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Estratégias de

Metodologias Ativas
Módulo

1 Metodologias ativas:
conceitos e princípios
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Educação Continuada


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Educação a Distância


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe responsável
Ana Claudia Loureiro (Conteudista, 2021).
Lidia Hubert (Conteudista, 2021).
Juliana Bordinhão Diana (Designer Instrucional, Implementadora RISE, 2021)
Karina Novais Lago (Revisora textual, 2021)
Monique Lopo (Diagramadora, 2021)
Pablo Augusto da Silva Marques (Implementador Moodle, 2021)
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Curso produzido em Brasília 2021.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1 – Conceito de metodologia ativa....................................... 5
1.1 Afinal, o que são as metodologias ativas de aprendizagem?............................5
1.2 A “Arquitetura Pedagógica” (AP) como modelo ativo de aprendizagem...........7

Unidade 2 – Abordagens pedagógicas e teorias de aprendizagem que


fundamentam a adoção de metodologias ativas................................ 9
2.1 Cognitivismo......................................................................................................9
2.2 Construtivismo................................................................................................10
2.3 Socioconstrutivismo........................................................................................10
2.4 Conectivismo...................................................................................................11

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1
Módulo
Metodologias ativas:
conceitos e princípios
Unidade 1 – Conceito de metodologia ativa

(Aula/cena nº 1. Apresentação da professora e do curso)

Objetivo de aprendizagem:
Compreender as bases conceituais das metodologias ativas que evidenciam a relevância de
colocar o aluno como protagonista do seu processo de aprendizagem.

1.1. Afinal, o que são as metodologias ativas de aprendizagem?


No vídeo a seguir a prof.ª Ana Claudia Loureiro traz uma reflexão sobre os conceitos de metodologia
ativa e de estratégias metodológicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Aperte o
play e confira!

Vídeo (Aula/cena n°: 2. Conceito de metodologia ativa)

De acordo com Moran (2020), as metodologias ativas são abordagens, estratégias e técnicas de
aprendizagem individual e colaborativa que engajam os alunos enquanto realizam atividades
práticas e desenvolvem projetos que articulam teoria e prática. Elas se constituem como
“alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e de aprendizagem no
aprendiz, envolvendo-o na aprendizagem por descoberta, por investigação ou resolução de
problemas” (MORAN, 2020, p. 1), dando ênfase ao protagonismo do aluno, ao seu envolvimento
direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo, experimentando, desenhando,
criando, sob a orientação do professor.

h,
Destaque,h
“Enquanto o método tradicional prioriza a transmissão de informações e tem
sua centralidade na figura do docente, no método ativo os estudantes ocupam
o centro das ações educativas e o conhecimento é construído de forma
colaborativa” (MORAN, op. cit.).

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As metodologias se expressam em três conceitos-chave: maker, designer e empreender. Clique
em cada uma das opções e confira o que elas representam.
Maker
Exploração do mundo de forma criativo-reflexiva, utilizando todos os recursos possíveis: espaços-
maker, linguagem computacional, robótica.
Designer
Desenhar soluções, caminhos, itinerários, atividades significativas de aprendizagem.
Empreender
Testar ideias rapidamente, corrigir erros, realizar algo com significado.
A ilustração a seguir expressa a configuração dos princípios essenciais das metodologias ativas.
Clique em cada um dos princípios e conheça suas características

Protagonismo: O uso de metodologias ativas para promover a aprendizagem prevê que o


aprendiz assuma o papel de protagonista e seja autônomo para construir novos conhecimentos
e resolver problemas complexos.
Reflexão e ação: Em ambientes de aprendizagem ativa, o aprendiz se envolve em atividades
fundamentais para a sua aprendizagem enquanto reflete sobre o que aprendeu.
Colaboração: A produção colaborativa de conhecimentos propiciada na aprendizagem ativa
permite que grupos de alunos desenvolvam projetos, discutam diferentes pontos de vista,
vivenciem experiências, compartilhem os resultados de sua produção, entre outros aspectos
que enriquecem a construção de saberes.

