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ESTUDO DAS CORES

CAPÍTULO 1 - O QUE É COR E COMO ELA SE


FORMA?

Cristiane Aparecida Gontijo Victer


Introdução
Caro estudante, bem-vindo(a)!
Você com certeza já admirou a beleza de um arco-íris, mas em algum momento se perguntou como são
formadas as suas cores? Em quais circunstâncias a cor tem alguma representação mais contundente em seu
meio? Já percebeu que a cor influencia diretamente em suas escolhas e no consumo de produtos?
A influência da luz, sua reação sobre cada matéria e a recepção nos olhos torna tudo que nos envolve num
fascinante mundo de cores, em constantes mudanças e transformaçõ es em nossa vida. Entender os processos
que levam a percepção da luz tornou-se fundamental em inú meros setores das ciências. Não há como
entender a cor sem conceituar que a luz é uma onda eletromagnética, que entre alguns comprimentos pode ser
captada pelos olhos, ou seja, é uma radiação eletromagnética situada entre a radiação infravermelha e a
ultravioleta.
Neste capítulo você estudará sobre as cores, o que é cor luz e cor pigmento, sua origem e como nó s a
percebemos, as teorias ao longo dos tempos e a sua simbologia, fatores primordiais para o estudo da moda.
Compreender o fenô meno cor também é de suma importância para entender praticamente sobre tudo que
consumimos.
Conhecer os processos da cor é primordial para quem irá trabalhar com desenvolvimentos de produtos, assim
como a percepção de que as cores são vistas e sentidas, por isso têm o poder de impressionar, expressar e de
construir.  Uma cor pode assumir o valor de um símbolo e se tornar construtiva, na forma de linguagem ao
comunicar uma ideia e sentidos.  
Como a cor é uma sensação provocada pela ação da luz sobre o ó rgão da visão, portanto não tem existência
material pró pria, é preciso saber a origem das cores, compreender a forma com a qual luz e a cor são
percebidas e os tipos de cores existentes. Tudo isso nos proporcionará a possibilidade de ampliar nossos
conhecimentos para projetarmos produtos de moda e compreendermos com as pessoas percebem as cores e o
que influencia nas escolhas deste ou daquele produto. 

Vamos lá? Acompanhe este capítulo com atenção!

1.1 Princípios Básicos 


O interesse pelas cores existe desde os primó rdios. Vários filó sofos e matemáticos estudaram sobre o
fenô meno, com o objetivo de compreender sua origem e como enxergamos a cor. O estudo da cor tornou
intrínsecos os conhecimentos sobre ó ptica, química, física e fisiologia, assim como da filosofia e psicologia.
Muitos estudiosos intrigados pelo fenô meno cor dedicaram seus estudos para decifrar os segredos da cor.
Entender a origem da cor, o seu estado natural, a sua relação com a luz e o meio levou a busca pelo seu
domínio, como consegui-la por meios artificiais, como usá-la e qual a sua capacidade de envolver a mente
humana. De acordo com Farina “[...] a cor exerce uma ação tríplice, a de impressionar, a de expressar e a de
construir. A cor é vista, impressiona a retina. É sentida, provoca emoção. E é construtiva, pois, tendo um
significado pró prio.’’ (FARINA, 1990, p. 27).

1.1.1 Teorias históricas


De acordo com Bernardo (2009), desde a época dos primeiros filó sofos gregos até meados do século XIX, o
tema das cores foi motivo de muitas polêmicas, discussõ es filosó ficas e científicas e também de muitas
contradiçõ es. O autor também diz que as cores eram observadas pelos pintores da Grécia Antiga e filó sofos,
não tendo um significado muito claro. 
Aristó teles (384 a.C. - 322 a.C.) foi um dos primeiros a estudar sobre cores que se tem conhecimento, sendo a
teoria aristotélica uma das mais antigas. Sobre este assunto, Bernardo (2009) explica que na interpretação
aristotélica, as cores são uma modificação da luz branca pura e homogênea. Conceitualmente, a cor para
Aristó teles era uma qualidade do objeto influenciada pela presença da luz. 
“De modo geral os filó sofos da antiguidade oscilavam entre dois conceitos: o primeiro, dominante,
considerava a cor como propriedade dos corpos; o segundo se baseia na tese de que os fenô menos de
coloração eram fruto do enfraquecimento da luz branca.” (PEDROSA, 2009, p. 50). Aristó teles define que a cor
é uma das propriedades dos objetos, assim como o peso, a textura, o material. 
Na Idade Média, segundo o poeta Plínio citado por Pedrosa (2013, p. 43),

existem três cores principais: o vermelho vivo, que brilha com todo seu esplendor nas rosas e
encontra o reflexo nas pú rpuras de Tiro , na pú rpura, duas vezes tingida e na de Lacô nia; a cor da
ametista, que brilha nas violetas e se reencontra na cor pú rpura, e aquela que denominamos de
iantino (nó s só falamos de gêneros e que oferecem várias subdivisõ es); enfim a cor conchífera
propriamente dita, de várias sortes. 

Clique a seguir para conhecer a visão dos principais nomes da época.

Leon Battista Alberti (1404 -1472) 

Foi discípulo de Brunelleschi e influenciador de Leonardo da Vinci,


que junto ao vermelho, azul e verde, acrescenta o cinza,
relacionando-as aos elementos fogo, ar, água e terra. “Os conceito de
Leonardo com referência à pintura em nada diferem dos de Alberti,
em muitos casos constituem um aprofundamento deles, como
indica sua teorização da perspectiva” (PEDROSA, 2013, p. 47).

Publicou, em italiano o Tratado da Pintura e da Paisagem: Sombra e


Luz.  Apó s 132 anos da morte de Leonardo o tratado foi editado na
Leonardo da Vinci (1542-1519) 
França em 1716 utilizando desenhos de Poussin (PEDROSA, 2013, p.
46). 

O tratado é um conjunto das anotaçõ es de Leonardo da Vinci, nas


quais ele se opõ e a Aristó teles e diz que as cores não são
propriedade do objeto, e sim da luz. Concorda que as cores partem
do vermelho, verde, azul e amarelo, excluindo os extremos da luz, o
branco e preto. 

Isaac Newton (1643 - 1727) 

Acreditava na teoria corpuscular da luz e fez importantes


experimentos sobre a decomposição da luz com prismas, que
resulta no surgimento de espectros nas cores vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul, anil e violeta, e defendia que as cores existiam
devido ao tamanho da partícula de luz.

