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ESTÉTICA APLICADA

À CIRURGIA
PLÁSTICA

Patrícia Viana da Rosa


Lipoaspirações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer as indicações da lipoaspiração.


„„ Descrever a técnica de lipoaspiração de abdome e costas.
„„ Explicar a técnica de lipoaspiração de membros superiores e inferiores.

Introdução
A lipoaspiração é um método cirúrgico desenvolvido na Europa, que
consiste na remoção da gordura localizada de qualquer região do corpo.
Na maioria das vezes, utiliza-se um dispositivo a vácuo, que pode ser
uma seringa ou uma bomba de aspiração contínua.
Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS),
o Brasil é líder mundial na realização de cirurgias plásticas, sendo que a
lipoaspiração é o procedimento mais realizado.
Neste capítulo, você conhecerá mais sobre as indicações da lipoas-
piração, a técnica de lipoaspiração de abdome e costas, assim como a
lipoaspiração de membros superiores e inferiores.

Indicações da lipoaspiração
Para Kede e Sabatovich (2015), a lipoaspiração é um método cirúrgico que
retira tecido adiposo de regiões do corpo, com auxílio de um instrumental
apropriado.
Também conhecida como liposucção, trata-se de um procedimento que
consiste na remoção cirúrgica da gordura de áreas específicas do corpo, como
abdome, glúteos, quadris, coxas, pescoço, entre outras (GUIRRO; GUIRRO,
2010).
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As Figuras 1 e 2, a seguir, demonstram os locais que são alvos desse


procedimento, bem como a cânula de lipoaspiração e o tecido adiposo, em
que ela é inserida.

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a b

Figura 1. Localização das incisões nos planos posteriores (a) e anteriores (b). (a) (1) braços;
(2) ombro, dorso; (3) quadris; (4) glúteo; (5) coxa lateral; (6) coxa medial; (7) joelho; (8) pan-
turrilhas; (9) tornozelos. (b) (1) axilas, braços; (2) região submentoniana; (3) tórax; (4) abdome
superior; (5) quadris; (6) abdome inferior; (7) coxa medial; (8) coxa lateral; (9) joelho; (10)
panturrilhas; (11) tornozelos.
Fonte: Adaptada de Mang (2012, p. 499).
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Figura 2. Corte transversal da técnica de lipoaspiração. (1) epiderme; (2) cânulas


de 2-4 mm; (3) células adiposas intumescidas; (4) músculos.
Fonte: Adaptada de Mang (2012, p. 502).

A lipoaspiração é realizada com a utilização de uma fina cânula — instru-


mento cilíndrico, oco, de metal —, inserida através de pequenas incisões na
pele em direção à camada adiposa. A cânula fica conectada a um dispositivo
que cria vácuo para aspirar a gordura por meio de uma técnica que utiliza
a sucção. Elas podem ser conectadas a um aspirador, seringas, aparelhos de
ultrassom ou um vibrolipoaspirador (KEDE; SABATOVICH, 2015).
Originalmente, a lipoaspiração é feita para tratamento de regiões específi-
cas, porém, com os avanços da técnica, passou a ser utilizada em áreas maiores.
Trata-se de um procedimento cirúrgico que deve ser realizado exclusiva-
mente por cirurgiões plásticos, em centros habilitados.
Um aspecto importante que deve ser considerado pelo o paciente é que a
lipoaspiração não deve ser considerada como solução para a perda de peso.
A técnica evoluiu desde sua criação, no ano de 1921, por Charles Dujarrier,
quando se utilizava um procedimento a seco, sendo elaborada por Illouz, com
uso de infiltração de solução salina hipotônica e hialuronidase no tecido adi-
poso, previamente à aspiração da gordura, conhecida como técnica molhada.
O uso dessa solução é um agente facilitador da remoção de gordura e diminui
o trauma cirúrgico.
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A abordagem da lipoaspiração poderá ser seca ou úmida. A primeira en-


volve a retirada mecânica da gordura sem infiltração prévia de solução local,
com uso de seringas ou bombas de sucção. Já as técnicas úmida e tumescente
utilizam infiltração de solução com soro fisiológico e substâncias variadas,
como vasoconstritores alcalinizantes e anestésicos locais, com a intenção de
facilitar a aspiração da gordura (BORGES, 2010).
Mais recentemente, no ano de 1986, Klein utilizou a lipoaspiração associada
à anestesia, chamada de tumescente, com a infiltração no tecido subcutâneo de
solução cristaloide com lidocaína e adrenalina, o que possibilita a remoção de
gordura sob anestesia local, diminuindo o risco de lesão abdominal por perda
proprioceptiva do paciente durante o ato cirúrgico (MARTINEZ et al., 2010).
Na realização de cirurgia de lipoaspiração, são utilizadas cânulas que
podem ser divididas em vários grupos (GUIRRO; GUIRRO, 2010), como
descrito a seguir.

