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METODOLOGIA E

DESENVOLVIMENTO DE
MATERIAIS DIDÁTICOS PARA A
EDUCAÇÃO BÁSICA
INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa.
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.

Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da


nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.

A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser


seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 Diferenciação: didática, metodologia e método

Este tópico concentra-se no conceito e na diferenciação dos termos


didática, metodologia e método que deve estar no cerne da profissão docente de
maneira clara e precisa. O entendimento desse conceito contribui para a seleção
de práticas docentes específicas, capazes de auxiliar o desenvolvimento
cognitivo dos estudantes. Consoante a isso, Zoppo (2020), afirma que didática é
um conceito fundamental, na prática, educacional, destacando-se como uma
prática social e dinâmica. É importante compreender que a educação não ocorre
de forma estática e única, mas sim por meio de um constante movimento de
saberes, conceitos, métodos e orientações que são reinterpretados ao longo do
tempo. Nesse contexto, é relevante esclarecer alguns termos amplamente
utilizados no campo educacional, que continuam em evolução.

A palavra “didática” teve seu primeiro registro no mundo grego e


originalmente significava facilitar o ensino e a aprendizagem dos modos de
conduta. A partir desse ponto, seu uso se expandiu e a didática passou a ser
aplicada tanto na transmissão de conteúdos morais quanto cognitivos. Portanto,
atualmente, a didática abrange ambos os aspectos (LUCKESI, 2014).

A didática refere-se à maneira pela qual o professor utiliza metodologias


e estratégias para conduzir diferentes etapas do processo de ensino. E
desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de uma aula,
possibilitando um diálogo crítico entre todos os elementos envolvidos no
processo pedagógico, incluindo o professor, os alunos, a disciplina, o conteúdo,
o contexto e as estratégias metodológicas. É por meio da aplicação adequada
da didática que se promoverá uma aprendizagem significativa e eficaz,
estimulando a participação ativa dos alunos e favorecendo a compreensão e
assimilação dos conteúdos abordados.

Corretamente observado, nenhuma prática pedagógica é neutra, ao estar


intrinsecamente relacionada a concepções filosóficas de educação que
influenciam como o ensino é conduzido em uma determinada instituição
educacional. Zoppo (2020), define o conceito de didática como a mediação
realizada pelo professor, que transforma a teoria pedagógica em prática
pedagógica. Nesse sentido, a didática desempenha um papel fundamental ao
traduzir os princípios teóricos em ações concretas de ensino, considerando as
características dos alunos, os objetivos educacionais e o contexto em que ocorre
o processo de ensino-aprendizagem. Através dessa mediação, a didática
possibilita a aplicação efetiva das teorias pedagógicas no cotidiano escolar,
promovendo uma educação mais significativa e enriquecedora.

A didática vai além do ensino de técnicas e estratégias para o


desenvolvimento da aprendizagem; ela desempenha um papel mais relevante:
o de fomentar uma ação-reflexão crítica por parte do professor na condução da
prática educativa. Ela estabelece uma conexão entre as opções filosóficas e
políticas da educação, considerando a complexidade técnica, humana e política
envolvida. Não se limita apenas à transmissão de conhecimentos e habilidades,
mas engajará o professor em uma abordagem reflexiva, onde suas escolhas
pedagógicas são conscientemente fundamentadas e direcionadas pelos
princípios filosóficos e políticos subjacentes à educação.

Além disso, a didática reconhece a natureza multidimensional da prática


educativa, envolvendo aspectos técnicos, humanos e políticos, e incentiva uma
análise crítica dessas dimensões para promover uma educação mais abrangente
e impactante (ZOPPO, 2020).

Em se tratando a método, consoante a referida autora, o termo tem origem


no latim, derivado da palavra “methodus”, que significa o caminho ou a via para
alcançar algo. Dessa forma, o método é o processo utilizado para alcançar um
objetivo específico ou obter um conhecimento desejado.

Os métodos de ensino consistem nas estratégias planejadas e


implementadas pelo professor, de modo a organizar e estruturar as atividades
visando promover a aprendizagem em relação a um conteúdo específico. Dentro
desse contexto, existem diferentes classificações dos métodos de ensino
consoante o que Libâneo (1994) citado por Zoppo (2020) apresenta, incluindo o
método de exposição pelo professor, método de trabalho independente, método
de elaboração conjunta ou conversação, método de trabalho em grupo e método
de atividades especiais. Cada um desses métodos tem características e
abordagens distintas, adequados para diferentes contextos e objetivos
educacionais.

Método de exposição: envolve o professor transmitindo informações


como atividade principal. Esse método é valioso quando utilizado para motivar e
estimular os estudantes a aprender, mediante relatos, curiosidades ou
experiências que despertem seu interesse.

Método de autonomia na aprendizagem: tem como propósito


apresentar cenários de aprendizagem direcionados e orientados pelo professor
de maneira indireta, seja por intermédio da leitura de um texto, seja por uma
atividade de estudo direcionada ou pela elaboração de um esboço cartográfico.

Método de colaboração mútua ou diálogo: neste método, o propósito


é incentivar os alunos a manifestarem suas perspectivas, compartilhando
experiências, debatendo e permitindo que se expressem, resultando na
construção de novos conhecimentos.

Método de colaboração em equipe: enfatiza a cooperação no


desenvolvimento de uma atividade específica. As equipes são normalmente
formadas por três a cinco alunos, de preferência com competências e aptidões
diversas, de modo a promover a assistência mútua entre os membros da equipe.

Método de práticas diferenciadas: apresentará práticas diferenciadas,


como encontros de estudantes, excursões a museus, instituições de caridade,
indústrias, mercados, universidades, usinas de energia, entre outras. De forma
que essas práticas complementem os demais métodos de ensino e também
ampliar o conhecimento dos alunos.

Em uma única aula é possível abranger diversos métodos, no entanto, a


seleção do método dependerá da finalidade que o professor alcançará nessa
atividade educacional.

No que tange a metodologia é a exploração de múltiplos caminhos refere-


se ao ensino que os professores observam, planejam e vivenciam em sala de
aula, ou seja, orienta o ensino-aprendizagem de acordo com determinados
objetivos ou metas educacionais. Com base na definição anterior, entende-se
que a metodologia refere-se a pensar sobre o método. Em outras palavras, seu
papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em função dos
métodos utilizados.

Um professor deve ser um bom estrategista e saber claramente o que


planeja alcançar com o processo de ensino. Assim, pode-se concluir que as
estratégias de ensino podem auxiliar os alunos na aquisição de novos
conhecimentos e são necessárias para a aprendizagem (ZOPPO, 2020).

1.1 As atribuições dos recursos e materiais pedagógicos

Para Zoppo (2020), os recursos e materiais didáticos desempenham um


papel fundamental nos procedimentos de ensino e aprendizagem, quando forem
empregados adequadamente e com a participação ativa dos alunos durante as
aulas. Nesse contexto, é responsabilidade do professor monitorar atentamente
as reações dos estudantes, a fim de determinar se há um envolvimento genuíno
de toda a turma nas atividades propostas e se o material selecionado atende às
necessidades individuais de cada aluno.

Entende-se que o material didático desempenha um papel auxiliar


essencial nos processos de ensino e aprendizagem, e uma variedade de
materiais é aprimorada e redesenhada para melhor atender aos interesses tanto
do professor quanto do aluno.

Existem alguns materiais didáticos levados para a sala de aula pelo


professor, mas que não foram originalmente desenvolvidos com finalidade
pedagógica específica. Um exemplo disso é o ábaco, que foi criado e projetado
para auxiliar as pessoas nos cálculos. Atualmente, esse recurso é utilizado na
sala de aula como um material didático para auxiliar os alunos a compreender o
sistema de numeração e as operações fundamentais. Em contrapartida,
podemos mencionar o material dourado, que foi criado e desenvolvido com
propósitos pedagógicos. Sua invenção surgiu devido às dificuldades enfrentadas
por estudantes com necessidades especiais em relação às relações numéricas
abstratas.
A educadora e médica Maria Montessori, ao perceber que seus alunos
aprendiam mais através da ação do que apenas do pensamento abstrato,
desenvolveu o material dourado para disponibilizá-lo para uso de todos. Ela
constatou que as crianças aprendem por meio de experiências concretas,
dispensando a necessidade de repetir várias listas de exercícios, o que se torna
um trabalho exaustivo e desprovido de significado.

De acordo com Montessori (1965), quando as crianças interagem com o


material, elas se dedicam a uma atividade concentrada e séria, que aparenta
emergir do âmago de sua consciência. É possível afirmar, de fato, que as
crianças se situam em circunstâncias propícias para alcançar a mais alta
realização de que sua mente é capaz.

Outrossim, Zoppo (2020), esclarece que assim como a utilização dos


tradicionais quadro-negro, giz e apagador quanto o aproveitamento de outras
tecnologias, como computadores, televisões e softwares, os materiais didáticos
desempenham um papel significativo na prática docente em sala de aula e
devem estar alinhados ao plano de ensino. Contudo, o sucesso de sua eficácia
não se limita apenas às características do recurso, mas também à maneira como
o professor o emprega. É incontestável que alguns recursos didáticos podem
contribuir para os alunos refletirem e se apropriarem dos conteúdos abordados
em uma aula, porém é responsabilidade do educador fazer uso oportuno e
criativo dos inúmeros materiais disponíveis.

Lopes (2019) leciona que, embora os recursos didáticos apresentem


vantagens evidentes, nem todos os educadores os exploram e utilizam
adequadamente. A maioria dos professores tende a adotar abordagens de
ensino tradicionais, como aulas expositivas, em que prevalece a transmissão dos
conteúdos e das ideias pelo docente, demonstrando certa relutância em buscar
inovações, muitas vezes impulsionados pelo receio ou pela comodidade. Os
conteúdos transmitidos aos alunos por meio de aulas expositivas não interativas
podem ser mais facilmente esquecidos, uma vez que esse método de
aprendizagem se mostra menos eficiente, podendo comprometer o potencial de
aquisição de conhecimento.
O professor eficaz é aquele que demonstra flexibilidade em relação ao
seu estilo e prática pedagógica, adaptando-se conforme as necessidades de
aprendizagem de seus alunos. Os recursos didáticos desempenham um papel
crucial ao auxiliar e facilitar o desenvolvimento de diversas atividades em sala
de aula. É imprescindível que o docente esteja familiarizado com os recursos
disponíveis e consiga selecionar e utilizar o material adequadamente,
considerando o conteúdo a ser abordado, o perfil do público-alvo e os objetivos
educacionais a serem alcançados.

Quanto maior for a disponibilidade de acesso a uma ampla gama de


materiais diversificados, maiores serão as oportunidades de encontrar aqueles
mais adequados às necessidades educacionais. Nesse sentido, os educadores
assumem a responsabilidade de selecionar, adaptar e até mesmo criar novas
alternativas, valendo-se de diferentes recursos, como textos, experiências
práticas, vídeos e revistas de divulgação científica, entre outros.

1.2 Parâmetros para seleção, emprego e criação de recursos e materiais


didáticos na educação básica

Para explorar os parâmetros que norteiam a seleção, o uso e a elaboração


de recursos e materiais didáticos na educação básica, é fundamental realizar
uma análise aprofundada do desenvolvimento cognitivo. Para Zoppo (2020),
consoante a Piaget (1971) e Vygotsky (2007), respectivamente, o progresso
cognitivo humano é baseado em um sistema biológico e ocorre em fases
determinadas pela idade. No entanto, durante esse processo de
desenvolvimento, é crucial que o indivíduo desempenhe um papel ativo, agindo
como um explorador do mundo. Ao interagir com o ambiente externo e com
outros indivíduos, eles ampliam seus conhecimentos.

As interações sociais desempenham um papel primordial na construção


do conhecimento, uma vez que são por meio delas que ocorre o
desenvolvimento. A linguagem e a manipulação de ferramentas são elementos
essenciais que facilitam a mediação dessas interações com outros indivíduos e
até mesmo com o ambiente natural, contribuindo, assim, para o progresso da
cognição humana.
Ao selecionar recursos didáticos, o professor pode embasar sua escolha
nos estágios de desenvolvimento da inteligência humana propostos por Piaget,
conforme a epistemologia genética:

1. Estágio sensório-motor — crianças de 0 a 2 anos;

2. Estágio pré-operatório — crianças de 2 a 7 anos;

3. Estágio operacional concreto — de 7 a 11 anos;

4. Estágio operacional formal — de 11 anos até a fase adulta.

O estágio sensório-motor, caracterizado por crianças de até cerca de 2


anos, é um período em que a descoberta do mundo ocorre principalmente por
meio dos sentidos e da manipulação. Nessa etapa, é recomendável utilizar
materiais didáticos adequados, como objetos com diversas características, como
tamanho, forma, textura, cor e consistência; brinquedos com tampas e
elementos atrativos; brinquedos de encaixe; livros com imagens grandes, entre
outros exemplos.

O estágio pré-operatório é identificado como uma fase em que as


crianças apresentam um desenvolvimento significativo da imaginação e
memória, além de demonstrarem curiosidade por tudo ao seu redor. Para essa
etapa, existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, tais como
blocos pedagógicos, jogos de encaixe, quebra-cabeças, materiais recicláveis,
uma variedade de livros de literatura, música, filmes, entre outros recursos.

O estágio das operações concretas é reconhecido como uma fase que


traz consigo importantes mudanças cognitivas. Nesse período, as crianças
começam a resolver problemas mentalmente, apresentam maior habilidade com
números e conseguem distinguir a fantasia da realidade. Para essa etapa,
existem diversos exemplos de materiais didáticos adequados, como bola de
futebol, bola de basquetebol, bolinha de gude, jogos de montar, jogos com regras
estabelecidas, jogos de construção, jogos de perguntas e respostas, quebra-
cabeças com níveis de dificuldade mais complexos, materiais para contagem
(como tampinhas e botões), diferentes conjuntos de miniaturas para
agrupamentos, filmes variados, livros literários e didáticos, mapas, obras de arte
e material dourado, entre outros recursos.

O estágio das operações formais é o período em que os estudantes


conseguem atribuir significado a termos abstratos, ou seja, conseguem resolver
situações sem depender de material manipulável. Além disso, conseguem lidar
com situações hipotéticas, criando outras possibilidades e estratégias para a
resolução de problemas. Exemplos de materiais didáticos adequados para essa
fase incluem jogos com regras estabelecidas, jogos de tabuleiro, softwares
educacionais, dicionários, jornais, panfletos, mapas, entre outros recursos.

Em suma, Zoppo (2020), reconhece que os estágios de desenvolvimento


cognitivo nem sempre ocorrem na idade esperada. No entanto, utilizar esses
estágios como referência para a seleção de materiais didáticos pode ser uma
das opções disponíveis. A seleção dos recursos e materiais didáticos deve ser
realizada com base em um planejamento cuidadoso dos processos de ensino,
considerando as diversas situações que podem surgir ao abordar os conteúdos
e os objetivos desejados. Além disso, é importante considerar a motivação
esperada por parte dos alunos e saber utilizar o material adequadamente.

1.3 Resumindo

Nesta aula aprendemos, que diante das reflexões e ao considerar as


discussões realizadas, constata-se que durante o planejamento de uma aula, o
professor é responsável por tomar decisões que abrangem desde a seleção dos
métodos de ensino até a definição da metodologia e a escolha dos recursos a
serem utilizados em sala. Essas escolhas desempenham um papel crucial no
momento da elaboração da aula, ao procurarem facilitar, mediar e estimular a
aprendizagem dos estudantes. Todo esse processo de preparação e condução
da aula está inserido no âmbito da didática do professor.

Na diferenciação entre didática, metodologia e método, aprendemos que


a didática abrange como o professor emprega metodologias e estratégias para
guiar as diversas etapas do processo de ensino, desempenhando um papel
crucial no progresso de uma aula. Ela permite estabelecer um diálogo crítico
entre todos os elementos presentes no contexto pedagógico, como o professor,
os alunos, a disciplina, o conteúdo, o contexto e as estratégias metodológicas.

Já o método é o processo utilizado para alcançar um objetivo específico


ou obter um conhecimento desejado.

Quanto a metodologia, refere-se a pensar sobre o método. Em outras


palavras, seu papel é orientar o professor a escolher as melhores estratégias em
função dos métodos utilizados.

Portanto, a fim de investigar os princípios que orientam a escolha, o uso


e a criação de recursos e materiais didáticos para educação básica, é essencial
realizar uma análise detalhada do desenvolvimento cognitivo.

2 Concepções epistemológicas do material didático

O uso de recursos, como modelos e materiais didáticos, para ilustrar aulas


não é algo novo. Desde a Didática Magna de Comenius, publicada em 1657, já
se enfatizava a significância da utilização de diversos recursos materiais para
promover uma aprendizagem mais efetiva. Educadores renomados, como
Pestalozzi e Froebel nos séculos XVII e XIX, também defendiam a utilização de
uma abordagem ampla e interativa com discentes, acreditando que isso
resultaria em uma "educação ativa". Nesse sentido, Justino (2013), apresenta
que a pedagogia ativa ganhou força no Brasil doravante ao movimento da Escola
Nova, estabelecido com o manifesto de 1932, sendo pioneiro nesse movimento
John Dewey.

Essa abordagem pedagógica valorizava a autoinstrução do aluno,


permitindo que ele se tornasse autor de suas próprias experiências mediante
atividades e métodos ativos e criativos. Em outras palavras, essa pedagogia
tinha como foco central o interesse do aluno.

Espera-se que, nas atividades de aprendizado, haja uma integração entre


os propósitos educacionais e os interesses pessoais do estudante. Educadores
renomados, como Maria Montessori e Ovide Decroly, foram inspirados pelas
ideias de Dewey e criaram diversos jogos e materiais com o propósito de
aprimorar o ensino. Desde então, foram desenvolvidos numerosos recursos
didáticos com essa finalidade.

