Você está na página 1de 35

Psicologia da Personalidade I - Introdução à teoria psicanalítica

Profª Thalita Gabínio

I – Teoria da Personalidade

O que é uma teoria de personalidade?

• São conjuntos de construtos teóricos que vão dar a compreensão do funcionamento


do psiquismo, bem como postular acerca dos processos de desenvolvimento,
estruturação da personalidade e das noções de psicopatologia.

A teoria psicanalítica:

• Disciplina instituída por Sigmund Freud no final do século XIX, que parte de sua
observação enquanto médico neurologista criando um corpo de hipóteses a respeito
do funcionamento e desenvolvimento da mente do homem. Ela se interessa tanto pelo
funcionamento mental como pelo patológico.
• Para Freud não somos donos da nossa mente, somos dominados, dirigidos por
processos mentais inconscientes, por desejos, medos, conflitos e fantasias.
• Procura ampliar os horizontes quanto a uma compreensão de teorias que eram
fundamentalmente das ciências físicas e biológicas.
• É entre outras coisas, um estudo da história de vida de um individuo uma procura dos
principais acontecimentos daquela vida e suas conexões com suas causas e
consequências psicológicas. Interessa-se principalmente com aquelas partes da vida
que todo homem mantém escondidas.

II - História da Psicanálise

Na Moravia,(hoje Tchecoeslováquia) em 06 de maio de 1856, nasceu Sigmund Freud, o


fundador da Psicanálise. De família judaica, seu pai (Jakob) era um bem sucedido comerciante
de lã e sua mãe Amalie casou-se com ele aos vinte anos, e Jakob tinha 40 e já tinha dois filhos
adultos. Freud foi o primeiro e preferido filho de Amalie, que teve mais sete filhos. Inicia seu
curso de medicina na Universidade de Viena em 1883 e seu interesse sempre esteve voltado
para Histologia e Neurofisiologia. Ele sempre quis ser cientista e não apenas médico. O fato de
ser judeu marcou a obra de Freud, pois lhe deu a capacidade de suportar críticas, e seguir
postulando suas idéias.

Antes de abrir sua clínica, Freud que era noivo de Martha Bernays precisou trabalhar
muito como médico-assistente nas clinicas de Viena. Viena era conhecida por seus famosos
cafés literários, musica, ópera, teatro, e uma sociedade burguesa aristocrata, no entanto essa
encantadora erudição escondia uma censura velada à novas idéias. Já Paris vivia seus dias de
maior renovação, pós revolução francesa, era uma metrópole em ascensão. Freud ganha uma
bolsa de estudos para estudar em Paris com um famoso neurologista chamado Jean-Martin
Charcot, diretor do manicômio Salpetriére.

É com Charcot que Freud tem os primeiros contatos com estudos sobre Histeria,
patologia que mais acometia os pacientes da época. As histéricas eram tidas como “bruxas”, e
a palavra Hystera em grego significa útero. Inicialmente acreditava-se que somente as
mulheres mostravam sintomas histéricos: paralisias, espasmos, sonambulismo, perda da fala e
dos sentidos, perda de memória. A causa da histeria tinha duas explicações: uma irritação dos
órgãos sexuais femininos que era tratado com pressão no ovário e intervenções cirúrgicas no
clitóris, ou fruto da imaginação, fingimento das mulheres.
Charcot não aceita essas etiologias, mas é Freud que se aprofunda no estudo da
histeria sob o ponto de vista da neurose. O que mais intrigava os médicos é que a histeria
apresentava sintomas sem qualquer alteração física. A histeria ignora a anatomia, era uma
perturbação de função, não de estrutura. Então se perguntava Freud: será que o sintoma pode
ser efeito de uma ideia?

Freud começa a investigar a possível origem sexual de algumas perturbações psicológicas.


Surge então a hipnose como forma de terapia, os histéricos de deixavam hipnotizar com
sucesso, e após a hipnose as histéricas se livravam temporariamente e parcialmente dos
sintomas. Aprofunda seus estudos sobre hipnose e encontra um velho amigo médico que
também fazia experiências com esse método: Josef Breuer, ambos passam a explorar a
dinâmica da histeria.

Freud avança em seus estudos e abandona a hipnose, passa pelo método da pressão da
cabeça, até chegar à associação livre. “Assim Freud ouvindo as associações livres apenas do
controle consciente, era capaz de formar uma imagem, por inferência, do que
inconscientemente estava ocorrendo na mente do paciente” (p.24)

A psicanálise começa a ter seguidores, Adler, Ferenczi, Jung, Rank, Abraham, Ernest Jones.
Freud publica 24 volumes de sua obra, e trabalha até seus 83 anos de idade.

III. Duas hipóteses fundamentais

O fim do século XIX foi certamente um período de muita prosperidade cientifica para a
psiquiatria e psicologia, em relação à compreensão do fenômeno mental humano.
Simultaneamente publicam suas obras: Freud e sua Interpretação dos Sonhos, Bleuler com
seus estudos sobre Esquizofrenia, Alzheimer descobre a doença degenerativa que leva seu
nome e Jaspers publica sua obra Psicopatologia Geral. A psicologia estava voltada para
fenômenos da consciência e da razão, dos processos conscientes, pesquisas laboratoriais com
ênfase nos processos mentalistas, tais como experiência consciente e percepção cognitivos
que buscavam responder questões do comportamento humano.

Freud traz uma compreensão totalmente nova para o ser humano, a descoberta do
inconsciente, e postula as hipóteses fundamentais de sua teoria: determinismo psíquico e a
existência do inconsciente.

• Determinismo psíquico ou da causalidade: nada acontece por acaso ou de modo


fortuito, cada evento psíquico é determinado por aqueles que o precederam. Os
fenômenos mentais não são desconexos. Não existe descontinuidade na vida mental.
Para psicanálise estamos sempre nos perguntando: o que provocou? Porque foi assim?
Ex: esquecer ou perder alguma coisa. Muda-se a idéia de “apenas aconteceu” para a
idéia da causalidade
• Cada uma dessas “casualidades” foi provocada por um desejo ou intenção da pessoa
envolvida.
• Ex: Os sonhos seguem o mesmo princípio. Cada imagem em cada sonho é a
consequência de outros eventos psíquicos e cada fato mantém uma relação coerente e
siginificativa com o restante da vida psíquica da pessoa que sonha.
• Os sonhos sintomas seguem o mesmo princípio, apesar de o paciente considera-lo
estranho e desligado de sua vida mental. Ex: Hidrofobia da jovem histérica.
• É exatamente o fato de tantas coisas serem inconscientes que respondem à “aparente
descontinuidade em nossa vida mental”.
• Freud se propôs a descobrir que nos pensamentos humanos existe uma rede de
relações deterministicamente entrelaçadas que não permitiria a existência de
comportamentos ou pensamentos avulso, aleatórios ou arbitrários.
• Por isso sua intenção com sua teoria era investigar e teorizar a respeito do sentido
oculto de todas as ações humanas, especialmente as mais estranhas que escapam à
qualquer classificação racional ou científica – podendo ser chamado de loucura.
• Existência de processos inconscientes
• Existe sempre uma conexão causal que se apresenta a nível ics, se for possível através
da análise se chegar à essa causa, então todas as descontinuidades aparentes
desaparecem, e a cadeia causa ou sequência de torna clara. Ex. pag 20
• É fato de que anda não dispomos de um método que nos permite observar
diretamente os processos mentais ics, os métodos são indiretos.
• Os processos mentais inconscientes são de grande frequência e tem sempre um
significado tanto no funcionamento normal quanto no anormal. “É exatamente o fato
de tantas coisas que acontecem em nossa mente serem inconscientes (desconhecidas
para nós) que respondem pela aparente descontinuidade em nossa vida mental”
(p.19). Quando se descobre as causas inconscientes todas as “ilógicas” e
descontinuidades desparecem, é como montar um quebra-cabeças. Os métodos para
observar os processos mentais inconsciente são indiretos.

• Ambas as hipóteses (determinismo e processo ics) são leis estabelecidas a respeito do


funcionamento da mente.

Como Freud começa a observar esses processos de forma indireta?

A psicanálise é uma teoria – técnica – modelo antropológico

Sua terapêutica consiste em uma técnica de investigação. Portanto, o tratamento é a


própria investigação com o sujeito.

Freud começa sua carreira como médico neurologista e na época não havia forma de
tratamento psiquiátrico orientada etiologicamente. “Há apenas 100 anos o médico de boa
formação quase não era superior ao mais ignorante charlatão em sua capacidade de tratar
enfermidades, ainda que fosse capaz de diagnosticá-las de forma superior”.

A primeira técnica utilizada por Freud foi a hipnose, seguido da técnica persuasiva e
então a associação livre, que proporcionou o acesso ao inconsciente livre do controle
consciente.

Freud conhece o médico Breuer que lhe contou sobre o tratamento de uma mulher
histérica através da hipnose. Percebe Breuer que os seus sintomas desaparecem quando ela
foi capaz, em estado hipnótico de recordar uma experiência e a emoção associada que
conduzida o sintoma em questão. Seus sintomas foram afastados ao conversar sobre eles sob
hipnose.

“Freud verificou que a hipnose não era uniformemente fácil de se induzir, que os
resultados tendiam a ser transitório e que pelo menos algumas pacientes tornaram-se
sexualmente apegadas a ele durante o tratamento hipnótico” (p.23)

Com isso ele descobre a transferência (ligação emocional entre o hipnotizador e o


paciente). Se o paciente tivesse uma boa ligação com o médico ele era capaz de relembrar de
fatos esquecidos sem ser reipnotizado. Então se configura o método psicanalítico como “a cura
pela fala”

A partir desse início desenvolveu a técnica psicanalítica cuja a essência consiste em


que o paciente empreende a comunicação ao psicanalista de quaisquer pensamentos, sem
exceção, que lhe venham a mente, sem censura.

A razão do paciente do grande valor de o paciente necessitar ao controle consciente


de seus pensamentos é esta: aquilo que ele pensa e diz em tais circunstancia é determinado
por motivos e pensamentos ics.

Mecanismo da formação do sintoma: existe uma idéia que não pode ser recordada,
pela censura, essa idéia é reprimida, se torna inconsciente e aquele afeto deslocado da idéia
forma um sintoma. Quando o paciente pode se recordar da experiência e sua emoção é
novamente conduzida ao sintoma em questão então os sintomas deixam de existir.

“Aprendemos com a psicanálise que a essência do processo de repressão não está em


pôr fim, em destruir a idéia que representa um instinto, mas em evitar que se torne
consciente”. Quando isso acontece, dizemos que a idéia se encontra num estado
‘inconsciente’, e podemos apresentar boas provas para mostrar que, inclusive quando
inconsciente, ela pode produzir efeitos, incluindo até mesmo alguns que finalmente
atingem a consciência. (FREUD, 1915)

Então Freud propõe os sistemas: consciente, pré-consciente, inconsciente (poderiam se tornar


cs a custo de considerável esforço). E percebe a influência que os processos ics produzem
efeitos sobre nossos pensamentos e ações.

Pré-conscientes: pensamentos, lembranças etc que podiam facilmente se tornar conscientes


por um esforço de atenção. Tem acesso fácil a consciência.

Inconscientes: eram de alguma forma “barrados” da consciência por uma força considerável
que tinha que ser superada até se tornarem conscientes.

Como devemos chegar a um conhecimento do inconsciente? Certamente, só o


conhecemos como algo consciente, depois que ele sofreu transformação ou tradução
para algo consciente. A cada dia, o trabalho psicanalítico nos mostra que esse tipo de
tradução é possível. (FREUD, 1915)

Freud conseguiu demonstrar que os processos mentais inconscientes eram capazes de


produzir efeitos sobre nossos pensamentos e ações através da sugestão pós-hipnótica. (P.25)

• Sonhos, sonhar com desejos não realizados. Ex: foi dormir sem perceber que estava
com fome e sonhou com comida. Ex: sede, vontade de urinar. Sonhar que esta
bebendo alguma coisa, pois esta com sede. “Sonhos de conveniência”
• Atos falhos
• Esquecimentos: é notoriamente fácil esquecer algo que é desagradável, ou aborrecido
como pagar uma conta por exemplo. O rapaz apaixonado não esquece o encontro.
Exemplos p.28
• As atividades mentais inconscientes influenciam nosso comportamento consciente: o
pacifista que briga muito quando é contrariado. Seu pacifismo consciente é
acompanhado de um desejo inconsciente de lutar, que no caso é exatamente o que
sua atitude condena. Nem sempre se tem consciência das suas verdadeiras intenções.
• Se o paciente sofre de cegueira histérica naturalmente presume-se que ele ics não
deseja ver, ou que sua consciência o proíbe de olhar.
• Piadas (chistes)
Todos esses estudos convenceram Freud de que de fato a maior parte do funcionamento
mental se passa fora da consciência, e de que a consciência é um atributo excepcional do
que comum do funcionamento mental.

