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Metodologias Ativas – Parte 1:

Aprendizagem Baseada em Projetos


http://inoveduc.com.br/metodologias-ativas-parte-1/
4 de Abril de 2018

Escrito por Thiago Almeida


Atualmente, 48 instituições de ensino superior no Brasil estão se
organizando para adotar, formalmente, as metodologias ativas de
aprendizagem como modelo pedagógico. Elas fazem parte do Consórcio
STHEM Brasil, uma iniciativa da Semesp e da Laspau, ONG que difunde o
conceito da aprendizagem ativa na América Latina.
No entanto, há centenas de outras instituições que também estão
procurando adotar metodologias ativas, mas ainda não participam do
consórcio.
Assim como há escolas de ensino básico realizando o mesmo movimento,
universidades corporativas e empresas de cursos livres.

O interesse pelo tema é grande, e publicações importantes estão chegando


nas livrarias, como a obra “Metodologias Ativas Para Uma Educação
Inovadora”, de Lilian Bacich e José Moran, e “Revolucionando a Sala de
Aula”, de Edvalda Araújo Leal, Gilberto José Miranda e Silvia Pereira de
Castro Casa Nova.

Apesar do aumento da procura sobre o tema das Metodologias Ativas,


trata-se de uma discussão que vem acontecendo há quase 30 anos. Em
1991, o professor C. Roland Christensen, da Universidade de Harvard,
liderou a publicação do livro “Education for Judgment”, no qual, em
conjunto com outros pesquisadores, aborda com profundidade os desafios
de se adotar a aprendizagem ativa como abordagem pedagógica.
. Empreendedorismo potencializa conceitos das metodologias ativas
Como pesquisador e professor, tenho estudado metodologias ativas de
forma sistemática e estruturada, e venho adotando-as em minhas
disciplinas desde 2013, em cursos de graduação e pós-graduação nas áreas
de Design, Cinema, Publicidade de Propaganda, Administração e em
programas para formação de professores.

Sempre que compartilho minhas experiências, noto um grande interesse


por parte de professores e gestores educacionais em relação ao tema, e
muitas dúvidas comuns acabam vindo à tona. Desta forma, preparei uma
série de três artigos para o Portal InovEduc onde abordarei três técnicas de
metodologias ativas com as quais tenho mais experiência e leituras:
 Aprendizagem Baseada em Projetos
 Aprendizagem Baseada em Equipes
 Método do Caso
O objetivo é compartilhar experiências, percepções e discutir brevemente a
fundamentação teórica de cada técnica.

Aprendizagem Baseada em Projetos


O que é?
É uma metodologia ativa orientada para o desenvolvimento de habilidades,
conhecimentos e atitudes nos estudantes, por meio de intenso processo de
investigação e elaboração de produtos e artefatos.

De acordo com o Book Institute For Education (2008), os projetos podem


variar de uma semana até um ano, envolvendo apenas uma disciplina ou
tendo caráter interdisciplinar, integrando diferentes professores, séries,
comunidade e adultos fora da escola.

Aprender através de um projeto é diferente de realizar um projeto.

Normalmente uma pessoa é convidada a realizar um projeto quando


possuí competências para tal, adquiridas previamente, e que serão
utilizadas no decorrer do processo. No caso da aprendizagem por projetos,
o objetivo é inverso. O estudante não possui as competências necessárias
para realizar o projeto, e precisará, justamente, desenvolvê-las durante o
processo, para que seja capaz de entregar o produto ou artefato
demandado pelo professor.
Portanto, o projeto se transforma em um recurso de aprendizagem, onde o
objetivo não é a entrega do produto ou artefato, mas sim o processo de
aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para se
chegar no resultado final.

A metodologia de projetos inverte a lógica do modelo


instrucional, onde o ponto de partida é o currículo e o
planejamento do professor. Na aprendizagem por projetos, o
ponto de partida é o interesse do estudante, e, a partir dele, o
professor fará o currículo surgir durante o processo.
Em outras palavras, se os estudantes precisam aprender multiplicação e
divisão, na matemática, isto acontecerá não porque o professor decidiu em
seu planejamento, mas sim porque, em uma das etapas de projeto será
necessário multiplicar e dividir para que o produto ou artefato seja criado.

