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VISAGISMO

Audrey Slomp
Cor, luz, volume e textura
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os fundamentos de colorimetria e cromologia.


„„ Definir os fundamentos de luz e sombra.
„„ Ilustrar a linguagem visual de volumes e texturas.

Introdução
Neste capítulo, você compreenderá os conceitos de cor, como funciona
sua percepção visual e cerebral e qual a relação das cores com a luz. Além
disso, aprenderá sobre as propriedades físicas da cor e a respeito de sua
percepção psíquica, ou seja, como ela é percebida de forma psicológica
pelos seres humanos e como elas influenciam no comportamento e na
expressão visual.
Complementando o assunto, falaremos sobre volume, que abrange
luz, sombra e textura, e veremos como essas características influenciam
também na composição de uma imagem, pois são elas que conferem
movimento, ritmo, profundidade, emoção e até sensações táteis para o
objeto observado. É por meio dos requisitos de cor, luz, sombra e textura
que se dá vida ao conjunto visual tridimensional. São basicamente esses
atributos que serão utilizados na imagem pessoal para a execução de
um trabalho de visagismo, ou qualquer outra forma de se personalizar
uma composição visual, somados às linhas e às formas.
2 Cor, luz, volume e textura

Fundamentos de colorimetria e cromologia


Quando falamos em cor, é preciso, inicialmente, entender a diferença entre
cor–luz (ou cor–energia) e cor–pigmento. A cor–pigmento é a substância
material refletida por um objeto, isto é, sua cor, seu pigmento. Já a cor–luz é
aquela que se forma pela emissão direta de luz difundida sobre o objeto, ou
seja, a cor–energia da fonte de luz antes do objeto e a cor–luz modificada pela
cor–pigmento do objeto, e, então, aquela que o olho humano percebe. Cor,
então, é o resultado da interação da luz com um objeto, que reflete, então,
a sua cor–pigmento, modificando a cor–luz incidida sobre este. Cor é pura
energia, do ponto de vista físico, e é pura emoção, do ponto de vista psíquico.
É algo que vemos com os olhos e traduzimos com o cérebro.
A ciência da cor estuda o efeito físico e psíquico das cores, e está relacio-
nada a física, ótica, anatomia, ciência cognitiva e psicologia. São processos
complexos, assim como o funcionamento de todo e qualquer sistema orgâ-
nico do ser humano. Pode-se dizer, então, que as cores e suas percepções
permeiam diversas áreas de estudo, da ciência à arte, no âmbito técnico ao
estético (PEDROSA, 2009). Neste capítulo, será abordada a colorimetria em
relação à percepção física das cores, e a cromologia, cujos fundamentos são
relacionados à parte psicológica da cor.

Cor no sistema visual e nos processos cerebrais


Obviamente, as cores não existiriam sem os sistemas visual e cerebral, pois
é neles onde toda a percepção da cor começa e encerra. Até o século XVI, as
pessoas acreditavam que os olhos emitiam luz, quando, na verdade, os olhos
são apenas receptores de luz. Para que a visão ocorra, é necessário que haja
uma fonte de luz que possa conduzir a energia da cor até os nossos olhos. É
assim que a comunicação visual se inicia. Sem o condutor da cor (a luz), a
única coisa que veríamos seria a cor preta, que significa o vácuo, a ausência
de cor, a ausência de energia.
A luz é uma fonte de energia que, quando refletida em um objeto qualquer,
tem sua cor modificada. Este novo feixe de luz, agora colorido, será recebido
fisicamente pelo sistema visual e processado emocionalmente pelo cérebro.
Os olhos captam informações externas e as codifica para, depois, serem
processadas pelo sistema cerebral (Figura 1) (RIBEIRO, 2011).
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Neste capítulo, você pode acessar as imagens em cores


por meio do link ou do código a seguir.

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Figura 1. Esquema demonstrando de forma simples o processo visual da cor.


Fonte: Adaptada de Rodrigues ([2018]).

Dessa forma, e de acordo com o objeto de estudo, podemos relacionar a


colorimetria com o processo físico e visual da percepção da cor–luz, ao passo
que a cromologia tem ligação com o processo cerebral, ou seja, psicológico,
da cor–luz em relação à cor–pigmento.
4 Cor, luz, volume e textura

O sol é a mais pura e importante fonte de luz e energia para o sistema visual, mas a
energia elétrica também serve de fio condutor da cor–energia. Contudo, nesse caso, a
luz original já chega modificada ao objeto, como, por exemplo, nas lâmpadas amarelas,
cuja cor–pigmento e a cor–energia antes do objeto modificam a cor–energia percebida
pelo sistema visual/cerebral.

