meio da luz que o
fotógrafo conta e escreve uma narrativa. E como a luz se comporta na natureza?

Fig.1: O Farol de Humaitá, Salvador – BA. Foto – Peterson Azevedo

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2.1 Comportamento da luz

• A Reflexão

Se ligue! Quando apontamos uma fonte de luz para


um objeto reflexivo como um espelho, ao atingir o mesmo, a
mesma quantidade de luz que incindiu retorna à sua origem
de maneira reta. Ou seja, o ângulo da incidência é igual ao
ângulo de reflexão. Nas fotografias still (de produtos), em
que joias e outros elementos reflexivos são fotografados, os
profissionais costumam difundir a luz (veremos esse assunto
a diante).

DICA CABEÇÃO: Se ligue! Você quer eliminar reflexos em suas imagens, seja de
um personagem usando óculos seja de um objeto de vidro ou espelho, tendo como
fonte de luz o Sol (pois é mais difícil difundir a dimensão de seus raios); você pode
utilizar em suas lentes um filtro polarizador, que diminui muito os reflexos e, em alguns casos,
elemina por completo esse fator indesejável.

• A Dispersão

Nada mais é que um reflexo difuso (diferente,


espalhado) da luz. A luz, ao incidir em uma superfície
áspera, se comporta de maneira diferente. Lembra da aula de
física sobre luz branca? Sim, a que utilizava o prisma como
elemento dispersor? Dispersão é quando a luz branca passa
pelo prisma e dispersa ou espalha as cores que estão
inseridas nessa luz branca. Ou melhor: são as cores que surgem com o arco-íris. Neste caso, as gotas
de água oriundas da chuva fazem o papel do prisma. Outro exemplo bacana da dispersão são as
cores visíveis dos objetos. Por exemplo: quando a luz solar (que é uma luz branca) incide sobre um

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objeto de cor verde, isso quer dizer que este objeto está refletindo apenas a cor verde da luz branca e
absorve as demais cores. E por falar de absorção, vamos adiante.

• A Absorção

Quando a luz não é refletida nem dispersada, ela sofre absorção. Na fotografia, como
podemos trabalhar esse conceito? Já vimos que a luz branca é policromática (possui uma gama de
cores) e que os objetos refletem determinadas cores, mas quando falamos da cor preta, podemos
dizer que ela é a única que absorve todas as cores emitidas pela luz branca. Ou seja, objetos de cor
escura refletem uma pequena porcentagem da luz, transformam essa luz em calor e é por esse
motivo que, quando estamos usando
roupas pretas, sentimos mais calor. Na
fotografia, principalmente em estúdio, se
utiliza muito um fundo (tecido) preto,
com a finalidade de diminuir a reflexão da
luz sobre o objeto fotografado,
possibilitando exercícios com mais de
uma fonte de luz, podendo brincar com a
qualidade da luz, com mais ou menos contraste (sombra). O que é essa tal qualidade da luz?

2.2 Qualidade da luz.

• Luz dura e luz difusa

O sol é nossa principal fonte de luz. Ele pode nos fornecer luzes totalmente diferentes,
dependendo dos horários e das condições climáticas. No amanhecer, a luz solar provoca tons
quentes, amarelados e alaranjados; ao meio-dia, ela é forte, uniforme e sem sombras; ao entardecer,
ele nos proporciona tons dourados. É importante lembrar que o sol é uma fonte de luz muito forte,
mas que seu tamanho aparente é muito pequeno e, por esse motivo, ele gera sombras duras que

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podem tirar a definição das áreas sem iluminação incidente, devido ao alto contraste. Já com os dias
nublados ou com bastantes nuvens, a iluminação se torna mais suave, pois as nuvens agem como
grandes difusores, nos proporcionando mais detalhes, pois as sombras se tornam mais discretas e
com menos contrastes. Para uma luz ser suave, ela deve ser grande e não gerar contraste nas áreas
de sombra. A sombra é um elemento muito importante na fotografia, na natureza se existe luz, logo,
existe sombra. Uma imagem sem sombra não apresenta profundidade nem volume, essenciais para
a noção de espacialidade e movimento. (inserir uma ou mais fotos sobre o tema)

DICA CABEÇÃO: Se ligue! Se for fotografar utilizando o sol como sua única fonte
luz e preferir uma imagem com mais profundidade e volume, prefira fotografar nos
primeiros horários do dia ou ao entardecer, que é quando a posição do Sol em
referência à Terra se encontra na orientação mais inclinada, possibilitando mais contraste, sombras
alongadas, dando a sensação de profundidade.