De acordo com Pedrosa (2013, p. 60):

Depois de interceptar um raio de luz com um prisma, fazendo surgir as cores do espectro, Newton
realizou uma operação adicional em que as cores, ao atravessar um segundo prisma, ou uma lente
convergente, recompunham a luz branca original. A decomposição da luz branca pelo prisma
permitiu-lhe deduzir que a separação espacial das cores simples é obtida graças ao grau diferente
da refração de cada cor revelado ao atravessar os corpos transparentes. Essa refração é
caracterizada por certa grandeza, denominada índice de refração. 

Figura 1 - Decomposição da luz ao atravessar um prisma.


Fonte: Chirokung, Shutterstock, 2019.

Ele expô s sua teoria em uma publicação da Royal Society, chamada Philosophical Transactions of the Royal
Society of London, onde explica como foi a experiência com os prismas e a divisão do raio de luz em um
espectro de cores. E mais tarde, em outra publicação, ele detalha a experiência com dois prismas decompondo
e recompondo a luz branca. Desta forma Newton concluiu que as cores não são qualificaçõ es da luz derivadas
de refração ou reflexõ es dos corpos naturais, mas propriedades originais e inatas que são diferentes nos
diversos raios, ou seja, alguns raios exibem determinada cor apenas, e que existem raios inclusive para as
cores intermediárias.
Newton demonstrou através de um dispositivo em círculo com as sete cores do arco-íris, chamado de Disco
de Newton, que ao girar rapidamente acontece a superposição das cores na retina do observador, dando a
sensação de branco, concluindo que não há um raio que possa exibir a luz branca, ela é sempre composta.
Newton confirma com a Teoria Corpuscular da Escuridão que a luz é composta por corpos luminosos, que
chegam aos olhos do observador e produzem a sensação de luminosidade, como a emissão, por parte de
pequenas partículas. E que o branco é a cor usual da luz, que é um agregado de raios de todos os tipos de
cores. A partir desta teoria Newton inventou o telescó pio refletor, que permite perceber que cada cor tem um
índice de refração (desvio quando passa de um meio para outro diferente). Clique e continue conhecendo as
contribuiçõ es de outros pesquisadores para o estudo das cores.

Jakob Christof Le Blon

No século XVIII, Jakob Christof Le Blon (1667 - 1741), pintor e gravador alemão, demonstrou
que as cores pigmento primárias eram vermelho, amarelo e azul, produzido por combinaçõ es as
cores complementares verde, violeta e laranja. Ele inventou o sistema de 3 e 4 cores de impressão
chamado de RYBK, que é similar ao CMYK, métodos que ajudaram na formação do sistema atual de
impressão.

Michel Eugène Chevreul

Já em 1839, o francês Michel Eugène Chevreul (1768 – 1889) editou a lei do contraste
simultâneo das cores.

“De todas as descobertas de Leonardo, nenhuma teve maior importância para o colorido nas artes
visuais que a da simultaneidade do contraste de cores. Esta descoberta revela a essência da beleza
do colorido oriunda da ação das cores umas sobre as outras.” (PEDROSA, 2013, p. 54).

Chevreul estabelece com seu estudo a percepção das cores em simultaneidade, conclusõ es que
podem ser observadas quando se justapõ em uma cor fria com uma cor quente. Uma não modifica a
outra, porém quando se juntam duas cores quentes elas se esfriam e, ao contrário, ao se juntar duas
cores frias elas se aquecem. Assim como uma cor clara num fundo escuro fica mais viva. 

Johann Wolfgang Von Goethe

No século XIX, Johann Wolfgang Von Goethe (1749 - 1832) dedicou 40 anos de estudo em seu
tratado sobre as cores, contrapondo-se à teoria de Newton. Para Goethe a luz branca não podia ser
constituída por cores, sendo cada uma delas mais escura que o branco. Ele defendia que as cores
eram resultado da interação da luz com a escuridão. Na sua visão, a luz branca seria enfraquecida
ao atravessar meios translú cidos, reinterpretando o arco-íris, no qual os dois extremos tenderiam
ao vermelho, que seria o enfraquecimento máximo da luz. “De todos os pesquisadores, Goethe é o
que exerce maior influência sobre os intelectuais e artistas contemporâneos no tocante a utilização
dos princípios cromáticos.” (PEDROSA, 2013, p. 62).

Goethe destaca a fisiologia e psicologia da cor, como a retenção das cores na retina e a tendência do
olho ver nas bordas de uma cor complementar e que os objetos brancos parecem maiores que os
pretos.

O estudo de Goethe não despertou tanto interesse em sua época, mas foi resgatado por estudiosos da Gestalt,
no século XX. Atualmente nas universidades estudam-se as cores conforme Goethe propô s: cor física (ó ptica
física), cor fisioló gica (ó ptica fisioló gica) e cor química (ó ptica química). Isto corresponderia a teoria de
Newton acrescida de observaçõ es sobre ondas.
Goethe descreve em seu livro como as cores e a luz se relacionam perfeitamente e que correspondem à
natureza em seu todo, não podendo serem vistas de formas separadas. 
“As cores são açõ es e paixão da luz. Neste sentido podemos esperar delas alguma indicação sobre a luz. Na
verdade, a luz e as cores se relacionam perfeitamente, embora devamos pensá-las como pertencendo a
natureza em seu todo: ela é inteira e é que assim quer se revelar ao sentido da visão” (GOETHE, 2011, p. 35).

VOCÊ O CONHECE?
Paul Klee é considerado um dos grandes pintores europeus do início do sé culo XX, fez
extensos experimentos e desenvolveu um grande domínio sobre a cor e tonalidade. Ele
criou composições de quadrados coloridos impressionantes. Paul Klee lecionou na
famosa escola Bauhaus. Para Paul Klee “a arte nã o reproduz o que é visível, ela torna
visível”. (FRASER, ANKS, 2007, p. 44)

É importante você considerar que a teoria de Newton obteve mais sucesso em sua época, por ter
comprovaçõ es científicas, enquanto que e a de Goethe foi, de certa forma, entre seus contemporâneos, menos
aceita, já que somente algum tempo apó s é que os conceitos psicoló gicos fossem explicados por outros
pesquisadores. A partir de então a teoria de Goethe passou a ser de principal relevância para o uso das cores.