Neste caso, se o projeto for, por exemplo, a realização de uma feira de


comidas orgânicas, para determinar as porções e quantidades de alimentos
a serem comprados e preparados, é preciso saber multiplicar e dividir, e os
estudantes deverão aprender estas operações não pela determinação do
professor, mas sim para a realização o projeto, o que confere sentido à
aprendizagem.

Como se aplica?
O projeto deve ser elaborado previamente pelos professores, como se
fosse uma espécie de roteiro da experiência de aprendizagem que os
alunos enfrentarão. Deve partir de uma questão norteadora, relevante para
a vida dos estudantes, e que seja capaz de despertar interesse e motivação.

Os estudantes deverão ser guiados pelos professores durante um intenso


processo de pesquisa. O papel do docente deixa de ser narrar conteúdos
ou explicar teorias, e passa a ser o de planejar situações de aprendizagem
relevantes, mediar conflitos e impasses dentro da equipe, sugerir caminhos
de pesquisa e questionar permanentemente os estudantes.

Quando falamos em aprendizagem por projetos, esta palavra é


muito importante: experiência. O planejamento do projeto, por
parte dos professores, deve sempre ter em foco qual o tipo de
experiência que desejam proporcionar a seus estudantes.

Em tese, os professores devem determinar o nível de dificuldade e


flexibilidade que o projeto deverá ter para os alunos. É importante haver
espaço para os estudantes customizarem suas pesquisas e resultados
finais, mas sem que isso represente um desvio de rota em relação aos
objetivos de aprendizagem.

Como se avalia?
A aprendizagem por projetos pode ser avaliada de duas formas:

1. durante o processo, em um modelo formativo, em que o professor


avalia os estudantes através de suas interações com as equipes
2. e ao final, através do produto ou artefato gerado pelo projeto. O ideal
é que ambas as dimensões sejam contempladas. É importante frisar
que o professor deve ter em mente as competências que os estudantes
precisam desenvolver, e deve colocar seu foco de avaliação nelas.
Um projeto é uma metodologia rica, que normalmente oferece
aprendizados não planejados pelo professor e conduz as equipes a
experiências não previstas. Isto é muito importante para uma experiência
proveitosa de aprendizagem por projetos, porém os professores devem
sempre ter muita clareza de quais objetivos de aprendizagem estão em
jogo e do que precisa ser avaliado primordialmente.

O que não é aprendizagem por projetos?


Aprendizagem baseada em projetos não é:

 Trabalho em grupo
 Avaliação
 Dinâmica de grupos
É normal professores confundirem a aprendizagem baseada em projetos
com atividades que envolvam cooperação ou aplicação de conteúdos
ministrados previamente. Nem todo trabalho em equipe ou grupo significa
aprendizagem por projetos. A principal diferença da aprendizagem por
projetos para um trabalho em grupo tradicional é: em um trabalho em
grupo os estudantes aplicam conhecimentos que foram previamente
trabalhados em sala de aula, ou realizam uma pesquisa solicitada pelo
professor.

. As metodologias ativas e a educação a distância


Na aprendizagem por projetos os estudantes vivenciam uma experiência
diferente, pois partem de um desafio ou problema apresentado pelo
professor, e precisam construir um produto ou artefato que responda a
este problema. A confusão costuma acontecer pelo fato de a aprendizagem
por projetos envolver pesquisas e investigações.
No entanto, o projeto não se concluí com a descoberta de informações,
mas sim com a criação de produtos e artefatos a partir dos dados
pesquisados. Os estudantes precisam efetivamente pesquisar e criar algo
ao final do processo.

. Metodologias ativas e tecnologias aplicadas à educação


Alguns professores utilizam a aprendizagem por projetos como
instrumento de avaliação, por entenderem que no projeto, conhecimentos
previamente trabalhados podem ser aplicados. No entanto, isto é uma
forma inadequada de utilizar a metodologia, pois o objetivo é que o aluno
aprenda durante o desenvolvimento do projeto, ou seja, ele precisa ser
exposto a novos aprendizados. Utilizar o projeto como recurso de avaliação
não leva a novos aprendizados, e funciona mais como exercício ou reforço.

A aprendizagem por projetos exercita níveis mais altos da Taxonomia de


Bloom, como avaliação e criação, permitindo aos estudantes praticar estes
domínios cognitivos. É justamente por isso que deve ser aplicada num
contexto de desafio. Ser utilizada como avaliação ou exercício em equipe
não estimula a criação, mas apenas a reprodução de algo previamente
aprendido.