Então, recapitulando... – A qualidade da luz pode ser divida em luz dura e luz suave. A Luz Dura
produz sombras muito fortes e marcadas, gerando áreas com muito contraste entre a parte iluminada
e a sombra. Ela é normalmente produzida por pequenas fontes de iluminação, como o sol de meio-
dia, flash direcional e acessórios que direcionam a sua fonte de luz para o objeto a ser fotografado,
sem ser difundida. Já a Luz Suave ou difusa produz sombras mais leves, menos marcadas,
fornecendo mais detalhes ao objeto fotografado. É uma iluminação mais ampla, mais dispersa, com
menos contraste. Normalmente, nas externas, em que o sol é a principal fonte de iluminação, para
conseguirmos uma luz suave temos que fotografar nas primeiras horas do dia (alvorada) ou no
entardecer (crepúsculo), ou ainda fotografar em um dia nublado ou com muitas nuvens, pois estas
farão o papel de difusor da luz, distribuindo de maneira mais uniforme seus raios, sem direcionar o
foco para uma área específica do objeto a ser fotografado.

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• Temperatura de cor

Já falamos em nossa oficina sobre a luz


visível que se manifesta ao olho humano como
sendo branca ou incolor, mas que na verdade é
uma mistura de cores que percebemos como
luz branca. Mas sabemos que esta mesma luz
não se apresenta totalmente branca, mas em
tons azulados, amarelados e avermelhados. Isso
ocorre muito devido ao espectro da luz solar (é
o resultado da faixa de cores que se apresentam
no arco-íris). Dependendo da sua fonte de luz,
ela irá emitir tonalidades específicas, como os tons amarelados da lâmpadas incandescentes e os
tons azulados das lâmpadas frias de tungstênio. A cor da luz é medida em graus Kelvin(K). Em
fotografia, denominamos esse fenômeno como temperatura de cor ou a “cor da luz”.

2.3 O Balanço de Branco ou White Balance

O White Balance ou Balanço de branco é um recurso que permite uma leitura da luz, tendo
como referência a temperatura de cor. O olho humano consegue ver o espectro de luz como sendo
branco, as câmeras fotográficas têm um dispositivo (sensor) de leitura que consegue interpretar as
cores desse espectro branco. O espectro de luz emite uma determinada tonalidade de cor, seja ela
artificial, natural ou refletida de um objeto. A maioria das fontes emite tonalidades e temperaturas
próximas dos tons amarelados, avermelhado e azulados. Como vimos no tópico anterior, a luz é
medida em graus Kelvin. Essa escala é utilizada pelas câmeras fotográficas para medir o balanço de
branco.

Veja o exemplo:

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DICA CABEÇÃO: Se ligue! As empresas de fotografia, em sua maioria, já trazem
em seus equipamentos os presets (balanço de branco), discriminados por temperatura
de medição, ou seja, se você conhece a fonte de luz que irá fotografar, pode colocar o
preset indicado para essa luz, o que fará com que a câmera faça a medição levando em consideração
a temperatura de cor do ambiente (a luz branca).

3. Por dentro da Máquina – Interpretando a luz

3.1 Diafragma

Diafragma é o diâmetro de abertura da lente, o dispositivo que determina a abertura e a


profundidade de campo, ou seja, determina a quantidade de luz que sensibilizará o filme ou sensor e
quanto de área será “focada”. É como se fizesse o mesmo papel da íris do olho humano. Você já
reparou uma pessoa que tem miopia tentando enxergar um objeto que está longe? O que ela faz? Ela

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aperta os olhos para dar mais nitidez a esse objeto. Assim é o dispositivo do diafragma, quanto mais
fechada a íris, mais nitidez você obterá. O valor do diafragma é medido por meio de números,
conhecidos como f ou f-stop, essa medida é padrão em todo o mundo, com intuito de universalizar o
conceito e facilitar a aprendizagem. Esta escala segue o seguinte padrão de abertura 1, 1.4, 2, 2.8, 4,
5.6, 8, 11, 16, 22, 32, 45, 64, ... Sendo que, quanto menor for o número f, maior é a quantidade de
luz que passa pelo diafragma; quanto maior o número f, menor é a quantidade de luz que passa pelo
diafragma.

Fonte: Wikipédia

DICA CABEÇÃO: Se ligue! O diafragma corresponde a duas características na


fotografia: uma diz respeito à técnica, à quantidade de luz que passa pelo diafragma
até o sensor; a outra característica diz respeito à estética. De acordo com a abertura do
diafragma, você terá mais ou menos profundidade de campo em foco.

• Quanto mais aberto o diafragma: mais luz entra   menor o número de abertura 
menor a profundidade de campo.

