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Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Março | 2021

Protagonismo estudantil

Protagonismo do aluno: conheça 6


práticas para desenvolver no dia a
dia
BNCC traz o conceito em diferentes contextos e mostra a importância de
trabalhá-lo para a formação integral do estudante
Selene Coletti
Crédito: Getty Images

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz ao longo dos seus textos, da Educação Infantil ao
Ensino Médio, a palavra protagonismo mais de 50 vezes em diferentes contextos. Seja se referindo às
habilidades e competências, às áreas do conhecimento ou ainda a vida pessoal e coletiva dos
estudantes, este elevado número de citações ao protagonismo reforça a necessidade de ações que
possibilitem o desenvolvimento do papel do aluno como ativo em sua própria aprendizagem. Você já
pensou o que essa palavra significa na prática?

O protagonismo do aluno e nossa prática pedagógica

Transpondo para a nossa prática educativa, protagonismo é permitir que o aluno seja o personagem
principal do processo de ensino e aprendizagem, ou seja participando de todas as fases: o planejar, o
executar e o avaliar.

Teoricamente pode parecer fácil, mas quem busca desenvolver este aspecto sabe o quanto é difícil. A
grande maioria de nós, profissionais da Educação, acaba não criando espaços para que os alunos
exerçam o tal do protagonismo. Quando vemos já damos tudo pronto, perguntando e respondendo ao
mesmo tempo. Por isso, precisamos estar atentos para mudar esse quadro.

Entenda as 10 competências gerais da BNCC


Para quem é útil: Professores de todas as etapas da Educação básica e gestores escolares

Qual o objetivo: Entender os aspectos essenciais das dez competências gerais da BNCC e conhecer
dois casos reais de escolas públicas que transformaram a proposta do documento em prática

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Promover o protagonismo é também uma questão de concepção de Educação. Quando a


aprendizagem está conectada com a transmissão de conhecimentos e o professor é o centro do
processo como aquele que detém o poder em diferentes sentidos, há pouco espaço para que situações
de protagonismo sejam promovidas. Dentro dessa visão, os conhecimentos acabam fragmentados
entre disciplinas e descontextualizados de sua aplicação na vida real.

De acordo com a Pirâmide de Aprendizagem, criada pelo psiquiatra William Glasser, quando o aluno
participa de atividades nas quais pode debater, argumentar, contra-argumentar, explorar e (re)elaborar
suas ideias, ele tem um aprendizado de 70 a 80%. Ao passo que enquanto o estudante apenas lê,
escuta e enxerga atinge um aprendizado entre 10 e 50%.

Todos queremos que nossos alunos aprendam. Mas como estamos fazendo isso? Convido você a
pensar nisso, principalmente neste início de ano letivo quando estamos traçando nossas ações.

Como fazer isso na prática a partir da ótica do protagonismo?

Como já conversamos aqui, é necessário dar voz e vez para cada um de nossos alunos, independente
da área de conhecimento que está sendo trabalhada e a partir daí trazer intenção para a concepção de
formação integral dos estudantes. É o saber ouvir as ideias do aluno, respeitando-as e dando-lhe o
direito de se colocar com liberdade e sem medo de errar.

O trabalho com a resolução de problemas, (leia mais na coluna “Resolução de problemas: como aplicá-
la no ensino remoto”), dialoga perfeitamente com a prática que busca desenvolver o protagonismo das
nossas crianças e jovens. Para somar exemplos, vamos conhecer seis situações práticas nas quais o
protagonismo pode ser exercido:

- Planejamento do dia: essa é uma prática que vem da Educação Infantil e precisaria ter continuidade
ao longo do percurso escolar. Nela se discute quais são as rotinas do dia e a ordem em que ocorrerão
as atividades, podendo ser feita virtualmente também. É lógico que algumas não podem ser mudadas
como a hora do recreio e da merenda. O fato dos alunos poderem escolher a ordem das propostas e
quais propostas irão realizar no dia proporciona uma maior autonomia para a turma.
- Avaliação do dia: eis um momento onde podemos discutir o que deu certo e o que não deu,
buscando soluções em conjunto para pontos que ainda possam ser melhorados. Também é possível
avaliar o dia dentro do ambiente virtual. Podemos utilizar o site Mentimeter, um recurso para a criação
interativa de perguntas, palavras, nuvens de ideias. Você poderá solicitar, por exemplo, que a turma
avalie a aula em uma palavra que formará a nuvem e depois discutirão o que apareceu. Além disso,
outras opções para avaliação do dia podem ser comentários no chat, respostas coletadas em um
formulário ou em uma roda de conversa ao final da aula. Esta é uma forma de construir o dia a dia a
partir do feedback dos alunos.