Fatores críticos de sucesso


A literatura relata que a aprendizagem baseada em projetos provoca níveis
mais altos de engajamento dos estudantes, pois normalmente estes
enxergam significado nos temas de projeto. Para que isto aconteça, é
recomendável que os projetos sejam baseados em assuntos do dia a dia ou
de grande interesse dos estudantes.

Outro ponto importante é o estímulo à colaboração. Projetos envolvem


decisões e conflitos em equipe, e a busca pelo consenso e construção
coletiva é um fator de envolvimento dos alunos no processo. É também
relevante que o desenvolvimento do produto ou artefato envolva tanto
habilidades que os estudantes já possuem, quanto a aquisição de novas.
Aprender dentro do grupo é outra característica importante da
metodologia.
Minha experiência com
Aprendizagem Baseada em Projetos
e recomendações gerais
Os resultados mais interessantes que observei em meus estudantes na
aplicação da aprendizagem por projetos, em termos de engajamento e
aprendizado, sempre foram relacionados a dois fatores: autonomia e
desafio. Oferecer aos estudantes a possibilidade de escolherem seus temas
de projeto sempre trouxe resultados mais efetivos em termos de
envolvimento. Deixá-los mudar de tema também é algo importante, pois
ratifica que está nas mãos da equipe decidir os rumos do trabalho.

. Startup promove integração de conceitos em um único modelo


Construir espaços de autonomia é crucial, de forma a permitir que os
estudantes realmente se apropriem do processo e se guiem pelos seus
interesses. No entanto, autonomia é prima-irmã da curiosidade, e uma não
sobrevive sem a outra.

A primeira tarefa de um professor é ajudar os estudantes a


desenvolverem curiosidade sobre os temas, principalmente se o
projeto for uma metodologia com a qual não estejam
acostumados. É preciso um período de adaptação ao ritmo das
atividades do projeto. Somente quando a curiosidade
verdadeiramente se manifestar é que os estudantes se sentirão
donos do processo e passarão a se orgulhar de seu trabalho.

É justamente neste momento que o desafio surge como elemento crucial.


Sem desafio o interesse pelo projeto tende a esfriar, e a entrega do produto
ou artefato pode se tornar óbvia e entediante. O desafio é o que irá
sustentar o engajamento dos estudantes durante o projeto, e não deve ser
excessivamente alto, de forma a fazer os alunos desistirem, nem muito
fácil, de forma torná-lo desinteressante. Os alunos precisam se orgulhar
dos resultados ao final.
No próximo artigo nosso tema será Aprendizagem Baseada em Equipes.
Até lá!

Pirâmide de William Glasser


ou “Cone da Aprendizagem”
Quando vamos transformar a Educação
em algo que faça a diferença para
nossos jovens?

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Aug 2, 2017
Pirâmide de William Glasser, também conhecida como
"Cone da Aprendizagem"

http://revistapontocom.org.br/materias/o-cone-da-
aprendizagem

"... estudo de outro professor, Edgar Dale, que, em 1969, por


meio de pesquisas, dizia que depois de duas semanas, o
cérebro humano lembra 10% do que leu; 20% do que ouviu;
30% do que viu; 50% do que viu e ouviu; 70% do que disse
em uma conversa/debate; e 90% do que vivenciou a partir
de sua prática. O estudo ficou conhecido pelo nome The
cone of learning."
Estes diagramas simples demonstram aquilo que o
MESTRE, Rubem Alves, já havia dito alguns anos antes:
O conhecimento está nos livros, nas bibliotecas… O
conhecimento já está na Internet. O professor deve
despertar a CURIOSIDADE no aluno. O conhecimento ele
consegue sozinho…

A Escola como espaço de reprodução do conhecimento está


se tornando uma entidade obsoleta. O professor que ignora
a importância do contexto do aluno em sua Metodologia
Pedagógica está falhando miseravelmente em se apropriar
das inúmeras oportunidades de tocar esse aluno e tornar a
Educação algo que faça sentido para ele!

“Cadê o retorno…?”
Essa frase emblemática do saudoso Tim Maia descreve bem
a situação:
Cadê o retorno?

