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UNIDADE I

O Processo de Ensino
e de Aprendizagem

Resumo
Nesta unidade faremos uma breve discussão sobre o processo de ensino e
de aprendizagem, refletindo sobre sua natureza para, em seguida, caracterizarmos,
separadamente, o ensino e a aprendizagem. Compreendendo que, apesar da
interlocução que se estabelece entre eles, são processos distintos, abordaremos
as condições e requisitos para um bom ensino, conceituação, características e
processos, condições e modelos teóricos de interpretação da aprendizagem.

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O Processo de Ensino e de Aprendizagem

Unidade I – O Processo de Ensino e de Aprendizagem


A ação educativa que ocorre no contexto da escola engloba dois processos
distintos, o de ensino e o de aprendizagem, cada um com suas especificidades e realizados
por agentes diferentes, de modo que não podemos considerá-lo como um processo único
de “ensino – aprendizagem”. Assim, iniciaremos o nosso estudo com uma breve reflexão
sobre a natureza desses processos.

1.1. A natureza do ensino e da aprendizagem


A escola é o espaço que se caracteriza fundamentalmente pelas ações de ensinar
e de aprender. Conforme já sinalizamos, aprendizagem e ensino são processos que se
comunicam, mas não se confundem, ou seja, são dois processos distintos: o de ensino,
desenvolvido pelo professor e o de aprendizagem, pelo aluno.
Nesse sentido, é equivocada a compreensão de que o processo de aprendizagem
responde necessariamente ao processo de ensino, ou seja, nem sempre o aluno recebe
os ensinamentos do mesmo modo que lhe é transmitido, cabendo ao professor adaptar
o ensino ao percurso de aprendizagem
dos seus alunos para que estes possam
avançar na construção do conhecimento.
Em outras palavras, “[...] não é o
processo de aprendizagem que deve se
adaptar ao de ensino, mas o processo
de ensino é que tem de se adaptar
ao de aprendizagem. Ou melhor: o
processo de ensino deve dialogar com o
de aprendizagem” (WEISZ; SANCHEZ,
Fonte:http://4.bp.blogspot.com/_AGUA1qAATxg/Sw7I
2002, p. 65). bkWNQWI/AAAAAAAAANw/ShAnBH_9rMQ/s1600/0,3
0553101-EX,00.jpg
1.2. O ensino
Conforme destacamos, o ensino é diferente da aprendizagem, sendo uma
tarefa de responsabilidade do professor. Apesar da importância de termos clareza dessa
distinção, faz-se necessário atentarmos para necessidade de diálogo permanente entre
esses dois processos, haja vista que a finalidade do ensino é a aprendizagem do aluno.

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Psicologia da Aprendizagem

Assim, o ensinar e o aprender incluem dois sujeitos (o que ensina e o que aprende) e a
relação entre eles.
Mas, de fato, em que consiste o ensino? Fromm Netto (1987, p. 08) esclarece que:
Ensino é essencialmente uma relação de ajuda ou de auxílio interpessoal,
na qual alguém que dispõe de mais experiência e mais conhecimentos
influencia outras pessoas de várias maneiras: leciona, orienta, mostra, explica,
demonstra, exemplifica, pergunta, responde, estimula, corrige, dirige, debate,
supervisiona, esclarece, prepara, propõe e acompanha atividades, incentiva e
guia quem aprende quanto ao uso adequado de materiais e recursos, facilita
a compreensão e o desempenho adequados, fornece os preceitos de uma
ciência, técnica, arte ou habilidade.

Desse modo, o ensino requer planejamento, sistematização e avaliação, sendo


indispensável: definir objetivos, selecionar conteúdos, especificar estratégias de ensino e
recursos adequados, avaliar a aprendizagem do aluno e a eficiência do ensino.