„„ Romba com ponta arredondada, que dificulta o deslizamento no tecido


gorduroso, causando traumas e sangramentos.
„„ Perfurante com cânulas retas, com grande poder de penetração.
„„ Plana com forma achatada, que permite a formação de túneis no te-
cido adiposo, sendo usada para tratamento do FEG e descolamento de
cicatrizes.
„„ Bisel com bordas cortantes, sendo utilizada no refinamento de lipoas-
piração superficial.
„„ Oval, modelo que apresenta pontas ovais com bordas cortantes.
„„ Irregular chanfrada, utilizada no refinamento superficial.

As cânulas podem ser classificadas conforme o seu uso, tipo de ponta,


comprimento e calibre. Quanto ao comprimento, variam, principalmente, de
15 a 45 cm, de acordo com a preferência do cirurgião; e ao calibre variam de
2 a 6 mm, e sua utilização depende da quantidade de tecido gorduroso que o
cirurgião deseja remover. Assim, para grandes remoções, utiliza-se as cânulas
de 5 e 6 mm e, para o refinamento, as de 2 e 4 mm. Elas são ligadas a um
compressor. As células gordurosas rompem-se pelo traumatismo da cânula
e pela pressão negativa dada pelo compressor, liberando a gordura, que é
aspirada (MARTINS et al., 2007).
O uso da técnica tumescente gera compressão sobre os vasos sanguíneos,
diminuindo a possibilidade de embolia gordurosa. Contudo, medidas profilá-
ticas para prevenção da trombose e da embolia pulmonar devem ser realizadas
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para diminuir essas probabilidades, como a utilização de meias compressivas


e mobilização precoce (AVELAR, 2010).
Existem três tipos de lipoaspiração, todas com a mesma finalidade de
retirar gordura.

„„ A lipoaspiração tradicional utiliza cânulas ligadas a um aparelho de


aspiração, sendo a gordura removida por meio de movimentos de vai
e vem da cânula produzidos pelo cirurgião.
„„ A vibrolipoaspiração é realizada com o uso de cânulas ligadas a um
aparelho que faz um movimento vibratório, facilitando a penetração
e retirada da gordura pelo aspirador. Por produzir movimentos leves
e sutis, o trauma no tecido é menos extenso (KEDE; SABATOVICH,
2015). Necessita de anestesia local, com ou sem sedação. O tempo de
recuperação, assim como os resultados, é semelhante aos da lipoaspi-
ração tradicional.
„„ A lipoaspiração a laser é uma técnica realizada por meio do uso de uma
microcânula de apenas um milímetro de diâmetro com uma fibra ótica
que conduz o laser até as células gordurosas. A ação do laser quebra
a membrana das células de gordura. Os pequenos vasos sanguíneos
existentes no tecido gorduroso são coagulados pela ação do laser. De-
vido à ação seletiva do laser, a recuperação costuma ser rápida, com
poucos hematomas ou desconforto e inchaço. É um procedimento menos
traumático, permitindo o retorno progressivo às atividades normais em
poucos dias. A utilização da lipoaspiração a laser diminui o trauma
mecânico aos tecidos circunvizinhos, havendo, assim, menor estímulo
à formação de fibrose e ao sangramento pela coagulação dos vasos
sanguíneos, favorecendo uma recuperação mais rápida. A interação do
laser com o tecido é obtida por meio da absorção da energia luminosa
pelos cromóforos (estruturas sensíveis ao comprimento de onda espe-
cífico), em que o calor atua sobre as células de gordura, provocando
dano apoptótico celular e afetando a matriz extracelular, o que facilita
sua remoção.
„„ A lipoaspiração ultrassônica é realizada por meio de um lipoaspirador
ultrassônico que utiliza a translação de energia elétrica em ondas sonoras
de alta frequência, que são transformadas em vibrações mecânicas.
Essas oscilações mecânicas caminham por uma cânula de titânio que
libera as ondas em sua ponta (GRAF et al., 2002).
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A indicação da utilização da lipoaspiração é feita a pessoas que apresentam