• Quanto mais fechado o diafragma: menos luz entra  maior o número de abertura 
maior a profundidade de campo

3.2 Obturador

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O obturador é o dispositivo que vai definir a quantidade de luz que irá sensibilizar o sensor,
utilizando para isso a velocidade de abertura. A maioria das câmeras vem com uma cortina
(obturador) que se abre e fecha em uma velocidade determinada pelo fotógrafo. É essa velocidade
que irá definir a quantidade de luz que sensibilizará o sensor, como também a sensação de
movimento na imagem. Durante o tempo em que o obturado fica aberto (velocidade), a luz é
captada. Portanto, pela lógica, quanto maior for o tempo (velocidade baixa), mais luz é captada; e
quanto menor for este tempo (alta velocidade), menos luz é captada. Chamamos essa velocidade de
abertura do obturador de “tempo de exposição”.

Fonte: Wikipédia

DICA CABEÇÃO: Se ligue! O obturador corresponde a duas características na


fotografia: uma diz respeito à técnica, à quantidade de luz que passa pela cortina do
obturador até o sensor; a outra característica diz respeito à estética. De acordo com a
velocidade do obturador, você terá uma imagem borrada ou uma imagem congelada, dando a
sensação de movimento ou congelamento do tempo.

3.3 ISO (International Standards Organization)

ISO, também conhecido como velocidade ISO, é um sistema de padrões de qualidade e


normas mundial. No caso específico da fotografia, o ISO é a unidade que determina a
sensibilidade da película e/ou sensor digital referente à sensibilidade da luz. É quanto o filme e/ou
sensor são sensíveis a determinadas quantidade de iluminação. O ISO deve ser usado de acordo com
a quantidade e qualidade de luz na locação (ambiente) a ser fotografado. Se a locação for bastante

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iluminada, recomenda-se um ISO baixo; se o ambiente tiver baixa iluminação, utilizamos uma
velocidade de ISO maior.

DICA CABEÇÃO: Se ligue! Cuidado com ISO alto, pois quanto maior a sensibilidade maior será
o ruído eletrônico na imagem, são granulações digitais que aparecem na imagem. O ruído em uma
foto não é problema, desde que ele não fique muito evidente, chamando mais atenção do que o
assunto fotografado.

3.4 Fotometria (medindo a luz)

Já sabemos que fotografia é


escrever com a luz. Mas como
fazemos para utilizar essa luz
equilibradamente? Como podemos
medir essa luz? Como podemos
expor o sensor a essa luz, de
maneira que tenhamos uma
fotografia com a luz equilibrada
(fotometrada)? Para obtermos uma
medição da luz de maneira que ela

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não fique muito clara (superexposta) nem muito escura (subexposta), precisamos utilizar um
dispositivo que possa calcular as principais variáveis que interferem na luz – o diafragma
(abertura), o obturador (velocidade) e o ISO (sensibilidade). Para isso, precisaremos de um
fotômetro. O fotômetro é um instrumento que mede a intensidade da luz incidente (que provém de
uma fonte de luza direta). Para isso, utilizamos o fotômetro externo. O fotômetro interno mede a luz
refletida (é a luz que é refletida em um objeto e/ou pessoa). O fotômetro que vem no corpo das
câmeras digitais é o de luz refletida. Quando você apontar para um assunto a ser fotografado, a luz
será medida por sua reflexão. Mas como o fotômetro realiza essa medição? Ele transforma a luz em
corrente elétrica, utilizando a abertura do diafragma e a velocidade do obturador como referência,
cruzando essas informações e fornecendo dados de exposição para a luz que está sendo medida.

DICA CABEÇÃO: Se ligue! Digamos que queremos fotografar crianças brincando


de fazer castelo de areia na praia, em um dia ensolarado. Como fotometrar, tendo uma
luz equilibrada, e uma profundidade de campo rasa? Primeiro, temos que fotometrar a
luz. Para isso, utilizamos o fotômetro interno da câmera (luz refletida). Direcionamos então a nossa
câmera para o assunto a ser fotografado, observando sempre a escala do fotômetro (temos que zerar
esta escala, para obtermos uma luz equilibrada). Neste momento, temos que nos atentar para três
variáveis: o ISO, a abertura do diafragma e a velocidade do obturador. Como o dia está
ensolarado, é recomendável utilizarmos o ISO em 100; e como precisamos de uma profundidade
rasa, utilizamos então uma grande abertura, que pode variar de f 1.8 a f 2.8, dependendo do
desfoque que queremos. Feito esta configuração, podemos utilizar a velocidade do obturador para
controlarmos a luz, até chegar no ponto de equilíbrio que buscamos.