1.1.2 Cor como sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão 
Com a visão percebemos o mundo exterior, identificamos as características dos seres e objetos, as formas,
dimensõ es, proximidade ou distância, iluminação, cor. O olho humano representa o mais elevado grau de
aperfeiçoamento na captação de energia luminosa (o estímulo), difere dos outros animais em quantidade e
qualidade. Porém, a visão humana não se restringe aos olhos, no nível fisioló gico (a sensação), e precisa ser
conduzida pelo cérebro, que por sua vez, associa a informaçõ es armazenadas para a interpretação correta (a
percepção). “A cor não tem existência material, é apenas sensação produzida por certas organizaçõ es nervosas
sob a ação da luz” (PEDROSA, 2008, p. 20)
Os olhos humanos têm campo de visão de 180º e a função de captar imagens, forma esférica e diâmetro de
aproximadamente 24 mm. Formam os olhos a escleró tica, que é o invó lucro branco, a có rnea, o cristalino e a
íris. Na face interna da escleró tica estão a coroide e a retina, que é composta por cones e bastonetes. “O
processo de sensibilização da retina pela luz é indiscutivelmente a base do fenô meno da visão” (PEDROSA,
2008, p. 40).
De acordo com Farina (1990), as cores são uma sensação produzida pelo olho e interpretada no cérebro como
resposta a estímulos de energia luminosa. Nossos olhos possuem cones e bastonetes sensíveis a luz. A luz
atinge a retina e é refratada pela có rnea, pelo humor aquoso, cristalino e pelo humor vítreo. A percepção da
cor pode ser compreendida pela possibilidade que algumas matérias têm de absorverem alguns raios de luz e
de refletirem outros, sendo que algumas superfícies refletem todos os raios luminosos e, por isso, as vemos
brancas. Aquelas que absorvem todos os raios as vemos pretas. 

Figura 2 - Luz refletida sobre a superfície branca, preta e azul respectivamente.


Fonte: Udaix, Shutterstock, 2019.

Nas figuras acima podemos notar como a luz é absorvida pelo objeto e como ela chega em nossos olhos. Em
uma superfície branca, toda a luz que é refletida chega aos nossos olhos. Note que branco é a junção de todas
as cores, como você poderá verificar mais à frente.  
Na superfície preta, nenhuma cor chega aos nossos olhos, toda cor é absorvida pela pró pria superfície. Já na
superfície azul, todas as cores chegam à ela e o que chega aos nossos olhos é somente a luz azul. 

1.1.3 A luz como estímulo e a luz e a visão


Luz é um fenô meno da natureza que produz onda eletromagnéticas. A luz é capaz de causar uma alteração
externa que provoca uma resposta fisioló gica ou comportamental no organismo. É muito interessante estar
ciente do processo da nossa visão, o que enxergamos não é o objeto em si, mas a luz que dele reflete.
  “O termo cor é sempre equivalente à expressão cor-luz. Podemos dizer que a cor constitui um evento
psicoló gico. A Física nos explica que a luz é incolor. Somente adquire cor quando passa através da estrutura
do espectro visual. Concluímos, pois, que a cor não é uma matéria, nem uma luz, mas uma sensação”
(FARINA, 1990, p. 77).
Fazemos a percepção do espaço através da luz. Além do elemento físico, a luz, e fisioló gico, o olho, os dados
psicoló gicos, ou seja, fatores externos como a luminosidade, o matiz e a saturação alteram a qualidade do que
se vê. Segundo Pedrosa (2008), os estímulos que causam as sensaçõ es cromáticas estão divididos em dois
grupos: o das cores luz e o das cores pigmento. 

O que caracteriza o estímulo fisioló gico é a sua integração com a sensação, pelo fato de ser
originado fisiologicamente. Há dois tipos principais de estímulos fisioló gicos: o primeiro é
gerado por uma excitação mecânica saturando parte da retina com uma cor, forçando a outra parte
da retina a produzir fisiologicamente a cor complementar da que foi excitada (fenô menos das
imagens posteriores, efeitos de deslumbramentos etc). O segundo é o formado por excitação
subjetiva, pela ação da pró pria retina, ou do cérebro (sensação colorida no escuro, manipulação
mental das cores realizada por pintores, mentalizaçõ es coloridas dos místicos e das demais
pessoas que exercitam essa faculdade, como desdobramento da memó ria cromática, visõ es
causadas por alucinó genos, mecanismos dos sonhos etc), e por disfunçõ es orgânicas (cores
patoló gicas). (PEDROSA, 2009, p. 98)

O ambiente pode ser mudado através da luz. É através do uso do estímulo da luz que controlamos o que será
mostrado, destacado; se o local será para descanso ou trabalho. Toda atmosfera pode ser projetada
especialmente para que as atividades sejam desenvolvidas da maneira mais completa e saudável, utilizando-
se assim das diferentes intensidades, temperaturas de cor, focos, fachos, efeitos e cores. “A cor e os efeitos de
humor que você procura deveriam influenciar na sua escolha da luz elétrica. A maior parte dos ambientes será
iluminada pela luz natural durante o dia e pela artificial durante a noite” (FRASER; BANKS, 2007, p. 70).
De acordo com Baer (2006), a luz é o efeito das radiaçõ es visíveis e forma o espectro eletromagnético,
composto por um conjunto de ondas de energia eletromagnéticas, fazendo um movimento ondulató rio. Estas
ondas são medidas pelo seu comprimento de ponta a ponta. A distância é bem variável de milionésimo de
milímetro até milhares de quilô metros.  As ondas eletromagnéticas possuem uma frequência, ou seja, um
nú mero de pulsaçõ es por unidade de tempo. Dentro de um grande espectro, só as ondas entre 380 e 780
milimicrons têm propriedade de estimular a retina.
Os olhos têm a função de captar as imagens. Clique e conheça as suas propriedades.

Seletividade
A percepção de cada cor (o olho só é sensível às radiaçõ es entre 0,380 e 0,780 microns).


Maior ou menor sensibilidade
Está relacionada ao comprimento de onda que corresponde às cores visíveis.


Acomodação
É a propriedade de se ajustar às distâncias.

• Acuidade
É a capacidade de reconhecer os objetos.


Adaptação
Ajuste automático às diferenças de iluminação dos objetos (abertura e fechamento da pupila)

A seguir, conheça uma curiosidade sobre o daltonismo.

VOCÊ SABIA?
Que o daltonismo é uma anomalia onde as pessoas tê m uma visã o distorcida da
cores, geralmente de origem gené tica. O daltonismo normalmente é a
incapacidade de distinguir entre tons de vermelho e verde. É causado por
deficiê ncias que afetam os cones de recepçã o das cores nos olhos. Uma
curiosidade é que os problemas relacionados à s cores sã o mais comuns entre os
homens do que em mulheres – 8% da populaçã o masculina e 0,5% da feminina
(FRASER, BANKS).