1.2.1 Condições e requisitos para o ensino


Tendo em vista que o ensino é desenvolvido pelo professor, cuja função é criar as
condições para que o aluno possa exercer a sua ação de aprender, é possível afirmar que
determinadas condições ou requisitos são fundamentais para o bom ensino.
Nesse sentido, Fromm Netto (1987) aponta
Parada obrigatória algumas condições que promovem um ensino eficiente,
quais sejam: 1) profissional (o professor) capaz de tomar
Encontramos na literatura
especializada o uso de decisões racionais, humanas e criativas sobre o ato de
termos diversificados ensinar; 2) compromisso efetivo com a aprendizagem do
fazendo referência ao bom aluno; 3) utilização de diferentes instrumentos de avaliação
professor: professores da aprendizagem do aluno que comprovem mudanças
especialistas, professor
eficaz, professor ocorridas no seu comportamento; 4) consciência de
experiente. que o ato de ensinar é um processo complexo e sofre a
influência de múltiplas variáveis e, portanto, o professor
só pode controlá-lo parcialmente.
Ao refletirmos sobre as condições que favorecem um bom ensino somos levados
a pensar sobre o profissional que o conduz: o bom professor. Afinal, quais as
características definidoras de um bom professor?
Essa questão tem sido foco de muitas pesquisas recentes na área da educação e
da Psicologia, cujos achados t m identificado sete características do professor eficaz
que podem ser visualizadas no quadro a seguir:

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O Processo de Ensino e de Aprendizagem

Este professor tem um repertório rico de conhecimentos bem organizados, sobre as


muitas situações específicas do ensino, o que inclui conhecimentos sobre:
1. As matérias que ensina;
2. Características e bagagem cultural dos alunos;
3. Estratégias gerais de ensino;
4. Formas específicas de ensinar cada matéria;
5. Ambientes de aprendizagem;
6. Materiais curriculares; e
7. Objetivos e propósitos do ensino.
(Extraído de WOOLFOLK, 2000, p.31).

Pelo exposto, conclui-se que o ensinar é uma atividade complexa que envolve
solução de problemas e domínio de técnicas específicas, de tal modo que o professor
eficaz é ao mesmo tempo tecnicamente competente e inventivo. Em outras palavras, o
bom professor desenvolve a capacidade de aplicar técnicas e de ser reflexivo em relação
ao ensino.
Em resumo:

Os bons professores, não apenas conhecem o conteúdo das matérias que ensinam,
mas também sabem como relacionar esse conteúdo ao mundo fora da sala de aula,
e como manter os estudantes envolvidos na aprendizagem (WOOLFOLK, 2000, p.22).

Marchesi e Martín (2003), apoiados em estudos realizados em vários países,


destacam algumas características mais relevantes do bom professor, tais como:
1. O compromisso com seu trabalho, característica que viabiliza as demais
qualidades;
2. O afeto pelos alunos que contribui para criar uma atitude positiva em relação
á aprendizagem;
3. O conhecimento da didática específica da matéria ensinada, sendo capaz de
selecionar os conceitos ou as informações mais relevantes e de tornar mais
simples sua aprendizagem pelos alunos;
4. O domínio de múltiplos modelos de ensino e aprendizagem que são
empregados para determinados alunos ou para alcançar determinados tipos
de aprendizagem;

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Psicologia da Aprendizagem

5. A reflexão na prática e sobre sua prática, permitindo-o elaborar suas próprias


teorias;
6. A troca de ideias e o trabalho em equipe, possibilitando uma reflexão
compartilhada sobre os problemas escolares e reforçando a coesão entre os
colegas.
Parada obrigatória
Cabe destacar que para o professor manifestar
Professores especialistas: as características mencionadas faz-se necessário que a
professores experientes escola disponha das condições adequadas que apóiem o
e eficazes que
desenvolveram soluções esforço do professor e crie um ambiente de trabalho em
para problemas comuns equipe.
de sala de aula. Seu Uma escola nesses moldes deve apresentar
conhecimento do processo
de ensino e do conteúdo é “um projeto compartilhado, uma organização flexível do
extenso e bem organizado. ensino e da aprendizagem dos alunos, uma liderança
(WOOLFOLK, 2000, p.21) dinâmica, uma abertura á comunidade, uma cultura entre
Reflexivo: Ponderado e os professores na qual se valorize o esforço para alcançar
inventivo. Os professores
reflexivos recordam as objetivos comuns” (MARCHESI; MARTÍN, 2003, p.111).
situações para analisar Acrescenta-se ao exposto que professores e
o que fizeram e por escolas não estão desvinculados da política desenvolvida
que, assim como para pelos sistemas de ensino que engloba aspectos relativos
considerar como eles
podem melhorar a à autonomia, valorização e incentivos profissionais,
aprendizagem para seus condições de trabalho, tempo disponível, recursos,
alunos. (WOOLFOLK, formação, currículo e avaliação. Em outros termos,
2000, p.22)
“[...] a qualidade dos professores depende, portanto, do
professor individual, da escola individual e da política
Parada obrigatória
educativa concreta” (MARCHESI; MARTÍN, 2003, p.112).
Compromisso com o
trabalho, afeto pelos 1.3 A aprendizagem
alunos, conhecimento
da didática específica
da matéria, domínio de A aprendizagem ocupa um lugar privilegiado em
múltiplos modelos de nossas vidas, haja vista que muitas de nossas ações são
ensino e aprendizagem,
reflexão e troca de ideias aprendidas, sendo, portanto, um processo freqüente que
e trabalho de equipe acompanha o ser humano ao longo de sua existência.
são as características “Talvez, sejamos o animal com o menor número de
mais relevantes do bom
professor.
comportamentos programados, inatos, iniciando-se com o
nascimento um longo e complexo processo de apropriação

