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NO 231 | Ano 20 | dezembro 2015

Book com
gestante
Newton Medeiros
ensina como fazer Equipamento
um ensaio no Testamos uma mesa
estilo pin-up digitalizadora para
tratamento de imagem

Newborn Poema visual


Como retocar a
pele do bebê na Fotógrafo transforma
pós-produção em imagens obra
de Ferreira Gullar

fotojornalismo Teste exclusivo


Brasileiro documenta
o desespero dos
refugiados na Europa
Sony a7r ii
Conheça a mirrorless
full frame que supera a
maioria das DSLRs

Fotografia de
retratos
42
MP

37 lições para você aprender


com grandes especialistas

reportagem exclusiva
Fomos conferir os bastidores da
fotografia na SP Fashion Week
Diretores
Aydano Roriz
Luiz Siqueira
Tânia Roriz CARTA AO LEITOR
Editor e Diretor Responsável: Aydano Roriz
retrato foi e sempre será a base da fotografia. Por isso, todo

O
Diretor Executivo: Luiz Siqueira
Diretor Editorial e Jornalista Responsável: fotógrafo, de qualquer área, precisa dominar a técnica
Roberto Araújo – MTb.10.766 – araujo@europanet.com.br
básica para realizar um bom retrato. Observar a obra de
REDação
grandes pintores, como Caravaggio, Da Vinci, Rubens,
Diretor de Redação: Sérgio Branco (branco@europanet.com.br) Rafael, Rembrandt, Ticiano, Velázquez, Murillo e El Greco, que
Editora-assistente: Karina Sérgio Gomes
produziram retratos memoráveis, é o primeiro passo para en-
Repórteres: Livia Capeli e Natália Melo (estagiária) tender um pouco de composição e do uso da luz.
Editora de arte: Izabel Donaire
Revisão de texto: Denise Camargo
No início do século 20, a fotografia foi aos poucos substituindo
Colaborador especial: Diego Meneghetti a pintura quando famílias abastadas, nobres, políticos e gente
Colaboraram nesta edição: Alex Mantesso, Flávia Santinon (arte),
Carol Tereza, Juan Esteves, Laurent Guerinaud e Newton Medeiros de poder queriam deixar um retrato para a posteridade. Com
isso, o retratista foi o primeiro fotógrafo profissional da era das
PubliciDaDE (publicidade@europanet.com.br)
Diretor comercial: Mauricio Dias (11) 3038-5093 câmeras de madeira de grande formato e dos daguerreótipos
e calótipos, que hoje soam como física quântica para um garoto
São Paulo
Equipe de Publicidade: Angela Taddeo, Alessandro Donadio, que faz uma selfie com seu smartphone – ou seja, nada mais
Elisangela Xavier, Ligia Caetano, Renato Perón e Roberta Barricelli do que um autorretrato.
Criação Publicitária: Daniel Bordini Com o passar dos anos e a evolução tecnológica, o fotógrafo
Tráfego: Thiago Tane passou a se preocupar menos com o ajuste do equipamento e dar
outras Regiões mais atenção à composição, à luz e à atitude do retratado, o que
Bahia e Sergipe: Aura Bahia – (71) 3345-5600/9965-8133
Brasília: New Business – (61) 3326-0205
fez com que a especialidade evoluísse e chegasse à produção de
Paraná: GRP Mídia – (41) 3023-8238 algumas obras de arte, como as antigas pinturas. Uma infinidade
Rio Grande do Sul: Semente Associados – (51) 8146-1010
Santa Catarina: MC Representações – (48) 9983-2515 de mestres foram surgindo – como Richard Avedon, Irvin Penn,
Outros estados: Mauricio Dias – (11) 3038-5093 Walker Evans, Ernst Haas, Cristina García Rodero, Annie Leibovitz,
Publicidade – EUA e Canadá: Global Media, +1 (650) 306-0880
Steve McCurry... bem, são muitos, citei alguns de que gosto mais.
Propaganda: Denise Sodré E, na minha opinião, nada atrai mais o olhar do espectador
ciRculação E livRaRiaS do que um belo retrato realizado por um grande fotógrafo. Tenho
Gerente: Ézio Vicente (ezio@europanet.com.br) na parede de casa, enquadrado, um pôster autografado por Steve
Equipe: Henrique Guerche, Paula Hanne e Pedro Nobre
McCurry com a imagem da famosa menina afegã. Há várias
aSSinatuRaS E atEnDimEnto ao lEitoR outras fotos em volta. Mas aquele olhar
Gerente: Fabiana Lopes (fabiana@europanet.com.br)
“salta” de uma forma para dentro do meu
Juan Esteves

Coordenadora: Tamar Biffi (tamar@europanet.com.br)

Equipe: Carla Dias, Josi Montanari, Vanessa Araújo, Maylla Costa,


que é impossível não me sentir atraído.
Camila Brogio, Bia Moreira, Mila Arantes e Fabrine Macedo E todos os dias olho para Sharbat Gula (o
EuRoPa Digital nome dela) e me pergunto como McCurry
Gerente: Marco Clivati (marco.clivati@europanet.com.br) conseguiu tamanha perfeição. É, sem
Equipe: Anderson Cleiton, Anderson Ribeiro, Adriano Severo e Karine Ferreira
dúvida, um dos maiores retratos já feitos
PRoDução E EvEntoS em todos os tempos.
Gerente: Aida Lima (aida@europanet.com.br)
Equipe: Beth Macedo (produção) e Denise Sodré (propaganda) Boa leitura.
logíStica
Coordenação: Liliam Lemos (liliam@europanet.com.br) Sérgio Branco
Equipe: Paulo Lobato, Gabriel Oliveira, Gustavo Souza e Thiago Cardoso
Diretor de Redação
aDminiStRação branco@europanet.com.br
Gerente: Renata Kurosaki
Equipe: Paula Orlandini, Vinícius Serpa e William Costa

DESEnvolvimEnto DE PESSoal
Tânia Roriz e Elisangela Harumi

EntRE Em contato
Telefone: 0800-8888-508 (ligação gratuita) e
(11) 3038-5050 (cidade de São Paulo)
SE FOR O CASO, RECLAME.
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4 • Fotografe Melhor no 231


CONTEÚDO Ano 20 • Edição 231 •
Dezembro de 2015
Correio
Dúvidas e comentários dos leitores 6 Fotos de capa:
Shutterstock e

8
Grande Angular Divulgação
Notícias e novidades

Estante
Água, livro de Valdemir Cunha 14
Teste: Wacom Intuos
Mesa digitalizadora para tratar imagens 58
Revele-se
Fotos dos leitores em destaque 16 Pin-up maternity
Book de gestante
com receita diferente
Negócios & Fotografia
O fotógrafo como empreendedor 24
26
62
Portfólio do leitor
Fotos de família de Anna Silveira
Shutterstock

Newton Medeiros

Vida de fotógrafo na SPFW


Muito trabalho e pouco glamour 72
Poema visual
84
30
dicas de retrato
Márcio Vasconcelos inspira-se em Gullar

FOTOJORNALISMO
Olhar brasileiro entre os refugiados
Fabio Erdos

Aprenda com dicas de grandes fotógrafos


Pós-produção
Tratamento de pele de bebê em newborn 44
92
Raio X
As fotos dos leitores comentadas 102
Diego Men
egh
etti

Teste: Sony A7R II


50 Lição de casa
Como registrar aves em voo 110
Uma mirrorless que supera muitas DSLRs
Fique por dentro
Exposições, concursos e cursos 118
Dezembro 2015 • 5
CORREIO
dúvidas e comentários dos leitores

Dicas de casamento
As dicas que encontrei na edição 230 de O fotógrafo Vinícius Matos é pro-
Fotografe foram uma verdadeira aula. Nunca prietário da Escola de Imagem, que
havia visto tanta informação junta sobre fo- tem unidades em Belo Horizonte (MG)
tografia de casamento. Como estou que- e Rio de Janeiro (RJ). Há sempre pro-
rendo atuar na área, a reportagem me ajudou gramação de cursos sobre o tema. Para
muito. Gostaria de ter mais informações so- saber datas e preços, consulte o site
bre o fotógrafo Vinícius Matos e saber se ele da escola: www.escoladeimagem.
dá cursos ou workshops sobre o assunto. com.br. O site do fotógrafo é www.vini
Sandro Silva, via e-mail ciusmatos.com.br.

Edição 228 po para ler. Artigos completos, pro- cisamos. Enfim, parabéns por essa
Assino Fotografe desde pelo me- fundos, como as 40 dicas de foto- edição. Não que as outras não me-
nos o ano 2000. Também assino a grafia de paisagem (minhas prefe- reçam, mas essa merece muito.
Modern Photography (depois com- ridas), o teste da Rebel T6i, as novas Ricardo Ottati, via e-mail
prada pela Popular Photography), seções (pós-produção, negócios,
desde 1976. E posso dizer com ho- tecnologias), a aula sobre backup, PhotoImage 2015
nestidade e seriedade: a edição 228 todas muito bem escritas, com os Li a cobertura sobre a Photo -
foi a revista que mais me tomou tem- detalhes de que nós, amadores, pre- Image Brasil 2015 publicada na edi-
ção 229 e também a Carta ao Leitor
da mesma edição. E compartilho da
Alex Uchoa

mesma opinião: a edição deste ano


da feira PhotoImage realmente dei-
xou a desejar. Como a maioria do pú-
blico, senti falta das grandes em-
presas do setor (Canon, Nikon, Sony
etc.). Imaginava que a feira iria en-
colher devido à crise econômica na-
cional, que atingiu em cheio a grande
maioria dos setores produtivos. Mas
não achei que chegasse a tanto.
Os problemas de bastidores
mencionados na Carta ao Leitor (es-
pecialmente a questão da venda do

6
espaço aos expositores) também me preparado para receber os arquivos Errata
chamaram bastante a atenção. gerados pela câmera (porém, não é Por uma falha da redação na apu-
Quando se muda radicalmente a fi- recomendado formatar o cartão em ração da reportagem “Tudo o que você
losofia de administração de um ne- câmeras diferentes da sua; se isso precisa saber sobre assistência téc-
gócio, dificilmente as coisas se adap- acontecer, formate novamente na nica” , o quadro “Assistência técnica
tam à nova realidade. sua câmera, antes de fotografar); e, autorizada”, na pág. 55, saiu com in-
Achei bacana a ideia de alterar na câmera, a formatação é mais rá- formações incorretas. A Assistec
a periodicidade da feira (de anual pida e prática. Outro ato não reco- Serviços Ótica Eletrônica já não opera
para bienal). Sobra tempo para os mendável é apagar fotos individual- mais como oficina de assistência téc-
expositores se planejarem e se pre- mente, pois o processo é lento, não nica da Canon e de outras marcas.
pararem para adquirir espaço e re- abre muito espaço no cartão e ainda Confira abaixo o quadro atualizado.
ceber bem o público. gasta bateria (entre visualizar fotos,
Daniel Ramos, escolher e deletar). O melhor é sair
via e-mail para fotografar com o cartão limpo, Assistência técnica
voltar para casa, baixar todas as ima- autorizada
Negócios&Fotografia gens no computador e formatar o
Achei sensacional a seção Ne- cartão na câmera para uma nova CANON
gócios&Fotografia e a matéria da edi- sessão fotográfica. Na câmera, o co- SAC Grande São Paulo:
ção 230 sobre como ganhar dinheiro mando para formatar geralmente (11) 4950-5060
com fotografia autoral. Os questio- fica no menu configurações, um dos SAC outras localidades:
namentos de Priscila Beal coincidem últimos na lista (na Canon e na Nikon 0800-20-22666
com os meus. Alex Mantesso, em sua esse menu tem o ícone de uma fer- www.canon.com.br
resposta à leitora, discorre sobre a ramenta, uma chave de boca). cdbcameras@cusa.canon.com
importância de participar de concur-
sos fotográficos. Minha sugestão e, São Paulo
de certa forma, minha crítica é quanto Cine Camera Service (Namba)
à falta de divulgação de concursos (11) 3259-7888
tanto nacionais como internacionais. www.namba.com.br
Penso que a seção Fique por Dentro atendimento@namba.com.br
poderia abranger mais essa questão
de concursos, já que no subtítulo in- Porto Alegre
forma "Exposições, concursos e cur- PSD Photo/Serviços e Peças
so". Esse último item está quase sem- (51) 3276-1390
pre ausente. www.psdphoto.com.br
Alexandre Chagas, sac@psdphoto.com.br
Ilhéus (BA)

O leitor tem razão. Vamos procurar Desafio Fotografe


dar mais atenção a informações sobre
concursos na seção. A foto que mais teve interação
Gilmar Silva

do “Desafio Fotografe” com o


tema "Criança em movimento",
Formatação de cartão realizado de 28 de outubro a 6 de
Li, recentemente, em uma revista novembro, foi a do leitor Gilmar
americana, que apagar fotos do car- Silva, de Cascavel (CE). Foram 883
tão de memória para liberar espaço curtidas e 12 compartilhamentos,
depois de passá-las ao computador totalizando 895 interações.
não deveria ser o único hábito do fo- Gilmar, fotógrafo de 23 anos,
tógrafo. Ele deveria também, vez por descreve assim a foto: "O primeiro
outra, formatar o cartão de memória. dia na praia é sempre uma alegria
Não entendi como fazer essa forma- para uma criança. Elias não parava
tação nem a sua razão. Se de fato é de sorrir e correr bastante”.
tão importante, talvez até merecesse A mãe levou o bebê Elias para
um artigo na revista. ver o mar e quis registrar esse mo-
José Américo Mendes, mento na vida do menino. Gilmar
via e-mail foi contratado por ela e eles foram
até a Praia de Águas Belas, em
A formatação do cartão na câ- Cascavel (CE). Lá, o pequeno Elias
mera é um procedimento comum e se divertiu muito e Gilmar registrou
realmente deve ser feita periodica- tudo, pois sabia o quanto seria má-
mente. Há duas razões principais O bebê na Praia de Águas Belas gico e especial para os pais.
para isso: o cartão fica mais bem

Dezembro 2015 • 7
GRANDE ANGULAR
notícias e novidades
Raposa vermelha
com uma raposa
do Ártico morta:
imagem deu
prêmio principal
ao canadense
Don Gutoski

Don Gutoski
Wildlife 2015
divulga os premiados
A
51a edição do Wildlife Photographer of the do as duas predadoras se encontram.
Year de 2015 recebeu mais de 42 mil fotos de Outro prêmio de destaque, o Wildlife Photojour-
98 países. O vencedor da categoria principal nalist of the Year foi para a fotógrafa profissional
e da categoria Mamíferos da edição de 2015 foi o fo- alemã Britta Jaschinsk, que registrou dois tigres e
tógrafo amador canadense Don Gutoski, que recebeu um leão atuando em um show de circo na China. A
um prêmio de 11.250 euros. A imagem mostra uma imagem foi feita durante uma viagem dela para do-
raposa vermelha segurando na boca uma raposa cumentar o mundo dos animais em cativeiro. A fo-
do Ártico morta. O fotógrafo registrou as raposas no tojornalista conta que viu muita brutalidade contra
Parque Nacional de Wapusk, no Canadá. Ele conta os animais, mas na China a violência é maior. Como
que as raposas vermelhas não costumam caçar prêmio, ela recebeu 7.500 euros.
as do Ártico, porém pode ocorrer um conflito quan- Na categoria Juvenil, o grande vencedor foi
Ondrej Pelánek, da República Checa. Ele retratou
pássaros machos da espécie Ruff exibindo as plu-
magens para demarcar território. A imagem foi
realizada na Península de Varanger, Noruega, e
o adolescente recebeu mil euros.
Britta Jaschinsk

Ondrej Pelánek

Felinos cruelmente domesticados na China (à esq.) e pássaros demarcando território: fotos vencedoras no concurso

8 • Fotografe Melhor no 231


Luc Jamet
Francês vence concurso
de astronomia
A competição anual de
fotografia Insight
No auge da Astronomy Photographer of
Dida Sampaio

Operação Lava
the Year divulgou os
Jato, o flagrante
irônico clicado
premiados. O fotógrafo
por Sampaio francês Luc Jamet ganhou o
prêmio principal com a
DIDA SAMPAIO GANHA O imagem de um eclipse solar

Prêmio ExxonMobil de 2015 que ocorreu em 2015 captado


na região de Svalbard, na
Noruega. O prêmio da
60a edição do Prêmio ExxonMobil fotógrafo R$11 mil de prêmio.
A de Jornalismo (antigo Esso) foi con-
quistado pelo repórter fotográfico Dida
Cerca de 151 trabalhos fotográficos
foram inscritos. A imagem vencedora foi
categoria Juvenil ficou com
George Martin, de 15 anos,
que retratou o cometa Lovejoy.
Sampaio. O fotógrafo capturou uma escolhida entre as dez melhores por 48 Ao todo foram 11
imagem da presidente Dilma Rousseff, editores de fotografia de veículos como categorias, entre elas
ao lado de seu personal trainer, peda- Fotografe. Entre os finalistas estiveram Aurorae, Galaxies, Our
lando uma bicicleta. A sacada de Dida André Coelho (O Globo); Daniel Marenco, Moon e People and Space.
foi o cenário: atrás da presidente havia com uma foto em O Globo e outra na Folha O concurso premia fotógrafos
um banner de um lava jato de Brasília de S.Paulo; Mateus Bruxel (Zero Hora); que conseguiram registrar a
(DF). Publicada no jornal O Estado de Pedro Kirilos (O Globo); Márcia Foletto beleza e os eventos
S. Paulo em junho de 2015, a foto ba- (O Globo); Felipe Dana (Folha de S. Paulo); relacionados à astronomia ao
tizada de “Lava Jato Planalto” deu ao e Marcelo Piu (O Globo). redor do mundo. As imagens
dos premiados ficarão em
exposição no Observatório
POTIGUAR JEAN LOPES VENCE Real de Greenwich, em
Londres, até junho de 2016.
CONCURSO LATINO-AMERICANO
O Concurso Latino-Ameri-
cano de Fotografia Docu-
mental Os Trabalhos e os
Builes foi o vencedor na ca-
tegoria Mulher Trabalhadora
com a série Leche Materna.
Dias, organizado em Medellín, O mexicano Cristopher Chá-
na Colômbia, premiou o fo- vez ganhou na categoria
tógrafo Jean Souza Lopes, de Crianças que Trabalham com
Assu (RN). Ele venceu na ca- a série Los Niños del Opio.
tegoria Homens Trabalhado- Na categoria Trabalhadores
res com a série Bravos, que Imigrantes, o ganhador foi o
mostra a situação de homens também mexicano Prometeo
que extraem cera de carnaú- Jorge Rodríguez Lucero com
ba no Nordeste e discute a a série Veteranos Deporta-
condição insalubre desse tra- dos. E na categoria Conflitos
balho. Ele recebeu US$ 1.300 Trabalhistas e Sindicais o
Jean Souza Lopes

pela conquista, assim como vencedor foi o peruano Se-


os demais premiados. O con- bastian Castañeda com Pro-
curso teve cerca de 1.300 ins- testas. Confira cada um dos
critos de 39 países. trabalhos premiados aces-
Ao todo foram cinco ca- sando o site do concurso:
tegorias. O colombiano Fredy www.ens.org.co/concurso. Extração de cera de carnaúba deu prêmio a Jean Lopes

Dezembro 2015 • 9
Brasileiro se destaca em
concurso russo
O concurso anual Moscow Internatio-

Jackson Carvalho
nal Foto Awards (MIFA) premiou o
fotógrafo alagoano Jackson Carvalho,
de 47 anos, com quatro medalhas. Na
subcategoria Travel and Tourism dentro
da categoria Advertising, ele conquistou
a medalha de ouro com a série Adven-
tures in Savannah e uma medalha de bronze com o Donna in Rosso e uma de bronze Carvalho clicou
ensaio Beautiful Bridges. Adventures in Savannah na subcategoria Bridges dentro da leão na África e
mostra imagens de animais selvagens que o fotógrafo categoria Architecture com o en- ganhou uma
capturou em 2010 na África do Sul. Já as fotos do ensaio saio Beautiful Bridges. O MIFA é medalha de ouro
Beautiful Bridges retratam os estilos arquitetônicos uma premiação mundial que está
de pontes de Nova York e de Londres. Além das duas na segunda edição. Em 2015, foi possível competir com
medalhas, ele recebeu uma de prata na subcategoria oito categorias, cada uma com subcategorias distintas.
Nudes dentro da categoria Fine Art com o editorial La O concurso teve mais de 20 mil inscritos de 84 países.

Livro sobre imagens de CONTRASTE INAUGURA


paisagem e natureza UNIDADE EM SÃO PAULO Divulgação
A Editora Europa
acaba de lançar
o livro Fotografe
F otógrafo profissional desde 1983,
ex-coordenador do curso de bacha-
relado de Fotografia do Senac-SP e ex-
Paisagens e Natureza, -diretor da escola Fullframe, Thales
um guia prático Trigo inaugurou em novembro de 2015
com muitas dicas uma nova escola em São Paulo (SP): a
profissionais para os Contraste Estudos Fotográficos.
dois segmentos. O livro Trigo já está desligado de duas uni-
é dividido em seis dades da Fullframe e a partir de janeiro
capítulos: Paisagens, de 2016 ocorrerá o afastamento total
Natureza, Animais
dele da Fullframe de Santo Amaro,
Silvestres, Fotografia
abrindo espaço para o novo empreen-
Macro, Jardins e
Astrofotografia. Em dimento – que já funciona na unidade. Profissionais Thales Trigo e
todos você encontra informações técnicas como Renata Mosaner, Albert Almeida Wong, Clicio equipe na festa
Barroso e Cristiano Mascaro atuarão na Contraste mi- de inauguração
valiosas. Custa R$ 24,90 se comprado
nistrando workshops e cursos. Mais informações: da Contraste
pelo site www.europanet.com.br.
www.contrastefotografia.com.br.
Ita Kirsch

VIDA NA BOLEIA, UM LIVRO SOBRE


OS CAMINHONEIROS DO BRASIL
E ntre setembro e dezembro de 2014, a dupla de fotógrafos Ita Kirsch e
Bala Blauth, de Novo Hamburgo (RS), viajou por 16 Estados brasileiros
e percorreu cerca de 21.000 km de estrada fotografando as histórias e o dia
a dia de caminhoneiros que encontraram ao longo do caminho. As imagens
resultaram no livro Vida na Boleia: Caminhos e Caminhoneiros do Brasil.
Ita Kirsch e Bala Blauth decidiram registrar os “moradores das boleias”
quando percorreram estradas brasileiras para outros projetos fotográficos
e perceberam que poderiam contar histórias de caminhoneiros. A obra reúne
335 imagens com textos da escritora, publicitária e jornalista Paula Taitelbaum.
Imagens das estradas: mulher na boleia Este é o quinto livro que a dupla de fotógrafos realiza junto.