Segundo Gomes (2015), a Gestalt quer dizer forma, sendo o termo utilizado pelos psicó logos para designar o
estudo da percepção da forma, levando em consideração o todo. Neste sentido a visão tem papel fundamental
da percepção das coisas. Em termos gerais, os princípios básicos da Gestalt baseiam-se que as entidades
fisioló gicas, bioló gicas, físicas e simbó licas formam um todo que é maior que a soma das partes. Isto quer
dizer que nossa mente é capaz de complementar o que falta num desenho, por exemplo. A cor é parte
fundamental no estudo da Gestalt, pois através dela conseguimos perceber as formas.  

Figura 3 - Nossa mente pode automaticamente complementar e reconhecer a formação do triângulo.


Fonte: Javier Calvete, Shutterstock, 2018.

Como você pode ver na figura acima, nosso olho através de suas propriedades faz com que nossa mente
complete o desenho. Nesta hora, além de aspectos físicos e fisioló gicos, também fatores simbó licos
contribuem para a formação da imagem. Um fator básico ao qual nossa percepção está subordinada chama-se
pregnância. De acordo com Pedrosa (2009), a Pregnância é constituída por seis leis básicas, listadas a seguir.
Clique para conferir. 

Semelhança

Há uma tendência natural em ver elementos semelhantes, na cor, forma ou dimensão. Nosso
cérebro de forma automática busca por padrõ es.    

Proximidade

Elementos pró ximos uns dos outros tendem a se agrupar e são percebidos como uma unidade.
Geralmente em projetos são utilizados proximidade e semelhança de forma unidas.   


Continuidade

Acontece quando elementos estão pró ximos e seguem uma direção em linha contínua de pontos e
nosso cérebro entende como uma linha.

Movimento

Indica a orientação das linhas de força e por consequência a ilusão de movimento.

Tendência à Complementação

A lei de fechamento acontece quando um objeto ou desenho é incompleto ou não tem seu espaço
totalmente fechado. O cérebro ativa algumas partes para completar a figura.    

Figura e fundo

A unidade é a igualdade harmô nica dos elementos visuais de uma composição. Quanto maior o
equilíbrio, maior a sensação de unidade. 

A tendência é um equilíbrio entre a cor e a forma, mas conforme aguçamos a percepção podemos distingui-las
separadamente. Veja a ilustração a seguir. 

Figura 4 - Tendência de equilíbrio entre cor e forma.


Fonte: Peter Hermes Furian, Shutterstock, 2019.
Pode-se observar na figura acima a ambiguidade dada pelo branco e pelo preto em sua forma. Muitos irão ver
primeiro um vaso, outros irão ver dois rostos frente e frente. É um jogo no qual cores, figura e forma se
misturam.

VOCÊ QUER VER?


Uma boa indicaçã o para compreensã o do conteú do e aguçar a percepçã o das cores é o
filme A moça com o brinco de pérola (2004), dirigido por Peter Webber. A história é
baseada na tela pintada em 1665, pelo artista neozelandê s Johannes Vermeer, quadro
que tem como ponto focal um brinco. Uma luz incidente na janela que ilumina uma
jovem encanta o pintor, que se propõe pintá -la. 

De acordo com Farina (1990), o processo pelo qual o cérebro interpreta as imagens ainda não foi totalmente
estudado até hoje, sendo ainda muito complexo. Podemos dizer que todas as sensaçõ es relacionadas a cor
podem ser utilizadas na área do design e da comunicação visual.  

1.2 Cor Pigmento X Cor Luz 


Pode-se dizer que a cor não tem existência material e que é provocada de pela ação da luz, que é o estímulo
sobre o ó rgão da visão, decodificada pelo cérebro, que consiste em sensação da cor, de onde decorre a
percepção do fenô meno. 
Dois estímulos diferentes causam sensaçõ es cromáticas. O primeiro é a cor luz ou luz colorida, e o outro é a
cor pigmento, a substância material que absorve, refrata ou reflete a luz que se difunde sobre ela. Tudo a nossa
volta possui cor, mas na verdade como foi dito, o efeito da cor é dado pela incidência de luz sobre um objeto,
por exemplo.  O que seria a cor pigmento e como ela se forma? Quais as principais diferenças entre cor luz e
cor pigmento? Vamos estudar a seguir!

1.2.1 Cor Pigmento e Cor Luz. (CMYK x RGB)


Chamamos de cor pigmento as substâncias corantes que fazem parte das cores químicas. As tintas
automotivas, os vernizes, a têmpera, a aquarela, tintas para tecido, tintas para impressão, fazem parte deste
grupo. 
A cor pigmento, conforme sua natureza, absorve ou reflete os raios luminosos componentes da luz que se
difunde sobre ela. De acordo com Baer (2002), as cores primárias pigmento são ciano, magenta e yellow ou
CMY que correspondem às iniciais das palavras em inglês. 
Os pintores desde antiguidade utilizam como cores primárias as cores red, yellow e blue. Este sistema de
cores chama-se RYB, sendo utilizado mais entre pintores e artistas plásticos. As cores pigmentos podem ser
chamadas também de cores subtrativas.  Como exemplo possuímos as tintas, onde cada tipo de pigmento tem
seu grau de absorção de mais ou menos da radiação. 

Figura 5 - As cores primárias e secundárias do sistema das cores pigmento CMYK, o mais utilizado na
atualidade.
Fonte: Lucie Rezna, Shutterstock, 2019.
Cor luz é a cor formada pela emissão direta da luz. A cor luz são as cores decorrentes da decomposição da luz
branca. As cores vermelha, verde e azul, são chamadas cores simples ou primárias, RGB, do inglês red, green e
blue. As cores luz podem ser chamadas também de cores aditivas. A luz solar é o melhor exemplo, assim
como os objetos que emitem luz, como monitores, lanternas, televisão. 

VOCÊ QUER VER?


Você gostaria de realizar experimentos e poder ver na prá tica a combinaçã o das cores
luz? Neste site organizado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, você
poderá realizar testes com as cores luz, fazendo combinações e podendo ver como
surgem as cores secundá rias e terciá rias luz.  O simulador está disponível em
<https://phet.colorado.edu/sims/html/color-vision/latest/color-vision_pt_BR.html
(https://phet.colorado.edu/sims/html/color-vision/latest/color-vision_pt_BR.html)>.