Assista ao vídeo disponível no link ou código a seguir para


esclarecer os conceitos básicos sobre cor de uma forma
resumida, simples e divertida.

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Colorimetria: um estudo sobre a percepção física da cor


Colorimetria é a parte da ciência das cores que estuda sua utilização com o
propósito de especificar numericamente a cor de um determinado estímulo
visual, e se preocupa em especificar pequenas diferenças de cor que um ob-
servador pode perceber e, assim, chegar a efeitos de acordo com a necessidade
de tal criação (ESQUERRE MENDOZA, 2017).
A colorimetria trata da cor em um nível físico, em relação a matiz, saturação,
intensidade, tom, luminosidade. Neste capítulo, foram adicionados, ainda, os
conceitos de temperatura, contraste e harmonia das cores. O conhecimento
e a aplicação da colorimetria são essenciais em áreas de atuação artística,
como fotografia, decoração, publicidade, artes, beleza, moda, arquitetura,
decoração, entre outras.
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Propriedades das cores

A seguir, serão descritas as principais propriedades das cores.


Tom, matiz ou tonalidade é a cor em si, em seu estado puro, sem adição de
outras cores. Essa é a propriedade que diferencia uma cor da outra. Podemos
dizer que é o “nome principal da cor” (Figura 2a).
Saturação ou intensidade é a característica de pureza ou mistura de uma
cor, ou, ainda, a quantidade de cinza em sua composição. Demonstra a vivaci-
dade ou a palidez da cor e transmite sensação de maior ou menor movimento.
Quanto mais saturada uma cor, maior é a sensação de que o objeto está se
movendo. O amarelo, por exemplo, é uma cor muito viva. A vibração de sua
cor–luz é bastante agitada. Conforme a Figura 2b, o mais saturado é o terceiro
tom no caso apresentado — menos calmo que os outros para nossa visão.
Valor, luminosidade ou brilho é a característica de claridade ou escuridão
de uma cor, ou a quantidade de preto ou de branco que a cor contém. É um termo
que se usa para descrever quão clara ou escura parece uma cor (Figura 2c).
A temperatura indica a movimentação energética da cor, ou seja, cores
quentes são mais estimulantes e energéticas, já cores consideradas frias são
mais calmas e refrescantes (Figura 2d). As cores consideradas neutras são o
preto, o branco e suas misturas, sendo, então, o cinza também um neutro, por
derivar da mistura de preto e branco em diferentes tonalidades claro–escuro.
As tonalidades de marrom (que vão do marrom ultra escuro ao bege mais
claro) também são consideradas neutras, pois nada mais são do que cinzas
com pitadas de cores primárias. Os marrons são neutros muito versáteis, mas
já possuem certa característica de temperatura em decorrência desta mistura,
que não é 100% neutra.
Contraste é a relação entre cores que, quando combinadas, ressaltam ou
amenizam as diferenças entre elas, dependendo da combinação. As Figuras 2e
e 2f demonstram alguns tipos de contraste.
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(a) (b)

(c) (d)

(e) (f )

Figura 2. (a) Paleta de cores demonstrando a propriedade de tom/matiz/tonalidade da


cor (verde, azul, amarelo, cor de laranja, vermelho). (b) Paleta de cores demonstrando a
propriedade de saturação/intensidade da cor, que varia dentro de seu próprio tom. (c) Paleta
de cores demonstrando a propriedade de valor/luminosidade/brilho da cor (vermelho
com mais ou menos adição de preto ou branco). (d) Círculo cromático demonstrando a
propriedade de temperatura da cor. (e) Paleta de cores demonstrando a propriedade de
contraste de cores complementares. (f) Paleta de cores demonstrando a propriedade de
contraste claro–escuro. Observe o movimento visual estimulado por esta imagem devido
às suas linhas e tons em escala, que faz parecer que estamos navegando visualmente nela.
Fonte: Adaptada de (a) Color Palettes (c2019b); (b) Gardner-Stephen (2018); (c) Color Palettes (c2019a);
(d) Os Estampados (2016); (e) Clark (2018); (f) Love-Palette (2016).
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Harmonia são formas diferentes de combinar as cores do círculo cromático.


