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Para que isso ocorra, é preciso começar com um problema desafiador, sem respostas fáceis que
possam ser obtidas rapidamente, por exemplo, no Google. É necessário estimular a imaginação,
incentivando os alunos a ir atrás de soluções.
Graças a isso, a Aprendizagem Baseada em Projetos une, até certa medida, o processo de
ensino e a prática, tornando-os inseparáveis. Ao aplicá-la, envolve-se a exploração do contexto,
o desenvolvimento de ideias a partir do conhecimento e a comunicação entre pares.
Uma grande vantagem dessa metodologia ainda reside no fato de os alunos conseguirem
organizar suas descobertas por meio de gráficos e estatísticas, vídeos, aplicativos e programas
simples, entre outros instrumentos multimídia.
Com o uso dessas ferramentas, eles demonstram seus conhecimentos por meio de
apresentações ou produtos voltados para um público real. Paralelamente a isso, os professores
podem repassar à turma os resultados e as avaliações feitas sobre o desempenho de cada
aluno para enriquecer ainda mais o processo de ensino.
Vale destacar que, na Aprendizagem Baseada em Projetos, o tempo de “trabalho” pode variar de
poucas semanas a um semestre, mas, normalmente, é longo. Durante esse período, os
participantes dedicam maior atenção a seus projetos enquanto buscam soluções para problemas
do cotidiano.
Com isso, a metodologia pretende que os estudantes não só desenvolvam competências, como
construam seus conhecimentos e trabalhem de maneira colaborativa.
Como funciona a Aprendizagem Baseada em Projetos?
Geralmente, a forma de aplicar o Project Based Learning é bastante simples. Veja alguns de
seus passos e tópicos principais:
sugere-se um problema;
os alunos investigam suas possíveis causas e elaboram hipóteses;
após conhecer melhor o desafio e suas origens, definem táticas para a resolução do desafio;
estabelecem um plano;
apresentam o plano e o executam, podendo demonstrar os resultados depois;
são avaliados pelo orientador (veremos melhor esses passos adiante).
O ponto-chave é que cada estudante seja capaz de interagir com sua realidade, identificar o que
há de errado e entender o que precisa ser melhorado ou resolvido. A partir disso, ele deve
sugerir um ou mais modos de prevenir ou solucionar o desafio.
Por exemplo, se a pergunta inicial envolve como incentivar uma comunidade a economizar água,
os alunos poderão encontrar diferentes caminhos para isso. Um grupo pode buscar as principais
práticas que contribuem para a redução do consumo e montar uma cartilha, enviando-a por e-
mail às pessoas ou distribuindo-a de forma física.
Outro time de estudantes pode desenvolver um aplicativo que ajuda a calcular o consumo de
água em diversas atividades, fornecendo estimativas após a pessoa indicar o tipo de tarefa e o
tempo gasto em cada uma. Essa informação pode ajudá-la a entender o quanto gasta desse
recurso natural, podendo diminuí-lo.
Devido a esse fator, o Project Based Learning consegue envolver o ensino híbrido de diferentes
recursos e métodos, além da transdisciplinaridade. Em outras palavras, engloba temáticas,
competências e recursos de várias matérias acadêmicas.
É importante observar que a Aprendizagem Baseada em Projetos funciona de modo a
desenvolver habilidades como autonomia, proatividade e curiosidade para a resolução de
problemas. Também fomenta a comunicação interpessoal e o trabalho em equipe, tanto entre os
alunos quanto entre estudantes e professor. Por sinal, o educador passa a ser um colaborador
orientador e não apenas o encarregado de passar conteúdo de forma vertical.
elaboração de hipóteses;
refinamento de ideias;
realização de previsões;
experimentação de hipóteses;
coleta de dados;
realização de novos questionamentos;
desenvolvimento de materiais concretos (aplicativos, relatórios, documentos etc.).
É a partir dela que o programa será desenvolvido. Vale destacar que os trajetos feitos para
respondê-la não precisam ser definidos previamente, pois cada aluno ou grupo pode encontrar
respostas diferentes para esse desafio, mas igualmente satisfatórias.