Todos os atos e manifestações que noto em mim mesmo, e que não sei como ligar ao
resto de minha vida mental, devem ser julgados como se pertencessem a outrem;
devem ser explicados por uma vida mental atribuída a essa outra pessoa.(FREUD,
1915) Ex: sonhar com a morte de alguém significa mais vida para outra pessoa.

IV. Os Impulsos

As descobertas de Freud tinham como ponto de partida o sentido fisiológico, e ele


acreditava que um dia os fenômenos mentais poderiam ser descritos em termos de
funcionamento cerebral. O estudo dos instintos nos permite entender os aspectos do
funcionamento psíquico. Mas como são termos abstratos, Freud parte das ideias do
funcionamento físico, biológico. Na verdade Freud tentava formular uma “psicologia
neurológica”, mas a abandona.g

Vamos entender o esquema pelo qual as forças instintivas energizam nossa mente e a
impelem para a atividade.

Mas vamos partir da biologia. Um instinto é a capacidade ou necessidade inata de reagir a


um conjunto determinado de estímulos de um modo estereotipado ou constante. Esse modo
de reação difere de um reflexo por exemplo: reflexo patelar. Reflexo reação involuntária,
automática. Instinto = reação pode variar.

Impulso - Instinto - Pulsão

O que chamamos de impulso no ser humano é diferente do que chamamos de instinto nos
animais. O instinto é a capacidade ou necessidade inata de realizar a um estímulo. É mais
complexo que um reflexo. Porque é diferente?? Porque no ser humano mesmo um impulso
(no sentido corporal) tem desde muito cedo uma qualidade psíquica. Ex: eu estou com sede,
eu posso beber agua para matar a sede, mas eu posso ter sede de coca-cola. Isso significa que
nós não reagimos de forma instintiva somente para assegurar nossa sobrevivência, mas
também para obter prazer nas ações. O grau de resposta dos animais é muito menor que no
homem. No homem os fatores de ambiente ou de experiência podem modificar a resposta.
Ex: rejeição do bebê ao leite materno repentinamente.

Estímulo Instinto
Estimulação externa Estimulação interna
É possível evitar, defender Não é possível
Impacto momentâneo Impacto constante

A mente é energizada (catexizada) por forças instintivas que a impele para a atividade.

Aquilo que chamamos de instinto no homem não inclui a resposta motora, mas um estado de
excitação em resposta ao estímulo (interno). Ou seja, a resposta motora que se segue à essa
excitação é mediada por parte do ego. Não é possível fugir de um instinto como de um
estímulo, como fechar o olho diante de uma luz forte.

“Um instinto é um estímulo aplicado à mente”


Freud presumiu que existe uma energia psíquica que é constituída de uma parte dos instintos
mas que de certa forma deriva deles.

Instinto = energia psíquica diferente de energia física.

Nós não podemos ver a energia física mas podemos ver o trabalho dela, exemplo: contratura
muscular. Também não podemos ver a energia psíquica puramente, mas seu derivado: uma
crise de ansiedade. A energia psíquica não pode fluir através do espaço, ou se ligar a qualquer
objeto.

Damos o nome “catexia” à quantidade de energia psíquica que se dirige ou se liga à uma
representação de pessoa ou coisa. O que é catexizado são as lembranças, pensamentos, e
fantasias. Quanto maior a catexia mais importante é o objeto, no sentido psicológico.

Ex: a mãe para o bebê. A mãe é um objeto importante para os impulsos do bebê, logo passa a
ser altamente investido de energia psíquica, ou seja, catexizado.

Mas antes de haver a percepção da relação entre mãe-bebê, o objeto mais catexizado pelo
recém nascido é seu próprio corpo.

“O ego é antes de tudo um ego corporal”

O ego é uma instância da mente que pode lidar com um instinto, de acordo com as
experiências e a reflexão. Ex: bebê que para driblar a fome coloca o dedo na boca.

O instinto (pulsão) é um constituinte psíquico geneticamente determinado, que quando em


ação produz um estado de excitação psíquica ou tensão. Essa tensão impele o indivíduo para a
atividade (descarga) gratificação (prazer).

• A pulsão age como uma força constante, comparável a uma “necessidade” que busca
incessantemente satisfação.

• Freud vê a pulsão na necessidade de se alimentar e na busca pela satisfação sexual.

• A sensação de desprazer está relacionada a um crescimento de excitação e a sensação


de prazer como uma diminuição desta.

Cada ser humano tem um quantum de energia psíquica que serão investidos nas relações,
ações. À esse investimento damos o nome de catexia = energia = energia psíquica que não se
vê, mas que se liga a uma representação de uma pessoa ou coisa.

Classificação dos impulsos:

• Impulso sexual e de autoconservação. (busca da sobrevivência se liga a uma


experiência de prazer)
• Sexual e agressivo (dualismo pulsional)
• Ambos (sexual e agressivo) fundidos.
Impulso sexual – componente erótico as atividades mentais enquanto o Impulso
agressivo gera o componente destrutivo. Impulso sexual – de vida – libido
Impulso destrutivo – de morte – destrudo = tânathus – sinônimo do que comumente
chamados de agressividade.
• Impulso de Vida e Impulso de morte = oscilam, pois estão fundidos. Ex: até o mais
insensível ato de crueldade intencional que parece apenas satisfazer a pulsão
agressiva, possui um componente sexual ics (gratificação, prazer) para seu autor. Do
mesmo modo, não há ato de amor, por mais terno que seja, que não proporcione
simultaneamente o impulso agressivo: Ex: amar tanto o filho e ter vontade de morder.
Ex: não há vida sem morte, não há morte sem vida.
• O impulso agressivo é sinônimo do que chamamos de agressividade e o impulso sexual
equivale ao desejo.

A teoria psicanalítica postula que aquelas forças instintivas que já estão em atividade
no bebê, influenciando seu comportamento e clamando por gratificação mais tarde produz os
desejos sexuais do adulto com todo seu sofrimento e êxtase. No adulto a sexualidade é vivida
em sua plenitude, com objetivo de reprodução. E o curso desses instintos originaram os Três
Ensaios sobre a Sexualidade no qual Freud propõe o desenvolvimento psicossexual. Ele
observou essa manifestação em crianças, e na análise de adultos.

Freud propõe o termo fases do desenvolvimento da libido: fase oral, anal, fálica e
genital. Essas fases ou etapas são o curso evolutivo da personalidade da criança, e não são
etapas estanques, lineares, bem definidas de progressão retilínea. Elas se transformam,
superpõe, e interagem entre si.

“A atividade sexual se apóia inicialmente em uma das funções que serve à conservação
da vida”. Mais tarde se separa da necessidade de alimentação e se torna independente.
Parece, no entanto, que a vida sexual da criança costuma expressar-se numa forma acessível à
observação por volta dos três ou quatro anos de idade.

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

• Sequência de fases que se produzem normalmente na infância como manifestações do


impulso sexual.
• Essa sequencia envolve naturalmente variações de grau de interesse e importância
que se prende na vida psíquica da criança aos objetos e modalidades de gratificação
do impulso sexual.
• A cada fase novos objetos são catexizados e antigos são abandonados.
• A catexia libidinal de um objeto de uma fase anterior diminui a medida que se alcança
a fase seguinte. No entanto, nenhuma catexia libidinal forte é completamente
abandonada.

FASE ORAL

Essa é a primeira etapa de organização da libido, e foi denominada fase oral pois é o
primeiro meio de contato do bebê com o mundo. Todas as gratificações e experiências
ocorrem pela boca, que passa a ser uma área altamente catexizada (principal órgãos sexuais
das crianças: boca, lábios, língua). A finalidade da libido oral além da gratificação também visa
a incorporação, e posteriormente identificação. Ex. óstea, canibalismo de tribos primitivas.

Durante o primeiro ano de vida a boca o principal órgão dessa fase, mas ela constitui
um modelo de incorporação e expulsão, ou seja, como um protótipo de funcionamento
arcaico que intermedia o mundo interno com o externo. Assim outras zonas corporais são
incluídas nessa fase: o trato grastrointestinal, órgãos da fonação e linguagem, as sensações
cinestesicas, enteroceptivas e proprioceptivas e a própria pele, devido ao contato pele-pele
com a mãe.

São as experiências vividas nessa fase que vão configurar a relação da criança com seu
próprio corpo e com o corpo do outro.
• A necessidade de repetir a satisfação sexual dissocia-se então da necessidade de
absorção de alimento.

• Persistindo essa significação, tais crianças, uma vez adultas, serão ávidas apreciadoras
do beijo, se forem homens, terão um poderoso motivo para beber e fumar. Caso
sobrevenha o recalcamento, porém, sentirão nojo da comida e produzirão vômitos
histéricos. (ex. chatos pra comer)

FASE ANAL

Por volta de um ano e meio a três anos da criança, com o amadurecimento do


aparelho digestivo as funções de expulsão, retenção e controle de fezes tornam o anus a zona
mais catexizada. O anus é investido de tensões e gratificações. Mas diferentes ganhos são
previstos nessa fase: aquisição da linguagem, engatinhar e andar, aprendizagem e controle
esfincteriano, controle da motricidade e prazer com a atividade muscular, ensaios de
indivuação e separação: comer sozinho, pedir para ir ao banheiro. Aquisição da noção do
“não”.

O controle esfincteriano é considerado um modelo como se processa o controle motor


em geral: sensações de domínio, prazer na expulsão ou retenção, intermediação entre aquilo
que é uma produção e posse do bebê, as implicações emocionais nos atos de receber, reter,
eliminar, tomar e dar.

Baseados nas características da fase anal e em seus pontos de fixação e regressão


alguns autores vão descrever considerações a respeito da formação de um caráter anal da
personalidade, como o obsessivo-compulsivo.

Para Freud vai se fundar nessa fase as bases da relação de troca da criança com o
mundo, e futuramente na relação com o dinheiro, presentes e filhos. É nessa fase que a
criança desenvolve sentimentos sádicos e masoquista, (faz com a boneca aquilo que sofre) as
noções de poder, a rivalidade e competição, as comparações: dentro x fora, ativo x passivo,
grande x pequeno.

FASE FÁLICA

Etapa pré-genital também considerada recentemente como fase edípica. Acontece no


final do 3º ano. Nessa fase há a descoberta dos órgãos genitais e a diferencia anatômica dos
sexos. Os órgãos genitais são descobertos como áreas prazerosas. Acontece a descoberta da
masturbação, que fica bastante associado ao prazer uretral no ato de urinar. Já nas meninas
Freud acreditava que em relação à vagina haveria um conhecimento intuitivo.

É a fase conhecida como a fase dos porquês, justamente pela atividade exploratória da
criança, a começar pelo seu próprio corpo. As perguntas compreendem as duvidas quanto as
diferenças masculino-feminino, grande-pequeno, seio-penis, e a constatação progressiva
dessas diferenças gera angustia na criança, que encontra um alivio quando recebe explicações
adequadas. Caso não as receba ela mesma se obrigará a construir as mais loucas teorias para
aplacar a angustia.

As teorias são a respeito da diferença anatômica dos sexos, da origem dos bebês, da cena
primaria e do complexo de castração. A cena primária é o nome dado quando a criança
imagina o que se passa no quarto fechado dos pais. Isso se dá tanto por intuição como por
estímulos externos: barulhos, cenas de televisão). A imaginação da criança é permeada por
duvidas que giram em torno das fantasias.

Fase oral e anal: fases pré-genitais

Fase fálica: desejo de olhar os genitais – voyeurismo e desejo de exibir: exibicionismo.

Interação dos fatores inatos + ação do meio ambiente.

A cada fase a catexia se transforma, se desprende de um objeto e vai cedendo lugar a outro,
porém não totalmente. Quando a catexia se mantém persistente em um objeto é chamada de
fixação.

Período da latência

Depois dos 6 anos de idade a criança entra no período de latência, que apresenta duas
características:

• Vai acontecer a repressão da sexualidade infantil, com uma amnésia relativa às


experiências anteriores.
• Se estrutura um reforço das aquisições do ego.
• A combinação de ambas propicia a “sublimação” das pulsões, comumente na
escolarização e em atividades esportivas, formação de aspirações morais, etc.
• Dificuldades do período da latência: TDAH, hipersexualização.

