Você está na página 1de 143

Tutoria

APRESENTAÇÃO

Sobre o curso

Seja bem-vindo ao curso de Tutoria! Para começar, assista ao vídeo de apresentação


que contém informações importantes para você: https://www.youtube.com/watch?
v=uOoaYTruvAI.

Objetivos gerais

Compreender a Tutoria sob o Modelo Pedagógico do PEI.

Compreender a organização da Tutoria na escola.

Compreender o papel do tutor.

Compreender a sistematização da Tutoria no âmbito pessoal, acadêmico e profissional.

Entender como planejar a Tutoria.

Para alcançar esses objetivos, este curso está estruturado em três módulos: 

Módulo 1: Conhecendo a Tutoria.

Módulo 2: Atuação do tutor: importância e contextos.

Módulo 3: Atuação do tutor: planejamento e prática.

1
Importante

Prezado(a) cursista, este curso traz como metodologias de aprendizagem diferentes es-
tratégias e recursos didáticos como cenários interativos, contextualização de temas por
meio de casos concretos e árvores de decisão, com foco na rotina de trabalho das esco-
las. A intencionalidade é que você possa compreender as ações a serem tomadas nos
diversos contextos e interações com os estudantes a partir de exemplos práticos, emba-
sados pelos conceitos norteadores do Programa Ensino Integral (PEI). No que se refere à
Tutoria, o objetivo é que você possa reconhecer situações possíveis no ambiente escolar,
com as quais já tenha se deparado ou, até mesmo, ouvido falar em conversas com outros
profissionais da educação, podendo, assim, subsidiá-lo nas ações que você desempenha
no dia a dia.
A SEDUC-SP ressalta que as personagens e os casos relatados são fictícios, cujo propósi-
to é proporcionar a reflexão e apoiar os profissionais na tomada de decisão.

Diário de bordo

O Diário de bordo é uma prática que permitirá a você, cursista, organizar de forma conci-
sa suas ideias sobre as informações aqui tratadas e acompanhar o seu desenvolvimento,
identificando pontos a serem aperfeiçoados. Ao final do curso, você poderá revisitá-las
e estabelecer um plano personalizado para futuras formações. Tudo isso é importante
para você desenvolver e aprimorar as habilidades de autoavaliação.
É no Diário de bordo que você deve anotar informações, dados, algo que chamou sua
atenção, soluções e dicas para que sejam analisados, adequados ou replicados por você
e sua equipe, conforme a realidade da escola em que atua.
Você pode utilizar um caderno, um bloco de anotações, uma agenda ou, então, se você
prefere utilizar tecnologia e recursos digitais, poderá fazer um Diário de bordo on-line,
utilizando o computador, tablet ou smartphone.

Tome nota

Todas as vezes que vir os ícones “Importante”, “Tome Nota” ou encontrar alguma in-
formação que julgue interessante, anote no seu Diário de bordo. Além disso, registre
também as ideias que forem surgindo durante o percurso dos módulos e não econo-
mize na criatividade!

2
Ao longo dos módulos, o curso dispõe de diversas atividades para que você possa
checar seus conhecimentos. Essas atividades possuem caráter formativo e não serão
contabilizadas para aprovação.
Bons estudos!

Fale Conosco

Importante

Em caso de dúvidas, entre em contato pelo Fale Conosco: http://escoladeformacao.sp.


gov.br/portais/Default.aspx?tabid=8913.
As dúvidas serão encaminhadas por meio do Portal de Atendimento, que é o canal de
comunicação da Secretaria da Educação do Estado (SEDUC-SP).
Nesse canal, é possível visualizar perguntas e respostas mais frequentes, tutoriais, abrir
ocorrências para esclarecer problemas, solicitar dados, entre outros.

3
Tutoria

MÓDULO 1
CONHECENDO A TUTORIA

Apresentação do Módulo

Cursista, o incentivo e o apoio aos estudos durante a vida escolar são, sem dúvida,
fundamentais para que o processo de aprendizagem, o desenvolvimento integral do
estudante e a postura protagonista sejam desenvolvidas. Para atingir esses objetivos,
uma relação mais próxima entre o professor e os estudantes é um diferencial e essa
proximidade pode ser estabelecida por meio da Tutoria.

A Tutoria é uma metodologia que prevê o acompanhamento constante do estudante


em sua trajetória escolar, portanto, contribui para fortalecer os laços entre professor e
estudantes e para estabelecer uma relação de confiança entre eles, na qual o professor
tem o papel de apoiar o estudante no desenvolvimento do seu Projeto de Vida.

Nesse entendimento, este primeiro Módulo oferece, de forma detalhada, as concep-


ções da Tutoria, construindo uma trilha formativa para apresentar os conceitos, a or-
ganização, os objetivos, os papéis dos responsáveis e o ideal formativo, por meio de
recursos que envolvam você em atividades dinâmicas e reflexivas.
Por fim, o Módulo traz os pontos importantes para que você, cursista, saiba atuar como
tutor e tenha embasamento para realizar um planejamento que enriqueça suas práticas.

4
Objetivos de aprendizagem do Módulo

Compreender a Tutoria sob o Modelo Pedagógico do PEI.

Compreender a organização da Tutoria na escola.

Correlacionar a Pedagogia da Presença às ações de Tutoria.

Compreender os papéis dos atores responsáveis pelo desenvolvimento da Tutoria.

5
Unidade   1

O que é a Tutoria

Para compreender o que é a Tutoria, vamos acompanhar o diálogo de dois profes-


sores que atuam em uma escola que faz parte do PEI. O Marcel mora no interior de
São Paulo e está acompanhando a transição de sua escola, que fez a adesão ao PEI e
ingressará no programa no próximo ano letivo. Ele conversa com o professor Ricardo,
que iniciou sua carreira de professor na mesma escola em que Marcel já lecionava,
mas que hoje atua em uma escola PEI da capital.

Diário de bordo

Anote em seu Diário de bordo as informações que achar mais relevantes a respeito desta
animação: https://youtu.be/Jigg6SwtrEk.

Retomando o conceito que o Professor Ricardo explicou, a Tutoria é uma das meto-
dologias do PEI que tem como finalidade atender os estudantes nas suas diferen-
tes necessidades e expectativas, visando, de modo integrado, coordenar as demais
ações pedagógicas desenvolvidas na escola. Sendo assim, o tutor deverá conhecer e
ter acesso às informações sobre o estudante: seu Projeto de Vida e os resultados do
seu desempenho acadêmico.

6
Podcast

Agora que você ouviu um pouco sobre os conceitos de Tutoria, ouça os podcasts com as
considerações dos professores que já vivenciaram essa metodologia.
Podcast 1: Ana Célia
Ana Célia Rodrigues dos Santos Oliveira é professora do PEI na Escola Luciana Cardoso
Latorre, DER Osasco: https://midiasefape.educacao.sp.gov.br/ava/pei/039_PEI0055_M1_Tu
toria_Podcast_Ana_Celia.mp3.
Podcast 2: Viviane
Viviane Admertides de Sousa Torres é professora do PEI na Escola Itajahy Feitosa Martins,
DER Barueri: https://midiasefape.educacao.sp.gov.br/ava/pei/040_PEI0056_M1_Tutoria_
Podcast_Viviane.mp3.

Diário de bordo

Agora é com você! A partir do que foi exposto até aqui, anote em seu Diário de bordo
quais são as suas primeiras impressões sobre a Tutoria.
E que tal comparar suas anotações com as anotações que Marcel fez sobre a Tutoria, de-
pois da conversa que teve com Ricardo? Observe o esquema que ele montou.

7
Como vimos no mapa mental de Ricardo, a Tutoria é baseada em um dos Princípios
do PEI, a Pedagogia da Presença. Vale lembrar que o Programa Ensino Integral (PEI)
está fundamentado em quatro princípios:

Protagonismo juvenil
Princípio em que os jovens são incentivados a serem os personagens principais da prática
educativa, potencializando a participação ativa e construtiva, tornando-se parte da solução
dos problemas que vivenciaram.
Quatro pilares da educação
• Aprender a conhecer: competência cognitiva.

• Aprender a fazer: competência produtiva.

• Aprender a conviver: competência social e relacional.

• Aprender a ser: competência pessoal.


Leia: SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral. Caderno do Professor:
Tutoria. 2021. v. 1, p. 6-7. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/ensinointegral/wp
-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_2021-diagramado.pdf. Acesso em: 27 set. 2021.

Educação interdimensional

Aborda a integração entre as quatro dimensões constitutivas do indivíduo que contribuem


para o desenvolvimento pleno do estudante, valorizando o processo de formação e o aper-
feiçoamento das práticas cognitivas, interpessoais, produtivas e pessoais.

Pedagogia da Presença

Fazer-se presente, próximo, sem oprimir nem inibir; sabendo afastar-se no momento opor-
tuno, encorajando o estudante a tomar decisões e a agir com liberdade e responsabilidade.

Saiba mais

Indicação de leitura: Os Quatro Pilares da Educação – capítulo 4, p. 84-102.


DELORS, Jacques. Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a desco-
brir. Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI (destaques). Brasília, DF: UNESCO, 2010. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/
ark:/48223/pf0000109590_por. Acesso em: 13 set. 2021.

Agora, vamos falar um pouco sobre a importância da Pedagogia da Presença na


Tutoria.

8
Unidade   2

Pedagogia da Presença

A Pedagogia da Presença é um dos princípios do PEI e deve perpassar todas as ações


desenvolvidas no âmbito escolar.
Quando falamos de Tutoria, é importante enfatizar que a Pedagogia da Presença está co-
nectada com cada conceito, cada objetivo e cada ação desenvolvidos nessa metodologia.
Observe atentamente o infográfico a seguir, que traz a relação entre a Pedagogia da
Presença, suas referências e a Escuta Ativa, aspectos que são essenciais em sua práti-
ca pedagógica na Tutoria.

9
Ao exercer a Pedagogia da Presença, precisamos estar cientes da necessidade de uma
Escuta Ativa, pois, dessa forma, a Tutoria se materializa no ambiente escolar. Além
disso, a Pedagogia da Presença tem algumas particularidades que devem estar em
nosso radar.
Como isso seria na prática?

Cenário 1 – Silmara, professora do PEI no 9o ano do Ensino Fundamental 2

A professora Silmara está iniciando no PEI. Ela chama a atenção de todos os estudan-
tes, pois, mesmo com pouco tempo na escola, ela já cumprimenta a todos pelo nome.

10
Sempre brinca perguntando se lembram o nome dela, provocando uma resposta.
Além disso, ela está sempre atenta às conversas dos seus tutorados.
Foi em uma dessas observações que percebeu a angústia de uma de suas tutoradas,
Lígia, com relação à escolha de uma profissão, e, na primeira oportunidade, a chamou
para uma conversa.

— Lígia, podemos falar? Eu ouvi você falando que deseja ser médica? É fantástico!

Lígia dispara a falar:


— Ah, professora... É um sonho! Eu até fiz meu Projeto de Vida, mas tem muita coisa
complicada, muito estudo. Muito tempo para começar trabalhar, preciso ajudar mi-
nha família. Sou péssima em Ciências, vou precisar de muita dedicação.

11
A professora responde:
— Lígia, sabia que minha irmã é médica? Foi uma longa caminhada. Todos da família
precisaram entender que ela precisaria estudar muito. Você já falou para seus pais
sobre sua vontade?

— Falei, sim, prô. Eles também acham que é um sonho.

Silmara responde:
— Lígia, os sonhos são alimentos para a vida. É muito bom a gente ter metas, vonta-
des, objetivos que nos incentivam a caminhar e buscar coisas diferentes.

12
— Tenho uma sugestão, vamos pesquisar algumas coisas sobre a medicina, as uni-
versidades públicas, elas são gratuitas. Se você se preparar antecipadamente, poderá
realizar seu sonho. Você pode mostrar para seus pais para que eles também sonhem
em ter uma filha médica. O que acha?

Lígia responde:
— Professora! Eu? Em uma universidade pública? Já pensou?! 

— Sim, você, Lígia!


Tutora e tutorada se despedem.
Essa narrativa não é incomum. Os estudantes normalmente comentam sobre seu
Projeto de Vida e têm muitas dúvidas sobre ele. O tutor precisa estar atento para que
eles se sintam acolhidos.

13
1. Reflita sobre o cenário e anote com atenção as ações da professora Silmara que se
referem à Pedagogia da Presença. Será que ela exerceu a Pedagogia da Presença?
Na sua opinião, ela praticou a Escuta Ativa?
2. Acompanhe os lembretes a seguir, que destacam as ações que não podem faltar no
exercício da Pedagogia da Presença. Reflita sobre o cenário que acabou de ler, com-
pare com suas anotações e registre os pontos relevantes em seu Diário de bordo!

3. Complete os espaços a seguir de modo que as frases se tornem verdadeiras. Você


pode usar as seguintes opções: Pedagogia da Presença; acadêmica, pessoal e pro-
fissional; Tutoria.
a) Um apoio ao estudante, uma orientação que colabora com a formação integral,
com o objetivo de desenvolver o estudante em três dimensões: .

b) Faz parte das ações pedagógicas da escola, então todos os educadores têm seus
tutorados, inclusive os gestores. Isso é importante para que se estabeleçam vín-
culos com os estudantes para cumprir o objetivo da .

c) A é o princípio do PEI por meio do qual os educadores se fa-


zem presentes na vida escolar dos estudantes. 

Saiba mais

Indicações de leitura:
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. A Presença da Pedagogia: teoria e prática da ação
socioeducativa. São Paulo: Global, 2001.
ESPÍRITO SANTO. Secretaria da Educação. Pedagogia da presença. Disponível em:
https://sedu.es.gov.br/Media/sedu/EscoLAR/Pedagogia%20da%20Presen%C3%A7a.pdf.
Acesso em: 13 set. 2021.

14
Unidade   3

Como a Tutoria é organizada e como ela funciona

Cursista, agora que você conheceu os conceitos de Tutoria e Pedagogia da Presença,


vamos assistir a um bate-papo entre a Vice-diretora Belínia e a professora Ângela? Do
que elas falam? Veja: https://youtu.be/bqxvRuSLxKI.
Observe as tabelas da Vice Belínia:

15
Fonte: https://efape.educacao.sp.gov.br/ensinointegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_
2021-diagramado.pdf.

O Planejamento da Tutoria encaminhado pela COPED pode ser lido no Anexo 1.

Atenção

A Tutoria prevê um acompanhamento personalizado, portanto é importante o registro


das atividades e, quando necessário, o agendamento de locais com recursos específicos
(sala de informática, sala de vídeo).

4. Propomos agora uma atividade sobre a dinâmica da Tutoria. Preencha as lacunas de


modo a tornar as frases verdadeiras. Você pode usar as seguintes opções: coletiva,
individual, vários locais, interação pedagógica.
a) A Tutoria é um momento de entre o tutor e o tutorado; por-
tanto, pode acontecer em : a sala de leitura, o pátio, o laborató-
rio de informática, a quadra e o jardim, entre outros.

b) A Tutoria pode ser desenvolvida de duas maneiras: a e


a .

16
Unidade   4

Quem são os responsáveis pela Tutoria e quais são seus papéis

Caro(a) cursista, agora vamos conhecer os atores da Tutoria e seus papéis nas es-
colas do PEI.

Tutores

Após o processo de escolha dos tutores, todos os educadores – Diretor, Vice-diretor,


PCG, PCA, Professores da Sala de Leitura e Professores – deverão tutorar alguns estu-
dantes nas escolas do PEI. O exercício da metodologia da Tutoria permite aos educa-
dores atuarem como Protagonistas Seniores, incentivando e propiciando momentos
para a ação consciente de seus tutorados na construção e no desenvolvimento de
seus Projetos de Vida.

17
A seguir, veja as principais atribuições dos tutores.

Acompanhar a trajetória escolar de seus tutorados.

Recorrer à mediação escolar, com o intuito de acionar a rede de proteção social para o
tutorado em situação de vulnerabilidade.

Realizar momentos de Tutoria individual com seus tutorados, no mínimo, duas vezes
ao mês, registrando-os em documentos especialmente elaborados para esse fim.

Trocar experiências, nos momentos de ATPCG, com ética e responsabilidade, sobre os


interesses de seus tutorados, com vistas à construção dos seus Projetos de Vida.

Vice-diretor

É o responsável pela Tutoria nas escolas do PEI. Cabe a ele a organização, o desenvol-
vimento e o monitoramento das ações de Tutoria na escola. É o Vice-diretor quem
implementa os procedimentos para a apresentação dos tutores aos tutorados, pro-
move os trâmites para a escolha dos tutores, organiza e monitora as ações de Tutoria
durante todo o ano letivo. O Vice-diretor também desempenha o papel de tutor para
alguns estudantes da escola.
A atuação do Vice-diretor é muito importante para que a Tutoria alcance o êxito es-
perado entre os estudantes, uma vez que ele será o responsável pela articulação das
ações planejadas aos Projetos de Vida dos estudantes. Além disso, nas escolas do PEI,
é ele quem atua na mediação de conflitos.
Observe, no infográfico a seguir, o passo a passo da dinâmica de ações que o Vice-di-
retor deve implementar em sua rotina de Tutoria.

18
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral. Caderno do Professor: Procedi-
mento passo a passo. 2021. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/ensinointegral/wp-content/
uploads/2021/03/PEI_PR_GE_PPP_VOL-UN_2021_Diagramado.pdf. Acesso em: 13 set. 2021.

19
Tome nota

Analisando o infográfico, você pode ter a impressão de que o Vice-diretor desempenha


muitos papéis referentes à prática da Tutoria. No entanto, é preciso lembrar que corres-
ponsabilidade é uma premissa que contribui para o sucesso dessa metodologia junto
aos estudantes.
Mesmo tendo um papel central na articulação e monitoramento das diversas ações que
envolvem a Tutoria no dia a dia da escola, o Vice-diretor é apoiado pelo Professor Coor-
denador Geral (PCG) e por todos os demais atores da equipe escolar, uma vez que são
corresponsáveis e devem atuar em parceria, com o objetivo de fornecer o suporte neces-
sário à construção e ao desenvolvimento dos Projetos de Vida dos estudantes.

Corresponsabilidade: Premissa que estende a responsabilidade pelas ações da escola a


todos os envolvidos no processo educacional. Define que o comprometimento e envol-
vimento nas ações do PEI devem ocorrer em todos os espaços e tempos escolares, para
garantir a conquista dos resultados desejados.

Professor Coordenador Geral

O Professor Coordenador Geral (PCG) é corresponsável em todas as ações de Tutoria


nas escolas PEI e atua em cooperação com o Vice-diretor.
O PCG também deverá organizar espaços nas ATPCG para a socialização dos focos de
interesse dos estudantes identificados na Tutoria, destacando as relações com seus
Projetos de Vida.

20
5. Agora, vamos testar nossos conhecimentos sobre a atuação da equipe escolar na Tutoria.
Indique os responsáveis pelas atribuições abaixo.
V – Vice-diretor
P – PCG
T – Tutor
(   ) Monitorar e acompanhar os momentos de Tutoria por meio dos registros elabo-
rados e das reuniões de alinhamento periódicas com os tutores.

(   ) Criar oportunidade para a realização das Tutorias individuais com seus tutora-
dos, no mínimo, duas vezes ao mês e registrá-las em documentos específicos de
acompanhamento e produção de evidências.

(   ) Organizar ATPCG para promover reflexões, enfatizar e socializar pontos de inte-
resse identificados por meio das Tutorias, dando destaque às suas relações com
os Projetos de Vida de cada estudante.

(   ) Atuar na mediação de conflitos e mobilizar, de forma ética e responsável, uma


rede de proteção social sempre que forem identificadas situações de vulnerabili-
dade junto ao tutorado.

21
Unidade  4.1

Atuação do tutor

Iniciamos a reflexão sobre a metodologia da Tutoria neste primeiro Módulo do curso.


Vimos como operacionalizá-la, entendemos sua rotina na trama das escolas do PEI e
percebemos sua importância como instrumento para impulsionar o progresso pessoal,
acadêmico e profissional dos estudantes.
Mas, para que todos esses aspectos obtenham êxito, é imprescindível que o tutor te-
nha consciência dos desafios e limites de sua atuação junto aos seus tutorados. Então,
vamos iniciar uma reflexão sobre essa importante função respondendo aos questio-
namentos que, provavelmente, já lhe ocorreram em algum momento.