10 • Fotografe Melhor no 231


GRANDE ANGULAR

Obras de Ralph Gibson em exposição


A Leica Gallery exibirá obras do
mestre americano Ralph Gib-
son até 31 de janeiro de 2016. A
Segundo Gibson, a ideia é que
o espectador crie sua própria per-
cepção dos dípticos de acordo com
mostra apresenta 30 dípticos (com- o que observa nas imagens expos-
binações de duas imagens com re- tas, que misturam P&B e cor.
lação entre si) que fazem parte do O fotógrafo tem 50 anos de car-
recente livro Ralph Gibson: Political reira com obras de estética fine art
Abstration, lançado na abertura que deram origem a 30 livros e 15

Ralph Gibson
da exposição, que tem curadoria prêmios internacionais, como a Lei-
da alemã Karin Kaufmann – a ga- ca Medal of Excellence Award (1988),
leria fica na Rua Maranhão, 600, Grande Medaille de la Ville d'Arles
Higienópolis, São Paulo (SP). (1994) e Lucie Award (2007). Um dos dípticos expostos na Leica Gallery

JOVENS AMERICANOS SEM-TETO Getty Images


MUDAM DE VIDA COM FOTOGRAFIA busca colaboradores
A Getty Images anunciou uma
P or meio de ensaios fotográficos
e montagens de imagens, o pro-
jeto The Portrait Project transfor-
mou um grupo de 14 adolescentes
sem-teto dos Estados Unidos na-
quilo que eles mais sonham ser. As
oportunidade para fotógrafos
amadores e profissionais
imagens exibem os meni- contribuírem com a coleção Lean in
Collection (criada em 2014), feita
nos interpretando artistas
em parceria com a LeanIn.Org. Até
pop, milionários, investiga- o dia 31 de janeiro de 2016, os
dores forenses, músicos, interessados poderão cadastrar
astronautas, policiais de fil- no site da Getty Images
me de ação... O projeto foi (http://migre.me/rWf8Y) no máximo
realizado pela instituição 10 fotos. As imagens devem ter
nova-iorquina Art Start com como tema mulheres de qualquer
o objetivo de mostrar ao pú- idade em situação de poder, assim
blico a verdadeira essência como comunidades que as
Steve Giralt

dos jovens pobres retrata- apoiam.Os escolhidos serão


colaboradores da coleção e
dos para que eles não sejam
receberão uma porcentagem da
definidos apenas por sua venda da foto de sua autoria.
Garoto como policial de filme de ação condição econômica.

APÓS DOIS ANOS, GOPRO COM FOTOS


Divulgação

DA ESTRATOSFERA É ENCONTRADA
D epois de dois anos, cinco cientistas da Universidade de Stan-
ford, na Califórnia,EUA, recuperaram uma GoPro lançada
em 2013 na estratosfera terrestre em um ponto a 20 milhas do
Grand Canyon. Com o objetivo de captar imagens do espaço, o
grupo acoplou a um balão atmosférico a câmera e um celular,
que deveria transmitir sinal de localização. Após o lançamento,
o balão desapareceu no céu e o celular falhou.
O problema foi que a posição de aterrissagem do balão, cerca
de 50 milhas distante da inicial, não era coberta pela companhia
telefônica do celular escolhido. Então, o aparelho nunca conseguiu
informar onde estava. Até que em 2015, Pearl Tsosie, funcionário
da mesma empresa de telefonia, achou o balão durante uma ca-
minhada. Pelo cartão SIM, os cinco cientistas foram encontrados
e finalmente receberam os resultados do trabalho.

12 • Fotografe Melhor no 231


PRO-10
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*As cores da tela dependem da calibração, marca do monitor e luz ambiente. **A velocidade das impressões fotográficas é baseada na configuração-
padrão do driver para testes de impressão e papel fotográfico Canon Select. A velocidade é calculada no momento em que a impressora é alimentada
com a primeira folha e pode variar dependendo das configurações do sistema, interface, software, complexidade do documento, modo de impressão,
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Água, Valdemir Cunha
Dunas do Rosado, litoral do Editora: Origem
Rio Grande do Norte: região ISBN: 978-64444-06-5
onde há falta de água potável Formato: 25x 33 cm; 254 págs.
Preço: R$ 98

Água, um livro para reflexão


D
esde seus primórdios, a fotografia não só trafega por toda essa problemática.
tem a função estética de conservar o que Há no livro imagens colhidas nos recônditos
é belo por meio de imagens evocativas e do Brasil. E Valdemir Cunha mostra essa triste
poéticas, como também exerce função documental realidade no paradoxo de imagens belíssimas
de esclarecimento e alerta para o que ocorre no em preto e branco, dramatizando ainda mais a
mundo. A questão da água é um tema global e diz questão da suposta abundância que, como ele
respeito especialmente aos brasileiros por conta diz, é uma ilusão.
da ausência de uma política séria em qualquer Explicada pelo fato de que nem todos os bra-
nível governamental e pelo descaso e ignorância sileiros têm acesso à água, ainda que o País seja
da população em relação ao assunto. O livro Água uma das maiores potências hídricas do planeta.
(Editora Origem, 2015) do fotógrafo Valdemir Cunha São cerca de 55 mil km de rios navegáveis, perto
de 33 mil lagos, lagoas e açudes, além de mais
de 100 trilhões de metros cúbicos armazenados
no subsolo, que representam 12% do total da
água doce do mundo – para apenas 3% da popu-
lação global. Portanto, as impactantes imagens
carregam o caráter denunciatório.
Junto com a obra impecavelmente impressa
pela gráfica Pancrom, há uma pequena brochura
destinada às crianças e aos adolescentes que
participarão de oficinas que fazem parte desse
grande projeto. O jornalista Xavier Bartaburu,
que assina os textos, explica que se os 24 trilhões
Fotos: Valdemir Cunha

de litros de água doce que fluem diariamente


pelo Brasil fossem igualitariamente distribuídos
a todos, haveria 120 mil litros por dia à disposição
de cada cidadão. O contraponto imagético criado
por Cunha é excepcional diante da monumenta-
lidade de suas fotografias.
Ilha de Marajó (PA), na Amazônia: riqueza em recursos hídricos Juan Esteves

14 • Fotografe Melhor no 231


REVELE-SE
fotos dos leitores em destaque

:: Autor: Valdeci Lima


:: Cidade: São José de Mipibu (RN)
:: Câmera: Canon EOS Rebel T3i
:: Objetiva: Canon 10-18 mm
:: Exposição: abertura f/11, velocidade 30s e ISO 100

PINTURA MARINHA EM P&B


Apaixonado por fotografia, Val- cionada por uma vila de pescadores
deci Lima tirou o feriado do Dia ali, Valdeci fez o registro respeitando
do Trabalho para exercitar o olhar a regra dos terços. Posicionou cor-
em uma praia chamada Diogo Lo- retamente a linha do horizonte,
pes, distante 215 km de Natal, ca- equilibrou a posição dos barcos na
pital do Rio Grande do Norte. Ad- cena e explorou de maneira com-
mirado com as belezas do lugar de- petente o reflexo formado pela lâ-
vido à paisagem bucólica propor- mina d’água da maré baixa.

16 • Fotografe Melhor no 231


:: Autor: Alexandre Ney Lima de Carvalho
:: Cidade: Natal (RN)
:: Câmera: Nikon D600
:: Objetiva: Nikkor 28-300 mm
:: Exposição: abertura f/8, velocidade 1/125s e ISO 200

A CÁFILA DE GENIPABU
Quem olha a cena pode até à Praia de Genipabu, perto de Natal
achar que o registro foi feito nas (RN). Ele conta que os dromedários,
dunas de Erg Chebbi, em Marrocos, trazidos das Ilhas Canárias (Espa-
ou no deserto do Saara. Porém, a cá- nha), são usados para transportar
fila (coletivo de dromedários ou ca- turistas. Passaram em fila bem cedo
melos, segundo o dicionário) foi cli- e, como a maré estava muito baixa,
cada no Brasil pelo fotógrafo Ale- um espelho-d’água se formou, dei-
xandre de Carvalho em um passeio xando a imagem poética.

Dezembro 2015 • 17
REVELE-SE

VAQUEIRO MIRIM
Ao lado de dois fotógrafos: Alex
Ribeiro e o premiado Severino
Silva, a carioca Cacau Fernandes
tem desbravado o Nordeste brasi-
leiro em busca de imagens para um
livro que tem o título provisório de
Velhos Sertões, Novos Olhares.
Foi nessas andanças que, em
julho de 2015, ao passar pela cidade
de Serrita, em Pernambuco, durante
a Missa do Vaqueiro (um dos eventos
culturais mais tradicionais do Es-
tado), Cacau avistou o pequeno va-
queiro de chupeta montado em seu
“enorme” cavalo.
Devido à condição de luz, ela
rapidamente sacou o flash dedi-
cado da câmera (uma Canon 430
EXII) e ergueu bem no alto com
uma das mãos, enquanto usava a
outra para fotografar.
O fill flash (ou flash de preen-
chimento) é uma técnica muito
usada para eliminar sombras no
primeiro plano, principalmente no
rosto de personagens. É simples
e faz uma grande diferença em re-
tratos e outros temas.

:: Autor: Cacau Fernandes


:: Cidade: Rio de Janeiro (RJ)
:: Câmera: Canon EOS-1D Mark IV
:: Objetiva: Canon 24-105 mm
:: Exposição: abertura f/9, velocidade
1/300s e ISO 200

18 • Fotografe Melhor no 231


:: Autor: Adriano Carvalho
:: Cidade: Parnaíba (PI)
:: Câmera: Canon EOS Rebel T3i
:: Objetiva: Canon 10-18 mm
:: Exposição: Abertura f/8, velocidade 1/200s e ISO 100

SEM SOMBRA DE DÚVIDA


Adriano Carvalho é um fotó- aparentar o que fazia para não aca-
grafo muito perspicaz quando bar com o clima e usando o moni-
o assunto é retrato. Sentado em tor móvel da câmera para enqua-
frente ao Porto dos Tatus, em Mor- drar, ele apertou o botão dispara-
ros da Mariana, no Piauí, durante dor pela segunda vez acionando o
um curso de fotografia (do qual ele flash para preencher as sombras
é professor), fez apenas dois cli- criadas pelo sol a pino.
ques do pescador que retornava Foi só então que o pescador
da jornada noturna de pesca. percebeu o objetivo do fotógrafo.
A câmera ficou no colo de Car- O trabalho de Carvalho é uma de-
valho o tempo todo enquanto con- mostração de que muitas vezes é
versava com o modelo diante dele. importante usar novas estratégias
No descontraído bate-papo, sem para obter bons resultados.

Dezembro 2015 • 19
REVELE-SE

:: Autor: Isadora Alves


:: Cidade: Niterói (RJ)
:: Câmera: Nikon D3100
:: Objetiva: Nikkor 18-105 mm
:: Exposição: abertura f/3.5, velocidade 1/640s, ISO 800

A DIMENSÃO EXATA
Atraída pela imponência e o bara ao fundo. E, como em uma boa
design by Oscar Niemeyer do foto externa de arquitetura não pode
Museu de Arte Contemporânea de faltar o elemento humano para dar
Niterói (RJ), Isadora Alves foi até lá a ideia de dimensão e amplitude do
para praticar fotografia. Ela explo- assunto principal, Isadora ainda in-
rou de forma criativa a arquitetura cluiu duas pessoas e equilibrou tudo
grandiosa do museu, colocando no no enquadramento, de maneira
quadro a visão da Baía de Guana- simples e eficaz.

20 • Fotografe Melhor no 231


SONECA PERIGOSA
Com internações recorrentes rário tirava um cochilo entre as vigas :: Autor: Eduardo Godinho
para tratamentos de saúde, o de ferro da estrutura. Mesmo sen- :: Cidade: São Paulo (SP)
fotógrafo Eduardo Godinho sempre tindo dores fortes, devido ao estado :: Câmera: Canon EOS 7D
leva consigo a câmera e um conjunto de saúde, ele não teve dúvida: pegou :: Objetiva: Canon 100-400 mm
de objetivas, usados como distração a câmera equipada com a telezoom :: Exposição: abertura f/9,
durante o período dentro do hospital. 100-400 mm e fez o flagrante do tra- velocidade 1/640 e ISO 1250
Godinho avistou pela janela do quar- balhador, que acordou sem saber
to uma construção em que um ope- que se tornara modelo naquele dia.

Mande fotos e ganhe uma bolsa para equipamento fotográfico


Os autores das fotos selecionadas para Paulo (SP), CEP: 05510-900, ou para o e-
publicação na revista receberão uma -mail fotografe@europanet.com.br.
bolsa modelo Fancier, da Greika, para Especifique no e-mail: nome, endereço,
equipamento fotográfico. Para participar telefone, ficha da foto (equipamento,
do “Revele-se”, envie até três fotos, no dados técnicos...) e um breve relato (local,
máximo, em arquivo digital (formato data...). Os arquivos devem ter, no
JPEG), para: Redação de Fotografe mínimo, 13 x 18 cm com resolução de 200
Melhor, Rua MMDC, 121 – Butantã – São a 300 ppi. Evite arquivos muito pesados.
NEGÓCIOS&FOTOGRAFIA
o fotógrafo como empreendedor

O ensaio
newborn é um
dos serviços
oferecidos
pela dupla
Michel e Carol,
que pretende
contar com um
espaço fixo

O QUE CONSIDERAR NA HORA DE


montar um estúdio POR LIVIA CAPELI

dupla Michel Moriyama, 34 anos, Eles pedem a opinião do consultor

A
e Caroline Bertolo, 22 anos, es- de Fotografe, pois gostariam de ter
tão no mercado de fotografia de um panorama sobre a impacto desse
família há cerca de um ano e passo para o negócio deles.
meio. A empresa deles, batizada Outra dúvida da dupla é com rela-
informalmente como Duas Li- ção à inserção de um projeto de re-
nhas Fotografia, trabalha com ensaios tratos pessoais e corporativos no leque
de gestantes, fotografia newborn, ses- de serviços que eles prestam atual-
são smash the cake e cobertura de mente. Michel gostaria de oferecer,
festas infantis. Os ensaios são geral- gratuitamente em um estúdio itine-
Queremos um mente realizados na casa do cliente, rante, retratos usando linguagem au-
espaço para em parques urbanos e esporadica- toral. Seria como uma forma de mar-
mente em um estúdio alugado. keting para atrair novos clientes. Ele
montar um Porém, Michel e Carol querem dar entregaria sem custo algum um re-
estúdio. Será um upgrade nos negócios e preten- trato da pessoa em baixa resolução
o momento dem, ainda no primeiro semestre de
2016, alugar uma sala para montarem
para ser usado em redes sociais – e,
com isso, poderia posteriormente ven-
certo para o juntos um pequeno estúdio. A ideia é der os serviços da dupla conforme a
nosso negócio? poder recepcionar melhor os clientes
e também trabalhar de uma maneira
preferência do cliente. Michel e Carol
querem saber se o investimento nessa
Carol e Michel mais confortável. ideia vale a pena.

24 • Fotografe Melhor no 231


O ESPECIALISTA
RESPONDE
A lex Mantesso aponta que Michel e
Carol apresentam duas questões
bem distintas no negócio deles. A pri-
meira é com relação à necessidade de
ter um espaço físico para o negócio e a
segunda é sobre como captar novos clien-
tes usando um projeto que oferece ser-
viços gratuitos de fotografia.

Apesar das vantagens de ter um espaço


fixo de trabalho, essa é uma questão que
toca em um dos pontos mais relevantes
para o sucesso de um negócio: o custo fixo
mensal. Pois, quanto menor o custo fixo,
maior a rentabilidade para um negócio.
Portanto, locar um espaço é um compro-
mentimento de valor mensal e precisa ser
avaliado com bastante cautela. Alguns em-

Fotos: Duas Linhas Fotografia


preendedores tendem a acreditar que ter
um espaço físico torna o negócio mais con-
fiável. Porém, para alguns públicos-alvo
essa situação não interfere em nada. E, na
realidade, a percepção de credibilidade está
bem mais relacionada ao discurso do que
ao espaço físico em si.

Com relação a atender clientes inte- interessante, porém com alguns pontos a A dupla também
ressados em ensaios de newborn e smash serem observados. A sistemática de fazer oferece cobertura de
the cake, um espaço físico fixo pode ajudar as fotos para conseguir contatos e só pos- festas infantis e
bastante em relação a controle de luz e teriormente oferecer serviços pode ser ensaios de gestantes
montagem e armazenamento de itens da otimizada. A pessoa já está ali, disponível
produção. Em contrapartida, há umapreo- para a câmera, a luz está montada, então,
cupação com o cuidado do ambiente, como por que desperdiçar? Faça um conjunto
higienização e temperatura ideal do lugar. maior de fotos e posteriormente as ofereça.
Também é importante avaliar a disposição É mais fácil a pessoa adquirir algo que está
das mães em se deslocarem até o estúdio vendo do que a promessa de um ensaio ou
com o recém-nascido ou o bebê de 12 me- algo que está imaginando.
ses ou se elas se sentem melhor com a du-
pla indo até a casa delas. Além de considerar Quanto ao ponto levantado de fazer algo
se os clientes valorizam a questão do espaço com seu estilo e posteriormente oferecer
fixo, é importante ter em mente que a busca algo dentro de um conceito do cliente, pen-
deve ser por um local de fácil acesso e com se que as pessoas contratam seu estilo
bastante conforto. junto com a foto. Não dá (ou é muito raro)
alguém demandar a um fotógrafo um en-
Sobre o projeto para captação de clientes saio diferente do que viu no portfólio dele.
potenciais oferecendo serviços gratuitos, Então, tenha em mente vender seu estilo
é uma estratégia de marketing bastante junto com o primeiro ensaio.

O consultor Alex Mantesso, 41 anos, tem Mande suas dúvidas para o e-mail
participe
especialização na área de gestão de fotografe@europanet.com.br com o assunto
negócios para fotógrafos e ministra “Negócios&Fotografia”. As perguntas serão selecio-
cursos. Para saber mais sobre a carreira nadas e respondidas pelo consultor com base na
dele, acesse: www.mantesso.com.br. relevância e interesse para os demais leitores.

Dezembro 2015 • 25
PORTFÓLIO DO LEITOR
mostre seu trabalho

Fotos: Thais Goulart


A paulistana Anna Silveira fez ensaio de uma família islandesa para um workshop da renomada Mary Ellen Mark

Um voucher
para a Islândia POR KARINA SÉRGIO GOMES

Conheça o trabalho da

i
nga, avó da fotógrafa paulistana cher simbólico: “Vale uma viagem ao
fotógrafa paulistana Anna Silveira, 32 anos, sonhava em Polo Norte”. Era para Anna viajar
Anna Silveira, que conhecer lugares frios. Mas, en- para lugares frios e trazer fotos para
quanto seu marido era vivo, viaja- ela ver. O voucher ficou guardado du-
acompanhou o vam apenas para lugares quentes, rante alguns anos. Até que em abril
cotidiano de uma porque ele odiava baixas tempera- de 2013 ela foi buscar no aeroporto
turas. Quando ficou viúva já não tinha a renomada fotógrafa americana
família na terra da mais condições de fazer viagens mui- Mary Ellen Mark (1940-2015), que
cantora Björk to longas e deu para a neta um vou- chegava ao Brasil para um workshop

26 • Fotografe Melhor no 231


A fotógrafa fez imersão
no cotidiano da família
islandesa com o foco
voltado para as crianças

em São Paulo (SP), e no qual Anna


seria sua assistente. “Pegamos o
maior trânsito daquele ano. Foram
cerca de três horas de Guarulhos
até o hotel. Na conversa para matar
o tempo, contei do voucher que mi-
nha avó tinha me dado”, lembra.
Meses depois, em agosto, Mary
Ellen Mark entrou em contato com
Anna e a convidou para fazer de gra-
ça seu workshop na Islândia, que,
além de ser terra da excêntrica can-
tora Björk, costuma ter temperatu-
ras muito baixas. “Por que você não
usa o voucher da sua avó para fazer
meu workshop?”, disse Mary Ellen.
Anna não pensou duas vezes, com-
prou a passagem e seguiu para a
Islândia com o propósito de fazer fo-
tos bem turísticas para mostrar para
sua avó e participar do workshop.
A brasileira, no entanto, não que-
ria apresentar essas fotos de pontos
turísticos para a mentora. Mary
Ellen, então, sugeriu à jovem fazer
um ensaio de crianças e até deu um
jeito para a brasileira acompanhar
o cotidiano de uma família islandesa
que já tinha duas crianças e a mãe
estava grávida de oito meses.