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1.2. A “Arquitetura Pedagógica” (AP) como modelo ativo de
aprendizagem
Nas referências pedagógicas encontramos diferentes perspectivas que explicam como o
fenômeno da aprendizagem humana ocorre. Entretanto, alguns estudos têm embasado
teoricamente a implementação de metodologias ativas na educação básica, superior e
continuada, fundamentadas em abordagens pedagógicas com características próprias que
influenciam a forma como um curso ou disciplina é concebido, organizado e vivenciado pelos
alunos e professores.
Cada professor adota um modelo pedagógico, que é o modo como suas ações são conduzidas na
prática pedagógica, ou seja, podemos traduzir que o modelo pedagógico é:
• a forma pessoal de ensino adotada pelo docente.
• o modo como o professor determina as suas finalidades educacionais, os objetivos
de aprendizagem e os meios que vai utilizar para atingi-los.
Esses modelos são construídos, geralmente, a partir de recortes pessoais de determinadas
abordagens pedagógicas ou teorias de aprendizagem. Segundo Behar (2009), o modelo
pedagógico pode ser visto como um “recorte multidimensional”, que traz em seu cerne um
elemento denominado “Arquitetura Pedagógica” (AP), que é composto dos seguintes aspectos:

Organizacional
Refere-se ao planejamento das ações pedagógicas como
os objetivos do processo de ensino/aprendizagem, o
cronograma/período, o espaço, enfim, refere-se ao plano
de ensino de uma disciplina, aula ou de um curso.

Conteúdo
Refere-se à seleção do que será trabalhado, como o tema,
os conceitos e as competências a serem desenvolvidas.

Metodológico
Refere-se à forma, ou ao método, pelo qual será conduzido
o currículo, ou seja, como os conteúdos programáticos
serão organizados e trabalhados para que o aluno aprenda.
Refere-se à organização de sequências didáticas, de
comunicação, de interação e conexão entre os sujeitos do
processo de ensino/aprendizagem (professor e alunos).

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Tecnológico
Refere-se à seleção de recursos para trabalhar com os
conteúdos planejados que precisam estar coerentes com a
proposta pedagógica adotada.

Todos esses aspectos de uma AP precisam ser concebidos de forma bem articulada e integrada
para que a concepção da proposta educacional seja coesa e aborde estratégias de ensino
coerentes aos objetivos de aprendizagem.

Referências
BEHAR, P. A. (org). Modelos pedagógicos para a educação a distância. Porto Alegre: Artmed,
2009.
MORAN, M. Metodologias ativas na educação. In: Especialização em Inovação e Tecnologias na
Educação. Disciplina Metodologias Ativas – Referência básica 1 – Professor José Moran, 2020.

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Unidade 2 – Abordagens pedagógicas e teorias
de aprendizagem que fundamentam a adoção de
metodologias ativas
Objetivo de aprendizagem
Distinguir as abordagens pedagógicas e teorias de aprendizagem que fundamentam o uso de
metodologias ativas.

2.1 Abordagens pedagógicas e teorias de aprendizagem


Conhecer as teorias e abordagens pedagógicas que embasam o uso das metodologias ativas
é importante para que possamos conceber modelos pedagógicos centrados na aprendizagem
dos alunos, e não centrados no ensino. Isso acontece pois as metodologias ativas constituem
alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e aprendizagem no aprendiz.
Como principais teorias que embasam o uso das metodologias ativas na aprendizagem temos
cognitivismo, construtivismo, socioconstrutivismo e conectivismo.

No processo de aprendizagem a estrutura cognitiva é tida como a organização e integração de


conteúdos e de suas ideias em uma área reservada de conhecimento, resultando na aprendizagem.
De uma maneira mais simples, podemos dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe,
aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada, por intermédio dos cinco sentidos.
Como teorias cognitivistas que embasam as metodologias ativas, temos a “Aprendizagem
Significativa” de David Ausubel (1968) e a “Teoria da Cognição Situada”, de Lave e Wenger (1991).

