Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I – Teoria da Personalidade
A teoria psicanalítica:
• Disciplina instituída por Sigmund Freud no final do século XIX, que parte de sua
observação enquanto médico neurologista criando um corpo de hipóteses a respeito
do funcionamento e desenvolvimento da mente do homem. Ela se interessa tanto pelo
funcionamento mental como pelo patológico.
• Para Freud não somos donos da nossa mente, somos dominados, dirigidos por
processos mentais inconscientes, por desejos, medos, conflitos e fantasias.
• Procura ampliar os horizontes quanto a uma compreensão de teorias que eram
fundamentalmente das ciências físicas e biológicas.
• É entre outras coisas, um estudo da história de vida de um individuo uma procura dos
principais acontecimentos daquela vida e suas conexões com suas causas e
consequências psicológicas. Interessa-se principalmente com aquelas partes da vida
que todo homem mantém escondidas.
II - História da Psicanálise
Antes de abrir sua clínica, Freud que era noivo de Martha Bernays precisou trabalhar
muito como médico-assistente nas clinicas de Viena. Viena era conhecida por seus famosos
cafés literários, musica, ópera, teatro, e uma sociedade burguesa aristocrata, no entanto essa
encantadora erudição escondia uma censura velada à novas idéias. Já Paris vivia seus dias de
maior renovação, pós revolução francesa, era uma metrópole em ascensão. Freud ganha uma
bolsa de estudos para estudar em Paris com um famoso neurologista chamado Jean-Martin
Charcot, diretor do manicômio Salpetriére.
É com Charcot que Freud tem os primeiros contatos com estudos sobre Histeria,
patologia que mais acometia os pacientes da época. As histéricas eram tidas como “bruxas”, e
a palavra Hystera em grego significa útero. Inicialmente acreditava-se que somente as
mulheres mostravam sintomas histéricos: paralisias, espasmos, sonambulismo, perda da fala e
dos sentidos, perda de memória. A causa da histeria tinha duas explicações: uma irritação dos
órgãos sexuais femininos que era tratado com pressão no ovário e intervenções cirúrgicas no
clitóris, ou fruto da imaginação, fingimento das mulheres.
Charcot não aceita essas etiologias, mas é Freud que se aprofunda no estudo da
histeria sob o ponto de vista da neurose. O que mais intrigava os médicos é que a histeria
apresentava sintomas sem qualquer alteração física. A histeria ignora a anatomia, era uma
perturbação de função, não de estrutura. Então se perguntava Freud: será que o sintoma pode
ser efeito de uma ideia?
Freud avança em seus estudos e abandona a hipnose, passa pelo método da pressão da
cabeça, até chegar à associação livre. “Assim Freud ouvindo as associações livres apenas do
controle consciente, era capaz de formar uma imagem, por inferência, do que
inconscientemente estava ocorrendo na mente do paciente” (p.24)
A psicanálise começa a ter seguidores, Adler, Ferenczi, Jung, Rank, Abraham, Ernest Jones.
Freud publica 24 volumes de sua obra, e trabalha até seus 83 anos de idade.
O fim do século XIX foi certamente um período de muita prosperidade cientifica para a
psiquiatria e psicologia, em relação à compreensão do fenômeno mental humano.
Simultaneamente publicam suas obras: Freud e sua Interpretação dos Sonhos, Bleuler com
seus estudos sobre Esquizofrenia, Alzheimer descobre a doença degenerativa que leva seu
nome e Jaspers publica sua obra Psicopatologia Geral. A psicologia estava voltada para
fenômenos da consciência e da razão, dos processos conscientes, pesquisas laboratoriais com
ênfase nos processos mentalistas, tais como experiência consciente e percepção cognitivos
que buscavam responder questões do comportamento humano.
Freud traz uma compreensão totalmente nova para o ser humano, a descoberta do
inconsciente, e postula as hipóteses fundamentais de sua teoria: determinismo psíquico e a
existência do inconsciente.
Freud começa sua carreira como médico neurologista e na época não havia forma de
tratamento psiquiátrico orientada etiologicamente. “Há apenas 100 anos o médico de boa
formação quase não era superior ao mais ignorante charlatão em sua capacidade de tratar
enfermidades, ainda que fosse capaz de diagnosticá-las de forma superior”.
A primeira técnica utilizada por Freud foi a hipnose, seguido da técnica persuasiva e
então a associação livre, que proporcionou o acesso ao inconsciente livre do controle
consciente.
Freud conhece o médico Breuer que lhe contou sobre o tratamento de uma mulher
histérica através da hipnose. Percebe Breuer que os seus sintomas desaparecem quando ela
foi capaz, em estado hipnótico de recordar uma experiência e a emoção associada que
conduzida o sintoma em questão. Seus sintomas foram afastados ao conversar sobre eles sob
hipnose.
“Freud verificou que a hipnose não era uniformemente fácil de se induzir, que os
resultados tendiam a ser transitório e que pelo menos algumas pacientes tornaram-se
sexualmente apegadas a ele durante o tratamento hipnótico” (p.23)
Mecanismo da formação do sintoma: existe uma idéia que não pode ser recordada,
pela censura, essa idéia é reprimida, se torna inconsciente e aquele afeto deslocado da idéia
forma um sintoma. Quando o paciente pode se recordar da experiência e sua emoção é
novamente conduzida ao sintoma em questão então os sintomas deixam de existir.
Inconscientes: eram de alguma forma “barrados” da consciência por uma força considerável
que tinha que ser superada até se tornarem conscientes.
• Sonhos, sonhar com desejos não realizados. Ex: foi dormir sem perceber que estava
com fome e sonhou com comida. Ex: sede, vontade de urinar. Sonhar que esta
bebendo alguma coisa, pois esta com sede. “Sonhos de conveniência”
• Atos falhos
• Esquecimentos: é notoriamente fácil esquecer algo que é desagradável, ou aborrecido
como pagar uma conta por exemplo. O rapaz apaixonado não esquece o encontro.
Exemplos p.28
• As atividades mentais inconscientes influenciam nosso comportamento consciente: o
pacifista que briga muito quando é contrariado. Seu pacifismo consciente é
acompanhado de um desejo inconsciente de lutar, que no caso é exatamente o que
sua atitude condena. Nem sempre se tem consciência das suas verdadeiras intenções.
• Se o paciente sofre de cegueira histérica naturalmente presume-se que ele ics não
deseja ver, ou que sua consciência o proíbe de olhar.