Podemos concluir que a cor luz, o que emana, é o inverso da cor pigmento, que recebe. Nos dois estímulos
existem as cores primárias, que são puras, não se decompõ em e formam todas as outras cores.

Figura 6 - A cor branca surge naturalmente no sistema de cor luz, a partir das cores primárias Red, Green e
Blue, e das secundárias, Ciano, Magenta e Yellow.
Fonte: Lucie Rezna, Shutterstock, 2019.

Você poderá perceber na experiência realizada com o simulador que as três cores quando sobrepostas tornam-
se brancas. Ao unir o verde com o vermelho, surgirá o amarelo; o azul com o verde, surgirá o ciano; e o azul
com o vermelho a cor magenta. Sendo assim, as cores secundárias luz serão as mesmas cores primárias
pigmento. Ou seja, ciano, magenta amarelo.  

Figura 7 - Por meio da síntese aditiva pode-se perceber a formação da cor branca, pela união das cores,
conforme o sistema RGB.
Fonte: Hermes Furian, Shutterstock, 2019.

Todas as cores apresentam três características: o matiz, o tom e a intensidade. Clique a seguir para conhecer
mais essas características.

É o que distingue a cor. As cores primárias são matizes e se misturamos o azul e o amarelo,
criamos outro matiz, o verde. Então são matizes também as cores secundárias e, logo também,
as terciárias. Ou seja, a mistura de matizes resulta em outro matiz.

Refere-se à maior ou menor quantidade de luz na cor. Se adicionamos preto a uma cor, ela fica
mais escura, e acrescentando o branco obtém-se tons mais claros. À medida que se adiciona o
branco ou o preto cria-se uma escala tonal.

Refere-se ao brilho da cor. Quanto mais alta a intensidade, mais vívida a cor, e quanto mais
baixa, menos brilhante, como as cores pastéis.

Na pintura, pode-se adicionar simultaneamente preto e branco, que é equivalente a adicionar cinza.
Poderíamos dizer que há uma variação de saturação e luminosidade que damos o nome de valor.    
O valor é medido em uma escala de cinzas em nove degraus, desde o preto absoluto, que existe só na teoria,
até o tom mais claro.  Este sistema de especificação foi criado pelo artista e pesquisador americano Albert H.
Munsell.    

VOCÊ QUER LER?


Você sabe o que sã o os pigmentos minerais e para que servem? Muitos eram usados
antigamente por artistas e até para fabricaçã o de produtos de maquiagem. Conheça
um pouco mais sobres minerais no site do Serviço Geológico do Brasil (CPRM),
disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-
Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/Pigmentos-Minerais-1263.html?
UserActiveTemplate=&from_info_index=31 (http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-
Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/Pigmentos-Minerais-
1263.html?UserActiveTemplate=&from_info_index=31)>.

De acordo com Farina (1990, p.67), qualquer variação na cor, seja ela na saturação, na luminosidade ou no
tom, produz uma modulação, chamada escala. As escalas cromáticas podem ser monocromáticas ou
policromáticas. As escalas monocromáticas referem-se as escalas produzidas à partir de uma cor e as escalas
policromáticas, a partir de várias cores.  

VOCÊ SABIA?
Pieter Cornelis Mondrian foi um pintor neerlandê s modernista, criador do 
movimento artístico neoplasticismo. Foi colaborador da revista De Stijl na primeira
dé cada do sé culo XX. Trabalhava em suas obras com a simplificaçã o das formas e
das cores, tentando dar a seus quadros um certo equilíbrio. Em seu momento de
abstraçã o passou a pintar traços finos horizontais e verticais. Suas cores principais
eram o vermelho, o amarelo, o azul e o preto. Conheça mais sobre suas obras e de
muitos outros artistas em <https://artsandculture.google.com/search?
q=mondrian (https://artsandculture.google.com/search?q=mondrian)>. 

Além das características, como matiz, tom intensidade e valor, as cores podem interferir na dimensão,
porque dão a sensação de aumentar ou diminuir os ambientes. No peso, porque aparentam aos volumes ser
mais leve ou pesado. A cor modifica a iluminação, pois pode absorver uma cor e refletir outra, assim como a
temperatura, dando a sensação de quente ou frio. Confere simbolismo às cores quando as relaciona à
tradição, e por fim, se reflete na emoção ao se associar ao nosso psiquismo.

1.3 Círculo cromático 


Você já pensou em como poderia ser representada a cor para que todos pudessem entender suas nuances e
combinaçõ es? Como artista, você em seu atelier realizará algumas misturas e precisa registrar como elas
foram feitas. Assim surgiu o Círculo cromático. Ele é uma representação gráfica ordenada em relação a
harmonia e o contraste. É constituído das cores primárias ou simples, dando origem às cores secundárias,
terciárias e assim por diante. Através deles podemos realizar combinaçõ es de cores para realização de
projetos.  Os círculos cromáticos mais conhecidos são os CMYK, o RGB e o RYB.

Figura 8 - A partir do círculo cromático CMYK podemos obter uma infinidade de cores e o profissional
poderá analisar facilmente suas escolhas.
Fonte: Albachiaraa, Shutterstock, 2019.

Acima temos um círculo cromático CMYK, no qual as cores primárias Ciano, Magenta e Amarelo dão origem
as outras cores. Podemos ver também as cores em escala de valor mais claras mais ao centro e mais escuras
nas bordas.  Esta escala é dada pelo acréscimo de preto e branco nas respectivas cores.  

1.3.1 Cor Luz e cor pigmento; cores primárias e secundárias; cores


complementares e análogas.
Como já sabemos, as cores não existem sem luz, neste sentido podemos dizer que as tonalidades de luz
podem modificar as tonalidades das cores. 
As cores luz, red, green e blue ou seja, vermelho, verde e azul, representadas pelas siglas RGB são utilizadas
em dispositivos eletrô nicos, como máquinas fotográficas, computadores e TVs. Utilizamos o sistema RGB que
possui as três cores primárias: red, green e blue. A imagem da tela de computador é formada através de
pequenos pontos coloridos, em que as cores primárias com mais ou menos intensidade juntam-se, formando
as mais variadas cores.    
A síntese aditiva é um fenô meno onde somam-se radiaçõ es de comprimento de ondas variados sobre uma tela
branca, na qual se pode perceber uma luz clara. Então, para se obter a luz branca, basta três feixes luminosos
nas cores vermelho, verde e azul-violeta sobrepostos. As cores compostas derivadas das cores primárias são:
amarelo, ciano e magenta.
  “Cores-luz são as que provêm de uma fonte luminosa direta, estudadas mais detidamente na área da Física
[...]. Em mistura ó ptica equilibrada, tomadas duas a duas, essas cores produzem as secundárias: magenta, [...]
amarelo, [...] ciano [...]. A mistura proporcional das cores-luz produz o branco, em síntese denominada
aditiva” (PEDROSA, 2008, p. 28).
Misturas aditivas são conseguidas a partir da adição de mais cor, ou seja, mais luz, logo as cores resultantes
serão mais vívidas. As cores secundárias se originaram a partir das cores vermelho, verde e azul. Clique e veja
como isso acontece.