IDIOMA E CÂMERA
Logo de cara rolou uma empatia
entre a brasileira e a mãe, Inga
Johannsdottir, e o pai, Benedikt
Sigurosson. E Anna pediu para ficar
o máximo de tempo com eles: ia ao
mercado com as crianças, às festi-
nhas de amiguinhos, buscava-as,
com a mãe, na escola; participou até
de almoços de domingo com outros
familiares. “Foi uma imersão”, conta.
O contato com as crianças, porém,
foi bem difícil no começo. Como elas
não falavam em inglês, só havia co-
municação por gestos.
A outra dificuldade ficou por con-
ta do equipamento. Anna não estava
acostumada a trabalhar com a Leica
M9 e uma lente 35 mm que tinha pe-

Dezembro 2015 • 27
PORTFÓLIO DO LEITOR

Para realizar o
ensaio, Anna usou
uma Leica M9 que
pegou emprestada
e teve problemas
para se adaptar à
câmera no começo

gado emprestado no trabalho. Era com uma Leica e aconselhou: “Não prou uma M240. O trabalho deu tão
a primeira vez que ela usava a câ- quero te ver na aula amanhã. Você certo que, às vezes,ela é convidada
mera, que tem um sistema de foco vai ficar no hotel trancada até apren- a fazer ensaios de família por conta
diferente do padrão das marcas mais der a trabalhar com a câmera”. dessas fotos. E propõe a mesma
populares. E por isso a maioria das Assim que pegou o jeito, Anna imersão que teve na Islândia. E vá-
fotos estava saindo sem foco. se sentiu mais confiante para voltar rias pessoas topam tê-la em casa
Anna entrou em desespero a ao trabalho de campo e fazer os re- por pelo menos um fim de semana.
ponto de ligar para o Brasil choran- gistros no cotidiano das duas me-
do, dizendo que não sabia fotografar. ninas na intimidade familiar. “Agora Para participar desta seção, envie
Questionou até com Mary Ellen se que aprendi a fotografar com a Leica no máximo dez fotos do seu
serviria mesmo para fotografia. A é um caminho sem volta. Mudou portfólio, em baixa resolução, para o
veterana e experiente fotógrafa ex- e-mail: fotografe@europanet.com.br.
totalmente o meu jeito de fotografar. Serão publicados somente os que
plicou que todo mundo passa por Eu me encontrei”, afirma a fotógra- forem selecionados pela redação, um
isso quando começa a fotografar fa, que depois da experiência com- portfólio a cada edição.

28 • Fotografe Melhor no 231


Shutterstock
TÉCNICA

37retratos DICAS PARA FAZER

A especialidade mais antiga e nobre da fotografia está


presente em todos os segmentos. Aprenda como realizar um
bom retrato com dicas dadas por vários experts no tema

T
odos os segmentos da fotografia valiosas e interessantes para quem quer
passam pelo retrato. Registrar evoluir na arte de retratar.
pessoas, das mais variadas for- Nomes como Marcio Scavone, Luiz
mas e em diferentes situações, Garrido, Juan Esteves e Glória Flügel, re-
faz parte do cotidiano de qualquer conhecidos retratistas de talento e larga
fotógrafo. Mas qual é a receita pa- experiência, falam da técnica e da atitude
ra realizar um bom retrato? Na realidade para fotografar pessoas e ensinam tru-
há muitas e vários livros já foram escritos ques fundamentais. São 37 dicas sele-
sobre o tema. Fotografe também já fez cionadas para fotografar personagens e
muitas reportagens sobre o assunto ao modelos usando principalmente a luz na-
longo dos anos e reúne nas próximas tural. Aproveite este pequeno workshop
páginas uma síntese com as dicas mais via revista e melhore os seus retratos.

Um retrato criativo: formato


horizontal, deixando área para
aplicação de texto, e um corte
ousado no rosto da modelo,
semiencoberto pelo cabelo

30 • Fotografe Melhor no 231


TÉCNICA

O desfoque no fundo
(aqui, um clássico
bokeh) e o foco
perfeito nos olhos
são características
de um bom retrato
Fotos: Shutterstock

FOCO NOS OLHOS se encarrega de selecionar a melhor


1 O mais importante em um re-
mente se a foto foi feita com uma
tele. Uma regra simples para evitar velocidade de disparo.
trato é o foco no rosto e, principal- imagens borradas: a velocidade não
mente, nos olhos. É essencial que PONTO DE AUTOFOCO
você preste atenção neste ponto: se
pode ser menor que a distância focal
usada na lente. Ou seja, com uma 4 Contudo, diafragmas mais aber-
os olhos estiverem desfocados ou 50 mm, no mínimo 1/60s; com uma tos pedem mais atenção ao foco jus-
sem muita nitidez, o retrato se torna 85 mm, 1/90s; com uma 100 mm, tamente por causa da diminuição da
descartável. Portanto, capriche na 1/125s; com uma 200 mm, 1/250s, profundidade de campo. Assim, o nariz
focalização e, após o primeiro clique, e assim por diante. pode estar focado e os olhos não. Um
amplie a imagem no monitor da câ- método eficaz para não errar o foco é
mera e confira se a nitidez dos olhos DESFOQUE DO FUNDO ajustar o ponto AF no centro do visor,
está perfeita. 3 Para retratos, prefira diafrag- apertar o disparador até a metade
mas mais abertos, como f/1.4, f/1.8, para focar os olhos e depois recompor
VELOCIDADE CERTA f/2.8 ou f/4 para diminuir a profun- a cena antes de apertar completa-
2 Quando você tiver certeza de didade de campo e desfocar o fundo. mente o botão de disparo. Também é
que o foco foi feito com precisão, Trabalhar com a câmera no modo possível escolher dois pontos de AF
mas os olhos não apresentam a ni- de prioridade de abertura (Av/A) per- nos cantos superiores do visor e usá-
tidez desejada na imagem, confira mite esse maior controle de desfo- -los para focar os olhos, mas nem to-
a velocidade de disparo, principal- que enquanto o sistema automático das as câmeras têm essa opção.

32 • Fotografe Melhor no 231


TAMBÉM NA HORIZONTAL para retratos é a fixa 50 mm luminosa (no O corte horizontal
5 O corte vertical é o mais clássico e mínimo f/2.8), embora outras também se- também pode ser
correto para um retrato. Mas isso não jam eficientes, como a fixa 85 mm ou a usado em retratos,
principalmente
quer dizer que o corte horizontal não pos- zoom na posição de 70 mm. Lentes gran- quando a ideia é
sa ser usado para incluir algo que tenha des angulares, como 28 mm e 35 mm, de- incluir o cenário
a ver com a personalidade do retratado vem ser evitadas, pois deformam o retra- na composição;
ou para deixar espaço para aplicação de tado quando usadas próximas ao rosto procure posicionar
texto, quando isso for planejado. E, ao dele (a não ser que a intenção seja essa). a pessoa conforme
usar o corte horizontal, não se esqueça Uma teleobjetiva muito longa, como 200 a regra dos terços
da re-gra dos terços e jamais posicione mm ou 300 mm, também pode “achatar”
o retratado no centro do quadro. O ideal demais o rosto do retratado.
é posicioná-lo no terço direito, no sentido
ocidental de leitura. FUGIR DO 3 X 4
7 Mesmo que o retratado esteja bem
DOMÍNIO DO EQUIPAMENTO de frente, olhando para a câmera, peça
6 Conheça muito bem o equipamento para que vire levemente o rosto para a di-
que você usa. Assim, na hora de clicar você reita ou para a esquerda (avalie qual é o
perderá menos tempo fazendo ajustes e melhor lado dele). Isso evita que a foto saia
se preparando. A lente mais recomendada com uma estética de 3 x 4 de documento.

Dezembro 2015 • 33
TÉCNICA
FÓRMULA PARA COMPOR
8 Além da regra dos terços, hà outra
fórmula para uma composição equilibrada
de um retrato, tanto na vertical como na
horizontal: o rácio de Fibonacci. Leonardo
Fibonacci (1170-1250) foi um grande ma-
temático nascido em Pisa, Itália, e sua
criação é uma representação matemática
do design na natureza. Também conhecida
como proporção áurea, o rácio de
Fibonacci foi muita usado por pintores
(como Leonardo da Vinci), escultores e
Fotos: Shutterstock

arquitetos. A representação gráfica é uma


espiral (veja o exemploao lado) que pode
ser usada tanto voltada para a direita como
para a esquerda e tanto para cima como
para baixo. De forma inconsciente, a vista
Dois retratos com cortes diferentes compostos com base no rácio de humana considera agradável uma com-
Fibonacci, criado na Idade Média com base no design da natureza
posição guiada pelo rácio de Fibonacci,
que deu origem à regra dos terços.

LUZ DE REBATEDOR
9 Um jeito simples e barato de dar um
tom mais profissional aos seus retratos
é ter sempre à mão um rebatedor de luz.
O rebatedor pode ser usado em ambientes
externos (para preencher sombras no ros-
to, por exemplo) ou internos (para refletir
a luz de uma janela e clarear a cena, por
exemplo). Há rebatedores redondos, do-
bráveis, fáceis de levar, com faces branca,
prata e dourada. O lado branco também
pode servir como difusor caso haja muito
sol. Até uma simples placa de isopor, quan-
do posicionado de baixo para cima e diri-
gido para o rosto, ajuda a criar uma luz de
efeito no cabelo do retratado e melhora a
iluminação no rosto.

ILUMINAÇÃO DE JANELA
10 Em ambientes internos, usar a luz
que entra por uma janela pode fornecer
uma iluminação sofisticada para o re-
trato, deixando um lado do rosto um pou-
co mais iluminado que o outro (mas sem
sombra, claro). Cabe ao fotógrafo avaliar
o melhor ângulo do retratado e posicio-
ná-lo de forma correta para aproveitar
a luz “filtrada” pela janela.

FECHAR O QUADRO
11 Se por causa de uma condição de
luz desfavorável não for possível usar
um diafragma bem aberto para desfocar
o fundo ou caso não haja uma lente lu-
minosa, opte pela maior abertura e feche

34 • Fotografe Melhor no 231


bem o quadro, ocupando todo o visor com
o rosto do retratado. Evite fazer o enqua-
dramento bem de frente. Sempre enqua-
dre levemente para um dos lados do rosto.
Se não souber como resolver, faça o foco
de frente para a pessoa e depois dê meio
passo para a esquerda ou para a direita,
dependendo de qual seja o melhor ângulo
do modelo. Se não tiver certeza disso,
faça dos dois lados.

OLHO NA LUZ NATURAL


12 Se for fotografar em ambiente ex-
terno, preste atenção nas condições de
luz natural. Dias ensolarados podem ser
problemáticos por causa das sombras for-
tes. Nesse caso, a melhor alternativa é
fazer a foto no início da manhã ou no final
da tarde, quando a incidência de luz é la-
teral. Dias nublados, em geral, oferecem
a melhor luz, pois as nuvens agem como
um difusor natural. Há casos em que você
precisará de um rebatedor ou um flash
de preenchimento para eliminar sombras
no rosto do fotografado.

ESCOLHA DO FUNDO
13 A composição começa com a esco-
lha do fundo. Em locações externas – na
rua, na casa ou no local de trabalho da
pessoa –, a escolha merece atenção rigo-
rosa. "Segundo o mestre Arnold Newman,
Acima, um rebatedor de luz foi usado para eliminar sombras; abaixo,
80% do retrato é arrastar mobília e 20% o fotógrafo ficou no nível dos olhos da criança para fazer o retrato
fotografar. O que é uma verdade", diz o
mestre Marcio Scavone. O fundo ou o ce-
nário pode conter muita informação visual
sobre o retratado e isso deve ser aprovei-
tado. Diante de fundos poluídos, há duas
alternativas: fazer um close e não mostrar
o que está atrás do retratado ou procurar
um lugar de tom neutro, como uma parede,
um muro ou uma porta.

COM CRIANÇA
14 Em retrato de criança, a regra nú-
mero 1 é manter-se na altura dos olhos
dela, abaixando-se ou se for preciso até
se deitando no chão, diz a especialista
Cris Hapen. Uma foto feita de cima para
baixo (mergulho) pode comprometer as
proporções da criança e deixá-la em uma
posição de inferioridade, submissa de-
mais. É o tipo de foto que também com-
bina com o uso de cores e de brinquedos.
Em fundos coloridos, só tome o cuidado
para a criança usar roupas de tons neu-

Dezembro 2015 • 35
TÉCNICA

Fotos: Shutterstock

tros. E não tenha vergonha de brin- ção de direção para gerar esponta- preconceito ou submissão (mas há
car para conseguir momentos es- neidade nos retratados e ficar bem casos em que, muitas vezes, o fo-
pontâneos: use brinquedos, tente atento, com a câmera sempre pronta tojornalista é obrigado a retratar a
bolinhas de sabão, cante, pule... Na para clicar o momento decisivo. cena como forma de denúncia).
hora de clicar, escolha o melhor
horário para a criança: cansaço, A ÉTICA DOS RETRATOS DAR RETORNO
sono ou fome só atrapalham. Boas 16 Vários grandes fotógrafos re- 17 Uma prática comum entre
imagens moram na espontaneida- trataram pessoas nas ruas, abor- muitos fotógrafos é enviar uma foto
de, que só aparece quando a criança dando-as, explicando o que queriam de presente para retratados que
está tranquila e descansada. E seja e conseguindo o consentimento de- encontraram em trabalhos de cam-
muito paciente, sempre. las para uma pose. Pedir para fazer po, seja para documentários, en-
o retrato de uma pessoa comum saios, reportagens ou mesmo para
ESPONTANEIDADE que se encontra em passeios foto- fazer portfólio. É uma forma de
15 Todo fotógrafo é também um gráficos, viagens, documentários agradecer à pessoa que posou para
retratista. Há os que se especializam e reportagens, entre outros, é uma a foto e mostrar que o trabalho é
e se tornam mestres no tema, mas questão ética. Mas a história da fo- sério e comprometido, ou seja, a
qualquer área da fotografia requer tografia e do fotojornalismo tam- pessoa não foi enganada quando
retratos. E o maior objetivo em todas bém está repleta de grandes retra- você explicou por que queria foto-
as áreas é conseguir o retrato mais tos “roubados”, feitos sem que a grafá-la. Anote o endereço da pes-
espontâneo possível. Para isso, o fo- pessoa soubesse e, portanto, sem soa ou e-mail e depois envie uma
tógrafo precisa ser paciente, hábil, o consentimento dela. Cada caso ou mais imagens. É uma atitude
seguro e saber o momento certo de deve ser analisado dentro da cir- ética e cordial.
apertar o botão disparador. Profis- cunstância em que se encontrava
sionais especializados em fotos de o fotógrafo, mas o que deve ser evi- O NÍVEL CERTO
famílias, casais, noivos, gestantes e tado é expor pessoas ao ridículo ou 18 A regra de fotografar ao nível
crianças são unânimes em afirmar de forma humilhante ou ainda como dos olhos que é fundamental em re-
que o fotógrafo deve ter uma boa no- vítimas de violência, sofrimento, tratos de crianças também serve

36 • Fotografe Melhor no 231


A busca da espontaneidade é
um lema para qualquer retrato
em todas as áreas; quanto mais
espontâneo, mais verdadeiro

em conta que a maior parte dos fo-


tografados está acostumada a se
posicionar ou sorrir de um jeito es-
pecífico. Para driblar essa situação,
o profissional deve passar um tem-
po conversando com o retratado
ou, se o tempo for curto, fazer o re-
trato-padrão e, quando perceber
que a pessoa relaxou, começar o
trabalho de verdade.

BUSCAR INFORMAÇÃO
20 Em trabalhos profissionais,
procure conhecer bem o fotografado.
Quanto mais conhecimento, mais
fácil será idealizar uma imagem que
represente a pessoa. Estude o local
onde o retrato será feito, prestando
atenção em detalhes como condi-
ções de iluminação ambiente, pos-
sibilidades de cenário, se há tomadas
para ligar uma cabeça de flash, entre
outros detalhes.
para adultos. Se a pessoa for muito de Fotografe, crítico e fotógrafo es-
alta, vale até subir em um banquinho pecializado em retratos. Para ele, o PASSAR CONFIANÇA
para ficar ao nível dos olhos dela. retrato “que funciona” é o que não 21 Você dificilmente vai conseguir
Caso contrário, com uma tomada fica superficial. Assim, é recomen- uma relação de grande intimidade
de baixo para cima (contra-mergu- dável que a foto seja a mais espon- com o fotografado. Mas isso não sig-
lho), o retrato pode realçar demais tânea possível. Nem sempre se con- nifica que não possa conversar com
o queixo e as narinas. E, se a pessoa segue isso, principalmente levando ele e tentar criar laços de confiança
for muito baixa, também é preciso
se abaixar para não registrá-la em
um ângulo de cima para baixo (mer- Em trabalhos
gulho), que realça a testa e o nariz. profissionais, o
Em casos específicos, em que há fotógrafo deve
passar confiança à
uma mensagem do retrato, uma
pessoa retratada
pessoa retratada de baixo para cima
pode representar poder, autoridade
e comando; já ao contrário, de cima
para baixo, pode transmitir ideia de
fraqueza, submissão e desamparo.

TER REFERÊNCIAS
19 Tenha referências de grandes
retratos na história da fotografia e
de fotógrafos que são mestres no
segmento. Um bom retrato é, antes
de tudo, o que capta a atenção do
espectador. “Essa é a essência do
gênero”, diz Juan Esteves, articulista

Dezembro 2015 • 37
TÉCNICA

Tentar pré-visualizar para um retrato mais sincero. Distrair o para cá, olhe para mim... Não deixe o per-
como será o retrato é retratado intencionalmente pode ser po- sonagem pensar muito e lembre-se de
uma atitude que muitos
sitivo. Peça, por exemplo, para ele limpar que o silêncio tenciona. Crie conteúdo no
profissionais tomam;
e diante de pessoas os óculos ou ajeitar a gravata ou o cabelo. olhar. Toque em assuntos pessoais e afe-
importantes ou A ação pode fazê-lo esquecer que está tivos: pergunte quantos filhos o seu per-
poderosas, mesmo que sendo alvo de cliques e um momento de sonagem tem, se tem bichos de estima-
seja alguém como o descontração pode surgir. ção… As pupilas costumam duplicar de
presidente Barack tamanho quando o assunto é sobre coisas
Obama, o fotógrafo OLHO NO OLHO das quais a pessoa gosta.
não deve se intimidar 22 Caso o personagem seja alguém
importante, não será difícil encontrar re- TENTAR PRÉ-VISUALIZAR
ferências sobre ele. Estude-o. Do contrário, 24 Segundo o expert Marcio Scavone,
busque conversar com amigos e familiares uma das grandes conquistas de um fotó-
para obter informações. Não se intimide: grafo ao fazer retratos é a pré-visualização
por mais importante que seja seu retra- da imagem. É importante sempre se per-
tado, trate-o normalmente e mantenha o guntar o que se pretende com a foto. "A
olho no olho. Procure contar com o mínimo grande dica é ir com uma ideia preconce-
de pessoas ao seu redor durante a feitura bida. Essa é a segurança. Se a inspiração
da foto (no máximo um assistente), pois não pintar na hora, o fotógrafo parte para
gente demais atrapalha a concentração aquilo que pensou antes", ensina. Porém,
do fotógrafo e intimida o fotografado. o mais comum é chegar com uma ideia
pronta e, na hora, pensar em outra coisa,
MANTER A COMUNICAÇÃO diz ele.
23 Converse sobre assuntos leves do
dia a dia, ensina o mestre Luiz Garrido. FIRMEZA NAS DECISÕES
Não provoque conversas com temas difí- 25 Mostrar firmeza nas decisões e
ceis. Fale o tempo todo durante a sessão, transmitir confiança para o retratado
mas sem ser chato. Dê comandos: vire são quesitos fundamentais. “As reações

38 • Fotografe Melhor no 231


Fotos: Shutterstock
do fotógrafo refletem na pessoa TRANSMITIR EMOÇÃO Toda pessoa sempre
que está diante da câmera. O fo- 27 A especialista Glória Flügel diz tem um melhor ângulo
tógrafo sempre põe um pouco de que para fazer um bom retrato é pre- para ser retratada; o
fotógrafo deve analisar
si no retrato. Se ele começar a ex- ciso ter capacidade de se colocar no isso com atenção
perimentar, sem saber ao certo o lugar do outro. “A foto precisa trans-
que fazer, a pessoa vai ficar cada mitir emoção, o olho do modelo deve
vez mais insegura", garante Marcio ter conteúdo, um certo brilho, não pois, faça a escolha junto com o re-
Scavone. Na hora de dirigir o re- pode ter sentimento inventado. E tratado”, diz. Em alguns casos, um
tratado, ele ressalta que é preciso você consegue arrancar isso por leve movimento na cabeça (para baixo
ter paciência e ser cordial. “Não meio de gestos e olhares, como os ou para cima) poderá evidenciar o
dá para pedir para a pessoa sair atores fazem”, diz ela, que deve parte melhor ângulo do retratado. A dire-
fazendo poses e expressões. O fo- da sua experiência ao teatro, que a ção do penteado da pessoa, o movi-
tógrafo deve induzi-la para conse- fez trabalhar melhor com as emo- mento da boca e o jeito de sorrir po-
guir o que pretende”, ensina. ções das pessoas e aperfeiçoar as dem dizer muito sobre o lado do rosto
técnicas para retrato. com o qual ela mais se identifica.
ESCOLHA DA LUZ
26 Em relação à iluminação, O MELHOR ÂNGULO EXPRESSÃO NATURAL
Scavone tenta aproveitar ao máximo 28 A retratista Glória Flügel en- 29 Peça movimentos rápidos, co-
a luz natural e, se for necessário, sina que é preciso observar qual o mo olhar para o lado e voltar a olhar
apenas complementa a luz ambiente lado do rosto do retratado é mais “lu- para a câmera. Fotografe antes do
com rebatedor ou flash, e de forma minoso e expressivo, se existe algum modelo terminar a pose. A expressão
que o efeito fique imperceptível. "A pequeno defeito de simetria e o que é mais natural no instante do movi-
opção pela iluminação gira em torno pode ser melhorado com maquia- mento, diz Glória Flügel. Outra dica
da luz natural: se é dura ou suave, o gem”. Observe o melhor ângulo do da especialista: diante de modelos
ângulo de incidência, se é lateral ou seu modelo, diz ela. “Há sempre um “travados, incentive-os a fazer um
contraluz... Ao fazer essa escolha, o lado dos olhos que é mais doce e discurso, mesmo que sem nexo, ou
fotógrafo começou o trabalho, pois amoroso e outro que é mais frio. Na a declamar um poema, os versos do
já é interpretação do retrato”, diz. dúvida, fotografe os dois lados e, de- hino nacional ou fazer de conta que

Dezembro 2015 • 39
TÉCNICA
Usar apoio para os braços ou
pensar em uma pose com os
braços apoiados são dicas para
deixar a pessoa mais à vontade

sempre aparecer. Faça ainda mui-


tas variações de enquadramento
durante o ensaio. Fundos brancos
são sempre infalíveis.