Cada uma das combinações passa uma sensação diferente em relação à sua
percepção, como descrito a seguir:

„„ Harmonia monocromática: são variações de força e luminosidade da cor,


dentro de seu próprio tom. Revela médio a baixo contraste (Figura 3a).
„„ Harmonia análoga: combinações de uma cor primária e duas outras vi-
zinhas no círculo cromático. Revela baixo a médio contraste (Figura 3b).
„„ Harmonia complementar: combinações de duas cores complementares
entre si, normalmente quente e fria. São as que estão localizadas em
oposição no círculo cromático. Revela alto contraste (Figura 3c).
„„ Harmonia triádica: combinações formadas por três cores equidistantes
no círculo cromático. Causa bastante impacto e revela alto contraste
(Figura 3d).
„„ Harmonia tetrádica: combinação de dois pares de cores complementa-
res — uma combinação muito rica e não fácil de aplicar, uma vez que
pode causar peso visual, dependendo de como for apresentada. Revela
alto contraste (Figura 3e).

(a) (b) (c)

(d) (e)

Figura 3. (a) Círculo cromático destacando combinações monocromáticas. (b) Círculo


cromático destacando combinações análogas. (c) Círculo cromático destacando combina-
ções complementares. (d) Círculo cromático destacando combinações triádicas. (e) Círculo
cromático destacando combinações tetrádicas.
8 Cor, luz, volume e textura

As harmonias cromáticas não devem ser entendidas como padrões únicos a serem
seguidos, mas como aliados para a construção de resultados mais direcionados e
interessantes. Nada impede que você use sua criatividade e descubra outras formas
de combinar as cores.
No link a seguir, você poderá encontrar mais conteúdo sobre harmonia cromática.

https://qrgo.page.link/N9nrT

Cromologia: um estudo sobre a percepção


psíquica da cor
Também chamada de psicologia da cor, cromologia é a ciência que estuda as
reações humanas diante das cores, ou seja, trata da cor em um nível psíquico,
em relação às emoções e aos comportamentos que elas desencadeiam em nós.
Johann Wolfgang Goethe concluiu com suas pesquisas que a cor vai além
de um fenômeno físico, sendo também um fenômeno fisiológico e psíquico.
Goethe define cor como “uma informação visual, causada por um estímulo
físico, percebida pelos olhos e decodificada pelo cérebro” (GOETHE, 2013).
A cor é um meio para exercer uma influência direta sobre a alma. A cor é a
tecla, o olho, o martelo, e a alma, o instrumento das mil cordas. O artista é a mão
que, ao tocar nesta ou naquela tecla, obtém da alma a vibração justa. A alma
humana, tocada no seu ponto mais sensível, responde (KANDINSKY, 2015).

A cromologia e a colorimetria andam sempre juntas; não é possível dissociá-las. A


primeira é a função; a segunda, a forma. Por exemplo, não é possível colorir os cabelos
com técnicas sem antes saber que tipo de imagem a pessoa deseja expressar através
da cor. Ou, ainda, não é possível que um designer gráfico crie linhas, formas e cores
sem antes entender qual é o objetivo daquela criação, qual o público que receberá a
informação e o que eles desejam sentir por meio dela, seja qual for o objetivo.
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Arquétipo de cores
Assim como acontece com as linhas e formas, as cores são também consi-
deradas símbolos arquétipos reconhecidos universalmente e que agem no
inconsciente coletivo por meio da linguagem visual, comunicando uma ideia,
conceito ou sensação, com poderes de estimular, acalmar, atrair e trazer à
tona emoções e comportamentos de acordo com sua tonalidade e energia
(HALLAWELL, 2010a; AGUIAR, 2006). Veja, a seguir, o significado das
cores segundo seus arquétipos, de acordo com Bartlett (2000), Aguiar (2006)
e Hallawell (2010a). Observe também a Figura 4.
Vermelho: ligada ao calor e à energia do sangue e do coração, esta cor
representa a paixão, o desejo, a excitação, e tem o poder, inclusive, de mexer
com o ritmo cardíaco e a frequência respiratória das pessoas. Embora muito
estimulante, é uma cor que pode aguçar a raiva, a impaciência e a agressividade.
Cor de laranja: a cor que dá nome à fruta (ou seria o contrário?) está ligada
aos sentimentos de energia, vitalidade, entusiasmo e criatividade. É quente
como o vermelho, mas possui um frescor que a diferencia. Por outro lado, é
uma cor que, devido à sua própria característica, pode provocar ansiedade,
aumentar o apetite e deixar as pessoas agitadas.
Amarelo: uma cor muito quente, energética e alegre, imprime otimismo
e bom humor. O amarelo tem o poder de nos fazer sentir positivos. No en-
tanto, para algumas pessoas, pode revelar sensações de inquietação, estresse
e nervosismo.
Verde: uma cor fria, ligada à cor predominante na natureza, e que revela
o mesmo frescor, equilíbrio, vivacidade e saúde. Está ligada à juventude,
remetendo à primeira fase do amadurecimento dos frutos. Pode revelar ima-
turidade e ciúmes excessivo.
Azul: relacionada ao céu e à água, o azul é uma cor fria relacionada ao
racional, ao progresso, à tranquilidade e à inteligência. Tem o poder de trans-
mitir sensações de calma, suavidade, integridade e respeito. Algumas vezes,
pode evidenciar características de ingenuidade e medo.
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Violeta: essa cor fria está ligada a mistério, intuição, espiritualidade e