Vermelho + Verde =

Amarelo.

Vermelho + Azul = 

Magenta.

Azul + Verde = 

Ciano.
Quando falamos de cor luz, falamos também de ondas radiação. O espectro visível é o espectro magnético de
radiação composto por fó tons que são capazes de sensibilizar o olho humano. Neste sentido, este espectro
pode ser dividido em faixas de acordo com o comprimento da onda. Este comprimento está diretamente
ligado a cor. Algumas cores são identificáveis ao olho humano e outras não. 
Cyan ou ciano é o nome dado a cor azul-verde que tem o comprimento de onda dominante igual a 495
milimicrons Amarelo é o nome da cor com comprimento de onda dominante igual a 574 milimicrons.
Concluindo, a cor depende do comprimento da onda, sendo essencialmente luz. Neste sentido o termo cor
corresponde ao termo cor-luz. Sendo assim, na síntese aditiva, as cores simples vermelho, verde e azul-
violeta, correspondem as cores primárias. As luzes são chamadas complementares quando as junçõ es
formam a luz branca, ou acromática.  

Todas as cores que não percebemos estão presentes na luz branca. Sua dispersão da luz, origina o
fenô meno do cromatismo. A luz branca, o branco que percebemos, é, portanto, acromático, isto é,
não ter cor. O mesmo diremos do preto, que representa a absorção total de todas as cores, a
negação de todas elas. (FARINA, 2006, p. 78).

Existem cores que não são perceptíveis ao olho humano e também surgem a partir da decomposição da luz
branca. 
As cores primárias adicionadas às suas cores complementares ao serem misturadas formam a cor branca.

• Luz Verde + Luz Magenta = Luz Branca 


• Luz Azul Violeta + Luz Amarela   = Luz Branca 
• Luz Vermelha + Luz Ciano = Luz Branca    
CASO
Uma professora de artes queria explicar aos alunos sobre a cor-luz, entã o pediu
ao professor de física algumas orientações, propondo um projeto interdisciplinar.
Ele solicitou à professora alguns objetos para realizaçã o da aula prá tica:

• três lanternas;
• folhas de papel celofane nas cores verde, azul e vermelha;
• Uma cartolina branca. 

Em uma sala escura realizaram os experimentos com os alunos. Com a ajuda de


trê s voluntá rios, pediu que eles incidissem as luzes sobre a cartolina branca. Cada
lanterna tinha em sua passagem de luz uma folha colorida. A professora pediu
que o aluno que estava com a luz vermelha incidisse sobre a luz verde. O
resultado foi, assim, na cor amarela, depois da verde com a azul, resultando a cor
ciano e por ú ltimo a cor azul com vermelho, resultando na cor magenta. Para
terminar a experiê ncia, a professora pediu a junçã o das trê s luzes coloridas. Os
alunos ficaram surpresos pois a cor resultante da junçã o foi branca. Assim, a
professora pôde apresentar na prá tica para os alunos a teoria da cor luz no
sistema RGB.  

As cores pigmento são substâncias corantes, possuem um poder seletor sobre todas as radiaçõ es luminosas
que as atingem. Como já vimos, as cores primárias são ciano, magenta, e yellow, representadas pela sigla CMY,
também chamadas de cores simples ou básicas. Ao misturar estas três cores obtemos uma espécie de marrom
bem escuro e não o preto. A partir daí tornou-se necessário, até por uma questão de economia no meio gráfico,
acrescentar a cor pró ximo ao preto, representada pela letra K que significa Key Color. Transformando a sigla
em CMYK.
O fenô meno físico de absorção da radiação, seja ela total ou parcial, chama-se síntese subtrativa. As cores
básicas e não primárias são o amarelo, ciano e o magenta. Misturas subtrativas são obtidas através da
diminuição da luz, a partir das misturas das cores primárias CMYK, obteremos as cores secundárias tendendo
ao escuro, ao preto, como mostrado no esquema abaixo.

• Ciano + magenta = azul violetado


• Magenta + amarelo = vermelho
• Amarelo + ciano = verde

A partir das cores primárias com as secundárias obteremos as cores terciárias.

• Magenta + azul violetado = violeta  


• Amarelo + vermelho = laranja
• Ciano + verde = verde azulado
• Magenta + vermelho = vermelho violetado
• Amarelo + verde = amarelo esverdeado
• Verde + ciano = verde azulado

As cores complementares são aquelas que quando misturadas resultam em branco. Surgem da combinação
de uma cor secundária e uma cor primária ou básica, sendo o resultado da junção destas duas cores o preto,
no caso da cor pigmento, e o branco, no caso da cor luz. As cores complementares trazem harmonia, formam
pares, uma completa a outra.

As cores simples, amarelo, cyan e magenta, “cores básicas” que juntas, absorvem todas as
radiaçõ es luminosas da luz branca incidentes, resultam no preto. As cores compostas, vermelho,
verde e azul-violeta, são derivadas da mistura de duas cores básicas de cada vez. As cores
complementares, analogamente a síntese aditiva, são as pró prias cores compostas. Combinando
qualquer uma dessas com a cor básica (BAER, 2006, p. 83). 

Figura 9 - Por meio dos esquemas cromáticos o profissional que usará as cores pode fazer suas escolhas de
forma mais consciente.
Fonte: Ksanagraphica, Shutterstock, 2019.