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O Processo de Ensino e de Aprendizagem

da experiência socialmente construída” (FERRO;


Parada obrigatória
PAIXÃO, 2006, p. 101).
De acordo com Zanella (1999), é pela É, pois, pela aprendizagem
que o homem se afirma
aprendizagem que o homem avança e que se explica o como ser racional, forma
processo de evolução histórico e social. ‘“A complexidade a sua personalidade e
de suas experiências, acrescidas das aprendizagens que se prepara para o papel
realiza contribuem para sua humanização” (p.23). que lhe cabe no seio da
sociedade (CAMPOS,
Em qualquer etapa, situação ou momento o ser 1987, p.16).
humano está sempre aprendendo e, por isso, sofrendo Aprendizagem informal
mudanças no seu comportamento, no seu desempenho, acontece em situações
nas suas concepções e na sua visão de mundo. não programadas e a
formal ocorre quando os
Assim, a aprendizagem humana ocorre nos eventos são organizados,
diversos contextos sociais, podendo-se distinguir as planejados e encadeados.
que ocorrem no contexto informal das que ocorrem no
contexto formal.
Sem dúvida, as aprendizagens informais ocupam um espaço importante na vida
humana, mas dado o propósito desse texto nossa ênfase recairá sobre as aprendizagens
que ocorrem no espaço escolar – aprendizagens formais.
Afinal, o que é aprendizagem? Quais são suas características?

1.3.1 Conceitos, características e processos de


aprendizagem
A conceituação do termo aprendizagem não é precisa na literatura da área, pois
varia de acordo com o enfoque teórico adotado, porém uma ideia enfatizada pelas várias
teorias é a de que aprender é mudar comportamentos ou conhecimentos adquiridos.
No quadro a seguir serão apresentados alguns conceitos de aprendizagem
comumente encontrados na literatura que aborda a temática:

“[...] modificação sistemática do comportamento por efeito da prática ou experiência, com um


sentido de progressiva adaptação ou ajustamento” (CAMPOS, 2001, p.30).

“Processo pelo qual a experiência causa mudança permanente no conhecimento ou


comportamento” (WOOLFOLK, 2000, p.184).

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Psicologia da Aprendizagem

“[...] aprender é uma habilidade em desenvolvimento que potencializa o homem a agir frente aos
desafios e as necessidades, com o desejo de superá-las, gerando transformações pessoais que
são refletidas na coletividade” (MOURA; SILVA, 20001).

“[...] aprender é uma atividade que ocorre dentro de um organismo e que não podem
ser diretamente observada. De formas não inteiramente compreendidas, os sujeitos da
aprendizagem são modificados: eles adquirem novas associações, informações, insight’s,
aptidões, hábitos e semelhantes [...]” (DAVIDOFF, 198, p.158).

“[...] apropriação do conjunto das produções humanas (saberes, habilidades, atitudes, valores,
dentre outros)” (CARVALHO; IBIAPINA, 2009, p.192).