Dentro do contexto da Escola Nova, além de John Dewey, reconhecido


como seu pioneiro, existem outros educadores escolanovistas que
desenvolveram métodos relevantes para o processo de ensino-aprendizagem. A
seguir, a luz dos pensamentos de Justino (2013), estudaremos os principais
escolanovistas e suas contribuições nesse campo.

Kilpatrick (1871-1965), foi discípulo de Dewey, desempenhou um papel


significativo na disseminação dos princípios da Escola Nova. Um dos métodos
desenvolvidos por ele foi o método de projetos, que se baseia na realização de
atividades intencionais em que os alunos participam ativamente em um ambiente
natural, integrando e globalizando o processo de ensino. Por exemplo, a
construção de uma casinha de coelhos pode envolver diversos ensinamentos,
como geometria, desenho, cálculo e história natural.

Os projetos são divididos em quatro etapas: estabelecer o objetivo final,


preparar o plano, executá-lo e avaliá-lo. Eles podem se enquadrar em diferentes
categorias, como projetos de produção, nos quais os alunos criam algo; projetos
de consumo, nos quais eles exploram e analisam algo existente; projetos de
resolução de problemas, nos quais buscam soluções para desafios específicos;
e projetos de aperfeiçoamento de técnicas, nos quais procuram melhorar
habilidades ou conhecimentos prévios.

Decroly (1871-1931), desempenhou um papel importante como precursor


dos métodos ativos, que se baseiam na ideia de permitir que os alunos
conduzam seu próprio processo de aprendizagem e, assim, aprendam a
aprender. Ele desenvolveu o método dos Centros de Interesse, que abordam
temas como a família, o universo, o mundo animal e vegetal, entre outros. Esses
centros de interesse são projetados para promover a observação, a associação
e a expressão dos alunos.

Diferentemente dos projetos, o método dos Centros de Interesse não


pretende a construção de algo físico ou a conclusão de um projeto específico.
Em vez disso, ele se concentra na exploração e no aprofundamento dos temas
de interesse, incentivando os alunos a observar, fazer conexões e se expressar
de diferentes maneiras. O foco está na participação ativa dos alunos e no
desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais através da imersão em
assuntos relevantes e significativos.

Maria Montessori (1870-1952), foi uma das pioneiras na criação e


implementação de métodos ativos na educação. O método Montessoriano
possui um enfoque principal nas atividades motoras e sensoriais, especialmente
na educação pré-escolar, e também é aplicado durante a segunda infância.

Esse método valoriza o trabalho individual das crianças, embora também


tenha um caráter social, pois incentiva a colaboração entre os alunos para criar
um ambiente escolar positivo. O material utilizado no método Montessoriano é
cuidadosamente projetado para estimular tanto o desenvolvimento sensorial
quanto intelectual das crianças. O objetivo é proporcionar experiências
enriquecedoras que promovam o aprendizado por meio da exploração, da
experimentação e do envolvimento ativo dos alunos.

Claparéde (1873-1940), utilizou o termo "educação funcional" para


descrever a abordagem educacional que busca desenvolver os processos
mentais, não apenas por si, mas em relação à sua utilidade para a ação presente
ou futura, ou seja, para a vida na totalidade. A educação funcional busca atender
às necessidades e interesses da criança, tornando-se um processo interno e não
imposto externamente.

Essa abordagem enfatiza a magnitude da atividade vital para o ser


humano, sendo ao mesmo tempo, individualizada e social, promovendo a
interação e socialização entre os alunos. O objetivo é proporcionar uma
educação que seja significativa, relevante e que esteja em sintonia com as
dificuldades e interesses da criança, permitindo assim o desenvolvimento pleno
de suas capacidades mentais e sociais.

Piaget (1896-1980), renomado teórico da epistemologia, dedicou-se a


explicar a evolução da inteligência humana. Seu foco principal foi o estudo da
natureza do desenvolvimento intelectual em crianças. Ele advogou pelo uso do
método da observação, por intermédio da pedagogia experimental, para
compreender como a criança organiza mentalmente a realidade; enfatizou a
importância de estimular o pensamento da criança, colocando-a em situações
que a desafiem intelectualmente, e também defendeu que os professores devem
respeitar as diferentes etapas do desenvolvimento da criança, adaptando suas
abordagens apoiando as habilidades e necessidades individuais de cada
estudante.

Ao reconhecer e trabalhar com as particularidades do processo de


desenvolvimento cognitivo da criança, é possível promover uma educação mais
eficaz e adequada ao seu estágio de crescimento.

Cousinet (1881-1973), foi responsável pelo desenvolvimento do método


de trabalho em equipe, o qual consiste em diversas etapas:

a) Acumulação de informações por intermédio de pesquisas;

b) Exposição e elaboração das informações;

c) Correção dos erros;

d) Cópia individual dos resultados;

e) Realização de desenhos individuais;

f) Seleção do desenho mais significativo para ser arquivado na sala;

g) Leitura do trabalho em grupo;

h) Elaboração de uma ficha resumo.

Ele era defensor da liberdade no ensino e do trabalho coletivo,


acreditando que o trabalho em grupo possui valor pedagógico ao desenvolver
virtudes sociais, tais como cooperação, auxílio mútuo, espírito de sacrifício,
camaradagem e lealdade. Além disso, ele acreditava que essa abordagem
fortalece o senso de grupo e colaboração entre os alunos.

2.1 O emprego dos materiais didáticos na educação básica

É fundamental que o professor saiba como utilizar de forma efetiva um


material didático em sala de aula, para que esse recurso exerça seu papel como
mediador da aprendizagem. Nesta perspectiva, Zoppo (2020), esclarece sobre
a importância em compreender que o material didático nunca deve ultrapassar a
categoria de meio, ou seja, auxiliar de ensino, sendo uma alternativa
metodológica tanto para o professor quanto para o aluno. É essencial
compreender que o material didático por si só não garante um bom ensino nem
uma aprendizagem significativa, e ele não substitui a presença do professor.

Todo material utilizado na sala de aula deve ser cuidadosamente


selecionado e avaliado, pois, independentemente de quão estimulante possa
parecer, o aspecto mais importante é a experiência significativa que o material
proporcionará aos estudantes na compreensão dos conteúdos. O professor
desempenha um papel fundamental ao guiar e contextualizar o uso do material
didático, garantindo que ele seja integrado de maneira adequada ao processo
de ensino-aprendizagem, enriquecendo a experiência educacional dos alunos.
Corroborando, Justino (2013, p. 108 e 109):

No contexto educacional, o material didático é a ligação entre a teoria


(palavra) e a prática (realidade). Quando a aprendizagem não pode
ocorrer a partir das experiências de vida, isto é, a partir do meio onde
o aluno está inserido, o uso do material didático pode possibilitar esse
aprendizado, representando, da melhor forma possível, saudações que
favoreçam a compreensão do aluno. O material didático pode tornar
concreto o que é estudado por meio de palavras, compapel importante
no trabalho docente de todas as disciplinas. É preciso lembrar que o
material didático por si só não contempla o que é necessário para uma
boa aula. É preciso que o professor, além do conhecimento que
adquiriu e adquire constantemente, saiba utilizá-lo de forma criativa
para tornar suas aulas dinâmicas e interessantes.

Nesse sentido, a referida autora reafirma que a incorporação dos


materiais didáticos nas escolas ocorreu gradualmente, influenciada por diversos
educadores como Rousseau (1712-1758), Pestalozzi (1746-1827), Herbart
(1776-1841), Froebel (1782-1852), Decroly (1871-1932) e Montessori (1879-
1952). Esses educadores desempenharam um papel importante ao estabelecer
as bases teórico-metodológicas para a utilização desses recursos no processo
educacional. Eles compreenderam a importância fundamental de aprender a
aprender e, portanto, sentiram a necessidade de criar modelos de ensino que
atendessem às demandas educacionais reais, levando em consideração o
avanço científico e tecnológico.
Durante muito tempo, educadores e demais envolvidos com a educação
dedicaram-se a criar, desenvolver e aprimorar materiais didáticos pedagógicos,
visando facilitar a aprendizagem e promover a melhoria da qualidade do
processo educativo. O interesse em explorar e utilizar esses recursos visava
oferecer suporte e enriquecer a experiência educacional, buscando estratégias
mais eficientes para engajar os alunos e tornar o ensino mais eficaz.

Ao produzir recursos e materiais didáticos para educação básica, Zoppo


(2020), esclarece que o trabalho realizado pelo professor em sala de aula é
estruturado de maneira organizada, intencional e sistemática, para promover a
formação integral do aluno. Nesse sentido, é responsabilidade do professor
planejar cuidadosamente as atividades de ensino, levando em consideração as
necessidades individuais de cada estudante, além de selecionar os recursos
adequados e definir as formas de avaliação.

Ao selecionar os materiais, é preciso considerar os elementos que


fazem parte do processo educacional: os sujeitos envolvidos
(professor e aluno), os objetivos visados (as metas de ensino e
aprendizagem a serem atingidas) e a situação de aplicação (tempo,
espaço, equipamentos, tipos de materiais) (JUSTINO, 2013, p. 112,
grifos do autor).

Antes de entrar em sala de aula, o professor deve ter previamente


selecionado ou produzido um material didático que seja capaz de auxiliar no
processo de mediação entre o estudante e os objetos de conhecimento. Esse
material tem o propósito de facilitar a compreensão, a aprendizagem e a
interação do aluno com os conteúdos abordados, sendo uma ferramenta
essencial para promover um ensino eficaz. O professor desempenha um papel
crucial ao escolher e utilizar esses recursos, garantindo que sejam adequados
ao contexto educacional e capazes de promover uma experiência de
aprendizagem significativa para os estudantes.

Cabe ressaltar que o recurso pedagógico em si não abrange o conjunto


de elementos indispensáveis a uma aula de qualidade. É imprescindível que o
docente, além de possuir e aprimorar constantemente seu conhecimento, seja
capaz de empregá-lo de maneira inventiva, a fim de conferir dinamismo e
atratividade às suas aulas.
A finalidade do material didático em sala de aula é propiciar o
aprendizado ao aluno, oferecendo a ele um ensino de qualidade, em
que associe o conhecimento já adquirido aos novos. Para tanto, o
professor deve atender aos critérios de qualidade na escolha dos
materiais a serem utilizados, tendo em mente a importância deles à
bem como sua influência na aprendizagem (JUSTINO, 2013, p. 112).

Deste modo, consoante a Nérici (1971) citado por Zoppo (2020) as


atribuições do material didático são as seguintes:

1. Aproximar o discente da realidade do conteúdo a ser ensinado,


proporcionando-lhe uma compreensão mais precisa dos eventos ou
fenômenos investigados;
2. Estimular o interesse pela aula;
3. Favorecer a percepção e a compreensão dos eventos e conceitos;
4. Concretizar e exemplificar o que está sendo verbalmente apresentado;
5. Minimizar os esforços necessários para conduzir os alunos à
compreensão dos eventos e conceitos;
6. Contribuir para a consolidação da aprendizagem por meio de uma
impressão mais vívida e sugestiva que o material pode suscitar;
7. Proporcionar oportunidades para a expressão de habilidades e o
desenvolvimento de competências específicas por parte dos alunos,
seja através da manipulação de dispositivos ou da sua própria
construção.

Outrossim, conforme Justino (2013), os recursos pedagógicos


apresentam diversas características que podem ser combinadas para apoiar a
elaboração de um planejamento de atividades que estimulem a motivação,
despertando o interesse e a participação dos estudantes.

Quando viável, é recomendável que o professor ofereça oportunidades


aos alunos para que eles próprios confeccionem os materiais a serem utilizados.
Dessa maneira, será possível despertar o interesse e a curiosidade em relação
ao tema a ser abordado em sala de aula, além de proporcionar satisfação através
da realização da atividade.

Podemos conceber qualquer recurso utilizado no processo educativo


como material didático, uma vez que seu propósito é facilitar a aprendizagem.
Existem diversos tipos de materiais empregados para facilitar a compreensão
dos alunos, variando desde os mais especializados até os menos
especializados. Por exemplo, jornais e revistas podem ser excelentes recursos
tanto para os estudantes quanto para os professores, quando utilizados para
pesquisa de notícias e assuntos relacionados à sociedade, entre outros temas
que ofereçam informações relevantes sobre a atualidade.

No entanto, quando seu uso não é direcionado para ser um recurso


didático, esses materiais tornam-se menos especializados em comparação, por
exemplo, com vídeos preparados pelas Secretarias de Educação, que servem
como auxílio no trabalho com temas transversais.

Dessa maneira, os recursos pedagógicos são ferramentas utilizadas pelos


profissionais envolvidos no processo educativo - educadores e investigadores -
com o propósito de realizar a prática pedagógica, com o intuito de promover a
construção do saber por meio da interpretação e utilização das tecnologias
educacionais presentes nesse contexto (JUSTINO, 2013).

2.2 Resumindo

Nesta aula aprendemos, que a utilização de meios, tais como exemplares


e recursos pedagógicos, para ilustrar as aulas não constitui uma prática recente,
vindo desde a obra Didática Magna de Comenius, veiculada em 1657. Embora
não exista uma fórmula pronta para o emprego de cada recurso, é crucial
ressaltar que a atenção cuidadosa por parte do professor está diretamente
relacionada à efetividade do material.

Todo recurso utilizado no ambiente de sala de aula deve ser


criteriosamente escolhido e avaliado pelo educador, haja vista que,
independentemente do quão estimulante possa parecer, o recurso pedagógico
em questão jamais deve transcender a classificação de instrumento
complementar de ensino, configurando-se como uma opção metodológica tanto
para o docente quanto para o discente. É imperativo compreender que o recurso
pedagógico, por si só, não assegura uma instrução de qualidade nem uma
aprendizagem de relevância, e ele não substitui a presença ativa do professor.
Além dos recursos pedagógicos prontos para serem utilizados em sala, é
viável também a criação de outros materiais por meio de parcerias entre
estudantes e professores, seja utilizando materiais recicláveis ou até mesmo na
forma digital, como jogos, vídeos, slides, entre outros

3 Material didático, definição e atribuição

As ferramentas de ensino devem obedecer ao princípio de atender às


exigências do aprendizado, com efetividade e desempenho, e não com o
propósito de diminuir o esforço do educador. Do ponto de vista de Justino (2013),
a efetividade do processo de ensino-aprendizagem está associada à qualidade
e quantidade dos conhecimentos construídos e compartilhados, por meio da
interação com indivíduos e o ambiente, de forma autônoma e com o auxílio do
professor. A maneira e as estratégias pelas quais o educador utiliza os recursos
pedagógicos o auxiliarão a alcançar os objetivos estabelecidos por ele,
relacionados ao tópico em questão. Portanto, é necessário adquirir
conhecimento sobre os diferentes tipos de recursos pedagógicos disponíveis
para auxiliar no desenvolvimento do processo educativo.

No passado, o material didático tinha como função principal ilustrar as


aulas e era apresentado aos alunos para reforçar o conteúdo explicado pelo
professor. Atualmente, a finalidade dos materiais vai além de ilustrar, eles
auxiliam os alunos no trabalho a ser desenvolvido, incentivando-os a investigar,
descobrir e construir conhecimento. Dessa maneira, tornam o processo de
ensino-aprendizagem mais dinâmico, proporcionando oportunidades para
enriquecer as experiências dos alunos e aproximá-los da realidade.

Com o contínuo avanço das tecnologias, muitos materiais foram


aprimorados e modernizados. Portanto, é crucial que as escolas incorporem
essas tecnologias, pois elas desempenham um papel importante na melhoria da
qualidade do ensino, em conjunto com as inovações na prática pedagógica. No
entanto, é importante destacar que não basta apenas utilizar a tecnologia, é
necessário também inovar em termos de prática pedagógica.

Do mesmo modo, segundo Bandeira (2017), a informatização das


sociedades é resultado dos esforços científicos, tecnológicos e políticos, fruto de
um rápido avanço decorrente da colaboração entre governos e organizações:
desde a origem e desenvolvimento da internet, no período entre os anos de 1960
e 1980, até a consolidação dos usos da rede e a proliferação de dispositivos de
comunicação, como os telefones celulares, na década de 1990, e o surgimento
das redes sociais e diversas outras ferramentas digitais, como blogs e
repositórios digitais, que se popularizaram por volta dos anos 2000.

Dessa forma, dentre as várias transformações ocorridas nesse intervalo,


que culminaram na caracterização da chamada sociedade da informação,
destaca-se a implementação de um conjunto de tecnologias que contribuíram
para a expansão do trabalho colaborativo on-line.

Nesse contexto, muitas pessoas já possuíam os recursos materiais e


cognitivos para acessar a internet, e uma ampla gama de serviços foi viabilizada
pelo uso das redes eletrônicas, tais como transações bancárias e comunicação
por e-mail ou chat entre entidades públicas e cidadãos.

As tecnologias de informação e comunicação (TIC) desempenham um


papel crucial na redução das barreiras de tempo e espaço na sociedade,
facilitando a circulação de textos, imagens, áudios e vídeos por meio das redes
de informação. Nesse sentido, a educação desempenha um papel fundamental,
pois é necessário aprender a produzir, distribuir e compartilhar informações para
expandir significativamente o conhecimento.