4. As Lentes (objetivas)

As objetivas fotográficas, mais conhecidas


como “lentes”, são os “olhos” da câmera. São
compostas por um conjunto de lentes que captam e
transmitem ao sensor, os raios luminosos que são
refletidos pelo assunto a ser fotografado. As objetivas
são elementos fundamentais na fotografia, pois têm

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funções técnicas (angulação e qualidade ótica da imagem) e estéticas (composição). As objetivas
podem vir fixadas ao corpo da câmera (compactas e dispositivos móveis) ou separadas
(intercambiáveis), as utilizadas por câmeras DSLRs ( digital single lens reflex), que possuem uma
melhor qualidade ótica. As objetivas intercambiáveis são classificadas em duas categorias – lentes
zoom e lentes fixas e essa divisão é referente ao campo de visão ou distância focal (que é medida
em mm). As lentes zoom possuem em seu corpo mais de uma distância focal, por exemplo: 18-
55mm, 70-200mm. Já as lentes fixas possuem apenas uma distância focal, por exemplo: 35mm,
50mm, 100mm e possuem uma melhor qualidade ótica e nitidez em relação as lentes zoom. Cada
objetiva possui uma determinada distância focal, a distância visual e angular em relação ao assunto
a ser fotografado. Para tanto, as empresas então produzira, ao longo do tempo, as seguintes lentes:

• Lente olho de peixe ou fisheye – Esse tipo de lente possui um ângulo de visão muito amplo,
consegue atingir cerca de 180°. É ótima para pequenos ambientes, em que você não tem
muito espaço para se distanciar do assunto, mas como ela amplia a visão de maneira ótica,
vão ocorrer distorções evidentes nas bordas da imagem. A distância focal nessa lente varia
até 16mm.

• Lente Macro – São lentes para serem utilizadas em fotografias de curta distância, como por
exemplo a fotografia de micro-organismos, flores e pequenos objetos. Os dentistas utilizam
muito essas lentes em seus consultórios como suporte técnico em exames da arcada dentária.
Essas lentes possibilitam uma maior aproximação do assunto, sem perder o campo de foco.

• Lente Grande Angular – São lentes que, como o nome já nos diz, proporcionam um grande
ângulo de visão, dando a sensação de afastamento e aumentando o assunto fotografado.
Essas lentes são muito utilizadas em fotografia de arquitetura e ambientes apertados, sem
profundidade. Geralmente, apresentam pequenas distorções nas bordas da imagem. A
distância focal nestas lentes variam entre 18mm até 35mm.

• Lente Normal – Essa lentes são popularmente chamadas de normal (mais precisamente a
50mm), por se assemelhar a visão humana. Ela tem uma visão semelhante ao olho humano.
Por esse motivo, ela é indicada para fotografias de retrato, por sofrer pouca distorção em sua
imagem e pela possibilidade de aproximação com o assunto a ser fotografado. A distância
focal nestas lentes variam entre 40mm e 85mm.

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• Lente Teleobjetiva – São lentes que possuem um ângulo reduzido no campo de visão e
permitem fotografar o assunto em longa distância. Essas Objetivas são muito utilizadas por
fotógrafos de esporte, por possibilitar um distanciamento do assunto, sem interferir na ação.
Elas são, em sua maioria, compostas por lentes zoom, com mais de uma distância focal. A
distância focal nessas lentes variam entre 75mm a 2000mm.

As Objetivas também podem ser classificadas em lentes claras e lentes escuras:

• Lentes claras – São aquelas que apresentam uma maior abertura em seu diafragma, que
pode variar de f 1 a f 3.5, a depender do seu fabricante. São lentes muito boas para
fotografar em ambientes com pouca luz e esteticamente nos oferece uma pequena
profundidade de campo, produzindo uma imagem com o que chamamos de bokeh (um
grande desfoque no segundo plano).

• Lentes escuras – São aquelas que apresentam uma uma abertura de diafragma acima de f
3.5, muito comum em lentes zoom. São lentes com boas composições óticas, mas que não
oferecem aberturas indicadas para ambientes com pouca luz. Não são adequadas para quem
pretende utilizá-las para obter uma profundidade de campo rasa.

DICA CABEÇÃO: Se ligue! Antes de sair para fotografar, pense, planeje e escolha
adequadamente seu equipamento. As lentes objetivas possuem variadas funções e
especificidades. Utilize a lente de acordo com o assunto escolhido (natureza,
macro,retrato, esporte…). Seja criativo e teste muito seu equipamento. Boas fotos.