FIXAÇÃO

Um conceito importante são os “pontos de fixação” que deixam impressos no


psiquismo diferentes momentos evolutivos, e para os quais o sujeito pode regredir. Os pontos
de fixação são momentos que houve exagerada gratificação ou frustração de uma
determinada “zona erógena”, = trauma. Fixação = inconsciente = patologia.

Exemplo: quando um ponto de fixação representa um momento de gratificação, o


sujeito quando vive um angustia insuportável tenta regredir para esse tempo e espaço que lhe
foi protetor e gratificante. Ex: ganhar um irmão e voltar a mamar na mamadeira, chupar
chupeta, fazer xixi na cama etc. Quando a regressão acontece diante de uma frustração:

Erotismo – capacidade de auto-gratificar-se – dá certa independência do meio


ambiente – quando o mundo externo se mostra muito frustrante – retraimento total do
mundo externo – patologia grave (esquizofrenia).

Todas essas fases são manifestações dos impulsos sexuais, mas os impulsos agressivos
mostram a mesma capacidade de fixação e regressão.

Ex: fase oral (morder) – oral canibal. Fase anal (expulsão e retenção) anal –
sádica.Fálica (pênis como arma, nas brincadeiras infantil, espada, arma)

V. O aparelho psíquico

A compreensão do aparelho psíquico pela psicanálise é dinâmica, pulsante, com vida,


nada estática. Procura demonstrar o crescimento e funcionamento da mente com suas
operações e conflitos.

Duas hipóteses fundamentais: aspecto descritivo

Impulsos: Aspecto dinâmico.


O primeiro modelo de aparelho psíquico surge no texto A interpretação dos sonhos (1900) –
microscópio – Motor – Memoria – Perceptivo.

(Modelo telescópio) 1º modelo: semelhante a um instrumento óptico; elementos dispostos


de maneira consecutiva, uma parte do aparelho reage aos estímulos sensoriais, outra, ligada à
primeira produzia o fenômeno da consciência, armazenara traços de memória e reproduzia. A
energia psíquica fluía através desses sistemas.

Modelo topológico, compõe os sistemas mentais: Cs, pré-cs, Ics. 2º modelo: a consciência é
uma base inadequada para diferenciar os conteúdos. (sugestão hipnótica)

O sistema Inconsciente

Esse sistema é em sua maior parte teórico, não pode ser observado diretamente, mas
a nível de manifestações: sonhos, atos falhos, lapsos. O estudo destes conteúdos permite
demonstrar que os atos mentais tem sempre um causa definida, sempre obedecem a um
propósito emocionalmente lógico, ainda que do ponto de vista intelectual não aparente. O
inconsciente não é o contrario de consciente, são graus de mobilidade da libido. Não significa
que o que era inconsciente e já se tornou consciente não poderá se tornar inconsciente
novamente. Podemos considerá-lo uma matéria prima da qual se alcança uma parte mínima.

O modo de atuar do inconsciente se dá pelo processo primário. Processo primário é quando a


energia psíquica escoa-se livremente, passando sem barreira de uma representação para outra
segundo os mecanismos de deslocamento e de condensação. É particularmente evidenciado
pelo sonho, que caracteriza-se não por uma ausência de sentido, como afirmava a psicologia
clássica, mas por um incessante deslizar de sentido.

Características: O inconsciente tem seu modo próprio de atuar, seguindo o processo primário:
Ausência de cronologia
Ausência de contradição
Linguagem simbólica
Igualdade de valores para a realidade interna e externa
Predomínio do principio do prazer.

No inconsciente uma parte é composta por elementos que se encontram temporariamente


nele e estão submetidas às suas leis, mas que podem a qualquer momento tornar-se
conscientes; e um parte cujos elementos não podem aflorar ao consciente, mas podem chegar
por outras vias como na formação de sintomas ou sonhos.

O sistema Pré-Consciente

Está situado entre o consciente e o inconsciente:

ICS

Pre-Cs ---
Pre
CS
O pré-consciente é como uma “barreira”, peneira, onde permanecem conteúdos que
podem tornar-se conscientes através de atenção. Os sistemas Pré-cs e Consciente tem estreita
relação. Um pensamento que, num determinado momento pertencer ao sistema Cs fará parte
do sistema pré-cs depois, quando a atenção lhe tiver sido retirada e ele já não for consciente.

O conteúdo do sistema PCS está integrado em parte por elementos em transito do ics
para o cs e também do cs para o ics adotando a forma de matéria pré-consciente. O Pcs está
relacionado com a realidade externa e com o inconsciente. Esse sistema é regido pelo
processo secundário, pois ganha a representação de conteúdos ics através da representação
da palavra, e é regido por:

• Elaboração de uma sucessão cronológica nas representações


• A descoberta de uma correlação lógica
• O preenchimento de lacunas existentes entre ideias isoladas
• A introdução dos fatos causal, relação de coexistência e sucessão entre
fenômenos de causa e efeito.

Processo Primário Processo Secundário


Caracteriza o inconsciente Pré-consciente e consciente
Energia psíquica escoa livremente Adiamento da descarga/satisfação
Pensamentos irracionais Pensamentos racionais
Predomínio do principio do prazer Predomínio do principio da realidade

O sistema Consciente

O consciente é um órgão de percepção para as impressões que nos absorvem no


momento e deve ser considerado como um órgão sensorial situado no limite do interno e
externo, com capacidade para perceber processos de uma ou outra procedência. Para que um
ato psíquico chegue a ser consciente é necessário que percorra todos os níveis do sistema
psíquico.

Por exemplo no sonho: as representações de objetos pertencentes ao inconsciente


devem associar-se às representações pré-consciente correspondente. Então, ela deve
conseguir vencer a censura entre esses dois campos até que chegue ao conhecimento. Em
uma noite podemos ter infinitos sonhos, e nos lembramos de um especifico, podemos pensar
que ele conseguiu através essa barreira, e se tornar consciente. Ou não se lembrar de nenhum,
de modo que a repressão impediu a tomada de consciência.

O sistema consciente também tem a função de proteção do aparelho psíquico,


proteção de certas excitações que poderiam perturbar seu equilíbrio, Freud considerou um
dispositivo, equivalente a um detector ou amortecedor de estímulos. (nós percebemos do
ponto de vista objetivo aquilo que podemos perceber subjetivamente)

Se a mente recebe um estimulo externo excessivamente intenso, ele o amortece e


transmite-o gradualmente evitando um desequilíbrio. Desta forma ele é capaz de alterar a
senso-percepção para poupar o psiquismo de dar uma representação mental à esse fato.

Esse amortecedor de excitações é o que capacita o homem a regular sua vida psíquica,
mediante uma distribuição econômica das cargas energéticas, o que lhe permite conservar em
repouso e manter equilíbrio adequado sua tensão.

3º Modelo estrutural: id, ego, superego: verificou que existem outros critérios além do
impedimento ativo da penetração na consciência.
Id: representações psíquicas dos impuslso, ego: funções ligadas às relações do indivíduo com
seu ambiente e superego: preceitos morais, aspirações e ideais.

“Id”

O id é concebido como um conjunto de conteúdo de natureza pulsional e de ordem


inconsciente. O Id é uma parte indomável do ego, deseja a satisfizer o seu prazer, constitui o
pólo pulsional da personalidade. Estando seus conteúdos, expressão psíquica das pulsões, no
inconsciente, por um lado é hereditário e inato e, por outro, recalcados e adquiridos. A libido
nasce do Id, e é um reservatório inicial da energia psíquica, abrigando e interagindo com as
funções do ego e com os objetos, tanto da realidade exterior, como aqueles que, internos,
habitam o superego, com os quais vivem em constante conflito, contudo, não raramente, o id
estabelece alguma forma de aliança e conluio com o superego, porém, tem suas
diferenciações a partir da genética. Bem como citado anteriormente, o id é regido pelo
princípio do prazer, logo pelo processo primário, nos recordando do modelo topográfico, o
inconsciente, como instância psíquica coincide com o id. Se o aparelho mental estiver maduro,
tendo sua capacidade desenvolvida, o id se manifestará com menos frequência, pois o id
consiste à forma agressiva da mente, manifesta-se de dentro para fora. O id com o próprio
desenvolvimento vai se diferenciando e se torna ego a partir dos 6, 8 meses. O superego só vai
se estabelecer no complexo de Édipo, em torno de 5 anos de idade.

Id: reservatório da libido

Ego

Freud descreve o ego como uma parte do Id, que por influência do mundo exterior,
ter-se-ia diferenciado. O princípio de realidade substitui o princípio de prazer. Enquanto o Id é
regido pelo princípio do prazer, o ego é regido princípio da realidade, tendo grande associação
com a simbolização.

PRINCIPIO DO PRAZER X PRINCIPIO DA REALIDADE

A realidade exige que o ser humano desenvolva a capacidade de tolerar a frustração de não
satisfazer-se imediatamente através de ações impulsivas, o que implica em maior consciência.
Isso diferencia o principio do prazer do principio da realidade, a medida que adiar a
gratificação impulsiva dos instintos passa a representar também um ganho para o individuo.
Enquanto o principio do prazer desconsidera a realidade e age de maneira impulsiva (um bom
exemplo disto são as paixões), o principio da realidade leva em conta a mesma.

A criança pequena tem a seguinte prática: Dê-me o que eu quero!! Façam o que eu quero! Ou
seja, de inicio o ambiente tem a função de ser a única fonte de gratificação e descarga de
desejos que surgem dos impulsos advindos do id. Isso vai se modificando, quando se muda a
relação que se tem com o meio ambiente, e isso é a diferenciação do ego. É claro que isso vai
permear uma relação de intenso conflito entre id e ego.

A primeira hesitação entre impulso e a ação, ou seja, o primeiro retardamento na descarga,


posteriormente evoluirá para o fenômeno complexo que chamamos de pensamento.

Ego: executor dos impulsos

O ego faz a função de relação do individuo com o meio ambiente, ele é o executor dos
impulsos.

Funções do ego:
• Percepção interna de necessidades instintivas
• Percepção das condições externas (percepção sensorial)
• Função integrativa que permite ao ego coordenar os impulsos entre si e depois
da censura do superergo adaptá-los a realidade
• Função executiva, pela qual controla a conduta voluntaria.
• Aquisição e controle da musculatura do esqueleto.
• Aquisição da memória
• Aquisição do pensamento (adiamento do impulso)
• Sentimentos
“o ego é antes de tudo um ego corporal”

O desenvolvimento do ego é determinado pela maturação do SNC + experiência, alguns


processos ajudam o ego a se diferenciar:

Identificação: ato de se tornar semelhante a algo ou alguém. Ex: bebê quando sorri,
linguagem, sotaque. Identificação com o agressor (aspectos negativos) Video da menina que
fala: 1, 2, 3 DEU! . Quando há perda do objeto, identificação com o objeto (luto)

Parte das identificações são em grande medida inconscientes. Há uma tendência a


identificação com pessoas ou coisas do próprio meio ambiente que são altamente catexizados
pela libido. O ego se torna enriquecido para melhor ou pior.

Superego

É uma das instâncias da personalidade tal como Freud a descreveu no quadro da sua
segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor
relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de
ideais, funções do superego. Certamente, quando o ego precisar agir, sempre estará em juízo
do superego, que dirá o que deve ou não ser feito, caso algo de errado, o superego, sempre
estará pronto para culpar o ego.

Modos de funcionamento do Aparelho psíquico


Processo primário: a energia do impulso é móvel, busca descarga imediata, é a forma original
de funcionamento. (Id, ego imaturo)
Facilidade com que um método de descarga pode ser substituído por outro, ex: bebê quando
suga o polegar quando não consegue obter o seio ou a mamadeira. Ex: o pai que grita com os
filhos para descarregar a tensão que teve com o patrão. Isso é chamado de deslocamento.
Aspectos do processo primário: deslocamento e condensação

Condensação: representação de várias idéias através de uma palavra ou imagem. Analisando a


frase “o palhacio do sultão era muito grande” Aceitando o neologismo, “palhacio”, como ato
falho, pode-se ainda sugerir que tal palavra nada mais é do que a condensação de palácio, com
palhaço. Como na análise da condensação do sonho, para entender essa condensação, o
criador deste ato falho deve analisar e associar o sentido e contexto que estas palavras lhe
remetem.

No processo primário existe ausência do sentido de tempo, presente, passado e futuro são a
mesma coisa. Ex: caso de psicose, os delírios que remontam conflitos de “outros tempos”. As
crianças não tem ideia de tempo: perguntam sempre tá chegando? Quando é o Natal?