Se o professor não é capaz de comunicar valor naquilo que


ensina, se não desperta a CURIOSIDADE dos alunos, se não
causa “espantos” (Rubem Alves), então ele não terá
“retorno” dos seus alunos. Eles estarão ali, na melhor
das hipóteses, por obrigação. Estarão cumprindo um ritual,
uma demanda social que eles não valorizarão, e que poderá
culminar em sua evasão.

Essa foto é da Década de 50… Mas poderia muito bem ser de


uma sala de aula qualquer do ano de 2017! E isso é
ASSUSTADOR!
Entendeu, professor, por que não adianta continuar dando
aulas como na década de 80?

Metodologias Ativas:
conceito e aplicação aqui
- continua
Conceito novo, porém com uma base educacional já antiga. Neste
artigo, vamos conhecer mais sobre seu significado e aplicabilidade.
O termo “Metodologias Ativas” ainda é novo, porém muito discutido no meio
educacional. Muitos professores, instrutores e consultores afirmam utilizar as MA´s em
suas formações. Faz todo sentido que estejamos buscando um método para aplicar
nossos saberes, afinal, o ‘como ensinar’ sempre foi um grande desafio para os
profissionais da área, instituições de ensino e pesquisadores.
Um método no contexto de educação, define um conjunto lógico de ações, com o
propósito de desenvolver nos alunos a capacidade de aprender novas competências. É
um modo consciente de proceder para alcançar um fim definido: a ‘transmissão de um
novo saber’, por exemplo.
Por curiosidade, a Aprendizagem Ativa é estudada desde a década de 90, por autores
como Bonwell, Eison, Barnes e tantos outros, que defendem um ambiente adequado,
formas de interações e diferentes estratégias de ensino/aprendizagem. Perceba que
as palavras utilizadas estão todas no plural, assim como MetodologiaS AtivaS,
portanto, não é uma única ferramenta, técnica ou atividade.
Muitas pessoas confundem, achando que Metodologias Ativas é um única técnica. Sala
de Aula Invertida pode se tornar uma metodologia ativa, assim como a
Aprendizagem Profunda, Tutoria entre Pares, Técnica de Perguntas, Gamificação, PBL,
Storytelling, Estudos de Casos, Action Maze, Philipps 6/6, Incidente Crítico, 70:20:10,
dentre outras.
Perceba que todas as técnicas citadas acima podem ser parte de um método ativo, assim
como, de um método passivo. Se o educador não souber ativar seus alunos, sua aula
será demonstrativa, expositiva, que até então, não há mal algum, é apenas uma outra
abordagem, com resultados distintos de aprendizagem.
A Gamificação, por exemplo, está em alta, em diversos cursos, projetos empresariais,
muito utilizada na formação em programação, etc. Acontece que se o formador não
apresentar uma proposta que ative o interesse dos seus alunos, será apenas ‘mais um
jogo’. Da mesma forma acontece com toda e qualquer ferramenta, que não coloque o
aluno como personagem principale valorize suas individualidades.
A Sala de Aula Invertida é utilizada por muitos educadores de forma passiva, acredite
nisso. Quando, numa primeira etapa, você envia um material para que os alunos leiam e
não apresenta um desafio ou propósito, você não está ativando. Nem mesmo, quando na
sala de aula, sua apresentação é ‘top-down’, com exemplos que não fazem sentido a
eles, onde o personagem principal é você (educador), isso segue não ativando. A
ferramenta também apresenta um terceiro momento, o ‘pós-aula’, e se você exigir que
os alunos debatam num fórum e que validem o que aprenderam, pois será aplicada uma
prova, isso está longe de ser um método ativo.
Para ativar e envolver, é preciso, antes de tudo, motivar cada indivíduo, dialogar,
explorar as histórias de vida, incentivar as experiências e atender as necessidades
de cada um deles. Não seja ingênuo(a), achando que ao propor uma atividade
‘dinâmica’, onde os alunos se levantam e estão todos sorrindo, eles estarão ‘ativados’ e
envolvidos. O foco de uma MA é efetivar o aprendizado, e não ‘balançar o esqueleto’.
Uma reflexão bem feita, vale mais do que a soma de muitas técnicas.
A proposta de educação que ativa e envolve os aprendizes é antiga, o conceito é que
surgiu recentemente. Freire, Dewey, Knowles, Rogers, Vygotsky não citam o termo,
mas defendiam a aplicação de tais princípios. Se formos mais longe ainda, a filosofia
socrática (século V a.C) já buscava ativar os ouvintes através de um método
interrogativo. As MA´s estão muito relacionadas com a postura do educador,
da forma de avaliação e de como são valorizadas as experiências prévias dos
participantes.
Por fim, uma metodologia ativa é baseada em alguns princípios, como a personalização
da aprendizagem. Não existe uma ‘receita de bolo’ ou um formato único de aplicação,
pois a técnica é aplicada para os indivíduos que compõem aquela turma específica, e
que pelas suas necessidades e interesses, buscam conhecimentos e habilidades que
façam sentido para suas vidas. Portanto, busque apresentar desafios com problemas
reais, podendo ser em pares ou em grupos, desde que cada atividade proposta faça
sentido para aqueles que participam.
Quando o aluno é ‘ativado’, ele fará parte do processo de ensino-aprendizagem e não
se importará de ser desafiado, seja por perguntas, dinâmicas ou um jogo digital. Permita
que o aluno apresente suas opiniões e ideias, que faça perguntas e que compartilhe as
dúvidas, assim como os saberes prévios. Quando um aluno compartilha uma dificuldade
que teve num ambiente profissional, por exemplo, isso significa que ele está envolvido e
querendo uma solução.
A metodologia ativa, antes de uma técnica, é uma proposta que provoca o próprio
educador. Se você não está disposto a ouvir, comunicar-se na horizontal, respeitar a
individualidade e envolver através de atividades que façam sentido aos alunos (e não a
você), não existirá método ativo que te sirva.
(* Se você quer saber mais sobre instituições e educadores que aplicam
as Metodologias Ativas, deixe um comentário)