Como mencionado, a questão inicial não deve ser facilmente respondida, pois os alunos
precisam de empenho para solucioná-la. Isso é necessário para que desenvolvam as
habilidades desejadas e absorvam determinados conhecimentos.
Para tanto, a ideia inicial, a questão e o projeto devem ser desenvolvidos já se tendo em vista o
que se espera da turma. Os estudantes devem adquirir habilidades exercitando:
a comunicação;
o raciocínio lógico;
a colaboração e o trabalho em grupo;
a criatividade;
o pensamento reflexivo;
a capacidade de usar diferentes recursos tecnológicos;
a mensuração e o controle de tempo;
a tolerância a frustrações (quando os projetos não vão como o esperado);
a resiliência;
a persistência por meio de tentativa e erro etc.
É recomendado que eles também busquem informações em formatos diferentes, indo além dos
mais comuns (vídeos, posts e artigos). Nesse caso, é indicado sugerir a eles entrevistas, fóruns,
reportagens, entre outros materiais, sem, é claro, esquecer-se dos livros.
Conteúdo aprofundado
O conteúdo que será trabalhado — e que necessita dos projetos para ser adequadamente
transmitido — deve ser aprofundado, além de ser relevante para o crescimento profissional e
acadêmico dos estudantes.
No Project Based Learning, os alunos são protagonistas e têm voz ativa. Isso quer dizer que
eles precisam desenvolver autonomia. Para tanto, devem decidir os caminhos a seguir em seus
projetos, contando com a orientação do professor.
Ele, por sua vez, precisa ter cuidado para não interferir demais nos projetos, pois sua atuação
envolve, entre outras coisas, conduzir, instruir e indicar possíveis fontes de conhecimento que
ajudarão os estudantes.
Avaliações e feedbacks
Embora seja necessário cuidado para não “podar” a voz e a criatividade dos alunos, o professor
deve entregar feedbacks constantes ao longo do desenvolvimento dos projetos. Isso os ajudará
a enriquecer seus repertórios de conhecimentos, além de melhorar seus planos ao longo do
tempo. Também poderão resolver entraves e mudar rumos que podem não levar a resultados
satisfatórios.
Isso poderá levar tempo e requerer muitos recursos, uma vez que é necessário transformar suas
atividades e repensar o modo de avaliação dos alunos. Também será preciso assegurar o
atendimento a todas as áreas do currículo nacional, de modo que os alunos fiquem preparados
para realizar testes padronizados, como vestibulares, Enem, Enade etc.
A implementação da ABP em sala de aula pode ser planejada e executada em etapas. A seguir,
veja um pequeno guia para isso.
Nessa primeira etapa, o professor deve definir o problema central que será resolvido — por meio
dos projetos — pelos alunos. Ele tem que formular uma questão de orientação que seja
complexa, mas passível de ser resolvida pelos estudantes.
Contudo, vale reforçar: a resolução não deve ser rápida com o uso do Google. Ela também deve
ser instigante e suscitar um debate inicial, para que o educador consiga mensurar o nível de
conhecimento que sua turma tem sobre ela.
Nessa fase, é preciso estimular constantemente os estudantes para que não desanimem e
consigam desenvolver adequadamente seus projetos. É vital manter o diálogo e incentivar a
turma a continuar suas pesquisas. Também é preciso reforçar os pontos a serem trabalhados,
deixando claro as competências que eles devem desenvolver e que serão avaliadas ao final.
Confira também se o cronograma está sendo respeitado ou se há muitos atrasos que exigem a
modificação de datas. Tente manter tudo dentro do tempo planejado, exceto se houver
imprevistos que justifiquem a mudança no calendário dos projetos.
Antes dos dias de apresentações, é importante conversar com cada equipe para que sejam
providenciados os materiais necessários para as exposições (projetores, salas maiores, sistema
de som etc.). Durante a exposição, fique atento à forma como eles se organizam e apresentam o
produto ou solução em que trabalharam.
Avaliação
A última etapa é a de avaliação dos alunos. Ela pode ser feita durante e após a apresentação e,
caso o produto/solução seja aplicado na comunidade, depois dos resultados de sua aplicação.
É importante que o professor realize avaliações dos alunos para que eles possam medir seus
desempenhos e analisar o que precisam melhorar. Cada estudante também deve realizar uma
autoavaliação para tentar entender, por si, o que falta aprimorar e de quais conhecimentos ainda
necessita.