5. A arte de compor (enquadramento)

A composição na fotografia é uma escolha estética, política, cultural e pessoal. A arte


se faz por meio do olhar e suas escolhas. É na composição que o fotógrafo apresenta e representa a
sua visão de mundo, a sua história de vida e a sua identidade. A carte de compor é estabelecer
harmonicamente ou não os elementos que você escolheu colocar em quadro. Esteticamente é pensar

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nas texturas, nas cores, nos planos, no fundo da imagem. Quem nunca escutou aquela máxima de
alguém que não conhece fotografia, quando vê uma foto sua e diz: “ Poxa! Sua máquina é boa!”.
Pois é! Ele só não sabe que quem compôs a imagem não foi a sua máquina, mas o seu olhar. A arte
da composição tem esse efeito nas pessoas, o de atingir o sensível, de emocionar, de impactar; seja
de maneira alegre, triste, saudosa. Existem, no entanto, algumas regras que auxiliam nas escolhas
do enquadramento e que devem ser apreendidas, para posteriormente serem ressignificadas. São
elas: (inserir uma ou mais fotos)

• A regra dos terços – É uma técnica que que consiste em dividir mentalmente, no momento
da composição, o quadro em três partes, ou melhor imaginar hipoteticamente a imagem do
jogo da velha. Tem algumas suposições (pois não são teorias comprovadas cientificamente)
de que o olho humano, ao se deparar com uma imagem, concentra seu foco em alguns
pontos específicos dela. Esses pontos são justamente as interseções das linhas do jogo da
velha e são denominados se pontos de interesse. A regra sugere que, ao fotografar , coloque-
se o assunto em um destes pontos de interesse. Veja o exemplo abaixo.

Simetria e
perspectiva na
composição

A fotografia de arquitetura utiliza a composição de maneira simétrica, utilizando esta técnica para
valorizar as formas, preenchendo o quadro de maneira que cause impacto e tendo como referência a
perspectiva. A perspectiva pode conduzir o olhar e dar a sensação de movimento a composição.

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DICA CABEÇÃO: Se ligue! O mais importante que temos que ter em mente é que as
regras existem para nos auxiliar em um processo fotográfico, mas elas não podem ser
uma camisa de força. A nossa criatividade deve sempre estimular nosso olhar. A
liberdade é a palavra-chave para o fazer fotográfico. A arte de compor uma imagem propõe uma
relação direta com o assunto a ser fotografado. Ela deve dialogar com o universo do fotógrafo e
com a narrativa (história) que ele pretende contar. A composição também está a serviço de um ideal,
de um ato político, de um clamor social e/ou ambiental. Ela tem o poder de fomentar diálogos,
levantar questões, apresentar situações. Pense a fotografia como elemento crítico e contextualizado
do fazer fotográfico, transforme, provoque! (inserir uma ou mais fotos)

6. Formatos básicos

“Uma imagem digital é a representação de uma imagem bidimensional usando números


binários codificados de modo a permitir seu armazenamento, transferência, impressão ou
reprodução, e seu processamento por meios eletrônicos.” (Wikipédia) . Bom, em suma existem
diversos formatos de arquivos de imagens digitais. Os mais utilizados para leitura e
edição(tratamento), são os formatos – RAW e JPEG.

O RAW – O formato RAW, ou melhor, o arquivo cru como é mais conhecido. É considerado
por fotógrafos, como um dos formatos que possibilita um maior controle, qualidade e segurança no
pós-processamento. Estes arquivos
armazenam uma quantidade muito maior de
informações e dados, o que possibilita uma
maior liberdade estética. Na
contemporaneidade a maioria dos fotógrafos
prefere fotografar utilizando este formato, pois
além de oferecer uma maior latitude de
exposição entre as altas e as baixas luzes,
oferecem uma maior gama de cores, saturação, brilho e contraste. Este formato possibilita ainda no
pós-processamento a correção de possíveis erros de fotometria e de leitura da temperatura da luz
(balanço de branco). Fiquemos atentos apenas nas extensões do formato RAW, pois as empresas
costumam utilizar diversas denominações extensivas para identificar o RAW.

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Pontos negativos de utilização do RAW:

• Imagens de tamanho elevado (muito pesado);

• O formato RAW não tem uma extensão universal, vai variar por empresa, o que dificulta o
reconhecimento;

• Imagens cruas ou “lavadas”, necessitam sempre de correções e edições.

Pontos positivos de utilização do RAW:

• Grande latitude de exposição entre as baixas e altas luzes, o que possibilita um número
maior de informações, logo, uma maior liberdade estética;

• Possibilita possíveis correções de erros cometidos no momento da captura da imagem, tais


como: fotometria, balanço de branco;

• Permite um controle maior do fotógrafo sobre os processos estéticos.