Nesta perspectiva, Karling (1991) introduz uma nova taxonomia em que


as tecnologias ganham destaque em relação ao paradigma anterior. Conforme
mencionado por esse autor, os recursos instrucionais podem ser categorizados
em:

1. Recursos perceptivos: Esses recursos pretendem apoiar o processo


de educação e aprendizagem, uma vez que a visualização do material
desperta a atenção do estudante para o conteúdo em questão. São
elementos que exibem ícones, os quais, por meio da percepção visual,
fornecem a exposição da mensagem pretendida. Entre os recursos
perceptivos estão o álbum seriado, cartazes, diafilmes, diagramas,
espécimes e exposições.
2. Recursos acústicos: Esses recursos visam promover a
aprendizagem por meio da audição. Incluem elementos sonoros,
como gravações de áudio, podcasts, palestras gravadas, entrevistas
em formato de áudio e narrativas auditivas.
3. Recursos audiovisuais: Esses recursos combinam elementos
visuais e acústicos para enriquecer a experiência de aprendizagem.
Abrangem materiais como vídeos educacionais, animações,
documentários, apresentações multimídia e aulas em vídeo.
4. Recursos multimodais: Essa categoria engloba materiais que
utilizam múltiplos recursos, como texto, imagens, áudio e vídeo, de
forma integrada. Proporcionam uma abordagem ampla e diversificada
para a aprendizagem, podendo incluir recursos como livros interativos,
aplicativos educacionais, jogos educativos e ambientes virtuais de
aprendizagem.

O quadro a seguir apresenta um resumo dos recursos mais utilizados na


educação básica, consoante a Justino (2013):

Quadro 1 – Recursos pedagógicos mais utilizados

Quadro de giz, flanelógrafo, imantógrafo,


cartazes, mapas, flip-chart (bloco de
papel), álbum seriado, dispositivos,
diafilmes, retroprojetor (transparências),
fotografias, mural didático, objetos,
Recursos visuais
holografia.

Recursos auditivos Rádio, discos, fita magnética, CD, DVD.

Recursos Dispositivos com som, diafilmes com


audiovisuais som, cinema sonoro, televisão,
tradicionais videocassete, aparelho DVD.
Recursos CD-ROM, bases de dados, pacotes
audiovisuais estatísticos, softwares, projetor de
integrados ao multimídia.
computador

Recursos Bases de dados, e-mail, áudio e


audiovisuais videoconferências.
baseados na internet

Fonte: Justino (2013, p. 116)

Essa classificação, proposta por Karling (1991), ressalta a importância


das tecnologias como ferramentas de apoio ao processo educativo, oferecendo
uma variedade de recursos para aprimorar a experiência de ensino e
aprendizagem.

Segundo Bandeira (2017), é importante ressaltar que muitas das decisões


tomadas pelas editoras nesse ramo específico também são influenciadas pelas
exigências do mercado e do público-alvo. Por exemplo, produzir materiais
didáticos consoante os critérios de avaliação dos programas governamentais de
distribuição para o ensino médio.

Consequentemente, uma definição de material didático é amplamente


difundida e influenciada pelos documentos das políticas públicas para a leitura
no Brasil, ações estabelecidas a partir da década de 1990, especialmente pelo
Ministério da Educação (MEC), visando implementar programas para o livro
escolar.

Entre os programas implementados pelo MEC na educação básica,


destacam-se as políticas educacionais nas áreas de alfabetização, leitura e
capacitação dos profissionais da educação. Essas ações abrangem a
aprendizagem dos alunos, visam valorizar os educadores e têm como meta
melhorar a infraestrutura física e pedagógica das escolas, sendo a maioria delas
executadas como apoio aos órgãos estaduais e municipais.
Um aspecto importante das políticas educacionais do MEC são os
programas direcionados à alfabetização. Em 2007, por exemplo, pesquisadores
envolvidos na produção de uma série sobre alfabetização para o Ministério
levantaram diversas questões com base nas perguntas feitas por professores da
educação básica sobre o uso do livro didático em suas práticas de ensino.

As várias edições do PNLD desempenharam um papel fundamental na


ampliação do uso do livro didático nas escolas, além de contribuírem para a
atualização das concepções relacionadas ao ensino da língua portuguesa e da
alfabetização.

3.1 O livro didático como ferramenta pedagógica

O livro didático é um dos meios empregados com maior regularidade nas


instituições educacionais do Brasil. Outrossim, Zoppo (2020), afirma que isso
ocorre em virtude de diversos elementos, tais como a sua acessibilidade
facilitada, capaz de contribuir para a estruturação do material didático e para o
arranjo da sessão de ensino, frequentemente poupando o tempo do educador
na criação de tarefas. Ademais, é importante ressaltar que o livro didático
constitui uma fonte de pesquisa variada acerca dos temas a serem abordados.

E ainda, a referida autora discorre que no território brasileiro, o livro


didático emergiu aproximadamente no século XIX, período em que o acesso à
educação deixou de ser exclusividade da elite. Nessa conjuntura, esse
instrumento educativo congregava todos os conhecimentos que deveriam ser
transmitidos aos discentes. À medida que o ensino foi desmembrado em
matérias distintas ao longo desse mesmo século, o livro começou a ser
concebido por docentes especializados, assumindo, nesse momento, o papel
primordial de estruturar e orientar as aulas.

A partir do ano de 1938, mediante a promulgação do Decreto-lei 1.006, o


manual pedagógico adquiriu a condição de recurso educativo, adotando uma
perspectiva político-ideológica. Os docentes selecionavam os livros de uma lista
previamente estabelecida pelo Estado, conforme as regulamentações dispostas
no artigo 208, inciso VII, da Constituição Federal do Brasil de 1937. Nesse
dispositivo, estabeleceu-se a responsabilidade estatal com a educação por meio
de programas complementares e de material didático escolar.

No que diz respeito ao papel desempenhado pelo manual pedagógico,


conforme argumentado por Zoppo (2020), frente às contínuas mudanças
tecnológicas que a sociedade tem enfrentado, o livro didático mantém sua
relevância no ambiente escolar, pois os conhecimentos contidos nele estão de
certa maneira organizados e isso pode auxiliar o docente na estruturação das
atividades de ensino-aprendizagem. Contudo, o educador não deve restringir
sua prática pedagógica à utilização exclusiva do livro didático: é imperativo
diversificar os recursos didáticos empregados para enriquecer as aulas.

Na atualidade, é possível observar nos livros didáticos como uma


ampliação dos materiais anexados ao próprio livro, como adendos para
produção de diversos materiais e indicações de fontes em plataformas digitais,
como objetos de aprendizagem, sítios, produções cinematográficas, vídeos,
entre outras sugestões. O educador não deve limitar sua prática pedagógica ao
uso do livro didático: é essencial diversificar os materiais didáticos empregados
para enriquecer as aulas.

3.2 Parâmetros de avaliação: elementos das diretrizes governamentais


para a alocação do livro didático

A preocupação constante de todo educador é: como escolher o material


didático apropriado para cada contexto de ensino-aprendizagem no trabalho
pedagógico? Quais são as opções disponíveis de materiais didáticos e como
utilizá-los na sala de aula?

Bandeira (2017), retrata que o processo de seleção e avaliação do


material didático é uma tarefa demorada e complexa, envolvendo professores,
gestores e, por vezes, até mesmo alunos e a comunidade escolar.

No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão responsável por


estabelecer critérios de avaliação para os livros didáticos. A maioria dos guias
de avaliação concentra-se em duas etapas: a primeira aborda aspectos
relacionados à sua materialidade (suporte, design e layout), enquanto a segunda
está relacionada à garantia dos indicadores de qualidade estabelecidos para o
conteúdo.

Durante um longo período, entre as décadas de 1960 e 1970, o livro


didático era concebido como um modelo vinculado aos manuais escolares, cujo
objetivo principal era apresentar o desenvolvimento do conteúdo curricular, em
detrimento de uma abordagem mais sintética que pudesse apoiar o processo de
ensino e aprendizagem.

Em relação a essa perspectiva, Zoppo (2020, p. 56) afirma que:

O Programa Nacional do livro didático (PNLD) é um programa cujo


objetivo é destinar obras didáticas e literárias de forma gratuita às
escolas públicas e instituições filantrópicas que tenham o apoio do
governo, visando contribuir com a prática pedagógica do professor.
Com mais de 80 anos, esse programa vem sendo aperfeiçoado ao
longo do tempo. A primeira iniciativa do projeto ocorreu em 1937 com
a criação da Instituto Nacional do Livro, mas foi em 1985 que o governo
federal criou o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) por meio
do decreto 91.542, de 19 de agosto de 1985, para distribuir livros
escolares a todos os alunos matriculados nas escolas públicas de
ensino fundamental do país.

Atualmente, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é executado


pelo governo em etapas sucessivas, abrangendo os quatro níveis da educação
básica: educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do
ensino fundamental e ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) é
responsável pela seleção inicial, elaboração do guia PNLD, aquisição e
distribuição dos materiais.

As obras são distribuídas para todas as escolas públicas cadastradas no


censo escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP). A entrega é
realizada pelos Correios mediante um contrato estabelecido com o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), onde a empresa contratada
recolhe diretamente o material das editoras e efetua a entrega nas escolas.

Os livros submetidos ao PNLD passam por uma avaliação técnica e


pedagógica coordenada pelo MEC. Após essa avaliação, os livros são
aprovados e incluídos na lista disponibilizada no guia do PNLD, para que a
escolha dos livros seja feita por todos os segmentos da escola. É possível
considerar que esse programa governamental desempenha um papel importante
no processo de ensino em todas as escolas brasileiras (ZOPPO, 2020).

Deste modo, para Luz (2016), o livro didático como material pedagógico
desempenha um papel valioso no acesso à cultura e no desenvolvimento da
educação. Em muitos lares brasileiros, ele assume a posição de primeiro livro,
estabelecendo as bases para o hábito da leitura e o processo de aprendizagem.
Ao longo de dois séculos, desde os primeiros manuais didáticos produzidos no
Brasil, os livros passaram por inúmeras transformações, para acompanhar as
novas dinâmicas presentes nas salas de aula e contribuir para uma
aprendizagem significativa.

Esses avanços refletem o compromisso da indústria editorial em


incorporar novas tecnologias, avanços metodológicos, recursos visuais,
diretrizes governamentais e atender à demanda dos educadores por materiais
de qualidade que promovam valores de cidadania.

3.3 Resumindo

Nesta aula, tivemos a oportunidade de refletir sobre a importância das


ferramentas de ensino em atender às necessidades de aprendizagem com
eficácia e desempenho, em vez de apenas buscar facilitar o trabalho do
educador. Ao contrário do passado, quando sua função principal era ilustrar as
aulas e reforçar o conteúdo apresentado aos alunos, os materiais educacionais
têm passado por constantes melhorias e modernizações com o avanço das
tecnologias. No entanto, é importante ressaltar que não basta simplesmente
utilizar a tecnologia, é necessário também inovar em termos de práticas
pedagógicas.

Durante a aula, foram apresentados os critérios utilizados para avaliar a


qualidade do livro didático, considerado, pela maioria dos especialistas, como o
recurso educacional mais aceito, democrático e abrangente.

Além de fornecer uma breve contextualização sobre a utilização do livro


didático no Brasil, foram mencionados alguns critérios a serem considerados na
seleção do material. Também foi abordado o conceito do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) e seu objetivo dentro do contexto do governo federal.

Em conclusão, é importante ressaltar que o livro didático é apenas um dos


recursos disponíveis para os professores, devendo ser utilizado em conjunto
com outras ferramentas trazidas para a sala de aula. Exatamente por isso, tem
sido considerado um fio condutor na educação.

4 Desenvolvimento de materiais didáticos alinhados ao planejamento

O planejamento de ensino é um documento que contém os objetivos


gerais e específicos, os conteúdos a serem abordados, a metodologia de
desenvolvimento e os recursos utilizados. Podendo estabelecer metas a serem
alcançadas em curto, médio ou longo prazo. Nesta perspectiva, Zoppo (2020),
afirma, que uma preparação adequada para as aulas é essencial, pois
improvisos e atividades descontextualizadas não são recomendados. Portanto,
para a elaboração dos planos de aula é imprescindível, por permitir aos
professores organizarem objetivos significativos, metodologia e avaliação
coerentes.

É de extrema importância ter uma clareza abrangente do que será


realizado durante a aula. Um plano de aula detalhado deve ser elaborado,
incluindo o tema a ser abordado, os objetivos a serem alcançados, o material a
ser utilizado ou disponibilizado aos alunos, além das atividades a serem
realizadas. Distribuir adequadamente o tempo para cada etapa do processo de
ensino e aprendizagem promove um desenvolvimento mais efetivo das
atividades em geral.

Nesse sentido, é evidente que a aula começa antes mesmo do professor


entrar na sala, pois sua preparação é resultado do diagnóstico da realidade na
qual irá atuar. Portanto, o ato de planejar uma aula é uma das responsabilidades
mais importantes do professor, sua preparação é uma das atividades essenciais
no trabalho educacional.

Nada substitui a relevância da preparação adequada da aula em si. Essa


tarefa está intrinsecamente ligada à competência teórica do professor e aos
compromissos com a democratização do ensino. Ao planejá-la, o professor
estabelece objetivos claros, define os conhecimentos que serão abordados e cria
desafios que incentivam os alunos a aprender.

Dessa forma, fica evidente que o planejamento requer reflexão, pesquisa


e cuidado, uma vez, que deve prever uma ampla variedade de recursos e
estratégias para atender às diferentes demandas que surgirão ao longo do
processo de ensino-aprendizagem. O plano de aula não pode ser considerado
uma atividade aleatória, por estabelecer métodos, recursos e objetivos a serem
alcançados em um dia de aula. Evidente a esta colocação, Justino (2013, p. 82)
esclarece:

O sujeito pode ser considerado em atividade quando o objetivo da ação


é o motivo de sua atividade. Diferenciando as atividades teóricas das
práticas, é o objeto, o motivo, que sempre responde à necessidade
criada pelo sujeito, direcionando-o para a realização da atividade.

Para promover uma prática docente eficaz, um plano de aula deve ser
elaborado seguindo uma estrutura organizada, na qual todas as ações sejam
intencionalmente pedagógicas.

É a partir dos objetivos que os conteúdos de um componente curricular


são estabelecidos. Se almejo que meus alunos sejam participativos e críticos,
não posso considerar os objetivos apenas como um fim em si; o componente
curricular deve ser utilizado como um meio para alcançar projetos mais amplos.
Os objetivos educacionais são essenciais para o trabalho docente, exigindo que
o professor os expresse ativamente, tanto no planejamento escolar quanto no
desenvolvimento das aulas.

Os conteúdos e os objetivos devem estar interligados, pois os conteúdos


são os recursos utilizados para atingir um objetivo maior. Com objetivos e
conteúdo definidos, o professor seleciona os procedimentos didáticos a serem
utilizados para alcançar esses objetivos, ou seja, define a metodologia de ensino.
Esses procedimentos compreendem atividades, métodos, técnicas e
modalidades de ensino escolhidos com o propósito de facilitar a aprendizagem.
São diversas formas de organizar as condições externas mais adequadas para
promover a aprendizagem.
A avaliação é a estratégia que o professor utiliza em sala de aula para
avaliar a assimilação pelos alunos de um determinado conteúdo. A avaliação
deve estar relacionada aos objetivos da aula. Por meio dela, o professor pode
refletir sobre suas práticas, o desempenho dos estudantes e, assim, rever algo
que não tenha ficado claro para eles (ZOPPO, 2020).

Nesta perspectiva, Justino (2013), define que durante a prática


pedagógica, o professor tem a oportunidade de observar e avaliar a eficácia de
seus métodos e abordagens de ensino, buscando soluções práticas por meio da
pesquisa para os problemas identificados.

Além de elaborar e planejar as atividades, e ter um domínio do conteúdo


a ser trabalhado, o professor também precisa selecionar e determinar quais
materiais ou recursos didáticos serão utilizados. Nesse processo, é importante
considerar critérios que permitam utilizar e avaliar como esses materiais
didáticos podem contribuir para a ocorrência de uma aprendizagem significativa.

4.1 A relação entre o processo de ensino-aprendizagem e os materiais


didáticos

Os materiais didáticos desempenham um papel importante como


ferramentas e recursos de apoio para a prática docente. Justino (2013), retrata
que, para sua elaboração e utilização, é crucial considerar a busca por uma
aprendizagem significativa, pois isso promove a conexão com as questões do
cotidiano do aprendiz.

É interessante que o aluno participe ativamente da construção dos


materiais utilizados, a fim de facilitar esse processo de aprendizagem. Existem
diversas opções de materiais a serem utilizados em sala de aula, desde aqueles
feitos com materiais reciclados até o quadro negro, televisão e os recursos mais
modernos que envolvem novas tecnologias.

A seguir, serão apresentados alguns materiais didáticos necessários e


essenciais para o processo de ensino-aprendizagem.

 Sucatas
Sucatas são materiais considerados inúteis que podem ser reciclados,
reaproveitados e transformados em objetos com diversas finalidades, como
artesanato, decoração, recreação, educação, entre outros.

Na escola, o uso de sucatas como material didático oferece benefícios


significativos. Quando os alunos participam da criação desses materiais,
sentem-se motivados e estimulados criativamente, despertando o interesse nas
atividades propostas.

Ao utilizar sucatas na confecção de materiais, o professor proporciona aos


alunos o desenvolvimento de estruturas cognitivas essenciais para a autonomia
e a construção do conhecimento. Quando as sucatas são utilizadas para criar
novos sentidos e significados, elas possibilitam aplicar ações pedagógicas que
estimulam a criatividade na confecção de materiais diferenciados, motivando e
facilitando a aprendizagem.

Quando transformadas em materiais pedagógicos, se tornam recursos


motivadores e enriquecedores do processo educativo. O objetivo da construção
desses materiais é proporcionar aos alunos a oportunidade de estimular e
desenvolver sua percepção visual e tátil, coordenação motora e habilidades de
linguagem oral.