Para referenciar o artigo, utilizar:


– Beck, C. (2018). Metodologias Ativas: conceito e aplicação. Andragogia Brasil.
Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/metodologias-ativas/
3 metodologias ativas para apostar
em 2018
Por REDAÇÃO 19 de fevereiro de 2018

O ensino brasileiro começa a caminhar em direção à inovação.


Instituições, professores e especialistas estão se unindo para debater os
rumos da educação daqui para frente. A meta comum é promover um
ensino que agregue o conhecimento prático à tecnologia, valorizando a
capacidade de ação e a pro-atividade dos alunos.

Entretanto, ainda há um longo trajeto a ser percorrido – tanto no ensino


básico quanto no superior – para que se encontre uma nova forma de
aprender e ensinar. O ano de 2018, por exemplo, começa com pautas
importantes no âmbito político, trazendo possíveis impactos às
instituições de ensino e às estratégias do segmento.

Nessa agenda, os destaques vão para três diferentes debates. Um deles


diz respeito ao projeto de lei nº 5414/16, que autoriza a abertura de
cursos a distância na área da Saúde. Outro assunto premente é a
entrada em vigor do novo Fies, cuja medida principal reserva um fundo
contra a inadimplência, mantido pelas IES. Por fim, as discussões sobre
a Base Comum Curricular e o novo ensino médio também ganharão
espaço.

O entendimento desses novos arranjos do cenário é essencial para quem


deseja migrar para um currículo integrado com as metodologias de
vanguarda. As estratégias de modernização, aliás, estão entre os
diferenciais capazes de fazer com que uma instituição dê passos largos
em direção ao crescimento.

>> Acesse aqui um webinar exclusivo sobre


metodologias ativas <<
Confira, a seguir, três conceitos inovadores que podem auxiliar nessa
missão.

Peer Instruction
Criada no início da década de 1990 pelo professor de física holandês
Eric Mazur, a metodologia do Peer Instruction (ensino por pares, em
tradução livre) surgiu da necessidade de fazer os alunos compreenderem
assuntos complexos de física e matemática. “Frequentemente, a
disciplina de introdução à física é uma das maiores barreiras na trajetória
acadêmica de um estudante”, afirma Mazur em Peer Instruction – A
Revolução da Aprendizagem Ativa, lançado no Brasil pela Editora Penso.

O método consiste em tirar o foco da transferência de informações,


estimulando a busca por conhecimento de forma autônoma. Apoiado em
leituras pré-aula relacionadas ao tema proposto, o professor fomenta e
medeia o debate entre os alunos, lançando questões conceituais
baseadas nas dificuldades da turma. As aulas, assim, tornam-se
direcionadas e efetivas, propiciando o auxílio mútuo entre os alunos no
processo de aprendizagem.