• Piadas (chistes)
Todos esses estudos convenceram Freud de que de fato a maior parte do funcionamento
mental se passa fora da consciência, e de que a consciência é um atributo excepcional do
que comum do funcionamento mental.
Todos os atos e manifestações que noto em mim mesmo, e que não sei como ligar ao
resto de minha vida mental, devem ser julgados como se pertencessem a outrem;
devem ser explicados por uma vida mental atribuída a essa outra pessoa.(FREUD,
1915) Ex: sonhar com a morte de alguém significa mais vida para outra pessoa.
IV. Os Impulsos
Vamos entender o esquema pelo qual as forças instintivas energizam nossa mente e a
impelem para a atividade.
O que chamamos de impulso no ser humano é diferente do que chamamos de instinto nos
animais. O instinto é a capacidade ou necessidade inata de realizar a um estímulo. É mais
complexo que um reflexo. Porque é diferente?? Porque no ser humano mesmo um impulso
(no sentido corporal) tem desde muito cedo uma qualidade psíquica. Ex: eu estou com sede,
eu posso beber agua para matar a sede, mas eu posso ter sede de coca-cola. Isso significa que
nós não reagimos de forma instintiva somente para assegurar nossa sobrevivência, mas
também para obter prazer nas ações. O grau de resposta dos animais é muito menor que no
homem. No homem os fatores de ambiente ou de experiência podem modificar a resposta.
Ex: rejeição do bebê ao leite materno repentinamente.
Estímulo Instinto
Estimulação externa Estimulação interna
É possível evitar, defender Não é possível
Impacto momentâneo Impacto constante
A mente é energizada (catexizada) por forças instintivas que a impele para a atividade.
Aquilo que chamamos de instinto no homem não inclui a resposta motora, mas um estado de
excitação em resposta ao estímulo (interno). Ou seja, a resposta motora que se segue à essa
excitação é mediada por parte do ego. Não é possível fugir de um instinto como de um
estímulo, como fechar o olho diante de uma luz forte.
Nós não podemos ver a energia física mas podemos ver o trabalho dela, exemplo: contratura
muscular. Também não podemos ver a energia psíquica puramente, mas seu derivado: uma
crise de ansiedade. A energia psíquica não pode fluir através do espaço, ou se ligar a qualquer
objeto.
Damos o nome “catexia” à quantidade de energia psíquica que se dirige ou se liga à uma
representação de pessoa ou coisa. O que é catexizado são as lembranças, pensamentos, e
fantasias. Quanto maior a catexia mais importante é o objeto, no sentido psicológico.
Ex: a mãe para o bebê. A mãe é um objeto importante para os impulsos do bebê, logo passa a
ser altamente investido de energia psíquica, ou seja, catexizado.
Mas antes de haver a percepção da relação entre mãe-bebê, o objeto mais catexizado pelo
recém nascido é seu próprio corpo.
O ego é uma instância da mente que pode lidar com um instinto, de acordo com as
experiências e a reflexão. Ex: bebê que para driblar a fome coloca o dedo na boca.
• A pulsão age como uma força constante, comparável a uma “necessidade” que busca
incessantemente satisfação.
Cada ser humano tem um quantum de energia psíquica que serão investidos nas relações,
ações. À esse investimento damos o nome de catexia = energia = energia psíquica que não se
vê, mas que se liga a uma representação de uma pessoa ou coisa.
A teoria psicanalítica postula que aquelas forças instintivas que já estão em atividade
no bebê, influenciando seu comportamento e clamando por gratificação mais tarde produz os
desejos sexuais do adulto com todo seu sofrimento e êxtase. No adulto a sexualidade é vivida
em sua plenitude, com objetivo de reprodução. E o curso desses instintos originaram os Três
Ensaios sobre a Sexualidade no qual Freud propõe o desenvolvimento psicossexual. Ele
observou essa manifestação em crianças, e na análise de adultos.
Freud propõe o termo fases do desenvolvimento da libido: fase oral, anal, fálica e
genital. Essas fases ou etapas são o curso evolutivo da personalidade da criança, e não são
etapas estanques, lineares, bem definidas de progressão retilínea. Elas se transformam,
superpõe, e interagem entre si.
“A atividade sexual se apóia inicialmente em uma das funções que serve à conservação
da vida”. Mais tarde se separa da necessidade de alimentação e se torna independente.
Parece, no entanto, que a vida sexual da criança costuma expressar-se numa forma acessível à
observação por volta dos três ou quatro anos de idade.
FASE ORAL
Essa é a primeira etapa de organização da libido, e foi denominada fase oral pois é o
primeiro meio de contato do bebê com o mundo. Todas as gratificações e experiências
ocorrem pela boca, que passa a ser uma área altamente catexizada (principal órgãos sexuais
das crianças: boca, lábios, língua). A finalidade da libido oral além da gratificação também visa
a incorporação, e posteriormente identificação. Ex. óstea, canibalismo de tribos primitivas.
Durante o primeiro ano de vida a boca o principal órgão dessa fase, mas ela constitui
um modelo de incorporação e expulsão, ou seja, como um protótipo de funcionamento
arcaico que intermedia o mundo interno com o externo. Assim outras zonas corporais são
incluídas nessa fase: o trato grastrointestinal, órgãos da fonação e linguagem, as sensações
cinestesicas, enteroceptivas e proprioceptivas e a própria pele, devido ao contato pele-pele
com a mãe.
São as experiências vividas nessa fase que vão configurar a relação da criança com seu
próprio corpo e com o corpo do outro.
• A necessidade de repetir a satisfação sexual dissocia-se então da necessidade de
absorção de alimento.
• Persistindo essa significação, tais crianças, uma vez adultas, serão ávidas apreciadoras
do beijo, se forem homens, terão um poderoso motivo para beber e fumar. Caso
sobrevenha o recalcamento, porém, sentirão nojo da comida e produzirão vômitos
histéricos. (ex. chatos pra comer)
FASE ANAL
Para Freud vai se fundar nessa fase as bases da relação de troca da criança com o
mundo, e futuramente na relação com o dinheiro, presentes e filhos. É nessa fase que a
criança desenvolve sentimentos sádicos e masoquista, (faz com a boneca aquilo que sofre) as
noções de poder, a rivalidade e competição, as comparações: dentro x fora, ativo x passivo,
grande x pequeno.
FASE FÁLICA
É a fase conhecida como a fase dos porquês, justamente pela atividade exploratória da
criança, a começar pelo seu próprio corpo. As perguntas compreendem as duvidas quanto as
diferenças masculino-feminino, grande-pequeno, seio-penis, e a constatação progressiva
dessas diferenças gera angustia na criança, que encontra um alivio quando recebe explicações
adequadas. Caso não as receba ela mesma se obrigará a construir as mais loucas teorias para
aplacar a angustia.