O JPG ou JPEG (Joint Photographic Experts Group) – É sem sombra de dúvida a extensão mais
utilizada nos principais softwares de edição e leitura de imagens digitais.
Este formato é muito bom para exibição de fotografias no ciberespaço
(web), pois apresenta um arquivo não muito pesado, o que facilita a
exibição e o compartilhamento de um número maior de imagens, inclusive
por correio eletrônico. Um dos pontos negativos deste formato é sua
enorme compactação dos dados e informações cromáticas, o que para os
processos de edição, dificulta muito na liberdade estética. Na maioria das
câmeras digitais DSLR já gravam seus arquivos neste formato,
armazenando todas as informações capturadas no momento do clique, inclusive todas as
informações pré-definidas pelo fotógrafo, tais como: fotometria, lente, data dentre outros,
conhecido como padrão EXIF.

Pontos positivos de utilização do JPEG:

• Imagens de tamanhos reduzidos (mais leves);

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• Formato universal, facilmente reconhecido pelos principais softwares;

• Imagens pré-editadas pelo sistema (para quem precisa enviar rapidamente as imagens sem
uma edição mais precisa)

Pontos negativo de utilização do JPEG:

• Dificuldade de correção de luz e efeitos cromáticos ( não possibilita a correção fotométrica);

• Menor latitude de exposição entre as altas e baixas luzes;

• Não permite uma liberdade estética no pós-processamento.

7. O dispositivo móvel como instrumento da narrativa visual.

Com o avanço da tecnologia comunicacional e das novas ferramentas de dispositivos


móveis, já é possível realizar um ensaio fotográfico completo, utilizando apenas uma fonte de luz e
um celular. O aparelho celular traz em sua tecnologia facilidades que ajudam muito no ato
fotográfico. A fotometria, o foco, o ISO e outras configurações, a depender do aparelho, são
compostas pelos modos automático e manual, o que facilita muito a vida de quem está iniciando
nessa caminhada. Mas é importante sempre ter em mente que, além da técnica, a fotografia é um
processo criativo, que exige uma vasta pesquisa de mundo.

7.1 Vamos fotografar?

1. Primeira dica e a mais importante, leia o manual do seu aparelho - verifique as


configurações da câmera e teste-as.

2. Utilize as duas mãos – quando for compor uma cena, utilize sempre que possível as duas
mãos. Como a ergonomia do celular não foi pensada para fotografia, o apoio das mãos irá
auxiliar na estabilidade da imagem. Procure sempre fotografar na horizontal, pois esta
posição diminui a possibilidade das imagens ficarem tremidas.

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3. O fotógrafo Robert Cappa certa feita falou: “Se uma foto não está suficiente boa, é
porque você não se aproximou o suficiente”. Com celular, esta frase é mais significativa
ainda. Como estes dispositivos não possuem lentes intercambiáveis, elas utilizam o zoom
digital, para aproximar o assunto a ser fotografado, o que interfere diretamente na qualidade
da imagem final. Evite utilizar o zoom, se aproxime do assunto o bastante para enquadrá-lo
e assim manter a qualidade digital da fotografia.

4. Fique atento à iluminação – Os dispositivos móveis não possuem um sensor pequeno, o


que interfere na qualidade da imagem. Existem aparelhos hoje no mercado que já possui um
fotômetro que consegue realizar uma leitura em ambiente com pouca luz. Mas na maioria
dos aparelhos esta leitura deixa muito a desejar, logo, procure ambientes com uma
iluminação adequada ao seu aparelho (realize testes de leitura, fotografando o ambiente). Se
for fotografar pessoas, você poderá utilizar fontes externas de luz (uma lanterna por
exemplo).

5. Cuide da lente – Fique sempre atento na conservação e limpeza (use panos específicos) da
lente de seu aparelho. Lembre que elas não são intercambiáveis (não podem ser trocadas).

6. Explore as ferramentas manuais – É sempre bom conhecer os conceitos que norteiam o


fazer fotográfico, pois assim, podem ser aplicados de forma geral, independentemente do
equipamento que for utilizar. Nos dispositivos móveis, procure exercitar os seus conceitos
técnicos e estéticos. Teste o ISO, as aberturas, a velocidade do obturador, os formatos e
qualidades da imagem, os elementos que auxiliam no enquadramento (regra dos terços) e
outros dispositivos incluídos no aparelho.