Como um tutor precisa agir para atingir seus objetivos junto ao seu tutorado?
Deve estimular o tutorado a refletir sobre como encontrar as respostas para as situações e
para os problemas levantados, conhecendo sua história de vida, sua trajetória escolar, seus
sonhos e seus objetivos.
O que um tutor deve significar para seu tutorado?
O tutor será um guia, um companheiro de jornada. Entre tutor e tutorado devem existir la-
ços de confiança, concretizados em uma relação de compromisso mútuo.
Quais procedimentos o tutor deve adotar para incentivar o tutorado a conhecer seus
potenciais?
Monitorar os processos referentes à excelência acadêmica, acompanhar o desempenho dos
estudantes no Currículo Paulista e na Parte Diversificada, conhecer o Projeto de Vida do tu-
torado para apoiar sua construção, oportunizar diálogos que favoreçam o protagonismo e a
autonomia necessárias a esse processo.

22
Podemos, então, entender que o tutor será um agente que atua conscientemente para
impulsionar seus tutorados, visando sua formação integral. Para isso, devem estar pre-
sentes na vida dos estudantes para acolhê-los e orientá-los em sua construção de conhe-
cimentos, sempre com vistas à elaboração e desenvolvimento de seus Projetos de Vida.

6. Leia os enigmas e complete o diagrama das Palavras Cruzadas:


1. Premissa que estende a responsabilidade pelas ações da escola a todos os envol-
vidos no processo educacional. Define que o comprometimento e o envolvimen-
to nas ações da escola devem ocorrer em todos os espaços e tempos escolares
para garantir a conquista dos resultados desejados.

2. É escolhido pelo estudante para acompanhar sua trajetória escolar, apoiá-lo e orien-
tá-lo em suas fragilidades de aprendizado, promovendo o autoconhecimento e o
aprimoramento de habilidades por meio de posicionamento crítico e reflexivo so-
bre a realidade, com vistas à construção e desenvolvimento de seu Projeto de Vida.

3. É o responsável pela organização, desenvolvimento e monitoramento das ações


de Tutoria na escola, implementando todos os procedimentos para a apresen-
tação dos tutores aos tutorados e os trâmites necessários aos alinhamentos e à
prática da Tutoria durante todo o ano letivo.

4. Organiza as ATPC para promover e socializar com a equipe escolar os resultados


das ações de Tutoria e avaliar os impactos dessa metodologia no desempenho
dos estudantes.

5. Interação pedagógica que visa o acompanhamento e a comunicação com os estudan-


tes de forma sistemática, planejando o seu desenvolvimento e avaliando a eficiência
das orientações para que obtenham êxito no desenvolvimento do seu Projeto de Vida.

23
Unidade   5

Como é feita a escolha do tutor

Até aqui, vimos o conceito, a organização e os responsáveis pela Tutoria. Agora vamos
falar sobre como essa metodologia pode ser colocada em prática na escola.
Vamos resgatar as orientações do Caderno do Professor – Procedimento Passo a Pas-
so (PPP) sobre a Tutoria:
“[...] 3.1. Diretor e Vice-diretor organizam uma reunião com os Líderes de Tur-
ma para solicitar sugestões dos estudantes, para a criação dos critérios de
escolha dos tutores;
3.2. Diretor e Vice-diretor organizam uma reunião com os Líderes de Turma
para discutir, organizar e definir os critérios sugeridos pelos estudantes;
3.3. Vice-diretor divulga os critérios da escolha dos tutores para todos os es-
tudantes.” (SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral.
Caderno do Professor: Procedimento passo a passo. 2021. p. 99.)
Chegou a hora de formar os Líderes de turma para estes formarem os estudantes
sobre o que é a Tutoria, suas características, horários e como acontecerá a escolha
dos tutores.

24
Vamos assistir ao vídeo depoimento da professora Vanessa Tatiane Gonçalves, da
E. E. Prof.ª Maria José Moraes Salles da DER de Bragança Paulista: https://www.you
tube.com/watch?v=KsVyvN-e9vE.

Veja agora um cenário:


O Vice-diretor, com o apoio do PCG, prepara um ambiente acolhedor em um dos es-
paços da escola – pode ser a sala de leitura, a sala de informática, o pátio ou até mes-
mo à sombra de uma árvore – e convoca os líderes de turma.
Organiza uma roda de conversa e inicia uma sensibilização que conduza à reflexão so-
bre a figura de um tutor, pode ser a leitura compartilhada de um texto, uma pergunta
ou até mesmo a contação de uma história que permita a inferência dos participantes,
concluindo, por fim, a importância de se ter um tutor, alguém para auxiliá-los com os
estudos, com as dúvidas e na construção e desenvolvimento dos Projetos de Vida.
Depois da sensibilização, o Vice-diretor explica que todos terão um tutor, explica tam-
bém como acontece a Tutoria, quais os tempos e os espaços, e esclarece que esse
apoio tem como foco a vida acadêmica dos estudantes, perpassando as esferas pes-
soais e profissionais.
Por fim, o Vice-diretor e os líderes de turma decidem, juntos, como farão a formação
dos estudantes.
Veja nas estações a seguir as estratégias que o Vice-diretor pode adotar para conduzir
a formação dos líderes de turma.

25
Estação 1 – Sensibilização e inferência

Vamos praticar

Dizem que, em algumas regiões do mundo onde venta bastante, as árvores têm dificul-
dade de crescer de forma perpendicular ao solo. O frágil caule das plantas mais jovens
muitas vezes se quebra, interrompendo a vida de muitas árvores. Decidido a resolver
esse problema, um jovem agricultor começou a pensar em uma solução.
Ajude o jovem agricultor da história a resolver a questão das plantas que se quebram
ao vento.

7. Assinale a alternativa que achar mais conveniente e descubra a moral da história.


a) Ele pode cravar profundamente no solo, rente aos caules de cada plantinha, es-
tacas de madeira rígida, e, com um barbante, unir o caule à estaca com laços em
vários pontos.

b) O jovem agricultor pode construir uma estrutura transparente e fechada para


proteger as plantas da ação dos ventos.

Estação 2 – Formação dos Líderes

Podcast

Ouça o podcast com um Líder de Turma orientando os estudantes sobre Tutoria: https://
midiasefape.educacao.sp.gov.br/ava/pei/038_PEI0045_TUTORIA_M1_Podcast_Fabio_
lider_de_turma.mp3.

8. Indique a afirmação correta:


a) O tutor poderá ser qualquer pessoa do quadro de funcionários da escola.

b) Nem todos os estudantes precisam ter um tutor, apenas os estudantes que apre-
sentam dificuldades com o Projeto de Vida.

c) Os líderes de turma serão os interlocutores responsáveis por fazer a formação


para a Tutoria e organizar as indicações de sua turma.

d) O vice-diretor deve concentrar todas as ações de formação de professores, líderes de


turma e demais estudantes, evitando assim falhas no processo de indicação de tutores.

26
Estação 3 – Definindo a formação dos estudantes

FÓRUM ON-LINE DE LÍDERES DA ESCOLA

Vice-diretor – São Paulo


Boa tarde, turma! E aí? Já def iniram como irão fazer a formação dos estudantes de suas
turmas?

Líder do 7o ano B – São Paulo


Boa tarde! Eu e os outros líderes dos Anos Finais decidimos gravar um vídeo explicando o
que é a Tutoria e como será a indicação dos tutores. Também vamos pedir o depoimento de
alguns professores para ajudar nas indicações.

Vice-diretor – São Paulo


Nossa! Adorei a ideia! Podem contar com a minha ajuda.

Líder da 2a série do Ensino Médio – São Paulo


Nós, líderes do Ensino Médio, decidimos fazer uma roda de conversa, explicar o que é a
Tutoria, como e quando será a indicação dos tutores. Ainda nessa roda de conversa, vamos
discutir um pouco sobre o perfil de cada educador, mais como um bate-papo mesmo, assim
quem não conhece fica conhecendo.

Vice-diretor – São Paulo


Ótimo! Vamos marcar a data dessa ação na agenda e avisarei a Direção e a PCG da escola.

27
Diário de bordo

Agora é com você, cursista! Registre em seu Diário de bordo sua proposta de formação para
os Líderes de Turma e como conduzir a construção coletiva da formação dos estudantes.
Não economize na criatividade, este exercício potencializará o desenvolvimento das
competências socioemocionais em você também!

Até aqui, vimos como acontece a formação dos Líderes de Turma e dos demais estu-
dantes da escola, agora vamos ao passo seguinte.
É o estudante que indica quem ele gostaria de ter como tutor, por isso o Vice-diretor,
juntamente com os Líderes de turma, define como será o momento e os critérios da
escolha do tutor, pois os tutorados devem ser distribuídos de maneira equilibrada en-
tre os tutores.
Uma sugestão é orientá-los para que cada estudante indique até três tutores para si,
em que a primeira opção indicará a prioridade. Veja o exemplo:

Confira um modelo de cédulas para impressão aqui: https://eadconstrutor.vanzolini-


ead.org.br/wp-content/uploads/2021/09/pei-tut-m1-imagem-15-pdf-atualizado.pdf.
Para aqueles que têm habilidade com a tecnologia, a indicação poderá ser feita uti-
lizando um formulário on-line. As vantagens da versão digital vão além da economia
de papel e da diminuição da poluição, pois formulários digitais podem ser personali-
zados com a adição de fotos e outros elementos gráficos, também podem otimizar o
processo da conferência das escolhas.

28
É comum os estudantes escolherem seus tutores por grau de afinidade, por exemplo,
o professor que considera mais legal, ou aquele que ministra o componente curricular
com o qual o estudante tem mais facilidade, a PCG, a Vice-diretora ou a Diretora que
sempre se faz presente durante os intervalos, almoço, nos Clubes Juvenis e/ou demais
espaços da escola. No entanto, essa situação não se apresenta como uma dificuldade
ou motivo que não o incentive a ser um tutor, pelo contrário. Na Tutoria, há trocas de
experiências e a aproximação entre tutores e tutorados, e isso fortalece as relações
interpessoais. Por isso, você que não tem tanta afinidade com as turmas, pode encon-
trar na Tutoria caminho para essa proximidade.

Importante

Os estudantes transferidos para a escola durante o ano letivo, por desconhecerem os


docentes e gestores, poderão ter seus tutores indicados pelo Vice-diretor.

Após toda a ação planejada, o Diretor, o Vice-diretor e os Líderes de Turma organizam


um momento para apresentar aos estudantes o que é a Tutoria e também orientá-los
sobre como e quando será o dia em que farão a indicação dos tutores. É importante
registrar essa data na agenda da escola e nas agendas individuais.
Para auxiliar os estudantes na escolha de seus tutores, os professores, o PCG, o PCA, o
Diretor e o Vice-diretor poderão preparar um mural com uma fotografia e uma breve
descrição que permita ao estudante conhecer o perfil de cada um.

Atenção

Essa prática deve ser previamente acordada com todos os educadores, para que nin-
guém se sinta desconfortável. Se for o caso, a fotografia poderá ser substituída por um
avatar ou outra imagem que permita aos estudantes identificarem o educador.

Ficou com dúvida? A seguir, vamos conferir alguns exemplos de perfis e, quem sabe,
inspirar para a reprodução desta prática em sua escola.

29

30

31
Gostou da ideia? Se todos concordarem, os perfis poderão ser disponibilizados
também on-line, na fanpage (página para fãs; página criada para ser um canal de
comunicação dentro de uma rede social, como Facebook, Instagram e afins), blog
(diário da rede; tipo de site onde se registram artigos em ordem cronológica) ou
website (página eletrônica; site da internet) da escola.
A indicação de tutores pelos estudantes é um procedimento rápido e pode ser rea-
lizado durante as aulas com os estudantes em suas respectivas salas. Assim, o Líder
de Turma recolhe as cédulas com o nome e as indicações de cada estudante de sua
respectiva turma e as entrega para o Vice-diretor.
Chegou a hora de apurar os resultados da escolha de tutores!

Vale lembrar

Os tutorados deverão ser distribuídos de forma equilibrada entre os tutores. É impor-


tante considerar o número de tutorados por tutor; quando esse número for excessivo,
recomenda-se observar o nível de maturidade da turma e orientar os tutorados para que
passem a fazer parte de outro grupo e outro tutor.

Após a divisão, o Vice-diretor e os Líderes de Turma, com o apoio do Diretor e do PCG,


divulgam o resultado para os educadores, podendo também organizar um mural para
os estudantes consultarem quem serão seus tutores.

32
Encerramento do módulo

Chegamos ao final do Módulo 1! Percorremos temas importantes sobre a metodolo-


gia da Tutoria no Programa Ensino Integral, seu significado e sua importância, tanto
para os estudantes quanto para os professores.
Agora, você já está preparado para aprofundar seus conhecimentos no Módulo 2!
Bons estudos!

33
Gabaritos

1. Resposta pessoal.

2. Resposta pessoal.

3. a) Um apoio ao estudante, uma orientação que colabora com a formação integral, com o
objetivo de desenvolver o estudante em três dimensões: acadêmica, pessoal e profissional.

b) Faz parte das ações pedagógicas da escola, então todos os educadores têm seus tuto-
rados, inclusive os gestores. Isso é importante para que se estabeleçam vínculos com os
estudantes para cumprir o objetivo da tutoria.

c) A pedagogia da presença é o princípio do PEI por meio do qual os educadores se fazem


presentes na vida escolar dos estudantes. 

4. a) A Tutoria é um momento de interação pedagógica entre o tutor e o tutorado; por-


tanto, pode acontecer em vários locais: a sala de leitura, o pátio, o laboratório de informá-
tica, a quadra e o jardim, entre outros.

b) A Tutoria pode ser desenvolvida de duas maneiras: a coletiva e a individual.

5. A sequência correta é: V; T; P; V.

6. 1. Corresponsabilidade. 2. Tutor. 3. Vice-diretor. 4. PCG. 5. Tutoria.

7. Alternativa correta: a.
Comentário:
Assim como um tutor, a estaca tem a função de apoiar os jovens estudantes a se desenvolve-
rem, estabelecendo laços e uma relação de confiança. Construir uma redoma de cultivo pode
proteger a planta do vento, mas não oferece as condições para que ela possa se desenvolver,
pois a coloca em um ambiente fechado e isolado.

8. Alternativa correta: c.
Comentário:
Contar com o apoio dos líderes de turma para formar os demais estudantes da escola vai pro-
mover o Protagonismo Juvenil e auxiliar no desenvolvimento das competências socioemocio-
nais relacionadas à autogestão, ao engajamento com os outros e à amabilidade. A alternativa
a não está correta, porque apenas os educadores (professores, PCA, PCG, vice-diretor e dire-
tor) exercerão a função de tutor. A alternativa b não está correta porque todos os estudantes
devem ter um tutor. A alternativa d não está correta porque concentrar todas as ações de
formação para Tutoria não favorecerá o Protagonismo Juvenil, nem o desenvolvimento de
competências socioemocionais nos estudantes.

Ilustrações, esquemas, infográficos e tabelas das páginas 7, 11, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 23, 25,
28, 29, 30 elaborados para o curso. Demais imagens: Getty Images.

34
Anexo 1

PLANEJAMENTO DE TUTORIA

Introdução
O compromisso do Programa Ensino Integral é atuar na formação integral dos jovens e
adolescentes e, para isso, traz um conjunto de metodologias e práticas diferenciadas. A Tutoria é
uma dessas práticas, que visa o acompanhamento, o apoio e a orientação dos alunos durante seu
percurso escolar, por meio de encontros sistemáticos entre tutor e tutorado. Com a implantação do
Programa Ensino Integral em escolas de dois turnos, ou seja, escolas que tenham em cada
turno carga horária de sete horas, é necessário reservar um tempo específico para o Planejamento
de Tutoria.

Justificativa
As escolas do Programa Ensino Integral com carga horária de sete horas contam com um
intervalo mais curto para o almoço. Logo, o intervalo reservado para a Tutoria tem menos tempo
nestas unidades. Diante da necessidade de estruturar a Tutoria de maneira que atenda às
necessidades dos alunos e, ao mesmo tempo, oriente os educadores a organizarem essa prática,
estabeleceu-se um tempo específico para a mesma, o Planejamento de Tutoria.

Objetivo
O Planejamento de Tutoria configura-se em um espaço/tempo destinado à organização
de Tutoria nas Escolas do Programa Ensino Integral de dois turnos, de modo que possa:
• Impactar a aprendizagem dos alunos, incentivando o desenvolvimento de seus Projetos de Vida.
• Aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.
• Fortalecer a sistematização de dados colhidos na Tutoria para produção de indicadores.

Processo
Tutoria e Projeto de Vida
A Tutoria é uma interação pedagógica em que tutores acompanham e se comunicam com
seus estudantes de forma sistemática e individual, dando suporte para o seu desenvolvimento e
avaliando a eficiência de suas orientações com vistas ao fortalecimento do Projeto de Vida, sob
três dimensões de orientação: a pessoal, a acadêmica e a profissional.
● A orientação pessoal tem como foco o autoconhecimento, a ampliação do senso
crítico, o desenvolvimento da autonomia e a tomada de decisões de forma reflexiva do
estudante.
1

1
35
● A orientação acadêmica apoia o aluno por meio de temas e conteúdos disciplinares, auxilia-
o nas interações em sala de aula e a superar dificuldades em relação à adoção e à
consolidação de hábitos de estudos, além de dar suporte para a organização da sua vida
escolar.
● A orientação profissional, por sua vez, apoia o aluno, estimulando-o a identificar suas
habilidades pessoais para que faça a escolha acadêmica e profissional de acordo com sua
personalidade, suas aptidões e seus interesses.
Escuta Ativa e Pedagogia da Presença
Para estabelecer uma relação de confiança com o aluno, o tutor deve demonstrar
disponibilidade e compromisso para apoiá-lo em seu processo de desenvolvimento. Durante os
momentos de interação entre aluno e tutor, é importante que o tutorado seja estimulado a refletir
sobre o assunto em questão até chegar a uma conclusão sobre o que está sendo discutido. Para
isso, é necessário que o tutor tenha uma escuta ativa e respeitosa: estabeleça, na conversa, uma
relação de empatia com o tutorado, mostrando interesse e consideração pelo seu ponto de vista. É
fundamental destacar a importância da dimensão ética que deve orientar a relação entre tutor e
tutorado.
Como desenvolver uma escuta ativa?
1. Procure ser acolhedor, buscando compreender os pensamentos e sentimentos do aluno.
2. Esteja disponível para ouvir seu tutorado, sem interrompê-lo ou criticá-lo. Ele deve perceber que
você se interessa pelo que ele fala.
3. Mesmo que você discorde das opiniões e/ou atitudes do tutorado, respeite o que ele pensa. Cabe
ao tutor ter uma postura ética e acolhedora que incentive no tutorado uma curiosidade crítica e uma
prática reflexiva sobre suas próprias opiniões a partir de outra perspectiva.

Operacionalização
1-) Tutoria

Pode ser realizada em diversos momentos em que haja disponibilidade do tutor e do


tutorado. Isso significa que a Tutoria pode ser ajustada de acordo com os horários possíveis e com
as demandas existentes. A Tutoria pode ocorrer durante o intervalo ou durante o almoço.
2-) Planejamento de Tutoria

O Planejamento de Tutoria, como prática a ser adotada nas Escolas do Programa Ensino
Integral de dois turnos, não está previsto na Matriz Curricular, devendo adequar-se em 1 horário
semanal disponível em cada turno de sete horas.

Considera-se a importância deste horário de Planejamento de Tutoria ser simultâneo


para todos os alunos, oportunizando o agrupamento destes com seus respectivos tutores para as
atividades de planejamento e acompanhamento das tutorias individuais. Sugere-se que este horário
seja sequencial ao horário dos Clubes Juvenis, sempre ao final do turno manhã/tarde ou no
início do turno tarde/noite.

Neste momento, todos os docentes atuando como tutores, devem se organizar junto
aos seus tutorados para estabelecerem as ações de Planejamento de Tutoria.
2

36
Os espaços escolares para essa prática extrapolam as salas de aulas, podendo acontecer
na sala de leitura, pátio, laboratório de Informática, quadra e outros espaços.

Estratégias para o Planejamento de Tutoria


O momento semanal de Planejamento de Tutoria estrutura-se em duas dimensões:
1-) Coletiva - O tutor trabalha com os tutorados coletivamente para ajudá-los na organização e
participação ativa na vida escolar, no acompanhamento e avaliação das ações de tutoria. Assim, é
importante que o tutor reúna todos os seus tutorados em um mesmo espaço.
2-) Individual – Ao mesmo tempo em que os tutorados estão desenvolvendo atividades de forma
coletiva, o tutor pode realizar atendimento para tutorados que desejam se expressar
individualmente.
Cabe esclarecer, que os momentos individuais de Tutoria, também devem ocorrer em outros
espaços/tempos de acordo com as necessidades dos tutorados, dentro das disponibilidades de
tempo da escola (horário de almoço dos alunos, intervalos entre aulas). Recomenda-se que a
tutoria individual ocorra no mínimo duas vezes ao mês para cada tutorado.