As teorias são a respeito da diferença anatômica dos sexos, da origem dos bebês, da cena
primaria e do complexo de castração. A cena primária é o nome dado quando a criança
imagina o que se passa no quarto fechado dos pais. Isso se dá tanto por intuição como por
estímulos externos: barulhos, cenas de televisão). A imaginação da criança é permeada por
duvidas que giram em torno das fantasias.
A cada fase a catexia se transforma, se desprende de um objeto e vai cedendo lugar a outro,
porém não totalmente. Quando a catexia se mantém persistente em um objeto é chamada de
fixação.
Período da latência
Depois dos 6 anos de idade a criança entra no período de latência, que apresenta duas
características:
FIXAÇÃO
Todas essas fases são manifestações dos impulsos sexuais, mas os impulsos agressivos
mostram a mesma capacidade de fixação e regressão.
Ex: fase oral (morder) – oral canibal. Fase anal (expulsão e retenção) anal –
sádica.Fálica (pênis como arma, nas brincadeiras infantil, espada, arma)
V. O aparelho psíquico
Modelo topológico, compõe os sistemas mentais: Cs, pré-cs, Ics. 2º modelo: a consciência é
uma base inadequada para diferenciar os conteúdos. (sugestão hipnótica)
O sistema Inconsciente
Esse sistema é em sua maior parte teórico, não pode ser observado diretamente, mas
a nível de manifestações: sonhos, atos falhos, lapsos. O estudo destes conteúdos permite
demonstrar que os atos mentais tem sempre um causa definida, sempre obedecem a um
propósito emocionalmente lógico, ainda que do ponto de vista intelectual não aparente. O
inconsciente não é o contrario de consciente, são graus de mobilidade da libido. Não significa
que o que era inconsciente e já se tornou consciente não poderá se tornar inconsciente
novamente. Podemos considerá-lo uma matéria prima da qual se alcança uma parte mínima.
Características: O inconsciente tem seu modo próprio de atuar, seguindo o processo primário:
Ausência de cronologia
Ausência de contradição
Linguagem simbólica
Igualdade de valores para a realidade interna e externa
Predomínio do principio do prazer.
O sistema Pré-Consciente
ICS
Pre-Cs ---
Pre
CS
O pré-consciente é como uma “barreira”, peneira, onde permanecem conteúdos que
podem tornar-se conscientes através de atenção. Os sistemas Pré-cs e Consciente tem estreita
relação. Um pensamento que, num determinado momento pertencer ao sistema Cs fará parte
do sistema pré-cs depois, quando a atenção lhe tiver sido retirada e ele já não for consciente.
O conteúdo do sistema PCS está integrado em parte por elementos em transito do ics
para o cs e também do cs para o ics adotando a forma de matéria pré-consciente. O Pcs está
relacionado com a realidade externa e com o inconsciente. Esse sistema é regido pelo
processo secundário, pois ganha a representação de conteúdos ics através da representação
da palavra, e é regido por:
O sistema Consciente
Esse amortecedor de excitações é o que capacita o homem a regular sua vida psíquica,
mediante uma distribuição econômica das cargas energéticas, o que lhe permite conservar em
repouso e manter equilíbrio adequado sua tensão.
3º Modelo estrutural: id, ego, superego: verificou que existem outros critérios além do
impedimento ativo da penetração na consciência.
Id: representações psíquicas dos impuslso, ego: funções ligadas às relações do indivíduo com
seu ambiente e superego: preceitos morais, aspirações e ideais.
“Id”
Ego
Freud descreve o ego como uma parte do Id, que por influência do mundo exterior,
ter-se-ia diferenciado. O princípio de realidade substitui o princípio de prazer. Enquanto o Id é
regido pelo princípio do prazer, o ego é regido princípio da realidade, tendo grande associação
com a simbolização.
A realidade exige que o ser humano desenvolva a capacidade de tolerar a frustração de não
satisfazer-se imediatamente através de ações impulsivas, o que implica em maior consciência.
Isso diferencia o principio do prazer do principio da realidade, a medida que adiar a
gratificação impulsiva dos instintos passa a representar também um ganho para o individuo.
Enquanto o principio do prazer desconsidera a realidade e age de maneira impulsiva (um bom
exemplo disto são as paixões), o principio da realidade leva em conta a mesma.
A criança pequena tem a seguinte prática: Dê-me o que eu quero!! Façam o que eu quero! Ou
seja, de inicio o ambiente tem a função de ser a única fonte de gratificação e descarga de
desejos que surgem dos impulsos advindos do id. Isso vai se modificando, quando se muda a
relação que se tem com o meio ambiente, e isso é a diferenciação do ego. É claro que isso vai
permear uma relação de intenso conflito entre id e ego.
O ego faz a função de relação do individuo com o meio ambiente, ele é o executor dos
impulsos.
Funções do ego:
• Percepção interna de necessidades instintivas
• Percepção das condições externas (percepção sensorial)
• Função integrativa que permite ao ego coordenar os impulsos entre si e depois
da censura do superergo adaptá-los a realidade
• Função executiva, pela qual controla a conduta voluntaria.
• Aquisição e controle da musculatura do esqueleto.
• Aquisição da memória
• Aquisição do pensamento (adiamento do impulso)
• Sentimentos
“o ego é antes de tudo um ego corporal”
Identificação: ato de se tornar semelhante a algo ou alguém. Ex: bebê quando sorri,
linguagem, sotaque. Identificação com o agressor (aspectos negativos) Video da menina que
fala: 1, 2, 3 DEU! . Quando há perda do objeto, identificação com o objeto (luto)
Superego
É uma das instâncias da personalidade tal como Freud a descreveu no quadro da sua
segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor
relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de
ideais, funções do superego. Certamente, quando o ego precisar agir, sempre estará em juízo
do superego, que dirá o que deve ou não ser feito, caso algo de errado, o superego, sempre
estará pronto para culpar o ego.
No processo primário existe ausência do sentido de tempo, presente, passado e futuro são a
mesma coisa. Ex: caso de psicose, os delírios que remontam conflitos de “outros tempos”. As
crianças não tem ideia de tempo: perguntam sempre tá chegando? Quando é o Natal?
Já vimos que as funções psíquicas básicas pertencem ao ego. Fatores que influenciam o
desenvolvimento no ego:
Ego: intermedia id e realidade, retarda descarga, controla isso favorece o processo secundário.