Existem diversos exemplos de sucatas que podem ser utilizados na


criação de materiais educativos, como garrafas PET, tampas plásticas, caixas
de leite, papelão, revistas, jornais e outros materiais recicláveis. Essas sucatas
são excelentes para a confecção de materiais didáticos, atendendo a dois
aspectos importantes. Em primeiro lugar, possuem baixo custo, tornando viável
o seu uso nas escolas. Em segundo lugar, contribuem para o desenvolvimento
da consciência ecológica dos alunos, atendendo a uma necessidade da
sociedade atual (JUSTINO, 2013).

 Massinha ou massa de modelar

No ambiente escolar, as crianças têm grande afinidade com a massinha


de modelar. Quando participam da preparação dessa massinha, a atividade se
torna animada e divertida, permitindo que aprendam como ela é feita. A
massinha de modelar é um material de fácil manuseio e possibilita a criação de
uma variedade de objetos, como bonecos, animais, frutas, legumes, entre
outros. É importante ressaltar que a massinha utilizada deve ser adequada para
crianças, considerando sua segurança e faixa etária (JUSTINO, 2013).

 Quadro de giz ou quadro branco

No passado, especificamente até o século XIX, o quadro de giz era


amplamente utilizado pelos professores, uma vez que os alunos tinham acesso
limitado aos livros. Nesse contexto, o professor escrevia no quadro um resumo
do conteúdo para os alunos poderem estudar. Atualmente, embora muitos
professores ainda utilizem o quadro para essa finalidade, outros o utilizam
apenas para demonstrar exercícios e fazer explicações.

O quadro de giz é empregado pelos professores principalmente quando o


assunto abordado é de difícil apresentação e representação por meio de outros
materiais. Sempre que possível, é recomendável que os alunos também utilizem
o quadro como ferramenta de aprendizado. É importante que o quadro seja
dividido adequadamente em duas ou três partes, dependendo de seu tamanho.
No entanto, deve-se evitar a transcrição de longos textos. Ao escrever, o
professor deve evitar ficar de costas para a classe, a fim de não ocultar o que
está sendo escrito.

Atualmente, algumas escolas adotam o uso do quadro branco magnético,


feito com um laminado de fórmica branca brilhante. Ele possui um suporte para
canetas especiais desse tipo de quadro e um apagador. Além das anotações
feitas com a caneta, é possível fixar ímãs nele. O quadro branco magnético pode
ser instalado na sala de aula tanto na posição vertical quanto na horizontal.

O quadro de giz é um instrumento utilizado pelos professores para auxiliar


na exposição de conteúdo e ilustrar a aula, oferecendo algumas vantagens, tais
como:

a) Boa visibilidade do que é escrito no quadro;

b) Disponibilidade fácil do material, já que todos os estabelecimentos de


ensino possuem quadros de giz;

c) Possibilidade de complementar outros recursos didáticos;


d) Uso constante tanto por parte dos professores quanto dos alunos
(JUSTINO, 2013).

 Quadro expositor

É um recurso versátil que serve para expor diferentes elementos. Pode


ser confeccionado em materiais como papelão, cartolina ou madeira. Na escola,
ele pode ser utilizado de diversas maneiras, como, por exemplo:

 Disponibilizar os livros de leitura para os alunos terem fácil acesso a


eles.
 Utilizar como um quadro de chamada, onde os alunos colocam
crachás com seus nomes.
 Expor os trabalhos realizados em sala de aula.

Como podemos perceber, há diversas possibilidades de uso para esse


recurso, sendo necessário apenas ter criatividade. É um material que pode ser
aproveitado em todas as disciplinas (JUSTINO, 2013).

 Cartazes

São recursos visuais, com o propósito de transmitir mensagens


amplamente, buscando alcançar o maior número possível de pessoas. Eles são
considerados meios de comunicação em massa e podem abordar temas
religiosos, políticos, comerciais, campanhas educativas, utilidade pública,
campanhas de vacinação, recomendações, sugestões, entre outros. A
composição dos cartazes pode incluir ações ou sequências de ações, utilizando
fotografias, desenhos, recortes de jornais e revistas, entre outros elementos.

Na escola, especialmente na sala de aula, os cartazes são utilizados


visando motivar e fornecer informações aos estudantes. É importante que os
cartazes abordem apenas um tema e que o texto seja conciso e objetivo. Um
cuidado relevante na elaboração dos cartazes, além do tamanho do texto, é o
tamanho da fonte utilizada. Quando o texto é longo e apresenta letras
desproporcionais, o cartaz pode se tornar visualmente cansativo,
desencorajando as pessoas a lerem o seu conteúdo (JUSTINO, 2013).

 Mural
O mural didático é um recurso muito interessante utilizado para expor
textos e ilustrações na sala de aula. Sua finalidade é despertar o interesse dos
alunos, introduzir novos conteúdos, complementar as aulas e também servir
como uma forma de avaliação dos temas estudados.

Diferente do cartaz, o mural didático requer explicações e comparações,


sendo mantido na sala de aula para auxiliar na compreensão e aprendizagem
dos alunos sobre o conteúdo abordado. Esse material pode ser fixo ou móvel,
sendo retangular e tendo sua base feita de isopor, cortiça, madeira, papelão,
forrada com feltro, flanela, plástico, entre outros materiais. Geralmente, possui 1
metro de largura e o comprimento varia consoante o tamanho da sala, podendo
ocupar uma parede inteira ou não.

Ao utilizar o mural didático, o professor deve considerar alguns detalhes


que influenciam sua utilização na sala de aula:

 A mensagem transmitida precisa ser clara e simples;


 O título deve ser conciso e chamativo, apenas para chamar a atenção;
 Na ilustração da mensagem, podem ser utilizados objetos, fotografias,
ilustrações, tabelas, gráficos, entre outros recursos visuais;
 No texto, devem ser apresentados detalhes e explicações mais
aprofundados.

Esse tipo de mural desperta a atenção e o interesse dos estudantes,


transmitindo informações e conhecimentos, além de motivar e estimular o
trabalho em grupo. Também auxilia os estudantes na formação de opiniões,
proporcionando diversas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem
(JUSTINO, 2013).

 Varal

Uma opção bastante interessante para ser utilizada em sala de aula é o


varal didático. Essa ferramenta consiste em fixar fios em um quadro de giz,
parede ou qualquer outra superfície adequada. Esses fios têm a finalidade de
sustentar trabalhos feitos em cartolina, papel sulfite ou outros materiais similares.
Os trabalhos são pendurados no varal seguindo uma ordem lógica conforme o
desenvolvimento da aula. A confecção do varal é bastante simples: basta fixar
os fios e preparar os materiais, como cartolinas, papel sulfite, papel cartaz, entre
outros, com conteúdo relacionado ao tema de estudo. As folhas podem ser
presas no varal mediante dobraduras, ganchos ou grampinhos de roupa, sendo
a dobradura a opção mais prática (NÉRICI, 1971).

 Imagens

As imagens, como gravuras, fotografias, pinturas e ilustrações, são


exemplos de linguagem visual. A arte dos ícones é considerada uma das formas
de mídia mais antigas do mundo.

As imagens impressas são recursos visuais amplamente utilizados no


ambiente escolar. Além de enriquecerem as aulas expositivas, elas
proporcionam uma maior proximidade do aluno com a realidade dos
acontecimentos e fatos estudados. Isso estimula a curiosidade do aluno, facilita
a assimilação do conteúdo e auxilia no desenvolvimento de sua criatividade.
Esses materiais são simples, acessíveis, com um custo baixo.

Dependendo do contexto da atividade realizada em sala de aula, as


imagens podem se tornar objetos de pesquisa pelos alunos e servir como apoio
para o trabalho do professor. Elas podem ser utilizadas para diversos propósitos,
como motivação, exercícios de observação, exercícios orais, exercícios de
interpretação, exercícios de apreciação e ilustração (NÉRICI, 1971).

Ao utilizar imagens impressas, o professor deve observar algumas


diretrizes. É importante selecionar imagens alinhadas com as ideias
predominantes, evitando, detalhes excessivos. É recomendado utilizar um
número limitado de imagens de cada vez, seguindo uma ordem específica, para
evitar dispersão durante a apresentação. Durante a exploração das imagens, o
professor deve orientar os alunos a observar os detalhes e descrevê-los,
promovendo a interpretação deles (JUSTINO, 2013).

A ilustração é um recurso valioso que permite transformar pensamentos


e discursos em materiais visuais. O desenho pedagógico é especialmente útil
para criar ilustrações que auxiliam no desenvolvimento das aulas. Para utilizar
esse recurso, pode-se fazer uso de um quadro de giz ou cartazes, ambos
adequados para transmitir a mensagem aos alunos de forma mais eficiente
(NÉRICI, 1971).

As imagens usadas como materiais didáticos devem ter um tamanho


apropriado para que todos os alunos da sala possam visualizá-las
adequadamente.

 História em quadrinhos

As histórias em quadrinhos fazem parte da produção cultural, assim como


pinturas, esculturas, poemas e cinema.

As histórias em quadrinhos são amplamente utilizadas no processo de


alfabetização, por proporcionarem uma leitura agradável, e os desenhos
despertam a atenção e o interesse dos aprendizes. As imagens presentes nas
histórias em quadrinhos estimulam o interesse dos alunos, possibilitando uma
alfabetização visual. Além de serem consideradas um meio de comunicação e
uma forma de literatura, as histórias em quadrinhos oferecem várias vantagens
quando utilizadas na educação (JUSTINO, 2013).

 Retroprojetor

É um dispositivo utilizado para projetar imagens ampliadas de textos,


desenhos e outros elementos em uma tela ou parede. Essas imagens são
impressas em lâminas de plástico transparentes, conhecidas como
transparências.

O professor pode aproveitar as transparências para ilustrar suas aulas,


iniciar uma disciplina, realizar revisões e verificar conteúdos previamente
abordados. Esse material é de grande auxílio tanto para o processo de ensino
quanto para a aprendizagem, ao conseguir despertar o interesse e a
concentração dos alunos.

O retroprojetor é um recurso didático amplamente utilizado em salas de


aula, auditórios e salas de conferência. Sua utilização apresenta várias
vantagens: as transparências são leves e fáceis de transportar, substituem o
quadro negro de forma eficiente, são de fácil manuseio e permitem que a pessoa
que utiliza o retroprojetor mantenha o contato visual com a plateia. No entanto,
atualmente, seu uso diminuiu porque os projetores modernos permitem a
conexão direta com computadores e dispositivos de vídeo (JUSTINO, 2013).

 Datashow

O datashow é um dispositivo conectado ao computador e permite a


projeção de conteúdos de diversas mídias, como som e vídeo. É um recurso
amplamente utilizado para apresentações em sala de aula, palestras e
exposições de trabalhos variados (JUSTINO, 2013).

 Computador e o acesso à internet

A presença do computador e da internet torna as aulas interessantes e


estimulantes, tanto para o ensino quanto para a aprendizagem. O professor pode
utilizá-los de maneira a proporcionar aos alunos a construção do conhecimento
de forma agradável e instigante. A utilização do computador permite ao professor
ilustrar a aula através da visualização de conteúdo, como textos, slides, filmes,
vídeos, notícias, entre outros recursos.

Na atualidade, as tecnologias estão presentes em diversas atividades


humanas. Na área da educação, as novas tecnologias oferecem diferentes
ferramentas que podem auxiliar. O surgimento do computador pessoal e o uso
de recursos como TV, rádio e DVD resultaram no rápido desenvolvimento dessas
ferramentas educacionais e, consequentemente, no uso frequente de
representações audiovisuais no contexto escolar.

A integração das novas tecnologias, como informática e computador, com


os recursos didáticos cogita facilitar o processo educacional. Isso levou ao
surgimento de uma nova tecnologia conhecida como multimídia, que utiliza
diferentes meios para transmitir informações e conteúdos educacionais. Os
multimeios, ou multimídias, possibilitam uma abordagem mais abrangente e
interativa no ambiente educacional (JUSTINO, 2013).

 Multimídias

A utilização dos multimeios no contexto educacional integra diversas


tecnologias, como DVD, datashow, notebook, home theater, pendrive, MP3
player, MP4 player, celulares e outros dispositivos eletrônicos menores, em
benefício da aprendizagem. Ao utilizar os multimeios como material didático, os
professores devem fazê-lo adequadamente, considerando as necessidades de
aprendizagem dos alunos, a fim de obter resultados significativos na produção
do conhecimento.

Quando utilizados corretamente, os multimeios promovem o


desenvolvimento da criatividade dos alunos, facilitando a compreensão do
conteúdo apresentado no ambiente escolar e permitindo uma maior interação
entre professor e aluno. No entanto, é necessário que o professor não apenas
saiba manusear essas ferramentas, mas também as aproveite adequadamente
em sala de aula para estimular a aprendizagem dos alunos.

A introdução do computador na área educacional possibilitou o uso de


textos, imagens e sons em sala de aula, proporcionando o acesso a materiais
interativos. Ele pode ser considerado um recurso dinâmico de mediação entre o
professor e o aluno.

A utilização dos multimeios e multimídias na educação nos proporciona a


oportunidade de conhecer e utilizar as linguagens presentes nos diversos meios
de comunicação. Isso leva os alunos a se envolverem em um processo interativo,
reflexivo e socializador, preparando-os para a sociedade contemporânea.

Além dos materiais didáticos mencionados anteriormente, existem ainda


uma variedade de recursos disponíveis, tais como filmes, vídeos, gravador,
folders, jornais, revistas, mapas, museus, rádio, slides, televisão, livros didáticos
e paradidáticos, CDs, DVDs, entre outros.

A escolha dos materiais didáticos a serem utilizados desempenha um


papel crucial. Como o professor é o autor de sua prática e um profissional
reflexivo, é importante que ele tenha o cuidado de identificar e selecionar
recursos que possam motivar e estimular os alunos, contribuindo para o
desenvolvimento da reflexão sobre os conteúdos abordados. É fundamental
lembrar que os materiais didáticos precisam ser adequados aos objetivos de
aprendizagem. E que o professor faça um planejamento adequado,
estabelecendo os objetivos a serem alcançados e como os materiais didáticos
poderão auxiliar nesse processo. Dessa forma, as atividades educativas se
tornarão eficazes para o aprendizado.

4.2 Resumindo

Nesta aula, foi evidente a importância do planejamento na prática,


docente. Não é concebível uma instituição educacional sem um plano
educacional estruturado e um plano de ensino bem organizado para orientar o
professor na elaboração do plano de aula. O planejamento é essencial em todas
as ações humanas e indispensável, na prática de ensino, ao ser por meio dele
que se verifica se os objetivos educacionais foram alcançados, permitindo a
revisão de estratégias caso os resultados não sejam satisfatórios.

Um bom planejamento, no contexto educacional como o plano de aula,


possibilita a seleção adequada dos materiais didáticos e como eles podem
contribuir para o processo de ensino e aprendizagem.

Discutimos também a utilização do material didático, sua classificação e


importância. No entanto, é importante ressaltar que o material didático por si só
não é suficiente para garantir uma boa aula. O professor, além de possuir
conhecimento sólido e estar em constante aprendizado, precisa utilizá-lo de
maneira criativa, a fim de tornar suas aulas dinâmicas e interessantes. É a
combinação do material didático adequado com a habilidade pedagógica do
professor que promove uma experiência de aprendizagem enriquecedora para
os alunos.

5 Legislação relevante para a elaboração e avaliação de materiais


didáticos

A criação de materiais didáticos envolve uma sequência de atividades


cujo objetivo é estabelecer mecanismos eficazes de aprendizagem. Inicialmente,
é realizado um processo de análise das necessidades dos alunos, seguido pela
definição de objetivos e desenvolvimento dos materiais a serem implementados
e avaliados.
Nesse sentido, Castro et al. (2021), estabelece que é essencial buscar a
integração entre os diferentes formatos de materiais didáticos, como impressos,
digitais e audiovisuais, de forma que eles se complementem. É importante
considerar também as potencialidades e limitações de cada linguagem utilizada,
visando a troca de conhecimento, socialização e interação conforme as
diferentes abordagens pedagógicas.

Considerando a diversidade dos alunos em termos de condições físicas,


intelectuais, emocionais, origens socioeconômicas, crenças, etnias, gêneros e
contextos socioculturais, é fundamental que a escola seja acolhedora e inclusiva,
oferecendo materiais didáticos adequados que abranjam as diversas áreas do
conhecimento.

Para atender a essas necessidades, é recomendável desenvolver


materiais que englobem as diversas demandas, ampliando assim a oferta de
recursos didático-pedagógicos. Nesse processo, é significativo utilizar e
combinar diferentes meios de tecnologia da informação e comunicação (TIC). No
entanto, é imprescindível que a produção desses materiais esteja conforme as
orientações estabelecidas pela legislação educacional, a fim de garantir o
desenvolvimento adequado dos processos educacionais.

Visando aprimorar a qualidade dos livros didáticos, o Ministério da


Educação (MEC) promoveu, em 1994, uma avaliação abrangendo os conteúdos
programáticos, assim como os aspectos pedagógicos e metodológicos, dos dez
títulos mais utilizados em cada área de ensino fundamental. Os critérios
estabelecidos para essa avaliação foram divulgados no livro intitulado “Definição
de critérios para avaliação dos livros didáticos”.