A Lógica do PDCA para o Planejamento de Tutoria


O Modelo de Gestão do Programa Ensino Integral, visando a melhoria contínua de todas as
práticas pedagógicas que se desenvolvem na escola, propõe a aplicação do PDCA.
O que é o ciclo PDCA?

● Planejar (Plan) é definir o que, quem e como agir para atingir os propósitos definidos,
estabelecendo, também, com que indicadores a ação será monitorada.

37
● Executar - Fazer (Do) é colocar em prática o que foi anteriormente planejado. Quando a
fase do planejamento é feita com o cuidado necessário, a etapa do fazer se torna uma ação
efetiva, pois será muito mais simples implementar o planejado e corrigir situações
excepcionais em função de contratempos que ocorram pontualmente.
● Checar (Check) é monitorar os resultados das ações desenvolvidas. Essa fase possibilita
verificar se as estratégias adotadas (ou seja, o “trajeto percorrido” para a implementação
daquela ação) estavam adequadas para o alcance do resultado esperado, o que permite a
correção das rotas de maneira a conduzir, necessariamente, ao alcance do resultado
esperado.
● Agir/Ajustar (Act) significa proceder aos ajustes identificados a partir da avaliação dos
resultados parciais ou finais apurados, para a melhoria contínua e para que se obtenha o
maior êxito possível ao final daquela ação, atingindo-se, assim, os objetivos.

Como adotar o PDCA no Planejamento de Tutoria


A lógica do PDCA deve permear todas as práticas do Programa Ensino Integral, para tanto
sugere-se a adoção de um Plano do Tutorado, possibilitando aos estudantes um método que
organize suas ações a partir das reflexões, orientações e encaminhamentos feitos nos momentos
de tutoria. Veja, a seguir, o modelo desta ferramenta, que deve ser preenchida e revisitada pelos
tutorados semanalmente:

38
Plano do Tutorado

Âmbito Pessoal Âmbito Acadêmico Âmbito do Meu Projeto


de Vida
Identificaçã
o da minha
situação-
problema

Planejar O que fazer? O que fazer? O que fazer?


(Plan)

Como fazer? Como fazer? Como fazer?

Quando fazer? Quando fazer? Quando fazer?

Fazer (Do) Minhas ações e atitudes: Minhas ações e atitudes: Minhas ações e atitudes:

Checar ( ) Excelente ( ) Excelente ( ) Excelente


(Check)  () Satisfatório  () Satisfatório  () Satisfatório
 () Em andamento  () Em andamento  () Em andamento
 () Estacionado  () Estacionado  () Estacionado

Como prosseguir? Como prosseguir? Como prosseguir?

Agir (Act) O que preciso resolver? O que preciso resolver? O que preciso resolver?

Como? Como? Como?

Quando? Quando? Quando?

39
Dinâmica para o Planejamento de Tutoria
O primeiro encontro entre tutores e tutorados, realizado no Planejamento de Tutoria, deve
estabelecer combinados sobre o objetivo da Tutoria, o papel do tutor e a relação esperada entre os
colegas.
Para debater essas questões sugere-se a divisão da lousa em 3 partes e a formação de uma
roda de conversa, onde os estudantes possam colocar suas contribuições e discutir com os
colegas. Os estudantes devem registrar na lousa uma síntese dos combinados para as 3 questões
propostas. Esta atividade proporciona, além da elaboração do produto em si (lista de combinados),
um momento para o tutorado aprender a falar e a ouvir, respeitar, valorizar-se como indivíduo e
como parte do grupo.
O tutor deve mediar essa conversa e, ao final, pactuar os combinados com os tutorados, de
acordo com aquilo que foi registrado pelos estudantes. Estes combinados objetivam proporcionar
um momento rico em aprendizagem para os estudantes, em que todos se sintam acolhidos e
confortáveis para refletir, discutir e planejar ações alinhadas ao seu Projeto de Vida.
Nas semanas seguintes, o tempo de 45 min, destinado ao Planejamento de Tutoria, deve
ser organizado da seguinte maneira:

Nos primeiros 15 minutos: os estudantes deverão, individualmente, refletir sobre as


esferas Pessoal, Acadêmica e Projeto de Vida, a partir da(s) última(s) conversa(s) que tiveram com
seu tutor, e registrar a situação-problema que pretendem resolver, bem como seu plano para tal.
Caso o estudante já tenha realizado esse planejamento na semana anterior, deverá registrar quais
atitudes ele tomou a partir do seu planejamento e como avalia a efetividades das mesmas. Caso
ele já tenha realizado essa checagem na semana anterior, ele poderá planejar os passos seguintes.
Este ciclo se mantém até que esta situação-problema seja resolvida e novos desafios sejam
identificados pelos estudantes, que deverão registrá-los em sua ficha. Este momento permite que
o estudante estabeleça relações entre aquilo que pensa e aquilo que faz, desenvolva organização,
faça escolhas, assuma a responsabilidade das suas atitudes e encare a consequência das suas
ações, exercendo seu protagonismo.

Nos 15 minutos seguintes: os estudantes deverão formar duplas para trocarem entre si
suas reflexões. A partir do preenchimento do seu Plano de Tutorado, eles poderão compartilhar
com sua dupla os caminhos que desenharam no seu plano para lidar com determinada questão ou
discutir como suas ações conduziram ao status em que se encontram hoje cada uma das situações-
problema mapeadas. O propósito dessa interação é o aprimoramento das relações interpessoais,
o exercício da tolerância, do respeito ao outro e a si mesmo, permitindo a criação de laços positivos,
por meio da colaboração, para a superação dos problemas.

Nos 15 minutos finais: os estudantes deverão retornar ao Plano do Tutorado e,


considerando as contribuições dos colegas, registrar as alterações que julgarem pertinentes.

O Planejamento de Tutoria, além de estimular a aplicação do ciclo de melhoria contínua


(PDCA) para superação de desafios que os estudantes identificam em suas vidas, contribui para o
desenvolvimento integral dos estudantes, uma vez que incentiva: ações de ajuda mútua,
compartilhamento de ideias e sentimentos, promoção de interações na busca de soluções de
situações problemas, prática da escuta ativa e respeito aos diversos pontos de vista do grupo,

40
desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao grupo e a corresponsabilidade nas ações
coletivas.
Ele também funcionará como uma rotina para o estudante refletir sobre as trocas que tem
com seu tutor.

41
Tutoria

MÓDULO 2
ATUAÇÃO DO TUTOR: IMPORTÂNCIA E CONTEXTOS

Apresentação do módulo

Cursista, seja bem-vindo ao Módulo 2 do curso de Tutoria!


No Módulo anterior, você pôde conhecer como a Metodologia da Tutoria se insere no Pro-
grama Ensino Integral, de forma a propiciar condições para o desenvolvimento do Proje-
to de Vida dos estudantes, tendo como objetivo potencializar as três dimensões: pessoal,
acadêmica e profissional que colaboram com a formação integral dos estudantes.
Neste Módulo, vamos nos aprofundar um pouco mais na Tutoria e descobrir como o
professor tutor pode auxiliar os estudantes, reconhecendo seu papel, e quais ações
podem ajudá-los. Vamos abordar a dimensão pessoal da Tutoria com intenção de
apoiar o tutor com atividades que fortaleçam sua prática. Para isso, estudaremos o
tema Atuação do tutor: importância e contextos, pois é fundamental para a com-
preensão e o aprimoramento da sua atuação.
Por fim, você também conhecerá como criar uma relação de confiança entre tutor e
tutorado por meio das competências socioemocionais. 

Objetivos de aprendizagem do Módulo

Os objetivos específicos do Módulo são:

Compreender o papel do tutor.

Compreender as possibilidades de atuação no âmbito das relações pessoais.

1
Importante

E o seu Diário de bordo? Como será que está ficando?


Como você sabe, o Diário de bordo é uma prática de estudo, por isso esperamos que
você tenha separado um caderno, um bloco de notas ou até mesmo uma versão digi-
tal de registro e tenha anotado as informações que considera importantes ou que lhe
chamaram a atenção. Nesse documento, você também pode incluir ideias e reflexões
que tenham inspirado você, propondo adaptações, caso esteja atuando como tutor ou
pretenda aplicar essa metodologia.

2
Unidade   1

O papel do tutor

Cursista, ao longo de nossas vidas interagimos com muitas pessoas e, possivelmente,


algumas delas podem exercer influência em nosso modo de pensar e/ou agir. Às ve-
zes, essa influência não acontece de forma direta, mas por meio de um personagem
marcante de livro ou filme que pode nos inspirar em diversos momentos.
O tutor é como um desses personagens que nos inspiram e nos ajudam a enxergar
melhor alguma situação ou nos lembrar de detalhes importantes, para não perder-
mos o foco em nossos objetivos. Neste caso, o foco é o Projeto de Vida do estudante.
Mas, afinal, qual é o papel do tutor?
Vamos assistir ao vídeo da Vice-diretora Cristiane de Freitas Carvalho, da E. E. Prof.
Sebastião Ferraz de Campos, da DER de Bragança Paulista, e conhecer mais sobre
essa função: https://www.youtube.com/watch?v=SaGsjLvVRsA.
Ainda não ficou muito claro o papel do tutor? Não tem problema!
Vamos analisar um cenário para entendermos melhor como isso acontece na prática.

3
Cenário 1 – Virgílio, Daniel e o Projeto de Vida

Virgílio é professor de História e tutor de Daniel, um estudante do 7o ano que ainda


não tem muita certeza sobre seu Projeto de Vida.
Virgílio, então, resolve preparar uma pequena atividade para realizar com Daniel no
momento da Tutoria.
Uma atividade curta com apenas 4 questões sobre as preferências de Daniel e, ao fi-
nal, um desenho para colorir e um quadro de diálogo para preencher.
Veja a seguir como ficou a atividade que Virgílio preparou para Daniel:

Realizando esta atividade, Virgílio pôde colocar-se ao lado de Daniel e apoiá-lo na idea-
lização de seu Projeto de Vida. Esse posicionamento lateral entre tutor e tutorado con-
duziu Daniel à reflexão, abordando os aspectos da sua vida acadêmica, profissional e
pessoal.

4
1. Cursista, agora vamos exercitar sua habilidade como tutor frente a três possíveis res-
postas do tutorado Daniel no item 4 da atividade proposta por Virgílio.
Avalie qual feedback é o mais adequado para Daniel em cada situação.

a) Qual feedback é o mais adequado?

I. Daniel, o que você acha que seu eu do futuro quis dizer com a expressão “ter um
futuro melhor”?

II. Daniel, você terá que estudar mais se quiser ter um futuro melhor.

b) Qual feedback é o mais adequado?

I. Daniel, como você acha que deveria ser esse treino para se tornar o melhor joga-
dor do mundo?

II. Daniel, você já falou com o professor de Educação Física? Quem sabe ele pode
treiná-lo ou até mesmo te indicar para uma escola de futebol!

c) Qual feedback é o mais adequado?

I. O que é que você anda fazendo que o fará tão realizado daqui a 15 anos?

II. Você considera todas as suas ações e atitudes adequadas para sentir-se feliz e
realizado daqui a 15 anos?

5
Tome nota

Você percebeu como uma atividade simples e personalizada pode abrir possibilidades
para as tutorias? Pois então, este é o papel do tutor: auxiliar seus tutorados a desenvol-
verem suas potencialidades e orientá-los a buscarem soluções para os desafios que en-
contrarem na execução do Projeto de Vida.

6
Unidade  1.1

A Tutoria como apoio pedagógico-acadêmico

Até aqui, compreendemos que a Tutoria abarca três dimensões da vida dos estudan-
tes: a acadêmica, a profissional e a pessoal. Contudo, sabemos que os problemas e
conflitos sociais podem existir em todos os lugares, e o tutor deve estar atento quan-
do abordar as questões pessoais dos tutorados, pois o foco é auxiliá-los a encontrar as
respostas para seus desafios e dificuldades, e não opinar sobre questões particulares.
Agora, vamos analisar situações para entender melhor como acontece a Tutoria como
apoio pedagógico e acadêmico na prática com o Ensino Fundamental – Anos Finais e
o Ensino Médio.

Diário de bordo

Não se esqueça de fazer anotações sobre suas impressões em seu Diário de bordo nem
de desenhar propostas e adaptações para sua realidade escolar.

7
Cenário 1 – Anos Finais: Professora Malu e sua tutorada

Malu é professora dos Anos Finais do Ensino Fundamental em uma escola PEI. Uma
de suas tutoradas, bem extrovertida, vem relatando que está com dificuldades de
entender alguns conteúdos de Matemática. Contudo, Malu ministra aulas do compo-
nente Arte e se considera pouco preparada para auxiliar sua tutorada com cálculos,
por isso procura a professora de Matemática.
A professora de Matemática informa a Malu que está trabalhando ângulos e polígo-
nos regulares com a turma da tutorada e também que um dos colegas de turma tem
muita facilidade com esse objeto de conhecimento.
Durante a Tutoria, Malu conversa com sua tutorada e verifica o caderno da estudante, pe-
dindo para que ela aponte as atividades em que tem maior dificuldade para solucionar.
No intervalo, Malu procura o estudante citado pela professora de Matemática e per-
gunta se ele poderia auxiliar sua tutorada com alguns exercícios.
A partir desse cenário, vamos analisar algumas hipóteses do que pode acontecer.

2. Assinale como Malu deve proceder em cada situação.


a) Situação 1: O estudante concorda em auxiliar a colega com as atividades de Ma-
temática e a tutorada acha uma excelente ideia.

I. Malu conversa com sua tutorada e com o estudante e pergunta como ambos
poderiam se ajudar, auxiliando-os a construir um plano de estudo.

II. Malu combina e organiza um momento durante a Tutoria para ambos os estu-
dantes se encontrarem e realizarem os exercícios de Matemática.

8
b) Situação 2: O estudante não se sente muito à vontade em ajudar e diz que depois
conversa com a colega para ver do que ela precisa.

I. Malu conversa com o tutor do estudante e descobre que ele tem dificuldades
em História, componente em que a tutorada de Malu tem muita facilidade, en-
tão organiza um encontro entre estudantes para combinar como eles poderiam
se ajudar.

II. Malu conversa com sua tutorada e diz a ela para procurar o colega durante as aulas
de Matemática e pedir para ele ajudá-la, sem informar ao garoto antecipadamente.

c) Situação 3: O estudante afirma que não tem muita afinidade com a colega e não
tem interesse em ajudá-la.

I. Malu respeita o posicionamento do estudante e não o procura mais. Conversa


com sua tutorada e diz que, infelizmente, não pode ajudá-la.

II. Malu respeita o posicionamento do estudante e recomenda que ele crie uma
rede para compartilhar seus conhecimentos com sua turma, até que o auxílio
chegue a sua tutorada. Além disso, Malu sugere a ela uma videoaula sobre a
construção de ângulos utilizando folhas de papel e prepara uma pequena folha
com figuras de polígonos regulares para a tutorada colorir e nomear.

Saiba mais

Se você se interessou pela técnica de construir ângulos utilizando folhas de papel,


régua, canetas e lápis coloridos assista ao vídeo “Ângulos construídos com papel”, da
Khan Academy Brasil, e replique este conhecimento: https://www.youtube.com/watch?
v=WvzFvB8HfPQ.

Cursistas, vamos observar como a Tutoria pode acontecer no Ensino Médio?

9
Cenário 2 – Ensino Médio: Fofoca e fake news – que vírus contagioso!

“Geente, vocês sabiam que vão sortear um carro pra quem tirar 10 em todas as ativida-
des do Curso?”

Ai, ai, ai... Imaginem se essa conversa se espalha entre nós, cursistas? Que confusão
essa fake news iria gerar?! E depois... Como desfazer tudo isso? A fofoca é algo muito
comum entre nós, pois a ideia de saber de fatos que envolvem as pessoas à nossa
volta, sejam familiares, amigos, colegas de trabalho, sejam políticos, estimula nossa
curiosidade. E, quanto mais secreto parece ser o fato, mais interessante ele se torna.
Na escola, então...

Podcast

Ouça o podcast e perceba só o tamanho do problema: https://midiasefape.educacao.


sp.gov.br/ava/pei/041_PEI_0052_Podcast_Fofoca.mp3.

Agora que você ouviu o podcast, apresentamos a atividade proposta pelo tutor Luigi,
a fim de auxiliar sua tutorada.

10
No dia de sua Tutoria coletiva, Luigi chama sua turma, para tomarem um suco no
jardim, debaixo de uma árvore. Reúne os estudantes, entre eles a Luna, e propõe
uma brincadeira:

— Vamos lá, fica todo mundo em pé e virado de costas, menos o Theo. Vou fazer uma
mímica e só ele vai presenciar. Depois, ele faz a mímica a que assistiu ao próximo colega,
enquanto todos continuam de costas, e assim por diante, até chegar no último. Ao final,
o último faz a mímica para todos avaliarem se está igual à original, feita por mim.

Bem, cursistas, nem é preciso dizer que o 17o estudante, ou seja, o último a reproduzir
a mímica, o fez completamente diferente daquela encenada pelo tutor Luigi.
Na sua mímica, o professor simula alguém que está viajando de ônibus, fecha os olhos
para dormir, coloca fones nos ouvidos e, de repente, tem um pesadelo e, nisso, mexe
com as mãos e com um dos fones, caindo no sono novamente. Já o último estudante
que faz a encenação simula que usa o fone para conversar com alguém e, no final da
conversa, fica muito nervoso e tem um desmaio.
A atividade proposta pelo tutor, ainda que de resultado imprevisível, atingiu seu ob-
jetivo: os estudantes ficaram surpresos com a encenação do colega e muito curiosos
para ver a do professor. Depois de assistirem à mímica do professor, o alvoroço foi total,
manifestando-se em comentários, como: “Nossa, nada a ver com o que eu tinha en-
tendido... Meu Deus, que confusão... O cara passou mal e desmaiou... O professor não
fez nada disso!” e “Nossa, que perigo... Um detalhe mal-entendido vira um problema!”
Ao término da dinâmica, o tutor Luigi falou:

— Meninos, vocês sabem que o imperador Marco Antônio se suicidou depois de receber
a notícia que sua amada Cleópatra estava morta; ao ferir-se com sua espada, já agoni-
zando no chão, outro mensageiro chega dizendo que Cleópatra estava viva, escondida
em um aposento do castelo.
Gente, a disseminação de mentiras é um perigo, pode tirar vidas! Por isso, ouvir faz toda
diferença e, a partir daí, você pode decidir fazer uma fofoca ou não repetir tais informa-
ções que você sequer sabe se são reais.
Por isso, gostaria muito que vocês pensassem no assunto, a fofoca e seus prejuízos, du-
rante a semana, e se colocassem no lugar de alguém que, num primeiro momento, foi
só fazer uma viagem de ônibus e acabou passando mal e desmaiando, provavelmente
por causa de uma mensagem distorcida sobre ele.

11
Ao final do dia, alguns estudantes procuraram o tutor Luigi, dizendo que fizeram
uma brincadeira com a colega Luna e estavam arrependidos, pois a atividade os le-
vou a refletir sobre suas ações. Disseram que o vídeo foi deletado e que pediriam
desculpas a Luna.

Reflexão

A intencionalidade do tutor foi levar os tutorados a refletirem a partir de um problema


pontual que ocorre, comumente, entre os estudantes. Por meio de uma dinâmica sim-
ples, ele os envolveu na situação e propiciou o desenvolvimento de competências socio-
emocionais como a empatia e a confiança.
Ao ouvir sua tutorada com respeito e atenção, ele pôde criar uma dinâmica para intervir
e mediar a situação com assertividade, levando os estudantes a refletirem sobre a situa-
ção, e, assim, transformarem suas atitudes.

Vocês já perceberam o quão desafiador é orientar os estudantes durante a Tutoria?


Temas dos mais diversificados e imprevistos podem surgir, desde questões pessoais,
até assuntos que nos parecem alheios, mas que, na verdade, podem interferir no am-
biente escolar.
Vejam só o que aconteceu em uma escola e como o problema foi resolvido.