Aspectos do processo secundário: adiamento da descarga para pensar, desenvolve-se


gradativamente (ego maduro). A forma de descarga da catexia pode ser substituída por outra.
Simbolização: processo que o ego adquire gradativamente. Quando a criança brinca de faz de
conta ainda não fantasia, é como se fosse e por isso se assusta. Brinca de esconder para
simbolizar a falta. A neutralização de impulsos ocorre como se fosse uma linguagem secreta do
inconsciente. A energia fica a disposição do ego, diferente da não neutralização, em que a
descarga é imediata. A neutralização é progressiva. Exemplo neutralização: no inicio a
linguagem da criança. A gagueira por exemplo é quando houve a neutralização de maneira
inadequada. Quando o ego atinge sua autonomia, a energia fica à disposição dele para várias
funções. Quando há um problema no curso dos impulsos o ego começa a falhar: lapsos de
memória, falhas nas funções do ego.

VI. O aparelho psíquico (continuação)

Já vimos que as funções psíquicas básicas pertencem ao ego. Fatores que influenciam o
desenvolvimento no ego:

• Como o ego adquire conhecimento e como domina o mesmo?


• Como o ego administra os desejos e tendências decorrentes dos impulsos?

O ego se desenvolve a partir de características inatas + ambiente. Ele é o mediador entre o id


e o superergo. Existem 3 funções muito importantes:

• A percepção sensorial – que informa o ego sobre o ambiente.


• Capacidade de funcionar de acordo com o processo secundário (capacidade de pensar,
lembrar, agir)
• Controle e habilidades motoras.

Prova ou teste de realidade: capacidade do ego distinguir entre os estímulos do mundo


interno e do mundo externo. (habilidade perdida na psicose/paranóia). É uma aquisição do ego
devido a maturação do SNC e da experiência. Se o ego é capaz de realizar essa tarefa com êxito
dizemos que o individuo tem um sentido bom ou adequado da realidade. Isso é tarefa
fundamental para um funcionamento saudável. Se o ego não pode desempenhar essa tarefa
dissemos que o sentido da realidade é pobre ou deficiente. Exemplo: morreu o pássaro da
criança e colocaram outro no lugar sem contar.

O ego é quem dá sentido a realidade

Frustração é elemento necessário para o desenvolvimento dessa capacidade. Ela permite a


diferenciação do eu-não-eu. Essa aquisição acontece na infância e através dela o bebê entende
que as coisas vem e vão, que estão presentes e ausentes. O doente mental acredita que seus
delírios ou alucinações são reais quando decorrem principalmente de sues demores e desejos
de seu próprio eu interior.

Ego: intermedia id e realidade, retarda descarga, controla isso favorece o processo secundário.
Ex: criança adquirindo controle urinário.

Mas também pode ocorrer o controle do id pelo ego, se o ego “demorar” para administrar as
exigências do id. Ex: desejo de matar o irmão. As crianças muito pequenas tem o desejo de
atacar o irmão mas com o passar do tempo e sob a pressão da desaprovação do ambiente o
ego rejeita esse desejo do id. Mas o id se enfraquece quando começa a ser controlado pelo
ego. Exemplo: nos sonhos e devaneios ocorre uma gratificação parcial dos impulsos, o impulso
atendido se enfraquece.
A categoria decisiva para o ego torna-se senhor do id: princípio do prazer: a mente
procurando o prazer e evitando o desprazer. A mente de inicio opera somente sob o principio
do prazer. E a partir do principio do prazer entendemos a 1ª teoria sobre a ansiedade =
acumulação da libido não liberada pelo aparelho psíquico. O aumento de uma quantidade de
catexias não descarregadas dentro do aparelho psíquico determina o surgimento do
desprazer, tensão psíquica. O represamento inadequado da libido se transforma em
ansiedade. Parte dessa teoria foi abandonada, pois Freud entendeu que outros fatores
disparavam a ansiedade.

Ansiedade é o problema central da neurose. Tem uma base herdada. Na 2ª teoria da


ansiedade: relacionada a situações de perigo, traumáticas, quem dá o alerta é o ego, através
do sistema perceptivo. Situação em que a psique é engolfada por uma afluência de estímulos
grandes demais para que a a mente possa dominar ou descarregar.

Diante do perigo são acionados mecanismos de defesa. O ego mobiliza forças para enfrentar
ou evitar situações traumáticas. Na situação traumática a mente é invadida por uma carga de
estímulos além de sua capacidade para suportar ou descarregar.

1º trauma: do nascimento. Outra situação de perigo vivida pelo bebê é o afastamento da mãe.
Medo da perda do objeto amado. (vemos isso nos intervalos de sessão, fim da entrevista)
Resumo:

• A ansiedade desenvolve-se automaticamente sempre que a mente enfrenta estímulos


maiores que sua capacidade de suportar.
• Esses estímulos são de origem externa ou interna.
• Quando se estabelece um padrão de ansiedade podemos pensar numa situação
traumática.
• É característica da infância devido a imaturidade do ego, mas também se manifesta na
vida adulta como neurose de angustia atual.
• Antecipar a reação à situação traumática: ansiedade de alarme.
• É necessária à vida psíquica e ao crescimento.

E como o ego pode se defender contra o id?? Modificando a atenção, estimulando outro
impulso que seja mais seguro, empregar métodos defensivos: mecanismos de defesa: são de
suma importância para o funcionamento mental.

REPRESSÃO

É o primeiro mecanismo de defesa estudado por Freud, muito observado nas patologias
histéricas e em todas as neuroses. Também é um mecanismo de defesa da civilização, da
educação, pois constituem suas bases. Sem repressão não há cultura. A satisfação do impulso
reprimido causa tanto prazer quanto desprazer, mas a condição indispensável da repressão é
que o motivo do desprazer adquire um poder superior ao do prazer que a satisfação
produziria.

A repressão adoece, pois é necessário um dispêndio constante de energia para mantê-la, desta
forma é antieconômico psiquicamente, metaforicamente seria como manter um barril vazio
afundando na água, teria que usar uma força constante já que a ausência da força traria o
barril à tona.

Ela acontece em duas fases: na primeira ela afasta ou repulsa o instinto da consciência
desconectando do viés associativo, depois a manutenção dessa repressão, de modo que
qualquer elo associativo àquela ideia reprimida tem que ser afastado. Porém aquilo que foi
reprimido sempre continua a existir.
FORMAÇÃO REATIVA

A formação reativa leva o ego a efetuar aquilo que é totalmente oposto às tendências
do id que se pretende rechaçar. Exemplo clínico: Cheguei em casa irritado e encontrei a
filhinha da empregada chorando e fazendo manha. Senti vontade de jogá-la da janela que
estava aberta, mas me contive. Sentei-me para estudar e de repente vi a mãe da garotinha
colocar um banco junto à janela para que a filha pudesse ficar olhando a rua. A partir desse
momento não consegui mais estudar, fiquei com medo dela realmente cair da janela, então
me sentei perto da menina para cuidá-la. Eu temia que ela pudesse cair.

A ideia rechaçada é jogar a garotinha à rua, a formação reativa foi sentar-se perto para tomar
conta dela. É comum alguém que por formação reativa faz-se bombeiro como defesa contra
sua piromania. . Exemplo: se a pessoa luta contra tendências anais, desenvolverá hábitos de
limpeza, ordem, economia obsessiva. Se ela luta contra tendências agressivas, cairá numa
bondade.

ISOLAMENTO

Esse mecanismo consiste em isolar, isto é, em separar um pensamento ou uma ação do seu
contexto geral. O isolamento faz com que se considere aparentemente “separado” aquilo que
na realidade permanece unido. Esse tipo de defesa observa-se particularmente nas neuroses
obsessivas, onde o indivíduo conhece a causa dos sintomas mas não sabe conscientemente de
qual vivencia provém. Os rituais destinam-se a anular algum impulso do id que se ache
perigoso.

NEGAÇÃO

É também um mecanismos muito primitivo, desde o inicio existe a capacidade de negar partes
desagradáveis da realidade em contrapartida da gratificação alucinatória dos desejos. As
tentativas de negação têm como adversárias as seguintes funções do ego: percepção e
memória. O desenvolvimento gradativo do ego e do principio da realidade reforça a
experiência e a memória, lentamente enfraquecendo a tendência à negação. Quando acontece
um severo prejuízo na função do juízo de realidade pode irromper uma psicose. Em menor
grau, nos neuróticos, acontece a cisão parcial do ego que conhece a verdade e uma parte mais
profunda se nega à essa observação. Ex: criança fecha o olho e acredita que está invisível.

PROJEÇÃO

É o mecanismo através do qual o individuo atribui a uma objeto externo suas próprias
tendências inconscientes inaceitáveis para seu superego, percebendo-as então como
características pertencentes à outras pessoa e não a si mesmo. Exemplo: Alguém que é muito
avarento e sempre acham que vão lhe dar o troco a menos. Ou uma criança que vai a um
zoológico e diz: vamos embora mamãe pois você está com medo dos leões.

IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA

Quando a projeção volta-se pra si próprio, há uma identificação com o objeto do impulso. Ex:
criança tem raiva do amigo e bate em si mesmo. No caso ao bater em si própria estivesse
dizendo: “Eu sou ele, e é assim que eu vou bater nele”. A base da empatia é a identificação
projetiva.

Identificação introjetiva: identificação com o material projetado. Ex: óstea = corpo de Cristo.
É visto em tribos primitiva que não enterram seus mortos, após cremarem o corpo, fazem uma
infusão com as cinzas e bebem, acreditando que assim incorporam as virtudes do falecido.
REGRESSÃO

Dá-se o nome de regressão ao processo que conduz uma atividade psíquica a uma forma de
atuação já superada, evolutiva e cronologicamente mais primitiva do que a atual. Exemplo:
voltar a fazer xixi na cama, uso de fraldas, ou em adultos por exemplos doenças rápidas, que
exigem uma parada, repouso. Também é vista quando o paciente infantiliza-se, por vezes é
perceptível pelo tom de voz, ele regride a um movimento infantil frente à determinada
dificuldade da vida adulta. A regressão da atuação do ego a um nível anterior ao
amadurecimento pode ocorrer em qualquer período da vida. É um fenômeno produzido como
consequência de uma grande decepção ou de um intenso temor, ou frente à grandes
mudanças na vida.

SUBLIMAÇÃO

Considerado um mecanismo de defesa bem sucedido. Atividade que substitui um impulso


original (sexual ou agressivo) por uma atividade socialmente aceita. Harmonia entre id e ego.
Isso constitui uma satisfação indireta. Por exemplo: em essência o instinto agressivo satisfeito
poderia causar um desprazer (castigo, punição). Deste modo o instinto elege um novo fim, em
relação a um outro objeto, seja pessoa ou coisa, capaz de conciliar as exigências do principio
da realidade e do superego, e que além disso seja socialmente aceito. Na sublimação há uma
fluidez do instinto, e ele é agradável.

VII. O aparelho psíquico (conclusão)

Na formação do aparelho psíquico nos primeiros anos de vida da criança, as pessoas às quem
ela se apega tem posição central, de modo que as relações posteriores seguirão esse padrão
de relacionamento.

Relação de dependência - independência

O temor objeto para psicanálise equivale: pessoa ou coisas do ambiente externo que passa a
ser um objeto interno, pois se tornam psicologicamente significativas.

O primeiro objeto: corpo da criança – investimento da libido – auto-erotismo – narcisismo.

Narcisismo:
- hipercatexia do eu

- hipocatexia dos objetos do ambiente

- relação patológica imatura com esses objetos

Primeiro objeto é parcial depois total. Ex: a mãe interessa ao bebê quando ele tem fome, a
principio. De inicio a criança só catexiza partes do objeto: rosto da mãe.

Primeiras relações objetais: pré-genitais ou pré-falicas: as relações da criança acontece


conforme o papel desempenhado na vida libidinal da mesma, na fase que ela está vivendo. Ex:
fase oral=seio da mãe, depois quando a criança se aproxima do pai.

Relações totais: fase fálica: diferenciação eu-outro, ambivalência de afto (amor e ódio
coexistem) o ego já está mais desenvolvimento e apresenta variações de sentimentos: ciúmes,
medo, raiva, rivalidade.

As relações de objeto mais importantes são as que se agrupam sob o Complexo de Édipo:
periodo de dois anos e meio a seis anos. É universal.
Neste período a criança vive um conjunto de desejos amorosos e hostis em relação a seus
pais. É um período muito importante para as identificações aspecto essencial na formação da
personalidade e do sentimento de identidade.