Ex: criança adquirindo controle urinário.
Mas também pode ocorrer o controle do id pelo ego, se o ego “demorar” para administrar as
exigências do id. Ex: desejo de matar o irmão. As crianças muito pequenas tem o desejo de
atacar o irmão mas com o passar do tempo e sob a pressão da desaprovação do ambiente o
ego rejeita esse desejo do id. Mas o id se enfraquece quando começa a ser controlado pelo
ego. Exemplo: nos sonhos e devaneios ocorre uma gratificação parcial dos impulsos, o impulso
atendido se enfraquece.
A categoria decisiva para o ego torna-se senhor do id: princípio do prazer: a mente
procurando o prazer e evitando o desprazer. A mente de inicio opera somente sob o principio
do prazer. E a partir do principio do prazer entendemos a 1ª teoria sobre a ansiedade =
acumulação da libido não liberada pelo aparelho psíquico. O aumento de uma quantidade de
catexias não descarregadas dentro do aparelho psíquico determina o surgimento do
desprazer, tensão psíquica. O represamento inadequado da libido se transforma em
ansiedade. Parte dessa teoria foi abandonada, pois Freud entendeu que outros fatores
disparavam a ansiedade.
Diante do perigo são acionados mecanismos de defesa. O ego mobiliza forças para enfrentar
ou evitar situações traumáticas. Na situação traumática a mente é invadida por uma carga de
estímulos além de sua capacidade para suportar ou descarregar.
1º trauma: do nascimento. Outra situação de perigo vivida pelo bebê é o afastamento da mãe.
Medo da perda do objeto amado. (vemos isso nos intervalos de sessão, fim da entrevista)
Resumo:
E como o ego pode se defender contra o id?? Modificando a atenção, estimulando outro
impulso que seja mais seguro, empregar métodos defensivos: mecanismos de defesa: são de
suma importância para o funcionamento mental.
REPRESSÃO
É o primeiro mecanismo de defesa estudado por Freud, muito observado nas patologias
histéricas e em todas as neuroses. Também é um mecanismo de defesa da civilização, da
educação, pois constituem suas bases. Sem repressão não há cultura. A satisfação do impulso
reprimido causa tanto prazer quanto desprazer, mas a condição indispensável da repressão é
que o motivo do desprazer adquire um poder superior ao do prazer que a satisfação
produziria.
A repressão adoece, pois é necessário um dispêndio constante de energia para mantê-la, desta
forma é antieconômico psiquicamente, metaforicamente seria como manter um barril vazio
afundando na água, teria que usar uma força constante já que a ausência da força traria o
barril à tona.
Ela acontece em duas fases: na primeira ela afasta ou repulsa o instinto da consciência
desconectando do viés associativo, depois a manutenção dessa repressão, de modo que
qualquer elo associativo àquela ideia reprimida tem que ser afastado. Porém aquilo que foi
reprimido sempre continua a existir.
FORMAÇÃO REATIVA
A formação reativa leva o ego a efetuar aquilo que é totalmente oposto às tendências
do id que se pretende rechaçar. Exemplo clínico: Cheguei em casa irritado e encontrei a
filhinha da empregada chorando e fazendo manha. Senti vontade de jogá-la da janela que
estava aberta, mas me contive. Sentei-me para estudar e de repente vi a mãe da garotinha
colocar um banco junto à janela para que a filha pudesse ficar olhando a rua. A partir desse
momento não consegui mais estudar, fiquei com medo dela realmente cair da janela, então
me sentei perto da menina para cuidá-la. Eu temia que ela pudesse cair.
A ideia rechaçada é jogar a garotinha à rua, a formação reativa foi sentar-se perto para tomar
conta dela. É comum alguém que por formação reativa faz-se bombeiro como defesa contra
sua piromania. . Exemplo: se a pessoa luta contra tendências anais, desenvolverá hábitos de
limpeza, ordem, economia obsessiva. Se ela luta contra tendências agressivas, cairá numa
bondade.
ISOLAMENTO
Esse mecanismo consiste em isolar, isto é, em separar um pensamento ou uma ação do seu
contexto geral. O isolamento faz com que se considere aparentemente “separado” aquilo que
na realidade permanece unido. Esse tipo de defesa observa-se particularmente nas neuroses
obsessivas, onde o indivíduo conhece a causa dos sintomas mas não sabe conscientemente de
qual vivencia provém. Os rituais destinam-se a anular algum impulso do id que se ache
perigoso.
NEGAÇÃO
É também um mecanismos muito primitivo, desde o inicio existe a capacidade de negar partes
desagradáveis da realidade em contrapartida da gratificação alucinatória dos desejos. As
tentativas de negação têm como adversárias as seguintes funções do ego: percepção e
memória. O desenvolvimento gradativo do ego e do principio da realidade reforça a
experiência e a memória, lentamente enfraquecendo a tendência à negação. Quando acontece
um severo prejuízo na função do juízo de realidade pode irromper uma psicose. Em menor
grau, nos neuróticos, acontece a cisão parcial do ego que conhece a verdade e uma parte mais
profunda se nega à essa observação. Ex: criança fecha o olho e acredita que está invisível.
PROJEÇÃO
É o mecanismo através do qual o individuo atribui a uma objeto externo suas próprias
tendências inconscientes inaceitáveis para seu superego, percebendo-as então como
características pertencentes à outras pessoa e não a si mesmo. Exemplo: Alguém que é muito
avarento e sempre acham que vão lhe dar o troco a menos. Ou uma criança que vai a um
zoológico e diz: vamos embora mamãe pois você está com medo dos leões.
IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA
Quando a projeção volta-se pra si próprio, há uma identificação com o objeto do impulso. Ex:
criança tem raiva do amigo e bate em si mesmo. No caso ao bater em si própria estivesse
dizendo: “Eu sou ele, e é assim que eu vou bater nele”. A base da empatia é a identificação
projetiva.
Identificação introjetiva: identificação com o material projetado. Ex: óstea = corpo de Cristo.
É visto em tribos primitiva que não enterram seus mortos, após cremarem o corpo, fazem uma
infusão com as cinzas e bebem, acreditando que assim incorporam as virtudes do falecido.
REGRESSÃO
Dá-se o nome de regressão ao processo que conduz uma atividade psíquica a uma forma de
atuação já superada, evolutiva e cronologicamente mais primitiva do que a atual. Exemplo:
voltar a fazer xixi na cama, uso de fraldas, ou em adultos por exemplos doenças rápidas, que
exigem uma parada, repouso. Também é vista quando o paciente infantiliza-se, por vezes é
perceptível pelo tom de voz, ele regride a um movimento infantil frente à determinada
dificuldade da vida adulta. A regressão da atuação do ego a um nível anterior ao
amadurecimento pode ocorrer em qualquer período da vida. É um fenômeno produzido como
consequência de uma grande decepção ou de um intenso temor, ou frente à grandes
mudanças na vida.