12
Cenário 3 – Ensino Médio: O meio ambiente e o lixo

O cheiro já estava ficando insuportável e a porta da entrada da escola estava ficando


impedida pelo entulho que se avolumava ali: lixo! Lixo jogado por moradores do entor-
no e até por alguns estudantes... E o que era para ser um espaço gramado e cultivado
com flores, estava se tornando um depósito de sujeira!
Incomodado com a situação, o Vice-diretor, Luiz, viu a necessidade urgente de fazer
alguma coisa, pois, além do odor e da poluição visual e ambiental, a presença da-
quele lixo, composto por resíduos e restos de alimentos, poderia ser tóxica e atrair
insetos e roedores.
Diante dessa situação, decidiu reunir alguns professores tutores, pensando nos se-
guintes perfis: os das áreas de Ciências e Biologia ou aqueles que tutoravam estu-
dantes cujos Projetos de Vida se relacionavam às profissões dedicadas às questões
ambientais e de saúde. Sua ideia se concretizou em ações e, enfim, um encontro
entre ele e quatro tutores foi marcado.
Veja só quanta coisa isso rendeu!

13
14
Reflexão

A partir de um problema comum a toda a comunidade intra e extraescolar, o Vice-


-diretor viabilizou o desenvolvimento prático do Projeto de Vida daqueles estudantes
que se dedicavam a questões ambientais e de saúde. Nessa ação, ele envolveu todos
os tutores da escola, promovendo o Protagonismo Sênior, o Protagonismo Juvenil e
a Corresponsabilidade.
Um dos papéis do tutor é atentar-se às oportunidades disponíveis aos tutorados para
que possam colocar em prática o Projeto de Vida.

3. A partir das reflexões trazidas nos cenários sobre o papel do tutor, analise as expres-
sões a seguir e relacione-as à dimensão pessoal da Tutoria.
I. Oportunizar o desenvolvimento do Projeto de vida.
II. Promover o Protagonismo Juvenil.
III. Trabalhar as Competências Socioemocionais.
IV. Valorização dos Vínculos Emocionais.
( ) Selecionou estudantes interessados em questões ambientais.

( ) Preparou uma dinâmica que levou os estudantes à reflexão.

( ) Estudantes decidem se desculpar com a colega devido à brincadeira que fizeram.

( ) Os estudantes elaboraram ações de conscientização.

15
Unidade  1.2

Tutor: como agir

Caro Cursista, a realização da Tutoria tem peculiaridades que o tutor irá conhecendo no
convívio cotidiano com seus tutorados. Com certeza, o tutor irá se deparar com situa-
ções em que precisará exercitar as próprias habilidades socioemocionais, demonstrando
equilíbrio emocional, empatia, escuta ativa, para fortalecer os laços de confiança que
levem os tutorados a construírem e desenvolverem seus Projetos de Vida.
No entanto, há algumas situações em que o tutor vai encontrar alguns limites à sua
atuação. Nesses casos, é necessário acionar uma rede de proteção para dar suporte à
sua atuação e auxiliar os tutorados a transporem suas fragilidades, sendo assistidos
por um corpo técnico que dispõe de equipamentos sociais adequados às peculiarida-
des de cada caso.
A seguir, propomos uma reflexão por meio da análise de dois cenários que represen-
tam situações comuns nas escolas.

16
Cenário 1 – Cida e Maria

A professora Cida é tutora da estudante Maria, do 8o ano do EFAF. Cida cumpre seu
papel de tutora com bastante responsabilidade, criando momentos para se aproximar
e conquistar a confiança de Maria. No entanto, apesar de ter escolhido essa professora
como sua tutora, a estudante, que é bastante introvertida, não se sente muito à von-
tade durante os encontros de Tutoria. Também não a procura espontaneamente para
solicitar ajuda ou opiniões.

Cida, então, conversou com a Vice-diretora Selma para se informar sobre as poten-
cialidades e fragilidades de Maria. Selma buscou o prontuário da estudante e, ao ler
as informações ali contidas, percebeu que há observações muito frequentes sobre
introversão, falta de participação e rendimento escolar mediano, ressaltando bastan-
te dificuldade em se relacionar, expressar-se oralmente e por escrito. Constataram

17
também que a estudante não tem sonhos bem definidos para traçar seu projeto de
vida, demostrando pouca consciência de suas preferências e objeções, conhecendo
pouco de si mesma.

Depois dessa conversa com a Vice-diretora, a professora Cida traçou estratégias para
que a estudante criasse compromisso com os momentos de Tutoria, adquirindo a
confiança necessária para tratarem de assuntos que a impedem de sonhar e ampliar
horizontes com o objetivo de auxiliar Maria a criar seu Projeto de Vida. Para isso, Cida
indicou um documentário a Maria, recomendou que prestasse atenção enquanto as-
sistia e anotasse situações e falas que fossem significativas para ela e agendou um
momento para que conversassem a respeito das percepções da tutorada.

18
A professora Cida também criou um roteiro para organizar as estratégias e anotações
de seus encontros com os tutorados.

19
Dessa maneira, a tutora conquistou a confiança da estudante e encaminhou novas
ações para que Maria se posicionasse melhor frente aos problemas que enfrentava e
planejasse seu futuro com base em perspectivas reais, sem deixar que suas insegu-
ranças fossem entraves aos seus sonhos e à construção de seu Projeto de Vida.

A professora Cida se preocupou com a fala de Maria sobre preconceitos e racismo,


mas ficou pensando que uma ação efetiva neste sentido não poderia ser realizada
somente por meio da Tutoria. Assim, um trabalho mais abrangente precisaria ser ar-
ticulado para atingir toda a turma. Nesse momento de reflexão, a tutora encontrou
um limite à sua atuação e resolveu conversar novamente com a Vice-diretora Selma
para encontrarem juntas a melhor maneira de agir e dar o suporte à tutorada Maria,
para traçarem uma estratégia de ação e desconstruírem a visão preconceituosa e
racista de sua turma.

20
Selma sugeriu que conversassem com o PCG Flávio para verificar se já havia alguma
ação interdisciplinar prevista para abordar essa temática na turma de Maria. Também
disse que realizaria uma roda de conversa com os colegas de classe de Maria, uma vez
que sua função como Mediadora de Conflitos na escola permitia tal ação. Assim, con-
seguiria mais dados e informações importantes para que a tutora de Maria pudesse
auxiliá-la a transpor as barreiras para seu desenvolvimento pessoal e acadêmico.

A Vice-diretora também elogiou a atuação da professora Cida como tutora de Maria.


Disse que ela já conseguiu avanços significativos quanto à introversão da estudante
por meio da estratégia que criou e que isso é um grande passo para a construção do
Projeto de Vida da estudante. Afirmou que colocaria essa estratégia como sugestão
de boas práticas para compartilhar com os demais tutores da escola.

Dica

Se você, Cursista, considerar que o roteiro da professora Cida (página 19) pode ajudar
você no exercício da Tutoria, fique à vontade para copiar, reproduzir e melhorar a suges-
tão da tutora, adaptando-a às suas necessidades.

21
4. Agora vamos analisar a atividade proposta pela professora Cida para sua tutorada Maria?
Leia as ações descritas abaixo e organize-as para mostrar o passo a passo seguido.
( ) Após verificar os entraves ao desenvolvimento acadêmico e pessoal da tutorada,
reportar ao responsável pela mediação escolar para que ele tome as providências
cabíveis e mobilize a rede de proteção social, ampliando a possibilidade de avan-
ços na construção do seu Projeto de Vida.

( ) Prática da escuta ativa durante o momento de Tutoria, diagnóstico dos avanços


e registro para mobilizar as informações quando necessário, além de reportar à
Vice-Diretora da escola.

( ) Identificação da fragilidade da tutorada por meio de conversa com a Vice-Direto-


ra e análise de informações disponíveis sobre o seu Projeto de Vida.

( ) Indicação de filme para análise e reflexão de problemáticas cênicas, promovendo


o distanciamento da própria situação e criando um ambiente propício à tomada
de consciência e instauração de diálogo em momentos de Tutoria.

Diário de bordo

Que tal consultar os documentos orientadores e fazer suas reflexões, tomando nota das
conclusões em seu Diário de bordo? Acesse: https://efape.educacao.sp.gov.br/ensinoin
tegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_2021-diagramado.pdf.

Cenário 2 – Edson e Júlio

Assista ao vídeo “Tutoria: como agir – Parte 1”: https://youtu.be/w9Dca28zK3o.


Em um de seus momentos de estudo do Currículo Paulista, Edson se depara com o
seguinte texto:

“Atualmente, na sociedade, ouve-se música digitalizada, manuseiam-se computadores


que operam com semicondutores, dados são transmitidos por meio de ondas eletro-
magnéticas nos smartphones, a medicina dispõe de aparelhos de raios x e ressonância
magnética, e o laser revolucionou as técnicas médicas e odontológicas.
Os aceleradores de partículas de altíssimas energias estabelecem uma abertura para o
entendimento das estruturas microscópicas do espaço-tempo, permitindo, assim, de-
cifrar as leis fundamentais que regem o comportamento da matéria, possibilitando o
entendimento da origem do Universo e desvendar fenômenos físicos.

22
A Física se torna um importante componente no desenvolvimento das tecnologias digitais
de informação e comunicação (TDICs), do letramento digital e pensamento computacional,
eixos estruturantes do componente curricular de Tecnologia e Inovação.
Nesse contexto, a tecnologia colabora para o diagnóstico, a formação integral e a
avaliação do estudante. Portanto, a aprendizagem no componente de Física indica a
compreensão e a utilização dos conhecimentos científicos, para analisar e explicar o
funcionamento do mundo e para propor ações de intervenção de modo sustentável,
com o auxílio das tecnologias. Assim, a Física se mostra um importante componente
da área para explicar o mundo tecnológico atual.”
(SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista: etapa Ensino Médio.
2020. p. 146. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-con
tent/uploads/2020/08/CURR%C3%8DCULO%20PAULISTA%20etapa%20Ensino%20M%
C3%A9dio.pdf. Acesso em: 27 set. 2021.)

Agora, assista ao vídeo “Tutoria: como agir – Parte 2”: https://youtu.be/PxFE2ksdT4Y.


Reveja o passo a passo de ações que o professor Edson seguiu junto ao seu tutorado Júlio.

Diário de bordo

Após rever essa sequência de ações, se quiser, consulte os documentos orientadores e


faça suas reflexões, tomando nota das conclusões em seu Diário de bordo: https://efape.
educacao.sp.gov.br/ensinointegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_
2021-diagramado.pdf.

23
Unidade  1.3

Entendendo os limites do papel de tutor

Nas ações de Tutoria é importante que o tutor preste muita atenção às falas dos seus
tutorados, pois elas podem revelar situações de vulnerabilidade das quais o estudante
não consegue se esquivar sem auxílio de outras pessoas. É comum que o tutor detec-
te situações como as descritas no diagrama abaixo:

24
Caso você, cursista, se depare com uma dessas graves situações, deve comunicá-la ao
Vice-diretor, uma vez que ele também exerce a função de mediador de conflitos nas es-
colas do PEI. Dessa forma, ele poderá acionar a rede de proteção social adequada para
solucionar a questão que impede seu tutorado de alcançar o desempenho desejado.
Veja abaixo algumas atitudes que você pode tomar em caso de detectar situações de
vulnerabilidade de seu tutorado.

Vulnerabilidade verificada: Bullying e agressões verbais


• Posturas mais adequadas para a Escuta Ativa: Focar o que é falado pelo tutorado e adotar
uma posição afirmativa, mostrando respeito e compreensão, promover estudos de caso e
rodas de conversa com demais estudantes para análise e reflexões sobre situações seme-
lhantes visando mudanças de comportamento.

• Corresponsabilidade: Vice-diretor, PCG e professores.


Vulnerabilidade verificada: Agressões físicas e violência doméstica
• Posturas mais adequadas para a Escuta Ativa: Atentar-se à comunicação verbal e não
verbal, acolher e buscar compreender, manter sigilo, registrar e comentar apenas com o
responsável pela mediação de conflitos.

• Corresponsabilidade: Vice-diretor.
Vulnerabilidade verificada: Racismo
• Posturas mais adequadas para a Escuta Ativa: Exercer a empatia, colocando-se no lugar
do estudante, ouvir com atenção suas falas, pensar estratégias interdisciplinares para tra-
zer informações e promover reflexões sobre o tema, visando esclarecer sobre tais práticas
discriminatórias e ilegais.

• Corresponsabilidade: Vice-diretor, PCG e professores.


Vulnerabilidade verificada: Assédio sexual
• Posturas mais adequadas para a Escuta Ativa: Evitar juízos de valor, críticas e domínio
da conversa numa perspectiva imparcial, atentar-se à comunicação verbal e não verbal,
manter sigilo e encaminhar a situação constatada ao responsável pela mediação de con-
flitos na escola.

• Corresponsabilidade: Vice-diretor e Diretor.

25
Com relação às situações de vulnerabilidade dos tutorados, é importante frisar as se-
guintes competências dos tutores como Protagonistas Seniores para que possam au-
xiliá-los a superarem esses graves entraves ao seu desenvolvimento socioemocional:

Saiba mais

Conheça mais a respeito de Vulnerabilidade, assistindo aos vídeos no site Childhood:


https://www.childhood.org.br/informe-se-e-saiba-como-agir.

26
Unidade  2

Como se desenvolvem as relações de ajuda

Cursista, após abordarmos o papel do tutor, vamos percorrer alguns pontos importan-
tes sobre como estabelecer uma relação de ajuda entre o tutor e o tutorado.
A Escuta Ativa é uma das ações da Tutoria que ocorre continuamente e permite o
desenvolvimento das relações de ajuda. Saber escutar requer um envolvimento ver-
dadeiro em que nos colocamos no lugar do outro.
Esse envolvimento da Escuta Ativa possibilita ampliar a compreensão a respeito do tu-
torado, por meio de informações que ajudem a identificar suas habilidades e as áreas
que pode desenvolver para realizar o seu Projeto de Vida.
Mas de que forma podemos exercer a Escuta Ativa? O que ela exige de cada um
de nós?
Para exercer a Escuta Ativa, devemos estar atentos a algumas atitudes:

Ter paciência.

Estar aberto(a) às informações recebidas.

Evitar ao máximo os prejulgamentos.

Ter sensibilidade para fazer encaminhamentos assertivos.

27
Essas atitudes são essenciais, mas ficar de olho no que pode dificultar a Escuta Ativa
é tão importante quanto desenvolvê-la e aprimorá-la.
Vamos observar alguns aspectos que a impedem, pois, dessa forma, o tutor pode re-
fletir sobre como trabalhar para diminuir seus impactos.

Aspectos pessoais

• Opiniões e expectativas opostas.

• Estilos de aprendizagem.

• Pressa ao ouvir o outro, sem deixar que ele conclua os seus pensamentos – falta de aten-
ção e de foco.

• Ignorar quem fala e o que é dito nas entrelinhas, impondo o que acha importante na sua
opinião.

• Prender-se a receitas prontas de como lidar com adversidades e perder oportunidades de


interlocução e de apoio ao tutorado.
Aspectos externos

• A duração dos encontros de Tutoria (curta).

• Intervalos grandes entre os encontros.

• Locais muito barulhentos e pessoas transitando o tempo todo.

Existem muitos aspectos a considerar para que as relações de ajuda sejam efetivas,
pois cada ser é único, cada situação acontece de uma forma, exigindo desfechos di-
ferentes, de acordo com o bom senso e a realidade dos contextos. A Escuta Ativa é
uma habilidade e pode ser desenvolvida; portanto, é um processo contínuo em que o
tutor aprende a incentivar o tutorado por meio do diálogo e da reflexão, elaborando
devolutivas que promovam o desenvolvimento das dimensões pessoal, acadêmica e
profissional.
Agora que vimos alguns pontos importantes para o desenvolvimento das relações
pessoais na Tutoria, vamos conferir como isso pode acontecer na prática.

28
Unidade  2.1

Práticas de Escuta Ativa

Para fortalecer as ações da Escuta Ativa, fazer boas perguntas para orientar o diálogo
faz toda diferença. Apresentamos formas de levantar questões norteadoras para con-
duzir a Escuta Ativa. Veja a seguir as sugestões de frases e as situações que contem-
plam essas formas.

Parafrasear

Essa forma de intervenção permite que o tutor ganhe tempo para refletir sobre o que
o tutorado está relatando e fique atento às ideias. Nesse caso, parafrasear consiste em
repetir o que entendeu para confirmação do que está sendo relatado.
Frases que podem ajudar nessa forma de intervenção:

“Então [...]”

“Deixa eu ver se eu entendi, então [...]”

“Em outras palavras [...]”

29
Cenário 1 – Parte 1

Ana Cláudia é tutorada da professora de Biologia, Luciene. Na Tutoria, a professora


tem percebido que Ana anda muito calada e responde apenas sim ou concordo, sem
objeções. Logo Ana procura a professora e diz que precisa lhe falar. A professora sinali-
za que podem conversar um pouco mais no almoço e pede que ela se programe para
a conversa.
Ana chega agitada:

30
Note que, no diálogo, a professora não deixa de interagir e apenas reforça as informa-
ções que a estudante vai relatando. Para dar continuidade à conversa, pode-se usar
outra forma de intervenção para a Escuta Ativa, Esclarecer.

Esclarecer

Essa forma de intervenção permite descobrir outras informações para orientar o tu-
torado e buscar informações ocultas que não foram declaradas. Esclarecer tem o pro-
pósito de auxiliar o tutor a entender a situação do tutorado, sem que ele faça leituras
antecipadas e conclusões precipitadas.
Frases que podem ajudar nessa forma de intervenção:

“Você pode me contar um pouco mais sobre [...]?” ou “Eu fiquei interessado em ouvir
um pouco mais sobre [...].”

“Você pode me explicar o que quer dizer quando fala em [...]?”

“O que você observou pra chegar a essa conclusão?”

31
Cenário 1 – Parte 2

32
Note que, nessa etapa da conversa, a professora ouviu atentamente o que a estudante
lhe contava, fazendo questionamentos que trouxessem mais informações a respeito
da situação.
A Escuta Ativa também inclui o apoio à reflexão. Para dar continuidade à conversa,
vamos observar como essa etapa pode ser conduzida.

Refletir

Nessa forma da Escuta Ativa, o tutor leva o tutorado a refletir sobre a situação sem dar
uma resposta simples, tal qual sim ou não. São encaminhamentos que apoiam o tuto-
rado a levantar hipóteses, a imaginar suposições e a pensar em como agir.
Os questionamentos que serão propostos não são sugestões, são perguntas que in-
duzem o tutorado a refletir e a elaborar conclusões assertivas. Vale lembrar: não são
perguntas que apontem respostas desejadas, por exemplo: “Você não acha que dessa
forma seria melhor? E não seria importante fazer da seguinte forma?”
Frases que podem ajudar nessa forma de intervenção:

“O que você espera conseguir como resultado dessa estratégia?”

“Você identifica outras estratégias que poderiam ser úteis para [...]?”

“E por que será que [...]?”

“O que você acha que aconteceria se [...]?”

“Essa situação é parecida com algo que você já viveu antes?”

33
Cenário 1 – Parte 3

34
Note que, nesse cenário, a tutora teve sensibilidade para conduzir o diálogo, fortale-
cendo a escuta de forma a não se envolver pessoalmente com conselhos ou prejul-
gamentos. No entanto, se aprofundou na conversa e não desistiu de levar a tutorada
a uma reflexão que evidenciasse uma possível decisão para permanecer na escola e
desenvolver seu Projeto de Vida.

Em todo o Cenário, vimos que as perguntas norteadoras apoiaram a professora


Luciene a praticar a Escuta Ativa. Combinadas entre si, perguntas e escuta abrem
caminhos para o tutor atingir alguns propósitos. Vamos ver quais são eles e quais
são suas possibilidades de práticas.