Conforme já ressaltamos, nas várias


Parada obrigatória conceituações de aprendizagem a ideia de mudança de
Mudança de comportamento aparece de forma explícita, porém nem
comportamento é uma toda mudança que ocorre no ser humano depende de
ideia evidente em quase
todas as conceituações de aprendizagens, tais como as decorrentes dos processos
aprendizagem. maturativos (aquisição da marcha, da linguagem etc.),
Aprender implica mudar das disfunções do organismo (doenças, estresse etc.)
os conhecimentos e ou das dificuldades psicológicas (neuroses, apatia etc.)
os comportamentos
anteriormente adquiridos. (ZANELLA, 1999).
Aprendizagem: processo Resumindo, afirmamos com Fairstein e Gyssels
psíquico com base (2005) que a aprendizagem é um processo psicológico
biológica.
(psíquico ou mental), mas que tem uma base biológica
(conexões neuronais que se produzem no cérebro).
As conceituações apresentadas possibilitam um melhor entendimento das
características básicas da aprendizagem. De acordo com Campos (2001) e Zanella
(1999), a aprendizagem é um processo que apresenta as seguintes características:
• Contínuo – que ocorre ao longo da vida, de modo que em cada período temos
sempre o que aprender;
• Pessoal – cada pessoa é sujeito de sua aprendizagem, ou seja, ninguém
pode aprender por outrem, visto que a aprendizagem é intransferível de uma
pessoa para outra;
• Ativo e dinâmico - a aprendizagem só se realiza através da ação dinâmica do
aprendiz.

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O Processo de Ensino e de Aprendizagem

• Gradual – ocorre gradativamente, conforme o ritmo de cada aprendiz.


• Global – envolve o indivíduo em sua totalidade, isto é, em todas as suas
dimensões: motora, afetiva e cognitiva;
• Integrativo – cumulativo – as aprendizagens são sempre integradas uma às
outras, constituindo-se num processo cumulativo, em que a experiência, atual
apóia-se nas experiências anteriores.

Pelo que foi exposto, podemos concluir que a aprendizagem é um processo


complexo que ocorre na mente humana (psiquismo) através da ação do indivíduo,
envolvendo-o em todas as suas dimensões.
Além das características gerais discutidas anteriormente, Ferro e
– (2006),
– (2006),apoiadas
apoiadasememPozzo
Pozzo(2002)
(2002)destacam
destacam três
três características
características dede uma
uma boa
boa
aprendizagem:

• Mudança duradoura, vinculada á aprendizagem construtiva, proveniente


da reorganização dos comportamentos ou do conhecimento e visam integrar
esse comportamento ou ideia numa nova estrutura de conhecimento, por isso,
é mais geral, de natureza evolutiva e irreversível;
• Capacidade de utilizar os conhecimentos aprendidos numa situação
nova, porque, se não conseguimos transferir o conhecimento aprendido para
novos contextos, a aprendizagem torna-se ineficaz;
• Adequação da prática ao que se tem de aprender, visto que ela não é
originária de processos maturativos ou de desenvolvimento;

A aprendizagem por configurar-se como um Parada obrigatória


processo complexo, é produzida por processos cognitivos Aprendizagem: processo
variados, pois quando aprendemos, alcançamos contínuo pessoal, ativo e
resultados distintos e, portanto, seria impossível que um dinâmico, gradual, global,
único mecanismo cognitivo desse conta de aprendizagens integrativo- cumulativo.
tão diversas.
Características de uma boa
Assim, a aprendizagem envolve múltiplos aprendizagem: mudança
processos psicológicos que, por serem internos, não duradoura, capacidade de
podem ser observados diretamente, mas apenas por meio utilizar os conhecimentos
de suas consequências, cabendo ao professor adicionar numa nova situação e
adequação da prática ao
no aprendiz esses processos cognitivos para facilitar a que se tem de aprender.
aprendizagem.

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Psicologia da Aprendizagem

Apresentaremos a seguir, parte do texto intitulado


Parada obrigatória
“Aprendizagem: processo básico do comportamento
Quem aprende é o aluno, humano”, produzido pelas autoras e publicado em 2006,
mas cabe ao professor
a tarefa de facilitar a que aborda os processos de aprendizagem:
aprendizagem.