acúmulo de gordura localizada, associado a condições genéticas, características
individuais, alterações hormonais, entre outras. Essas condições também
podem estar presentes em pessoas mais jovens, mesmo com atividade física
regular. Nesse caso, a lipoaspiração pode fazer parte de uma intervenção
voltada à melhora estética.
O padrão de acúmulo de gordura é mais frequente em mulheres, devido
a questões hormonais, sendo classificado como ginoide — acúmulo princi-
palmente em regiões das nádegas e culotes. Esse padrão de distribuição de
gordura na mulher está vinculado ao preparo para gravidez e amamentação.
Por outro lado, entre homens, o padrão androide é mais comum, e o acúmulo
de gordura tende a ocorrer mais na região abdominal, havendo uma ação
hormonal diferenciada associada a esse comportamento.
Antes do procedimento, o cirurgião plástico deverá marcar as áreas que
serão abordadas na lipoaspiração, conforme mostrado na Figura 3, a seguir.

Figura 3. Demarcação da área a ser realizada a lipoaspiração.


Fonte: Adaptada de Natalia7/Shutterstock.com.
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Para tal procedimento, normalmente, o cirurgião solicita para que o paciente


fique em pé. Deste modo, com a ação da gravidade, ele poderá detectar e
assinalar as áreas a serem aspiradas.
O volume máximo a ser aspirado com segurança em uma lipoaspiração
tem sido motivo de muitas controvérsias. As recomendações que constam nas
diretrizes para lipoaspiração publicadas no periódico da Academia Americana
de Dermatologia, em 2001, sobre o volume máximo seguro de gordura a ser
aspirado não ultrapassa 4.500 mL em única intervenção cirúrgica com anestesia
tumescente (MARTINEZ et al., 2010). De acordo com seu idealizador, Yves
Gerard Illouz, o volume lipoaspirado não deveria ultrapassar 6 a 8% do peso
corporal ou não ser mais extenso que 30% da superfície corporal do paciente
(CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2003).
Nessa resolução, o Conselho Federal de Medicina do Brasil determinou que
os volumes aspirados não devem ultrapassar 7% do peso corporal quando se
usar a técnica infiltrativa; ou 5% quando se usar a técnica não infiltrativa. A
mesma normativa determinou, ainda, que a área total lipoaspirada não deve
ultrapassar 40% da área corporal, seja qual for a técnica usada.
Na Figura 4, podemos verificar algumas das áreas que podem ser lipoas-
piradas com excelentes resultados.

Figura 4. Áreas que podem ser lipoaspiradas.


Fonte: Adaptada de Maksim Shmeljov/Shutterstock.com.
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O tipo adequado de anestesia é definido por alguns fatores, como a pre-


ferência do cirurgião pelo volume estimado a ser aspirado e se estão sendo
considerados outros procedimentos cirúrgicos junto com a lipoaspiração. O uso
de anestesia local está associado com lipoaspiração de pequenos volumes, e a
geral é preferida quando são aspirados volumes maiores (THORNE et al., 2006).
Inicialmente, o cirurgião realizará infiltração nos locais das incisões que
serão ao redor de 0,5 cm, como no sulco interglúteo, para aspirar flancos,
incisão mediana na região dorsal, para tratar dorso, e incisão na face posterior
da coxa, para tratar de culotes. Após um tempo aproximado 15 minutos da
infiltração, inicia-se a lipoaspiração (KEDE; SABATOVICH, 2015).
Durante a realização do procedimento, é adotado um movimento de vai e
vem contínuo da cânula, que permite a remoção adequada de gordura, devendo
ser o menos traumático possível sobre o tecido, ou seja, com um mínimo de
agressão. Camadas mais profundas de tecido subcutâneo podem ser aspiradas,
porém se preservando uma camada de 1 a 2 cm de tecido gorduroso mais
superficial.
A realização da lipoaspiração (retirada de gordura) e a lipoenxertia (rein-
trodução de gordura em outras áreas) está associada a indicações precisas.
De forma geral, a indicação de lipoaspiração pode ser conduzida para os
seguintes casos de pacientes:

„„ com peso ideal ou até 20-30% acima deste;


„„ saudáveis sem contraindicações médicas para um procedimento
cirúrgico;
„„ na retirada de depósitos de tecido adiposo localizado sem resposta
adequada a dietas e exercícios, em áreas específicas, como: pescoço,
abdome, culotes e coxas;
„„ como parte do tratamento de algumas afecções (lipomas, ginecomastia,
lipodistrofia e hiperidrose axilar);
„„ na condução de reparo de saliências, depressões e alterações no relevo
do tecido subcutâneo;
„„ no uso em enxerto com a captação de células de gordura;
„„ que apresentem entendimento claro das limitações do procedimento;
„„ que observem as orientações médicas de pós-operatório.

A realização da técnica produzirá alguns efeitos relacionados a alterações


metabólicas e hematológicas. Um elemento importante é a possível alteração na
distribuição de lipídios séricos, principalmente nos níveis totais de colesterol,
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diminuição da resistência à insulina e alteração na produção de hormônios do


tecido conjuntivo (PINTARELLI; GOMES; ROCHA, 2014).
As complicações que podem ocorrer na lipoaspiração podem envolver
sequelas, como:

„„ hematomas — que podem levar ao surgimento de fibroses extensas e


de resolução demorada, além de irregularidades na superfície da pele;
„„ equimose prolongada — podendo causar pigmentação da pele com
irregularidade de cor;
„„ seroma — acúmulo de líquido embaixo da pele no pós-operatório de
uma cirurgia.

As complicações mais graves envolvem hemorragias simples ou complica-


das, necrose cutânea, perfuração da pele e cavidades torácicas ou abdominais,
choque hipovolêmico, edema pulmonar agudo, etc. (KEDE; SABATOVICH,
2015).

Neste link, você conhecerá um pouco mais sobre a técnica de lipoaspiração.

https://goo.gl/jDGDwY

Mang (2012) sugere que apenas zonas individuais devam ser tratadas por
lipoaspiração, tendo em vista que a quantidade de solução tumescente a ser
usada é limitada (no máximo 6 litros), e o procedimento poderá trazer grande
desgaste ao paciente.
Na avaliação pré-operatória, é recomendado um exame com cardiologista,
para avaliação-padrão de risco cirúrgico, com exame físico, radiografia de
tórax, eletrocardiograma, hemograma completo, bioquímica, coagulograma
completo e exame de rotina da urina (BORGES; COTRIM; DACIER, 2011).
Previamente, o cirurgião discutirá com o paciente as alterações desejadas
e de que forma isso poderá ser obtido.
Como cuidados prévios, é recomendada a utilização prévia de antibióticos
como terapia profilática. Da mesma forma, recomenda-se evitar ou descon-
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tinuar a ingestão de vitaminas, álcool e medicações que possam interferir na


coagulação (BORGES; COTRIM; DACIER, 2011).
No pós-operatório de lipoaspiração, em geral, é recomendado o uso de
malha elástica durante 24 horas por dia, por 30 dias. O uso de cinta compres-
siva tem como objetivo auxiliar na cicatrização do tecido lipoaspirado, evitar
edemas e auxiliar na manutenção da postura ereta. Os modelos podem ser de
algodão emborrachado, malhas de compressão, apresentar colchetes laterais
ou frontais e bojo com espuma.
Os pontos serão retirados em 7 a 10 dias após a cirurgia.
No pós-operatório de cirurgia de lipoaspiração, são recomendados alguns
cuidados, como:

„„ não molhar ou abrir o curativo;


„„ manter repouso no leito nas primeiras 24 horas;
„„ ingerir bastante líquidos;
„„ não realizar esforço físico nos primeiros 20 dias;
„„ dormir em decúbito dorsal nos primeiros 15 dias;
„„ movimentar os membros inferiores;
„„ utilizar a cinta modeladora pelo tempo determinado pelo médico;
„„ manter os membros inferiores elevados para facilitar a drenagem;
„„ iniciar a drenagem linfática manual, quando liberada pelo médico
(normalmente entre o quinto e sétimo dia);
„„ vestir roupas confortáveis, evitando roupas íntimas apertadas ou ves-
tes que provoquem dobras na pele e dificultem a drenagem linfática
fisiológica.