35
Propósito: Detectar as potencialidades e fragilidades do tutorado e identificar qual é a
área em que ele pode concentrar maior dedicação
• Possibilidade de prática: Propor questionários em que o tutorado fale sobre seus interes-
ses pessoais.
Propósito: Auxiliar o tutorado a compreender o significado do seu comportamento e de
que forma isso impacta as ações da escola e o seu desenvolvimento pessoal e acadêmico
• Possibilidade de prática: Em tutoria coletiva, por meio de rodas de conversas, trazer um
exemplo do processo que é realizado quando um estudante tem muitas faltas, bem como
as ações da escola, as consequências no desempenho escolar e no déficit de aprendizagem.
Propósito: Subsidiar o professor tutor para que a Tutoria seja um espaço de aprendizado
pessoal constante, na qual cada situação vivenciada traz o aprimoramento das ações
realizadas
• Possibilidade de prática: Registrar suas ações e ideias, principalmente as mais exitosas.
Propósito: Promover reflexões acerca de casos reais semelhantes
• Possibilidade de prática: Trazer para as rodas de conversas, em tutoria coletiva, relatos de
experiências com desfechos positivos.
Propósito: Incentivar a prática de fazer perguntas e refletir sobre as respostas
• Possibilidade de prática: Propor jogos e dinâmicas que facilitem o questionamento e as
reflexões sobre determinado tema.
Propósito: Testar perguntas após reunir informações sobre determinada situação, pro-
curando certificar-se se seu raciocínio estava correto
• Possibilidade de prática: Simular cenários com os tutorados que os levem a criar soluções
para seus problemas.
Propósito: Ajudar o tutorado, de forma direta ou indireta, para que ele mantenha o foco
no tema trazido e busque suas próprias soluções
• Possibilidade de prática: Conduzir as conversas da tutoria, tanto nos encontros individuais
como nos coletivos, sempre de forma atenta, utilizando recursos de escuta para apoiar o
tutorado a realizar conclusões positivas.
Propósito: Avaliar os avanços do tutorado
• Possibilidade de prática: Observar o portfólio do tutorado e dar-lhe um retorno para que
se sinta acolhido.

36
Atenção

Algumas possibilidades de atuação facilitadoras de diálogo que podem ser realizadas


pelo tutor:
• Optar por brincadeiras, palavras e expressões que não reportem ao bullying ou a
preconceitos;

• Entender como tirar o tutorado de sua passividade, sem acarretar constrangimentos;

• Trocar experiências com outros professores tutores;

• Considerar o resultado das perguntas e dos tipos de respostas e reações que impac-
tam a postura do tutorado;

• Pedir o retorno do tutorado quanto à evolução do tema que o afligia;

• Adequar a Escuta Ativa e a conversa às evidências observadas para cada realidade.

5. Na Tutoria, a Escuta Ativa torna-se uma ferramenta de trabalho. Vamos, então, per-
correr um caminho para você perceber como está sua Escuta Ativa. Inicialmente, re-
lembre situações de sua vida pessoal ou profissional em que você participou de um
diálogo presencial. Depois, leia as perguntas. Cada uma delas corresponde a uma
ação para aprimorar sua Escuta Ativa.
Para potencializar suas reflexões e análises, escolha a resposta que mais se aproxima
das suas experiências:
Sinto-me confortável! – Se você tem facilidade em realizar essa ação.
Encontro desafios! – Se esta é uma ação que você busca adotar, mas encontra desafios.
Ainda não vivenciei! – Se for uma ação que você nunca adotou, por não conhecer ou
por não se sentir confortável.
5.1 Mantenho o foco no momento da conversa sem pensar em outros assuntos ou
preocupações?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!

5.2 Durante o diálogo, fixo o olhar na pessoa para estabelecer um vínculo?


( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!

37
5.3 Não interrompo a conversa demonstrando atenção e uso a linguagem corporal ou
não verbal, como mexer a cabeça de forma positiva evidenciando a compreensão?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!


5.4 Fico atento ao tom de voz, às expressões faciais e aos comportamentos apresentados
pela outra pessoa, durante o diálogo, para entendê-la melhor?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!


5.5 Sou capaz de evitar julgamentos, compreendendo que as pessoas são diferentes?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!


5.6 Uso perguntas para pedir exemplos que esclareçam minhas dúvidas, de forma que
eu possa compreender os sentimentos do outro?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!


5.7 Sintetizo o que foi relatado, para conferir se compreendi corretamente, tentando aju-
dar a organizar as ideias e compreender seus verdadeiros sentimentos?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!


5.8 Ao participar de um diálogo estou sempre atento e concentrado para aprimorar mi-
nha habilidade de escuta?
( ) Sinto-me confortável!

( ) Encontro desafios!

( ) Ainda não vivenciei!

38
Diário de bordo

Você percorreu o caminho para o aprimoramento da sua Escuta Ativa. Como você se
sentiu? Quais ações você acredita que podem melhorar para se sentir ainda mais con-
fortável e superar os desafios ao participar de um diálogo presencial?
Reflita e anote em seu Diário de bordo quais pontos chamaram mais a sua atenção. E
não se esqueça: experimente as situações que ainda não vivenciou e pratique o diálogo
com a Escuta Ativa!

O exercício da Escuta Ativa pode trazer inúmeras situações diferentes no cotidiano e,


muitas vezes, você pode se deparar com situações de maior gravidade. Nesse caso, o
tutor deverá compartilhar tais situações com o Vice-diretor para juntos encontrarem
o melhor encaminhamento. Lembre-se de que a permissão do tutorado deve ser con-
siderada em situações que mereçam sigilo.

39
Unidade  2.2

Como desenvolver os encaminhamentos

Cursista, temos alguns casos de Escuta Ativa em que os encaminhamentos para a so-
lução de problemas fogem da governabilidade do tutor e da escola, sendo necessário
buscar outras redes de proteção.
Dentre essas redes, o Conselho Tutelar é o parceiro mais próximo da escola para os
encaminhamentos relacionados aos estudantes: maus-tratos, reiteração de faltas in-
justificadas, evasão escolar, elevados níveis de repetência e casos que violem o direito
da criança e do adolescente.
Porém, só devemos fazer os encaminhamentos e contatos em casos em que a esco-
la, representada pelo Vice-diretor, já realizou todas as tentativas de solução que lhe
cabiam. A escola, como uma agente da rede de proteção, pode levar os casos mais
graves diretamente para os órgãos de garantias de direitos.
O infográfico a seguir mostra toda a Rede de Proteção parceira da escola, que poderá
ser comunicada em cada caso e grau de necessidade.

40
Fonte: Curso EFAPE – Introdução aos Diretos Humanos e ECA para Educadores. 1. ed. 2020.

Conselho Tutelar
É o órgão que você deve procurar em situação de violação de direitos da criança e do ado-
lescente. Podem ser encaminhados para o Conselho Tutelar casos de negligência, discrimi-
nação, exploração, violência, crueldade, trabalho infantil e qualquer outro que tenha como
vítimas crianças e adolescentes.
Delegacia de polícia
A delegacia mais próxima do local onde o fato ocorreu deve ser procurada para fazer um
Boletim de Ocorrência (BO).
Ministério Público
É o órgão estatal destinado a defender os interesses do povo, os da Justiça e o da sociedade.
Entre os objetivos do MP estão a promoção da ação civil pública, da ação penal e a fiscaliza-
ção das leis.
Defensoria Pública
É o órgão do Estado que presta Assistência Judiciária gratuita aos mais pobres.
Justiça da Infância e da Juventude
É o órgão encarregado de aplicar a lei para solução de conflitos relacionados aos direitos da
criança e do adolescente. Nos municípios que não o têm, suas atribuições são acumuladas
por juiz de outra alçada, conforme dispuser a Lei de Organização Judiciária.

41
Importante

A escola deve manter uma boa relação com a rede de proteção. O tutor deve com-
preender que a escola é um espaço distinto e atende a maior parte das crianças e
adolescentes do bairro e, muitas vezes, o tutor será o primeiro a saber sobre as situa-
ções de vulnerabilidade envolvendo os estudantes.

Saiba mais

A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente falam em prioridade


absoluta e proteção integral da criança e do adolescente.
Segundo o art. 227 da Constituição:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discri-
minação, exploração, violência, crueldade e opressão.”
Segundo o art. 4o do ECA:
“A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à
infância e à juventude.”

Agora, você irá assistir à animação que representa a conversa entre dois tutores, Cláudio,
que é professor, e Hélio, Vice-diretor. Os dois personagens relatam uma experiência de
encaminhamento em caso de violência doméstica, envolvendo dois irmãos: https://youtu.
be/O6eS5GTSKAY.
Nessa animação, vimos como o Vice-diretor encaminhou um caso de violência do-
méstica. No entanto, ele confiou ao professor tutor a tarefa de se aproximar do tutora-
do para obter o seu consentimento, pois, assim, poderia acionar a Rede de Proteção,
fortalecendo os laços com seu tutorado.
Quais ações podem dar suporte à tarefa que Hélio deixou para o tutor Cláudio? Como
será que Cláudio poderia abordar uma questão como essa?
O Vice-diretor Hélio aponta uma sugestão ao colega: pensar nas competências socio-
emocionais. Vamos ver como isso pode ajudar o trabalho da Tutoria.

42
Unidade  3

Como abordar questões pessoais

Retomando o que estudamos até aqui, podemos dizer que a abordagem de questões
pessoais requer do tutor uma atenção diferenciada em relação ao tutorado, com vis-
tas a favorecer o autoconhecimento, a autonomia e a criticidade, permitindo que o
estudante desenvolva a capacidade de encontrar soluções para a tomada de decisões
dos problemas do cotidiano.
A confiança entre o tutor e o tutorado é o que fortalece as relações interpessoais, a
mediação de conflitos e de aprendizagem; algumas ações são necessárias para que se
estabeleça e se mantenha essa relação de confiança.
E o que seria confiança?
“A Confiança consiste em ter expectativas positivas sobre as pessoas e acreditar
que elas têm boas intenções em suas ações, assumindo o melhor sobre elas.”
(INSTITUTO AYRTON SENNA. Ideias para o desenvolvimento de competên-
cias socioemocionais: Amabilidade. 2020. Disponível em: https://institutoayr
tonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/documentos/instituto-
ayrton-senna-macrocompetencia-amabilidade.pdf. Acesso em: 27 set. 2021.)

43
Na prática, o que pode ajudar a desenvolver a competência socioemocional confiança
entre tutor e tutorado são algumas ações que promovam reflexões e ajudem os estu-
dantes a desenvolverem expectativas positivas sobre o outro.
Veja sugestões de práticas para o tutorado relacionadas à competência confiança:

Práticas: Dinâmicas de grupo, jogos e exercícios de acolhimento

• Intencionalidades: Interagir e apoiar uns aos outros. Mobilizar sentimentos e pensamentos.

• Desenvolvimento: Tutor escolhe uma dinâmica ou jogo para as rodas de conversa nos
momentos coletivos.
Práticas: Jogos teatrais

• Intencionalidade: Vivenciar o lugar do outro, invertendo os papéis.

• Desenvolvimento: Tutor propõe roteiros coletivos e encenações.


Práticas: Debates sobre temas de interesse dos tutorados

• Intencionalidade: Desenvolver as competências da macrocompetência Amabilidade, que


são: confiança, respeito e empatia.

• Desenvolvimento: Rodas de conversa com perguntas disparadoras criadas pelos tutorados.

O sentimento de pertencimento vai sendo adquirido e fortalecido quando os tutora-


dos são capazes de confiar uns nos outros, em seus tutores e educadores, pois per-
cebem o ambiente escolar como um local seguro e acolhedor, que potencializa o seu
desenvolvimento pessoal.
Agora que entendemos como a confiança pode ser desenvolvida, vamos observá-la.
Anteriormente, ouvimos a narrativa sobre encaminhamentos na Tutoria, na qual o
tutor Cláudio ficou com a tarefa de desenvolver a confiança de seu tutorado. Depois
de pesquisar e conferir algumas sugestões relacionando as competências socioemo-
cionais, veja a atividade que ele elaborou.

Na prática

Cláudio separou imagens para representar emoções que pudessem ser relevantes de
acordo com o contexto que precisava trabalhar, ou seja, conquistar a confiança do
seu tutorado. Assim, selecionou: tristeza, alegria, raiva, medo, frustração, entre outras,
destacando os sentimentos em diferentes níveis de satisfação.

44
Com as figuras em mãos, elaborou frases para ativar a criatividade e propôs uma roda
de conversa com a intenção de que cada um, inclusive ele, escolhesse uma imagem e
representasse uma situação para a ficha selecionada.

• Você se levantou sentindo (escolha da ficha) e por isso fez


(representa a cena).
• Hoje estou (escolha da ficha) e acho melhor (repre-
senta a cena).
• Têm coisas que me deixam muito (escolha da ficha) e queria mu-
dar (representa a cena).
• Quando estou (escolha da ficha) penso em
(representa a cena).
• Fico (escolha da ficha) quando (representa a cena).
• Quando sei que alguém fala de mim, fico (escolha da ficha), mas
logo (representa a cena).
• Quando eu me olho no espelho, sinto (escolha da ficha) e
(representa a cena).

Na mediação, Cláudio daria comandos: Pare e Continue. A cena seria interrompida e


outra pessoa daria continuidade na representação da emoção selecionada.

45
Cláudio decidiu que, ao término das encenações, ele faria sua própria cena, escolhen-
do a alegria, para fechar a atividade de forma mais leve e divertida. No entanto, re-
tomaria alguns sentimentos que foram apresentados e discutiria sobre o respeito, a
empatia e a confiança, direcionando as reflexões para a necessidade de falar sobre
como nos sentimos diante de diversas situações.

Tome nota

Faça uma simulação dessa atividade: substitua as lacunas com os sentimentos das figu-
ras e imagine as cenas que poderiam ser produzidas a partir delas.
Não se esqueça de pensar nas devolutivas que você daria aos seus tutorados e registre
tudo em seu Diário de bordo, pois, após as adaptações para sua realidade, poderá ser
uma ótima alternativa para a Tutoria.

46
Encerramento

Chegamos ao final do Módulo 2! Esperamos que você possa ter aprofundado seus
conhecimentos sobre a Metodologia da Tutoria de forma a propiciar condições para
o desenvolvimento do Projeto de Vida dos estudantes, colaborando com a sua forma-
ção integral.
Neste Módulo, nos aprofundamos um pouco mais sobre Tutoria e descobrimos como
o tutor pode auxiliar os estudantes, reconhecendo seu papel e as ações para melhor
ajudá-los.
Abordamos, ainda, a dimensão pessoal da Tutoria com a intenção de apoiar o tutor
com atividades que fortaleçam sua prática e também conhecer como criar uma rela-
ção de confiança entre tutor e tutorado por meio das competências socioemocionais.
Agora, vamos para o último Módulo.
Bons Estudos!

47
Gabaritos

1. a) Alternativa correta: I.
Comentário:
A alternativa I apresenta um feedback adequado, pois desta forma o estudante poderá buscar
a resposta de forma autônoma sobre o que considera um futuro melhor, sem que a resposta
seja proposta por outra pessoa. O feedback apresentado na alternativa II é apenas a repetição
da proposta feita pelo estudante, não o conduz à reflexão nem fornece maiores detalhes so-
bre seus ideais, podendo até gerar a falta de interesse do estudante.

b) Alternativa correta: I.
Comentário:
Trazer propostas prontas para o tutorado não é uma ação favorável ao desenvolvimento de um pro-
jeto para o futuro, além de aumentar a probabilidade de frustração logo nas primeiras tentativas.

c) Alternativa correta: II.


Comentário:
A alternativa I não é adequada porque demonstrar desconfiança ou incredulidade nas afir-
mações do tutorado pode afastá-lo dos encontros de Tutoria. A alternativa II favorece a refle-
xão e até mesmo a possibilidade de propor a elaboração de um “plano para manter o foco”
nas atitudes que devem ser preservadas nos próximos anos.

2. a) Alternativa correta: I.
Comentário:
Auxiliar a tutorada e seu colega a elaborar um planejamento de estudo entre pares é muito
positivo e favorece o protagonismo juvenil. Utilizar o momento de Tutoria para os tutorados
realizarem os exercícios de Matemática não é o ideal.

b) Alternativa correta: I.
Comentário:
Incentivar o tutorado a explorar suas potencialidades pode favorecer a integração entre os co-
legas, permitindo a troca de experiências e a colaboração entre pares. Organizar um trabalho
de colaboração entre estudantes sem critérios e por conta própria, independente das partes
envolvidas, não é a melhor escolha.

c) Alternativa correta: II.


Comentário:
O estudante não estava disposto a ajudar sua tutorada, mas Malu teve o cuidado de sugerir
ao estudante que ele buscasse auxiliar outros colegas, intencionando aumentar a afinidade
entre os membros da turma. Mesmo com o tempo reduzido, uma Tutoria planejada pode
auxiliar devidamente os estudantes com dúvidas ou dificuldades. A atitude demonstrada na
alternativa I não é adequada, porque a responsabilidade do tutor é auxiliar e acompanhar
seus tutorados até que superem todas as suas dificuldades. Além disso, Malu não favoreceu a
aproximação entre os estudantes para estabelecer uma parceria entre eles.

3. A sequência correta é: I, IV, III, II.

4. A sequência correta é: 3, 4, 1, 2.

5. Respostas pessoais.

Imagens das páginas 19, 23, 24, 26, 45 elaboradas para o curso. Demais imagens:
Getty Images.

48
Tutoria

MÓDULO 3
ATUAÇÃO DO TUTOR: PLANEJAMENTO E PRÁTICA

Apresentação do módulo

Caro(a) Cursista, seja bem-vindo(a) ao Módulo 3 de Tutoria!


Neste Módulo, vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre a Atuação do tutor:
planejamento e prática, considerando a realidade da escola e os passos para a rea-
lização dos encontros entre tutor e tutorado, tais como planejar a Tutoria, entender
as possibilidades de ações no âmbito acadêmico e profissional para que você possa
apoiar ao máximo o potencial de seu tutorado traçando com êxito seu Projeto de Vida.

Objetivos de aprendizagem do Módulo

Entender como planejar a Tutoria.

Compreender as possibilidades de atuação no âmbito acadêmico e profissional.

Compreender como orientar o estudante a refletir sobre seus objetivos.

1
Diário de bordo

Você já deve ter notado que o Diário de bordo é um instrumento importante para os
estudos, seja em um curso on-line, seja em uma aula presencial.
Reiteramos a importância do hábito de registrar os pontos relevantes das informações
recebidas, tanto textuais e imagéticas quanto sonoras, como os estímulos que ativam
nossa percepção e alimentam a criatividade. Pensamentos, reflexões e ideias podem
facilmente nos escapar da memória com a mesma velocidade com que são concebidos;
por esse motivo, o registro ajuda a atribuirmos um valor às novas informações, permitin-
do acessá-las sempre que precisarmos.
Então, já sabe o que fazer, não é? Separe seu Diário de bordo, faça suas anotações e não
economize na criatividade.

Bons estudos!

2
Unidade   1

Como planejar a tutoria

Para que a metodologia da Tutoria seja exitosa, é importante que as ações sejam pla-
nejadas, permitindo, assim, ajustes e correção de rumos sempre que necessário. Va-
mos agora analisar alguns aspectos indispensáveis que o tutor deve considerar ao
planejar a Tutoria.

Planejando a Tutoria

Planejar requer tempo e atenção, portanto, a primeira ação do tutor é conhecer o per-
fil de cada um de seus tutorados, seus Projetos de Vida, o desempenho nos diversos
componentes curriculares, sua participação nos Clubes Juvenis e seu compromisso
com a vida escolar.
Para conhecer o Projeto de Vida de seus tutorados, o tutor deve procurar o Vice-dire-
tor, pois é ele quem acompanha esse componente. Para acompanhar o desempenho
dos estudantes, o tutor poderá verificar o rendimento escolar na plataforma Secreta-
ria Escolar Digital (SED) e trocar informações com os demais professores, durante as
ATPCG, horas de estudo e reuniões de alinhamento.
Quanto à participação em Clubes Juvenis e o compromisso com a vida escolar, o tutor
poderá perguntar diretamente a seu tutorado ou conversar com os colegas professores.

3
Dica

A vida na escola é bem corrida, não é mesmo? Contratempos sempre podem aconte-
cer. Pensando nisso, elaboramos um modelo de ficha de perfil a ser preenchida pelos
tutorados logo nos primeiros encontros de Tutoria e revisitada sempre que necessário,
fornecendo as informações anteriormente mencionadas.

O modelo de Ficha de Identificação do Tutorado poderá ser adaptado para atender à


realidade de sua unidade escolar.