O complexo de Édipo significa a combinação de amor pelo genitor do sexo oposto e


ciúmes contra o genitor do mesmo sexo, combinação altamente integrada de atitudes
emocionais que constitui o clímax do longo desenvolvimento da sexualidade infantil, por isso a
configuração familiar é tão importante.

O complexo de Édipo ideal reflete uma situação triangular, exemplo no caso do menino se
falta o pai ou se o mesmo é fraco pode então resultar numa predisposição à feminilidade, pelo
fato das crianças de identificarem mais com aqueles dos pais que se vê como fonte de
frustrações decisivas.

No menino: Por volta dos três anos o comportamento do menino em face a mãe sofre algumas
alterações, o pai adquire para ele uma nova dimensão e o garoto vê nele um poderoso
representante do mundo exterior. Ele desenvolve um sentimento de proteção para com a
mãe, diante da qual tenta apresentar-se como um individuo forte e grande como o pai. Muitos
demonstram tal amor pela mãe que se declaram como um “pequeno amante” desejando se
casar com ela quando crescer. Isso o contrapõe ao pai em relação ao qual se sente ao mesmo
tempo agressividade e admiração, tornando mais complexa uma situação que não seria tanto
se houvesse simplesmente ódio pelo pai e amor pela mãe. Paralelo a esse sentimento de
angustia o menino deseja ter a força e a potencia do pai, e dessa forma vive o complexo de
castração, teme que lhe sejam “extraídos ou danificados” seu órgão genital, pois o pai real, ao
mesmo tempo que está investido de amor e admiração, também esta investido de
sentimentos hostis e de competição. O pai precisa ser continente ao filho ao mesmo tempo
em que mostre que o lugar ao lado da mãe é dele, e não do filho. Exemplo: gato e rato
disputando a mãe.

Na menina: Na menina o curso é naturalmente diferente pois o seu primeiro objeto de amor é
a mãe, que é do mesmo sexo que ela, e só depois ela passa a fixar-se no pai. Para Freud a
menina vai descobrir a falta de um penis, o que pode ser fantasiado por ela como um castigo
recebido, e pode gerar na menina um ódio pela mãe, pelo fato de na fantasia da menina ela
imaginar que a mãe não lhe deu um ou retirou dela. Ela começa a sua aproximação ao pai,
também com sentimentos de amor e rivalidade à mãe, desejando ser a namoradinha do pai. É
daí que se fundam a base dos sentimentos de feminilidade e auto-estima, quando a menina
pode perceber os olhares de encanto do pai, mas também a continência da mãe, através da
identificação com ela. É a fase em que a menina geralmente experimenta “ser mulher” usando
sapatos da mãe, maquiagem e acessórios.

Com o término da fase edípica todos esses conteúdos são reprimidos, mas subsistem na
consciência de forma disfarçada de devaneios, nas atividades sexuais adultas, criatividade,
atividades sublimadas etc.

“Superpego é herdeiro do Complexo de Édipo”

Funções do S.E:

• Aprovação ou desaprovação das ações


• Auto-crítica e auto-punição
• Capacidade de sentir culpa, desejo de reparação e arrependimento
• Auto-estima
Grande parte do superego é inconsciente, e a criança introjeta em parte o superego dos pais.
O superego possui uma relação intima com as lembranças auditivas. Ex: a voz da consciência,
delírios de perseguição.

Na adolescência o individuo tende a se diferenciar dos pais e se identificar com outros


modelos (ídolos) introjeção do superego deles, porém o núcleo será sempre do modelo
edipiano.

Quando existe uma ação cujo efeito é a desaprovação do superego, o ego teme e reage com
ansiedade:

1º ansiedade pelo medo da perda do objeto


2º perda do amor pelo objeto
3º temor à castração
4º desaprovação do superego (sentimento de culpa)

Ex: boca de mãe é sagrada.

O Superego possui duas características inconsciente:

• Lei de Talião: olho por olho, dente por dente: conceito de justiça primitivo
• Quando há falta de discriminação entre o desejo e a ação (o superego castiga tanto
um quanto o outro)

Também é comum a necessidade do superego de punição. Ex: criminoso deixa pistas, com isso
se torna aliado da lei. O criminoso pode ter culpa ou não (psicopata) mas ele tem a noção de
certo e errado.

Relação entre superego e psicologia de grupos: Certos grupos se mantém unidos porque os
componentes do grupo introjetam ou se identificam com a pessoa do líder. Ex: Nazismo.

Conclusão: “O superego surge em consequência da introjeção das proibições e exortações


paternas na fase edípica e pelo resto da vida sua essência inconsciente continua sendo a
proibição dos desejos sexuais e agressivos, apesar dos acréscimos e alterações que sofra mais
tarde. (infância – adolescência – vida adulta)”.

VIII. As parapraxias e o chiste

Parapraxias = atos falhos, lapsos Chistes = piadas

Temas da psicopatologia da vida cotidiana: lapsos, chistes, sonhos, psiconeuroses. Esse


fenômenos na mente popular eram atribuídos ao acaso e chamados de “acidentes”.

Depois foram considerados como influências de espíritos maus e maliciosos, impressor da


bíblica ato falho: cometerás ao invés de não cometerás.

Para Freud os lapsos são resultado de uma ação proposital ainda que inconsciente.

• Lapsos: “um lapso verbal delata o verdadeiro estado da mente”. De modo geral esses
fenômenos são atribuídos ao acaso. Lapso como esquecimento = ligação com a
repressão. Significado: pensamento ou desejo que é revelado pois não foi reprimido
com tanta intensidade.
Exemplo: quando o paciente esquece de um minuto para o outro algo que considera
importante e que conscientemente deseja lembrar.
Porque alguém haveria de esquecer de alguma coisa que “não há razão” para esquecer???
(esquecimento = culpa, ansiedade, ambas)
Ou seja, o esquecimento é uma “capacidade suspeita” a mente na verdade precisa reprimir.
As contracatexias repressivas do ego dirigem-se mais contra o superego do que contra o id.
Só se tem acesso ao significado do ato falho pelas associações da própria pessoa.
Exemplo pagina 142.
• Lapsos de escrita: falha na repressão total de algum pensamento ou desejo
inconsciente, o significado oculto de expressa claramente no ato falho: Ralatório em
vez de relatório. Advogado em relação a seus clientes: contam-lhe seus problemas
mais intermináveis aos invés de seus problemas mais íntimos.

O cansaço, desatenção, pressa ou excitação são facilitadores na ocorrência dos lapsos, pois
facilitam o transito dos processos incs. No entanto, para Freud eles tem uma função acessória,
coadjuvante. Segue analogia: Se um homem fosse assaltado e roubado em uma rua escura e
solitária, não diria que fora roubado pela escuridão ou pela solidão. Foi roubado por um
ladrão, que encontrou um ambiente propicio (escuridão e solidão). Ou seja, os processos
mentais ics são sempre condição necessária para um lapso.

Mecanismo psíquico do Lapso


Lapsos associados ao processo primário: condensação, deslocamento, analogia, representação
do todo por uma parte. A pessoa é causadora, responsável pelo acidente. Ex: alguém foi
atingido por um raio durante uma tempestade elétrica, deveríamos pensar que tal fato foi
acidental, afinal ninguém pode prever onde vai cair o raio! No entanto, soube-se que a vitima
estava sentada em baixo de uma árvore isolada e perto de uma corrente de aço que prendia os
galhos. A vitima estava mesmo que ics facilitando que tal situação ocorresse. Se pudermos
obter as associações e cooperação do paciente podemos entender a razão pela qual ele possa
ter induzido tal acidente. O que ocorre é que a consciência parcial da intenção é geralmente
reprimida. Exemplo pagina 148.

Ação do superego nos lapsos: muitos acidentes são inconscientemente tencionados a causar
perdas devido a necessidade inconsciente de punição. Ex: trocar o nome da esposa.
Por vezes um acidente reúne “crime e castigo”.

Na análise certamente os atos falhos são materiais de trabalho, para paciente e analista. O
lapso escapou (falha do ego) em integrar as forças instintivas e a ação do superego. Os lapsos
são causados por certa falha no ego em integrar de modo harmonioso as forças do id e do
superego que estão ativas na mente.
A parapraxia ocorre apesar do ego.

Chistes
Definição de Chiste: A palavra chiste, oriunda do alemão Witz, significa “gracejo”, e é
encontrada na obra de Freud, que o define como uma espécie de válvula de escape de nosso
inconsciente, utilizado para dizer, em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente se
deseja. Isto é possibilitado pelo chiste ao conectar arbitrariamente, duas ideias. contrárias,
através de uma associação verbal. (piadas, anedotas, trocadilhos) Função do chiste: dar
transito livre a modos de pensamentos usuais no inconsciente.
“Toda brincadeira tem um fundo de verdade”
Habilidade de encontrar similaridades entre coisas dessemelhantes, ou escondidas.
O jogo de ideias, fusão com rapidez varias ideias. o chiste contém particularidades de origens,
cidades, países e pessoas.
De cultura: Anedota de Judeu: Dois judeus se encontram no balneário. Um deles pergunta:
Você tomou um banho? O outro responde: o que? Há um faltando??

O autor de uma piada faz uma regressão parcial, exprime a ideia de acordo com o processo
primário, e a plateia compreende a piada também devido a uma regressão temporária do
pensamento ao processo primário.

O contador de piadas sabe que, depois que o auditório começa a rir qualquer coisa em seguida
bastará para provocar mais risos. Também se houver ingesta de álcool o contador de piada
ficará mais engraçado.

Geralmente os chistes tem conotação hostil ou sexual. Para ser boa a piada não basta ter um
tom inteligente, tem que ter uma “ponta de malícia.” Ex: galã da novela das 7.

O prazer do chiste provém de duas fontes: a substituição regressiva do pensamento de


processo secundário para primário. E como consequência a liberação dos impulsos que em
outras circunstâncias seriam controlados ou proibidos.

A substituição do processo secundário pelo primário resulta, por si só, em uma certa reserva
de energia psíquica, que fica assim disponível para uma descarga imediata, na forma do riso.
Ou seja, os impulsos que seriam reprimidos, são momentaneamente libertados.

O prazer do chiste provém de suas fontes diferentes:

• Substituição do processo secundário pelo primário (característica infantil, se libertar


das repressões da vida adulta)
• Liberar impulsos reprimidos (descarga em forma de riso)

Porque eles existem afinal? Porque a cultura e a educação não nos permite viver a intensidade
de nossos impulsos. os chistes não criam compromissos, não evitam a inibição, permitem uma
descarga pelo jogo de palavras.

Isso acontecia muito com as músicas da ditadura. “PAI AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE” na
verdade quer dizer: “PAI AFASTA DE MIM ESSE CALE-SE”.

O lapso acontece apesar do ego e o chiste é e permissão do ego para uma regressão
temporária.

IX. Sonhos

O livro a Interpretação dos Sonhos (1900) foi um obra tão revolucionária quanto a Origem
das Espécies de Darwin.

Prefacio do próprio Freud: Este livro contém a mais valiosa de todas as descobertas que tive a
sorte de fazer. Um discernimento dessa natureza só acontece a gente uma vez na vida.

Em nenhum outro fenômeno da vida psíquica normal os processos inconscientes da mente


são revelados de forma tão acessível e clara ao estudo. “Os sonhos são verdadeiramente
uma estrada real que leva ao inconsciente”.

Dormir resulta em sonhar e sonhar é uma necessidade neurofisiológica. Todo mundo sonha?
Todas as noites sonhamos?

As descobertas de Freud, de que os sonhos têm um conteúdo psicológico fundamental,


revolucionaram o estudo da mente. Antes, os sonhos eram tidos como meros efeitos de um
trabalho desconexo, provocados por estímulos fisiológicos. Os conhecimentos desenvolvidos
por Freud trouxeram os sonhos para o campo da Psicologia e demonstraram que estes são tão
somente a realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico.

Sonhos= atividade mental inconsciente. Ele revela principalmente os processos e conteúdos


que foram reprimidos ou excluídos da consciência pelas atividades defensivas do ego.

A experiência subjetiva que aparece na CS durante o sono e que após despertar chamamos de
sonho é apenas o resultado final de uma atividade mental inconsciente. É o fenômeno total.

Composição do Sonho:

Conteúdo Latente Conteúdo Manifesto


Inconsciente Consciente
Significado do sonho Significante (palavra)
Idéia Original Disfarces
Processo secundário (elaboração) Processo primário (descarga)
Na análise: entender o latente a partir do manifesto.
Ex: Sonho da criança que ganha um irmão (livro p.166)

O sonho manifesto é a versão altamente condensada dos pensamentos, sensações e desejos


que compõe o conteúdo latente do sonho. No Sonho manifesto há uma formação de
compromisso: compromisso entre as forças opostas do conteúdo latente do sonho
(impulsos) e das defesas do ego.