As cores que aparecem lado a lado no círculo de cores são chamadas análogas, são usadas para dar sensação
de uniformidade e consideradas cores elegantes. Elas compartilham uma mesma cor básica. As cores análogas
do ciano são o azul, azul violetado e violeta.
As cores quentes passam a sensação de calor, são aquelas a partir do vermelho e amarelo, representam na
natureza a energia, o sol, ao fogo. Seu comprimento de onda é maior em relação as outras cores. 
Sinestesicamente, esta cor nos transmite duas sensaçõ es: a visual e a sensação tátil. Sinestesia é o fenô meno
neuroló gico que produz duas sensaçõ es ao mesmo tempo. Geralmente as crianças têm uma sensibilidade
maior às cores quentes, enquanto os idosos as cores frias. Propagandas comerciais infantis usam deste
recurso para atraírem as crianças.  
As cores frias são aquelas produzidas a partir do azul, elas representam na natureza a calma, o gelo, a água
etc. Já as cores neutras são aquelas produzidas a partir do branco e do preto.  
VOCÊ QUER LER?
A partir de indagações como “As cores podem influenciar no ambiente de trabalho?
Qual o papel das cores em nossa vida? Como a percebemos? Qual a açã o delas nos
ambientes, alimentaçã o, vestuá rio?” as pesquisadoras Maria de Fá tima Mendes de
Azevedo, Michelle Steiner do Santos e Rú bia de Oliveira produziram o artigo “O uso da
cor no ambiente de trabalho: uma ergonomia da percepçã o”. Você pode acessar o
artigo no link <https://docs.ufpr.br/~monica.anjos/artigos/05_cores_ambiente.pdf
(https://docs.ufpr.br/~monica.anjos/artigos/05_cores_ambiente.pdf )>.

As cores luz e as cores pigmento são muito utilizadas para a criação de produtos e sua divulgação. O
conhecimento do círculo cromático é de suma importância para os designers.

1.4 Simbologia das cores 


Um dos elementos fundamentais para a nossa comunicação é a cor, pois ela pode transmitir sensaçõ es que
resultam em vários sentimentos. A resposta a estas sensaçõ es dependerá da cultura, havendo uma diferença
principal entre a cultura oriental e ocidental. Para estudar a simbologia das cores é necessário compreender a
grande influência da cultura na percepção visual. O espaço e o tempo podem modificar a percepção das cores. 
Neste sentido, os có digos de comunicação irão variar de acordo com os aspectos culturais. De acordo com
Eva Heller (2013), os designers, os arquitetos, os artistas precisam saber como as cores afetam as pessoas.
Ela ainda diz que é necessário o conhecimento para criação de produtos. Em que consiste o efeito causado
pelas cores e qual seu significado? Eles mudam de acordo com a contextualização. O que são as cores
psicoló gicas? Acompanhe a seguir!

1.4.1 Aspectos gerais da Cor como elemento de linguagem 


Desde a pré-histó ria, o homem utiliza de pigmentos para realizar pinturas e através delas comunicar. Três
pigmentos eram utilizados: o ocre, o manganês e o amarelo, tirado da terra da gruta. Nas cavernas de Altamira,
além dos pigmentos eram trabalhados tons e luz e sombra, revelando uma certa sensibilidade. Estes desenhos
tinham significados místicos, tendo as cores um caráter mágico e simbó lico.  As cores são utilizadas como
elemento de linguagem. Descubra como isso acontece clicando a seguir. 

Os atributos físicos da cor nos objetos, também estão ligados aos aspectos culturais e
socioló gicos. Teorias psicoló gicas explicam que os aspectos socioculturais podem influenciar na
percepção das cores. Então, compreender a percepção humana das cores passa pelo simbó lico. 

Experiências sociais, culturais e psicoló gicas influenciam na forma de ver a cor, sendo assim elas
podem nos transmitir impressõ es diversas. Por exemplo o vermelho pode nos transmitir paixão,
como também ó dio e violência. 

Questõ es culturais podem fazer com que as cores ganhem significados diferentes, como por
exemplo a cor branca, que para nó s significa paz e para alguns povos orientais significa
luto.    Dentro desta premissa e de acordo com estudos realizados, podemos definir alguns
significados das cores mais conhecidas e usadas, porém deve-se levar em conta que tais
significados podem adquirir novas vertentes de acordo com o tempo, lugar e espaço. 

A cor produz sobre a alma humana um efeito específico, sempre definido e significativo, que se
radica intimamente na esfera moral e, considerada como elemento de Arte, pode colocar-se a
serviço dos mais elevados fins estéticos. (Goethe apud PEDROSA, 2008, p.119).

Ao se projetar um produto, precisamos ter em mente quem é o nosso pú blico-alvo e qual sentimento
queremos causar, principalmente no quesito cores. Importante também levar em consideração aspectos
regionais e de estação para a criação e desenvolvimento de coleção de moda. “O poder de atração e o fascínio
que a cor exerce atuam diretamente na sensibilidade humana, atingem a parte motivacional, levam o indivíduo
a reagir, e este realiza um desejo despertado improvisadamente, através da aquisição. “ (FARINA, 2006, p.
181). 
Algumas cores são mais utilizadas em uma estação do que outra, principalmente por aspectos físicos. O preto
por exemplo é pouco utilizado no verão devido a sua absorção da luz.
VOCÊ O CONHECE?
Vincent Van Gogh, nascido em 30 de março de 1853, é considerado um dos maiores
pintores holandeses e, ao lado de Rembrandt, explorou as tonalidades de amarelo de
uma forma muito intensa, era uma das suas cores favoritas e sobre ela disse: “O
amarelo é uma cor capaz de encantar a Deus”. Quer conhecer mais sobre suas obras?
Visite o museu virtual de Amsterdam 
<https://artsandculture.google.com/partner/van-gogh-museum
(https://artsandculture.google.com/partner/van-gogh-museum)>.

De acordo com Heller (2013), as pessoas que trabalham com cores, como os artistas, os cromoterapeutas, os
designers gráficos ou de produtos industriais, os arquitetos de interiores, os conselheiros de moda,
necessitam saber de como as cores afetam as pessoas, tendo as cores efeitos universais. 
“O mesmo vermelho pode ter efeito eró tico ou brutal, nobre ou vulgar.” (HELLER, 2013, p. 21).  A autora traz
em seu livro a psicologia das cores um estudo com os significados mais comuns que você poderá conferir
clicando a seguir.

Azul

O azul vai bem em todas as ocasiõ es, em todas as estaçõ es.  É uma cor fria de efeito calmante,
indicado para dormitó rios. É a cor da compreensão mú tua. Não existe sentimento negativo em que
o azul predomine. Ela é uma cor querida, considerada a cor do divino, a cor do céu – A cor da
eternidade.