4
Agora, confira os outros itens que devem compor o planejamento do tutor.

Agenda

Registre em sua agenda o(s) dia(s) da semana e horário(s) da Tutoria e informe seus tuto-
rados, solicitando que registrem essa informação também em suas agendas individuais. É
recomendável que a Tutoria ocorra durante o horário do almoço dos estudantes.
Local

A Tutoria pode acontecer nos diversos ambientes da escola. Para evitar que o tutor fique
constantemente se deslocando por toda a escola em busca de seus tutorados, recomenda-
mos que combine com os tutorados um ponto de encontro no pátio ou em outro ambiente
de sua escolha, desde que seja acessível a todos; pode-se também organizar uma mesa com
cadeiras.
Atendimento aos responsáveis

A reunião de pais e mestres é uma excelente oportunidade para apresentar os tutores aos
responsáveis e estes conhecerem o trabalho desenvolvido na Tutoria, assim como a agenda
dos professores. Dessa forma, tutores e responsáveis poderão atuar de forma colaborativa,
oportunizando o sucesso escolar do estudante.
Registro de evidências

Assim que os tutores tiverem a relação dos nomes de seus tutorados, deve-se organizar uma
lista de presença e um portfólio contendo as atividades e ações desenvolvidas com cada um
dos tutorados.
Se você tem habilidade com os dispositivos e recursos digitais, o registro do atendimento de
Tutoria pode ser on-line, utilizando um drive de salvamento virtual, como o Google Drive ou
OneDrive.
Organização dos atendimentos

Procure planejar as ações da Tutoria de forma sistemática, assim ficará mais fácil se organi-
zar e direcionar os atendimentos de forma assertiva e personalizada.

Atenção

As informações contidas no portfólio de Tutoria são pessoais e sigilosas: cada tutor tem
a sua pasta de registro e apenas o Vice-diretor está autorizado a acessar as pastas, sem-
pre que necessário, sejam elas físicas ou virtuais.

5
Unidade  1.1

Planejamento de Tutoria

No primeiro Módulo, vimos que a operacionalização da Tutoria em escolas com 2 tur-


nos de 7 horas é diferente das escolas com um único turno de 9 horas. Uma dessas
diferenças é um momento específico chamado Planejamento de Tutoria, cujo horário
oportuniza o agrupamento dos estudantes com seus respectivos tutores e que está
estruturado em duas dimensões: a coletiva e a individual.
Vamos ver o que o Caderno de Tutoria traz sobre isso:
“O momento semanal de Planejamento de Tutoria estrutura-se em duas
dimensões:
1. Coletiva – O(a) tutor(a) trabalha com os(as) tutorados(as) coletivamente
para ajudá-los(as) na organização e participação ativa na vida escolar, no
acompanhamento e avaliação das ações de tutoria. Assim, é importante que
ele(a) reúna todos(as) os(as) seus(as) tutorados(as) em um mesmo espaço.
2. Individual – Ao mesmo tempo em que os(as) tutorados(as) estão desen-
volvendo atividades de forma coletiva, o(a) tutor(a) pode realizar atendimen-
to aos(às) tutorados(as) que desejam se expressar individualmente.”
(SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral. Caderno
do professor: Tutoria. 2021. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.br/
ensinointegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_2021-dia
gramado.pdf. p. 18. Acesso em: 7 out. 2021.)

6
Parece complicado, não é? Mas vamos ajudar você a entender como funciona o Pla-
nejamento de Tutoria.
Primeiramente, o Planejamento de Tutoria não é uma aula, ou seja, é um momen-
to para os estudantes planejarem suas ações, verificarem seus desenvolvimentos,
proporem ajustes e corrigirem rumos. Por esse motivo, deve-se, preferencialmente,
manter o foco no âmbito acadêmico e no Projeto de Vida dos estudantes, reservando
abordagens pontuais e pessoais para a Tutoria individual.

Mas, se não é uma aula, como devo trabalhar o Planejamento de Tutoria? Devo realizar
dinâmicas de grupo? Como eu faço para trabalhar com tutorados de diferentes anos/
séries ao mesmo tempo?
Ainda não ficou claro? A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre o Planejamen-
to de Tutoria na animação do estudante Pedro, pois um dos primeiros desafios é fazer
os estudantes compreenderem o propósito desse horário. Assista à animação e prepa-
re seu Diário de bordo para anotar suas percepções sobre o Planejamento da Tutoria:
https://youtu.be/1LyYvB4jaWk.

Dica

Gostou da explicação do Pedro? Se você quiser, essa animação poderá ser reproduzida
para os estudantes. Mas, caso prefira, poderá utilizar outras mídias ou adaptações que
atendam melhor à realidade dos estudantes de sua escola. Então, anote suas ideias so-
bre o Planejamento de Tutoria em seu Diário de bordo, procure ser assertivo em sua
proposta e não se esqueça de compartilhar sua experiência com seus colegas e com o
Núcleo Pedagógico da Diretoria de Ensino de sua região, afinal, uma boa prática sempre
deve ser compartilhada.

7
1. Vamos verificar o que vimos até agora sobre o Planejamento de Tutoria. Leia as afir-
mações a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.
( ) Nas escolas de dois turnos de 7 horas, é reservado um momento de Tutoria cole-
tiva, chamado Planejamento de Tutoria.

( ) Ao mesmo tempo em que os tutorados estão desenvolvendo atividades de for-


ma coletiva, o tutor pode realizar atendimento àqueles que desejam se expressar
individualmente.

( ) O tutor deve preparar uma aula para trabalhar com seus tutorados no momento
do Planejamento de Tutoria.

( ) O Planejamento de Tutoria tem em sua centralidade a reflexão sobre o desenvol-


vimento das dimensões acadêmica, pessoal, profissional e do Projeto de Vida dos
estudantes, bem como o registro do Plano do Tutorado.

( ) Nas escolas PEI de turno único de 9 horas, os tutores não precisam planejar os
encontros de Tutoria.

8
Unidade  1.2

Estratégias e práticas para o Planejamento da Tutoria

Nos espaços e tempos reservados para o Planejamento de Tutoria, é importante que


o tutor esteja bastante atento a algumas particularidades da metodologia:

Dimensão coletiva

O tutor trabalhará para orientar seus tutorados no domínio do currículo e no protagonismo


juvenil em sua vida escolar, realizando o acompanhamento e a avaliação das ações de Tutoria.
Simultaneidade

Enquanto os tutorados se dedicam a conversas, trocas de informações e elaboração do seu pla-


no individual, o tutor poderá atender os tutorados que desejem se expressar individualmente.
Dimensão individual

Os momentos coletivos não excluem a necessidade de realizar as Tutorias individuais, que


também devem ocorrer em outros espaços/tempos, no mínimo duas vezes ao mês, de acor-
do com as necessidades dos tutorados.
Abrangência

• Entender e articular a heterogeneidade de aspectos que irão conviver nesses espaços/


tempos, tais como: as “muitas juventudes”, seus paradoxos, identidades e os naturais con-
flitos intergeracionais; a velocidade das mudanças no mundo atual sempre em constante
movimento e seus reflexos nos âmbitos acadêmico e do trabalho.

• Manter a permanente crença nas potencialidades do tutorado, respeitando os tempos


internos – biológico, psíquico, cognitivo e emocional – e próprios de cada um.

9
O Planejamento de Tutoria permite que, nas Tutorias coletivas, os estudantes troquem
experiências positivas ou negativas e, juntos, encontrem possibilidades para viabilizar
a construção e o desenvolvimento de seus Projetos de Vida. No entanto, há entraves
que podem dificultar o êxito dessa prática e os tutores precisam estar preparados para
vencê-los, dando o devido direcionamento acadêmico e profissional aos estudantes.
Veja a seguir o caso do professor Wilson, que atua nos Anos Finais do Ensino Funda-
mental em uma escola do PEI de dois turnos de 7 horas.

Cenário 1 – Professor Wilson

Em uma reunião de Planejamento de Tutoria em que os estudantes de 6o a 9o anos,


tutorados do Professor Wilson, se encontram para o acompanhamento semanal,
uma dupla de 8o ano se recusa a engajar-se com estudantes do 6o ano. Alega que fa-
zem muitas perguntas, dão risadas exageradamente, fazem observações inadequa-
das, fazendo com que se perca o tempo das atividades. Diante do entrave, o professor
Wilson decidiu se informar sobre estratégias que pudessem auxiliá-lo.

Vamos conhecer algumas práticas que ele pesquisou e que podem ajudar você, Cur-
sista, nos momentos de Planejamento de Tutoria.

Prática 1 – Ciclo de conversas contínuas

Uma prática que poderá auxiliar no engajamento dos tutorados durante o Planeja-
mento da Tutoria é o Ciclo de Conversas Contínuas. Essa prática consiste em fazer
todos os estudantes conversarem uns com os outros em pares sobre um tema prees-
tabelecido pelo tutor, de forma sistêmica.
Para isso, o tutor deve preparar o ambiente com cadeiras dispostas frente a frente
com uma única mesa entre elas. Cada estudante receberá uma planilha de acompa-
nhamento de conversas elaborada pelo tutor, contendo o direcionamento, o nome do
colega com o qual conversou, a data e um espaço para registrar a síntese da conversa.
Veja a seguir um exemplo de planilha.

10
A descrição do Direcionamento deve conter as informações sobre o tema ou assunto
da conversa e as orientações e maiores detalhes para a execução da dinâmica, ex-
pressos de forma clara e objetiva. É também neste campo que se deve indicar quanto
tempo cada conversa deve durar, pois conversas muito longas podem fazer os estu-
dantes perderem o foco. Por isso, recomendamos iniciar a prática com ciclos curtos de
tempo, e, conforme a proposta e a experiência da turma de tutorados com a prática,
aumentá-los gradualmente, por exemplo: 3 min., 5 min., 7 min., 10 min.
Vamos ao exemplo de um possível direcionamento:

Direcionamento: Neste Ciclo de Conversas, o objetivo é você conhecer melhor seus co-
legas de Tutoria e um pouco sobre seus hábitos de leitura e preferências esportivas. Ao
sinal de seu tutor, você deve se sentar diante de um de seus colegas, perguntar seu
nome, se tem o hábito de ler livros ou textos, se pratica algum esporte e qual é. Você terá
90 segundos para perguntar e também responder a estas questões para seu colega, re-
gistrando as respostas em um dos campos a seguir. Após esse tempo, ao sinal do tutor,
você deve encontrar outro colega e fazer o mesmo procedimento até que tenha conver-
sado com todos os seus colegas.

Atenção

Essa prática exige atenção do tutor para que os estudantes não percam o foco durante
a dinâmica. Ao final, os tutorados poderão se acomodar em círculo e expor suas impres-
sões e as coisas que mais chamaram a atenção.

11
Prática 2 – Hiper-rubrica

O tempo utilizado na Tutoria é um ponto de atenção, pois propostas muito longas


podem se tornar maçantes e enfadonhas, afastando os estudantes do propósito
idealizado. Uma das práticas que pode ser utilizada tanto no Planejamento de Tutoria
quanto nos encontros de Tutoria é a rubrica de avaliação e autoavaliação, que permite
ao estudante visualizar a etapa em que ele se encontra no processo de aprendizagem.

Rubrica de avaliação e autoavaliação: São esquemas explícitos para classif icar ou


categorizar comportamentos ou níveis de desenvolvimento ao longo de um proces-
so, permitindo que o avaliado tenha uma clara noção sobre seu desempenho e/ou
desenvolvimento em um processo.
Saiba mais sobre rubricas acessando o link: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/
4099893/mod_resource/content/1/Rubricas_introduc%CC%A7a%CC%83o.pdf.

Na Tutoria, o foco da rubrica é fazer o tutorado perceber o que ele deve fazer para
melhorar. Neste contexto, apresentamos a Hiper-rubrica, que é um aperfeiçoamento
dessa prática, possível de ser aplicada e resolvida em poucos minutos dado seu for-
mato sucinto e objetivo.

Hiper-rubrica: GONZALEZ, J. Introducting the Hyper Rubric: A tool that takes learning to
the next level. Cult of Pedagogy. 22 ago. 2021. Disponível em: https://www.cultofpedagogy.
com/hyperrubric/. Acesso em: 6 out. 2021.

A proposta da Hiper-rubrica aqui apresentada foi idealizada a partir da análise de


estudos realizados pelos professores estadunidenses Jeff Frieden e Tyler Rablin,
que, em suas práticas, exploram ajustes e reiterações de rubricas a fim de torná-las
mais eficazes.
Diferentemente das rubricas de avaliação e autoavaliação, a Hiper-rubrica apresen-
ta apenas uma única linha, ou seja, o estudante estará concentrado em um único
critério. Outra diferença é que a Hiper-rubrica traz os elementos de que o estudante
necessita para aprimorar-se em determinado aspecto, seja uma habilidade, um com-
portamento ou outra questão que necessita de ajustes. Esse modelo também contém
hyperlinks para que o tutorado possa acessar sites, vídeos, listas on-line e até mesmo
plataformas gamificadas, que o auxiliem a nortear sua ação, servindo também como
incentivo.
Na Hiper-rubrica, o tutorado poderá escolher qual das ações acha adequada ou se sen-
te mais confortável para começar a executar e só depois avançar para um próximo nível.

12
Vejamos um exemplo:

HIPER-RUBRICA - TUTORIA
Vamos lá!
Refletir sobre o meu Projeto de Vida e buscar enxergar pontos e características que podem
me ajudar a melhorar o meu ser.
Sugestão de material: https://www.youtube.com/watch?v=yO2L8DOQQ7Q.
Sempre em frente!

Fazer a leitura e interpretação de ao menos um texto curto por dia e realizar uma atividade
física por dia.
Sugestões de materiais:
• https://escolaeducacao.com.br/textos-pequenos-para-leitura-e-interpretacao/;

• https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/6-habitos-que-provam-
voce-pode-fazer-atividade-fisica-no-dia-a-dia.
Para o alto!

Preparar uma lista com os conteúdos em que estou com dificuldades e organizar uma roti-
na de estudos em curtos intervalos de tempo, colocar no meu Plano do Tutorado e começar
a praticá-lo.
Sugestão de material: https://brasilescola.uol.com.br/dicas-de-estudo/tecnica-pomodoro-
que-e-e-como-funciona.htm.
Avante!

Realizar uma rotina de verificação e ajustes das minhas ações propostas para atingir minhas
metas e desenvolver meu Projeto de Vida.
Sugestão de material: Projeto de Vida e Plano do Tutorado: https://efape.educacao.sp.gov.
br/ensinointegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_2021-diagramado.pdf,
Caderno de Tutoria. p. 19.

Atenção

• A Hiper-rubrica é um instrumento personalizado e deve ser elaborada conforme as


necessidades dos tutorados.

• Sempre utilizar expressões de incentivo para nomear os níveis da Hiper-rubrica.

• Ao apresentar a Hiper-rubrica, o tutor deve explicar como os tutorados devem utilizá-


-la e reforçar o compromisso em cumprir as propostas.

• O tutor deve registrar as escolhas dos tutorados e realizar o acompanhamento individual.

13
2. Anteriormente, conhecemos o caso do professor Wilson e seus tutorados do 6o e do
8o ano. A seguir, vamos analisar as situações e selecionar a decisão que você tomaria
como tutor.
Situação 1
Visando ao entrosamento entre os tutorados de 6o e 8o ano, o tutor Wilson utilizou a
prática de Ciclo de Conversas Contínuas, reservando os 20 minutos finais do Planeja-
mento de Tutoria para fazer uma roda de conversa e oportunizar aos estudantes que
trocassem suas impressões. Um dos tutorados de 6o ano resolve fazer uma brinca-
deira sobre o colega gostar de jogar futebol, mas não ter habilidade.
Qual deve ser a conduta de Wilson?

a) O tutor pergunta como poderiam contribuir para o desenvolvimento de qual-


quer habilidade de seus colegas, incluindo as habilidades esportivas. Orienta os
estudantes sobre como receber críticas e sobre evitarem comentários que ofen-
dam ou deixem o colega envergonhado, recomendando que optem sempre por
comentários construtivos que ajudem as pessoas a se desenvolverem.

b) O tutor afirma que o objetivo da roda de conversa não é expor ou criticar os cole-
gas, pois eles ainda podem melhorar suas habilidades esportivas.

Situação 2
Em um dos encontros de Planejamento de Tutoria, o tutor Wilson resolve utilizar a
Hiper-rubrica com seus tutorados. Explica a proposta a todos e como devem exe-
cutá-la. Um dos tutorados informa que ainda tem muitas dúvidas quanto ao seu
Projeto de Vida, mas acessou o link sugerido para sua opção e agora não sabe como
prosseguir com a proposta. Qual deve ser a conduta de Wilson?
a) O tutor informa ao tutorado que ter dúvidas é normal, porém ele deve pensar
melhor sobre o que ele quer para a própria vida, se esforçar e começar a assumir
o compromisso relacionado à sua escolha na Hiper-rubrica.

b) O tutor diz a seu tutorado que o próximo passo é começar a preencher o Plano do
Tutorado, colocando suas dúvidas no papel, pois nas aulas seguintes trabalharão
as reflexões e as respostas para essas dúvidas.

14
Unidade  1.3

O Plano do Tutorado e a lógica do PDCA

Ao ler os documentos orientadores sobre Tutoria e Planejamento de Tutoria, você já


deve ter percebido que eles se encaixam na lógica do PDCA.
O PDCA é um método de monitoramento de resultados que tem por base quatro pas-
sos preestabelecidos: Planejar (P), Executar/Fazer (D), Checar (C) e Agir (A). A aplicação
dele pretende intervir, quando necessário, e otimizar os processos educativos, visando
à correção dos rumos e à potencialização dos resultados pretendidos. Desenvolver
essa maneira de estruturação do raciocínio pode render muitos bons frutos na cons-
trução do Projeto de Vida dos estudantes, uma vez que é uma maneira eficiente de
desenvolver habilidades de autoavaliação e senso crítico.
No Caderno do Professor – Tutoria (p. 19 a 22 – https://efape.educacao.sp.gov.br/ensino
integral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_GE_TT_VOL-UN_2021-diagramado.pdf) e no
Documento Orientador sobre Planejamento de Tutoria (p. 1 a 5 – Anexo 1), há orienta-
ções e formulários que podem nortear o trabalho do tutor, no sentido de encaminhar
o raciocínio de seus tutorados para procederem de maneira calculada, projetando seu
futuro de acordo com prioridades, traçando caminhos para alcançá-las, agindo, avalian-
do e corrigindo rumos sempre que necessário, seguindo assim, as diretrizes do PDCA.
Veja a seguir um passo a passo de como desenvolver ações que envolvam o PDCA
no Planejamento de Tutoria desde o primeiro encontro e de como encaminhar o
exercício desse método junto aos estudantes por meio do preenchimento do Plano
de Tutorado.

15
Fonte: SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral: Planejamento de tutoria, [s/d]. p. 5.

Dica

No link https://efape.educacao.sp.gov.br/ensinointegral/wp-content/uploads/2021/04/Plano-
do-Tutorado.pdf você pode fazer o download do Plano do Tutorado. Você poderá adaptá-lo
às suas necessidades e incluí-lo nos registros individuais de cada um dos seus tutorados.

16
Seguindo a lógica do PDCA durante os momentos de Planejamento de Tutoria, os es-
tudantes conseguem estabelecer, de maneira prática, as relações entre o que plane-
jam fazer e aquilo que realmente fazem, percebendo sua eficácia para alcançarem
as metas que eles mesmos determinaram como prioritárias. Neste processo, além de
alcançarem maior chance de êxito em seus anseios, também desenvolvem habilida-
des essenciais em todos os âmbitos de sua vida, tais como: organização; capacidade
de fazer escolhas; responsabilidade pelas próprias atitudes e aceitação das conse-
quências a elas relacionadas; protagonismo para elaborar e colocar em prática seu
Projeto de Vida.
No diagrama abaixo, podemos ver que a rotina do Planejamento de Tutoria se torna
descomplicada quando tutor e tutorados se engajam e seguem um mesmo caminho
para facilitar a ação e otimizar o tempo/espaço reservado a esses encontros.

17
3. Leia as situações descritas a seguir, analise-as e selecione as letras (P, D, C ou A) para
estabelecer uma sequência lógica adequada ao ciclo PDCA aplicado ao Planejamen-
to de Tutoria.
( ) Em um dos momentos de Planejamento de Tutoria, o tutor promove uma dinâ-
mica de grupo chamada de “Batata Quente”, na qual uma bola passa de mão em
mão aos estudantes, que deverão estar dispostos em círculo. Enquanto o Tutor
repete seguidamente “Batata Quente”, a bola circula entre os estudantes. Em um
dado instante, ele diz “Queimou”, e quem estiver com a bola nas mãos deverá
dizer um ponto frágil de seu Plano do Tutorado e de que forma pretende rever
suas ações para sanar essa fragilidade. Ao final da dinâmica, o Tutor entrega no-
vamente os Planos aos Tutorados, para que os estudantes avaliem se realmente
estão no caminho certo e anotem suas novas propostas caso seja necessário.