CUIDE DA POSTURA
32 Cuide da tensão da coluna cer-
vical do seu retratado. A maioria das
pessoas tende a tencionar essa re-
gião e acaba não percebendo, e no
retrato isso fica evidente. Se for o ca-
so, peça licença e faça uma massa-
gem nos ombros para “desmontar”
Fotos: Glória Flügel

essas tensões. A postura do retratado


deve ser cuidada pelo fotógrafo. Se
o retratado estiver sentado em uma
poltrona muito macia, de maneira
que pareça afundado, coloque uma
almofada para que ele se sente em
rege uma orquestra. “Você vai ver cima e fique numa postura melhor.
como funciona e descontrai o per- E, ao fotografar uma pessoa de corpo
sonagem”, assegura ela. Segundo inteiro, cuidado para que ela não pa-
Glória, o fotógrafo de retratos deve reça encurvada caso tenha essa ten-
se dividir em dois: um que fica sem- dência. Peça para que levante as duas
pre com os olhos na câmera e outro mãos como se fosse pegar algo no
que faz uma investigação minuciosa teto, de forma a alongar a coluna, e
do rosto e corpo do modelo. peça uma postura ereta.

CORPO INTEIRO QUESTÕES ESTÉTICAS


30 Fazer um retrato de corpo in- 33 Alguns truques para trabalhar
teiro da pessoa não é uma tarefa fácil. com questões estéticas do rosto:
O truque, segundo Glória Flügel, é para um queixo delicado, faça o re-
pedir para que a pessoa dê dois pas- tratado virar para a câmera em vez
sos para frente e depois um para de ficar imóvel (isso fortalece a linha
trás. Clique no primeiro passo. Esse do maxilar); para olhos fundos, erga
movimento rende as fotos mais es- a câmera, pois isso força o olhar para
pontâneas, assegura a especialista. cima (funciona também com papos
de meia-idade); para calvície ou calos
APOIO PARA OS BRAÇOS ralos, abaixe levemente a câmera e
31 Se for o caso, coloque um apoio faça a pessoa se virar para a foto (e
para as mãos e os cotovelos à frente evite uso de luz na cabeça). Para pes-
do seu retratado, ensina Glória. Um soas de nariz avantajado, evite fotos
cubo de madeira alto ou o encosto de perfil (isso dará ênfase ao nariz)
de uma cadeira pode ser um valioso e posicione a câmera em uma visão
truque para o modelo interagir e con- de três-quartos ou com o modelo
Shutterstock

ter os gestos. Para retratos com fi- olhando diretamente para ela. Peça
nalidade de trabalho (como para para que a pessoa levante um pouco
campanhas publicitárias ou políticas), a cabeça. A visão três quartos dá um
Em retrato de corpo inteiro, o truque use a técnica do enquadramento for- pouco mais de profundidade à ima-
do caminhar gera bons resultados mal e clássico: os ombros devem gem sem destacar o nariz. 4

40 • Fotografe Melhor no 231


Fotos: Shutterstock
Retratos em P&B ainda são vistos
como mais sofisticados e têm mais
A CLASSE DO P&B com o dedo. Para isso, você deve ter
valor no mercado de fine art
34 Até que o filme colorido se tor- a habilidade para clicar apenas com
nasse popular (lá pelos anos de 1970), a mão direita e usar a esquerda para
o P&B dominava a fotografia. Mas movimentar o dedo indicador e pedir
até hoje, mesmo na era digital, um para que a pessoa olhe para ele.
retrato em P&B é visto como uma
imagem nobre e é bastante valori- QUEBRAR AS REGRAS
zado como fine art. Foco com extre- 36 Em retratos mais criativos e
ma precisão e exposição corretíssima dependendo do personagem, você
são fundamentais para um retrato pode quebrar as regras, como re-
de sucesso em P&B. Mas o grande tratar a pessoa de cima para baixo,
segredo está na iluminação, que deve de baixo para cima, de perfil, apenas
gerar sombras e contrastes na me- a metade do rosto, em close bem fe-
dida certa. Muitos fotógrafos de re- chado com foco seletivo... A única re-
nome usam apenas uma cabeça de gra que deve ser mantida é o perfeito
flash de estúdio (com uma sombri- foco nos olhos. Esta, num bom re-
nha ou um hazy), posicionada na la- trato, não deve ser quebrada nunca.
teral do modelo, para conseguir a
dosagem certa de luz, sombra e con- SEM VER A FOTO
traste. Mas é possível fazer um bom 37 Em uma sessão de retratos
retrato em P&B com luz natural ou profissionais, seja qual for a área,
com a ajuda de um flash dedicado. não deixe o retratado ficar olhando
A dica é uma iluminação levemente o resultado a cada foto que você faz.
lateral que gere um bom contraste. Isso quebra o fluxo do ensaio e serve
apenas para alimentar inseguranças.
DIRIGIR O OLHAR Você deve ter o comando das ações,
35 Um jeito simples de fazer com mesmo que o fotografado seja seu
que a pessoa não fique olhando di- cliente. Só mostre no final e apenas
retamente para a câmera é dirigi-la as que considerar realmente boas.

42 • Fotografe Melhor no 231


PÓS-PRODUÇÃO
truques para depois do clique

A pele do recém-nascido é muito macia e aparentemente perfeita, mas algumas têm manchas avermelhadas

COMO TRATAR A PELE DO


recém-nascido POR LIVIA CAPELI

L
aura Alzueta é uma expert quan- o surgimento de brotoejas e até a cha-
Aprenda em oito do o assunto é fotografia de new- mada acne neonatal, problemas que
born. Com mais de 400 bebês cli- atingem 30% dos bebês e que podem
passos como cados na carreira, a fotógrafa comprometer a beleza do registro, fi-
deixar a pele conta que, apesar de a pele do cando evidentes nas fotos.
dos bebês mais bebê parecer perfeita, ela, em Para resolver, Laura realiza um a um
geral, pode ter tons mais avermelhados, o tratamento de imagem de maneira
homogênea, livre principalmente na região dos pés, mãos muito sutil no Photoshop. Segundo a es-
de manchas e pálpebras. E isso requer um ajuste du- pecialista, é possível eliminar vermelhi-
rante a pós-produção. dão, brotoejas e criar um tom de pele
avermelhadas Há ainda um descamamento natu- mais “cremoso” com os oito passos dados
e de nascença ral que ocorre com a maioria dos bebês, que ela ensina a seguir.

44 • Fotografe Melhor no 231


Da foto da gravidez ao
ensaio do recém-nascido
Graduada em

Autorretrato
Publicidade e
Propaganda, a
fotógrafa Laura
Alzueta, 53 anos, é
uma especialista em
newborn. Atenta aos
detalhes, as imagens
que produz remetem
sempre a uma
expressão simples e
orgânica e se
destacam por ela só
usar a luz natural.
Muitas poses
remetem ao bebê
ainda dentro do
útero, numa suave combinação de
luz, acessórios e reações
espontâneas que ocorrem a cada
vez que um novo bebê é
fotografado. Ela também ministra
workshops sobre a técnica de
fotografar os recém-nascidos e é
Fotos: Laura Alzueta

uma das sócias-fundadoras da


ABFRN (Associação Brasileira de
Fotógrafos de Recém-Nascidos).
Para saber mais, acesse:
www.lauraalzueta.com.br

Para aprimorar o
trabalho, Laura Alzueta
usa alguns truques na
pós-produção e obtém
imagens delicadas

45
PÓS-PRODUÇÃO
resultado final

Acima, o resultado após a edição:


suavização de manchas
avermelhadas e a correção de tons
de pele; ao lado, a foto antes do
tratamento feito por Laura Alzueta

foto original

Abra no Photoshop a imagem e duplique a camada com Dentro da caixa de ferramentas, acesse Spoot
1 Ctrl+J (no PC) ou Comd+J (no Mac). A opção Opacity 2 Healing Brush Tool (ícone de band-aid) e elimine
deve estar em 100%. Por segurança, crie na caixa History uma a uma as imperfeições da pele do recém-nascido,
um novo snapshot salvando as ações realizadas. Escolha como a acne neonatal. Nessa etapa, é importante que
a ferramenta Clone Stamp e copie o fundo da manta as opções de ferramenta estejam selecionadas em Mode:
completando a parte em cinza no canto esquerdo superior. Normal e Content Aware.

46 • Fotografe Melhor no 231


Para suavizar manchas de nascença, escolha a Suavize as áreas escuras próximas aos olhos do bebê
3 ferramenta Patch Toll, sendo que as opções devem 4 usando a ferramenta Brush Tool. É essencial que as
estar clicadas em Patch: Normal e Source. Selecione com opções dessa ferramenta estejam selecionadas em modo
a ferramenta Patch Tool a área da pele com a mancha, normal e a opacidade esteja em 20%. Selecione uma área
segure a seleção pressionando o mouse e arraste para que esteja mais clara e perfeita próximo à região escura
uma área boa próximo à mancha. Isso suavizará a região dos olhos da criança e copie para a parte escurecida
por meio da transferência de áreas. pressionando com o botão do mouse para realizar a ação.

Para ressaltar a região dos olhos do bebê, assim Enfatize a linha dos olhos fechados do bebê com a
5 como os cílios, selecione a ferramenta Dodge Tool 6 ferramenta Burn Tool e, na opção Range, altere
dentro da caixa de ferramentas. Pressione com o mouse para Shadows com a opção Exposure em 11%. Essa
sobre o local para criar o efeito. ferramenta irá funcionar como se fosse uma máscara
delineadora de olhos. Em seguida, faça o mesmo
processo com o contorno da boca do bebê.

Com o laço tool selecione as regiões avermelhadas da Junte as camadas na opção Layer > Flatten Image.
7 pele do bebê (plantas dos pés, pálpebras...). Em 8 Aplique Actions para deixar a imagem com a
seguida, vá em Image > Adjustments > Hue/Saturation, e tonalidade da pele do bebê ainda mais homogênea. Laura
escolha o canal green. Com o conta-gotas, clique na região indica o site http://bit.ly/1Fiso2o para quem quiser
avermelhada selecionada na foto. Na opção Lightness, comprar plugins do Photoshop. Aqui ela usou a Action
diminua linearmente a intensidade do tom do vermelho. Creamy Tones com a opacidade em 30%.

Dezembro 2015 • 47
TESTE
mirrorless
Fotos: Diego Meneghetti
50 mm, ISO 5000, 1/40s, f/2.0

Um dos destaques da mirrorless full frame é a alta qualidade de imagem, mesmo em sensibilidade ISO elevada

Sony A7R II
QUALIDADE CUSTA CARO
POR DIEGO MENEGHETTI

A
A câmera sem lguns fabricantes e fotógrafos mais de 42 megapixels sem filtro passa-baixa
resistentes podem discordar, mas (OLPF), disparo contínuo de 5 imagens
espelho tem essa câmera sem espelho da Sony por segundo, grava vídeos em 4K 30p
sensor full frame é a prova definitiva de que o seg- (ou full HD 60p), oferece sensibilidade
de 42 MP, grava mento mirrorless está maduro o ISO entre 100 a 25.600 (expansível para
suficiente para partilhar o mercado 50 e até 102.400), vem com wi-fi embu-
vídeos em 4K de fotografia profissional com as DSLRs tido para diversas funções, o corpo é ul-
e fotografa com – ou, talvez, até substituir as câmeras trarresistente e há botões de atalho em
reflex em algum momento. quantidade suficiente para qualquer
ISO 102.400. A Alpha A7R II deixa pouco espaço uso em fotografia: seis modos de ope-
Veja a avaliação para críticas: tem um sensor full frame ração personalizada (sendo dois deles

50 • Fotografe Melhor no 231


A7R II equipada
com a telezoom
FE 70-200 mm
f/4: conjunto caro
e muito eficaz

Outro aspecto positivo da A7R II é o


sistema de foco automático que funciona
de maneira híbrida (por fase e contraste):
utiliza 399 pontos e é muito bom. É possível
optar entre área grande, zona, centro,
ponto flexível (normal e expandido) e ras-
no disco), quatro controles personali- treio AF. Esse último modo é especial-
zados e outras oito teclas que podem mente eficaz, o melhor que Fotografe já
ter a função ajustada. avaliou. Infelizmente, a lente usada da
Além dos atributos físicos, a A7R II é câmera pode reduzir o desempenho do
a primeira full frame do mercado a usar sistema. Por outro lado, a A7R II é uma
retroiluminação no sensor (BSI-CMOS), das poucas câmeras avançadas da atua-
o que melhora o aproveitamento de luz e lidade a oferecer o recurso de Focus
resulta em melhor qualidade de imagem, Peaking, uma ajuda e tanto para a foca-
ou seja, menos ruído e maior nitidez mes- lização manual, tanto para o modo de foto
mo com uma contagem tão grande de pi- quanto para o de vídeo e que funciona
xels. Durante o teste de Fotografe, essa com a maioria das lentes.
vantagem pôde ser comprovada (veja o O lado negativo é o preço. Mesmo no
quadro qualidade de imagem). exterior, o corpo da A7R II custa mais do
O maior apelo da mirrorless são as di- que uma Canon EOS 5D Mark III, por exem-
mensões reduzidas. Como não tem es- plo. Na loja oficial da Sony Brasil, a A7R
pelho, o tamanho do corpo e das lentes é II é vendida por R$ 19,8 mil, só o corpo.
menor do que as análogas do mundo re- No exterior, o modelo custa cerca de US$
flex. Em contrapartida, o visor da A7R II 3,2 mil (US$ 700 a mais do que a 5D Mark
precisa ser eletrônico, o que até dá para III). Mas é importante ressaltar que, na
se acostumar, embora ainda não tenha maioria dos aspectos, a câmera da Sony
o conforto do visor óptico e aumente con- oferece mais do que a full frame da Canon
sideravelmente o consumo da bateria. – só perde na fama. Pode acreditar.

Dezembro 2015 • 51
TESTE
mirrorless
BOTÕES PERSONALIZADOS
A câmera tem ótima oferta de
botões de atalho para as principais
ARMAZENAMENTO regulagens de exposição e acesso a
Como todas as recursos. Há quatro teclas de uso
câmeras da Sony, a personalizado e outras oito podem
A7R II é compatível ter sua função ajustada
com cartões SD ou
MemoryStick Duo

LENTES DISPONÍVEIS
Atualmente há apenas 11
PONTO NEGATIVO modelos de objetivas totalmente
A estimativa de vida útil para compatíveis com o padrão
uma carga de bateria é de mirrorless full frame. É possível
apenas 290 disparos, culpa aumentar a oferta com
da energia gasta por monitor adaptadores e modelos de
e visor eletrônicos outros fabricantes

52 • Fotografe Melhor no 231


Outro aspecto
negativo é a posição
do botão REC, na
EMPUNHADURA lateral direita do
Mesmo com o corpo corpo. Nesse local,
pequeno, a mirrorless ele fica sob a mão
oferece uma “pegada” do usuário e, para
confortável acioná-lo, é preciso
tirar a mão da
empunhadura

O obturador da
full frame chega à
velocidade de
1/8000s e tem

Fotos: Diego Meneghetti


vida útil estimada
em 500 mil ciclos

O monitor da A7R II tem


3 polegadas e é inclinável
(para cima e para baixo),
mas não tem recurso
touchscreen. Pela tela é
possível checar o foco
manual (por meio de Focus
Peaking) e a exposição
(pelo histograma e pelo
padrão de zebras)

POUCAS E BOAS
Na lateral do corpo, há só quatro
conexões, para microfone e fone
de ouvido, USB, mini-HDMI; a
A7R II ainda tem wi-fi embutido

Acima, destaques do sistema: menu principal, configurações gerais e opções para a conexão wi-fi

Dezembro 2015 • 53
TESTE
mirrorless
Lente 50 mm f/1.4, feita
para câmeras DSLRs da
Sony, montada com
adaptador na A7R II

ESPECIFICAÇÕES
:: Sensor: full frame (35,9 x 24 mm) de 42 MP Diego Meneghetti
:: Resoluções: 5.168 x 3.448, 3.984 x 2.656
(full frame 3:2), 5.168 x 3.448, 3.984 x 2.656,
2.592 x 1.728 (APS-C 3:2), 7.952 x 4.472,
5.168 x 2.912, 3.984 x 2.240 (full frame 16:9),
5.168 x 2.912, 3.984 x 2.240, 2.592 x 1.456
(APS-C 16:9)
:: Monitor: móvel de 3 polegadas (1,2 MP)
:: Visor: eletrônico (2,3 MP)
:: Cartão de memória: SD/SDHX/SDXC ou
MemoryStick Duo/Pro Duo/Pro-HG Duo
:: Objetiva: encaixe Sony E
:: Processador: Bionz X
:: Arquivos: RAW (ARW), JPEG, RAW+ JPEG
:: Perfis de cor: sRGB, Adobe RGB
:: Sensibilidade ISO: auto, 100 a 25.600
(expansão para 50 e até 102.400)
:: Equilíbrio de branco: automático, luz do
dia, incandescente, fluorescente (quatro tipos),
nublado, flash, subaquático, personalizado
(três tipos) e Kelvin
Adaptador para a limitação
ma das limitações da mirrorless avaliado por Fotografe nesta edição.
:: Velocidades: 1/8000s a 30s + bulb
:: Flash embutido: não tem U full frame da Sony é a linha de
lentes própria desse padrão, deno-
Com lentes FE, a A7R II chega ao
melhor desempenho, principalmen-
:: Sincronismo de flash: 1/250s
minada Sony FE. Atualmente, há te no foco automático.
:: Autofoco: 399 pontos AF
apenas 11 modelos em linha (quatro Como essa família de lentes
:: Medição de luz: multi, centro e ponto
deles foram lançados em 2015), um tem o mesmo encaixe das objetivas
:: Modos de exposição: automático, manual, dos quais a 70-200 mm f/4 G OSS, para câmeras APS-C mirrorless
prioridade de abertura, prioridade de velocidade,
programa, usuário (seis slots), cenas (nove
tipos), panorama
:: Disparos contínuos: 5 ims
:: Alimentação: bateria NP-FW50 (290
disparos)
:: Conexões: USB 2.0, mini-HDMI, fone de
ouvido, microfone, wi-fi com NFC
:: Dimensões: 127 x 96 x 60 mm
:: Peso: 625 gramas

VÍDEO
:: Resolução máxima: 3.840 x 2.160,
1.920 x 1.080, 1.440 x 1.080, 640 x 480
:: Taxa de quadros: 30p, 25p, 24p (4K), 60p,
60i, 24p (full HD), 30p (VGA)
Divulgação

:: Compactação: ND
:: Microfone: estéreo
:: Arquivos: MPEG-4, AVCHD, XAVC S

PREÇO OFICIAL
Adaptador LA-EA4, de encaixe E, que
:: R$ 19,8 mil (só corpo)
permite usar lentes de montagem Sony A na
A7R II e em outras câmeras full frame

54 • Fotografe Melhor no 231


da marca, padrão Sony E, todas as
15 lentes da antiga linha NEX po-
dem ser aproveitadas na A7R II.
Qualidade da imagem
Nesse caso, a câmera faz um corte A opção da Sony em não usar ruído digital, o desempenho da A7R
na área útil do sensor, reduzindo o filtro passa-baixa no sensor da II se aproximou bastante da Nikon
a resolução para 18 MP. A7R II pode ser comprovada no D810, mesmo com a grande dife-
Para lidar com a família ainda gráfico de nitidez relativa de ima- rença na contagem de pixels entre
pequena de objetivas de encaixe gem. Mesmo com uma lente longa, as duas câmeras. Nesse caso, a
E, a Sony dispõe de adaptado- a nitidez se manteve ótima no cen- boa avaliação da A7R II é resultado
res para lentes de outros tro da imagem. Na avaliação do do sensor retroiluminado.
formatos, como Alpha
DSLR/DSLT (tanto APS- NITIDEZ RELATIVA DE IMAGEM - MTF50 - MÁXIMO: 5.304 lw/ph (42 MP)
C quanto full frame), de 87 %

ÓTIMA
encaixe A, o que aumenta a ABERTURA
oferta em mais de 35 lentes. O mo- MAIS NÍTIDA
delo LA-EA4 (custa US$ 350 no ex-
f/8
BOA
terior) é compatível com todas as
câmeras de encaixe E e dá total su- em 70 mm

MÉDIA
porte a controle de abertura de dia- 4.614 lw/ph
fragma, foco automático e outros BAIXA
recursos eletrônicos.
ABERRAÇÃO CROMÁTICA
Há adaptadores de outros fabri-
MÍNIMA

cantes com maior abrangência, co- f/4 f/5.6 f/8 f/11 f/16

mo o Metabones Smart Adapter 0,04


DISTÂNCIA FOCAL EQUIVALENTE ÁREA DA LENTE
Mark IV, que possibilita, por exem- 0,06
BAIXA

70 mm 135 mm 200 mm centro periferia


plo, acoplar lentes Canon EF no cor- 0,08
po da Sony A7R II (custa US$ 400 no
MODERADA

exterior). Há também lentes feitas


por outros fabricantes, como Zeiss OBJETIVA TESTADA
e Rokinon, como as bem avaliadas FE 70-200 mm f/4 G OSS
Zeiss Batis 85 mm f/1.8 e 25 mm f/2
(que custam em torno de US$ 1,2
mil, cada, no exterior). FIDELIDADE CROMÁTICA Com ajustes neutros, a imagem

SATURAÇÃO MÉDIA DE 9% registrada teve desvios apenas


em tons de amarelo

Avaliação final ALCANCE DINÂMICO RAW JPEG

O QUE SE DESTACA
Alta contagem de pixels; corpo
pequeno e resistente; recursos
10,1 EV
FOTO EM JPEG,
12

ISO 100 10,5


avançados em vídeo (4K)
Quanto mais EV, mais
PODIA SER MELHOR detalhes a imagem tem
Poucas lentes disponíveis para o
formato; preço alto SENSIBILIDADE ISO 100 200 400 800 1.600 3.200 6.400 12.800 25.600 51.200

Sony A7R II Nikon D810


RUÍDO DIGITAL
ENGENHARIA E DESIGN
14/15
A partir daqui, as
RECURSOS ACEITÁVEL ATÉ fotos precisam de
14/15 redução de ruído
DESEMPENHO
23/25
ISO 6.400
QUALIDADE DE IMAGEM
23/25 Quanto mais alta a curva,
CUSTO-BENEFÍCIO mais ruído há na imagem
16/20
METODOLOGIA DO TESTE: Fotografe usa o software Imatest em seus testes com câmeras e lentes. Confira
TOTAL 90/100 os parâmetros adotados nas avaliações em www.fotografemelhor.com.br/metodologiadostestes.