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Se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o
mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia.
Desenvolvida pelo biólogo suíço Jean Piaget, a ciência da Epistemologia Genética, que é entendida
como estudo dos mecanismos de formação do conhecimento (epistemo = conhecimento; logia =
estudo), é caracterizada como uma visão interacionista do desenvolvimento e já propunha, antes
mesmo da metade do século XX, um ensino no qual:
• o aluno é o centro do processo de aprendizagem; o nível de amadurecimento de cada
estudante é respeitado;
• o ensino é visto como processo dinâmico, em que o aluno interage, e não estático,
como acontece com frequência em métodos pedagógicos tradicionais;
• o aprendizado é construído gradualmente, e cada novo conhecimento é aprendido a
partir de conceitos anteriores; e
• o conhecimento não é visto como a única verdade possível ou como uma versão exata
da realidade.
Jean Piaget e a Teoria da Epistemologia Genética (1970) são os representantes da abordagem
construtivista que embasa as metodologias ativas.

A grande referência do socioconstrutivismo é o bielo-russo Lev S. Vygotsky, que defende como


ponto central desta abordagem, a concepção de que a aprendizagem e o desenvolvimento

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humano são produtos da interação social. Para Vygotsky, a natureza humana só pode ser
entendida quando se leva em conta o desenvolvimento sociocultural dos indivíduos. Não existe
um indivíduo crescendo fora de um ambiente cultural e o papel da linguagem é fundamental
neste processo.
Como teorias socioconstrutivistas que embasam as metodologias ativas, temos a “Teoria Sócio-
histórica” (ou sociointeracionista), de Lev Vygotsky (1984), a “Abordagem Sociocultural”, de
Paulo Freire (1996), e a “Teoria da Aprendizagem Experimental”, de John Dewey (1959) e David
Kolb (1984).

Teoria de aprendizagem criada pelo canadense George Siemens, apresenta como pressuposto
que as teorias de aprendizagem existentes no início do século XXI não eram suficientes
para compreender as características do aprendiz deste século, face às novas realidades de
desenvolvimento tecnológico e à sociedade organizada em rede. O conhecimento na sociedade
atual é um processo complexo, dinâmico e contínuo que envolve uma série de etapas preparatórias
e o desenvolvimento de meta-competências.
A abordagem metodológica proposta por Siemens é o aprendizado por toda a vida, dentro e
fora da escola. Ocorre pelas conexões entre conteúdos variados (especialmente acessíveis em
ambientes digitais) e pelas nossas experiências de vida. É uma rede em construção contínua, um
caleidoscópio que se configura, desconfigura e reconfigura, nas palavras de Pierre Lévy (1993).
Temos como representante da “Teoria Conectivista” os estudos de George Siemens (2004).

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Destaque,h
Conhecer as teorias e abordagens pedagógicas que embasam o uso das
metodologias ativas é fundamental para que possamos conceber modelos
pedagógicos centrados na aprendizagem dos alunos, e não centrados no ensino,
uma vez que as metodologias ativas constituem alternativas pedagógicas que
colocam o foco do processo de ensino e de aprendizagem no aprendiz.

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Para ampliar os conceitos apresentados sobre essas teorias, clique sobre cada abordagem no
quadro abaixo.

A Teoria Significativa de David Ausubel


Cognitivismo
Teoria da Cognição Situada de Lave e Wenger
Teoria da Epistemologia Genética Construtivismo
Teoria Sócio-histórica
Teoria Freiriana Socioconstrutivismo
Teoria da Aprendizagem Experimental
Teoria Conectivista Conectivismo

Referências
AUSUBEL, D. P. Educational psychology: a cognitive view. New York, Holt, Rinehart, and Winston
Inc., 1968.
DEWEY, J. Como pensamos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1996.
KOLB, D. Experiential learning. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice Hall, 1984.
LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge:
Cambridge University Press, 1991.
PIAGET, J. Epistemologia Genética. Petrópolis: Vozes, 1970.
SIEMENS, G. Conectivismo: Uma teoria de Aprendizagem para a idade digital, 2004. Disponível
em: http://wiki.papagallis.com.br/George_Siemens_e_o_conectivismo. Acesso em: 20 jul. 2020.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

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