SUBLIMAÇÃO
Na formação do aparelho psíquico nos primeiros anos de vida da criança, as pessoas às quem
ela se apega tem posição central, de modo que as relações posteriores seguirão esse padrão
de relacionamento.
O temor objeto para psicanálise equivale: pessoa ou coisas do ambiente externo que passa a
ser um objeto interno, pois se tornam psicologicamente significativas.
Narcisismo:
- hipercatexia do eu
Primeiro objeto é parcial depois total. Ex: a mãe interessa ao bebê quando ele tem fome, a
principio. De inicio a criança só catexiza partes do objeto: rosto da mãe.
Relações totais: fase fálica: diferenciação eu-outro, ambivalência de afto (amor e ódio
coexistem) o ego já está mais desenvolvimento e apresenta variações de sentimentos: ciúmes,
medo, raiva, rivalidade.
As relações de objeto mais importantes são as que se agrupam sob o Complexo de Édipo:
periodo de dois anos e meio a seis anos. É universal.
Neste período a criança vive um conjunto de desejos amorosos e hostis em relação a seus
pais. É um período muito importante para as identificações aspecto essencial na formação da
personalidade e do sentimento de identidade.
O complexo de Édipo ideal reflete uma situação triangular, exemplo no caso do menino se
falta o pai ou se o mesmo é fraco pode então resultar numa predisposição à feminilidade, pelo
fato das crianças de identificarem mais com aqueles dos pais que se vê como fonte de
frustrações decisivas.
No menino: Por volta dos três anos o comportamento do menino em face a mãe sofre algumas
alterações, o pai adquire para ele uma nova dimensão e o garoto vê nele um poderoso
representante do mundo exterior. Ele desenvolve um sentimento de proteção para com a
mãe, diante da qual tenta apresentar-se como um individuo forte e grande como o pai. Muitos
demonstram tal amor pela mãe que se declaram como um “pequeno amante” desejando se
casar com ela quando crescer. Isso o contrapõe ao pai em relação ao qual se sente ao mesmo
tempo agressividade e admiração, tornando mais complexa uma situação que não seria tanto
se houvesse simplesmente ódio pelo pai e amor pela mãe. Paralelo a esse sentimento de
angustia o menino deseja ter a força e a potencia do pai, e dessa forma vive o complexo de
castração, teme que lhe sejam “extraídos ou danificados” seu órgão genital, pois o pai real, ao
mesmo tempo que está investido de amor e admiração, também esta investido de
sentimentos hostis e de competição. O pai precisa ser continente ao filho ao mesmo tempo
em que mostre que o lugar ao lado da mãe é dele, e não do filho. Exemplo: gato e rato
disputando a mãe.
Na menina: Na menina o curso é naturalmente diferente pois o seu primeiro objeto de amor é
a mãe, que é do mesmo sexo que ela, e só depois ela passa a fixar-se no pai. Para Freud a
menina vai descobrir a falta de um penis, o que pode ser fantasiado por ela como um castigo
recebido, e pode gerar na menina um ódio pela mãe, pelo fato de na fantasia da menina ela
imaginar que a mãe não lhe deu um ou retirou dela. Ela começa a sua aproximação ao pai,
também com sentimentos de amor e rivalidade à mãe, desejando ser a namoradinha do pai. É
daí que se fundam a base dos sentimentos de feminilidade e auto-estima, quando a menina
pode perceber os olhares de encanto do pai, mas também a continência da mãe, através da
identificação com ela. É a fase em que a menina geralmente experimenta “ser mulher” usando
sapatos da mãe, maquiagem e acessórios.
Com o término da fase edípica todos esses conteúdos são reprimidos, mas subsistem na
consciência de forma disfarçada de devaneios, nas atividades sexuais adultas, criatividade,
atividades sublimadas etc.
Funções do S.E:
Quando existe uma ação cujo efeito é a desaprovação do superego, o ego teme e reage com
ansiedade:
• Lei de Talião: olho por olho, dente por dente: conceito de justiça primitivo
• Quando há falta de discriminação entre o desejo e a ação (o superego castiga tanto
um quanto o outro)
Também é comum a necessidade do superego de punição. Ex: criminoso deixa pistas, com isso
se torna aliado da lei. O criminoso pode ter culpa ou não (psicopata) mas ele tem a noção de
certo e errado.
Relação entre superego e psicologia de grupos: Certos grupos se mantém unidos porque os
componentes do grupo introjetam ou se identificam com a pessoa do líder. Ex: Nazismo.
Para Freud os lapsos são resultado de uma ação proposital ainda que inconsciente.
• Lapsos: “um lapso verbal delata o verdadeiro estado da mente”. De modo geral esses
fenômenos são atribuídos ao acaso. Lapso como esquecimento = ligação com a
repressão. Significado: pensamento ou desejo que é revelado pois não foi reprimido
com tanta intensidade.
Exemplo: quando o paciente esquece de um minuto para o outro algo que considera
importante e que conscientemente deseja lembrar.
Porque alguém haveria de esquecer de alguma coisa que “não há razão” para esquecer???
(esquecimento = culpa, ansiedade, ambas)
Ou seja, o esquecimento é uma “capacidade suspeita” a mente na verdade precisa reprimir.
As contracatexias repressivas do ego dirigem-se mais contra o superego do que contra o id.
Só se tem acesso ao significado do ato falho pelas associações da própria pessoa.
Exemplo pagina 142.
• Lapsos de escrita: falha na repressão total de algum pensamento ou desejo
inconsciente, o significado oculto de expressa claramente no ato falho: Ralatório em
vez de relatório. Advogado em relação a seus clientes: contam-lhe seus problemas
mais intermináveis aos invés de seus problemas mais íntimos.
O cansaço, desatenção, pressa ou excitação são facilitadores na ocorrência dos lapsos, pois
facilitam o transito dos processos incs. No entanto, para Freud eles tem uma função acessória,
coadjuvante. Segue analogia: Se um homem fosse assaltado e roubado em uma rua escura e
solitária, não diria que fora roubado pela escuridão ou pela solidão. Foi roubado por um
ladrão, que encontrou um ambiente propicio (escuridão e solidão). Ou seja, os processos
mentais ics são sempre condição necessária para um lapso.