Dezembro 2015 • 55
TESTE
equipamento
A Wacom Intuos
Photo funciona
com a precisão
da caneta e
também como
um touchpad

Fotos: Diego Meneghetti


Wacom Intuos
TRATAMENTO COM PRECISÃO
POR DIEGO MENEGHETTI

R
Mesa digitalizadora ealizar o tratamento de foto mesas, a Intuos, em que o preço é um
da Wacom tem boa por meio de uma mesa digita- dos destaques: isso porque geral-
lizadora é uma boa adição ao mente o valor das mesas digitaliza-
precisão e resposta workflow do fotógrafo. Os ajus- doras inviabiliza o uso por fotógrafos
sem atrasos. Mas tes tornam-se bem mais pre- iniciantes ou entusiastas. A Intuos
cisos e o controle da imagem Photo, avaliada por Fotografe, tem
poderia ser maior fica, literalmente, na mão do fotógra- preço sugerido de R$ 619. No exterior,
fisicamente em vez fo, que manipula uma caneta com custa US$ 100.
de oferecer um sensibilidade a pressão, em vez do A mesa é bem simples, com uma
mouse, que é mais “seco”. A Wacom, superfície opaca sensível a caneta
pacote de softwares marca referência nesse segmento, (que não tem alimentação), diferen-
pouco úteis. Confira trouxe ao Brasil uma família de novas temente da Wacom Cintiq, em que a

58 • Fotografe Melhor no 231


A mesa tem tamanho médio
que limita um pouco o uso do
periférico: a área útil é
apenas na parte pontilhada

ESPECIFICAÇÕES

:: Conexões: USB ou wi-fi (via


adaptador)
:: Dimensões: 210 x 170 mm
(área útil de 152 x 95 mm)
:: Compatibilidade: Windows
8/7/ Vista/XP e Mac OS X
:: Recursos: caneta com 1.024
níveis de pressão; touchpad
:: Resolução: 2.540 lpi
PREÇO OFICIAL
:: R$ 619
Configuração dos dois botões disponíveis na caneta (à esq.) e da área útil da tela (à dir.)

superfície é um monitor que espelha a


tela do computador e a caneta traz vários
recursos. Por isso, parte do custo da
Intuos vem dos softwares inclusos no pa-
cote, que é a variante dos modelos dis-
poníveis na família (os modelos são
Comic, Art, Draw e Photo). A versão para
fotógrafos inclui os programas Corel
PaintShop Pro X8 e Aftershot Pro 2 (para
Windows) e o pacote Macphun Pro (ape-
nas para OS X). Como nesse segmento o
pacote Adobe é praticamente unanimi-
dade, felizmente, a mesa também fun-
ciona com o Lightroom e o Photoshop,
quando ela adquire a melhor interface.
Além da caneta, uma das vantagens
da Intuos Photo é que a superfície é sen- Nos cantos superiores, há quatro teclas com função personalizada

Dezembro 2015 • 59
TESTE
equipamento

Acima, tela de
configuração dos
Mesa e touchpad botões adicionais
para Lightroom (à
A Intuos Photo também é sensível esq.) e pincéis
ao toque com os dedos, funcionando especiais do
como um grande touchpad. O recurso
é bem-vindo, embora seja menos Photoshop com
sensível do que o original do sensibilidade a
notebook e tenha, claro, menos pressão (à dir.),
precisão do que o uso da caneta. que facilitam o
O ponto negativo é que, tanto para tratamento da
a caneta quanto para os dedos, a foto (ao lado)
superfície não é tão grande assim. A
própria mesa é pequena, o que deixa
15,3 x 9,5 cm de área útil. Se fosse
maior, a mão teria mais apoio nas
bordas e o controle seria mais
preciso. A função touch é compatível
com multitoque, o que possibilita
usos com vários dedos para ampliar,
rotacionar, mover ou mesmo “clicar”.
Cada gesto com os dedos pode ser
configurado no software da Wacom. sível ao toque dos dedos, funcionan- para cada software. No Lightroom,
do como um grande touchpad. por exemplo, a mesa ajuda muito no
processo de clarear ou escurecer
BOA INTERFACE áreas (dodge and burn), com a fer-
A Intuos Photo é ligada ao com- ramenta Pincel de Ajuste.
putador via USB (há um acessório, Já no Photoshop, software mais
vendido à parte, que torna o perifé- apto para tratamentos específicos
rico compatível com wi-fi) e tem ins- e manipulações profundas, a mesa
talação bem simples. Após baixar o adquire mais utilidade. É possível
driver atualizado do site da Wacom, definir diferentes pincéis especiais,
a mesa já fica disponível para uso que diferem no tipo de “cerdas”, na
em todo o sistema. pressão da caneta na mesa e no ân-
Por padrão, a Intuos funciona de gulo em que ela é usada.
maneira análoga ao mouse, como A Intuos Photo oferece ainda qua-
ponteiro. A caneta substitui o mouse tro teclas (ExpressKeys), posiciona-
para qualquer ação e traz dois botões das no topo da mesa, que podem ser
que podem ter a função personali- configuradas como atalhos às fun-
zada. Nas configurações da mesa, ções frequentes, o que aprimora ain-
é possível definir usos específicos da mais o uso do periférico.

60 • Fotografe Melhor no 231


Cabeça Criativa
ESTÚDIO

Pin-up maternity
UM ENSAIO DE GESTANTE DIFERENTE
Veja como o fotógrafo Newton Medeiros tem inovado suas
produções para sessões de grávidas apostando no estilo vintage
POR LIVIA CAPELI

N
ada de corações desenhados no exímio trabalho de cabelo e maquiagem
corpo da gestante ou sapatinhos que remetam ao look retrô, assim como
do bebê sobre a barriga da futura fundos com cores fortes e contrastadas,
mamãe. Embora essas ideias um bom processo de tratamento de
ainda rendam boas imagens, o imagem, além de resgatar o lado sen-
fotógrafo Newton Medeiros vem sual e brincalhão de cada grávida na
se aventurando em uma iniciativa mais hora de dirigir a cliente.
ousada para dar um upgrade nos tra- Para quem quer inovar no segmento
dicionais ensaios de grávidas que faz de book de gestante, o trabalho ino-
em seu estúdio em São Paulo. vador de Newton Medeiros pode
No estilo pin-up maternity, a aposta servir de uma boa inspiração.
é investir em uma boa produção e um Acompanhe as dicas.

62 • Fotografe Melhor no 231


Newton Medeiros

Do fundo poá a lingerie vintage


passando pela fita de cetim no
cabelo: é possível criar um aspecto
retrô usando produções atuais

Dezembro 2015 • 63
ESTÚDIO
A gestante precisa
entrar na brincadeira,
e a expressão facial conta
muito para que o resultado
fique satisfatório

MANUAL DA PIN-UP
Cabelo vintage, boca coberta com
batom de cores fortes e uma postura
provocante, porém com algo de in-
gênuo, estão no manual da mamãe
que deseja incorporar a pin-up em
seu ensaio de grávida.
Newton esclarece que para
transformar uma cliente em uma
musa dos anos de 1940 é preciso
que a gestante tenha bastante de-
senvoltura, expressão e atitude
para o resultado ser satisfatório.
Ele diz que é importante que o
fotógrafo interessado nesse tipo de
trabalho estude muito bem os ges-
tos usados pelas garotas nas ilus-
trações pin-ups para saber como
dirigir as modelos e, assim, conse-
guir poses genuínas.
Espanto, surpresa, alegria, se-
dução, charme, delicadeza, enfim,
os mais variados rostos devem fazer
parte do contexto. A expressão facial
conta muito nesse aspecto (veja di-
cas no box da página ao lado).
Outro segredo fundamental pa-
ra esse tipo de sessão está rela-
cionado ao trabalho de cabelo e
maquiagem, que deverá ser rea-
lizado por um profissional expe-
riente e habilitado.
“A aposta é basicamente inves-
tir em fitas no cabelo e, em alguns
casos, pode-se variar com o uso
de flores. A gestante também não
precisa ter necessariamente o ca-
belo comprido. A dica é fazer to-
petes e enrolar as pontas do cabelo
com o uso de aparelho babyliss”,
diz Daniela Santos, make up e hair
do estúdio de Newton.

ESTILO RETRÔ
Como a ideia do fotógrafo é fazer
uma releitura do estilo pin-up, ele
não tem a preocupação de realizar
uma cópia fiel dos modelitos usados
pelas musas daquela época (mesmo

64 • Fotografe Melhor no 231


Boca, cintura e bumbum são
evidenciados no Photoshop,
assim como a pele deve ser “de
boneca” para tornar o trabalho
próximo ao estilo das pin-ups

porque é muito difícil encontrar no


mercado esse tipo de traje, em es-
pecial para grávidas). Portanto, o in-
vestimento de Silvinha Figueiredo,
produtora do estúdio, é ter um acervo
de vários tipos de camisas, variando
entre as estampas em padrão xa-
drez, as lisas e até algumas jeans.
“A camisa vai sempre amarrada
– o que evidencia a barriga e dá o
aspecto pin-up. Calcinhas de ba-
bado vão tornar o modelito ainda
mais retrô (veja algumas opções
nos sites http://bit.ly/1iAZQw2 ou
http://bit.ly/1KWjdWX).
O look também vai bem com a
modelo descalça, mas se a gestante
se sentir confortável poderá usar
um sapato tipo peep toe”, ensina.

Fotos: Newton Medeiros


BEM COLORIDO
Fundos de papel ou painéis de
compensado pintados com tinta látex
em cores chamativas são um recur-
so interessante para montar o ce-
nário da foto nesse estilo.
Brinque também com a base
adicionando fórmicas, papéis e pla-
cas de compensado pintadas em Expressões faciais: o segredo do estilo pin-up
tons que se harmonizem bem com
De nada adianta tentar representar é uma pose icônica das pin-ups e
o do fundo. Outra ideia é usar fundos uma pin-up sem que ela tenha uma reproduzida por muitas garotas que
poás, aplicando adesivos de boli- expressão condizente com o contexto. seguem esse estilo. Geralmente
nhas em um fundo liso e colorido Para começar, peça para sua modelo mostra-se um rosto sério, fechado e
treinar as expressões faciais em duro, assim como na imagem
qualquer, por exemplo. frente ao espelho dizendo as vogais: original, demonstrando força e poder.
No tratamento de imagem, vale A - E - I - O - U articulando bem a Sentido: fazendo uma referência
a pena investir na saturação para boca, entre o sexy e o ar de surpresa. aos soldados da Segunda Guerra,
Veja aqui algumas dicas extraídas com a mão na testa ou próxima a
evidenciar ainda mais as cores ge- do blog http://menteflutuante- ela em posição de sentido, pode ser
rais de toda a imagem. up.blogspot.com.br para as unida com um leve sorriso ou uma
expressões faciais mais usadas em cara mais séria.
Aproveite a edição final para fotos do gênero: Mão na boca ou próxima a ela em
deixar a pele da modelo com estilo um divertido "Ops!": a situação de
de boneca. “Nesse caso, quanto Piscando um olho: é uma das flagrante é uma das características
expressões pin-ups mais tradicionais. mais marcantes das fotos pin-ups.
mais plástica e lisa ficar a pele, Cuide para quando sua modelo piscar Geralmente essa é uma daquelas
melhor”, diz Newton Medeiros. não aparecer rugas no rosto. imagens "sexy, sem ser vulgar" em
Vale ainda usar o filtro liquify Enviando beijinhos: também é uma que a pin-up finge que foi pega de
das poses clássicas da modalidade. surpresa, mas no fundo queria que
do Photoshop para dar uma leve Estude a melhor maneira de enviar algo aparecesse um pouquinho.
aumentada na boca da modelo, as- o beijo, dependendo da forma de se Lembra da dica das vogais? Essa é a
sim como no bumbum e na barriga. mover o músculo labial, o resultado hora de usar as letras "o" ou "u"
não fica bom. dependendo do grau de surpresa que
Já a cintura pode ser afinada com We can do it - A Rosie, the Riveter: você queira expressar.
o mesmo filtro.

Dezembro 2015 • 65
ESTÚDIO

Aproveite o ensaio para


incluir algum item do
bebê, como o sapatinho
– a mãe pode interagir
com expressões faciais

Cinco dicas
espertas

1 Realize o ensaio
antes da 30a
semana de gestação,
assim sua modelo
estará bem mais

48 mm
disposta para realizar
as poses.

f/11
2 Aproveite que
o estilo é

1/125s
diferenciado e
valorize seu trabalho
oferecendo como
produto final do

200
ensaio pin-up uma
impressão com

Mirrorless
Fuji E-X2
qualidade e em um
bom tamanho para a
cliente emoldurar
posteriormente.

FUNDO CHARMOSO com a ajuda de uma grua. Devido à po-


3 Use o Adobe
Lightroom e
aplique um plugin
Na prática, qualquer tipo de ilumi- sição em que foi usado, o acessório criou
nação de estúdio cabe em um ensaio de uma eficiente luz de cabelo e um leve
vintage em algumas gestante pin-up, desde que feito de ma- degradê no fundo.
fotos. Há boas opções
neira organizada e que valorize as for- Para preencher as sombras geradas
gratuitas disponíveis.
mas do corpo da modelo. pelo octobox, Newton usou um softbox
O esquema de luz abaixo foi criado na lateral direita da cena.
4 Use o ensaio
pin-up como
complemento do
para iluminar modelo e fundo ao mesmo
tempo. Newton Medeiros colocou um
O fundo de papel rosa poá e a expres-
são facial da modelo ajudaram a com-
ensaio de gestante octobox médio no alto, acima da cena, plementar o clima do ensaio.
tradicional. Ofereça
uma ou duas
produções e
acrescente um valor
extra por cada uma.
Octobox

5 Além de fundos
coloridos, você
poderá acrescentar
acima da
cena abrange
modelo e
fundo
ainda ao cenário um
varal onde a gestante
poderá pendurar as
roupinhas do bebê,
como também uma
Silvinha Figueiredo

Softbox lateral
tábua de passar roupa preenche as
estilizada ou uma mala sombras
de viagem vintage
cheia de fraldas.

66 • Fotografe Melhor no 231


Apostando no exercício do A-E-I-O-U
a modelo faz expressões diversas
Fotos: Newton Medeiros

EXPRESSÕES VARIADAS Fuji E-X2


Mirrorless 200 1/125s f/11 38 mm
Octosoft frontal
Com uma mesma situação de ajuda a criar
luz, você poderá criar uma varie- luz uniforme
dade de imagens com gestos diver-
sificados. Aqui a aposta foi no exer-
cício da pronúncia das vogais arti-
culando bem o rosto.
A futura mamãe foi clicada sob
duas fontes de luz. A principal, feita
com um octosoft colocado frontal-
mente à cena e levemente para a
esquerda, em ângulo de 45 graus,
serviu para iluminar o corpo da mo-
delo de maneira bem uniforme.
Posicionado do lado direito da
Silvinha Figueiredo

cena, um softbox serviu para eli-


minar as sombras indesejáveis cria-
da pela outra iluminação.
Um fundo de papel amarelo e
uma base com fórmica laranja dei- Softbox lateral para
xaram o cenário mais colorido e preencher sombras
com um clima divertido.

Dezembro 2015 • 67
Um único flash e uma persiana
geram efeito interessante no fundo
Fotos: Newton Medeiros

WE CAN DO IT Fuji E-X2


Mirrorless 200 1/80s f/6.4 55 mm
A alternativa aqui se resumiu
Flash com refletor
a usar na lateral esquerda uma acoplado e persiana
única fonte de luz, criada a partir à frente da luz
de um flash com refletor parabó-
lico com uma persiana colocada à
frente dele, o que provocou um
efeito de luz de janela.
O gesto icônico “We can do it”,
que remete a um cartaz de uma
mulher em pose de desafio (no ca-
so, Rosie, the Riveter), foi repro-
duzido na imagem principal da pá-
gina em um tom mais despojado,
em vez da tradicional expressão
de rosto sério e desafiador.
No tratamento de imagem,
Newton Medeiros aproveitou para
Silvinha Figueiredo

saturar a cor do fundo, assim como


o tom da roupa, além de deixar a
pele da modelo mais lisa, com as-
pecto de boneca. 4

68 • Fotografe Melhor no 231


ESTÚDIO

Fotos: Newton Medeiros


Bastou apenas um
DIVERSÃO NA MEDIDA octosoft e um rebatedor Fuji E-X2 200 1/80s f/13 39 mm
A futura mamãe não precisa ter para criar a luz da foto Mirrorless

necessariamente o estilo pin-up in-


corporado no seu dia a dia, basta
ter vontade de entrar na brincadeira
e ter desenvoltura para fazer caras Octosof frontal em
ângulo de 45 graus
e bocas. Assim como o fotógrafo
não precisa ter um estúdio mega
equipado para produzir esse tipo
de sessão.
Nesse e nos exemplos anterio-
res, Newton Medeiros deixa essa
questão bem clara. No making of ao
lado, ele comprova que basta uma
fonte de luz para realizar o ensaio.
O octosoft foi acoplado ao flash
e posicionado frontal à cena, em
ângulo de 45 graus. Para eliminar
sombras indesejadas, o fotógrafo
usou um rebatedor dourado posi-
cionado de baixo para cima.
Silvinha Figueiredo

Agradecimentos: às modelos Juliana


Almeida e Eduarda Custodio; à
maquiadora Daniela Santos; à produtora
Silvinha Figueiredo e aos fabricantes
Mako e Atek que cederam gentilmente Rebatedor dourado para
os equipamentos para a realização dos suavizar as sombras
ensaios desta reportagem.

70 • Fotografe Melhor no 231


VIDA DE FOTÓGRAFO

Livia Capeli
São Paulo

Fashion
Week
POUCO GLAMOUR E
MUITO TRABALHO
Confira como é a dura rotina dos fotógrafos de
moda que cobrem um dos mais badalados e
importantes eventos de moda da América Latina
POR LIVIA CAPELI

T
odo glamour e estilo que se espera de um evento de moda
internacional pode ser encontrado na São Paulo Fashion
Week. Porém, nos bastidores do universo fashion há de-
zenas de profissionais disputando os melhores espaços
no pit, a arquibancada bem de frente para a passarela
reservada para fotógrafos e cinegrafistas captarem ima-
gens que vão parar em jornais, revistas e sites brasileiros e in-
ternacionais. O charme do evento fica apenas na passarela
para quem está lá fotografando. E o público fashionista não
tem a menor ideia do trabalho árduo dos fotógrafos, que correm
freneticamente, ao final de cada desfile, de uma sala para outra
à espera do próximo – são, em média, seis por dia, com o
primeiro começando às 10h e o último, fechando a programação,
às 21h. Cada profissional carrega seu kit de sobrevivência para
baixo e para cima: câmera, teleobjetiva e monopé.

O disputado pit da
São Paulo Fashion
Week em 22 de outubro
de 2015 no prédio da
Bienal do Ibirapuera

72 • Fotografe Melhor no 231


VIDA DE FOTÓGRAFO

OSVALDO F. DORIVAL ZUCATTO AMANDA VIEIRA MARCELO SOUBHIA


Um dos veteranos, fotografa Expert em moda, clica Estreante, trabalha na revista Fotógrafo oficial do evento,
para a revista World Fashion para a revista I.T.T. Textilia Arraso do Jornal de Piracicaba é da agência Fotosite

Edu Lopes/Fotosite
FON NEKRASIUS SILVIA BORIELLO VANESSA CARVALHO
Cinegrafista oficial do evento, Na edição inverno/2016, estava como Fotógrafa da agência
fica bem no centro do pit fotógrafa exclusiva da estilista Juliana Jabour Brazil PhotoPress

Foi assim, nesse corre-corre,


Livia Capeli

que Fotografe acompanhou a rotina


de alguns profissionais em um dia
de evento do SPFW, temporada de
inverno/2016, que ocorreu entre os
dias 18 e 23 de outubro de 2015 no
prédio da Bienal do Parque Ibira-
puera, na capital paulista.
Ficou claro que glamour há bem
pouco para quem trabalha sério:
além da obrigação de ter um bom
equipamento, domínio total da téc-
nica e uma credencial para entrar

Na sala de imprensa, os
fotógrafos da agência Brazil
PhotoPress editam com
agilidade o material captado
nas salas de desfile

74 • Fotografe Melhor no 231


Registro do desfile de
Juliana Jabour, na edição
inverno/2016, feito pela
fotógrafa Silvia Boriello,
contratada pela estilista

nas salas do evento, cliques e esgo-


tamento físico é o que não faltam.
Há pautas a cumprir, horários de fe-
chamento a serem respeitados, cen-
tenas de fotos para editar e enviar...