O processo de sonhar:

• Evidências sensoriais noturnas: som despertador, sede, fome, urgência de urinar,


calor, frio, dormência, posição incômoda. Tudo isso pode constituir parte do conteúdo
latente do sonho. A maioria desses estímulos não perturbam o sono, as vezes nem a
ponto de antecipar a formação de um sonho. Há pessoas que dormem durante uma
tempestade violenta sem acordar ou sonhar com isso, apesar da audição estar
funcionando. Ou a pessoa pode ter o efeito de acordar por causa de uma impressão
perturbadora mas nem assim sonhar. Exemplo: o sono leve dos pais quando o filho
esta doente.
• Restos diurnos (preocupações, atividades do dia presente): sentimentos de esperança
ou medo, pessoas ou situação com os quais se deparou, orgulho ou humilhação,
pensamentos sobre a festa da noite anterior, uma tarefa não concluída, um interesse
corrente.
• Impulsos do id (em forma original forma banidos ou não gratificados) PARTE
ESSENCIAL do conteúdo latente pois provém do que foi reprimido. Dessa parte provém
a maior parcela da energia psíquica necessária ao sonho.

O processo de sonhar é em essência um processo de satisfação (parcial) de um impulso do id


+ fantasia. (sonho da criança com amoras)

A fantasia é um substituto já que a mobilidade da libido está bloqueada pela repressão. Os


disfarces e as distorções do sonho são frequentes e necessárias para a formação do sonho, e
as vezes tão tamanhas que tornam o aspecto da relação do desejo irreconhecível. E quando o
disfarce e a distorção se revelam intensamente chamamos de pesadelo. (sonho do elevador
que cai)
A catexia ativa o aparelho psíquico que passa a realizar a elaboração do sonho, conseguindo
uma descarga parcial por meio da imagem da fantasia que satisfaz o desejo e constitui o sonho
manifesto.

Processo de Elaboração de um sonho:

• A Realidade é a própria essência de formação do sonho através dos mecanismos de


deslocamento e condensação (forma os disfarces) Funciona como se fosse uma
tradução da linguagem do processo secundário para o primário.
• Atividades defensivas do ego = censura dos conteúdos. Musicas de Chico Buarque
• Elaboração secundária: contar o sonho, associar = tradução do sonho: tradução do
sonho para o processo primário do conteúdo latente que o sonho originalmente se
expressa pelo processo secundário. A representabilidade do sonho se dá por imagens
visuais. Ex: sonho no filme divertidamente.
• Durante um sono um elemento de material reprimido tem mais probabilidade de se
tornar consciente porque há um relativo enfraquecimento das defesas do ego e da
prova da realidade.
• O sonho manifesto por vezes é uma miscelânea de fragmentos que aparece sem
relação aparente que parece não ter qualquer sentido e muito menos representar uma
realização de um desejo. Outras vezes o disfarce e a distorção revelam-se tão
intensamente que o sonho manifesto torna-se uma realidade apavorante, e
desagradável.
• O sonho é o resultado final de um processo que visa à fantasia de satisfação de um
desejo, expresso de outra maneira, de modo a descarregar a energia psíquica
evitando que a pessoa acorde.
• Não é surpreendente que o sonho manifesto não seja imediatamente compreendido
nem mesmo para a própria pessoa que sonhou.

O sonho e as defesas
Censor onírico: Freud comparou essa parte onírica do ego com o inconsciente ao de
um “censor de noticias com amplos poderes para suprimir qualquer trecho que ele julgue
inconveniente”. Durante o sono, portanto, os mecanismos de defesa do ego tentam barrar as
fontes de desprazer do acesso à consciência. Ou seja, o ego não pode impedí-lo mas pode
influir na atividade do sonho, tornando o sonho manifesto distorcido de maneira
irreconhecível, quase ininteligível.
Mecanismo defensivo do ego – dividido em:
Condensação – O trabalho do sonho tem sempre por finalidade formar uma imagem
única que presente simultaneamente todos os componentes do conteúdo latente, o que pode
ser feito por omissões, fusão, neologismo e etc.
Deslocamento – É uma obra da censura dos sonhos e opera de duas maneiras:
Substituição de um elemento por outro mais remoto e outra maneira é quando o acento é
mudado de um elemento importante para outros sem importância.
Exemplo: eu sonhei que estava em uma selva e que eu era um macaco e surrava com vários
murros um leão (isso é o manifesto - imagens do sonho). Mas na verdade (latente) é que no
dia anterior o meu chefe brigou comigo e eu não pude revidar. Logo, o sonho – como
realização de um desejo – fez com que eu me transformasse em um “macaco” (insignificante)
e meu chefe em um “leão” (o rei da selva), porém, no sonho, eu (macaco) consegui esmurrar o
meu chefe (leão).
No sonho manifesto ocorre o que Freud chamou de formação de compromisso:
compromisso entre as pulsões do id e as defesas do ego que permitem somente uma
gratificação parcial e tolerável daquelas pulsões. Exemplo página 173-174.
SONHO E ANSIEDADE

Durante muito tempo os críticos tentaram contestar o pensamento de Freud de que


todo sonho é a realização de um desejo. Existe um classe de sonhos em que a ansiedade é um
traço predominante do conteúdo manifesto, são chamados de sonhos ansiosos (pesadelos).

Nos pesadelos houve uma falha na nas atividades defensivas do ego, ou seja, apesar
dos esforços da defesa, o conteúdo latente do sonho consegue penetrar de maneira mais
intensa ou direta do que o ego pudesse tolerar. Consequentemente o ego reage com
ansiedade. Geralmente esses sonhos estão relacionados com fantasias edípicas, não raro o
terror e a gratificação sexual estão presentes.

Outro tipo de sonhos: são de punição: o ego antecipa a culpa, a condenação do


superego, e no lugar da fantasia de satisfação, é expresso o desejo reprimido como
necessidade de punição. Ex: sonho do filme crime e castigo.

Os sonhos nos suscitam a percepção de extrema realidade, isso ocorre porque no sono
ocorre uma profunda regressão do funcionamento do ego, consequentemente a “perda” da
noção de realidade. Freud dizia que os sonhos se assemelham muito às alucinações. Isso
ocasiona uma tendência a surgirem imagens pré-verbais, visuais, e uma incapacidade
transitória de reconhecer se elas advém dos estímulos internos e externos.

SIMBOLOGIA ONÍRICA

Simbolização – durante muito tempo Freud acreditou que haveria uma linguagem
simbólica e universal, de tal sorte que um mesmo símbolo teria o mesmo significado para
todos (por exemplo, o aparecimento de uma serpente em qualquer sonho seria sempre um
símbolo fálico). Porem aos poucos ele foi considerando que o símbolo onírico corresponde a
significados oníricos de cada individuo e, também, das suas respectivas repressões (assim,
aquela hipotética “serpente” do sonho pode, para alguns de fato, representar um pênis,
enquanto para outros pode representar uma pessoa má, pérfida, traiçoeira).

A tarefa de interpretar sonhos limita-se praticamente à terapia psicanalítica, uma vez que
requer a aplicação da técnica psicanalítica, é um processo técnico. Mas também outras
ciências se utilizam, ex: homeopatia.

X. Psicopatologia
O normal e patológico para a Psicanálise

Podemos pensar o conceito de normalidade e patologia a partir de infinitos critérios:


• Porcentagem majoritária de comportamentos
• Questão de pontos de vista
• Um ideal coletivo
• Questões culturais
• Padrões sociais
• Critérios diagnósticos (CID, DSM)

A todos esses critérios se diferencia a questão de normalidade e patologia pensada pela


psicanálise. E o primeiro passo que podemos dar no sentido dessa compreensão é constatar o
funcionamento interior de cada ser, considerando dados particulares de cada individuo. A
normalidade é um critério subjetivo e variável, até porque uma personalidade considerada
“normal” pode a qualquer momento, entrar na patologia mental, inclusive na psicose. Bem
como um psicótico ainda preserva características “normais” em sua personalidade.
Freud destaca que não há uma relação entre um limiar quantitativo ideal e a saúde do
sujeito, a patologia é ainda remetida à questão de uma regulação interna. “Nosso objetivo
não será dissipar todas as peculiaridades do caráter humano em benefício de uma
“normalidade” esquemática, nem tampouco exigir que a pessoa que foi “completamente
analisada” não sinta paixões ou desenvolva conflitos internos. A missão da análise é garantir as
melhores condições psicológicas possíveis para as funções do ego”. Um aspecto considerado
como saudável é a flexibilidade das defesas utilizadas pelo ego.
O grande mérito de Freud foi ter mostrado através de seu conceito de economia
psíquica que não havia qualquer solução de continuidade entre certos funcionamentos
mentais tidos como “normais” e o funcionamento tido como “neurótico”. Existem em todos os
graus e, no geral, os mecanismos permanecem os mesmos; somente a adequação e a
flexibilidade do jogo destes mecanismos diferem mais ou menos.
O conceito de saúde e normalidade nem sempre andam juntos, por exemplo: um
psicótico (patologia grave) pode ter uma vida com mais qualidade do que uma paciente que
apresenta agorafobia que não consegue sair de casa.
Conceito de normalidade:
A normalidade é um critério subjetivo e variável, até porque uma personalidade
considerada “normal” pode a qualquer momento, entrar na patologia mental, inclusive na
psicose. Bem como um psicótico ainda preserva características “normais” em sua
personalidade.

Freud destaca que não há uma relação entre um limiar quantitativo ideal e a saúde do
sujeito, a patologia é ainda remetida à questão de uma regulação interna.
O fim do século XIX foi certamente um período de muita prosperidade cientifica para a
psiquiatria e para compreensão do fenômeno mental humano. Simultaneamente publicam
suas obras: Freud e sua Interpretação dos Sonhos, Bleuler com seus estudos sobre
Esquizofrenia, Alzheimer descobre a doença degenerativa que leva seu nome e Jaspers publica
sua obra Psicopatologia Geral.
Freud se interessa pela histeria e conclui que os sintomas histéricos eram causados por
lembranças ics ou acontecimentos acompanhados de intensa emoção que não puderam ser
expressos ou descarregados. Os sintomas histéricos seriam portando as emoções impedidas
de se manifestar de maneira normal.
Freud se interessa na etiologia das doenças mais do que na sintomatologia, ou seja,
difere das classificações descritivas da psicopatologia: dois pacientes com a mesma “doença”
podem ter causas totalmente diversas. Ou seja, o interesse pelas classificações descritivas não
é tão importante quanto o conhecimento da causa dos sintomas, o que torna cada sintoma um
código particular de cada paciente.

1º passo importante: reconhecimento do conflito psíquico na produção de sintomas


psiconeurótico. Na histeria: um acontecimento do passado gerou uma emoção desagradável
que nunca fora completamente descarregada. Para ser patogênico uma experiência deve
repugnar ao ego a tal ponto que o procure afastar e se defender contra ele, logo o processo de
repressão era exagerado, criava uma situação instável e derivava o sintoma.

Equivalência sintoma=sonho: ambos tem um conteúdo latente ou ics que são descritos como
expressões disfarçadas e distorcidas de fantasias inconscientes. Assim como no sintoma o
sonho é uma “formação de compromisso” entre o id e o superego, para que os impulsos não
penetrassem no pensamento e na consciência. O que diferencia é que nos sonhos o desejo
podia ser ou não sexual e no sintoma sempre o eram.

As perturbações mentais podem sem mais bem compreendidas como uma evidência de um
mau funcionamento do aparelho psíquico em grau e maneira diversos.