Ação do superego nos lapsos: muitos acidentes são inconscientemente tencionados a causar
perdas devido a necessidade inconsciente de punição. Ex: trocar o nome da esposa.
Por vezes um acidente reúne “crime e castigo”.
Na análise certamente os atos falhos são materiais de trabalho, para paciente e analista. O
lapso escapou (falha do ego) em integrar as forças instintivas e a ação do superego. Os lapsos
são causados por certa falha no ego em integrar de modo harmonioso as forças do id e do
superego que estão ativas na mente.
A parapraxia ocorre apesar do ego.
Chistes
Definição de Chiste: A palavra chiste, oriunda do alemão Witz, significa “gracejo”, e é
encontrada na obra de Freud, que o define como uma espécie de válvula de escape de nosso
inconsciente, utilizado para dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente se
deseja. Isto é possibilitado pelo chiste ao conectar arbitrariamente, duas ideias. contrárias,
através de uma associação verbal. (piadas, anedotas, trocadilhos) Função do chiste: dar
transito livre a modos de pensamentos usuais no inconsciente.
“Toda brincadeira tem um fundo de verdade”
Habilidade de encontrar similaridades entre coisas dessemelhantes, ou escondidas.
O jogo de ideias, fusão com rapidez varias ideias. o chiste contém particularidades de origens,
cidades, países e pessoas.
De cultura: Anedota de Judeu: Dois judeus se encontram no balneário. Um deles pergunta:
Você tomou um banho? O outro responde: o que? Há um faltando??
O autor de uma piada faz uma regressão parcial, exprime a ideia de acordo com o processo
primário, e a plateia compreende a piada também devido a uma regressão temporária do
pensamento ao processo primário.
O contador de piadas sabe que, depois que o auditório começa a rir qualquer coisa em seguida
bastará para provocar mais risos. Também se houver ingesta de álcool o contador de piada
ficará mais engraçado.
Geralmente os chistes tem conotação hostil ou sexual. Para ser boa a piada não basta ter um
tom inteligente, tem que ter uma “ponta de malícia.” Ex: galã da novela das 7.
A substituição do processo secundário pelo primário resulta, por si só, em uma certa reserva
de energia psíquica, que fica assim disponível para uma descarga imediata, na forma do riso.
Ou seja, os impulsos que seriam reprimidos, são momentaneamente libertados.
Porque eles existem afinal? Porque a cultura e a educação não nos permite viver a intensidade
de nossos impulsos. os chistes não criam compromissos, não evitam a inibição, permitem uma
descarga pelo jogo de palavras.
Isso acontecia muito com as músicas da ditadura. “PAI AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE” na
verdade quer dizer: “PAI AFASTA DE MIM ESSE CALE-SE”.
O lapso acontece apesar do ego e o chiste é e permissão do ego para uma regressão
temporária.
IX. Sonhos
O livro a Interpretação dos Sonhos (1900) foi um obra tão revolucionária quanto a Origem
das Espécies de Darwin.
Prefacio do próprio Freud: Este livro contém a mais valiosa de todas as descobertas que tive a
sorte de fazer. Um discernimento dessa natureza só acontece a gente uma vez na vida.
Dormir resulta em sonhar e sonhar é uma necessidade neurofisiológica. Todo mundo sonha?
Todas as noites sonhamos?
A experiência subjetiva que aparece na CS durante o sono e que após despertar chamamos de
sonho é apenas o resultado final de uma atividade mental inconsciente. É o fenômeno total.
Composição do Sonho:
O processo de sonhar:
O sonho e as defesas
Censor onírico: Freud comparou essa parte onírica do ego com o inconsciente ao de
um “censor de noticias com amplos poderes para suprimir qualquer trecho que ele julgue
inconveniente”. Durante o sono, portanto, os mecanismos de defesa do ego tentam barrar as
fontes de desprazer do acesso à consciência. Ou seja, o ego não pode impedí-lo mas pode
influir na atividade do sonho, tornando o sonho manifesto distorcido de maneira
irreconhecível, quase ininteligível.
Mecanismo defensivo do ego – dividido em:
Condensação – O trabalho do sonho tem sempre por finalidade formar uma imagem
única que presente simultaneamente todos os componentes do conteúdo latente, o que pode
ser feito por omissões, fusão, neologismo e etc.
Deslocamento – É uma obra da censura dos sonhos e opera de duas maneiras:
Substituição de um elemento por outro mais remoto e outra maneira é quando o acento é
mudado de um elemento importante para outros sem importância.
Exemplo: eu sonhei que estava em uma selva e que eu era um macaco e surrava com vários
murros um leão (isso é o manifesto - imagens do sonho). Mas na verdade (latente) é que no
dia anterior o meu chefe brigou comigo e eu não pude revidar. Logo, o sonho – como
realização de um desejo – fez com que eu me transformasse em um “macaco” (insignificante)
e meu chefe em um “leão” (o rei da selva), porém, no sonho, eu (macaco) consegui esmurrar o
meu chefe (leão).
No sonho manifesto ocorre o que Freud chamou de formação de compromisso:
compromisso entre as pulsões do id e as defesas do ego que permitem somente uma
gratificação parcial e tolerável daquelas pulsões. Exemplo página 173-174.
SONHO E ANSIEDADE
Nos pesadelos houve uma falha na nas atividades defensivas do ego, ou seja, apesar
dos esforços da defesa, o conteúdo latente do sonho consegue penetrar de maneira mais
intensa ou direta do que o ego pudesse tolerar. Consequentemente o ego reage com
ansiedade. Geralmente esses sonhos estão relacionados com fantasias edípicas, não raro o
terror e a gratificação sexual estão presentes.
Os sonhos nos suscitam a percepção de extrema realidade, isso ocorre porque no sono
ocorre uma profunda regressão do funcionamento do ego, consequentemente a “perda” da
noção de realidade. Freud dizia que os sonhos se assemelham muito às alucinações. Isso
ocasiona uma tendência a surgirem imagens pré-verbais, visuais, e uma incapacidade
transitória de reconhecer se elas advém dos estímulos internos e externos.
SIMBOLOGIA ONÍRICA
Simbolização – durante muito tempo Freud acreditou que haveria uma linguagem
simbólica e universal, de tal sorte que um mesmo símbolo teria o mesmo significado para
todos (por exemplo, o aparecimento de uma serpente em qualquer sonho seria sempre um
símbolo fálico). Porem aos poucos ele foi considerando que o símbolo onírico corresponde a
significados oníricos de cada individuo e, também, das suas respectivas repressões (assim,
aquela hipotética “serpente” do sonho pode, para alguns de fato, representar um pênis,
enquanto para outros pode representar uma pessoa má, pérfida, traiçoeira).