Vermelho

O vermelho tem significados universais. De acordo com Heller (2013), o vermelho está ligado ao
amor e aos afetos.  “O simbolismo do vermelho está marcado por duas vivências elementares: o
vermelho é o fogo e o vermelho é o sangue” (HELLER, 2013, p. 21). 


Amarelo

Amarelo corresponde à iniciativa e tomada de decisõ es. Essa cor ajuda a estimular várias funçõ es
corporais.

Laranja

Laranja demonstra vontade de agir, é uma cor que transmite entusiasmo com vivacidade impulsiva
e natural. Também transmite vitalidade, criatividade e alegria, assim como confiança e coragem. A
cor laranja sugere uma atitude autoritária ou esmagadora. “Dentre as poucas características em que
a primeira cor que nos ocorre é o laranja está seu caráter penetrante, intrusivo” (HELLER, 2013, p.
340). A cor ainda está associada ao descontentamento. De acordo com Heller  (2013), a cor laranja
é a cor complementar do azul. Azul é a cor da reflexão e do silêncio e do espiritual, no seu oposto
temos, o laranja, representando as qualidades opostas. “Van Gogh disse: “Não existe laranja sem
azul” – com isso ele quis dizer que o modo de o laranja atuar com mais força é quando ele vem
acompanhado do azul. Quanto mais intenso o azul, mais escuro ele é. Quanto mais intenso o
laranja, mais radioso.” (HELLER, 2013, p. 339)

Verde

Verde indica adaptação ao ambiente. A cor está relacionada a adaptabilidade e generosidade. Essa
cor atua como um sinal para a renovação da vida e sua vibração. “O verde é uma ideologia, um
estilo de vida: consciência ambiental, amor à natureza, ao mesmo tempo a recusa a uma sociedade
dominada pela tecnologia”. (HELLER, 2013, p. 191).

Violeta

Violeta é a cor dos sentimentos ambivalentes. Formada do azul com o vermelho, reflete dignidade,
nobreza e respeito pró prio. A cor violeta está ligada à energia psíquica e à intuição. “Em nenhuma
outra cor se unem qualidades tão opostas como no violeta: é a união do vermelho e do azul, do
masculino e do feminino, da sensualidade e da espiritualidade. A união dos opostos é o que
determina a simbologia da cor violeta.” (HELLER, 2013, p.360).

Alguns termos são muito utilizados no dia-a-dia. Quem nunca ouviu falar em ficar verde de fome, ou que
alguém amarelou ou que está tudo azul, quando tudo está bem. Muitos estudos são realizados principalmente
por arquitetos e publicitários para escolha da cor correta de acordo com os ambientes.

VOCÊ QUER VER?


Os filmes do diretor Akira Kurosawa sã o obras de arte conhecidas mundialmente.
Conhecido como o mestre das cores, criou vá rios filmes com cores vibrantes. Assista o
filme Sonhos (1990) para entender os aspectos culturais, simbólicos e psicológicos das
cores. Mergulhe no filme e se deixe levar pelas belas imagens.  

Para aprender mais sobre como as cores são vistas por outras culturas e seus significados, assista ao vídeo
abaixo.
Como você pode perceber a simbologia das cores sofre influências da cultura. Ao usar a cor o profissional
precisa considerar quais as sensaçõ es serão provocadas, quais emoçõ es serão atingidas, e que tipo de
comunicação a cor traz consigo.

Síntese
Chegamos ao final do capítulo e vimos como se forma e como percebe-la, seus conceitos básicos e como ela
nos afeta. 

Neste capítulo, você teve a oportunidade de:

• compreender que a cor não tem existência própria. Ela precisa da


luz como estímulo e do órgão da visão para ser sentida, e só então
a sua percepção acontece no cérebro; 
• analisar como pensadores entenderam a cor e qual a influência
de suas teorias, que reuniram óptica, física, química, fisiologia,
filosofia e psicologia;
• verificar que os estímulos são divididos em dois grupos, a cor luz
e a cor pigmento, sendo fundamental entender que a mistura de
cor luz resulta em branco e a da cor pigmento chega-se ao preto;
• entender que a percepção está sujeita a aspectos que alteram a
qualidade do que se vê, sob parâmetros de matiz, valor e
saturação da cor;
• reconhecer as cores complementares, análogas, primárias,
secundárias;
• compreender que o sistema CMYK é utilizado para impressões; 
• verificar como a cultura e simbologia das cores nos remetem ao
uso focado em determinados objetivos.

Bibliografia
ALBUQUERQUE, M. Laboratório de cor: paradigmas do estudo da cor na contemporaneidade. 2013.
Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Federal de Minas Gerais, Programa de Pó s-Graduação em
Artes, Belo Horizonte, 2013. 

AZEVEDO, M. F. M.; SANTOS, M. S.; OLIVEIRA, R. O uso da cor no ambiente de trabalho: uma ergonomia da
percepção. Ensaios de Ergonomia: Revista Virtual de Ergonomia. Florianó polis: UFSC, jun. 2000.

BAER, L. Produção Gráfica. 6. ed. São Paulo: Senac, 2006

BANKS, A.; FRASER, T. O guia completo da cor. São Paulo: Senac, 2007.

BRANCO, P. M. Pigmentos Minerais. Serviço Geológico do Brasil, 23 ago. 2015. Disponível em:
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FARINA, M. Psicodinâmica das cores na comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard Blü cher, 1990.

GOETHE, J. W. V. Doutrina das cores. apresentação, seleção e tradução: Marco Giannotti São Paulo.  Nova
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GOMES, J. Gestalt do Objeto: sistema de leitura virtual da forma João Gomes Filho. São Paulo: Escrituras
Editora e Distribuidora de Livros Ltda., 2015.

GUIMARÃ ES, L. A cor como informação. 3. ed. São Paulo: Annablume, 2004. 

HELLER, E. A psicologia das cores. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, 2013.

MOÇA com brinco de peró la.  Direção de Peter Webber. Roteiro: Olivia Hetreed. Reino Unido e Luxemburgo.
Imagem Filmes, 2004. (100min).

MONDRIAN, P. Arts & Culture.  Disponível em: <https://artsandculture.google.com/search?q=mondrian


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RAMBAUSKE, A. M. Decoração e design de interiores: teoria das cores. Campinas: Unicamp, 2000.

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SONHOS. Direção e produção: Akira Kurosawa. Estado Unidos e Japão. Apresentação de Steven Spielberg,
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VAN GOGH MUSEUM. Arts & Culture. Disponível em: <https://artsandculture.google.com/partner/van-gogh-


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