A Resolução n.º 38 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de


Desenvolvimento da Educação (CD/FNDE n.º 38), datada de 15 de outubro de
2003, estabeleceu o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para o Ensino
Médio (BRASIL, 2003c). Em 2009 e 2012, foram publicados os primeiros e
segundos guias dos livros didáticos para o ensino médio, os quais continham
critérios de avaliação específicos para livros de Física nessa etapa.
Inicialmente, os critérios para análise dos materiais didáticos impressos
eram definidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).
Posteriormente, foram incorporados à Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), à Legislação em Educação a Distância (EAD), ao Parecer e à
Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE/CP) que instituem as
Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação de professores da
educação básica, bem como aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte de normas gerais para


a organização do sistema educacional em níveis federal, estadual e municipal.
Cada um desses níveis é responsável por estruturar seu próprio sistema de
ensino, enquanto a coordenação da política nacional de educação é
competência da União.

A Lei n.º 9.394/96, conhecida como Lei de Diretrizes e Bases (LDB), e


suas subsequentes alterações foram derivadas da Constituição Federal (artigos
205 a 214). Sua função primordial é regular e organizar a estrutura da educação
brasileira, estabelecendo concepções, valores e finalidades para a educação.
Ela estabelece referências de qualidade e orientações para a elaboração de
materiais didáticos na modalidade de Educação a Distância (EAD) no ensino
profissional e tecnológico (BRASIL, 1996).

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) também estabelece a Base Nacional


Comum Curricular (BNCC), que serve como referência para os currículos dos
sistemas de ensino e redes de educação nas diferentes Unidades Federativas
do Brasil. Além disso, a BNCC orienta as propostas pedagógicas de todas as
escolas públicas e privadas que oferecem educação infantil, ensino fundamental
e ensino médio em todo o país.

Conforme o artigo 26 da LDB, os currículos do ensino fundamental e


médio devem possuir uma base nacional comum, a qual deve ser
complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada que considere as características regionais e locais da
sociedade, cultura e economia dos estudantes.
A referida Lei estabelece ainda a existência de órgãos com funções
normativas nos diferentes sistemas de ensino. No âmbito Federal, temos o
Conselho Nacional de Educação (CNE), criado pela Lei Federal n.º 9.131/1995
e vinculado ao Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1995). Nos estados,
existem os Conselhos Estaduais de Educação (CEE), e nos municípios há a
possibilidade de organização dos Conselhos Municipais de Educação (CME). O
CNE é responsável por emitir pareceres e resoluções sobre atos normativos, que
serão analisados pelo MEC e posteriormente homologados ou não.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) são normas obrigatórias para


a educação básica. Elas orientam o planejamento curricular das escolas e dos
sistemas de ensino. Mesmo após a implementação da Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), as diretrizes continuam em vigor, uma vez que os dois
documentos se complementam. Enquanto as DCN estabelecem metas e
objetivos para a educação básica, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
funcionam como referência para a elaboração e atualização das propostas
curriculares das escolas. Os PCN, que foram criados antes das DCN, não
possuem obrigatoriedade legal, uma vez que as DCN e a BNCC são
complementares e abrangem todos os níveis da educação básica.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o documento que


regulamenta as aprendizagens fundamentais que todos os alunos, tanto em
escolas públicas quanto particulares, devem desenvolver. A BNCC assegura os
mesmos direitos a todas as crianças e jovens, orientando os currículos em todo
o país e promovendo qualidade e equidade na educação.

Juntamente com outras leis e regulamentos, o Decreto n.º 9.099, datado


de 18 de julho de 2017, que trata do Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), estabelece em seu artigo 10 que a avaliação pedagógica dos materiais
didáticos no âmbito do programa será coordenada pelo Ministério da Educação
(MEC). Essa avaliação será realizada com base em critérios específicos,
conforme aplicáveis, sem excluir a possibilidade de inclusão de outros critérios
por meio de edital (BRASIL, 2017, documento online) a saber:

I — o respeito à legislação, às diretrizes e às normas gerais da


educação;
II — a observância aos princípios éticos necessários à construção da
cidadania e o convívio social republicano;
III — a coerência e a adequação da abordagem teórico-metodológica;
IV — a correção e a atualização de conceitos, informações e
procedimentos;
V — a adequação e a pertinência das orientações prestadas ao
professor;
VI — a observância às regras ortográficas e gramaticais da língua na
qual a obra tenha sido escrita;
VII — a adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico;
VIII — a qualidade do texto e a adequação temática (BRASIL, 2017,
documento online).

No contexto mencionado, é evidente a existência de regulamentações e


critérios que devem ser considerados na elaboração de materiais didáticos, bem
como em sua função no processo pedagógico de cada modalidade. Além das
normas já mencionadas, destaca-se a Lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998,
conhecida como Lei de Direito Autoral (LDA), cujo objetivo é proteger os direitos
dos autores, reconhecendo aqueles que criam obras literárias, artísticas e
científicas com originalidade.

Existem também as normas técnicas regulamentadas pela Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Conforme as diretrizes da ABNT, toda
mídia impressa deve estar conforme as normas e padrões estabelecidos por ela.
Essas normas são baseadas em padrões internacionais, buscando padronizar
as obras. Elas definem aspectos estruturais, orientando a composição dos
elementos, formatação, citações, uso de tabelas, gráficos, imagens, entre outros.

5.1 Consequências da inobservância das regulamentações legais na


qualificação dos materiais

Castro et al. (2021), esclarece que todo recurso pedagógico deve atender
aos propósitos e às necessidades da instituição de ensino, promovendo-se,
assim, o estímulo à elaboração de materiais cada vez mais adequados às
exigências do sistema educacional brasileiro, segundo o planejamento
pedagógico estabelecido e os dispositivos legais vigentes na área da educação.

Segundo o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), os recursos


didáticos não devem disseminar ideias preconceituosas, devem manter-se
atualizados em relação aos avanços teóricos e práticos na pedagogia, evitar a
reprodução de estereótipos e evitar o uso de informações incorretas ou
desatualizadas em cada campo de conhecimento. As obras que apresentam
equívocos conceituais, conduzem a erros, estão desatualizadas, promovem
preconceito ou discriminação de qualquer natureza são excluídas do Guia do
Livro Didático.

A avaliação pedagógica realizada em obras de todos os níveis


educacionais requer a análise da excelência do texto verbal e visual, a
adequação da categoria, tema e gênero literário, o cuidado com o projeto gráfico-
editorial e a qualidade dos recursos de apoio. Obras que não atendam a esses
critérios serão desconsideradas. O propósito de seguir tais critérios é garantir
que os materiais promovam a aprendizagem e o progresso educacional, bem
como desenvolvam habilidades e competências essenciais durante a educação
básica. Conforme o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2019, para
atingir os padrões de qualidade e estar conforme a legislação, a obra didática
deve:

[…] — veicular informação correta, precisa, adequada e atualizada;


— proporcionar, como mediador pedagógico e ao lado de outros
materiais educativos, condições propícias à busca pela formação
cidadã, favorecendo que os estudantes possam estabelecer
julgamentos, tomar decisões e atuar criticamente frente às questões
colocadas pela sociedade, ciência, tecnologia, cultura e economia.
— contribuir, como parte integrante de suas propostas pedagógicas,
efetivamente para a construção de conceitos, posturas frente ao
mundo e à realidade, favorecendo, em todos os sentidos, a
compreensão de processos sociais, científicos, culturais e ambientais
(BRASIL, 2018, p. 22).

Todos os parâmetros de avaliação das obras didáticas, especialmente


aquelas voltadas para o ensino da língua portuguesa, encontram-se
estabelecidos no Edital de Convocação, no Decreto n.º 9.099/2017 e em total
consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa forma, é
imprescindível o respeito a esse conjunto de especificações e critérios
específicos para as obras destinadas à educação básica, resultando na
desclassificação das obras que não atendam a tais exigências.

No que tange à avaliação pedagógica das obras direcionadas ao ensino


da língua portuguesa, os critérios adotados são ainda mais abrangentes, uma
vez que esses materiais devem estar consoantes com as especificidades
didáticas e metodológicas próprias dessa área do conhecimento, assegurando
que os conceitos, informações e procedimentos estejam atualizados, corretos e
adequados. Além disso, são avaliados critérios particulares relacionados à área
e alinhados com cada nível de ensino contemplado pela BNCC.

Dessa forma, o ensino da língua portuguesa se organiza em eixos


estruturais, que abrangem oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos
e gramaticais, bem como educação literária. Portanto, os critérios de avaliação
das obras disciplinares destinadas à educação básica devem observar
rigorosamente:

a) adequação, de maneira geral, aos critérios universais e específicos


estabelecidos nos editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD);

b) congruência e consistência entre os conteúdos e as atividades


propostas, em relação aos objetos de conhecimento e habilidades constantes na
Base Nacional Comum Curricular (BNCC);

c) abrangência de todos os objetos de conhecimento e habilidades


contemplados na BNCC.

É fundamental que, nas escolas públicas, sejam observadas a abordagem


adequada dos objetos de conhecimento segundo as habilidades
correspondentes a cada componente curricular, considerando a clareza,
coerência e progressão no desenvolvimento dos conteúdos, alinhados aos
objetivos propostos e à sequência de aprendizagem. Além disso, é importante
destacar a importância do respeito ao projeto gráfico, incluindo a utilização
adequada de imagens e a organização adequada de capítulos, seções, tópicos,
entre outros elementos.

No que diz respeito aos materiais utilizados por escolas particulares e


materiais não escolares, não existe uma legislação específica para sua
produção, podendo ou não ser considerados os critérios aplicados às escolas
públicas. No entanto, é importante observar as orientações do Ministério da
Educação (MEC) por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Dessa
forma, cada escola tem a autonomia para adaptar o material didático de acordo
com sua filosofia de ensino e projeto pedagógico.
No contexto das escolas públicas, caso seja constatado o
descumprimento de qualquer critério, as obras são eliminadas de qualquer
processo de seleção. Entretanto, se as não conformidades forem identificadas
posteriormente, durante o processo, a editora responsável sofrerá sanções. A
multa aplicada é calculada com base em um percentual determinado pelo valor
por página estabelecido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) do MEC. Além disso, é necessário que os relatórios, amostras e obras
analisadas estejam disponíveis para consulta.

Transgressões, atos ilícitos e envolvimento indevido de indivíduos


externos à comunidade escolar durante o processo de seleção das obras ou no
registro da escolha no sistema constituem violações das diretrizes éticas do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e afetam negativamente,
principalmente, a autonomia dos professores e das escolas. Diante de
irregularidades e fraudes, é instaurada uma investigação para apurar a
veracidade dos acontecimentos, uma vez que, de maneira geral, tais
informações chegam ao Ministério da Educação (MEC) por meio de denúncias.

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) conta com a Comissão


Especial de Apuração de Conduta (CEAC), responsável por investigar as
denúncias relacionadas ao programa. A secretaria executiva do Ministério da
Educação (MEC) deve prestar apoio às atividades da CEAC, fornecer
informações nos prazos estabelecidos, encaminhar denúncias à comissão e
acompanhar o andamento do processo. A função principal dessa comissão é
analisar, tomar decisões e investigar casos de descumprimento das normas de
execução do PNLD, podendo impor sanções administrativas aos envolvidos em
irregularidades em todo o país.

Além disso, o PNLD, conforme a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com


Deficiência (Lei n.º 13.146/2015), determina que obras acessíveis devem ser
adquiridas. O não cumprimento, atraso no fornecimento ou não conformidade
com os critérios estabelecidos no contrato de aquisição dessas obras digitais
acessíveis resultará na aplicação de multas, conforme estabelecido pela
legislação (BRASIL, 2015).
Assim como o PNLD, a Lei de Direitos Autorais (LDA) garante a proteção
dos direitos da propriedade intelectual, estabelecendo punições para o
descumprimento. Consoante o artigo 184 do Código Penal Brasileiro (BRASIL,
2003a), aqueles que violarem os direitos autorais e conexos podem ser
condenados à detenção de três meses a um ano ou multa. Caso a violação
envolva a reprodução total ou parcial com intenção de lucro, a pena pode ser de
reclusão de dois a quatro anos, além de multa.

Na atualidade, a utilização da tecnologia é empregada para a reprodução


de cópias não autorizadas. Essa prática tem levado ao surgimento de uma
problemática significativa para os autores: o plágio. O ato de copiar textos sem
a devida autorização do autor constitui uma conduta ilícita. A apropriação
indevida do conteúdo textual alheio, fazendo-o passar como obra original,
configura-se como crime de plágio (CASTRO et al., 2021).

5.2 Promovendo a construção de um ambiente de aprendizagem


democrático

Estamos abordando o tema dos recursos e materiais didáticos,


explorando sua natureza, finalidade e as normatizações que os estabelecem. A
partir deste entendimento e com foco nos conhecimentos discutiremos a
importância de criar um ambiente propício para utilizá-los e como podemos
estabelecer ambientes adequados para sua aplicação. O objetivo é transformar
a sala de aula em um ambiente agradável e propício para a aprendizagem dos
alunos, facilitando aos professores a utilização desses recursos e aprimorando
o processo de ensino e aprendizagem.

Para compreender melhor o que constitui um ambiente de aprendizagem


adequado, vale recorrer à teoria das inteligências múltiplas (IM). Essa teoria
oferece suporte ao processo de aprendizagem humana e orienta sobre como
criar um ambiente didático fundamentado nas inteligências múltiplas.

Para tanto, Luz (2016), explora o conceito de ambientes de aprendizagem


com base na teoria das inteligências múltiplas. Nesse sentido, é importante
compreender o significado da educação no século XXI.
Consoante as reflexões da referida autora, a educação é uma ação
intencional que ocorre em um contexto histórico e está inserida em uma
realidade social. Essa ação pode ser progressista e libertadora, ou
conservadora, dependendo do objetivo e da abordagem metodológica adotada.
O método utilizado na educação é o que irá caracterizá-la, não apenas o
conteúdo do conhecimento em si. É como a educação é realizada que a torna
libertadora e progressista.

Portanto, compreende-se que a transformação na educação ocorrerá de


maneira única para cada professor, pois sua prática é construída e reconstruída
a cada aula. Cada aula diferirá se o método adotado refletir uma realidade
dinâmica e se afastar da monotonia que muitas vezes ocorre nas salas de aula.
O uso exclusivo do método expositivo, onde apenas o professor transmite
conhecimento e os alunos são meros receptores, não é mais suficiente ou
adequado para as demandas educacionais atuais. É necessário adotar
abordagens mais interativas e participativas, que estimulem a criatividade, a
colaboração e o envolvimento ativo dos alunos no processo de aprendizagem.

Portanto, construir um ambiente de aprendizagem efetivo e engajador


requer uma reflexão sobre os objetivos educacionais, a seleção adequada de
metodologias e a promoção de práticas pedagógicas inovadoras. Isso permitirá
que a educação no século XXI seja verdadeiramente transformadora,
preparando os alunos para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

O método expositivo, no qual o professor monopoliza a fala e o aluno é


apenas um ouvinte passivo, já não é mais eficiente. Ele precisa estar alinhado
com as necessidades da sociedade na totalidade.

Nesse sentido, Luz (2021) reflete da seguinte maneira: O método de


ensino deve permitir alcançar o objetivo educacional, o qual é capacitar o aluno
a analisar criticamente a prática social em que está inserido. Esse processo não
ocorre isoladamente, nem mesmo em uma relação individual entre professor e
aluno. É um processo coletivo no qual um grupo de pessoas se envolve com o
conhecimento, mantendo suas perspectivas individuais.
5.3 Resumindo

Nesta aula, tivemos em vista compreender que o processo de elaboração


de materiais didáticos é composto por uma série de etapas que visam
estabelecer mecanismos eficientes de aprendizagem, inicialmente, é realizada
uma análise das necessidades dos alunos, seguida pela definição de objetivos
e pelo desenvolvimento dos materiais a serem criados, implementados e
avaliados.

A fim de suprir tais necessidades, é aconselhável elaborar materiais que


abarquem as diferentes demandas, ampliando, desse modo, a disponibilidade
de recursos didático-pedagógicos.

Deste modo, perpassamos pelas legislações relevantes para o processo


de elaboração e avaliação de materiais didáticos. É incontestável a presença de
regulamentações e critérios que devem ser considerados na elaboração de
materiais didáticos, assim como em sua relevância no processo pedagógico de
cada modalidade. E ainda as consequências que a inobservância destas
legislações podem ocasionar. E por fim, entendemos que a educação é uma
ação propositada que se desenvolve em um contexto histórico e está inserida
em uma realidade social. Nesse sentido, estabelecer um ambiente de
aprendizagem eficaz e envolvente requer uma cuidadosa reflexão sobre os
objetivos educacionais, a escolha apropriada de metodologias e a promoção de
práticas pedagógicas inovadoras com vistas as inteligências múltiplas.

6 Adequação dos recursos e materiais didáticos aos conteúdos da


aprendizagem

Visando à formação integral dos alunos, é necessário abranger todas as


capacidades humanas. Para alcançar esse objetivo, é fundamental incluir nos
currículos escolares uma variedade de conteúdos com características diversas,
proporcionando uma formação básica e abrangente. Dessa forma, Luz (2016),
esclarece que o processo de ensino e aprendizagem abarca uma ampla gama
de conhecimentos, habilidades, técnicas e estratégias de ensino, bem como
determinados comportamentos esperados dos alunos.
Para realizar as atividades educacionais relacionadas ao cotidiano da sala
de aula, é necessário contar com ferramentas que nos permitam ter um
conhecimento aprofundado do processo de ensino e aprendizagem. Um dos
instrumentos que pode auxiliar nesse entendimento é a análise e categorização
dos diferentes conteúdos de aprendizagem, considerando suas características
comuns. Esses conteúdos englobam tudo o que é objeto de aprendizado em um
contexto educacional, possibilitando uma melhor compreensão de como são
ensinados e assimilados.