ajuda na concentração. É um tom introspectivo que estimula o pensamento e
a estabilidade. Além disso, é considerada uma cor nobre e rara, por questões
históricas (o roxo era um tom muito difícil de ser aplicado em roupas, e isso
o tornava valioso). Pode transmitir sensações de penitência e culpa.
Cor-de-rosa: um tom frio com diversas variações, mas, basicamente,
sugere romantismo, doçura, feminilidade, delicadeza, inocência e ternura.
Faz-nos pensar positivamente e nos leva de volta à infância. Simboliza o
amor romântico, ao passo que o vermelho simboliza o amor carnal. Pode ser
ingênuo, lúdico e inocente demais.
Preto: o preto é um neutro luxuoso e ao mesmo tempo depressivo. É uma
cor ligada ao masculino e demonstra poder, mistério, dominação, dignidade,
elegância, formalidade. Pode ser excessivamente dramática. Revela autoridade.
Branco: uma cor neutra, feminina, pura, que estimula a autoestima, o
êxito, a esperança, a clareza. É a cor da integridade e inspira renovação, mas
pode acentuar sentimentos de solidão.
Cinza: é a cor neutra do respeito e da maturidade. Ajuda-nos a encontrar
o equilíbrio, é repousante, intelectual, eficiente e conservadora. Pode ser
considerada uma cor indiferente ou triste.
Marrom: está ligado à terra, e, assim como ela, é seguro, confortável,
humilde, resistente. Passa uma sensação de simplicidade, qualidade e seriedade.
Pode ser formal demais e envelhecer a aparência.
Cor, luz, volume e textura 11

COR DE

COR DE

Figura 4. Símbolos que demonstram as emoções e comportamentos relacio-


nados à cor.
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No link ou código a seguir, é possível saber mais sobre a


psicologia das cores.

https://qrgo.page.link/EQDZz

Cor e personalidade
As cores, por revelarem emoções, estão absolutamente ligadas à personali-
dade, portanto, podem complementar os conhecimentos da teoria dos quatro
temperamentos e suas características particulares (HALLAWELL, 2010b).
Sanguíneos: características positivas do temperamento: leveza, alegria,
comunicabilidade, extroversão. Características negativas do temperamento:
distração, persuasão, inconveniência. Cor que representa o temperamento:
amarelos (energético). Cor que equilibra o temperamento: roxos (estabilidade)
(ver Figura 5a).
Coléricos: características positivas do temperamento: força, determinação,
sensualidade, poder. características negativas do temperamento: autoritarismo,
explosividade, impaciência. Cor que representa o temperamento: vermelho
(estimulante). Cor que equilibra o temperamento: verde-musgo (estabilidade/
refrescante) (ver Figura 5b).
Melancólicos artísticos: características positivas do temperamento: detalhista,
romântico, sensível. Características negativas do temperamento: perfeccionismo,
introversão, altruísmo. Cor que representa o temperamento: azul-claro (calma).
Cor que equilibra o temperamento: fúcsia (coragem).
Melancólicos científicos: características positivas do temperamento:
confiança, segurança, coerência. Características negativas do temperamento:
controle, introspecção, arrogância. Cor que representa o temperamento: azul-
-escuro (confiança). Cor que equilibra o temperamento: rosados (ternura) (ver
Figura 5c).
Fleumáticos: características positivas do temperamento: dedicado, pacífico,
realizador. Características negativas do temperamento: imóvel, desleixado,
distante. Cor que representa o temperamento: roxos (equilibrado). Cor que
equilibra o temperamento: amarelos (energético) (ver Figura 5d).
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(a) (b)