Isso, aliás, gera a possibilidade de comparar a avaliação de ambos (aluno e professor). Caso
elas sejam divergentes, é recomendado agendar uma reunião entre os dois. Nessa ocasião, o
estudante poderá explicar qual foi o seu entendimento do conteúdo, apontar aspectos que talvez
o educador não tenha notado e justificar sua performance (e seus resultados).
Os principais recursos necessários para a aplicação dessa metodologia são tempo, esforço e um
investimento adequado em equipamentos, já que uma das premissas do método é o uso
das tecnologias para instituição de ensino.
O principal resultado que essa metodologia pode gerar é o maior preparo dos estudantes para
buscar o sucesso acadêmico, profissional e pessoal. Dessa forma, eles se tornam mais aptos a
enfrentar os desafios atuais, em que a tecnologia e as habilidades interpessoais são cada vez
mais exigidos. Isso tudo enquanto desenvolvem pensamento crítico e criatividade.
Um bom caso de êxito está na escola estadunidense New Technology High School, de Napa,
Califórnia, que segue totalmente o Project Based Learning desde a sua fundação em 1996.
pensamento crítico — para conseguir desenvolver essa habilidade, é preciso enfrentar desafios
complexos;
comunicação oral — essa competência é desenvolvida estando presente;
colaboração — para saber como contribuir com os demais, é necessário atuar em equipe;
comunicação escrita — requer que os alunos sejam instigados a escrever;
preparação de carreira — para atender a esse item, é importante realizar estágios;
cidadania e ética — esse aspecto requer o enfrentamento a questões cívicas e globais;
alfabetização tecnológica — os alunos precisam manusear recursos tecnológicos para que esse
propósito seja alcançado;
padrões de conteúdo (áreas de conteúdo específicas que os estudantes devem aprender) —
para os alunos adquirirem os aprendizados desejados, é fundamental pesquisar e realizar os
itens acima.
Para atender a esses 8 princípios, os professores e instrutores iniciam cada unidade pondo os
estudantes em um projeto real ou realista. Ele deve envolver o interesse dos alunos e gerar uma
série de conhecimentos que eles necessitam aprender.
Alguns exemplos de projetos que foram feitos envolveram abordar questões financeiras, como
se os alunos fossem um time de assessores econômicos do presidente, e apresentar um plano
ao Congresso para solucionar a crise do petróleo.
1. Identificar e descrever os estágios da vida da planta. Quantos são? Como esses estágios da
vida são definidos.
2. Qual é a aparência das plantas nos diversos estágios? Obtenha imagens de vídeos que
mostrem os estágios.
3. O que acontece nos diversos estágios? Como podemos mostrar isso?
1. Um resumo de uma página para cada estágio do ciclo de vida da planta, ilustrado por imagens
ou vídeo mostrando o estágio respectivo.
2. Um vídeo em tempo acelerado do crescimento da planta (obtenha-o na internet, se for possível).
3. Uma apresentação organizada, incluindo apresentação(ões) em Slides ou em vídeo que
resuma(m) os estágios da vida da planta.
Ela pode tornar as atividades acadêmicas mais dinâmicas e interessantes para os alunos, que
passam do papel de receptores passivos de conteúdo para o de agentes ativos de aprendizado.
Isso pode acarretar:
Outro ponto importante é que eles conseguem demonstrar a compreensão que tiveram nos
projetos do modo como desejarem, por meio de apresentações, materiais interativos e até
mesmo música. Isso colabora para ampliar a criatividade e a autonomia deles.
Portanto, vale a pena buscar compreender mais sobre ele a fim de aplicá-lo em sua instituição
de ensino. Nesse caso, é possível começar com pequenos testes, até se ter uma melhor noção
dos seus benefícios.
Como visto, o Project Based Learning é um método de ensino que alia a prática à teoria,
impulsionando diferentes habilidades nos alunos. Sua adoção pode torná-los mais bem
preparados para o mercado de trabalho e para a vida pessoal fora da sala de aula, fornecendo a
eles a capacidade de fazer planos por meio de projetos e objetivos.