Lipoaspiração de abdome e costas


A lipoaspiração da região do abdome é um dos procedimentos requisitados
com maior frequência.
Nessa região, normalmente as incisões são realizadas na região supra e
infraumbilical. Com a cânula, devem ser realizados movimentos de vai e vem
em várias direções, de forma a evitar flacidez.
Durante o procedimento, após a incisão e infiltração, aguarda-se em torno
de 15 minutos para que a solução difunda entre os lóbulos de gordura, oti-
mizando o efeito da adrenalina e lidocaína. Então, é realizado o processo de
lipoaspiração na região. Ao final, são colocadas bandagens cirúrgicas sob a
cinta compressiva, para aumentar a compressão. Em casos de maior elimina-
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ção de volume de gordura, mantém-se drenos na incisão, a fim de facilitar a


liberação de líquido, principalmente nas primeiras 72 horas de pós-operatório
(BORGES; SCORZA, 2016).
Uma contraindicação para o procedimento abdominal é a presença de
hérnias, por aumentar o risco de perfuração intestinal durante o procedimento.
Nesse caso, pode ser realizada a abdominoplastia com correção da hérnia.
A região das costas ou do dorso é considerada uma área difícil de perda de
gordura por meio de ginástica ou dietas. Por isso, a lipoaspiração é indicada
para melhorar o aspecto do contorno corporal, deixando-o mais modelado.
Uma queixa comum dessa área é o acúmulo de gordura que marca a região
do sutiã. Para esse caso, está indicada a lipoaspiração, melhorando inclusive
a flacidez local.
O cirurgião avaliará a espessura da pele, e, caso não haja tecido suficiente,
o procedimento não é indicado, pois há o risco de fazer uma lipoaspiração
muito superficial, próxima da pele, e causar problemas na cicatrização, dei-
xando deformidades.
A lipoaspiração nas costas geralmente é realizada associada à de abdome.
Também deve ser utilizada a cinta modeladora para compressão do tecido.
A Figura 5 demonstra as áreas que podem ser lipoaspiradas na região das
costas.

Figura 5. Demarcação para técnica de lipoaspiração das costas.


Fonte: Adaptada de MaxShutter/Shutterstock.com.
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A lipoaspiração de flancos é a mais comum das técnicas realizadas na


região das costas.
Nesse procedimento, o resultado é excelente, pois, ao remover a gordura,
leva a uma projeção maior dos glúteos, ganhando maior evidência.
Segundo Martins et al. (2007), na realização do procedimento de lipoas-
piração na região do dorso, a anestesia pode ser local com sedação, peridural
ou geral. A incisão ao redor de 0,5 cm será realizada na região do ângulo
inferior da escápula (próximo ao sutiã) e dos flancos (próximo da espinha
ilíaca póstero superior).
A Figura 6, a seguir, mostra o procedimento nessa região.

Figura 6. Procedimento de lipoaspiração na região de flancos.


Fonte: Adaptada de Gerain0812/Shutterstock.com.

Também, ao realizar a lipoaspiração das costas, pode-se corrigir excessos


de gordura na região dos quadris, geralmente buscando o contorno e dimi-
nuindo culotes. Depois de demarcar a área de depósito de gordura, o resultado
é alcançado por meio de uma lipoaspiração de 360o.
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Segundo Mang (2012), a lipoaspiração dos quadris poderá ser obtida com
sucesso, tendo em vista que a pele apresenta um bom efeito de ajuste. O pós-
-operatório e a recuperação são iguais aos demais quadros de lipoaspiração.
Na cirurgia, a abordagem envolverá uma incisão na região do sulco inter-
glúteo superior, com uma incisão de 0,5 cm. A cânula deverá estar posicionada
em diagonal, com sua ponta em direção à superfície, para evitar acidentes.
Para avaliação final do procedimento, deve-se conferir, por meio de manobras
bidigitais com pinçamento, a espessura da pele e do subcutâneo (KEDE;
SABATOVICH, 2015).

Lipoaspiração de membros superiores e


inferiores
A face interna dos braços é uma região comum de acúmulo de gordura
localizada.
A lipoaspiração para essa área é uma técnica efetiva, porém limitada,
devido à possibilidade do aparecimento de flacidez.
A Figura 7 demonstra a região que usualmente é lipoaspirada.