MUNDO FASHION
O momento da acomodação no
pit é um dos mais estressantes, e
quem chega com antecedência fica
com as melhores posições na ar-
quibancada montada diante da pas-
sarela. Captar a modelo bem de
frente é o suprassumo do segmento,
mas isso vai depender muito do foco
de trabalho de cada um.
Há profissionais que têm inte-
resse em fotografar apenas os aces-
sórios das modelos, outros o look,
outros a história do evento, incluindo
a plateia – isso faz com que nem
sempre o posicionamento no centro
da arquibancada seja necessário.
Para quem tem interesse em
pegar o melhor ângulo dos looks,
se posicionar no chão, o mais pró-
ximo do cinegrafista oficial do
evento, Fon Nekrasius, sempre
bem no centro do pit, é o ideal. Mas
a prioridade é da equipe do fotó-
grafo oficial do SPFW, Marcelo
Soubhia, com 24 anos de profissão,
15 deles dedicados ao evento à
frente da agência Fotosite.
Soubhia é uma figura conheci-
da e respeitada por todos no pit, já
que é o profissional que fornece
as fotos para o site oficial do evento,
e também para revistas e sites es-
pecializados em moda e os pró-
prios estilistas. É um dos poucos
(se não o único) a atuar efetiva-
mente nas principais capitais da
moda nacional e internacional.
Com um total de 22 pessoas,
sendo 12 fotógrafos, quatro assis-
Silvia Boriello

tentes e seis editores, ele e a equi-


pe de quatro fotógrafos de pit to-
mam os lugares do centro, espa-
VIDA DE FOTÓGRAFO

Marcelo Soubhia/Fotosite
Momento da parada na
ponta da passarela feito
pela fotógrafa Vanessa
Carvalho, da agência
Brazil PhotoPress

Vanessa Carvalho/Brazil PhotoPress

em casos específicos como esse.


“No caso de trabalho para a marca ou
para o estilista (o que é chamado de ”da
casa”), o primordial é ter fotos de todos
os looks (corpo inteiro, meio corpo e costas
Foto da entrada da lhando-se entre os degraus da apertada – às vezes o mais atraente está nas costas
modelo na passarela e disputada arquibancada. da roupa). Também é importante captar
feito por Soubhia, Entretanto, existem situações em que os detalhes de acabamentos, os acessó-
um dos fotógrafos os estilistas contratam fotógrafos para rios, a maquiagem e o cabelo. Esse con-
de desfiles mais
importantes e registrar o desfile deles. Silvia Boriello é junto é fundamental, pois é preciso atender
conceituados do Brasil um desses casos. Ela foi a fotógrafa ex- ao interesse da marca, do estilista e dos
clusiva do desfile da estilista Juliana Jabour patrocinadores”, explica Silvia.
na edição de inverno/2016 do evento e re- Ela conta que trabalhar em dupla é
cebeu a prioridade da equipe de Soubhia importante para garantir backup e dividir
para ficar no ponto privilegiado do pit (per- todos os detalhes com mais alguém. Para
tinho do Nekrasius) – um tipo de código Silvia, quando sobra tempo no desfile ou
de ética que normalmente ocorre apenas existe ainda um terceiro fotógrafo na equi-

76 • Fotografe Melhor no 231


Vanessa Carvalho/Brazil PhotoPress
Acima, detalhe feito por Vanessa

Dorival Zucatto
Carvalho; ao lado, a foto feita por
Dorival Zucatto mostra a posição
ideal dos pés das modelos
durante a passada na passarela

pe, vale fazer os registros mais cria-


tivos e com ângulos diferentes.

SEM SALTO ALTO


A jornalista e fotógrafa Amanda
Vieira veio de Piracicaba (SP) para
cobrir o evento pela segunda vez pa-
ra o jornal local e conta que os fotó-
grafos do pit são bem receptivos com
os estreantes, apesar de um clima
de competição pelo melhor lugar
estar sempre no ar. Para ela, há certa
camaradagem entre os profissio-
nais. Tem sempre alguém que dá
uma dica esperta para quem está
começando no segmento.
Independentemente do clima de
fraternidade, o fotógrafo Dorival
Zucatto, com 16 SPFW no currículo,
informa que, por conta das condições
de trabalho a que ficam submetidos
os fotógrafos na arquibancada até
o início do desfile e os movimentos
restritos, é comum ocorrer um ou
outro desentendimento no pit.
No universo desse tipo de foto-
grafia não existe privilégio para as
mulheres que atuam no pit (a menos
que seja o caso de ser uma profis-

77
Ao lado, detalhes como rosto,
sapato, bolsas e acessórios
também são registros
importantes de um evento:
Marcelo Soubhia, da agência
Fotosite, cuida pessoalmente
da produção dessas imagens

Amanda Vieira
Fotos: Marcelo Soubhia/Fotosite

Acima, foto do desfile do estilista


Lino Villaventura na noite do dia 22
de outubro de 2015 feita pela
estreante Amanda Vieira para o
Jornal de Piracicaba

sional do estilista, como Silvia tro do sexo oposto”, afirma ela. cial especial para se ter acesso ao
Boriello). Foi o que deu para perceber Para quem pretende enfrentar espaço reservado para a imprensa
enquanto a fotógrafa Vanessa essa maratona, as dificuldades po- nas salas de desfile.
Carvalho, da agência Brazil Photo- dem ser bem maiores a começar
Press e que registra o evento desde pelo acesso ao evento. O pedido de COM O ESTILO CERTO
2008, se preparava para o desfile da credenciamento de imprensa deve Até algum tempo atrás, os dois
grife Lolitta. Tem de ter disposição ser feito com antecedência por meio momentos mais importantes de
para carregar o equipamento pesado do site do evento. As credenciais são um desfile eram a “passada” da
a cada troca de sala de desfile. SPFW emitidas por assessorias de im- modelo e a parada na ponta da pas-
é para os bravos (ou bravas). prensa e a prioridade é para veículos sarela. Mas, segundo Soubhia, os
“Gentilezas existem aqui, sim, porém de maior alcance ou de renome. E, desfiles hoje são mais dinâmicos e
as fotógrafas que pleiteiam o melhor depois de passar pela barreira do têm um número maior de modelos
lugar correm levando a câmera, teles credenciamento, é preciso de um caminhando na passarela muito
e monopé assim como qualquer ou- “passaporte”, ou seja, uma creden- próximas umas das outras. Outro

78 • Fotografe Melhor no 231


O registro minucioso da
modelo de costas em
imagem da fotógrafa Silvia
Boriello: muitas vezes, a
beleza do look está na parte
de trás do figurino

Silvia Boriello

Dezembro 2015 • 79
VIDA DE FOTÓGRAFO

A fotógrafa Vanessa Carvalho O fotógrafo oficial Marcelo Soubhia A especialista Silvia Boriello
Fotos: Arquivo Pessoal

Dorival Zucato, especialista em moda O veterano dos desfiles Osvaldo F. A estreante Amanda Vieira

ponto é que as famosas “paradi- para definir os ajustes da câmera Week consiste em uma câmera di-
nhas” estão cada vez mais raras, o no caso de o fotógrafo não ter acom- gital DSLR com disparo rápido (pelo
que à vezes tem impossibilitado o panhado o ensaio”, ensina Soubhia. menos cinco imagens por segundo)
registro perfeito das passagens. Ele também explica que, para ter e sensibilidades de ISO com baixo
O padrão estético para captar a um conjunto de trabalho caprichado nível de ruído, como alguns mode-
passada da modelo na passarela é de desfiles, o mais certo é procurar los oferecidos por Canon, Nikon e
registrar, de preferência, sempre o fotografar todos os looks sempre no Sony. Outro acessório importante
pé da frente no chão e o que está mesmo ponto de passada das mo- é o monopé, que proporciona es-
atrás levemente levantado, mos- delos na passarela, adotando de pre- tabilidade à câmera com a tele e
trando um pouco do peito do pé. O ferência o mesmo padrão de enqua- faz com que o movimento fique me-
joelho também não muito elevado dramento quando for possível. nos restritivo no pit.
deixa a imagem mais equilibrada. Lentes luminosas, como a tele-
“É importante ficar atento à foto do EQUIPAMENTO zoom 70-200 mm f/2.8 com ajuste
primeiro look da modelo que abre o Zucatto ensina que o kit funda- da opção de autofoco contínuo, são
desfile. Ali é a oportunidade também mental para cobrir uma SP Fashion ideais para captar a modelo desde

80 • Fotografe Melhor no 231


A telezoom 70-200 mm
f/2.8 é uma das objetivas
mais usadas nos desfiles
devido à versatilidade
para captar diversos
momentos do evento

o meio da passarela (com a distância


focal em 70 mm) até a parada (usan-
do a posição de 200 mm).
Como se dedica a fotografar de-
talhes (rosto, tecido, acessórios e
sapatos, entre outros), Soubhia con-
ta que usa uma 200-400 mm f/4, en-
quanto os outros fotógrafos da sua
equipe estão equipados com lentes
como a 80-400 mm f/4.5-5.6 e 70-
200 mm f/2.8 com teleconverter para
registros de corpo inteiro.
O veterano Osvaldo F., 60 anos,
28 deles dedicados a desfiles, re-
lembra que na época do filme pre-
cisava carregar tudo isso em dobro.
“Eram duas câmeras, cada qual car-
regada com um filme ISO 100 e flash.
Alta tecnologia para a época. Depois
que chegou o progresso e os filmes
passaram a ser ISO 400, abolimos
o flash e puxávamos o filme. O mo-
toboy levava para o laboratório uma

Dorival Zucatto
média de vinte filmes no final do des-
file, lembra. Ele diz que, com a che-
gada do digital, o número de cliques
aumentou e a carga horária do fo-
tógrafo também. “Ao final de desfile,
Livia Capeli

é preciso editar tudo”, afirma.


Momentos antes dos desfiles
Para driblar e encurtar esse os fotógrafos aproveitam para
processo, a equipe de Soubhia con- descansar e pegar uma boa
ta com transmissão de imagens posição na arquibancada do pit
em tempo real via cabo de rede co-
nectado diretamente da câmera
para a sala de imprensa do evento.
Depois de uma edição, as imagens
da agência captadas durante o des-
file são publicadas no Instagram
dos clientes.
Para quem tem interesse no te-
ma, Vanessa Carvalho, da agência
Brazil PhotoPress, explica que o
mercado de agências de fotografia
está sempre aberto a estágios: “Faz-
-se um teste onde são analisados
enquadramento, equilíbrio de bran-
co e composição para verificar se o
fotógrafo está apto para o treina-
mento”, informa.

Dezembro 2015 • 81
ENSAIO

Visões
poéticas O fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos realizou um ensaio
fotográfico inspirado na obra Poema Sujo, do seu conterrâneo
Ferreira Gullar, e ganhou o Prêmio Marc Ferrez com o trabalho
POR KARINA SÉRGIO GOMES

O
fotógrafo Márcio Vasconcelos ca- com afinco a obra para realizar o ensaio
minhava pelas ruas de São Luís Visões de um Poema Sujo, vencedor do
(MA), e a cada passo um verso de Prêmio Funarte Marc Ferrez de 2014.
Poema Sujo, de Ferreira Gullar, “Passei dois meses debruçado no livro.
vinha à sua mente. Ao olhar por Tirei cópia para poder sublinhar trechos
uma janela: “Não sei de que tecido que achava que poderiam ser transfor-
é feita minha carne e essa vertigem que mados em imagem. São mais de 100 gri-
me arrasta por avenidas e vaginas entre fos. Hoje, vou para a rua e consigo ver
cheiros de gás...”. Virando uma esquina: Poema Sujo em qualquer canto. Ficou
“Mas sobretudo meu corpo nordestino/ impregnado em mim”, conta Márcio.
mais que isso maranhense mais que isso Nascido na capital maranhense, assim
sanluisense...”. Versos que já estavam como Gullar, Márcio passou boa parte da
introjetados no fotógrafo que estudou carreira se dedicando a registrar a cultura

84 • Fotografe Melhor no 231


O submundo e a prostituição
de São Luís, capital do
Maranhão, estão presentes
na interpretação do
fotógrafo sobre Poema Sujo,
de Ferreira Gullar

Márcio Vasconcelos

Dezembro 2015 • 85
ENSAIO

Fotos: Márcio Vasconcelos


A fé e a religiosidade
que marcam a capital
maranhense também são
retratadas pelo fotógrafo

popular e religiosa dos afrodescen-


dentes do estado natal. Depois de
tanto se dedicar ao retrato da rea-
lidade de um povo, achou que estava
no momento de fazer um turning
point. “Queria misturar a fotografia
com outras vertentes artísticas, com
teatro ou com poesia. Certo dia, tive
esse insight de trabalhar com Poema
Sujo, que é uma obra maranhense.
E tinha tudo a ver comigo e com o
poeta”, diz. Gullar escreveu o poema
em 1976, quando estava exilado em
Buenos Aires, Argentina. Nas cem
páginas, o poeta derrama toda a me-
mória que tem de São Luís.
A proposta de Márcio, a partir do

86 • Fotografe Melhor no 231


Um trecho do poema fala de
abandono: Márcio transformou
isso em imagens ao visitar
casas antigas da cidade

estudo da obra, era tentar retratar


a memória do autor e também trazer
um pouco da sua memória da cidade
no tempo em que era criança.
Assim que teve a ideia, o primeiro
passo foi pedir autorização a Ferreira
Gullar para criar uma obra inspirada
no poema. Ele enviou o projeto por
e-mail. Passaram-se dias, semanas
e nada de o poeta responder. Márcio
resolveu ligar para ele. E levou um
susto quando ele mesmo atendeu
e disse: “Ah, que ótimo”, assim que
o fotógrafo terminou de contar sobre
o projeto. Três dias depois, respon-
deu ao e-mail autorizando a feitura.

PRAZO DETERMINADO
Com o projeto aprovado no Prê-
mio Funarte Marc Ferrez de Foto-
grafia, Márcio tinha um prazo deli-
mitado para realizá-lo. Levou cerca
de dois meses para fazer as ima-
gens. “Assim como Gullar vomitou
o poema ao escrevê-lo, eu também
o vomitei em imagens”, compara.
Como não tinha experiência com
esse tipo de trabalho, muito menos
com poesia, pediu a ajuda do jorna-
lista Celso Borges, que o ajudou na
escolha dos trechos e também a in-
terpretar melhor o poema.
Outra inspiração foi a fotografia
da americana Amélia Earhart, que
fez imagens aéreas de São Luís ao
sobrevoar a cidade em meados dos
anos 1930, e que levou Ferreira
Gullar a escrever a poesia Fotografia
Aérea. Segundo o jornalista Celso
Borges, é possível imaginar que
Márcio “estava naquele avião e des-
ceu para ver o que tinha lá embaixo”.
Com muitas fotos feitas à noite
e também em ambientes escuros,
Márcio diz que “quanto menos luz,
mais ele vê”. E dessa forma apre-
sentou o submundo de São Luís que
viveu quando era criança e repensou
com a leitura de Poema Sujo. Com
a cópia do poema debaixo do braço

Dezembro 2015 • 87
ENSAIO

Fotos: Márcio Vasconcelos


Com uma Canon EOS e uma Canon EOS 5D Mark II com as len- ferrujam no quintal esquecidos entre os
5D Mark II e duas tes fixas 35 mm e 50 mm, Márcio visitou pés de erva-cidreira”. Outro lugar em
lentes fixas (35 mm e casas antigas de São Luís em busca de que fotografou para ilustrar a obra foi um
50 mm), o fotógrafo
registrou as luzes “facas se perdem e os garfos se perdem matadouro. As únicas fotos que precisou
noturnas de São Luís pela vida caem pelas falhas do assoalho produzir foram algumas em que neces-
e vão conviver com ratos e baratas ou en- sitava de personagens, como de uma
índia no meio da mata. “Com exceção das
passagens que têm personagens, o res-
tante a gente acha caminhando pelas
ruas de São Luís. A cidade que Gullar
descreve é a mesma da minha infância
que tenho guardada comigo”, lembra.
Depois de dois meses produzindo
imagens, Márcio passou outros três me-
ses no processo de edição. Um trabalho,
segundo o fotógrafo, solitário. A princípio
ele iria apenas selecionar 60 fotos, mas
acabou escolhendo 80. Não há muito tra-
balho de pós-produção. “O que está ali
foi o que realmente vi”, ressalta. Com as
imagens impressas, foi em busca de
compor uma narrativa, como o poema.
E percebeu que as imagens, às vezes,
pediam companhia de outra. Assim ia
formando dípticos, trípticos até jogos de
oito fotografias. “As fotos pareciam que-
rer dialogar”, explica.

88 • Fotografe Melhor no 231


Para tentar mostrar também um pouco da sua São Luís, mesclando-a com a do poeta, Márcio visitou a periferia da
cidade, fez fotos em um matadouro, em um mercado e até produziu algumas cenas, como a da índia na floresta

EXPOSIÇÃO E LIVRO Márcio Vasconcelos contará com a


Depois de cinco meses, o projeto ajuda do curador Diógenes Moura,
estava a princípio concluído em for- que fará tanto a curadoria da mostra
ma de exposição no Museu de Artes da capital paulista quanto da publi-
Visuais, na Praia Grande, em São cação impressa. Para entender um
Luís. Durante a abertura, houve ain- pouco mais sobre a realidade do
da performances dos atores Áurea Poema Sujo e do trabalho do fotó-
Maranhão e Cláudio Marconcine, grafo, o curador passou dez dias em
que declamaram o poema. Essa foi São Luís e fomentou ideias na cabeça
a primeira exposição de Visões de de Márcio. “A gente conversou muito
um Poema Sujo, que deve ganhar e fiquei de fazer umas 15 imagens
desdobramentos. Aprovado em ou- e incluir outras 20. Toda as vezes
tros projetos de incentivo à cultura, que visitei a exposição senti que pos-
Márcio pretende agora levar o projeto so fazer muito mais”, afirma.
para o Rio de Janeiro (RJ), onde mora O fotógrafo se dedicará à pro-
Ferreira Gullar, e São Paulo (SP). dução de novas imagens para levar
Para essa nova etapa, que inclui a São Luís de Gullar e dele para o
também o lançamento de um livro, resto do Brasil. Márcio Vasconcelos: mais imagens

Dezembro 2015 • 89
FOTOJORNALISMO

NA FRONTEIRA DA EMOÇÃO COM

os refugiados O brasileiro Fábio Erdos viveu o dilema entre apenas fotografar


e ajudar os necessitados ao documentar o desespero das
famílias que tentavam entrar na Europa via Sérvia e Hungria
POR CAROL TEREZA
Fábio Erdos

92 • Fotografe Melhor no 231


O
fotógrafo gaúcho Fábio Erdos, de 33 toda a situação foi inevitável e angustiante
anos, foi um dos poucos profissionais em muitos momentos”, confessa ele, que
brasileiros a acompanhar de perto trabalhou na fronteira da Sérvia com a
o drama dos refugiados do Oriente Hungria, no leste europeu.
Médio, principalmente sírios, fugindo Uma das situações em que ele acabou
da guerra civil, na tentativa de entrar deixando de ser fotógrafo para agir como
na Europa. Vindo do universo das ONGs voluntário foi quando refugiados pergun-
(trabalhou por cinco anos na ActionAid), tavam sobre como estava a situação do lado
Erdos conta que em alguns momentos é húngaro. Ele passou horas atrás de infor-
impossível não fazer o trabalho de volun- mações para dar respostas mais concretas.
tário ou mesmo de ativista enquanto se “Foi relativamente fácil responder para a
está fotografando. "Muitas vezes desejei primeira ou segunda família que me abor-
parar de fotografar e ajudar no que fosse dou. Mas se tornou muito penoso na medida
possível. Em algumas situações, ajudei, em que fui obrigado a dar a mesma resposta
mas a sensação de impotência diante de repetidamente a dezenas de famílias.