19 @ Todas as imagens diagramadas neste manual são licenciadas pelo pixabay, buscador de imagens em
licenças livres. https://pixabay.com/
7. Pesquise novas possibilidades – Sabemos que na fotografia digital as possibilidades de
ferramentas que trabalham a imagem é cada vez maior. Pesquise aplicativos que libertem a
sua criatividade, a sua palheta de cores, efeitos e novas possibilidades. Lembre-se: a
fotografia não pode ser uma prisão estética e não pode ser refém de dogmas.

8. Cuidado com o armazenamento – Às vezes, na ansiedade de capturarmos logo as imagens,


esquecemos de baixar os arquivos que estão na memória (formatar). Como a maioria dos
dispositivos móveis não foram preparados para um longo período de captura, é comum a
memória ficar completamente cheia, ainda mais se utilizarmos as altas definições e
formatos. Planeje, se organize antes de sair para fotografar. Se possível, adquira um cartão
de memória para ampliar sua capacidade de armazenamento.

9. O que é Mobgrafia – Com a qualidade das imagens feitas por dispositivos móveis, vem
crescendo uma nova estética na fotografia. A Mobgrafia é a arte de registrar o mundo por
meio do celular. Essa comunidade vem
crescendo muito no planeta, registrando,
publicando e compartilhando esta nova
forma de ler o mundo. Mobgrafia vem
da palavra mobile, que em inglês
significa “móvel”. Costumeiramente, é
usada para fazer referência a
dispositivos móveis, como os
celulares/smartphones. A Mobgrafia se
torna uma nova possibilidade de adentar o mundo da arte fotográfica e apresentar a sua
forma de ver o mundo. Hoje, galerias e curadores já utilizam imagens feitas por esses
dispositivos como obras de arte. Jogue duro!

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8. O ensaio fotográfico – Pesquisa, produção e

compartilhamento

Bresson já nos alertava: “Não podemos copiar e revelar uma lembrança”. Nos tempos da
velocidade digital e de seus descartes, fica cada vez mais importante o planejar, o pensar, o saber
fazer respeitando seus processos e suas importâncias. Há muito tempo? não formalizamos o ato de
fotografar, ou melhor, o ato de guardar e/ou revelar nossas memórias. Lembro de folhear meus
álbuns de recordações, onde podia ter acesso as imagens que foram recortadas de minha evolução,
no tempo e no espaço. Fotos das minhas diversas fases, desde a infância até a vida adulta, que se
perderam com a voracidade da fotografia instantânea. E é por este motivo que convido vocês a
juntos, fazermos uma reflexão sobre os nossos fazeres fotográficos. Vamos falar um pouco sobre o
que seria um ensaio fotográfico? Como fazer? Como planejar? Como pensar nas etapas? Como
distribuir?

A palavra “ensaio” surge da literatura, que seria uma escrita despretensiosa, não científica,
mas filosófica. Atualmente, o termo “ensaio fotográfico” é usado popularmente e de forma banal.
Entende-se hoje, no senso comum, que ensaio seria a simples união de imagens o que pode ser
facilmente confundida com os termos coleção e série. O primeiro ensaio registrado no mundo foi do
fotógrafo e estudioso André Kertesz, em 1928, na revista BIZ. Intitulado “A casa do silêncio”,
Kertesz registrou o cotidiano de uma antiga ordem de monges franceses. A partir desse ensaio, as
discussões sobre o que realmente seria um ensaio fotográfico esquentou. “Autores arriscaram dizer
que o ensaio fotográfico seria – uma organização de imagens que giram em torno de uma história
linear, com uma organização hierarquizada das imagens”(MAGALHÃES;PEREGRINO,2004,p.55).
A partir de então, esse tipo de trabalho se popularizou entre os fotojornalistas nas décadas de 20 e
30 do século passado, principalmente na Europa e nos Estados Unidos da América. No Brasil, os
ensaios foram popularizados pelo fotógrafo francês Jean Manzon, que trabalhou na revista carioca
“O Cruzeiro”, do comunicador Assis Chateaubriand. Assis abraçou o ensaio como narrativa visual,
uma nova forma de contar uma história. É por meio do ensaio que o autor pode apresentar mais
profundamente e com mais propriedade sua ideia, conceito e interpretação sobre determinado fato,
tema ou história.