A estruturação da personalidade segue as seguintes etapas:


1ª fase – estágios iniciais do ego das crianças pequena – período da diferenciação eu-
não-eu. Neste estado o ego conservará durante um longo período uma certa plasticidade às
influencias exteriores, sejam elas tóxicas ou maturativas. Se nessa fase acontece uma
adversidade o ego pode ficar prejudicado de desempenhar da melhor forma a tarefa entre
mediador do id e do ambiente, o que implica num controle maior de impulsos dificultando as
trocas mais prazerosas que o ambiente pode proporcionar. Ex: origem da psicose, problemas
no pós-parto que torna o bebê independente precocemente, perdas,etc.
2ª fase – estágio da pré-organização da libido, sendo determinantes as questões
hereditárias e congênitas. A organização se dá pelas experiências objetais envolvendo as zonas
erógenas, num jogo progressivo de diferentes níveis da estruturação do ego. As relações com
os pais nesse momento são cruciais, assim como no contexto social e educativo. Nesse
momento esses conflitos repercutem no psiquismo sob forma de frustrações, gratificações,
identificações e situações traumáticas. É nesse período que os mecanismos de defesas
começam a se estruturar. Nesse momento começa a existir o conflito entre o ego e o id, esse
conflito é resolvido a maneira que o ego adquire meios de lidar com os perigos derivativos dos
impulsos dessa fase. Ex: período da educação, repressão dos desejos edipianos (castração). O
Ego adquire relativamente sua capacidade de controlar os impulsos.
A Origem da Patologia:
Conflito ego e id durante a infância, fase edípica – o ego arruma um modo de dominar os
perigos dos impulsos – determinado acontecimento destrói esse equilíbrio do ego – o ego se
enfraquece e perde sua capacidade de controlar aquele esquema – conflito ego e id –
formação do sintoma. Exemplo pag. 197.

3ª fase - fase que constitui a verdadeira cristalização da estrutura da personalidade.


Não mais se muda a linhagem fundamental, somente é possível uma adaptação ou
desadaptação, de modo mais definitivo ou reversível.
Definição de estrutura de personalidade: Freud se utiliza da seguinte imagem: se
deixarmos cair no chão um bloco mineral cuja forma é cristalizada, ele se quebra, mas não de
qualquer modo. Em todo corpo cristalizado existe, no estado de equilíbrio normal,
microcristalizações invisíveis, reunidas entre si para forma o cristal. Para cada cristal em
particular há apenas um modo de cristalizar-se. No entanto essas linhas de clivagem
permanecem invisíveis quanto o corpo não for quebrado ou então colocado sob um aparelho
óptico especial. Se ele cair e quebrar, segundo Freud, só vai se partir nas linhas de clivagem
pré-existentes.
Freud pensa que o mesmo aconteceria na estrutura mental, que em situação normal a
organização de um individuo se acharia constituída de forma durável, estável, e invisível.
Bastaria um acidente ou exame minucioso para se encontrar as linhas de clivagem.
Quanto maior ou menos a restrição da capacidade de prazer do individuo, maior ou
menos será prejudicada sua habilidade para se adaptar ao ambiente.

Ganho primário e secundário da doença.


Primário: diminuição do medo, experimentar ansiedade ou culpa. É a própria formação do
sintoma, é interno, quando a criação de uma doença poupa o indivíduo de um conflito
psíquico, ou externa, quando forças externas proporcionam o adoecimento.
Secundário: vantagens ao ego, é o ganho que advém da doença. No caso do trabalhador, ficar
sem seu emprego pode ter sido ruim, mas no momento que ele começa a receber indenização
pela sua condição, pode querer mantê-la para não mais necessitar retornar a uma atividade
produtiva. Importante frisar que o adoecimento que se traduz em ganhos primários e
secundários, é inconsciente, ou seja, nasce do recalcamento de uma instância repressora que
será projetada ou como sonho ou como sintoma. Diante dos ganhos o paciente prefere
conservar a neurose à perde-la pois seus sintomas se tornaram valiosos. Ex: pag 201. Ex:
paciente esquizofrenia que a mãe ganha a pensão.

Quanto maior o grau de regressão mais séria é a sintomatologia, mais difícil o tratamento.

A missão da análise é garantir as melhores condições psicológicas possíveis para as funções


do ego”. Um aspecto considerado como saudável é a flexibilidade das defesas utilizadas pelo
ego.
• Busca por acontecimentos e experiências (infância) que são diretamente responsáveis
pelas perturbações mentais na vida adulta ou pelo menos cooperam em seu
desenvolvimento.
• As regressões ou fixações que acontecem influenciam nas fases seguintes ao
desenvolvimento.
• O terapeuta tem que ter um mente, diante de um paciente aflito, o quanto daqueles
sintomas fazem parte de um episódio que compromete parte da normalidade naquele
momento, ou se o considera patológico que necessita de indicação diferente de
tratamento.
• Normal x patológico = tende se fazer de acordo com a maior ou menos capacidade de
prazer do individuo e com maior ou menor proporção em que prejudica sua habilidade
em se adaptar ao ambiente.
• Quanto mais jovem o paciente e mais desconforto sofre em virtude da estrutura ou
traço determinante de seu caráter mais probabilidades haverá de que a terapia seja
eficaz.

O conflito psíquico e o funcionamento mental normal


• A diferença entre normal e patológico é uma diferença de grau e não de qualidade. O
conflito psíquico é considerado uma manifestação da normalidade, e pode ser
observado nos neuróticos.
• Dentro dessa linha a psicanálise desenvolveu uma nomenclatura de tipos
caracterológicos, que são associadas a teoria do desenvolvimento da libido. Ex: o
termo “anal” tem sido um tipo caracterológico é associado a características
controladoras, excessivas em limpeza e organização ou ao contrário, aos sujeitos
desorganizados, sujos, relaxados. Ex: menino c nojo de cocô no avião.
• A auto-segurança, a generosidade assim como seus opostos são descritos como traços
de caráter orais.
• A ambição, a necessidade de reconhecimento, sentimentos de potencia e impotência
são rotuladas como fálicas.
• Todas essas classificações baseiam-se nos impulsos, ou seja, as experiências duante as
fases do desenvolvimento ajudam a moldar o resultado final. Caso clinico pg 206
• A identificação tem papel fundamental nos traços de caráter que vão se delinear
durante a formação da personalidade. São os chamados “traços psicologicamente
determinados”. Identificações inconscientes ex. pg 210
• Observa-se com frequência a mesma relação entre a vida instintiva da infância e
traços normais na vida adulta como escolha da profissão. Ex: 211
• Quanto à escolha do parceiro sexual as conexões são tão múltiplas e íntimas que se
torna uma tarefa complexa dar explicações. Ex. 213.
• Com esses exemplos é possível observar o efeito poderoso e duradouro dos desejos
instintivos da infância sobre a vida adulta de uma pessoa, seis passatempos,
maneirismos, peculiaridades, etc.
• Isso ocorre nos contos de fadas: são tão populares porque sugerem temas universais
que atraem as crianças. Cada variante da história tem seu interesse particular para
uma determinada criança.

Psicopatologia Psicanalítica: neuroses e psicoses

Neurose: resulta de um conflito entre duas forças antagônicas: desejo e defesa, mediadas pelo
ego, a ordem do conflito é do ego. Umas das características da neurose é não perder o contato
com a realidade. (ego preservado, ainda que haja conflito, sofrimento)
• O neurótico pode eventualmente experimentar um estado psicótico, sem ter uma
estrutura psicótica.
• Atualmente o termo neurótico é reservado a pessoas emocionalmente saudáveis, o
que na época de Freud era atribuída a pacientes não orgânicos, não esquizofrênicos,
não maníacos e não psicopatas
• Usamos o termo neurótico para qualificar um alto-grau de capacidade de
funcionamento apesar de um sofrimento emocional.
• Os pacientes neuróticos caracterizam-se por apresentarem algum grau de sofrimento
e de desadaptação em um ou mais áreas importantes de sua vida: sexual, familiar,
profissional ou social.
• Conservam razoável nível de integração do self, boa capacidade de juízo critico e
adaptação à realidade.
• De forma genérica compreendem cinco estruturas neuróticas: de angustia, histeria,
obsessivo-compulsivo, fobia e depressão.

Psicose: estado anormal do funcionamento psíquico, o ego já não trabalha em sua


predominância, de modo que a realidade externa é distorcida, não ocorrendo a diferenciação
do real e do imaginário. (ego em ruptura, o sofrimento é relativo).
• As pessoas são internamente mais desorganizadas. Não é fácil diagnosticar pacientes
com essa estrutura, até pela diferenciação do real e do imaginário.
• São pessoas que tem graves dificuldades sem relação à identidade, são confusos sobre
quem são, se debatem com questões básicas de auto-definição, a respeito do próprio
corpo, idade, gênero e orientação sexual.
• Elas não podem confiar em um senso de continuidade de identidade nelas mesmas.
Falta-lhes o funcionamento reflexivo que é fundamental para a maturidade cognitiva.
Os conflitos são da ordem: existência X destruição, segurança X terror.
• Existe um marcado sentimento de ódio frente à uma realidade penosa, tanto interna
quanto externa que resulta numa preferência pelo “mundo” das ilusões.
• Perda das seguintes capacidades: pensamento verbal, discriminação enre o que é
verdadeiro e falso, dentro e fora, crítica.
• Impossibilidade de colocar experiências emocionais em forma de pensamentos e
linguagem o que deriva “salada de palavras”.

NEUROSE PSICOSE
Conflito entre o ego e o id Conflito entre o ego e o mundo externo
Alterações quantitativas dos fenômenos Alterações qualitativas dos fenômenos
psíquicos, capazes de produzir sofrimento em psíquicos, capazes de produzir sofrimento, na
detrimento do conflito desejo/defesa. maneira de existir.
O individuo sabe que é neurótico, tem Não existe essa consciência, perda da noção
consciência dos atos. de realidade.
Diante do conflito a pessoa reage com Diante do conflito e do prejuízo do ego a
ansiedade maior do que a maioria das reação apresenta características patológicas
pessoas frente a uma mesma situação como delírios de alucinações.
Defesas mais maduras: repressão, negação, Defesas mais primitivas: cisão, dissociação,
isolamento, projeção. identificação projetiva.
Senso integrado de identidade, self continuo. Self desintegrado, vivencias intensas de
fragmentação.

Exemplos: Um paciente cuja estrutura neurótica sofre de TOC, pode admitir que seus rituais
são malucos, mas que sente muita ansiedade se não os fizer. Um paciente de estrutura
psicótica não tem esse tipo de questionamento, ele dá explicações e racionalizações, as vezes
seguidos de pensamento mágico sobre a necessidade de manter seus rituais.
Uma pessoa que tem mania de limpeza (neurótica) vai se sentir intimidade de responder
quantas vezes toma banho ou troca lençóis, outra (psicótica) considera com convicção que
todo mundo que toma banho com menos frequência é sujo. Os neuróticos tendem a
facilmente admitir seus sintomas, os psicóticos, até por não terem a diferenciação do que é
inadequado podem demorar anos para admitir um comportamento bulimico por exemplo.

Organização borderline
São as patologias que se encontram no limite entre neurose e psicose, “é como um meio-
termo” e é descrito como: instável estabilidade no limite dos níveis neurótico e psicótico,
caracterizada por uma dependência das defesas primitivas sem uma total perda do teste de
realidade.
• Características: baixa tolerância à frustração, atuações, impulsividade e compulsão,
tende a momento de confusão de identidade (não tao grave qto na psicose),
hostilidade quando confrontados, mantém um bom contato com a realidade podendo
eventualmente apresentar estados confusionais e dissociações.
• A capacidade do individuo que se situa nessa organização, de reconhecer sua própria
patologia é bastante limitada. São geralmente poliqueixosos, projetivos, imaturos
emocionalmente.
• São extremamente ambivalentes, e oscilam entre dependência/independência, quero
ajuda/não quero ajuda. São famosos por tentativas de suicídio, emergências
psiquiátricas.
• Síndrome da difusão da identidade (Kernberg): dificuldade que esse paciente tem de
transmitir uma imagem integrada, coerente e consistente de si próprio, assim deixa
também as outras pessoas confusas em relação à ele.
• Os sujeitos borderlines como pessoas que demonstram necessidade de muito afeto,
também se demonstram sedutores. Estão sempre lutando conta a depressão.
Resistem de forma precária as frustrações, pois essas atuam e desencadeiam a
lembrança de frustrações infantis. Muitas utilizam “traços de caráter paranóicos” para
afastar aqueles que poderiam frustrá-los. Esse indivíduo possui um narcisismo frágil e
mal estabelecido necessita sempre de apoio, afeição e compreensão. Seu objeto é tido
como persecutório (menos do que em um paranóico) e tem a função de superego
auxiliar e de ego auxiliar, sendo ao mesmo tempo proibidor e protetor.