( ) O tutor lê os Planos dos seus tutorados, percebe que dois deles não estão con-
seguindo pôr em prática as ações que planejaram e, no momento do Plane-
jamento de Tutoria, os chama individualmente para um bate-papo reflexivo,
levando-os a se perguntarem se os caminhos por eles definidos são os únicos a
seguir e se há possibilidades de mudar as estratégias para ampliar as chances
de êxito de suas propostas.

( ) O tutor abre o espaço/tempo do Planejamento de Tutoria para que os seus tu-


torados se reúnam, estabeleçam e registrem os passos (o quê, quando e como
fazer) para alcançarem os propósitos definidos em seu Plano do Tutorado.

( ) Durante o momento de Planejamento de Tutoria, o tutor orienta os tutorados a:


pensarem nos setores de sua vida, entenderem quais questões precisam resolver
para desenvolverem planos que lhes possibilitem realização pessoal e profissio-
nal, compondo um Projeto de Vida que possa trazer satisfação, felicidade e um
futuro profissional promissor; aproveitarem esse espaço/tempo para trocarem
ideias e impressões, realizando debates e discussões em grupos.

18
Unidade  2

Como desenvolver atividades de reflexão para aspectos acadêmicos


e profissionais

Convidamos você, Cursista, a pensarmos juntos como reflexões podem ser impor-
tantes, principalmente quando o objetivo é orientar os estudantes durante a Tutoria.
Nesse contexto, para as atividades de reflexão, é importante retomar a orientação
acadêmica e profissional. A intenção é perceber como essas dimensões estão interli-
gadas e buscar estratégias para fortalecê-las e colaborar com o desenvolvimento dos
estudantes. Acompanhe o infográfico a seguir.

19
Quando observamos o esquema, vemos que no âmbito acadêmico o estudante precisa
ser incentivado a interagir, dessa forma ele terá condições para entender o que “falta”
para compreender e superar suas dificuldades em qualquer área. Ao interagir e reco-
nhecer seu papel, saberá como, quando e o que estudar, passando a identificar suas
habilidades e preferências. No plano profissional, o estudante precisa conhecer-se para
que esse autoconhecimento o auxilie a fazer suas escolhas.

Tome nota

O que significa refletir?


REFLETIR é um processo que se refere a examinar com cuidado conceitos, informações
e acontecimentos, gerando atitudes e comportamentos influenciados diretamente pe-
las próprias conclusões.
O questionamento como condição da reflexão é essencial para provocar o raciocínio e
levar às conclusões significativas.
Como as reflexões podem colaborar? Como levar os estudantes à reflexão?
Na Tutoria, as conversas reflexivas são estratégias preciosas que levam o tutorado a re-
fletir, agir e corrigir rumos. Nessa perspectiva, o estudante cria autonomia para buscar a
resolução de seus problemas e se engajar cada vez mais com seu Projeto de Vida.

20
Na prática

Promovendo a reflexão na Tutoria Coletiva

A tutora Silene tem 15 tutorados do Ensino Médio e resolveu fazer uma atividade para
fortalecer a determinação, a automotivação e o comprometimento, usando a reflexão
como ponto principal da sua atividade.
Veja o que ela preparou para um encontro coletivo de Tutoria: https://youtu.be/
buasEWN9stE.
Ao utilizar essa atividade de reflexão, o objetivo da professora é destacar pontos sobre:
determinação, automotivação, comprometimento e o fazer acontecer. Intencional-
mente, ela não fala sobre os estudos necessários para realização de sonhos, objetivos
ou Projeto de Vida. Muito menos comenta sobre as profissões que possam ter imagi-
nado e o que seria preciso para concretizar o desejo. Porém, ela sugere uma lição de
casa após as reflexões provocadas pela atividade e retomará a reflexão realizada pelos
estudantes em outro encontro coletivo ou individual, quando poderá fazer a conexão
com seus Projetos de Vida.
A lição de casa possibilita que os tutorados permaneçam pensando sobre o que viven-
ciaram no encontro de tutoria e se envolvam no processo da reflexão, por meio dos
questionamentos sugeridos:

Como você pensa em manter o foco e não desistir?

Determinação e automotivação
O processo de reflexão consiste em pensar no desejo com cuidado, levantando questiona-
mentos pessoais e fazendo escolhas possíveis para atingir o objetivo.
O que é preciso para fazer acontecer?

Fazer acontecer
Aqui, o processo de reflexão se baseia em pensar no desejo e no que é preciso fazer para que
ele seja realizado, entendendo as atitudes e comportamentos que serão necessários, por
meio de suas próprias conclusões.
O que você pode dizer a respeito do seu comprometimento com seu desejo?

Comprometimento
Nessa questão, a reflexão passa a ter maior significado, pois prevê que o estudante inicie um
planejamento para a realização do que foi pensado, a partir de suas conclusões.

21
Porém, ela desafia os estudantes ao dizerem o que querem. Na obra Jogos, dinâmi-
cas & vivências grupais, Albigenor e Rose Militão destacam que, para a maioria das
pessoas, pensar “EU QUERO” tem um significado mais positivo do que pensar em “EU
QUERIA”. O pensamento norteado por EU QUERO direciona a situações realizadas, já
expressões como EU QUERIA envolvem dúvidas na realização.

Jogos, dinâmicas & vivências grupais: MILITÃO, Albigenor; MILITÃO, Rose. Jogos, dinâmi-
cas & vivências grupais: como desenvolver sua melhor técnica em atividades grupais.
Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000.

4. Na atividade, a professora Silene iniciou um trabalho para apoiar o desenvolvimento do


Projeto de Vida de seus tutorados. Reflita e selecione as propostas que ela fez com as
orientações da Tutoria, pensando quais aspectos de apoio profissional elas favorecem.
I. Fazer escolhas conforme personalidade, aptidões e interesses.
II. Desenvolver autoconhecimento.
III. Identificar habilidades pessoais.
( ) Reflexão sobre fazer acontecer.

( ) Reflexão sobre comprometimento com seu desejo.

( ) Reflexão sobre manter o foco e não desistir.

Cursista, você deve estar se perguntando como ficam, então, os aspectos acadêmicos.
A reflexão, principalmente quando gera atitudes, também colabora com eles. A se-
guir, sugerimos uma estratégia que pode ser utilizada na Tutoria em qualquer ano,
série ou segmento. Confira a descrição do passo a passo.

Passo 1 – Preparação

Elabore cartões com situações referentes às dificuldades de aprendizagem que você


observa entre seus tutorados e cartões com propostas de soluções.
A seguir, veja alguns exemplos dos textos que podem estar nos cartões. A dificuldade
aparece entre aspas e, abaixo dela, está uma proposta de solução. Você pode fazer
adaptações, de acordo com a realidade dos seus tutorados.

22
Estudante 1

“Não consigo estudar porque gosto muito de ver TV e assistir a séries no YouTube.”
É possível aprender com vídeos que tratam de assuntos referentes a todas as áreas de
conhecimento.
Estudante 2

“Tenho muita dificuldade de me concentrar, mas amo estudar Matemática.”


Escolher um tema para estudar e fazer leituras e atividades curtas ajuda a aproveitar momen-
tos de concentração.
Estudante 3

“Meu desempenho não é dos melhores, mas não tenho faltas e não gosto de estudar.”
Estudar é importante, inclusive para amenizar dificuldades. Estar na escola todos os dias não
irá ajudar se não houver atenção e dedicação.

Estudante 4

“Gosto de estudar, mas me dedico às minhas áreas de preferência.”


Procure curiosidades sobre os temas das áreas que você considera “chatas”, pois isso fará
você olhar de forma diferente para estes temas.
Estudante 5

“Eu sou estudioso, no entanto não estou melhorando minhas notas.”


Reveja que temas seleciona, de que forma você estuda, quanto tempo destina ao estudo e
se costuma tirar suas dúvidas.
Estudante 6

“Sempre faço atividades com um colega, mas não alcanço minhas metas de estudo.”
Quando fazemos atividades com outras pessoas, devemos estar muito atentos e verificar se
estamos acompanhando e aprendendo algo.
Estudante 7

“A minha agenda é bem organizada, meu estudo está sempre em dia, mas fico só estudando.”
Se você tem uma agenda bem organizada, o próximo passo é incluir em sua rotina ativida-
des de lazer.
Estudante 8

“Eu sou estudioso e estudo melhor quando estou com colegas.”


Quando estudamos junto com outras pessoas também aprendemos. É uma ótima prática
de estudo, basta você pensar nisso!
Estudante 9

“Atingi minhas metas, mas não consigo melhorar.”


Quando você alcança os objetivos, é importante mantê-los e traçar novos planos e metas,
sem perder o foco no que já conquistou.

23
Passo 2 – Reflexão

Proponha aos tutorados que associem os problemas às soluções dos cartões e que
reflitam sobre as atitudes que poderiam ajudá-los na superação das dificuldades.

Passo 3 – Potencialização

Nesta etapa, o tutor poderá levar os tutorados a pensarem em suas escolhas, para po-
tencializar e analisar as escolhas que eles fizeram. Para tanto, sugerimos os seguintes
questionamentos:

Para que o estudante reflita sobre suas escolhas: Você teve dificuldade em encontrar
sugestões de atitudes para alguma situação?

Para que o estudante reflita sobre outras situações que impedem alguém de estudar:
Como você se sentiu ao pensar em uma sugestão para a situação do Estudante 1?

Para que o estudante reflita sobre outras opções e até outras situações da vida escolar:
Quando estava escolhendo as sugestões, pensou em outra coisa que poderia ajudar?
O quê?

Para que o estudante reflita que ele poderia estar em qualquer uma dessas situações:
Você acha que algum desses estudantes se parece com você?

Diário de bordo

No Anexo 2, você pode ver, em formato de cartões, a associação entre dificuldades e


soluções mostradas na página 23.
Agora, faça uma reflexão sobre os cartões e as associações propostas e experimente
outras questões para auxiliar o tutorado. Será que você faria de outra maneira? Pense
também em outras situações para os cartões. E não se esqueça: anote tudo em seu
Diário de bordo.

24
Unidade  2.1

Sugestões de como encaminhar a reflexão junto aos estudantes

Há uma pergunta que nos provoca quando pensamos em como propiciar reflexões
que levem os estudantes a tomarem decisões assertivas.
O tutor se sente o tempo todo desafiado a fazer seus tutorados refletirem, tirarem
conclusões e agirem. Não há uma receita pronta: há caminhos adaptáveis e bom sen-
so ao realizar a Tutoria.
Uma maneira de conduzir o tutorado à reflexão é manter o hábito de fazer devolutivas
ou feedbacks todas as vezes que fizer alguma proposta de reflexão. As devolutivas
permitem que o tutorado repense suas reflexões, suas escolhas e suas atitudes. A par-
tir daí, o ato de refletir poderá ser feito com maior naturalidade.
As devolutivas ou feedbacks podem ser feitos a partir de alguns pontos de atenção
que, além de nortearem a ação, favorecem o engajamento e a comunicação assertiva
e ampliam a oportunidade de aprendizagem.
Mas, afinal, como fazer um feedback?

25
Acompanhe o passo a passo que trouxemos:

Estruturar o feedback vai favorecer o engajamento do estudante. Ressaltamos a im-


portância do diálogo e de ações voltadas para apoiar e orientar o tutorado.

Tome nota

O feedback pode gerar diferentes reações: surpresa, choque, raiva, negação, aceitação e
ânimo. Por isso, seu tom de voz, sua postura e expressões também devem ser considera-
das no momento da conversa, tanto quanto os sinais que o tutorado apresenta.
Fique atento às palavras que você diz e às emoções do outro. Receber uma devolutiva nem
sempre é fácil, e o tutor precisa respeitar o tempo do tutorado e como ele recebe a devolu-
tiva. Inicie sempre pelos pontos positivos e só então aborde os pontos a serem melhorados.

26
Unidade  3

Como fazer a Tutoria considerando o acompanhamento e incentivo


nos aspectos acadêmicos e profissionais

Propomos, neste Módulo, apresentar o planejamento da Tutoria, ressaltando pontos


importantes como a reflexão e os feedbacks, e, agora, destacaremos algumas das fun-
ções do tutor direcionadas ao apoio do estudante nas dimensões acadêmica e profis-
sional. Assim o tutor poderá apoiar seu tutorado por meio de temas e conteúdos de
todas as áreas, auxiliando-o a superar dificuldades em relação à adoção e à consolida-
ção de hábitos de estudos, considerando as particularidades de cada caso.
Na função de acompanhamento da aprendizagem, o tutor volta o foco de sua aten-
ção para a formação do aprender a aprender e do aprender a fazer, isto é, conduz e
incentiva o estudante na busca dos conhecimentos, visando ao desenvolvimento de
habilidades e competências e à formação integral de cada tutorado.
Podemos destacar dois pontos importantes no apoio e acompanhamento acadêmico
e profissional do estudante:

Aconselhamento: essa função visa à formação do saber ser, que abrange a formação
de valores, hábitos, atitudes, em especial aqueles que levam à autoafirmação e à valo-
rização do estudante.

Apoio pedagógico-acadêmico: voltado para a formação do aprender (conhecimen-


tos) e do saber fazer (habilidades e competências), acompanhando o boletim do tuto-
rado e dando-lhe suporte, junto aos demais professores.

27
O tutor revê, junto ao tutorado, estratégias de orientação de aprendizagem, levando
em consideração a realidade de cada um, seu rendimento escolar e suas particulari-
dades. Cabe ao tutor esclarecer ao seu tutorado que o conhecimento será construído
conjuntamente, pois, ao relacionar as informações, desenvolve-se o saber fazer, o pla-
nejamento e a direção dos próprios estudos, a autonomia para a pesquisa, a procura
por inovações e o uso da criatividade.
Partindo dessas premissas, é função do tutor auxiliar seu tutorado, indicando-lhe
fontes de pesquisa, propondo atividades criativas e inovadoras, levando-o a pensar
e refletir, e trazendo situações para a resolução de problemas, a análise de casos, a
interpretação de posições diversas, a formulação de hipóteses, a elaboração de argu-
mentos e justificativas, e o estabelecimento de relações conceituais e de tomada de
decisões, construída de forma autônoma pelo tutorado.
É importante que o tutor conte com os colegas dos componentes específicos, fazen-
do uma parceria para desenvolver esse trabalho com os estudantes, a fim de que os
estudantes alcancem melhor rendimento escolar e possam trilhar seu Projeto de Vida.

28
Unidade  3.1

Conexão entre estudante e tutor como um apoio para a construção


do conhecimento

Para que a Tutoria contemple seus objetivos em relação aos aspectos acadêmicos e
profissionais, a conexão entre tutor e tutorado tem de acontecer de forma empática,
com respeito mútuo, para se estabelecer um grau de confiança.
Como isso seria na prática?

Vale lembrar

Nos encontros coletivos, o tutor trabalha com os tutorados em grupo para ajudá-los na
organização e participação ativa na vida escolar, no acompanhamento e na avaliação
das ações de Tutoria.

Cenário 1 – Encontro Coletivo

Ao final de cada bimestre, a professora Ivania entrega o boletim escolar para cada es-
tudante, a fim de acompanhar e apoiar seus tutorados.
A professora, em seu encontro coletivo da Tutoria, teve como finalidade levantar refle-
xões a partir das fichas de Orientação de Estudos. Dessa forma, ela faz um alinhamen-
to entre o componente de OE e a Tutoria para dar apoio ao estudo, demonstrando
atenção ao desenvolvimento de seus tutorados.

29
Veja quais procedimentos a tutora Ivania adotou no apoio acadêmico dos estudan-
tes: https://youtu.be/dhtCDP7MAjc. O percurso que ela construiu poderá ajudá-la nas
suas próximas ações de Tutoria.

Dica

Veja nos anexos os modelos mencionados no vídeo:


• Anexo 3: Mapa de desempenho.

• Anexo 4: Atividade reflexiva pós-bimestre.

5. Quando falamos de Tutoria, é importante enfatizar que a Pedagogia da Presença está


ligada a cada conceito, cada objetivo, cada ação desenvolvida nessa metodologia.
Associe quais ações da Pedagogia da Presença estão diretamente ligadas às práticas
da tutora Ivania da narrativa anterior.
I. Deu oportunidade para que os tutorados escrevessem sobre como se saíram no
bimestre, sem expor suas fragilidades.
II. Combinou uma conversa individual.
III. Estava atenta aos problemas de seus tutorados antes mesmo de entregar os
boletins.
IV. Orientou os tutorados como fazer reflexões a respeito de seu desempenho, re-
vendo as metas.
V. Propôs atividade para incentivar os tutorados com elogios e sugestões.
VI. Finalizou o encontro elogiando as atitudes dos tutorados na atividade que
realizaram.
( ) Exercer influência positiva e construtiva.

( ) Estar presente, e não apenas estar perto.

( ) Ter abertura para ouvir e cuidado para falar, trocar ideias e experiências.

( ) Considerar o ponto de vista do tutorado e praticar a empatia.

( ) Estar presente com compromisso e disponibilidade para apoiar.

( ) Estimular o tutorado a refletir e aguardar que chegue a sua própria conclusão.

30
Cenário 2 – Encontro Individual

Vamos ver agora como foi o encontro da professora Ivania com o estudante Tadeu,
que solicitou à tutora que fosse o primeiro no atendimento individual. Ele é do 7o ano
do Ensino Fundamental, apresentou muita dificuldade em História e tem se sentido
bastante desconfortável por não definir seu Projeto de Vida, pois gostaria de fazer
algo que envolvesse o componente.
Veja as estações para acompanhar as estratégias da tutora e verifique de que forma ela
conduziu o encontro individual para auxiliar Tadeu no componente curricular História.

Estação 1 – A Escuta Ativa: https://youtu.be/YNtVclcomDQ.

Estação 2 – Perguntas e Atividade Reflexiva: https://youtu.be/fGqdg_D9kfw.

Estação 3 – Feedback e encaminhamentos: https://youtu.be/c8k_3WQ--H8.

6. Agora que verificou de que forma a tutora Ivania conduziu o encontro individual para
auxiliar o tutorado Tadeu, observe que Ivania não orienta sobre as queixas, durante o
feedback e os encaminhamentos. Em vez disso, ela busca orientar Tadeu a procurar
o melhor encaminhamento para atingir sua meta em História.
Pensando em como Ivania encaminhou seu diálogo com Tadeu, escolha a alternati-
va que complementa a devolutiva da tutora.
6.1 Ivania: – Quando você diz que não entende o que o professor explica, você...
a) está equivocado e deve estudar mais.

b) precisa compreender que ele usa outras estratégias e precisa fazer perguntas
durante a aula.

c) deve pedir ajuda em casa e assistir à videoaula na internet.

d) deve fazer aulas particulares e perguntar mais aos amigos.

6.2 Tadeu: – Eu posso mudar minhas notas? Posso, né!...


Ivania: – Pode...
a) fazer mais perguntas ao professor, durante as aulas, para esclarecer as suas dúvidas.

b) responder a questionários sobre o conteúdo.

c) ir todos os dias à sala de leitura pesquisar.

d) usar o laboratório de informática para estudar sozinho.

31
Unidade  3.2

Traçar caminhos para superar desafios e desenvolver o Projeto de Vida

O Projeto de Vida possibilita ao estudante que ele aprenda a se conhecer melhor,


reconheça suas habilidades, seus potenciais, interesses e sonhos e, assim, consiga de-
finir estratégias para alcançar seus objetivos profissionais e acadêmicos. Por isso, o
papel do tutor é tão importante para direcionar o estudante a se conhecer, saber onde
quer chegar e usar seu potencial para superar os obstáculos de vida.
As atividades de Tutoria e o trabalho de desenvolvimento do Projeto de Vida dos es-
tudantes são intimamente relacionados, porque envolvem as questões relativas às
dimensões acadêmica, profissional e pessoal: a acadêmica, por se referir ao desempe-
nho escolar; a profissional, quando desperta a preocupação sobre o que vai acontecer
depois da escola; e a pessoal, que se volta às questões contextuais e situacionais da
vida do estudante.
Falar em Projeto de Vida nem sempre é fácil para o estudante. Por isso, os desafios do
tutor são muito peculiares e delicados, sobretudo quando precisa deixar de lado al-
guma atividade prevista e programada e partir para uma abordagem que permita ao
estudante propor questões sobre as quais ele queira falar. Nessa perspectiva, a Escuta
Ativa docente e a prática da Pedagogia da Presença abrem espaço às questões do dia
a dia, ao exercício da convivência solidária e à leitura e interpretação de um mundo
em constante transformação.