8.1 Quais os elementos que caracterizam um Ensaio Fotográfico?

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1. O ensaio é uma interpretação direta do autor, sobre uma determinado tema. É o seu ponto de
vista;

2. Propõe uma narrativa direta (linear) e com uma definição hierárquica das imagens, ou seja,
uma sequência lógica de como o autor quer apresentar sua narrativa, sua interpretação sobre
o assunto fotografado;

3. O ensaio deve propor uma nova reflexão sobre o assunto, sejam elas objetivas, sensoriais,
e/ou até mesmo subjetivas;

4. O ensaio é considerado uma escrita imagética, com significados pré-definidos, pensado,


amplamente pesquisado e planejado;

5. A relação entre as imagens deve ficar explícita. Lembre-se: o ensaio não é simplesmente um
conjunto desconexo de imagens nem imagens que comunicam a mesma ação, ele deve ter
unidade narrativa e estética;

6. Pense na edição de seu trabalho, ela deve refletir a sua intencionalidade estética. Pense de
maneira monocromática ( se a proposta for um ensaio em preto e branco) ou de maneira
policromática ( se o ensaio for colorido).

8.2 Etapas de um ensaio:

1. Quando for realizar um ensaio fotográfico, pense no tema incansavelmente, pesquise


referências bibliográficas (livros, reportagens, outros ensaios semelhantes, dentre outras
fontes);

2. A pesquisa deve ser a base que irá conduzir as próximas etapas, por isso, eleja quais
caminhos quer trilhar, interprete suas fontes pesquisadas. Se necessário, realize entrevistas
com autores que podem auxiliar na concepção do seu trabalho, filtre as informações que
realmente são importantes para que você possa gerar conhecimento a respeito do tema;

3. Não existem regras de autoria. O trabalho pode ser realizado individualmente, como em
coletivos. Não existem regras para números de imagens, mas estabeleça uma coerência
narrativa, não canse o leitor com o seu trabalho;

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4. Conheça a ferramenta (livre) de edição que você irá trabalhar (teste, exercite, experimente),
pois será fundamental na concepção estética de seu trabalho, na maneira que você
apresentará visualmente suas imagens;

5. Lembre que seu ensaio é uma narrativa visual, logo, as imagens devem ser sempre de forma
hierárquica (sugestão). Apresente um fato que, quando as fotos estiverem juntas, explicite
uma história que seu espectador consiga compreender a intenção e a sua forma de ler e
apresentar o fato;

6. Atente para a exibição /apresentação de seu trabalho. Qual o suporte que irá utilizar para
expor seu ensaio? Existem diversas opções, desde uma instalação artística (que pode ser
elementos móveis ou mesmos digitais, como quadros pendurados em um suporte ou até uma
projeção multimeios). Pode ser um varal fotográfico em uma praça pública ou um sarau
fotográfico em um evento cultural. As opções são variadas, mas pense sempre no seu
espectador, ele jamais poderá ficar perdido em suas imagens, sem entender sua história, sem
compreender suas intenções com o ensaio. A montagem e exibição do seu trabalho deve
sempre atentar para estas questões.

9. O Fazer Pedagógico / narrativas visuais

Inspirado em John Dewey e Edmund Feldman, Propomos um exercício metodológico onde


passaremos por seis momentos no processo de aprendizagem, para discutirmos os primeiros passos
para a Alfabetização Visual e para a construção de uma narrativa visual crítica.

Etapas metodológicas:

1. Aquecendo (ou sensibilizando): o educador prepara o potencial de percepção e de fruição do


educando;

2. Descrevendo: o educador questiona sobre o que o educando vê, percebe;

3. Analisando: o educador apresenta aspectos conceituais da análise formal;

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4. Interpretando: o educando expressa suas sensações, emoções e ideias, oferece suas respostas
pessoais à obra de arte;

5. Fundamentando: o educador oferece elementos da História da Arte, amplia o conhecimento


e não o convencimento do educando a respeito do valor da obra;

6. Revelando: o educando revela através do fazer artístico o processo vivenciado.

8. Referências

AUMONT, Jacques. A Imagem. Campinas: Papirus, 1990.

BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

MARTINS,Nelson. Fotografia: da analógica à digital. Rio de Janeira, Ed. SENAC, 2010.

MENDES, Ricardo. Pensamento crítico em fotografia. São Paulo: Ed. Scribus, 2012.

ROUILLIÉ, André: A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo:


Editora

SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 4. reimpr. São
Paulo: Iluminuras, 2008.

SONTAG, Susan. Ensaios sobre Fotografia. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1986.

ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na escola . São Paulo: Parábola,


2012.

Wikipédia, Imagem digital. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem_digital. Acesso em 10 de Maio de 2017.

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A fotografia como narrativa

CRIADOR E IDEALIZADOR | PROF. PETERSON AZEVEDO

DIRETOR DIAGRAMADOR | JOSYMAR ALVES

FOTOGRAFIAS | PETERSON AZEVEDO

CAPA | PETERSON AZEVEDO

PUBLICAÇÃO | REDE ANÍSIO TEIXEIRA

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