Um recurso pedagógico valioso é a classificação dos conteúdos de


aprendizagem com base em sua utilização. Portanto, em nossa prática
educacional, utilizamos a classificação dos conteúdos em três grupos:
conceituais, procedimentais e atitudinais. Essas categorias nos indicam que
existem conteúdos que precisamos conhecer (conceituais), conteúdos que
precisamos saber fazer (procedimentais) e conteúdos que precisamos ser
(atitudinais).

Dessa forma, considera-se como conteúdos de aprendizagem não


apenas aquilo que precisa conhecer ou saber, mas também tudo o que faz parte
da formação educacional e engloba uma variedade de elementos, como
habilidades, eventos, modelos interpretativos do mundo real e da sociedade,
entre outros.

Luz (2016), adota essa abordagem porque entende que a tarefa educativa
deve ser realizada de maneira consciente e requer a disponibilidade de
instrumentos interpretativos que permita compreender os processos de ensino e
aprendizagem em sua totalidade.

Aprendemos de maneiras distintas aquilo que sabemos, o que sabemos


fazer e o que nos leva a agir de determinadas maneiras. Para ocorrer uma
aprendizagem autêntica, os conteúdos de aprendizagem devem estar sempre
interligados e não podem ser abordados fragmentadamente em propostas
compartimentadas, pelas razões que Zabala et al. (2007) aponta a seguir:

Razão 1 – está relacionada à relevância das aprendizagens: se


desejamos que o que é aprendido tenha significado para o aluno, deve estar bem
conectado a todos os componentes que o tornam compreensível e funcional.
Portanto, dominar uma técnica ou algoritmo não será útil se desconhecemos o
propósito de sua utilização, ou seja, se não estivermos familiarizados com seus
componentes conceituais. Por exemplo, ter habilidade em adição não terá valor
se não soubermos aplicá-la como meio para resolver situações de soma
(compreensão conceitual da adição). Além disso, esses dois conteúdos — o
procedimental (adição) e o conceitual (soma) — serão mais ou menos eficazes
ou serão adquiridos pelo aluno de maneiras diferentes, dependendo do quadro
atitudinal em que foram aprendidos.

Razão 2 – baseia-se em uma constatação: quando aprendemos algo,


sempre há componentes conceituais, procedimentais e atitudinais envolvidos.
Podemos estar mais ou menos conscientes disso, seu ensino pode ser
intencional ou não, mas, de qualquer forma, no momento da aprendizagem
estamos simultaneamente utilizando ou reforçando conteúdos de natureza
conceitual, procedimental e atitudinal. Isso ocorre, é claro, desde que as
aprendizagens não sejam puramente mecânicas.

Nas diferentes disciplinas ou unidades didáticas, são abordados e


reforçados simultaneamente conteúdos de natureza diversa, que devem ser
aprendidos. Portanto, para Luz (2016), é importante compreender as
particularidades da aprendizagem de cada tipo de conteúdo trabalhado, a fim de
analisar as características das várias atividades envolvidas no processo e os
efeitos que cada uma delas têm.

Cada conjunto de conteúdos de aprendizagem apresenta características


distintas, o que pode levar o professor a adotar uma abordagem de ensino de
cunho antropológico. Essa abordagem antropológica proporcionará
oportunidades para o aluno construir seu conhecimento com base em suas
necessidades reais como ser social.

Com base nisso, os conteúdos conceituais podem ser subdivididos em


três grupos: fatos, conceitos e sistemas conceituais ou princípios. Eles abrangem
conhecimentos teóricos específicos, como nomes de personalidades, datas de
eventos históricos, compreensão do sistema de classificação dos seres vivos ou
até mesmo o sistema respiratório humano. Esses conhecimentos podem ser
considerados complexos.

Já no grupo dos conteúdos atitudinais, destaca-se o conhecimento sobre


o mundo e a sociedade, envolvendo questões sociais presentes em diferentes
contextos históricos. Esses conteúdos também podem ser divididos em três
subgrupos: valores, normas e atitudes (LUZ, 2016).

O grupo dos conteúdos procedimentais, consoante a concepção de


Zabala et al. (2007), engloba os conteúdos didáticos que consistem em um
conjunto de ações organizadas e direcionadas a um fim ou objetivo. Um
conteúdo procedimental abrange regras, técnicas, métodos, habilidades,
estratégias e procedimentos. Ele envolve desde ações simples, como abrir uma
porta, até ações mais complexas, como ler, escrever, deduzir, desenhar, traduzir
ou realizar cálculos estruturais e construir objetos. Essas habilidades podem ser
aprendidas de maneira simples, a partir de situações significativas e funcionais.
Como se realizam essas ações? A resposta é simples: realizando-as, na prática.

Outrossim, os conteúdos procedimentais, que se referem ao “saber fazer”,


são o objetivo final do processo de aprendizagem e serão aprendidos pelos
alunos por meio da execução de ações correspondentes a esses conteúdos.
Para Luz (2016), é essencial que os alunos pratiquem repetidamente essas
ações, garantindo que cada um domine o conhecimento necessário. Essa
consciência da necessidade de prática permite também analisar os diferentes
ritmos de aprendizagem e adaptar as atividades segundo as características
individuais de cada aluno e dos conteúdos a serem aprendidos.

Embora não aprofundemos a definição e compreensão dos tipos de


conteúdo de aprendizagem, é importante destacar alguns parâmetros que nos
ajudam a entender sua natureza e como são aprendidos, o que nos orienta na
forma de ensiná-los.

Um aspecto fundamental no trabalho educacional é a apresentação de


modelos para a realização dos conteúdos de aprendizagem. Os próprios alunos
podem e devem participar desse processo, trazendo modelos para a sala de aula
e apoiando as diferentes ações iniciadas pelo professor. Isso permite aos
estudantes realizar conquistas independentes que contribuem para a construção
do conhecimento individual e coletivo.

Essa possibilidade se torna viável porque o ser humano só consegue


aprender quando se torna o sujeito de sua própria educação. Ao criar sua própria
história e se esforçar para reconstruir-se pessoalmente, o indivíduo desenvolve
um pensamento autônomo em relação a uma determinada situação. Esse
esforço de reconstrução pessoal é o que muitos autores chamam de
aprendizagem autêntica, caracterizada por uma abordagem crítica e criativa na
manipulação do conhecimento e na compreensão de como e onde aplicá-lo.

Ainda, consoante a referida autora, ao reconhecermos a capacidade


interpretativa e participativa dos alunos em relação à utilização e aplicação do
conhecimento, estaremos colocando os conteúdos atitudinais (ser) como o
primeiro passo do processo educacional. Isso ocorre porque não é suficiente
apenas realizar exercícios ou práticas, é necessário refletir sobre como estamos
utilizando ambos e quais são as condições ideais para seu uso. Essas reflexões
nos permitirão valorizar os conhecimentos teóricos envolvidos no processo
(conteúdos conceituais — saber), o que, por sua vez, levará ao aprendizado dos
conteúdos procedimentais (saber fazer).

O processo de construção do conhecimento individual e coletivo inicia-se


a partir da fase de síncrese, em que os alunos têm uma visão caótica do todo,
sem uma compreensão clara dos conteúdos da aprendizagem. No entanto, à
medida que avançam, através da análise da realidade que os cerca, eles
gradualmente alcançam a síntese, a qual é uma releitura da prática social. Nesse
estágio, os alunos conseguem aplicar os conteúdos da aprendizagem de forma
autônoma, sem depender constantemente das orientações e explicações do
professor. Eles transformam esses conteúdos em uma totalidade rica de
determinações e relações múltiplas, contribuindo assim para uma nova práxis
revolucionária.

No entanto, não basta apenas ter conhecimento teórico e capacidade


reflexiva. É fundamental que essa reflexão seja aplicada à nossa própria
atuação. Todo exercício e prática requer um suporte reflexivo que nos permita
analisar nossas ações e aprimorá-las. Ao utilizarmos os conjuntos de conteúdos
da aprendizagem como ferramentas de ensino, proporcionamos aos alunos a
oportunidade de participar de um verdadeiro processo de ensino e
aprendizagem. Todos os envolvidos na educação, tanto professores quanto
alunos, interagem para a construção do conhecimento em grupo.

Este trabalho é contínuo e em constante evolução. A cada turma, novas


contribuições são adicionadas, visando fortalecer a relação entre teoria e prática
construída com base no conhecimento acumulado. Reconhecemos a
importância desse trabalho, seu impacto na sociedade e seu papel na formação
de alunos engajados na transformação social.

Com base em todas as considerações apresentadas, fica claro que esse


trabalho reflete o que muitos educadores deste século consideram como a
essência da educação: estimular vivências no processo de conhecimento,
resultando em experiências de aprendizagem significativas, estimulando a
criatividade para a construção de novos conhecimentos e desenvolvendo
habilidades para pensar sobre uma variedade de assuntos (LUZ, 2016).

6.1 A seleção de recursos e materiais de ensino com base nas


características dos conteúdos

Consoante a Luz (2016), ao adquirir conhecimento sobre a classificação


da aprendizagem e a seleção de recursos e materiais didáticos conforme as
características dos conteúdos é necessário considerar o planejamento da aula,
o grupo e a classe, que definem o escopo da intervenção educacional. Isso
envolve orientar, exemplificar e ilustrar, ou seja, ter a intenção de guiar o
aprendizado. Além disso, é importante pensar nos conteúdos e na maneira como
eles são organizados, buscando ações integradoras e abrangentes para os
conteúdos procedimentais e conceituais. Quanto aos recursos, eles são
fundamentais e podem incluir o uso de quadro-negro, papel, cadernos, fichas,
livros didáticos e vários outros recursos disponíveis.

No caso dos conteúdos atitudinais, as opções de recursos são mais


limitadas, sendo os vídeos e textos as principais alternativas. A utilização dos
recursos apresentados, com base nas classificações dos conteúdos, fornece aos
professores referências e critérios para orientar suas decisões e guiar suas
atividades em sala de aula. Esses recursos são úteis no planejamento, nas
intervenções de ensino e no processo de avaliação.

Seu objetivo é contribuir para a criação e desenvolvimento do percurso


didático de cada professor, tornando as diversas possibilidades de recursos e
materiais didáticos mais claras. Por isso, essas ferramentas de produção didática
são apresentadas, para que professores e alunos possam construir seus
conhecimentos.

Destacamos a importância da especialidade do professor, que domina os


conteúdos pedagógicos e os conhecimentos historicamente construídos
relacionados aos recursos didáticos, nessa relação.

Por outro lado, a referida autora argumenta que, considerando a


necessidade de incorporar recursos para abordar os conteúdos de
aprendizagem no cotidiano escolar, uma vez que esses recursos também estão
presentes na vida em geral, devemos considerar o seguinte:

 É importante diversificar as formas de produzir e adquirir


conhecimento.
 Devemos estudar os recursos como objeto e meio para alcançar o
conhecimento, ao deverem transmitir uma mensagem e desempenhar
um papel social.
 Devemos permitir que os alunos se familiarizem com a diversidade de
recursos disponíveis na sociedade, os quais podem e devem ser
utilizados em sala de aula.

Os recursos devem:

 Ser acessíveis a todos.


 Dinamizar o trabalho pedagógico.
 Desenvolver a capacidade do aluno de analisar criticamente os
conteúdos de aprendizagem.
 Ser parte integrante do processo de ensino e aprendizagem,
possibilitando a expressão e a troca de diferentes conhecimentos.
Todos os envolvidos na educação devem se apropriar desses recursos,
por desempenharem um papel crucial na interpretação e produção do
conhecimento, que está em constante evolução e construção, assim como a
própria realidade: dinâmica, diversa e mutável.

Abaixo, apresentamos uma nova classificação dos recursos didáticos com


base nas características tipológicas dos conteúdos de aprendizagem. Eles são
divididos em dois grupos: recursos didáticos independentes e recursos didáticos
dependentes.

Recursos didáticos independentes são aqueles que podem ser utilizados


para abordar individualmente ou em conjunto os três conjuntos de conteúdos da
aprendizagem: atitudinais, conceituais e procedimentais. Esses recursos são
mais facilmente encontrados e trabalhados nas escolas. A exemplo destacamos:
álbum seriado, cartão relâmpago, cartaz, ensino por fichas, estudo dirigido,
gráfico, jogo, livro didático, mapa, globo, entre outros.

Recursos didáticos dependentes são aqueles utilizados para trabalhar os


conteúdos procedimentais, ou seja, aqueles relacionados ao saber fazer. A
seguir, apresentamos alguns exemplos desses recursos, que estão relacionados
às tecnologias educacionais emergentes: AVA — Ambiente Virtual de
Aprendizagem, audioconferências, blogs, chats, correio eletrônico, FAQ —
Frequently Asked Questions ou perguntas mais frequentes, fórum de discussão,
homepage, internet e suas ferramentas, palmtops, site, software,
videoconferência, webquest, entre outros.

Os recursos didáticos mencionados anteriormente são amplamente


conhecidos por todos nós e já fazem parte de nosso cotidiano, assim como da
educação. Muitas vezes, nem nos damos conta de que eles são ferramentas
fundamentais para o processo de ensino e aprendizagem. Seria difícil imaginar
nossa vida sem esses recursos, como celulares, tablets, internet, redes sociais,
e-mails, fóruns e até mesmo sites como a Wikipédia, pois eles facilitaram e se
tornaram indispensáveis em nossas vidas.

Agora, imaginem como seria se todos os professores utilizassem esses


recursos na construção do processo de ensino e aprendizagem. Certamente,
isso traria benefícios significativos, pois permitiria explorar todo o potencial
dessas ferramentas no contexto educacional, proporcionando experiências de
aprendizagem mais dinâmicas, interativas e enriquecedoras.

Inicialmente, pode-se pensar que esse grupo de recursos está


inteiramente voltado para as inovações tecnológicas que estão emergindo
rapidamente em nossa sociedade. Afinal, estamos vivendo na era das
tecnologias emergentes. No entanto, esse grupo inclui também outras
tecnologias que existem há décadas e estão profundamente enraizadas em
nossos processos educacionais, às vezes passando despercebidas. Entre elas,
destacam-se: computador, DVD, mídia sonora, rádio, slides, televisão,
transparências para retroprojetor, vídeo, entre outros.

Em suma, devemos começar a pensar em quais outros recursos podem


ser utilizados e nos surpreender com as possibilidades. Existem diversas opções
que podem enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, proporcionando
variedade e interatividade. É importante explorar novas ideias e estar aberto a
recursos que tornem as aulas mais envolventes e efetivas. Com a evolução
constante da tecnologia e a diversidade de recursos disponíveis, há sempre
novas ferramentas e abordagens a serem consideradas (LUZ, 2016).

6.2 Resumindo

Durante esta aula, exploramos a importância de adaptar os recursos e


materiais didáticos aos conteúdos da aprendizagem. Os conceitos de saber,
saber fazer e ser desempenharam um papel fundamental nesse processo.
Analisamos os conteúdos da aprendizagem com base em suas características
tipológicas, assim como os conteúdos pedagógicos e os conhecimentos
historicamente construídos relacionados aos recursos didáticos.

Ao considerar esses elementos, visamos criar uma conexão significativa


entre os recursos utilizados e os conteúdos a serem aprendidos. Reconhecemos
que os recursos didáticos desempenham um papel fundamental no processo de
ensino e aprendizagem, e sua escolha e adaptação adequadas podem
enriquecer a experiência educacional, promovendo o desenvolvimento dos
alunos de forma abrangente.

Ao relacionar os conteúdos pedagógicos aos conhecimentos


historicamente construídos com os recursos didáticos, visamos utilizar os
recursos de maneira efetiva, permitindo que os alunos construam conhecimentos
sólidos e relevantes. O objetivo é proporcionar uma experiência de
aprendizagem significativa e enriquecedora, que considere tanto os conteúdos a
serem aprendidos quanto as características individuais dos alunos.

No geral, ao adaptar os recursos e materiais didáticos aos conteúdos da


aprendizagem, estamos buscando criar um ambiente de ensino e aprendizagem
que seja relevante, envolvente e efetivo, contribuindo para o desenvolvimento
integral dos alunos.

7 a estruturação dos materiais didáticos

A elaboração de um planejamento para um curso, disciplina, livro ou


qualquer material de ensino requer criar um pré-projeto. Esse processo envolve
a análise das necessidades, a definição do público-alvo, dos objetivos de
aprendizagem, dos conteúdos a serem abordados e do ambiente de ensino, seja
físico ou virtual. Para tanto, Castro et al. (2021), retrata que é necessário planejar
as metodologias, os recursos e as formas de avaliação adequadas. Além disso,
é importante considerar a infraestrutura necessária para dar suporte ao
processo, bem como o processo de seleção e treinamento dos autores dos
materiais. É recomendável montar uma equipe multidisciplinar, composta por
autores, revisores, designers instrucionais, designers gráficos e web designers,
para a produção do material.

A gestão do desenvolvimento do material e das questões de direitos


autorais, assim como os processos de avaliação contínua e atualizações,
também devem ser planejados. Um pré-projeto bem estruturado facilita
significativamente a gestão do desenvolvimento e a distribuição dos materiais
didáticos.
Após a conclusão do pré-projeto e considerando os recursos financeiros
disponíveis, é necessário contratar os professores-autores e fornecer-lhes
treinamento, juntamente com a equipe multidisciplinar. Os autores devem
elaborar o material, seguindo uma abordagem que vai do geral ao específico e
fornecendo um detalhamento completo do conteúdo. Além do livro-texto, é
possível criar materiais complementares, como vídeos, a fim de facilitar a
aprendizagem.