Grande grupo de
refugiados tenta
embarcar em um dos
ônibus com destino a um
acampamento de registro
em Roszke, Hungria

Dezembro 2015 • 93
FOTOJORNALISMO

Refugiados descansam Escutavam com muita atenção, como se dades e teve contato com histórias e pes-
em um trilho de trem o que eu dissesse seria a verdade e de- soas antes inimagináveis para ele. “Estive
desativado logo após finiria o destino deles. O peso de cada no Haiti apenas um ano depois do terre-
cruzar a fronteira da
Sérvia com a Hungria
resposta era imenso”, desabafa. moto, visitei comunidades rurais em
Em outro momento, quando uma fa- Moçambique e fiz diversas viagens ao
mília na fila dos ônibus disse que havia Nordeste. Estive no coração do sertão,
se perdido do filho no dia anterior, Erdos uma das regiões que mais me fascinam
parou de fotografar e começou a anotar no Brasil. Ao conhecer as comunidades
as informações com a finalidade de tentar e seus personagens tive a certeza de que
facilitar o reencontro. Por consequência, vale a pena contar essas histórias para
não conseguiu tirar uma foto que consi- tentar sensibilizar o público que vive dis-
dera boa da família. Porém, esse lado hu- tante dessas realidades”, afirma.
mano é mais importante para ele do que Cada vez que ele busca estabelecer
a busca por uma imagem de relevância. um contato consistente com organizações
e fundações que possibilitem trabalhar
ATIVISMO com temas que lhe interessam, o objetivo
Esse posicionamento ele adquiriu em é alcançar transformações concretas e
grande parte também por meio da sua que impactem positivamente a vida das
experiência na ActionAid. Nos anos em pessoas e das comunidades documen-
que trabalhou na ONG, visitou comuni- tadas. Para isso, procura ir além da fo-

94 • Fotografe Melhor no 231


Fotos: Fábio Erdos

tografia: deseja engajar o público e ofe- NA PRÓPRIA CARNE Fronteira húngara com
a Sérvia, onde há uma
recer formas concretas de ação, como A própria história de Erdos se aproxima
cerca de 170 km para
mudanças de leis, fortalecimento de po- da dos refugiados. A grande motivação conter os refugiados;
líticas públicas, ações de governos e em- para acompanhar parte da maior crise de abaixo, um homem
presas privadas... refugiados desde a Segunda Guerra foi a acampado em Roszke
"Meu desejo é de continuar o projeto história do seu pai, Ivan Thomas Erdos. escreve em seu diário
com os refugiados, pois haverá muitos
desdobramentos e tenho dúvidas de que
forma a mídia tratará o tema. A jornada
das pessoas até o destino que desejam
chegar é uma parte muito importante do
percurso e talvez a mais visual, fotogra-
ficamente falando. Porém, a história não
termina quando chegam ao destino, como
Alemanha e Suécia. Ela está apenas co-
meçando”, avalia o fotógrafo.
Erdos lembra que há toda uma longa
fase de pedido de asilo, adaptação e mui-
tas incertezas sobre de que forma a so-
ciedade europeia irá lidar com famílias
de religiões e culturas diferentes.
Questiona ainda que preconceitos e di-
ficuldades as pessoas enfrentarão e de
que forma os governos locais trabalharão
com essas questões. “É uma história que
perdurará por gerações e é muito impor-
tante que seja registrada”, aponta.

Dezembro 2015 • 95
FOTOJORNALISMO

À espera de ônibus para Filho de judeus, foi trazido pelos pais ao a Hungria, Erdos estava em um festival
ir ao acampamento de Brasil quando tinha apenas 2 anos. Vera de fotojornalismo na França, “Visa pour
registro: a maioria dos e Estevão Erdos (originalmente Veronika L’image”, e tinha planos de seguir para
refugiados vem da Síria
fugindo da guerra civil
e István) precisaram lutar para encontrar a República Tcheca e continuar o projeto
que destruiu o país um local seguro para viver. Romas, sobre ciganos que vivem uma
Na primeira tentativa de escaparem dura realidade de discriminação naquele
da Hungria pós-Segunda Guerra, foram país. Porém, ao acompanhar os eventos
capturados e levados de volta para Bu- e receber diariamente notícias sobre a
dapeste. Na segunda, após dias de ca- crise na fronteira da Hungria com a
minhada, alcançaram a fronteira com a Croácia, além das motivações mencio-
Áustria. De lá, rumaram para o Brasil. nadas, chamou a atenção a forma desu-
O documentário, feito entre 8 e 13 de mana e fria com a qual o governo húngaro
setembro de 2015, foi marcado também respondia à crise, agindo injustamente
pela tentativa de se aproximar da história e de forma preconceituosa. "Tive vontade
de sua família e compreender as moti- de conhecer as pessoas e contar suas
vações dos refugiados que deixam tudo histórias, buscando aproximar o público
para trás em busca de estabilidade, se- da realidade injusta a que os refugiados
gurança e um futuro melhor, como seus estavam sendo submetidos”, diz.
avós fizeram décadas atrás. O festival foi uma inspiração para ele.
No momento em que decidiu ir para Lá, teve a oportunidade de ver exposições

96 • Fotografe Melhor no 231


Mulher entra em pânico ao
ser separada de sua filha,
e refugiados passam a
criança pela janela quando
o ônibus já está saindo em
direção ao acampamento

dos melhores fotojornalistas do


mundo, além de trabalhos incríveis
sobre a crise dos refugiados, como
os do fotógrafo russo Sergey Po-
nomarev e do italiano Giulio Pis-
citelli. Outra inspiração para ele é
a namorada Lianne Milton, fotógrafa
americana que vive no Rio de
Janeiro (RJ). "Aprendi e aprendo
muito com o olhar dela”, afirma.

PERTO DE TUDO
Para o documentário sobre os
refugiados, ele buscou uma abor-
dagem próxima e íntima, com o
objetivo de mostrar quem são as
pessoas que deixam tudo para trás
em busca de uma vida digna. Erdos
usou dois modelos diferentes de
câmeras, uma mirrorless Sony A7s
e uma DSLR Canon 5D Mark III,
ambas com lente fixa 35 mm.
“Ainda não havia trabalhado com
a Sony, mas achei que era um bom
projeto para usá-la, pois é pequena
e discreta. Pode ser ajustada para
ficar totalmente silenciosa, o que
é uma vantagem para situações
assim”, observa.
Porém, depois de um dia chu-
voso, a A7s parou de funcionar cor-
Homem ferido por bomba em sua cidade natal na Síria embarca em ônibus
retamente. Assim, ele fotografou para Roszke observado atentamente pelos soldados da polícia húngara
os dois últimos dias com a 5D Mark
Fotos: Fábio Erdos

III. “Apesar de não ser tão discreta


quanto a outra, gosto mais da qua-
lidade fotográfica dela. As fotos têm
menos aparência digital que as fei-
tas com a A7s, parecem menos
snapshots e transmitem mais fee-
ling nas fotos”, avalia.
Uma semana antes de desem-
barcar na Hungria, Erdos intensi-
ficou a leitura de matérias e notícias
sobre o tema. “Busquei, obviamen-
te, jornais e mídias não conserva-
doras. Foram ótimas fontes de in-
formação sobre o que estava ocor-
rendo no local e quem eram os re-
fugiados. Portanto, minha visão so-
FOTOJORNALISMO
Fábio Erdos

Menina espera sua mãe bre a crise não se alterou por ter ido lá beu rapidamente que o ambiente para tra-
para seguir a jornada presenciar tudo. O que aumentou a minha balhar era menos duro do que imaginava.
rumo à Áustria; abaixo, percepção foi o contato pessoal com as “Chegar lá foi simples, assim como en-
Erdos com crianças no
acampamento húngaro
pessoas e o fato de ouvir as histórias, contrar os acampamentos e ainda mais
principalmente, presenciar fácil foi localizar os milhares de refugiados
a incansável determinação que cruzavam a fronteira diariamente,
e a esperança que elas pois estavam por todas as partes. E, mes-
têm”, afirma. mo depois de semanas de exaustivas jor-
Para ele, o mais difícil nadas, eles eram receptivos”, conta.
foi de certa forma a prepa-
ração. Ele conta que ficou NO INSTAGRAM
muito ansioso, pois nunca Para ele, a repercussão que o docu-
havia documentado uma mentário está tendo é também muito re-
crise como aquela. Nunca compensadora. “Já realizei outros pro-
havia trabalhado com si- jetos com temas que considero tão rele-
tuações de guerra, e, ape- vantes quanto esse, porém, eram temas
sar de não estar indo para que não estavam tão expostos na mídia
uma, estaria documentan- e não tinham a mesma urgência”, diz.
do refugiados de guerra. Ao Quando pensou no projeto, ele não ti-
chegar à fronteira, perce- nha grandes pretensões. “Segui meus 4
Lianne Milton

98 • Fotografe Melhor no 231


Acima, dois jovens afegãos jogam futebol diante da estação de trem Keleti, em Budapeste, na Hungria; abaixo,
refugiados sírios aproveitam alguns minutos de wi-fi no acampamento para mandar notícias para parentes e amigos

Lianne Milton
O fotógrafo gaúcho Fábio Erdos
Fotos: Fábio Erdos

Alemanha, e tem uma relação muito


interessante com o tema. Porém, a
exposição ainda não está confirma-
da, pois preciso de patrocinadores
para a produção das fotos”, diz.
instintos ao decidir ir para a fron- o contato com algumas mídias in- Atualmente, Edros deseja se
teira. Entrei em contato com algu- ternacionais para ver se havia in- concentrar em projetos voltados
mas ONGs voltadas para causas teresse no material, mas não teve para a pobreza e desigualdade so-
humanitárias e refugiados para retorno. Uma amiga sugeriu que cial no Brasil. As diferentes cultu-
ver se havia interesse no material, entrasse em contato com mídias ras e problemáticas sociais ao re-
mas não tive nenhuma resposta brasileiras e foi assim que o traba- dor do mundo lhe interessam, mas
positiva. Durante os dias que estive lho passou a ter projeção. ele sente que ainda há muito a ser
na Hungria, usei minhas próprias Além disso, há uma possibilidade feito e mostrado aqui. "Estou tra-
redes sociais, o Facebook e o Ins- de uma exposição em Porto Alegre balhando em um projeto no Nor-
tagram”, informa. (RS), terra natal do fotógrafo, no deste, região que sofre enorme
O Instagram teve um papel fun- Teatro São Pedro. “Ter uma exposi- preconceito e discriminação, e que,
damental para a repercussão: seu ção nesse teatro seria muito espe- a meu ver, ainda é pouco reportada
perfil compartilhou uma foto do do- cial. Além disso, a diretora do teatro, nas mídias brasileira e internacio-
cumentário e sua experiência para Eva Sopher, uma figura lendária da nal. Espero nos próximos meses
os mais de 6 milhões de seguidores. cidade, veio ao Brasil quando tinha poder viver intensamente a reali-
Ao voltar para o Brasil, ele tentou 13 anos ao fugir do nazismo na dade dessa região”, planeja.

100 • Fotografe Melhor no 231


RAIO X POR LAURENT GUERINAUD
fotos de leitores comentadas

RICARDO BARROS,
Como participar Rio de Janeiro (RJ)

O objetivo desta seção é dar


1contrastes,
Gostei bastante da foto.
A simetria, as cores, os
notadamente entre
que o da direita, o corte é
diferente em cima e embaixo, e
as linhas diagonais não chegam
ao leitor informações e dicas luz e sombra, ficaram muito exatamente no mesmo ponto
que sirvam para um aprimora-
mento do ato de fotografar. Ela harmoniosos. A exposição em cada um dos cantos. Mas
é aberta a qualquer tipo de fotó- valoriza muito bem as será que essas imperfeições
grafo: amador, expert ou profis- texturas, parabéns. O único também não dão um toque mais
sional. Antes de enviar suas fotos comentário que posso fazer é pessoal à imagem?
para análise, você precisa ler e relativo à simetria, que Equipamento: Nikon D3100 com
aceitar as regras a seguir: poderia ser mais perfeita: o objetiva Nikkor 18-55 mm
espaço à esquerda é maior do Exposição: f/5, 1/500s e ISO 100
• É importante ressaltar que um
comentário é necessariamente
subjetivo. Não é um julgamento,
mas apenas uma apreciação pes-
1
soal que, portanto, pode ser con-
testada e criticada. Já que o ob-
jetivo de uma foto é agradar ao
observador, qualquer crítica, mes-
mo que formulada por uma só
pessoa, aponta um elemento que
pode ser melhorado ou ao menos
discutido. Assim, a crítica é sem-
pre de caráter construtivo.
• Quem envia as fotos para
análise com a finalidade de co-
mentários e dicas para melhorar
a técnica o faz sabendo disso.
• A publicação das fotos envi-
adas não é garantida. As ima-
gens publicadas serão escolhi-
das pelo mérito do comentário
que permitirem, não por sua
qualidade. Apenas uma foto de
cada leitor será comentada.
ANDERSON ANDRADE,
• Alguns comentários poderão
até parecer duros, porque o que Duque de Caxias (RJ) 2
vai ser avaliado é a qualidade
técnica da imagem (enquadra-
mento, composição, foco, ex- 2passa
A foto faz o observador sorrir:
ponto para você. O registro
emoção e por isso é um
posição...), sem levar em conta
o aspecto afetivo que pode ter sucesso. Todavia, alguns detalhes
para o autor que registrou uma podiam ser aprimorados.
pessoa, um momento ou uma Primeiro, o retrato ficaria mais
cena importante e emocionante natural se tivesse deixado menos
da sua vida. espaço em cima. Segundo, o
reflexo nos olhos incomoda, por
Como enviar causa do flash, cuja potência
Envie até três fotos em ar- poderia ter sido abaixada para
quivo no formato JPEG e em ar- limitar o efeito. Enfim, o fundo
quivo de até 3 MB cada um para mais iluminado do que o tema
o seguinte e-mail: fotografe@ incomoda um pouco. Talvez
europanet.com.br. Escreva “Raio pudesse desfocá-lo mais, usando
X” no assunto e informe o seu o zoom (para aumentar a distância
nome completo, cidade onde focal, que é uma maneira de
mora e os dados da foto reduzir a profundidade de campo,
(câmera, objetiva, abertura, ve-
locidade, ISO, filme, se for o ca- já que não havia como abrir mais
so, e a ideia que quis transmitir). o diafragma), ou procurar um
É importante que os dados pe- ponto de vista diferente, para
didos sejam informados para obter um fundo mais uniforme.
ajudar na avaliação das fotos e Equipamento: Canon EOS Rebel
na elaboração dos textos que T5 com objetiva Canon 75-300 mm
as acompanham. Exposição: f/4.5, 1/100s, ISO 400
e flash

102 • Fotografe Melhor no 231


FELIPE SUCASAS, DANIEL VIEIRA, EDUARDO CECCHINI, RICARDO CRUZ,
Rio de Janeiro (RJ) Mangaratiba (RJ) Canos (RS) Aracaju (SE)

3tranquilidade
Belo registro, clássico,
que transmite a
do pôr do
4 Os contrastes e as
cores, principalmente
do cachorro, ficaram
5 A foto é correta, mas
poderia ter sido melhor se 6 As cores da cena eram lindas
e a composição é boa,
tivesse uma abordagem mais rendendo uma foto agradável.
sol na praia. Só chamo a atraentes, apesar de determinada. Duas Porém, o que incomoda são as
sua atenção para o parecerem artificiais alternativas técnicas eram zonas de altas luzes estouradas
pedaço de terra que demais por causa do possíveis, e você escolheu a no fundo. Em tais situações de
aparece no fundo, à flash e provavelmente intermediária. Uma contraluz, o alcance dinâmico
esquerda, do lado da de uma saturação possibilidade era aumentar a limitado das câmeras não
moça, desequilibrando a excessiva (seja nos velocidade (abrindo mais o permite que elas consigam
composição e ajustes da câmera ou na diafragma para compensar o registrar todas as tonalidades,
perturbando a leitura da pós-produção). O efeito tempo menor de exposição) das mais claras às mais
imagem. Alguns passos do flash, visível no pelo para conseguir um registro escuras. Os pontos fora do
para o lado teriam do cachorro, podia ter perfeitamente nítido. A outra alcance da câmera são regis-
permitido excluí-lo do sido atenuado com era, ao contrário, aumentar o trados como pretos e brancos,
quadro ou afastá-lo da o uso de um rebatedor tempo de abertura do deixando essas zonas estou-
modelo. ou ajustando uma obturador (em conjunto com radas. Para melhorar o alcance
Equipamento: Nikon potência menor. um diafragma mais fechado) dinâmico, é recomendável
D5100 com objetiva Equipamento: Nikon para realizar um panning, ajustar a sensibilidade nativa da
Nikkor 55-200 mm D5100 com objetiva deixando efeito de rastros no câmera (geralmente 100 ISO,
Exposição: f/5.6; 1/4000s Sigma 17-70 mm fundo, que iria ressaltar a confira no manual do usuário) e
e ISO 500 Exposição: f/2.8, 1/100s, velocidade do carro. usar o formato RAW. Se não
ISO 200 e flash Equipamento: Canon for suficiente, quando não é
EOS 60D com objetiva preciso privilegiar nem as
Canon 18-135 mm zonas claras nem as escuras,
Exposição: f11, 1/180s vale expor de maneira a não
e ISO 100 estourar as zonas claras, pois o
software de pós-produção pode
resgatar detalhes nas zonas
mais escuras.
3 Equipamento: Nikon D3100 com
objetiva Tamron 17-50 mm
Exposição: f/5.6, 1/6000s e
ISO 400

4 5
6
RAIO X

ALEXANDRE EIDELWEIN, JAIME ALVES, JORGE LUIS SOUZA, BRÁULIO CORRÊA DE


Igrejinha (RS) São Paulo (SP) Mesquita (RJ) ALMEIDA FILHO,
Rio de Janeiro (RJ)
7pararenderam
A cascata e o arco-íris
um belo fundo
o retrato. Porém,
8rendeu
O ponto de vista é
muito dinâmico e
uma imagem
9 A composição é
atraente, mas com a
paisagem marítima 10 A cena é interessante,
porém um pouco
em retrato, raramente é atraente. Porém, você qualquer inclinação da confusa por causa do plano
agradável deixar espaço deixou bastante linha de horizonte, mesmo amplo que inclui elementos
acima da cabeça do modelo. espaço abaixo das que muito leve como aqui, perturbadores à esquerda.
Por isso, sugiro um corte. rodas dianteiras e incomoda; a menos que Talvez um enquadramento
Mas a melhor alternativa teria cortou a parte de seja proposital e bem vertical fosse mais adequado,
sido procurar um suporte para cima do caminhão, o apoiada. Além disso, a ou ainda pode cortar a
que a modelo pudesse subir, que incomoda atitude dos personagens imagem conforme sugerido.
posicionando-se mais alto bastante. Bastava na cena poderia ser Outro detalhe que incomoda
sem mudar o enquadramento alterar um pouco a mais significativa, (menos no caso da foto
para não perder o verde de inclinação da câmera principalmente a da recortada, devido ao campo
cima, que também é bem para evitar isso e a menina à esquerda, que mais fechado) é o ângulo em
estético. Enfim, o flash em foto ficaria perfeita. está olhando para fora da leve contramergulho (de
baixa potência, ou melhor, Equipamento: Canon ação. Enfim, o mar, o céu baixo para cima): ele
um rebatedor, teria permitido PowerShot G15 com e o fundo ficaram muito poderia ser mais apoiado
preencher as sombras objetiva equivalente a apagados por causa da (aproximando-se mais
desagradáveis no rosto da 28-140 mm falta de contraste da cena. da cena fotografada e
sua noiva. Exposição: f/8, Equipamento: Nikon eventualmente se abaixando
Equipamento: Nikon 1/1000s e ISO 400 D7000 com objetiva mais ainda) para enfatizar a
D5300 com objetiva Nikkor 28-105 mm altura e a posição do gato
Nikkor 18-55 mm Exposição: f/ 5.6, 1/800s acima dos cachorros.
Exposição: f/5.6, 1/400s e ISO 160 Equipamento: Nikon D300
e ISO 100 com objetiva Sigma 105 mm
Exposição: f/5.6, 1/1000s
e ISO 200
7
8

9
10

104 • Fotografe Melhor no 231


FILIPE LIMA, TIAGO CAMILO RODRIGUES, FRANCISCO ISAIAS, LUIZ GUILHERME
Maceió (AL) São Paulo (SP) Suzano (SP) ALBUQUERQUE,
Caucaia (CE)
11 A sensação de
partida deixada
pela foto é interessante.
12 A foto chegou no formato
paisagem, porém, na
dúvida, pois o formato vertical
13 A cena é atraente e
valia o clique. Mas dois
elementos incomodam: 14 Infelizmente, a
cabeça da lagarta
Porém, seria mais (cabeça para cima) parece primeiro, o nariz do cachorro estava na sombra,
evidenciada se o mais natural, vou comentá-la branco ficou levemente impedindo fotografá-la
observador pudesse assim. O ponto de vista é borrado, fora do plano de do outro lado, de onde
enxergar melhor o bastante inusitado, e não fica foco por causa da vem a luz do sol, que
fundo. Como os desagradável. O espaço acima profundidade de campo providenciaria uma
personagens o tampam, da cabeça incomoda, e, já que a reduzida devido à grande iluminação mais
ângulo deixou a linha criança está olhando para baixo, abertura (pequeno valor de agradável. Contudo,
do horizonte quase posicioná-la próximo ao canto f/); segundo, o fundo chama mesmo assim, você
escondida, cortando a superior direito ficaria mais a atenção demais, tanto resolveu não mostrar a
sensação de vastidão. natural. Contudo, o que mais pelas cores quanto pelas cabeça do bicho e
Uma possibilidade era incomodou é a dificuldade em linhas, ainda mais porque posicioná-lo no centro do
posicioná-los ou bem entender o propósito da foto: ficou torto. Você poderia ter quadro, duas escolhas
no final do cais ou no com ângulo tão original, e ainda procurado um ponto de vista que não agradam, já que
local sugerido. mais pela escolha do preto e que incluísse menos a centralização do tema
Equipamento: Canon branco, o observador espera elementos no fundo, sempre rende imagens
SX510HS com que a imagem traga uma deixando-o mais homogêneo pouco dinâmicas – e o
objetiva equivalente história, mas não consegue para não perturbar a leitura fato de não ver os olhos
a 24-720 mm imaginar qual. da imagem. de um ser vivo
Exposição: f/6.3, 1/1000 Equipamento: Canon EOS 6D Equipamento: Nikon geralmente incomoda o
e ISO 125 com objetiva Canon 24-105 mm D40 com objetiva observador.
Exposição: f/8, 1/125s e ISO 200 Nikkor 18-105 mm Equipamento: Canon
Exposição: f/5, 1/200s G1X Mark II com objetiva
e ISO 400 equivalente a 24-120 mm
Exposição: f/4, 1/2500s
e ISO 400
11
12