NEUROSE PSICOSE BORDERLINE


Individuo com um Individuo com severo Individuo que oscila entre
funcionamento conflituoso prejuízo do ego, perda do núcleos mais saudáveis e
porém mais saudável. contato com a realidade. núcleos muito regredidos.
Integração da identidade e Relação simbiótica com as Vivências de confusão e
constância nos pessoas, falha na dissociação. Dificuldade na
relacionamentos afetivos. estruturação da confiança fase de separação-
Conflitos a nível da fase básica versus insegurança. individuação. Conflitos a nível
edípica, entre iniciativa da fase de autonomia versus
versus culpa. vergonha e culpa.
São bons candidatos à Precisam de terapia de apoio, Não se beneficiam de um
psicanálise, pois possuem com ênfase na segurança, método tradicional de
uma coesão de ego e continência, e reforço de psicoterapia. Precisam que os
respondem à intervenções. ego. Devem ser medicados e limites sejam bem
em eventuais crises estabelecidos para sentirem-
necessitam internação. se seguros. Podem precisar
de medicação.
Instância dominante: Instância dominante: Instância dominante:
Superego Id Ideal de ego

Natureza da Angustia: Natureza da Angustia: Natureza da Angustia:


De castração De fragmentação Da perda de objetos
Forma de se relacionar: Forma de se relacionar: Forma de se relacionar:
Genital Fusional Dependência

Fobias

Segundo Zimerman (1999) é uma complexa e diversificada combinação de pulsões, fantasias,


angustias, defesas do ego e identificações patogênicas que podem determinar a natureza
fóbica da personalidade do sujeito. No DSM-IV as fobias estão no grupo dos transtornos de
ansiedade.
Características:
• Costuma ser multideterminada
• Varia intensamente de individuo para individuo, tanto em intensidade quanto em
qualidade.
• Clinicamente pode apresentar sintomas simples como até extremamente complexos a
ponto de serem incapacitantes e paralisantes.
• Pode ter uma única manifestação (ex. paciente com hidrofobia) ou ter uma
predominância no paciente.
• Elementos fóbicos, obsessivos e paranoides coexistem.
• É preciso diferenciar as fobias propriamente ditas, cujos sintomas são acompanhadas
de intensa angustia-pânico, da doença do pânico. Nem sempre é fácil distinção. Mas a
fobia há uma presença de uma circunstância geralmente determinada.
• Além da angustia de castração está presente de alguma forma em qualquer fobia a
ansiedade, de aniquilamento, desamparo.
• Há uma acentuada tendência a manifestações de natureza psicossomática.
• Em casos de pessoas com fobia é frequente observar uma relação simbiótica com a
mãe, com prejuízos na fase separação-individuação.
• Outro aspecto etiológico é a identificação da criança com a fobia dos pais, cujas
palavras para com seus filhos prevalecem: cuidado, é perigoso, faz mal, evite chegar
perto.
• Ex: se diante de um trovão em suas de chuva a mãe se apavora, criando um cenário de
medo e terror, criando recomendações aos filhos, ele está contribuindo para a
construção de um medo. Se do contrário, apesar de assustado o trovão, a mãe assume
uma atitude cuidadosa e continente e trata com naturalidade, isso organiza a mente
da criança.
• Basicamente o que define uma condição fóbica é o uso por parte do paciente de uma
“técnica de evitação” de situações que lhe pareçam perigosas, pois a situação fobígena
(elevador, avião, viagem) está sendo cenário onde estão sendo projetados, deslocados
os aspectos das pulsões e objetos internos representados no ego como perigosos.
• Por saber da irracionalidade de seus sintomas o individuo fóbico desenvolve “técnicas
de dissimulação” para evitar a culpa, vergonha e humilhação diante de seus temores
ilógicos. Exemplo: evitar viagens para não entrar em contato com o medo de avião.
Usar somente escadas para evitar usar elevador.
• Freud aprofundou seus estudos a respeito desse tema ao se deparar com um caso de
fobia de um menino de 5 anos, o famoso Caso Hans.
Neurose Obsessivo-Compulsiva

Ainda que compreenda o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), aqui estamos falando de
estruturações de personalidade de natureza obsessiva que diz respeito a forma e ao grau
como organizam-se os mecanismos defensivos do ego diante das fortes ansiedades.
Distinção entre: traços obsessivos, caráter marcadamente obsessivo e neurose obsessivo
compulsivo. Nas duas últimas existe uma permanência da caracterológica obsessiva como:
meticulosidade, controle, duvida, intolerância. Pode-se dizer que uma pessoa cujo caráter é
obsessivo, desde que não seja excessivo é aquele que reúne os sadios aspectos de um
necessária disciplina, método, ordem, respeito, moral e ética. Já a neurose obsessiva implica
em um grau de sofrimento e algum prejuízo no próprio funcionamento, na vida familiar e
social. Ex: filme o aviador.

Características:
• Para a psicanálise a N.O.C tem uma etiologia psíquica, relativa a representações do
mundo interno do individuo muito mais do que a situação considerada ansiogênica:
conflitiva edípica, ansiedade de castração, homossexualidade latente, aspectos de
masoquismo.
• As obsessões estão diretamente ligadas a formação de um superego rígido, formado
desde o controle esfincteriano.
• Também estão associadas ao narcisismo, e a formação de um ego ideal.
• Na educação de pais para filhos: pais obsessivos impõe uma educação
demasiadamente rígida e punitiva.
• O ego da criança sente uma sobrecarga de agressão que o ego não conseguiu
processar, o ego então passa a ter uma falha na capacidade de síntese e de
discriminação das permanentes contradições que atormentam o obsessivo.
• Conflito intra-sistêmico: o ego fica submetido a um superego cruel e ao mesmo tempo
é pressionado pelas demandas do id.)
• Fixações na defecção para a criança – fixações anais que se organizam em torno ao ato
de defecar.
• Pulsões agressivas de um superego rígido ante a desobediência de seus mandamentos,
e um ideal de ego cheio de expectativas a serem cumpridas. Mantém um constante
estado de culpa.
• Mecanismos de defesa mais utilizados: anulação (desfazer o que já foi feito, sentido ou
pensado) isolamento (isolar afeto de idéia) formação reativa ( como forma de negar os
sentimentos que lhe despertem ansiedade) racionalização e intelectualização
(pensamento ruminatório)
• Prevalece um obsessividade narcísica no qual o individuo exibe um superioridade por
vezes disfarçada de modéstia para mostrar aos outros o quanto ele é honesto,
humilde, dadivoso.
• Sexualmente são indivíduos que possuem dificuldades, excesso de limpeza e assepsia,
nojo de secreções, controle do orgasmo, dificuldade em soltar-se no ato sexual, pavor
do fracasso da potência.
• O paciente obsessivo em análise é um paciente um tanto quando cansativo e
trabalhoso, tenta assumir um controle obsessivo onipotente que estagna o processo,
usa de deslocamento para detalhes que são tentativas de esconder conteúdos
importantes de ser trabalhados. Uso de formação reativa: paciente se mostra sempre
gentil e educado, bem comportado, para não deixar irromper sua agressão reprimida.
Isolamento: narrativas desprovidas de emoções. Presença de pensamento mágico que
pode evoluir para delírios e alucinações.
• Cenas do filme Aviador: https://www.youtube.com/watch?v=0qLqPBf6aQw
XI. Psicanálise Hoje

• Atualmente a importância da psicanálise ultrapassa o campo das doenças mentais, e


também tem muito a dizer sobre os inúmeros aspectos da vida mental normal.
• Crescente intercâmbio entre as idéias psicanalíticas com demais áreas: medicina,
filosofia, artes, cinema, literatura, etc.
• “Esperançosamente virá um tempo em que o conhecimento psicanalítico será
reconhecido como parte necessária à formação de profissionais que atuem em
qualquer campo que lide com o homem e suas obras”.
• As principais áreas de interesse continuam a ser a prática clínica e a formação de
analistas para a prática clínica.
• Outra área importante para a qual a psicanalise empresta seu saber: o
desenvolvimento da criança, observação de crianças pequenas e bebês em
enfermarias, as contribuições substanciais ao conhecimento da psicologia dos
primeiros anos de vida.

Fundação da IPA

"Como finalidade da Associação se estabeleceu o seguinte: cultivar e promover a


ciência psicanalítica fundada por Freud em sua condição de psicologia e em sua aplicação à
medicina e às ciências do espírito; alentar o apoio recíproco entre seus membros em todos os
esforços por adquirir e difundir conhecimentos psicanalíticos."

Foi durante esta reunião em Salzburg, em 27 de abril de 1908, que a ideia de uma
Associação Internacional foi discutida e acordada. Freud insistiu que Jung deveria ser o
presidente da nova Associação e que sua sede oficial deveria ser Zurique, ele tinha Jung no
mais alto conceito. Por pelo menos um ano, ele tinha visto Jung como seu herdeiro espiritual, a
quem o futuro da psicanálise poderia ser confiado. Freud também acreditava ser da maior
importância que a psicanálise não fosse identificada na mente popular com Viena, e também
não fosse considerada como algo especificamente judaico. E assim Jung, sendo Suíço e Gentio,
era admiravelmente adequado para o papel de líder, e foi eleito o primeiro presidente da IPA,
o escritório central sendo em Zurique, como local de residência do Presidente. a relação entre
Freud e Jung se deteriorou devido a sérias diferenças, tanto de caráter científico quanto de
natureza pessoal.

No início de 1913, a relação pessoal chegou ao fim por consentimento mútuo. No


entanto, Jung continuou como presidente da IPA e presidiu o Congresso de Munique em
setembro de 1913. Houve muita insatisfação; Abraham sugeriu que aqueles que não estavam
de acordo deveriam abster-se de votar, quando foi proposta sua reeleição, e 22 de 52 de fato
se abstiveram. No entanto, após sua eleição, Jung logo reconheceu que sua posição era
insustentável e renunciou ao cargo de presidente em abril de 1914; a Sociedade de Zurique
retirou-se da IPA em julho. Assim, a última ligação foi cortada entre Jung e a psicanálise. A
Primeira Guerra Mundial produziu um hiato nas atividades da IPA. A finalidade para a qual foi
fundada foi a formação de um vínculo entre os psicanalistas de vários países.

Desde a década de 80, a IPA adicionou a América Latina como uma terceira região
administrativa, com o primeiro Congresso na América do Sul tendo sido realizado em Buenos
Aires em 1991. A Presidência também circulou entre a terceira região, com o primeiro latino
americano neste cargo, Horácio Etchegoyen, entre 1993 e 1997.
A Associação cresce de forma consistente não somente em membros ao longo dos
anos, alcançando mais de 12 000 membros ao final de 2009; Nascida em 1910, a IPA já atingiu
a plena maturidade e é essencialmente mais internacional do que nunca. 2010 viu a primeira
conferência psicanalítica sendo realizada na China, a qual explorou a evolução psicanalítica e
suas mudanças dentro do contexto Asiático. 2010 foi também um importante ano para a IPA,
ao celebrar o centenário de sua fundação. Um grande número de eventos foram realizados em
escala global, focados nos 100 anos da psicanálise e nos desafios para os próximos 100.

A fundação em 1967 da Associação Brasileira de Psicanálise (ABP), hoje Federação Brasileira de


Psicanálise (FEBRAPSI), marcou a história do pensamento psicanalítico brasileiro. Hoje está
presente em estados brasileiros, sendo 11 Sociedades, 5 grupos de estudos, e 8 núcleos.

Psicanálise depois de Freud


Melanie Klein: inicia a técnica de jogo para análise de crianças. Suas hipóteses principais
versam sobre o completo de Édipo precoce e formação do superego precoce. Conceitos:
posições equizo-paranóide e depressiva, identificação projetiva, e noção de fantasia e mundo
interno. Dá acesso ao tratamento de pacientes psicóticos e limítrofes, e terá mais tarde como
seu grande seguidor Bion.

Winnicott: representa outra parte do grupo inglês. É médico pediatra, também trabalha com
crianças e desenvolve a técnica do rabisco. Dá ênfase maior em sua obra à questões
ambientais como precursoras do desenvolvimento. Também tem importante contribuição
para o entendimento do comportamento anti-social. Conceitos importantes: área da ilusão, a
origem da criatividade, mãe suficientemente boa.

Psicologia do Ego: corrente americana de analistas como Hartmann, Kohut: estudam


formulações da segunda tópica (id, ego, superego) e as funções do ego. Vão propor o conceito
de área livre de conflito. E Kohut vai estudar profundamente as questões do nascisismo.

Mahler: preconiza a teoria sobre o desenvolvimento, observação de bebês, e temas sobre


vincularidade.

Bion: trabalha com pacientes psicóticos, utiliza conceitos matemáticos para entender o
funcionamento da mente: função alfa e beta. Grandes contribuições a respeito do trabalho do
analista.

Green: escola francesa, vai conceituar sobre a mãe morta e fazer releituras importantes sobre
os conceitos de Freud na atualidade.

Freud morrem em 1939, mas sua obra teve um continuidade a nível mundial ate os dias de
hoje.

Você também pode gostar