Após a criação do material, é necessário que os coordenadores de


conteúdo realizem uma revisão completa, incluindo aprovações editoriais e uma
análise minuciosa. Todo o conteúdo deve ser examinado e corrigido,
abrangendo tanto a parte teórica quanto a metodologia e a redação do texto.
Além disso, é verificado se os autores seguiram os padrões institucionais, se o
conteúdo proposto na ementa e no cronograma foi devidamente abordado e se
possui a qualidade e profundidade adequadas. Caso haja necessidade de
ajustes, o material é devolvido aos autores, estabelecendo um prazo para as
correções serem realizadas e submetidas novamente ao coordenador de
conteúdo. Após a validação final, o material é encaminhado à equipe
multidisciplinar. Inicialmente, os designers instrucionais avaliam se o material é
suficiente e adequado para os alunos poderem compreender e aprender o
conteúdo. Posteriormente, podem ser propostas atividades complementares
para aprimorar ainda mais a qualidade do material.

Em seguida, entra em cena a etapa de projeto gráfico e diagramação,


envio à gráfica, quando se trata de materiais físicos, e a organização logística da
distribuição. É fundamental realizar avaliações regulares dos materiais,
garantindo que estejam sempre atualizados e adequados. É importante
desenvolver indicadores que permitam avaliar o nível de satisfação e realizar
ajustes no conteúdo ao longo do uso dos materiais.

É essencial que essas etapas sejam cuidadosamente planejadas, a fim


de evitar retrabalho e desperdício de recursos. Da mesma forma, os materiais
didáticos utilizados como recursos nas aulas devem ser planejados para auxiliar
estudantes e professores a alcançarem seus objetivos de ensino e
aprendizagem. Tanto a forma quanto o conteúdo dos materiais devem ser
projetados para facilitar a construção do conhecimento, desenvolvendo
habilidades e competências específicas. Nesta abordagem Bento (2016, p.
21/22), retrata que:

É importante ressaltar que é necessário ter muito cuidado no momento


da produção do material didático para evitar fragilidades oriundas de
conceitos abordados incoerentemente, atividades que não estão
relacionadas com os objetivos da aprendizagem, avaliações que
priorizam a memorização ao invés de valorizar questões reflexivas que
levam à construção do conhecimento, entre outros. Afinal, a repetição
do discurso do outro (como ocorre no ensino tradicional) não estimula
a aprendizagem.

O material didático deve ser concebido considerando os princípios


epistemológicos, metodológicos e políticos explicitados no projeto pedagógico.
Tanto a abordagem do conteúdo quanto a sua forma deve facilitar a construção
do conhecimento e promover a interação entre estudante e professor. É
essencial que o material passe por um processo rigoroso de avaliação prévia,
por meio de pré-testes, a fim de identificar necessidades de ajustes e
aperfeiçoamento. Conforme o projeto pedagógico do curso, o material didático
deve desenvolver habilidades e competências específicas, utilizando um
conjunto de mídias adequado à proposta e ao contexto socioeconômico do
público-alvo (BRASIL, 2007).

Outrossim, consoante a Castro et al. (2021), a elaboração dos materiais


didáticos requer uma estruturação cuidadosa, considerando o conhecimento
prévio do aluno. É fundamental apresentar o novo conteúdo a partir desse
conhecimento, estimular a curiosidade e a interação, incentivar a realização de
pesquisas, desenvolver diversas competências e possibilitar a avaliação da
aprendizagem. Para alcançar esses objetivos, um bom planejamento é
essencial.

A forma dos materiais pode variar em diferentes tipos de coleções, como


cadernos de atividades, livros-texto, livros do professor, livros de exercícios,
coletâneas e objetos de aprendizagem, entre outros, a fim de atender às
necessidades do público-alvo e seguir as diretrizes da legislação educacional.
Essa diversidade de formatos permite oferecer produtos personalizados para
atender às diversas demandas.
O planejamento adequado dos materiais otimiza o uso dos recursos,
tornando-os mais eficientes, e racionaliza os custos envolvidos na produção.
Dessa forma, é possível garantir a qualidade e a efetividade dos materiais,
proporcionando um ambiente propício para o processo de ensino e
aprendizagem.

Durante o planejamento, uma das etapas cruciais é o desenvolvimento,


onde o material é efetivamente criado, considerando a interação entre diferentes
tipos de recursos didáticos e mídias. Especial atenção deve ser dada aos
produtos destinados ao ambiente virtual, os quais devem passar por testes e, se
necessário, ser reformulados após essa etapa. Nessa fase, emprega-se um
conjunto de técnicas, métodos e recursos visando aprimorar os processos de
ensino e melhorar a experiência de aprendizagem dos alunos. O design
instrucional é uma das técnicas amplamente utilizadas nesse contexto.

Design instrucional

Para Menezes (2017), o design instrucional é uma abordagem que pode


ser aplicada em diferentes modalidades de ensino, incluindo o ensino à distância
(EaD). No entanto, neste contexto específico, o foco será a educação a distância.
Diante disso, surge a questão de como o designer instrucional, que se dedica ao
planejamento e orientação do processo educacional, irá funcionar em um
ambiente virtual?

Inicialmente, é importante diferenciar a educação online do EaD. Nem


sempre a educação a distância ocorre exclusivamente pela internet, podendo ser
realizado também por meio de correspondência. Além disso, é comum ocorrer
confusão entre esta modalidade de ensino e e-learning. O e-learning é uma
modalidade de ensino que utiliza mídias eletrônicas, podendo ou não recorrer ao
suporte web (ambiente virtual de aprendizagem — AVA).

A aplicação do design instrucional no EaD auxilia tanto os alunos quanto


os educadores a compreenderem que a instrução, resultante de um
planejamento cuidadoso para a implementação do projeto, é apenas uma
ferramenta utilizada das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) com
o propósito de disseminar os conhecimentos a serem transmitidos.
Conforme Filatro e Piconez (2004) citado por Castro et al. (2021), o design
instrucional, quando utilizado em conjunto com tecnologias, oferece mecanismos
que promovem uma contextualização efetiva. Esses mecanismos se
caracterizam pela adaptação às particularidades regionais e institucionais,
personalização do conteúdo ensinado para atender aos estilos e ritmos
individuais de aprendizagem, e monitoramento automático da construção de
conhecimento tanto individual quanto coletiva, permitindo assim a atualização
com base no feedback dos alunos. Além disso, o designer instrucional apoiado
por tecnologias possibilita o acesso a informações e experiências externas à
instituição de ensino, facilitando a comunicação entre os participantes do
processo educacional, como professores, alunos, equipe técnica e comunidade.

A autora enfatiza o uso do termo “design instrucional contextualizado”


para descrever a ação de planejar, desenvolver e aplicar situações didáticas que
recorram às potencialidades da internet, incorporando mecanismos que
favoreçam a contextualização e a flexibilização. Esses mecanismos podem ser
integrados também nas fases de concepção e implementação.

As fases são:

1. Estruturação do design instrucional: Nessa fase, ocorre a análise e


identificação das necessidades de aprendizagem, a definição dos
objetivos instrucionais e o levantamento das restrições relacionadas
ao processo educacional.
2. Designer e desenvolvimento: Nessa etapa, são planejadas a instrução
em si e a criação dos materiais e produtos instrucionais. Isso inclui a
seleção das estratégias de ensino, o desenvolvimento dos recursos
de aprendizagem e a organização do conteúdo.
3. Implementação: Essa fase é o momento em que ocorre a aplicação da
situação de ensino e aprendizagem planejada. Os materiais e
recursos instrucionais são utilizados pelos alunos, e a interação entre
alunos, professores e demais agentes do processo educativo
acontece.
4. Avaliação: Na etapa de avaliação, são realizados o acompanhamento,
a revisão e a manutenção do sistema instrucional proposto. Isso
envolve a coleta de feedback dos alunos, a análise dos resultados, a
identificação de pontos fortes e fracos, e a realização de ajustes e
melhorias necessárias.

Castro et al. (2021), utiliza como exemplo a criação de uma unidade de


conteúdo sobre o Romantismo na disciplina de Inglês para alunos do Ensino
Médio. Durante a fase de análise, são definidas as necessidades de
aprendizagem, ou seja, o que será ensinado, para quem e em qual período.
Nesse caso específico, o público-alvo são os alunos do 3º ano do Ensino Médio,
que irão aprender sobre o movimento romântico na Inglaterra e suas influências
na poesia, ao longo de três aulas.

Nessa fase também são estabelecidos os objetivos de aprendizagem,


como, por exemplo:

(1) reconhecer as condições que permitiram o surgimento do movimento


romântico na Inglaterra no período de 1800 a 1832, aproximadamente;

(2) comparar a estética da poesia romântica com a da poesia neoclássica


que a precedeu; e

(3) identificar os poetas românticos de primeira e segunda geração.


Quanto às restrições, são considerados a densidade do conteúdo a ser
abordado, considerando o conhecimento prévio dos estudantes, e o tempo
disponível para o assunto.

Durante as fases de designer do material e desenvolvimento, são


realizados o planejamento dos materiais a serem utilizados e da metodologia em
si. Nessa etapa, pode-se criar novos materiais ou modificar os já existentes. São
selecionados textos, atividades, objetos de aprendizagem e meios, incluindo
plataformas digitais, se necessário, e define-se como será a instrução em termos
de apresentação de conteúdo, atividades para reforço e fixação e métodos de
avaliação.

Na fase de implementação, as aulas são ministradas seguindo os


recursos e planos previamente elaborados. Por fim, na fase de avaliação, que
ocorre ao longo da implementação, o processo é acompanhado de perto,
realizando-se adaptações e atualizações conforme necessário, a fim de
assegurar que, o que foi planejado seja executado da melhor forma possível.

Conforme observado, o planejamento do material didático desempenha


um papel fundamental na facilitação da aprendizagem. Somente por meio desse
planejamento é possível garantir que os materiais sejam adequados às
estratégias e metodologias de ensino concebidas para o curso, além de permitir
a avaliação da eficácia desses recursos e a possibilidade de adaptação e
atualização, sempre que necessário.

Nesta perspectiva, Menezes (2017, p. 315), retrata:

A aplicação do design instrucional no EaD também deve respeitar as


condições cognitivas dos alunos. Se, por exemplo, necessita-se de se
desenvolver um material para um sistema de ensino à distância para
atender os andragogos, nota-se, que se o mesmo sistema fosse
aplicado aos discentes de pedagogos, o resultado seria uma grande
falta de planejamento e ordem. Por isso que o EaD é um sistema
buscado. Cada aluno aprende em sua velocidade e, com o designer
instrucional, por mais que o discente queira seguir seus caminhos
diferentes, o designer instrucional acaba por dar um norte ao discente.

7.1 Promovendo a escrita dialógica na produção do material didático

A aprendizagem na modalidade de ensino à distância (EaD) pode ser mais


eficaz quando os textos presentes no material didático são redigidos em uma
linguagem dialógica, característica fundamental desse tipo de recurso. Para
Bento (2016), a utilização de uma linguagem dialógica é uma estratégia
recomendada para os autores de conteúdo, por facilitar a compreensão por parte
dos alunos durante a leitura. Ao considerar a natureza dialógica da linguagem,
os textos são elaborados de maneira a evitar construções confusas, ambíguas
ou de difícil compreensão para os estudantes.

O princípio dialógico da linguagem humana se baseia nas trocas e


negociações constantes entre os indivíduos. Nesse contexto, o discurso formal
do professor não é adequado. Portanto, é essencial dar ênfase ao caráter
dialógico da linguagem. Reconhecer esse caráter é o primeiro passo para
estabelecer uma relação próxima em um contexto de ensino à distância, como o
professor e dos alunos em um curso online. Quanto a relação e as negociações,
Menezes (2017, p.310) destaca:
[…] o aluno constrói seu conhecimento em seu próprio ritmo. Não
existe aquele condicionamento como há na educação convencional,
aonde o aluno tem que seguir uma linearidade traçada pelo professor.
No EaD, geralmente, todo o conteúdo da disciplina é disponibilizado ao
aluno. Este, por sua vez, seguirá a ordem que desejar. Sem contar que
o mesmo pode estudar a qualquer momento e em qualquer lugar, caso
disponha de acesso aos recursos que transportam a informação,
flexibilizando à sua maneira de aprender. Além disso, o aluno pode
interagir com o professor ou tutor na hora que bem desejar, bastando
recorrer ao canal de contato ao docente e, por sua vez, registrar a sua
dúvida que será atendida o mais breve possível (MENEZES, 2017,
p.310).

Em suma, quando estabelecemos uma relação dialógica no contexto


educacional, a interação ocorre de maneira igualitária entre todos os envolvidos.
Nesse sentido, Bento (2016), esclarece que é fundamental o emissor elaborar
uma mensagem, que seja compreendida pelo interlocutor. Por sua vez, o
interlocutor participa ativamente desse diálogo, contribuindo para sua construção
conjunta.

A utilização de uma linguagem dialógica no material didático proporciona


ao aluno uma experiência de leitura agradável e contribui para que ele sinta
proximidade do professor (ou tutor), percebendo que ambos estão colaborando
na construção do conhecimento. É importante ressaltar que, ao enfatizar a
expressividade da linguagem, não estamos defendendo a banalização do
conteúdo nem a falta de desenvolvimento e aprofundamento dos conceitos. Ao
ponderar e estabelecer essa dialogicidade no material, o autor do conteúdo deve
ter em mente que professor e aluno não estão em uma relação presencial.
Portanto, por meio da perspectiva da escrita dialógica, o autor organizará o
material didático para estimular a aprendizagem. Em outras palavras, quanto
mais o autor conhecer seu interlocutor (o aluno) e seu contexto, mais fácil será
estabelecer o diálogo efetivamente.

Estabelecer um diálogo com o aluno por meio de um texto didático implica


considerar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema abordado,
apresentar desafios e exemplos relacionados ao contexto de vida deles. Além
disso, é importante propor questões reflexivas, estimular a apreciação das
imagens presentes no texto e utilizar um vocabulário de fácil compreensão.

Destacamos, que o diálogo deve ser construído a partir dos conceitos


contidos no texto. No entanto, ao tratar da produção de materiais didáticos para
EaD, o diálogo não ocorrerá diretamente entre o autor do conteúdo e os alunos,
mas entre o tutor e os alunos. Esses materiais devem ser organizados de
maneira que o diálogo ocorra entre esses sujeitos. Nesse sentido, o papel do
autor do conteúdo é provocar o diálogo, por ser desencadeado a partir do texto,
por meio de questionamentos, exemplos, ilustrações e outros recursos.

7.2 Resumindo

O recurso didático desempenha um papel crucial no apoio ao processo de


ensino e aprendizagem, tanto em aulas presenciais como a distância. Ele
contribui para a aprendizagem significativa dos estudantes e auxilia os
educadores na organização de suas aulas. A qualidade do conteúdo
disponibilizado aos alunos é fundamental, devendo ser claro, conciso e bem
organizado.

Para o recurso didático ser efetivo, é imprescindível um planejamento


cuidadoso em todas as etapas de sua criação. Isso inclui a avaliação das
necessidades educacionais, a identificação do público-alvo, o estabelecimento
de metas de aprendizado e o planejamento do designer do curso, objetivos,
conteúdo, metodologias de ensino, estratégias de aprendizagem, métodos de
avaliação e recursos de apoio para alunos e professores. A produção de material
didático é um processo complexo, abrangendo diversas etapas, desde o pré-
projeto até a logística final. É fundamental que cada uma dessas etapas seja
executada adequadamente, pois problemas em qualquer uma delas podem
impactar todo o processo de produção, exigindo ajustes e correções.

A aula proposta oferece uma oportunidade valiosa para compreender a


importância do planejamento no desenvolvimento de recursos didáticos. Além
disso, permite conhecer as diferentes fases envolvidas nesse processo,
identificando aquelas de maior relevância. Refletir sobre os possíveis impactos
e desafios na viabilização desses recursos é fundamental para garantir sua
eficácia e melhorar continuamente a experiência educacional.

Portanto, essa aula ofereceu uma base sólida para compreender a


importância do planejamento na criação de recursos didáticos, a promoção de
uma linguagem dialógica e reflexão sobre os aspectos críticos desse processo,
contribuindo para o aprimoramento da educação a distância na sua totalidade.

8 Entendendo o material didático na Educação a Distância: definição e


elementos constituintes

O sucesso de um curso a distância depende de diversos fatores, e a


produção de um material didático de qualidade é um dos principais. No entanto,
essa tarefa requer muita atenção por parte das instituições que oferecem cursos
nessa modalidade de educação, devido à sua complexidade. Nesta perspectiva,
Bento (2016), retrata que o material didático está intrinsecamente ligado a
diversos elementos, como os alunos, tutores e a gestão pedagógica e
administrativa do curso. Portanto, a elaboração do texto didático desse material
deve começar pela definição coerente dos objetivos, pela consistência conceitual
e pela organização dinâmica do texto e das atividades propostas. É importante
evitar redundâncias, priorizando a clareza, criatividade, criticidade e
problematização.

Para compreender a concepção do material didático na EaD, é necessário


considerar diferentes perspectivas, por exemplo, a abordagem de forma ampla,
como um recurso pedagógico, e de forma específica, como um material
educacional instrucional e com finalidade de ensino. E ainda, pode ser
classificado conforme as características específicas das diferentes mídias
utilizadas: impresso, audiovisual e eletrônico (para ambientes virtuais de
aprendizagem).

Entre essas três categorias de materiais, o formato impresso ainda é


amplamente empregado pelas instituições de ensino que oferecem estes cursos,
apesar do surgimento de novas Tecnologias da Informação e Comunicação
(TIC) que possibilitam outras formas, como exemplo os ambientes virtuais de
aprendizagem (AVA). Um dos principais motivos para essa situação é que, em
muitas regiões do Brasil, os estudantes da EaD enfrentam dificuldades de
acesso à internet ou, quando o acesso é possível, ocorre de forma precária e
com baixa qualidade. Nesses casos, tarefas simples, mas essenciais em um
curso, como baixar ou enviar arquivos, muitas vezes não podem ser realizadas
devido à conexão de má qualidade. No entanto, o material didático impresso,
dependendo das condições das instituições de ensino, pode ser usado em
conjunto com diferentes mídias, como vídeos e AVA.