13 14

Dezembro 2015 • 105


RAIO X
STEFANYE FALCO, RODRIGO FASSINA, OSVALDO NETO, MARIANA BRANDÃO,
Piracicaba (SP) S. Caetano do Sul (SP) Jataí (GO) Niterói (RJ)

15 Três “elementos” se
destacam na imagem:
a senhora no banco,
16 Lendo seu comentário,
não tenho certeza se as
emoções que a foto passa ao
17 A imagem ficou
confusa demais. Por
causa do contraste
18 A menina à
esquerda, no
primeiro plano, é a que
obviamente, mas também observador são realmente as excessivo que deixou boa mais se destaca na
o hidrante à direita e, em que você queria. A combinação parte dos personagens imagem, mas a atitude
menor escala, o poste à do forte ângulo em mergulho muito escuros, há somente dela não é muito
esquerda. Os dois últimos (de cima para baixo), que duas pessoas que se estética: talvez valesse
perturbam a leitura da enfatiza a fraqueza, a destacam na imagem, e elas a pena esperar um
imagem, assim como o submissão do tema, com o ficaram agrupadas do lado pouco mais. Além
poste, que se sobrepõe preto e branco, que realça os esquerdo e sobrepostas, o disso, a inclinação
com a senhora. A falta de pelos claros pelo contraste que desequilibra bastante a da linha do horizonte
espaço à frente do olhar com os mais escuros, composição. A leitura da incomoda.
dela também incomoda. ressaltando a velhice do foto ficou mais complicada Equipamento: Sony
Por isso, a sugestão seria animal, leva o espectador a ainda porque o observador Alpha A330 com
dar um passo para a direita imaginar a vida triste e não entende qual é o objetiva Sony 18-55 mm
a fim de posicionar o poste dolorosa que o cachorro está assunto principal. O homem Exposição: f/13, 1/200s
maior à direita da mulher, enfrentando. Tecnicamente, a que está olhando para a e ISO 100 4
evitando a sobreposição; e forma preta refletida no olho câmera não parece
apontar a câmera para a do cachorro não parece pertencer à cena e está
esquerda, liberando o natural e incomoda, assim desfocado, enquanto o
espaço à frente dela, como o desfoque no outro segundo está meio
excluindo o hidrante. olho, que pode ser devido a tampado pelo primeiro.
Equipamento: Canon reflexo ou problema no foco. E o espectador não
EOS 60D com objetiva Equipamento: Fujifilm X-E2 sabe o que olhar.
Canon 248-105 mm com objetiva Fujinon XF 27 mm Equipamento: Nikon D7000 e
Exposição: f/4, 1/1000s Exposição: f/2.8, 1/30s objetiva Nikkor 18-105 mm
e ISO 100 e ISO 1000 Exposição: f/3.5, 1/125s
e ISO 100

15

16

18

17

106 • Fotografe Melhor no 231


RAIO X
VILIANO LOPES DE MARCOS P. TAVARES, PAULO JOSÉ DE SOUZA, RENATO DE SOUSA
OLIVEIRA FILHO, Airomés (MG) São Bernardo do BRAGA JUNIOR,
Conceição do Coité (BA) Campo (SP) Rio de Janeiro (RJ)

19 Com certeza, o
destaque da foto é a
20 A composição é boa e
gostei do fundo branco
devido à superexposição e 21 A cena podia ser
interessante, e bem 22 A diferença de
tonalidade entre os
heterocromia do cachorro. à contraluz. A sensação de registrada, mas o planos mais próximos (mais
Contudo, um tema original desfoque nos contornos ambiente não é muito escuros) e os mais
não se sobrepõe à das zonas brancas vem da estético. A única afastados (mais claros) é
composição da imagem. O presença de aberrações alternativa para reduzir natural. Se ela for muito
ângulo em forte mergulho cromáticas produzidas pela seu impacto, caso não acentuada, como na cena
(de cima para baixo), objetiva utilizada. É um tivesse como procurar que você fotografou, é
reforçado pela curta defeito muito comum das outro ângulo, era fechar necessário determinar qual
distância focal, enfraquece lentes e sua aparição na mais o enquadramento, plano precisa ser bem
o tema, passando a beira das zonas luminosas usando uma teleobjetiva. exposto, deixando os outros
sensação de que ele está depende geralmente Além do ângulo de campo levemente super ou
doente, triste, submetido. da distância focal. Alguns reduzido, a distância focal subexpostos. Aqui, são os
Era a mensagem que você softwares permitem maior também ajudaria a planos mais afastados
queria passar? Além disso, corrigir o efeito na reduzir a profundidade de os mais interessantes, que
incluiu muitos elementos pós-produção. campo, permitindo ficaram superexpostos,
perturbadores no quadro. Equipamento: Nikon desfocar os elementos com zonas claras
Equipamento: Sony D5300 com objetiva mais distantes. estouradas. Teria sido
HX200V com objetiva Nikkor 55-300 mm Equipamento: Canon recomendável reduzir a
equivalente a 27-810 mm Exposição: f/5.6, 1/2000s EOS 60D com objetiva exposição em função do
Exposição: f/2.8, 1/200s e ISO 560 Canon 28-135 mm fundo, já que o primeiro
e ISO 100 Exposição: f/5, 1/320s plano não tinha tanta
e ISO 1250 importância.
Equipamento: Panasonic
Lumix FZ18 com objetiva
equivalente a 28-504 mm
19 Exposição: f/5; 1/200s
e ISO 100

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21

22

108 • Fotografe Melhor no 231


LIÇÃO DE CASA
temas ilustrados pelo leitor

Sandro Inoue
O voo de uma garça-branca-grande em imagem feita pelo leitor Sandro Inoue com uma tele em posição de 200 mm

O DESAFIO DE FOTOGRAFAR
pássaros em voo POR LAURENT GUERINAUD

Cheios de energia, itidez, exposição, distância tantes, em movimento e nem sem-

N
do tema: não faltam difi- pre com uma luz favorável.
imprevisíveis e com culdades para o fotógrafo No caso da distância, a não ser
movimentos muito que se interessa em regis- em cliques de gaivotas ou outras
trar pássaros (ou aves) em aves que não se incomodam muito
rápidos e irregulares, voo. Geralmente rápidos com a presença do ser humano, o
não é fácil clicar aves e imprevisíveis quando não estão fotógrafo experimenta bastante
em voo. É preciso se deixando carregar pelo vento, dificuldade em se aproximar do
eles apresentam três problemas tema. Por isso, uma teleobjetiva
muita atenção e principais para o fotógrafo que com distância focal de 200 mm no
técnica certa. Confira quer retratá-los em voo: estão dis- mínimo é imprescindível para ter

110 • Fotografe Melhor no 231


Renata Machado

Acima, pássaro em deslocamento em foto enviada pela leitora Renata


uma chance de gravar algo melhor Machado; abaixo, o leitor Juliano Sartori usou uma tele na posição
de 300 mm e ajustou a velocidade de 1/800s para flagar o beija-flor
do que um pontinho no meio de
Juliano Sartori

um quadro vazio.
Quanto maior a distância focal,
mais chances de conseguir um be-
lo retrato do animal. Porém, a
grande teleobjetiva é mais pesada
e difícil de manusear, e acompa-
nhar o movimento do tema evitan-
do que ele saia do quadro no mo-
mento do clique pode ser compli-
cado. Sem falar na dificuldade em
encontrar o pássaro pelo visor. É
preciso praticar.

FOCO E MOVIMENTO
Desfoque de movimento e foco
errado são o pesadelo do fotógrafo
que registra pássaros em voo.
Quanto maior a distância focal e rá-
pidos os movimentos do tema, mais
difícil conseguir uma imagem bem
nítida. Uma dica: privilegie longos
voos planados em que o pássaro só

Dezembro 2015 • 111


Antonio Carlos Iglesias
Acima, Antonio Carlos bate as asas de vez em quando para cor- dos resultados, pode ajustar com mais
Iglesias registrou a rigir sua trajetória. precisão. Quando estiver muito seguro,
decolagem de uma Para congelar o movimento e limitar pode até abaixar um pouco a velocidade
garça-moura em Poconé
o risco de borrão, é preciso usar uma para enfatizar o movimento das asas,
(MT); abaixo, o flagrante
enviado pelo leitor velocidade de obturador alta. A ideal de- borrando-as, e a velocidade, criando um
Wagner Fraga Friaça pende da distância focal utilizada, da dis- efeito de rastros (panning) no fundo.
tância entre o animal e a câmera, e da Em alguns casos, o tempo de exposição
velocidade da ave. Contudo, 1/1000s é muito rápido não deixa entrar o suficiente
uma boa base para começar. Em função de luz para uma exposição correta: é pre-
ciso abrir o diafragma para compensar
ou ainda aumentar a sensibilidade ISO
dentro dos limites aceitáveis de ruído digital
gerido pelo equipamento. Um pouco de
prática e alguns testes o ajudarão a de-
terminar esse limite.
A necessidade de abrir o diafragma,
assim como o uso de uma grande dis-
tância focal, reduz a profundidade de
campo, aumentando o risco de o tema fi-
car fora de foco, outro motivo da potencial
falta de nitidez. Com foco automático, os
melhores resultados são alcançados no
modo contínuo (AF-C ou AI-Servo).
Ajustado nesse modo, o autofoco acom-
panha o movimento do tema enquanto o
disparador está apertado até a metade,
ajustando continuamente o foco.
Quanto à escolha dos pontos de foco
Wagner Friaça

ativos, alguns fotógrafos preferem usar o


ponto central para mais precisão e rapidez
(deixando o pássaro sempre no meio do

112 • Fotografe Melhor no 231


Jorge Diehl

O leitor Jorge Diehl usou


uma telezoom Nikkor
80-400 mm em 280 mm
para congelar o voo do
tuiuiú no Pantanal

Ao lado, voo sincronizado


registrado pelo leitor
Ivo Tunchel, na Praia de
South Beach, em Miami,
na Flórida, EUA
Ivo Tunchel

quadro), enquanto outros escolhem tofoco... A escolha entre esses da câmera é registrar uma silhueta
o modo matricial (que ativa vários ajustes está principalmente sujeita escura em um lindo fundo azul
pontos), deixando a câmera localizar ao tipo de pássaro fotografado (ta- perfeitamente exposto. A lumino-
e seguir o tema em movimento. manho, rapidez e previsibilidade sidade do céu leva a câmera a su-
Contudo, o autofoco pode ter dos movimentos do tema). bexpor, deixando o tema totalmen-
dificuldades com um tema móvel. Se o autofoco não oferecer re- te preto, caso típico de contraluz.
Na realidade, a eficiência do sis- sultados satisfatórios, a focalização Existem três soluções para resol-
tema depende muito do equipa- manual pode ser a única alternativa ver o problema: corrigir manual-
mento usado e das condições fo- viável. Todavia, é preciso bastante mente a exposição de mais ou me-
tográficas. Algumas câmeras per- prática porque é necessário ajustar nos um ponto e meio (1,5 EV); me-
mitem muitos ajustes finos: nú- o foco continuamente para acom- morizar previamente a exposição,
mero de pontos usados (quanto panhar o movimento do tema. medindo-a em uma árvore ou um
menos pontos, mais precisão e ve- prédio corretamente iluminado
locidade do autofoco, mas menor EXPOSIÇÃO próximo ao tema; optar pelo modo
a zona coberta no visor), equilíbrio A última dificuldade é a expo- ponderado central de medição, que
entre precisão e velocidade do au- sição. Em céu aberto, a tendência oferece menos precisão, mas os

Dezembro 2015 • 113


Carlos Ghirelli
Acima, imagem captada pelo leitor Carlos Ghirelli com
velocidade ajustada em 1/1000s; abaixo, o voo elegante
de um urubu fotografado pelo leitor Marcelo Miguel

Marcelo Miguel

Flagrante de um gavião-belo
com uma piranha nas garras
Ricardo Japur

feito pelo leitor Ricardo Japur


no Pantanal de Mato Grosso

resultados são corretos na maioria menos homogêneo. O modo matri- reção para a qual ele está olhando,
das vezes quando o pássaro está cial de medição da exposição pode evitando que pareça bater na borda
posicionado no centro do quadro render bons resultados se o fundo do quadro.
no momento do disparo. não for nem claro nem escuro de- O céu aberto facilita o trabalho,
Outro caso, mais complicado, é mais. Caso contrário, as duas últi- embora ele constitua um fundo um
quando o tema evolui em um fundo mas soluções descritas podem ser pouco enfadonho para a imagem.
as únicas viáveis: memorização pré- Um fundo de vegetação rende ima-
via da exposição ou modos de me- gens mais interessantes.
dição ponderado central. Porém, o que mais importa é a
Mande sua foto para a atitude do pássaro. Primeiro, é im-
seção Lição de Casa COMPOSIÇÃO prescindível que a cabeça dele não
Ao contrário da técnica, a com- esteja tampada pelas asas ou co-
O tema para a próxima edição, posição não apresenta muita difi- berta por uma sombra. Segundo,
a 232, será viagens de férias. Caso culdade. Na quase totalidade dos a posição das asas precisa ser har-
você tenha uma boa foto sobre o
assunto, envie-a para a redação pelo casos, o pássaro é posicionado no moniosa, sugerindo o próprio voo.
e-mail fotografe@europanet.com.br terço oposto à direção do voo dele, Para captar tais atitudes, uma
até o dia 4 de dezembro de 2015 e
coloque no assunto “Lição de
geralmente no terço superior, ain- possibilidade é usar o modo sequen-
Casa”. Cada leitor pode mandar da mais se ele estiver com as asas cial (também chamado de contínuo
apenas uma foto. As imagens para baixo. Já que não é fácil acom- ou rápido pelos fabricantes), que
enviadas serão avaliadas e poderão
ser usadas como exemplos no panhar, focar e posicionar o tema permite disparar várias vezes em
artigo de Laurent Guerinaud. A do lado certo ao mesmo tempo, o seguida para fazer série de fotos.
ideia é que os leitores ilustrem as fotógrafo pode deixá-lo no centro Basta, depois, escolher a melhor.
informações passadas pelo
especialista. Apenas as fotos e recortar a imagem depois. E, se Outros preferem disparar uma vez
selecionadas serão publicadas. ele ocupar todo o quadro, é pri- só, esperando o momento decisivo
mordial deixar um espaço na di- para ter certeza de não perdê-lo.

114 • Fotografe Melhor no 231


FIQUE POR DENTRO
exposições, concursos e cursos

SP

Valdemir Cunha
Valdemir Cunha
fez um trabalho
de campo de cinco
anos sobre os
recursos hídricos
no Brasil e o
projeto Água
comemora seus

Incursão pelas 25 anos de


carreira

águas brasileiras
P
ara traçar um panorama da ção. Especializado em fotografia de :: Data: até 31 de dezembro de 2015
situação da água no Brasil, meio ambiente, natureza e viagens, :: Local: Galeria Porão – Rua
o fotógrafo Valdemir Cunha ele já trabalhou na Editora Abril como Aspicuelta, 145 – Vila Madalena
capturou imagens das principais editor de fotografia e na Editora Pei- :: Informações: (11) 2371-1701
represas, locais de tratamento de xes como editor executivo. www.galeriaporao.com.br
água, lagos, bacias hidrográficas, Valdemir Cunha

praias e áreas de seca do País. O


trabalho fotográfico, que durou cin-
co anos, resultou no livro (veja na
pág. 14) e na exposição fotográfica
Água. Por meio de imagens P&B,
ambos pretendem alertar a popu-
lação sobre a necessidade de usar
conscientemente a água e os re-
cursos hídricos brasileiros. Na ex-
posição, estão presentes imagens
de lugares como Rio Amazonas no
Pará, foz do Rio Tietê em São Paulo,
sertão do Rio Grande do Norte e
Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros em Goiás.
Valdemir Cunha completou 25
anos de carreira e o projeto foto-
gráfico Água foi uma comemora-

118 • Fotografe Melhor no 231


MG

FOTOGRAFIA
de domingo
A exposição é dividida em dois segmentos. Um dos núcleos
tem o nome de “O eterno efêmero” e apresenta foto-
grafias realizadas entre os anos de 1930 e 1980 de famílias
tradicionais de Poços de Caldas (MG). O outro se chama
“Representação e reinterpretação da vida cotidiana” e exibe
30 fotopinturas e 14 monóculos de imagens antigas de fa-
mílias, guardadas em álbuns. No espaço da exposição, o
público pode levar as próprias fotos de família e pendurar
em uma lona de 6 metros de extensão.
Coleção Ailton Fonseca

:: Data: até 17 de janeiro de 2015


:: Local: Instituto Moreira Salles –
Rua Teresópolis, 90 – Poços de Caldas (MG)
:: Informações: (35) 3722-2776
www.ims.com.br

RJ

Anthony Leeds
O RIO QUE SE QUERIA NEGAR:
AS FAVELAS DO RIO DE JANEIRO
NO ACERVO DE ANTHONY LEEDS

N a década de 1960, o antro-


pólogo americano Anthony
Leeds viveu nas favelas do
áreas consideradas atrativas
para o setor imobiliário, co-
mo a de Macedo Sobrinho.
Tuiuti e Jacarezinho, no Rio de Ao todo, são 60 imagens que
Janeiro. Durante a estadia, pretendem discutir a pre-
pesquisou e retratou a estru- sença histórica das favelas
tura e o cotidiano de mais de na cidade do Rio de Janeiro
cem comunidades por meio da e a negligência dos gover-
fotografia. Algumas fotos mos- nos, ao longo de anos, com
tram a remoção das favelas de as comunidades.

:: Data: até 10 de janeiro de 2016


:: Local: Museu da República – Rua do Catete, 153 – Rio de Janeiro
:: Informações: (21) 2127-0324
www.museudarepublica.museus.gov.br
Friederike von Rauch

MG Zeitgeist
A ARTE DA NOVA BERLIM
U m panorama dos contextos artísticos e cultural
da Berlim contemporânea está representado em
fotografias, pinturas, instalações e performances de
29 artistas berlinenses. A exposição que visa reunir
um panorama da comunidade artística da cidade tem
como curador o alemão Alfons Hug.

:: Data: até 11 de janeiro de 2016


:: Local: Praça da Liberdade, 450 – Belo Horizonte
:: Informações: (31) 3431-9400
www.culturabancodobrasil.com.br/portal/belo-horizonte/

Dezembro 2015 • 119


FIQUE POR DENTRO
Carolina em Nós
P ara contextualizar e homenagear
a vida da escritora, sambista e poe-
tisa brasileira Carolina Maria de Jesus,
estão expostos fotos e cenário em pai-
néis do lado de fora do Museu Afro
Brasil. A mostra é gratuita e reúne fo-
tos de autoria do jornalista Audálio
Dantas e do fotógrafo Fernando Gold-
gaber que retratam Carolina de Jesus
no dia a dia em sua comunidade.

:: Data: até 31 de janeiro de 2016


:: Local: Museu Afro Brasil – Av.
Pedro Álvares Cabral – Parque
Ibirapuera, Portão 10 – São Paulo
:: Informações: (11) 3320-8900
SP www.museuafrobrasil.org.br
Audálio Dantas

Oesculturas
bras de arte como fotografias,
CUBA FICCÍON postas e pinturas estão ex-
na última mostra que a Casa
GLÜCK: O TEMPO
Y FANTASÍA Daros realiza antes de seu fecha-
mento. Foram selecionadas 140
E A IMAGEM
RJ obras de 15 artistas cubanos, ativos
entre 1975 e 2008, que refletem a si-
RJ
tuação econômica e social de Cuba.
Entre eles, Marta María Perez Bravo,
pioneira na fotografia artística cu-
bana; Juan Carlos Alom, experimen-
talista; e Manuel Piña, fotógrafo cu-
bano radicado no Canadá.
:: Data: até 13 de dezembro de 2015
Guilherme Glück

:: Local: Casa Daros – Rua General


Severiano, 159 – Rio de Janeiro
:: Informações: (21) 2138-0850
www.casadaros.net
Mendieta Ana

D urante quatro décadas, entre


os anos de 1920 e 1960, a ci-
dade da Lapa, no Paraná, foi re-
A CIDADE QUE HABITA Carolina Enger
tratada pelo catarinense Guilher-
me Glück. Estão expostas 100
imagens do fotógrafo morto em
A carioca Carolina
Enger é fotógrafa
profissional desde
1982 que visava apresentar um
registro histórico e iconográfico
do cotidiano da cidade. A exposição
1994, e neste trabalho
é uma parceria do MIS do Paraná
ela utilizou a técnica do
com o Museu Oscar Niemeyer,
cianótipo e da pintura
com curadoria de Ederson Santos
encáustica para criar
Lima e Graça Bandeira.
trabalhos que mesclam
fotografia com pintura. SP :: Data: até 14 de fevereiro de 2016
A exposição é composta :: Data: até 29 de janeiro de 2016 :: Local: Museu Oscar Niemeyer –
por 14 obras que mos- :: Local: Museu da Imagem e do Som de Rua Marechal Hermes, 999 – Curitiba
tram as habitações e as Campinas – Rua Regente Feijó, 859 – Campinas :: Informações: (41) 3350-4412
particularidades da ci- :: Informações: (19) 3733-8800 www.museuoscarniemeyer.org.br
dade de Campinas (SP). www.miscampinas.com.br

120 • Fotografe Melhor no 231


CURSOS
SÃO PAULO (SP) Informações: (31) 98901-3526
O Instituto Internacional de Fotografia www.escolametropole.com
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túdio com Daniel Ávila, Tratamento de RIO DE JANEIRO (RJ)
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807 – Vila Madalena Data: consultar com a escola
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Still, Iluminação para Retratos e Book Carioca, sala 201 – Asa Sul
e Laboratório Preto e Branco. Informações: (61) 3224-0000
Data: consultar com a escola www.fotoescoladigital.com.br
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