A tarefa de interpretar sonhos limita-se praticamente à terapia psicanalítica, uma vez que
requer a aplicação da técnica psicanalítica, é um processo técnico. Mas também outras
ciências se utilizam, ex: homeopatia.
X. Psicopatologia
O normal e patológico para a Psicanálise
Freud destaca que não há uma relação entre um limiar quantitativo ideal e a saúde do
sujeito, a patologia é ainda remetida à questão de uma regulação interna.
O fim do século XIX foi certamente um período de muita prosperidade cientifica para a
psiquiatria e para compreensão do fenômeno mental humano. Simultaneamente publicam
suas obras: Freud e sua Interpretação dos Sonhos, Bleuler com seus estudos sobre
Esquizofrenia, Alzheimer descobre a doença degenerativa que leva seu nome e Jaspers publica
sua obra Psicopatologia Geral.
Freud se interessa pela histeria e conclui que os sintomas histéricos eram causados por
lembranças ics ou acontecimentos acompanhados de intensa emoção que não puderam ser
expressos ou descarregados. Os sintomas histéricos seriam portando as emoções impedidas
de se manifestar de maneira normal.
Freud se interessa na etiologia das doenças mais do que na sintomatologia, ou seja,
difere das classificações descritivas da psicopatologia: dois pacientes com a mesma “doença”
podem ter causas totalmente diversas. Ou seja, o interesse pelas classificações descritivas não
é tão importante quanto o conhecimento da causa dos sintomas, o que torna cada sintoma um
código particular de cada paciente.
Equivalência sintoma=sonho: ambos tem um conteúdo latente ou ics que são descritos como
expressões disfarçadas e distorcidas de fantasias inconscientes. Assim como no sintoma o
sonho é uma “formação de compromisso” entre o id e o superego, para que os impulsos não
penetrassem no pensamento e na consciência. O que diferencia é que nos sonhos o desejo
podia ser ou não sexual e no sintoma sempre o eram.
As perturbações mentais podem sem mais bem compreendidas como uma evidência de um
mau funcionamento do aparelho psíquico em grau e maneira diversos.
Quanto maior o grau de regressão mais séria é a sintomatologia, mais difícil o tratamento.
Neurose: resulta de um conflito entre duas forças antagônicas: desejo e defesa, mediadas pelo
ego, a ordem do conflito é do ego. Umas das características da neurose é não perder o contato
com a realidade. (ego preservado, ainda que haja conflito, sofrimento)
• O neurótico pode eventualmente experimentar um estado psicótico, sem ter uma
estrutura psicótica.
• Atualmente o termo neurótico é reservado a pessoas emocionalmente saudáveis, o
que na época de Freud era atribuída a pacientes não orgânicos, não esquizofrênicos,
não maníacos e não psicopatas
• Usamos o termo neurótico para qualificar um alto-grau de capacidade de
funcionamento apesar de um sofrimento emocional.
• Os pacientes neuróticos caracterizam-se por apresentarem algum grau de sofrimento
e de desadaptação em um ou mais áreas importantes de sua vida: sexual, familiar,
profissional ou social.
• Conservam razoável nível de integração do self, boa capacidade de juízo critico e
adaptação à realidade.
• De forma genérica compreendem cinco estruturas neuróticas: de angustia, histeria,
obsessivo-compulsivo, fobia e depressão.
NEUROSE PSICOSE
Conflito entre o ego e o id Conflito entre o ego e o mundo externo
Alterações quantitativas dos fenômenos Alterações qualitativas dos fenômenos
psíquicos, capazes de produzir sofrimento em psíquicos, capazes de produzir sofrimento, na
detrimento do conflito desejo/defesa. maneira de existir.
O individuo sabe que é neurótico, tem Não existe essa consciência, perda da noção
consciência dos atos. de realidade.
Diante do conflito a pessoa reage com Diante do conflito e do prejuízo do ego a
ansiedade maior do que a maioria das reação apresenta características patológicas
pessoas frente a uma mesma situação como delírios de alucinações.
Defesas mais maduras: repressão, negação, Defesas mais primitivas: cisão, dissociação,
isolamento, projeção. identificação projetiva.
Senso integrado de identidade, self continuo. Self desintegrado, vivencias intensas de
fragmentação.
Exemplos: Um paciente cuja estrutura neurótica sofre de TOC, pode admitir que seus rituais
são malucos, mas que sente muita ansiedade se não os fizer. Um paciente de estrutura
psicótica não tem esse tipo de questionamento, ele dá explicações e racionalizações, as vezes
seguidos de pensamento mágico sobre a necessidade de manter seus rituais.
Uma pessoa que tem mania de limpeza (neurótica) vai se sentir intimidade de responder
quantas vezes toma banho ou troca lençóis, outra (psicótica) considera com convicção que
todo mundo que toma banho com menos frequência é sujo. Os neuróticos tendem a
facilmente admitir seus sintomas, os psicóticos, até por não terem a diferenciação do que é
inadequado podem demorar anos para admitir um comportamento bulimico por exemplo.
Organização borderline
São as patologias que se encontram no limite entre neurose e psicose, “é como um meio-
termo” e é descrito como: instável estabilidade no limite dos níveis neurótico e psicótico,
caracterizada por uma dependência das defesas primitivas sem uma total perda do teste de
realidade.
• Características: baixa tolerância à frustração, atuações, impulsividade e compulsão,
tende a momento de confusão de identidade (não tao grave qto na psicose),
hostilidade quando confrontados, mantém um bom contato com a realidade podendo
eventualmente apresentar estados confusionais e dissociações.
• A capacidade do individuo que se situa nessa organização, de reconhecer sua própria
patologia é bastante limitada. São geralmente poliqueixosos, projetivos, imaturos
emocionalmente.
• São extremamente ambivalentes, e oscilam entre dependência/independência, quero
ajuda/não quero ajuda. São famosos por tentativas de suicídio, emergências
psiquiátricas.
• Síndrome da difusão da identidade (Kernberg): dificuldade que esse paciente tem de
transmitir uma imagem integrada, coerente e consistente de si próprio, assim deixa
também as outras pessoas confusas em relação à ele.
• Os sujeitos borderlines como pessoas que demonstram necessidade de muito afeto,
também se demonstram sedutores. Estão sempre lutando conta a depressão.