(c) (d)

Figura 5. (a) Figura demonstrando look sanguíneo equilibrado (amarelo e tonalidade de


roxo). (b) Figura demonstrando look colérico equilibrado (vermelho, verde e neutros). (c)
Figura demonstrando look melancólico equilibrado (tonalidades de azul-escuro e rosa-claro).
(d) Figura demonstrando look fleumático equilibrado (roxo e amarelo).
Fonte: Adaptada de (a) Parisi (2017); (b) Cosmopolitan (2015); (c) Zahn (2016); (d) Fashiionista (2017).
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Quando nos referimos às cores que representam ou equilibram o temperamento,


estamos falando de energia. Ao falarmos de roupas, lembre-se de que é preciso
entender o temperamento, o estilo de vida e as pretensões da pessoa antes de pensar
nas melhores cores a serem utilizadas. Por exemplo, para pessoa colérica, que tem
problemas em relação à sua impaciência, usar vermelho não irá favorecê-la, pois a
deixará mais impaciente ainda. Em contrapartida, alguém naturalmente sanguíneo,
que precise de alegria e movimento em sua vida, poderia usar tons de amarelo, para
conseguir vibrar mais de acordo com a energia da cor que o representa. Tudo depende
de cada caso em específico.

Fundamentos de luz e sombra


A luz e a sombra são elementos complementares e fundamentais da linguagem
visual. O preto é a ausência de luz, ou seja, o que se vê é sombra. O branco é
a união de todas as cores e é considerado pura luz. São ambiguidades absolu-
tamente complementares, assim como Yin-Yang, o símbolo do equilíbrio, da
reciprocidade, da interdependência. Embora opostas, constituem uma relação
agradável, e não de rivalidade. É como um abraço recíproco, em que uma coisa
contém a outra, sem prejuízo a nenhuma parte (Figura 6).

Figura 6. Símbolo Yin-Yang.


Cor, luz, volume e textura 15

Basicamente, a luz é utilizada para destacar um elemento, ampliá-lo, evi-


denciá-lo, ao passo que a sombra é usada para afastar, afundar ou diminuir sua
percepção. A partir do momento que se deseja criar uma imagem como algo
tridimensional, ou seja, com volume, automaticamente se torna necessário o
estudo da luz e da sombra para a composição de um desenho ou a criação de
um design. Diferentemente das linhas e formas abstratas, compostas somente
com linhas unidimensionais, o objeto desenhado com volume é muito mais
realista. Quando olhamos para um objeto, o que vemos é a luz refletida em
sua face, e, quando falamos de um objeto em três dimensões, entendemos que
ele projetará uma sombra, posicionada de acordo com o ângulo que a luz o
atinge. Quanto mais escura a sombra, menos luz está atingindo aquele espaço
(HALLAWELL, 2010b). Ou seja, quando um foco luminoso alcançar um objeto
real, apresentar-se-ão uma zona iluminada e uma zona sombreada, que é a
projeção da sombra do próprio objeto, tanto nele mesmo quanto no ambiente
que o cerca. O tamanho da sombra e a sua intensidade dependem da intensidade
e do posicionamento da luz que incide nele (Figura 7) (HALLAWELL, 2017).

Figura 7. Figura demonstrando a incidência da luz e a consequente sombra projetada.


Fonte: Manhattan001/Shutterstock.com.
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No âmbito da maquiagem, a técnica de luz e sombra vem sendo amplamente uti-


lizada para contornar o rosto e deixá-lo com volume mais proporcional, mais fino e
simétrico (Figura 8). É importante ter consciência de que não há somente um método
padrão, como tem sido amplamente ensinado nas redes sociais. Cada rosto terá uma
configuração diferente de trabalho com luz e sombra. Tudo depende da forma física
dos elementos do rosto e do propósito da cliente. Nem todos os olhos precisam ser
aumentados, assim como nem todos os rostos precisam ser afinados.

Figura 8. Demonstração de aplicação de luz e sombra na maquiagem, proporcionando


volumes mais definidos, contornos mais refinados e feições mais abertas.
Fonte: Acácio (2016, documento on-line).