Uma das mais importantes universidades do mundo, o Massachussets


Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, adotou o modelo
de Peer Instruction para desenvolver o TEAL/Studio Physics, um projeto
que converteu as salas de aulas tradicionais em estúdios de física
dedicados ao ensino ativo.

Para saber mais


No Brasil, Peer Instruction – A Revolução da Aprendizagem Ativa, de Eric
Mazur, é publicado pelo selo Penso. A obra define os conceitos e
exemplifica a aprendizagem ativa no ensino superior.

Flipped Classroom
O flipped classroom é uma das portas de entrada para as metodologias
ativas e tem como pilar a inversão das atribuições tradicionalmente
realizadas pelo estudante em sala de aula. Aqui, o estudo e os exercícios
são feitos em casa, enquanto o tempo do aluno na universidade é
destinado a atividades complementares. Mas o flipped classroom vai
além dessa simples inversão. Para alcançar os níveis de absorção de
conhecimento desejados, o aluno pode utilizar vídeos, jogos, apostilas,
manuais interativos e diversos outros materiais que introduzem o
conteúdo de maneira efetiva.

O método da sala de aula invertida é estudado desde os anos 1990, mas


foi em 2007 que ganhou espaço nas instituições de ensino norte-
americanas, impulsionado por diversos estudos de pesquisadores da
pedagogia. Dois dos seus principais teóricos, Michael B. Horn e Heather
Staker, tratam o assunto no livro Blended – Usando a inovação disruptiva
para aprimorar a educação. Na obra, os dois especialistas do Clayton
Christensen Institute – organização dedicada ao estudo de inovações
disruptivas – abordam temas relativos à preparação de uma instituição,
tanto na parte burocrática quanto na operacional, para receber cursos
que possibilitem o hibridismo entre sala de aula e EAD.

Para saber mais


Blended – Usando a inovação disruptiva para aprimorar a educação é
uma publicação da editora Penso em parceria com o Instituto Península
e a Fundação Lemann. A obra é destinada a guiar professores e
gestores no desenvolvimento de cursos híbridos.

Mentalidades Matemáticas
Se todo ser humano é capaz de aprender matemática, por que tantos
alunos têm dificuldade e até aversão à disciplina? A pesquisadora
britânica Jo Boaler, professora da Stanford University, nos Estados
Unidos, foi atrás de uma solução a esse dilema. Ela usou o
questionamento como motriz para organizar um novo modo de ensinar
ciências exatas.

A disrupção no método de Boaler reside no estímulo ao potencial dos


estudantes por meio da matemática criativa. O conceito, aqui, é fazer
com que fórmulas matemáticas não representem apenas letras, números
e uma inexplicável sensação de desconexão com o mundo real.

Para isso, as aulas idealizadas pela pedagoga abrem espaço à


experiência e à experimentação, com o estudante assumindo o
protagonismo do processo de aprendizagem. “O aluno se priva de pensar
livremente em aula por ter medo de errar e não parecer inteligente o
suficiente”, explica a professora.

No Brasil, as ideias de Jo Boaler foram incubadas por instituições como o


Instituto Sidarta, de Cotia, interior paulista. A escola investiga processos
de aprendizagem que possam promover competências intelectuais e
sociais, despertando o apreço dos alunos pelo conhecimento.

Segundo a diretora pedagógica do Sidarta, Claudia Siqueira, a aversão à


matemática pode não passar de uma grande falácia. “Será que as
crianças têm mesmo dificuldade com a matemática ou isso é apenas um
paradigma que a gente vem comprando há muito tempo?”, questiona ela.
Divulgador científico e autor de mais de 30 livros sobre o tema, o
professor britânico Keith Devlin costuma afirmar que somos todos
pensadores e usuários naturais da matemática. A busca por padrões no
mundo e o incentivo à curiosidade são características que todo ser
humano cultiva, especialmente na infância. Por isso, em um país onde os
índices de aprendizado no ensino básico se mostram insuficientes, o
incentivo às ciências exatas desponta como um fator extremamente
necessário.

Para saber mais


Mentalidades Matemáticas, de Jo Boaler, é publicado com exclusividade
no Brasil pela Editora Penso, em parceria com o Instituto Sidarta. Veja
aqui.

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