pedagógica Refletir: O que é um projeto? Quais são as características básicas de um projeto? O que diferencia um projeto de outras atividades profissionais? Quais são as providências essenciais a tomar durante a criação, planejamento e gestão de um projeto? Tipologia dos projetos Projetos de intervenção: são desenvolvidos no âmbito de um sistema educacional ou de uma organização, com vistas a promover uma intervenção, propriamente dita, no contexto em foco, através da introdução de modificações na estrutura(organização) e/ou na dinâmica(operação) do sistema ou organização, afetando positivamente se desempenho em função de problemas que resolve ou de necessidades que atende. Ex: desenvolver estratégias de parceria com as famílais visando melhorar o desempenho dos alunos) Projetos de pesquisa São projetos que tem por objetivo a obtenção de conhecimentos sobre determinado problema, questão ou assunto, com garantia de verificação experimental, em geram pressupõe estudos acadêmicos. Ex: Projeto feito para conclusão de curso (TCC) Projetos de desenvolvimento ou de produto São projetos que ocorrem no âmbito de um sistema ou organização com a finalidade de produção ou implantação de novas atividades, serviços ou “produtos”. Exemplos de projetos deste tipo são: desenvolvimento de novos materiais didáticos; desenvolvimento de nova organização curricular; desenvolvimento de um novo curso; desenvolvimento de softwares educacionais, etc (este tipo de projeto é muito comum também em outras organizações e contextos como o setor produtivo, comercial, serviços, etc.); Projetos de Ensino São projetos elaborados dentro de uma (ou mais) disciplina(s), dirigidos à melhoria do processo ensino-aprendizagem e dos elementos de conteúdos relativos a essa disciplina (este tipo de projeto é próprio da área educacional e refere-se ao exercício das
funções do professor) Ex: implementação de mudanças no currículo
para facilitar o processo de aprendizagem
dos alunos Projetos de Trabalho São projetos desenvolvidos por alunos em uma (ou mais) disciplina(s), no contexto escolar, sob orientação de professor, e têm por objetivo a aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de competências e habilidades específicas. Esses projetos são conduzidos de acordo com uma metodologia denominada Metodologia de Projetos, ou Pedagogia de Projetos. A principal diferença entre esses dois últimos tipos é que, enquanto os projetos de ensino são executados pelo professor, os projetos de trabalho são executados pelos alunos sob orientação do professor visando a aquisição de determinados conhecimentos, habilidades e valores. Ex: trabalho interdisciplinar visando a integração entre as disciplinas a partir de um tema. Projetos Didáticos Projeto não é apenas um plano de trabalho ou um conjunto de atividades bem organizadas. Há muito mais na essência de um bom projeto. Primeiramente é preciso entender o que tem incentivado o uso de projetos como ferramenta didática. O que justifica o uso de projetos É centrado na realidade de situações e problemas reais, concretos, contextualizados, e portanto, significativos, que interessam aos alunos e direcionam uma aprendizagem com sentido; Prevê o conhecimento como instrumento para compreensão e possível intervenção na realidade As ações e os conhecimentos necessários para a compreensão da realidade são discutidos e planejados entre professor e alunos; A aprendizagem ocorre durante todo o processo e não envolve somente conteúdos, mas traz conhecimentos sobre como conviver, negociar e se posicionar; estimula a buscar e selecionar informações além de fazer o aluno compreender a importância do sujeito; Exige atitudes de responsabilidade, cooperação e autonomia; O professor intervém no processo de aprendizagem dos alunos, criando situações problematizadoras, introduzindo novas informações, dando condições para que eles avancem em seus esquemas de compreensão da realidade; O que prevê um projeto? Numa breve orientação de projeto, elaborada pelo Ministério da Educação, podemos refletir sobre alguns caminhos que vêm sistematizar a prática. Essa modalidade de organização do trabalho pedagógico prevê um produto final cujo planejamento tem objetivos claros, dimensionamentos de tempo, divisão de tarefas e, por fim, a avaliação final em função do que se pretendia. Tudo isso feito de forma compartilhada e com cada estudante tendo autonomia pessoal e responsabilidade coletiva para o bom desenvolvimento do projeto. Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de nove anos. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. p. 119. O papel do professor no trabalho com projetos O professor torna-se o facilitador. Ele não é a única fonte de informação, no entanto cabe a ele planejar as ações e permitir a negociação dos alunos em todo o processo, socializando as informações que serão usadas, buscando soluções e incentivando-os na busca de informações que se deseja obter. Para isso, é preciso estar “íntimo” dos alunos, no que diz respeito a conhecer como eles pensam e quais as estratégias que serão utilizadas para desafiá- los a irem além do que eles já construíram. Quem faz o projeto? Dificilmente escolheremos trabalhar com projeto se este não for uma extensão da nossa forma de trabalho na escola. Trabalhar com projetos exige muito mais do que dar aulas ou passar conteúdos, exige um envolvimento muito grande de todos da escola. O papel do aluno no trabalho com projetos O aluno passa a ser o informante. Para isso, ele precisa estar envolvido ativamente, como também conhecer todo o projeto e sugerir as etapas que serão vivenciadas, de forma a cooperar com interesse e curiosidade para realizar as pesquisas em diferentes fontes, podendo trabalhar individualmente, em grupos ou com toda a turma. O que não pode faltar num projeto? Além da disposição para fazer o projeto caminhar, torna-se importantíssimo que o professor tenha disponibilidade para registrar as práticas vivenciadas nas etapas. Observe como isso pode acontecer: O Processo de Elaboração/Planejamento Selecionando as informações que sustentem o projeto através do estabelecimento de objetivos e resultados esperados no ensino e na aprendizagem. A Execução/Orientação
Desenvolvendo atividades coletivas que sigam uma
seqüência gradual, bem como utilizando registros feitos pelo professor (passo a passo), a fim de organizar melhor o percurso das atividades propostas. A Revisão/Avaliação
Através da auto-avaliação, dos alunos e do professor,
em relação aos encaminhamentos utilizados no processo de aprendizagem, retomando as hipóteses iniciais dos alunos para relacioná-las aos conhecimentos adquiridos. Quais as vantagens do trabalho com projetos didáticos? Produz atividades novas. Exige envolvimento dos alunos. Organiza e valoriza, ainda mais, o conhecimento escolar. Conscientiza os alunos do seu processo de aprendizagem. Vai além dos limites do currículo escolar. Permite a interdisciplinaridade de forma mais flexível. O professor é o pesquisador do seu próprio trabalho. Por onde começar um projeto? Do início do projeto até chegar ao final, muito há de se fazer. Sabemos que não existe uma receita pronta, por isso é necessário colocar a “mão na massa”, ou seja, colocar as ações em prática. Para ajudá-lo, selecionamos algumas dicas que servem para elaboração de projetos didáticos. 1. Tema do Projeto Tem a ver com o(s) assunto(s) que será(ão) abordado(s). 2. Ano/Ciclo Localização de ano escolar e faixa etária dos alunos envolvidos. 3. Duração É o tempo que será estabelecido para o estudo do tema. Este poderá ser variável, de acordo com os critérios previstos. 4. Área(s) de Conhecimento(s) Diz respeito à(s) disciplina(s) que será(ão) contemplada(s) no projeto. 5. Apresentação/Justificativa Explica, em linhas gerais, a escolha do tema e a forma de trabalho de acordo com os objetivos e os conteúdos do projeto. 6. Objetivos Procuram levar em conta os conceitos, os procedimentos e as atitudes previstas para ampliar os conhecimentos dos alunos do Ano/Ciclo. 7. Etapas Previstas Conduzem os processos didáticos que serão utilizados para determinar o que e como os alunos irão aprender. Contrato didático: conta com o comprometimento dos alunos para se envolverem nas etapas do projeto, visando o produto final conhecido por eles. Encaminhamento das atividades e cronograma: levantamento de hipóteses e questionamentos sobre o tema a partir de pistas oferecidas durante o processo, levando em conta os conhecimentos prévios dos alunos e suas dúvidas sobre o tema em estudo. Rotinas de atividades a serem realizadas: elaboração de estratégias que permitam a busca de informações que estimulem a aprendizagem e a troca dos conhecimentos entre os alunos, a exemplo de pesquisas, filmes, debates, entrevistas, documentários, eventos, ensaios, visitas a exposições, experimentos, etc. Define os materiais necessários e explora as produções dos alunos em materiais confeccionados por eles: cartazes, livros, faixas, etc. Produto final: exposição dos materiais ou vivência de atividades com destinatários reais (função social). 8. Resultados Esperados Avaliação do processo de aprendizagem esperado para os alunos e dos procedimentos utilizados pelo professor durante todo o projeto, confirmando ou reformulando as etapas para garantir a compreensão de todos. Por certo, o trabalho não termina aqui, ele