Como estudar em grupo (e a distância)


Confira dicas para guiar o estudo online, como apoiar os alunos com dificuldade nos trabalhos em
grupo e muito mais!

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- Assembleias: as assembleias de classe são uma excelente oportunidade para exercitar o


protagonismo. Nelas a turma precisa buscar as melhores soluções para os problemas que enfrentam.

- Trabalho em grupo: uma excelente estratégia, em que os alunos exercem diferentes habilidades e
competências que os tornam protagonistas do seu próprio aprendizado. É lógico que as crianças
precisam aprender a trabalhar em grupo e para isso precisamos ensiná-las. E elas aprenderão se este
momento estiver sempre presente na nossa rotina. Trazer jogos e situações-problemas para serem
resolvidos em pequenos grupos e depois levar para discussões no grande grupo são oportunidades
para que os alunos possam colocar em ação a argumentação, a criatividade, a empatia, a cooperação,
entre outras habilidades. Entendendo a importância do trabalho em grupo, o professor garante colocar
em prática até mesmo no ensino remoto. Criar grupos a partir das salas virtuais é uma possibilidade,
como as salas simultâneas no Zoom, por exemplo. Logicamente as regras precisam ser também
construídas a fim de facilitar o bom andamento dos trabalhos.

- Projetos: o trabalho com projetos é uma estratégia que permite o desenvolvimento do protagonismo
desde que envolvam os alunos no planejamento e nas diferentes etapas. Lembro de que em uma
turma de 3º ano do Fundamental, trabalhávamos com projeto, escolhendo com as crianças o tema
para cada bimestre. Para elencar os assuntos cada um deveria justificar o porquê da sua escolha. Na
sequência organizávamos as etapas do trabalho, na qual entrava a pesquisa, a discussão e a
apresentação para o grande grupo. Ainda guardo na minha memória os estudos sobre os vulcões e a
origem do universo, nos quais os grupos puderam trabalhar juntos e aprender muito. O ensino por
meio de projetos (presencialmente ou não) é uma opção do professor que acredita na construção do
conhecimento e de significados na aprendizagem.

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Aprenda como as redes sociais podem ser recursos para auxiliar a aprendizagem dos seus alunos e
conheça ainda a experiência real de uma professora.

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- Tecnologia: usar diferentes recursos tecnológicos, que ganharam maior destaque com a pandemia,
mostra o quanto a aprendizagem pode ficar mais significativa a partir das boas intervenções do
professor. Além disso, eles permitem que os alunos possam protagonizar a sua própria aprendizagem,
colocando em jogo o que sabem e aprendendo novos conceitos. Exemplos desses recursos podem ser
os diferentes jogos virtuais, criação de podcasts, vídeos de apresentação de temas estudados a partir
de diferentes aplicativos, seminários usando o PPT ou Google Apresentação, entre outros. Sem falar no
uso das metodologias ativas que permitem, de uma forma mais direta, o desenvolvimento de
diferentes aspectos do protagonismo.

Enfim, caberá a cada profissional, a partir das suas vivências, analisar a sua prática e como protagonista
que também é, encontrar as melhores estratégias e propostas que permitam aos alunos assumir o
papel principal em práticas realizadas dentro e fora da escola.

E você, como desenvolve o protagonismo com seus alunos? Conte pra gente nos comentários.

Um abraço e até a próxima,

Selene

Selene Coletti é professora há 40 anos na rede pública. Atuou na Educação Infantil e foi
alfabetizadora por 10 anos tendo trabalhado do 1º ao 5º ano. Recebeu, em 2016, da Fundação
Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 com o projeto “Mapas do Tesouro que são um tesouro”,
na área de Matemática. Foi diretora de escola e recebeu, em 2004, o Prêmio “Gestão para o
Sucesso Escolar”, do Instituto Protagonistes/Fundação Lemann. Atuou como coordenadora do
Núcleo de Formação Continuada e também como formadora da Educação Infantil, na Prefeitura de
Itatiba. Atualmente é vice-diretora da EMEB Philomena Zupardo, em Itatiba.

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