Resistem de forma precária as frustrações, pois essas atuam e desencadeiam a
lembrança de frustrações infantis. Muitas utilizam “traços de caráter paranóicos” para
afastar aqueles que poderiam frustrá-los. Esse indivíduo possui um narcisismo frágil e
mal estabelecido necessita sempre de apoio, afeição e compreensão. Seu objeto é tido
como persecutório (menos do que em um paranóico) e tem a função de superego
auxiliar e de ego auxiliar, sendo ao mesmo tempo proibidor e protetor.
Fobias
Ainda que compreenda o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), aqui estamos falando de
estruturações de personalidade de natureza obsessiva que diz respeito a forma e ao grau
como organizam-se os mecanismos defensivos do ego diante das fortes ansiedades.
Distinção entre: traços obsessivos, caráter marcadamente obsessivo e neurose obsessivo
compulsivo. Nas duas últimas existe uma permanência da caracterológica obsessiva como:
meticulosidade, controle, duvida, intolerância. Pode-se dizer que uma pessoa cujo caráter é
obsessivo, desde que não seja excessivo é aquele que reúne os sadios aspectos de um
necessária disciplina, método, ordem, respeito, moral e ética. Já a neurose obsessiva implica
em um grau de sofrimento e algum prejuízo no próprio funcionamento, na vida familiar e
social. Ex: filme o aviador.
Características:
• Para a psicanálise a N.O.C tem uma etiologia psíquica, relativa a representações do
mundo interno do individuo muito mais do que a situação considerada ansiogênica:
conflitiva edípica, ansiedade de castração, homossexualidade latente, aspectos de
masoquismo.
• As obsessões estão diretamente ligadas a formação de um superego rígido, formado
desde o controle esfincteriano.
• Também estão associadas ao narcisismo, e a formação de um ego ideal.
• Na educação de pais para filhos: pais obsessivos impõe uma educação
demasiadamente rígida e punitiva.
• O ego da criança sente uma sobrecarga de agressão que o ego não conseguiu
processar, o ego então passa a ter uma falha na capacidade de síntese e de
discriminação das permanentes contradições que atormentam o obsessivo.
• Conflito intra-sistêmico: o ego fica submetido a um superego cruel e ao mesmo tempo
é pressionado pelas demandas do id.)
• Fixações na defecção para a criança – fixações anais que se organizam em torno ao ato
de defecar.
• Pulsões agressivas de um superego rígido ante a desobediência de seus mandamentos,
e um ideal de ego cheio de expectativas a serem cumpridas. Mantém um constante
estado de culpa.
• Mecanismos de defesa mais utilizados: anulação (desfazer o que já foi feito, sentido ou
pensado) isolamento (isolar afeto de idéia) formação reativa ( como forma de negar os
sentimentos que lhe despertem ansiedade) racionalização e intelectualização
(pensamento ruminatório)
• Prevalece um obsessividade narcísica no qual o individuo exibe um superioridade por
vezes disfarçada de modéstia para mostrar aos outros o quanto ele é honesto,
humilde, dadivoso.
• Sexualmente são indivíduos que possuem dificuldades, excesso de limpeza e assepsia,
nojo de secreções, controle do orgasmo, dificuldade em soltar-se no ato sexual, pavor
do fracasso da potência.
• O paciente obsessivo em análise é um paciente um tanto quando cansativo e
trabalhoso, tenta assumir um controle obsessivo onipotente que estagna o processo,
usa de deslocamento para detalhes que são tentativas de esconder conteúdos
importantes de ser trabalhados. Uso de formação reativa: paciente se mostra sempre
gentil e educado, bem comportado, para não deixar irromper sua agressão reprimida.
Isolamento: narrativas desprovidas de emoções. Presença de pensamento mágico que
pode evoluir para delírios e alucinações.
• Cenas do filme Aviador: https://www.youtube.com/watch?v=0qLqPBf6aQw
XI. Psicanálise Hoje
Fundação da IPA
Foi durante esta reunião em Salzburg, em 27 de abril de 1908, que a ideia de uma
Associação Internacional foi discutida e acordada. Freud insistiu que Jung deveria ser o
presidente da nova Associação e que sua sede oficial deveria ser Zurique, ele tinha Jung no
mais alto conceito. Por pelo menos um ano, ele tinha visto Jung como seu herdeiro espiritual, a
quem o futuro da psicanálise poderia ser confiado. Freud também acreditava ser da maior
importância que a psicanálise não fosse identificada na mente popular com Viena, e também
não fosse considerada como algo especificamente judaico. E assim Jung, sendo Suíço e Gentio,
era admiravelmente adequado para o papel de líder, e foi eleito o primeiro presidente da IPA,
o escritório central sendo em Zurique, como local de residência do Presidente. a relação entre
Freud e Jung se deteriorou devido a sérias diferenças, tanto de caráter científico quanto de
natureza pessoal.
Desde a década de 80, a IPA adicionou a América Latina como uma terceira região
administrativa, com o primeiro Congresso na América do Sul tendo sido realizado em Buenos
Aires em 1991. A Presidência também circulou entre a terceira região, com o primeiro latino
americano neste cargo, Horácio Etchegoyen, entre 1993 e 1997.
A Associação cresce de forma consistente não somente em membros ao longo dos
anos, alcançando mais de 12 000 membros ao final de 2009; Nascida em 1910, a IPA já atingiu
a plena maturidade e é essencialmente mais internacional do que nunca. 2010 viu a primeira
conferência psicanalítica sendo realizada na China, a qual explorou a evolução psicanalítica e
suas mudanças dentro do contexto Asiático. 2010 foi também um importante ano para a IPA,
ao celebrar o centenário de sua fundação. Um grande número de eventos foram realizados em
escala global, focados nos 100 anos da psicanálise e nos desafios para os próximos 100.
Winnicott: representa outra parte do grupo inglês. É médico pediatra, também trabalha com
crianças e desenvolve a técnica do rabisco. Dá ênfase maior em sua obra à questões
ambientais como precursoras do desenvolvimento. Também tem importante contribuição
para o entendimento do comportamento anti-social. Conceitos importantes: área da ilusão, a
origem da criatividade, mãe suficientemente boa.
Bion: trabalha com pacientes psicóticos, utiliza conceitos matemáticos para entender o
funcionamento da mente: função alfa e beta. Grandes contribuições a respeito do trabalho do
analista.
Green: escola francesa, vai conceituar sobre a mãe morta e fazer releituras importantes sobre
os conceitos de Freud na atualidade.
Freud morrem em 1939, mas sua obra teve um continuidade a nível mundial ate os dias de
hoje.