[ ... ]
De modo geral, podemos nos referir a duas formas de aprendizagem: uma
repetitiva, mecânica, alcançada através de processos associativos; a outra, mais
reflexiva, consciente, denominada construtiva.
A aprendizagem associativa é menos exigente, mais limitada e inclui os seguintes
processos: a aquisição de regularidades do ambiente (a partir desse processo pode-se
fazer previsões de fatos e comportamentos), a condensação da informação (fusão dos
elementos da informação que ocorrem juntos em uma única peça) e a automatização
do conhecimento (atividades rotineiras, executadas quase sem utilização de recursos
cognitivos).
A aprendizagem construtiva, por sua vez, é mais exigente, dirigida a compreensão
e, portanto, consciente. Para que esse tipo de aprendizagem ocorra algumas exigências
cognitivas se impõem: a) o material de aprendizagem, este deve ter uma organização
conceitual interna, devendo o vocabulário e a terminologia adotados ser adequados ao
aluno; b) é necessário que se leve em conta os conhecimentos prévios do aprendiz,
bem como sua predisposição favorável para a compreensão, pois é essa condição que
o impulsionará na busca do significado daquilo que aprende (Pozo, 2002). Isto posto,
trataremos de explicitar melhor o processo cognitivo da aprendizagem.
Do ponto de vista cognitivo, a aprendizagem consiste na modificação de
conhecimentos anteriores, o que equivale dizer que toda aprendizagem apóia-se em um
conhecimento prévio. Seguindo esse raciocínio, Fairstein; Gyssels (2005) citam quatro
elementos para explicar o processo de aprendizagem. De acordo com as autoras sobre
qualquer tema de aprendizagem, a pessoa tem sempre um conhecimento prévio com o
qual o conhecimento novo irá interagir. A partir dessa interação haverá uma mudança
(processo mental resultante da interação) que conduzirá ao resultado da aprendizagem,
isto é, ao conhecimento realmente incorporado.
Segundo Oliveira e Chadwick (2002), o processo de aprendizagem se desenvolve
em duas etapas: o armazenamento e a recuperação da informação1. Atestam os
autores que a etapa de armazenamento envolve a percepção (envolve atenção a uma
situação e uso dos sentidos que possibilitam a apreensão e percepção do estímulo),
o processamento (penetração dos estímulos na parte da memória de curto prazo,
processamento e elaboração dos mesmos para que permaneçam armazenados na

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O Processo de Ensino e de Aprendizagem

memória) e o arquivamento dos estímulos (os estímulos permanecem armazenados


na memória permanente). A etapa da recuperação envolve a busca e a ativação da
memória (o conhecimento pode ser recuperado na forma de uma resposta simples ou
pode ser algo complexo) o uso do conhecimento armazenado. O uso do conhecimento
pode afetar a aprendizagem de três formas: quanto mais se usa o conhecimento, mais
a aprendizagem é reforçada; o conhecimento anterior afeta novas aprendizagens; e a
aplicação do aprendido a situações familiares ou distantes.
Além dos processos descritos, a Psicologia Cognitiva da Aprendizagem
considera que outros processos auxiliam a aprendizagem. Nesse sentido, Pozo (2002)
apresenta quatro processos auxiliares da aprendizagem que têm implicações diretas
no processo ensino- aprendizagem: a motivação (desejo de aprender), a atenção (foco
da aprendizagem), a recuperação e a transferência (recuperar o aprendido e aplicá-lo a
outras situações) e, por fim, a consciência (controle da aprendizagem).
Há muito que se dizer sobre esses processos que auxiliam a aprendizagem, mas
dada a natureza desse artigo, resta-nos observar que, na sala de aula, o professor tem
a tarefa de ativar esses processos, objetivando reduzir os obstáculos que dificultam a
aprendizagem. Certamente, conhecê-los e entender como eles influenciam de diferentes
formas as várias situações de aprendizagem, possibilitará ao professor conduzir melhor
o processo de ensinar e aprender.

1.3.2 Condições favorecedoras da aprendizagem


Conforme mencionado, a aprendizagem ocorre de modo contínuo e ocupa todos
os espaços da vida humana, mas encontra-se na dependência de inúmeras condições que
podem favorecê-la ou inibi-la. De acordo com Campos e Zanella (1999), tais condições
podem ser classificadas em: biológicas, ambientais, psicológicas e pedagógicas.

• Condições Biológicas
Referem-se ás condições orgânicas favoráveis ou desfavoráveis à aprendizagem,
tais como: maturação, integridade dos órgãos dos sentidos, doenças, condições de
nutrição, efeitos da idade no funcionamento da memória etc.

• Condições Ambientais
Condições ambientais favoráveis interferem na aprendizagem de tal forma que
um ambiente adequado e reforçador, condições de acomodação física, de temperatura,
iluminação e ventilação agradáveis tendem a favorecer a aprendizagem.

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