Figura 7. Demarcação para técnica de lipoaspiração de membros superiores.


Fonte: Adaptada de andriano.cz/Shutterstock.com.
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Cabe destacar que a escolha da lipoaspiração dependerá da quantidade de


gordura existente nos braços e do grau de flacidez.
De maneira geral, a lipoaspiração de braços é uma alternativa efetiva quando
existe pouco excesso de gordura e a pele se apresentar com boa elasticidade.
Nesses casos, a gordura é aspirada sem problemas, e a pele que sobra tende a
voltar ao normal com o passar do tempo, com uma boa retração, devolvendo
ao braço o aspecto normal.
Já em relação ao procedimento, este ocorre por meio de anestesia local,
sendo a incisão na região do cotovelo ou da axila, e a sedação costuma durar
em média uma hora e meia.
Na maioria dos casos, o paciente é liberado para retornar para casa após a
cirurgia, tendo apenas que seguir algumas orientações passadas pelo médico,
como: manter os membros superiores em postura de elevação, quando em
repouso, para auxiliar a drenagem linfática; atividades laborativas sem esforço
poderão ser retomadas em torno do 7º dia; atividades físicas mais leves podem
ser iniciadas a partir do 15º dia; e uso de mangas de compreensão (Figura 8),
que favorecem a recuperação e ajudam a pele a se adaptar à nova silhueta.

Figura 8. Mangas modeladoras para pós-lipoaspiração de membros superiores.


Fonte: Adaptada de Manga... (2018).
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Há, ainda, aquele acúmulo de gordura que fica na região anterior da axila e
que traz muito desconforto, para o qual a lipoaspiração é indicada. No entanto,
segundo Borges (2010), é uma região onde o cirurgião tem muito cuidado,
por ser propensa a lesões.
O contorno das extremidades inferiores por meio da lipoaspiração é muito
suscetível à flacidez, particularmente nas regiões medial e lateral das coxas
e interna dos joelhos.
Antes do procedimento, recomenda-se verificar a existência de varizes,
assim como qualquer outro problema vascular.
A Figura 9 demonstra a região de membros inferiores, que pode ser sub-
metida à lipoaspiração.

Figura 9. Marcações da região de membros inferiores a ser lipoaspirada.


Fonte: Adaptada de ADragan/Shutterstock.com.
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Segundo Mang (2012), durante a realização da técnica de lipoaspiração,


enquanto houver a presença de gordura pura, o procedimento poderá ser
continuado sem riscos. Entretanto, quando a gordura aparece misturada à
solução tumescente e finalmente aparece exclusivamente à solução no frasco, o
procedimento deve ser encerrado, a fim de evitar a formação de irregularidades.
Para realizar a lipoaspiração nas coxas e pernas, o procedimento é iniciado
pela face medial, lateral das coxas e região interna de joelhos, e depois a região
de panturrilhas e tornozelos, quando estas áreas estão previstas na intervenção
(PINTARELLI; GOMES; ROCHA, 2014).
Deve-se atentar para medidas profiláticas contra trombose e embolia.
Salienta-se que a lipoaspiração da região de panturrilhas e tornozelos não
é muito usual, tendo em vista a hipertrofia muscular comum dessa região.
Quando realizada, normalmente é usada uma cânula de 2 mm com vácuo não
muito intenso (MANG, 2012).
Embora uma orientação comum para vários tipos de cirurgias, quando a
lipoaspiração for realizada em membros inferiores, é necessário realizar a
mobilização precoce e utilização de meias compressivas para evitar o risco
de trombose venosa profunda.

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THORNE, C. M. et al. (Ed.). Grabb & Smith cirurgia plástica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. 926 p.

Leituras recomendadas
MAIO, M. (Ed.). Tratado de medicina estética. 2. ed. São Paulo: Rocca, 2011. 3 v. 2056 p.
TAGLIOLATTO, S.; MEDEIROS, V. B.; LEITE, O. G. Laserlipólise: atualização e revisão da
literatura. Surgical & Cosmetic Dermatology, Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 164–174, 2012.
Disponível em: <http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/203/Laserlipolise--
atualizacao-e-revisao-da-literatura>. Acesso em: 6 dez. 2018.
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