O material didático audiovisual abrange qualquer recurso tecnológico que


envolve ação auditiva e visual. Nesta perspectiva, Souza, Fiorentini e Rodrigues
(2010, p. 128), afirma: “a diversificação dos meios, a convergência e a fusão
entre vários deles continuarão a ocorrer de forma cada vez maior em direções já
anunciadas e previsíveis, mas podendo trazer também inovações inesperadas”.
Exemplos desse tipo de material são vídeos e videoconferências. A produção
desse tipo de material didático é mais complexa, pois requer profissionais com
conhecimentos específicos, como produção de roteiro, gravação de vídeo,
edição, entre outros. Em outras palavras, a responsabilidade pela produção não
recai apenas sobre um professor de conteúdo. Normalmente, o material didático
audiovisual na EaD é utilizado como complemento aos materiais impressos e
eletrônicos.

Por outro lado, o material didático eletrônico, desenvolvido para


Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), tem ganhado destaque nos últimos
anos. A principal característica desse tipo de material é a capacidade de
digitalizar diferentes tipos de informações, permitindo o tratamento e
armazenamento interativo de textos, recursos sonoros e imagens estáticas e em
movimento em um mesmo suporte. É importante ressaltar a importância da
digitalização, uma vez que ela possibilita o suporte de diversos meios que antes
eram considerados incompatíveis, como computadores, rádios, televisões e
telefones.

Não podemos deixar de mencionar que muitas instituições de ensino têm


adotado a utilização de materiais didáticos em diferentes formatos, de forma
combinada. No entanto, é mais comum o aluno fazer uso do material impresso,
o que demonstra uma influência dos anos de escolaridade habituados a esse
formato (BENTO, 2016).

Consoante a Preti (2010), além de oferecer uma seleção cuidadosa e


organização de conteúdo com rigor científico, clareza, profundidade, atualização
e relevância, segundo os objetivos propostos, o texto didático desempenha
diversas funções essenciais para o estudante, destacando-se:

- Favorecer o desenvolvimento de habilidades, competências e


atitudes;
- Antecipar possíveis dificuldades, dúvidas, equívocos e erros;
- Relacionar conhecimentos novos com os anteriores;
- Integrar a teoria com a prática;
- Provocar questionamento reconstrutivo e a capacidade de estudo
autônomo;
- Indicar pistas para novas fontes e ulteriores informações;
- Proporcionar conexão com outros meios didáticos para ampliar e
aprofundar o conteúdo;
- Exemplificar diversas aplicações do conhecimento;
- Propor analogias, problemas, questões;
- Propor experiências e apresentar atividades de aprendizagem,
questões ou problemas de autoavaliação;
- Possibilitar ao estudante, avaliação de sua aprendizagem;
- Estabelecer recomendações oportunas para conduzir a leitura do
texto e as atividades de aprendizagem;
- Orientar o estudante;
- Propiciar leitura agradável e compreensiva;
- Manter diálogo com o estudante;
- Motivar;
- Servir de material de consulta permanente (PRETI, 2010, p. 21/22).

É evidente que o material didático desempenha várias funções, e o


produtor de conteúdo precisa ter conhecimento prévio delas antes de iniciar a
elaboração do material. O tratamento pedagógico dado aos conteúdos
dependerá desse conhecimento. No entanto, frequentemente, esse tratamento
se torna um dos principais desafios na produção de material didático para a EaD,
pois muitos conteúdos se distanciam do contexto do aluno. Quando isso ocorre,
o aluno enfrenta dificuldades para atribuir significado aos conteúdos em relação
à sua vida, resultando em uma aprendizagem pouco significativa (BENTO,
2016).

E ainda, consoante a referida autora, outro elemento crucial a ser


considerado na produção de material didático para a EaD é o suporte midiático
no qual esse material será veiculado.

Em quais suportes midiáticos é possível organizar o material didático de


um curso a distância? A escolha do suporte depende do tipo de material. Por
exemplo, o material impresso pode ser organizado em apostilas, fascículos,
cadernos, livros, guias e roteiros de estudos, entre outros. No entanto, se o
material for digital, ele será publicado na internet, mais especificamente em
Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA). É essencial considerar como esses
ambientes estão estruturados, quais ferramentas tecnológicas estão disponíveis
para a distribuição de conteúdo e atividades, e como melhor dinamizá-los para
favorecer a aprendizagem dos alunos.

O produtor do material didático deve questionar os recursos tecnológicos


utilizados para explorar o conteúdo, garantindo que não sejam subutilizados.
Quanto mais dinâmica for a utilização desses recursos tecnológicos na EaD,
maior será a contribuição para que os alunos compreendam o conteúdo temático
abordado. Essa dinamicidade também se refletirá na interação esperada dos
alunos. Além disso, o autor do material didático deve definir a organização das
atividades de aprendizagem, os procedimentos de avaliação a serem adotados
no curso e a forma de motivar os alunos nos ambientes de aprendizagem, entre
outros aspectos, antes mesmo de iniciar a produção do material.

Outrossim, Filatro (2018), corrobora esclarecendo que na produção do


material didático para o ensino remoto é necessário entender também sobre a
análise contextual, que é um método que visa compreender os fatores que
podem restringir ou favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Essa
abordagem considera não apenas o que ocorre durante a situação de ensino,
mas também tudo o que acontece antes e o que impulsiona para o futuro. Isso
abrange diferentes níveis contextuais, como o aluno individual, o grupo de alunos
em turmas, comunidades virtuais ou grupos de estudo e o ambiente institucional.

A análise do contexto é importante porque as experiências,


conhecimentos e crenças anteriores dos alunos têm influência sobre a maneira
como eles interagem com os conteúdos. Da mesma forma, as ações dos alunos
em relação a esses conteúdos também afetam sua aprendizagem. Ao conhecer
o contexto no qual os conteúdos serão produzidos e/ou utilizados, é possível
torná-los mais efetivos, atendendo às características e necessidades desse
contexto. Portanto, quanto maior for o conhecimento sobre o contexto, melhor
será sua adequação (FILATRO, 2018).
8.1 Diretrizes Orientadoras para o Material Didático

Consoante a Bento, (2016), produzir material didático para a Educação a


Distância (EaD) é uma tarefa desafiadora, pois requer que o responsável pelo
conteúdo leve em consideração elementos essenciais que irão guiar todo o
processo. A seguir, apresentaremos algumas sugestões que podem orientar a
produção de material didático para a EaD.

No ano de 2007, o Ministério da Educação publicou os Referenciais de


Qualidade para a Educação Superior à Distância, um documento que estabelece
princípios, diretrizes e critérios para a educação superior à distância no Brasil.
Identifica-se quatro critérios fundamentais que as instituições devem considerar
ao produzir seus materiais: a formação de uma equipe multidisciplinar, a
promoção da comunicação e interação entre os participantes, a utilização de
recursos educacionais adequados e a disponibilidade de infraestrutura de apoio.

A equipe responsável pela produção do material didático para a EaD é


composta por profissionais de diversas áreas, como especialistas em tecnologia
educacional e informática, profissionais de gestão e o conteudista. Essa
diversidade visa garantir que o material seja produzido, disponibilizado e
utilizado de forma eficaz pelos alunos. A composição da equipe de produção
pode variar segundo a complexidade do projeto. Algumas instituições já
possuem uma equipe interna de produção, enquanto outras contratam
profissionais para atender às demandas. Para organizar uma equipe de
produção desse tipo, é necessário levar em consideração a linguagem das
mídias e as tecnologias que serão utilizadas como suporte para o material
didático, além da formação acadêmica dos envolvidos na produção e as
estratégias de gestão da equipe, entre outros aspectos.

O segundo critério está relacionado à comunicação/interação, o qual é


crucial para o bom desenvolvimento dos cursos. Nos cursos oferecidos em
ambientes virtuais de aprendizagem, existem ferramentas disponíveis, como e-
mail, chat e fórum, que possibilitam a comunicação/interação entre os
participantes. É essencial que o conteudista esteja familiarizado com o
funcionamento dessas ferramentas, a fim de considerar todas as possibilidades
de comunicação/interação que elas oferecem ao elaborar o material didático.

O terceiro critério aborda os recursos educacionais que são considerados


indispensáveis na produção de material didático para a EaD. Quanto mais
variados forem os recursos disponíveis em diferentes mídias, mais eles
atenderão às necessidades específicas dos diversos perfis de alunos da EaD.
Por exemplo, o material didático de um curso a distância pode ser disponibilizado
em um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), mas também pode ser
organizado no formato impresso, distribuído em um tablet ou em um pen drive.
É importante ressaltar que, ao ser disponibilizado em diferentes mídias, o
material didático deve estar adaptado à linguagem de cada uma delas.

O quarto critério destacado diz respeito à infraestrutura de apoio, que deve


ser definida e disponibilizada pela instituição para que o material possa ser
produzido conforme a mídia (ou mídias) a ser utilizada no curso. Por exemplo,
se o curso for oferecido em um ambiente virtual, é necessário que a instituição
de ensino possua uma infraestrutura tecnológica para hospedar o curso em uma
plataforma online. Se o material didático for disponibilizado em um tablet ou pen
drive, é importante que a instituição possua esses recursos tecnológicos. Da
mesma forma, se o material for organizado e distribuído em formato de livro,
caderno, apostilas ou guia, é necessário contar com equipamentos tecnológicos
adequados para atender à demanda (BENTO, 2016).

Portanto, como o conteudista deve proceder ao iniciar a produção do


material didático? O início da produção é um momento crucial e pode definir a
qualidade do material. Para começar o planejamento da produção do material
didático, é necessário que o produtor de conteúdo tenha clareza sobre qual teoria
da aprendizagem ou paradigma predominante irá fundamentar o material.
Qualquer curso que busque qualidade precisa deixar evidente a teoria de
aprendizagem que o orientará. Ao mesmo tempo, é importante obter
informações sobre o perfil do público-alvo do curso e suas experiências com a
EaD. Também é relevante identificar o nível de conhecimento em informática dos
alunos. Esse dado é importante, considerando que a maioria dos cursos a
distância são oferecidos em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) pela
internet, e nem todos os alunos possuem conhecimentos básicos necessários
para navegar pelo curso sem dificuldades.

Essas informações são relevantes porque contribuem para que o material


didático esteja em sintonia com o contexto de vida dos alunos, além de ajudar
as instituições de ensino que oferecem cursos a distância a identificar possíveis
problemas antes do início do curso. É importante destacar que, embora o
material didático dos cursos a distância seja indispensável para o processo de
ensino-aprendizagem, outros fatores podem influenciar a aprendizagem dos
alunos, mesmo que o material seja de excelente qualidade.

Portanto, a preparação de material didático para a EaD pode ocorrer por


diferentes métodos, porém, entre suas várias características que podem ser
examinadas, a autora destaca três: a concepção de educação que configura o
material, os critérios de validação nos quais o material se baseia e o modelo de
comunicação que sustenta a abordagem do conteúdo do material. Assim, se o
conteudista defende que a educação é simplesmente a transmissão de
informações, ele produzirá um material repleto de informações e comentários,
com pouco espaço para reflexão. No entanto, se ele considerar que o
conhecimento deve ser construído pelo aluno, produzirá um material com uma
linguagem dialógica, aberto a diferentes interpretações e que permita ao aluno
atribuir significado com base em suas experiências de vida (BENTO, 2016).

Quanto aos critérios de validação do material, quando a abordagem do


conteúdo prioriza uma visão de ensino, ele parte de questões mais simples para
as mais complexas. No entanto, quando o conteudista direciona seu foco para a
aprendizagem, o material didático enfatiza o conteúdo a partir do contexto do
aluno - que nem sempre são os conteúdos mais simples. Como podemos ver,
as escolhas feitas inicialmente pelo produtor de conteúdo da EaD se refletirão
na elaboração e organização do material didático, e devem ser feitas com
cuidado.

O material didático para EaD deve considerar a comunicação como um


diálogo, favorecendo a interação entre conteudista e aluno. É importante
escolher uma abordagem pedagógica que desenvolva a capacidade reflexiva do
aluno e esteja em sintonia com seu contexto. Os materiais devem ser flexíveis,
estimular a reflexão crítica e valorizar os conhecimentos prévios dos alunos. No
ambiente virtual, é fundamental simplificar a organização do conteúdo e utilizar
ferramentas de comunicação adequadas. Parcerias com profissionais de web
roteirismo podem enriquecer a produção do material online. O objetivo principal
é promover a aprendizagem dos alunos e incentivá-los a buscar conhecimento
de forma ativa e constante.

8.2 Sujeito da aprendizagem: identificando os alunos da educação a


distância

Cada indivíduo é único e complexo em si, tornando-se desafiador


conhecer uma pessoa mesmo quando há convivência presencial. Para Filatro
(2018), no contexto da educação a distância, em que a distância física e temporal
é ampliada, estabelecer uma comunicação efetiva com os alunos se torna uma
tarefa ainda mais desafiadora. No entanto, é possível recorrer a teorias e
estratégias que ajudam a compreender melhor quem são esses alunos e, assim,
preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e
necessidades.

Por outro lado, segundo Souza, Fiorentini e Rodrigues (2010), é comum


que a Educação a Distância (EaD) concentre sua atenção nas tecnologias, nos
meios e nos processos, muitas vezes deixando os alunos em segundo plano. No
entanto, ao tratar dos estudantes na EaD, não devemos idealizá-los como um
grupo homogêneo, presumindo que todos possuam os mesmos estilos de
aprendizagem e formas de pensar, e que, portanto, irão explorar facilmente as
linguagens utilizadas em um curso a distância. É essencial sempre formular a
pergunta: "Quem é o aprendiz neste curso a distância?".

Ao examinar os perfis dos estudantes ingressantes em cursos de


graduação pela internet, é possível observar algumas particularidades distintas.
Existem aqueles estudantes que:

a) não possuem conhecimento prévio sobre o conteúdo e as linguagens


utilizadas no curso, mas têm grande interesse em aprender;
b) não possuem conhecimento prévio e demonstram resistência em
aprender;

c) possuem algum conhecimento prévio e desejam expandir seu


aprendizado;

d) possuem algum conhecimento prévio, mas resistem a adquirir mais


conhecimento. É nessa variedade de situações que nos lançamos como
educadores, assumindo nossas intenções e investimentos no processo
educativo.

Outro aspecto a ser considerado é o perfil demográfico dos alunos da


educação a distância, Filatro (2018), esclarece que o perfil demográfico abrange
informações sobre idade, gênero, etnia, nacionalidade, localização geográfica,
estado civil, renda familiar e ocupação, entre outros aspectos. Esses dados
auxiliam na caracterização do público que terá acesso ao conteúdo
desenvolvido. É possível obter essas informações por meio de questionários e
pesquisas internas ou por meio de institutos especializados. No entanto, existem
dados disponíveis que fornecem uma visão geral dos alunos a distância.

Conforme o Censo da Educação Superior, entre 2010 e 2020, o número


de ingressos variou negativamente 13,9% nos cursos de graduação presencial
e nos cursos a distância aumentou 428,2%; enquanto a participação percentual
dos ingressantes em cursos de graduação a distância em 2010 era de 17,4%,
essa participação em 2020 é de 53,4%.

O gráfico abaixo mostra o número de ingressos em curso de graduação


por modalidade de ensino entre 2010 e 2020.
Gráfico 1 – Percentual de matrículas nos cursos presenciais e à distância

Fonte: https://curtlink.com/hXynGQ

Vivemos em uma realidade cada vez mais influenciada por mídias e


tecnologias, portanto, é importante conhecer o perfil digital dos alunos em termos
de acesso, interesse e envolvimento com essas mídias e tecnologias. Sendo
assim, Filatro (2018), entende que alguns autores relacionam o perfil digital às
faixas etárias, devido à capacidade de diferentes gerações de acessar o mundo
analógico ou digital. Por exemplo, a chamada "geração Net" (ou geração digital)
já chegou às universidades e ao mercado de trabalho, enquanto a "iGeração"
ocupa os bancos escolares da educação básica compulsória. Essas gerações,
compostas por nativos digitais, aprenderão de maneira mais relacionada à
heutagogia do que à pedagogia clássica, embora participem de ambientes
formais de ensino ainda dominados pela mentalidade das gerações mais
antigas.

Na educação corporativa, onde a andragogia tem seu foco, o perfil dos


alunos é mais heterogêneo, abrangendo as gerações digitais, os imigrantes
digitais e os representantes das gerações analógicas, que convivem em espaços
de trabalho e aprendizagem com maior ou menor presença de tecnologias e
mídias.

8.3 Resumindo

Chegamos ao final de mais um semestre, espero ter contribuído para o


seu aprendizado enquanto discente. Nesta aula apresentamos as definições
sobre o material didático, além de estudos que abordam os parâmetros que
orientam sua produção, visando promover a compreensão do processo de
organização do material e ressaltar a importância de sua produção,
especialmente para o aluno da modalidade de educação a distância.

Destacamos que vivemos em um contexto onde há uma diversidade de


Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), o que possibilita que o material
didático seja apresentado em diferentes formatos, como impressos, audiovisuais
ou em Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA).

Em suma, apresentamos os sujeitos da aprendizagem assim como suas


características, além de compreender melhor quem são esses alunos e, assim,
preparar conteúdos adequados às suas características, interesses e
necessidades.

.
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