pode estar apenas começando. De tudo, fica
a idéia de que trabalhar com projetos desenvolve competências tanto para quem aprende como para quem ensina. A escolha do tema O tema do projeto deve ser escolhido pelo professor, pois ele sabe os objetivos didáticos e os conteúdos que deseja trabalhar, mas existe um espaço para a tomada de decisão dos alunos. É preciso estabelecer, em primeiro lugar, o que os alunos já têm condições de decidir sozinhos e deixá-los agir. O tema pode ser levado pelo professor, mas os alunos têm de estar interessados em desenvolvê-lo. Condições para o êxito
Definição do problema. Projetos bem sucedidos, de
forma geral, são definidos a partir do problema a ser resolvido e da clareza com que se define a solução do problema. O mais importante é definir com clareza os objetivos do projeto. Uma vez decidida a realização de um projeto, deve-se discutir exaustivamente como o problema pode ser resolvido e as características do resultado final, descritas nos objetivos do projeto ou em suas metas. Sempre que possível, o próprio título do projeto deve indicar as características do resultado final. Por exemplo: reforma, instalação e colocação em funcionamento da cantina escolar. Quanto mais tarde se deixa para realizar essas discussões e definições, mais difícil se torna a implementação do projeto. Envolvimento da equipe. Quanto mais o projeto representa um desafio para a equipe envolvida, maior é a probabilidade de que venha a ter sucesso. Projetos bem sucedidos criam na equipe uma sensação de propriedade: “Este é o nosso projeto, o problema que temos de resolver”. Planejamento. Projetos bem sucedidos são muito bem planejados. Uma vez estabelecidos os planos, no entanto, a equipe tem grande liberdade para executá-los. A probabilidade de o projeto ter sucesso aumenta se durante a sua implementação houver um cronograma de providências e resultados bem elaborado, a partir do qual, os participantes possam controlar o bom andamento dos trabalhos em direção aos resultados previstos. Outro fator que contribui com o sucesso de um projeto é procurar prever problemas que possam surgir em sua implantação e, com a antecedência necessária, preparar-se para resolvê-los, caso eles realmente aconteçam. Existem projetos que necessitam de recursos financeiros para sua implementação. Nesses casos, é preciso haver um bom planejamento dos custos do projeto, considerando-se quanto se vai gastar e de onde sairá o dinheiro. A existência de um coordenador é também uma providência necessária para que um projeto seja bem implementado e atinja a meta definida. A implementação do projeto e a avaliação permanente
O projeto começa a se tornar uma realidade, diversas pessoas já estão
em plena atividade resolvendo problemas, tomando providências, realizando tarefas necessárias à consecução dos objetivos. Durante esse período de implementação do projeto, é muito importante que a equipe, liderada pelo coordenador, mantenha-se atenta à execução do cronograma, acompanhando se as coisas estão dando certo, se o que foi imaginado está se realizando. O papel do coordenador nesse processo é muito importante, pois essa preocupação com a avaliação deve estar presente todo o tempo, desde o começo da execução do cronograma, e não somente quando o projeto está no final, ou quando as coisas já não deram certo. Por exemplo, se uma tarefa deve estar pronta dentro de uma semana e ainda não há perspectivas de ser resolvida, o coordenador precisa chamar o responsável, ver o que está acontecendo, se a pessoa precisa de ajuda, se há algum problema relacionado com a própria tarefa e se tudo estará resolvido no prazo previsto. A avaliação permanente deve se concretizar em ações corretivas, assim, se for preciso, o coordenador deve tomar as providências necessárias para que a tarefa esteja feita no prazo.