Linguagem visual sobre volumes e texturas

Volume
Luz e sombra são os elementos básicos para produzir o efeito de volume e
realidade em um desenho ou criação. É o contraste dos requisitos de luz e
sombra que cria a ilusão de volume e, então, as sensações de aumentar, dimi-
nuir, aproximar, afastar, afinar, engrossar, etc., além de tornarem as criações
mais realísticas e equilibradas.
Cor, luz, volume e textura 17

Tudo o que tem luz se destaca, se aproxima, ao passo que tudo o que está
na sombra se afasta, se apaga. Na construção de volume, é assim também que
ocorre. Esta técnica do jogo “claro–escuro” foi denominada chiaroscuro por
Leonardo da Vinci, no século XV, e se define pela construção do pinturas uti-
lizando o contraste entre luz e sombra. Também chamada de perspectiva tonal,
exige técnica, conhecimento e experiencia na aplicação dos fundamentos de luz
e sombra, sendo utilizada por artistas, desenhistas, arquitetos, maquiadores,
cabeleireiros, etc. A Figura 9 traz exemplos de uso das técnicas aqui descritas.

(a) (b)

Figura 9. (a) Exemplo de desenho com técnicas de luz e sombra, conferindo um efeito 3D
ao desenho. (b) Pintura com técnicas de luz e sombra de Gerard van Honthorst, em 1625.
Fonte: Adaptada de (a) Hilton (2013); (b) Martins (2014).

Textura
O requisito textura confere uma sensação visual e tátil de ritmo e densidade,
criando a sensação de aspereza, maciez, dinamismo, frieza, etc. Composta de
pontos, linhas, formas, padrões, curvas, cores e técnicas de luz e sombra, as
texturas resultam em ilusão de movimento e ritmo ao conjunto tridimensional,
de uma forma visual e cinestésica. Além de relacionada com a linguagem
visual, a textura tem também um aspecto tátil, podendo passar uma sensação
de toque, mesmo sem serem tocadas, somente vistas.
No design, a textura é muito importante e precisa ser considerada para
reforçar uma ideia, sendo o conjunto de elementos que indica o grau de polidez
do objeto, a composição química, o nível de rigidez, o estado físico, a direção
e intensidade do movimento e sua percepção tátil, e se parece fofo, áspero,
fluido, rígido. Promove uma experiência sensorial e ativa nossa memória
18 Cor, luz, volume e textura

tátil, trazendo sensações e vivacidade ao objeto ou à imagem. Algumas vezes,


no entanto, a textura não traz sensações táteis, e sim ópticas, mas em todos
os casos, as texturas nos passam a vibração, visual ou tátil, de determinado
material ou composição artística (LAMP, c2019).

No âmbito da moda, as texturas dos materiais e os efeitos visuais das estampas são
poderosas ferramentas de construção de design e equilíbrio das proporções e da
construção do conceito e do estilo. Por exemplo, pense em um casaco cuja textura é
aconchegante e volumosa. Se usado por uma pessoa magra, aumentará seu volume
corporal, o que pode torná-la mais harmoniosa fisicamente. Se usada por uma pessoa
acima do peso, também aumentará seu volume, e, nesse caso, nem sempre essa
textura será favorável.

As texturas, devido à sua própria característica visual e tátil, também podem


ser estratégias para a criação de volume, ou seja, ampliando ou reduzindo a
ilusão de aumentar, diminuir, afinar ou expandir as proporções de um objeto
ou de uma pessoa que veste uma roupa.

ACÁCIO, J. Sandbag, cutcrease, olho cachorrinho!?: confira as 6 técnicas de maquiagem


mais comentadas do momento. 2016. Disponível em: http://www.juacacio.com/
beauty/sandbag-cutcrease-olho-cachorrinho-confira-as-6-tecnicas-de-maquiagem-
-mais-comentadas-do-momento/. Acesso em: 26 jun. 2019.
AGUIAR, T. Personal stylist: guia para consultores de imagem. 4. ed. São Paulo: Senac, 2006.
BARTLETT, S. Feng Shui e o amor. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2000.
CLARK, S. R. 25 Color Palettes Inspired by the Pantone spring 2018 color trends. 2018.
Disponível em: https://sarahrenaeclark.com/25-color-palettes-pantone-spring-
-2018/?utm_source=Sarah%27s+Email+Updates&utm_campaign=f599640b35-
-EMAIL_CAMPAIGN_2018_01_12_pantone-spring&utm_medium=email&utm_
term=0_6dc0b255a8-f599640b35-214550373&goal=0_6dc0b255a8-f599640b35-
214550373&mc_cid=f599640b35&mc_eid=c3a51fed80. Acesso em: 26 jun. 2019.
Cor, luz, volume e textura 19

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