32
Importante

O tutor deve conversar com os professores de todas as áreas, incluindo o de Orientação


de Estudos, para estabelecer uma parceria e compartilhar as dificuldades dos seus tuto-
rados, assim obterá apoio para que seus tutorados alcancem um rendimento acadêmico
satisfatório e também fortaleçam seus Projetos de Vida.

Mas como podemos colocar tudo isso em prática?


Acompanhe, a seguir, a história de Pietro, Rita e Bentinho.

Cenário: Pietro, Rita e Bentinho – Parte 1

Pietro é professor tutor em uma escola PEI há mais de 2 anos e, neste ano, orienta
7 tutorados. Embora goste do seu trabalho como tutor e esteja sempre rodeado de
estudantes brincando e conversando com ele, Pietro anda angustiado e pouco sorri-
dente, fato que foi notado pela Vice-diretora, Rita.

Rita: Oi, Pietro, como vai? A vida está tão corrida que a gente nem consegue conver-
sar. Estou te achando meio preocupado... Está acontecendo alguma coisa?
Pietro: Ah, Rita, estou me sentindo um incompetente! Acho que não tenho consegui-
do ajudar essa meninada a deslanchar! Meus tutorados não estão indo bem nos estu-
dos, parecem eternas crianças que não querem crescer e nem pensar sobre o futuro,
embora estejam no Ensino Médio!

33
Pietro: Esses dias, perguntei pro Bentinho: “E aí, está estudando? Já decidiu qual cur-
so pretende fazer?” E sabe o que ele me respondeu? “Ah, professor, não vou fazer cur-
so nenhum. Só preciso terminar o Ensino Médio e conseguir um emprego registrado...
Esse negócio de faculdade aí é só pros meninos filhinhos de papai... Meu pai, coitado,
mal sabe ler!”

Rita: Poxa, Pietro, é de cortar o coração! E saber que, como o Bentinho, há tantos outros
meninos... Vamos pensar no PV desse menino! Vamos encarar esse desafio juntos? Há
coisas a fazer! Vou te dar uma sugestão que certa vez utilizei com um estudante que
apresentava o mesmo desafio e... Deu resultado! Quer conhecer a atividade?
Pietro: Sim, Rita, por favor, me apresente!

A sugestão de Rita

Rita apresenta a Pietro uma atividade na qual há alguns questionamentos que levam
à reflexão do estudante, com vistas a fazê-lo pensar no seu Projeto de Vida.

34
Refletindo sobre autoconhecimento

Como você se vê?

O que te faz feliz?

O que você gosta de fazer?

Como você age para conseguir o que deseja?

Depois de apresentar o esboço da atividade sugerida, Rita explica os passos da ativi-


dade e o fundamento de cada pergunta que pode ser feita ao estudante:

“Como você se vê?”

A pergunta tem o objetivo de levar o estudante a refletir sobre si mesmo, ou seja, ter
autoconsciência para construir um sentido coerente de si, até para compreender a
perspectiva dos outros e identificar quando ela é diferente da sua.
Além disso, o falar de si implica voltar o olhar e a atenção para suas subjetividades e
exercitar a compreensão de si e o reconhecimento de suas qualidades e fragilidades
de maneira consciente e respeitosa.

Reflexão

No histórico de Bentinho, a intervenção do tutor é fundamental quando incentiva o ga-


roto a ultrapassar a visão que carrega de si, pois, ao citar o pai como uma figura limitada,
é como se o garoto projetasse sua própria vida.

“O que te faz feliz?”

Pode ser que o estudante nunca tenha se deparado com esse questionamento, pois
pensar em fatos ou valores que dão felicidade implica reconhecer emoções e senti-
mentos, bem como a influência que as pessoas ao redor exercem sobre isso.

Reflexão

No caso de Bentinho, parece claro que ele não faz contato com seu aspecto subjetivo,
por isso, é importante que o tutor tenha clareza das competências socioemocionais, no
caso, a organização, o foco, a persistência, a responsabilidade e a determinação, relacio-
nadas à autogestão, que podem ser desenvolvidas pelo tutor junto ao seu tutorado.

35
“O que você gosta de fazer?”

A pergunta envolve as temáticas Identidade e Valores e conduz o estudante a re-


fletir sobre suas motivações, para além do pensamento instrumental, ou seja, do
aspecto cognitivo.
Para trabalhar com o estudante, entretanto, o tutor precisa fazê-lo entender que “fa-
zer aquilo que me deixa feliz” também implica planejamento de tarefas e previsão de
consequências individuais e coletivas, ou seja, responsabilidade.

Reflexão

No caso de Bentinho, esse questionamento pode dar suporte à reflexão sobre seu Projeto
de Vida: gostar de fazer alguma coisa é uma forma de se sentir feliz com o que se está
fazendo. Assim, resgatar com o estudante os seus gostos, preferências, situações ou mes-
mo sonhos que lhe trazem um sentido de alegria e felicidade é uma estratégia para mos-
trar que caminhos existem e podem ser traçados e percorridos para realizar seus sonhos.

“Como você age para conseguir o que deseja?”

Esse questionamento é fundamental para que o tutor identifique caminhos que via-
bilizem a realização dos objetivos do estudante, enfatizando a importância da deter-
minação e da persistência para a realização do Projeto de Vida.
Ainda que a pergunta tenha um tom pragmático e objetivo, ela conduz à maneira
subjetiva de praticar ações, pois traçar metas e caminhos exige atitudes e sentimento
de confiança e coragem para vencer desafios. Além disso, para traçar metas de vida, é
imprescindível estar otimista e apto a avaliar-se constantemente.

36
Cenário: Pietro, Rita e Bentinho – Parte 2

Rita: E aí, professor Pietro? O que achou da dinâmica?


Pietro: Parece bem interessante, pois toca em questões profundas e pessoais, que
podem levar o Bentinho a refletir sobre o que o impede de projetar seu futuro. Só que-
ro estar preparado para as respostas que ele apresentar para conduzi-lo da melhor
maneira possível. Mas já te adianto, Rita, que depois dessas suas explicações, eu me
sinto mais confiante e, inclusive, importante na vida desse menino. Essas perguntas
da dinâmica funcionaram como uma via de mão dupla, pois pude entender, também,
porque eu me sentia inseguro para trabalhar com os tutorados.

O desafio de Pietro

Cursista, por meio da dinâmica apresentada pela Vice-diretora Rita ao professor tutor
Pietro, podemos entender o quanto a Tutoria envolve as dimensões subjetivas, não
apenas do tutorado, mas também do tutor!
Fica claro, na história apresentada, o quanto Pietro estava inseguro quanto à sua
competência docente por imaginar que não conseguia auxiliar seus tutorados a pen-
sarem em suas vidas futuras, especialmente quando narrou o caso de Bentinho. A
preocupação de Pietro demonstra o quanto a atuação docente é significativa para
ele, uma vez que vislumbra, em sua prática, a intenção de atingir os objetivos interdi-
mensionais da aprendizagem.
É possível também perceber que o professor Pietro se preocupa com as questões in-
terdimensionais de ensino-aprendizagem, porque percebe, no caso Bentinho, que o
trabalho de desenvolvimento do Projeto de Vida do estudante – como o de qualquer
pessoa – só pode ser realizado se houver integração entre as diferentes dimensões
constitutivas do ser humano, nos processos formativos vivenciados por ele na escola
e em outros espaços da vida social. Por isso, traçar caminhos que ajudem o estudante
a superar os desafios e desenvolver o Projeto de Vida envolve, também, ajudá-lo a se

37
autoconhecer, para que se olhe sob diferentes nuances e possa harmonizar seu pen-
samento, raciocínio, sentimentos, afetividade e sonhos.
Na última parte deste cenário, veremos como Pietro desenvolveu com Bentinho a ati-
vidade de Tutoria individual “Refletindo sobre autoconhecimento”.

Cenário: Pietro, Rita e Bentinho – Parte 3

Assista ao vídeo: https://youtu.be/ZkqDO_fOa8c.


Diante das respostas de Bentinho, o tutor Pietro faz algumas intervenções, a fim de
orientar o estudante. Leia atentamente e reflita sobre o feedback do tutor:

Bentinho, você falou que “nem se vê, que nem se olha no espelho direito...” Então, eu
tenho um presente pra te dar!
Aqui está: um espelho! Olha pra ele e veja a pessoa mais importante da sua vida refle-
tida nele: VOCÊ!
Você é tão importante pra você que nem se dá conta disso! O que você vê no espelho?
Se quiser responder só pra você, tudo bem! Você pode escrever quando chegar em casa
ou na hora que se sentir mais confortável. Então, uma tarefa para essa semana: descreva
tudo o que vê quando se olha para esse espelho e, depois, deixe o espelho de lado, feche
os olhos e sinta que o espelho se volta pra dentro, dentro do seu ser... Daí, sinta o que
esse espelho reflete lá dentro... O que ele mostra pra você!
Você falou que o que te faz feliz é quando tem futebol na escola ou no centro esportivo,
ainda mais quando seu time ganha! E jogar bola é o que você gosta de fazer!
Você já pensou como é que os jogadores de futebol fazem para planejar boas jogadas e
vencer o jogo? E, quando estão perdendo, pensam em mudar as estratégias das jogadas?
E você, Bentinho, gosta de jogar futebol, tem um gosto por um esporte dinâmico e que
exige muito foco e disciplina! E pensa que jogar futebol é fácil?
Você sabe que não! Você pensa nos dribles, nas passadas de bola, planeja o tempo para
fazer as jogadas e tudo para fazer gol! Tá vendo como você sabe planejar? Jogar futebol
é como participar do jogo da vida! Você, no momento do jogo, está planejando sua vida!
E agora, pensando em sua vida profissional futura, como você pode traçar planos para
atingir seus objetivos? Que profissão você pretende seguir e que vai te fazer feliz?
Eu sei que são muitas perguntas, mas você já mostrou que é bom nas jogadas e que está
muito a fim de fazer gols!
Vamos lá, então, virar esse jogo da sua vida e planejar para fazer gol?

38
Diário de bordo

Após analisar a prática do professor, pense nas abordagens utilizadas por ele.
Qual delas é a que mais condiz com as práticas de uma Escuta Ativa?
Qual delas é a que mais condiz com as práticas da Pedagogia da Presença voltadas para
a educação interdimensional?

39
Unidade  4

Retrospectiva

Agora, veja tudo que aprendeu ou aprimorou, acompanhando a nossa linha do tem-
po do curso de Tutoria. Aproveite para retomar seu Diário de bordo e rever tudo o que
você anotou durante o curso.

Módulo 1 – Conhecendo a Tutoria: Você compreendeu: de que forma a Tutoria se en-


caixa no Modelo pedagógico do PEI; como a Tutoria é organizada na escola; os papéis
dos atores responsáveis pela Tutoria e como correlacionar a Pedagogia da Presença às
ações de Tutoria, no âmbito do PEI.

Módulo 2 – Atuação do tutor: importância e contextos: Você se inteirou do papel do


tutor e compreendeu as possibilidades de atuação no âmbito das relações pessoais.

Módulo 3 – Atuação do tutor: planejamento e prática: Você aperfeiçoou seus co-


nhecimentos sobre como planejar a Tutoria, compreendendo as possibilidades de
atuação no âmbito acadêmico e profissional e orientando o estudante a refletir
sobre seus objetivos.

Encerramos por aqui. Esperamos que este curso tenha colaborado com seu aprimo-
ramento profissional e incentivado novas práticas.

40
Encerramento

Cursista, depois de ter trilhado os caminhos de conhecimento sobre a metodologia


da Tutoria, nossa expectativa é que você tenha desenvolvido um olhar aprofundado
sobre os conceitos aqui apresentados e transforme todos esses conhecimentos para
enriquecer a sua prática docente.
Bom trabalho!

41
Gabaritos

1. A sequência correta é: V, V, F, V, F.
Comentário:
A Tutoria precisa de planejamento, independentemente de ser uma unidade escolar com
dois turnos de 7 horas ou de turno único de 9 horas. Além disso, o foco do Planejamento de
Tutoria é engajar os tutorados com propostas de melhor aproveitamento da vida acadêmica
e superação de desafios para a construção do Projeto de Vida.

2. Situação 1 – Alternativa correta: a.


Comentário:
Em práticas em grupo, como as rodas de conversa, é comum que os participantes exponham
suas opiniões pessoais, contudo o mediador deve fazer intervenções que viabilizem o apoio
colaborativo. A alternativa b não é adequada porque afirmar diante de todos os colegas que
o estudante ainda não tem sua habilidade bem desenvolvida pode desestimular o tutorado e
até mesmo fazer com que ele evite se expressar.

2. Situação 2 – Alternativa correta: b.


Comentário:
Apresentar a intencionalidade da ação e os próximos passos a seguir trará segurança ao tu-
torado para elaborar o Plano do Tutorado e dedicar-se à execução dele. A alternativa a não é
adequada porque a intenção da Hiper-rubrica não é tornar-se um instrumento de cobrança,
mas apontar caminhos e incentivar o tutorado na construção de seu projeto de vida.

3. A sequência correta é: A, C, D, P.

4. A sequência correta é: III, I, II.


Comentário:
As reflexões sobre fazer acontecer possibilitam ao tutorado pensar sobre as habilidades neces-
sárias para que ele se desenvolva profissionalmente. As reflexões sobre o comprometimento
com o que deseja levam o tutorado a esforçar-se para realizar as escolhas feitas. As reflexões
sobre manter o foco e não desistir auxiliam no desenvolvimento do autoconhecimento, per-
mitindo que o tutorado supere os desafios para cumprir seus objetivos.

5. A sequência correta é: V, III, II, VI, I, IV.

6.1. Alternativa correta: b.

6.2. Alternativa correta: a.

Formulários, tabela, infográfico e diagramas das páginas 4, 11, 16, 17, 20 e 26 elaborados
para o curso. Demais imagens: Getty Images.

42
Anexo 1

PLANEJAMENTO DE TUTORIA

Introdução
O compromisso do Programa Ensino Integral é atuar na formação integral dos jovens e
adolescentes e, para isso, traz um conjunto de metodologias e práticas diferenciadas. A Tutoria é
uma dessas práticas, que visa o acompanhamento, o apoio e a orientação dos alunos durante seu
percurso escolar, por meio de encontros sistemáticos entre tutor e tutorado. Com a implantação do
Programa Ensino Integral em escolas de dois turnos, ou seja, escolas que tenham em cada
turno carga horária de sete horas, é necessário reservar um tempo específico para o Planejamento
de Tutoria.

Justificativa
As escolas do Programa Ensino Integral com carga horária de sete horas contam com um
intervalo mais curto para o almoço. Logo, o intervalo reservado para a Tutoria tem menos tempo
nestas unidades. Diante da necessidade de estruturar a Tutoria de maneira que atenda às
necessidades dos alunos e, ao mesmo tempo, oriente os educadores a organizarem essa prática,
estabeleceu-se um tempo específico para a mesma, o Planejamento de Tutoria.

Objetivo
O Planejamento de Tutoria configura-se em um espaço/tempo destinado à organização
de Tutoria nas Escolas do Programa Ensino Integral de dois turnos, de modo que possa:
• Impactar a aprendizagem dos alunos, incentivando o desenvolvimento de seus Projetos de Vida.
• Aprimorar o processo de ensino-aprendizagem.
• Fortalecer a sistematização de dados colhidos na Tutoria para produção de indicadores.

Processo
Tutoria e Projeto de Vida
A Tutoria é uma interação pedagógica em que tutores acompanham e se comunicam com
seus estudantes de forma sistemática e individual, dando suporte para o seu desenvolvimento e
avaliando a eficiência de suas orientações com vistas ao fortalecimento do Projeto de Vida, sob
três dimensões de orientação: a pessoal, a acadêmica e a profissional.
● A orientação pessoal tem como foco o autoconhecimento, a ampliação do senso
crítico, o desenvolvimento da autonomia e a tomada de decisões de forma reflexiva do
estudante.
1

43
● A orientação acadêmica apoia o aluno por meio de temas e conteúdos disciplinares, auxilia-
o nas interações em sala de aula e a superar dificuldades em relação à adoção e à
consolidação de hábitos de estudos, além de dar suporte para a organização da sua vida
escolar.
● A orientação profissional, por sua vez, apoia o aluno, estimulando-o a identificar suas
habilidades pessoais para que faça a escolha acadêmica e profissional de acordo com sua
personalidade, suas aptidões e seus interesses.
Escuta Ativa e Pedagogia da Presença
Para estabelecer uma relação de confiança com o aluno, o tutor deve demonstrar
disponibilidade e compromisso para apoiá-lo em seu processo de desenvolvimento. Durante os
momentos de interação entre aluno e tutor, é importante que o tutorado seja estimulado a refletir
sobre o assunto em questão até chegar a uma conclusão sobre o que está sendo discutido. Para
isso, é necessário que o tutor tenha uma escuta ativa e respeitosa: estabeleça, na conversa, uma
relação de empatia com o tutorado, mostrando interesse e consideração pelo seu ponto de vista. É
fundamental destacar a importância da dimensão ética que deve orientar a relação entre tutor e
tutorado.
Como desenvolver uma escuta ativa?
1. Procure ser acolhedor, buscando compreender os pensamentos e sentimentos do aluno.
2. Esteja disponível para ouvir seu tutorado, sem interrompê-lo ou criticá-lo. Ele deve perceber que
você se interessa pelo que ele fala.
3. Mesmo que você discorde das opiniões e/ou atitudes do tutorado, respeite o que ele pensa. Cabe
ao tutor ter uma postura ética e acolhedora que incentive no tutorado uma curiosidade crítica e uma
prática reflexiva sobre suas próprias opiniões a partir de outra perspectiva.

Operacionalização
1-) Tutoria

Pode ser realizada em diversos momentos em que haja disponibilidade do tutor e do


tutorado. Isso significa que a Tutoria pode ser ajustada de acordo com os horários possíveis e com
as demandas existentes. A Tutoria pode ocorrer durante o intervalo ou durante o almoço.
2-) Planejamento de Tutoria

O Planejamento de Tutoria, como prática a ser adotada nas Escolas do Programa Ensino
Integral de dois turnos, não está previsto na Matriz Curricular, devendo adequar-se em 1 horário
semanal disponível em cada turno de sete horas.

Considera-se a importância deste horário de Planejamento de Tutoria ser simultâneo


para todos os alunos, oportunizando o agrupamento destes com seus respectivos tutores para as
atividades de planejamento e acompanhamento das tutorias individuais. Sugere-se que este horário
seja sequencial ao horário dos Clubes Juvenis, sempre ao final do turno manhã/tarde ou no
início do turno tarde/noite.

Neste momento, todos os docentes atuando como tutores, devem se organizar junto
aos seus tutorados para estabelecerem as ações de Planejamento de Tutoria.
2

44
Os espaços escolares para essa prática extrapolam as salas de aulas, podendo acontecer
na sala de leitura, pátio, laboratório de Informática, quadra e outros espaços.

Estratégias para o Planejamento de Tutoria


O momento semanal de Planejamento de Tutoria estrutura-se em duas dimensões:
1-) Coletiva - O tutor trabalha com os tutorados coletivamente para ajudá-los na organização e
participação ativa na vida escolar, no acompanhamento e avaliação das ações de tutoria. Assim, é
importante que o tutor reúna todos os seus tutorados em um mesmo espaço.
2-) Individual – Ao mesmo tempo em que os tutorados estão desenvolvendo atividades de forma
coletiva, o tutor pode realizar atendimento para tutorados que desejam se expressar
individualmente.
Cabe esclarecer, que os momentos individuais de Tutoria, também devem ocorrer em outros
espaços/tempos de acordo com as necessidades dos tutorados, dentro das disponibilidades de
tempo da escola (horário de almoço dos alunos, intervalos entre aulas). Recomenda-se que a
tutoria individual ocorra no mínimo duas vezes ao mês para cada tutorado.

A Lógica do PDCA para o Planejamento de Tutoria


O Modelo de Gestão do Programa Ensino Integral, visando a melhoria contínua de todas as
práticas pedagógicas que se desenvolvem na escola, propõe a aplicação do PDCA.
O que é o ciclo PDCA?

● Planejar (Plan) é definir o que, quem e como agir para atingir os propósitos definidos,
estabelecendo, também, com que indicadores a ação será monitorada.

45
● Executar - Fazer (Do) é colocar em prática o que foi anteriormente planejado. Quando a
fase do planejamento é feita com o cuidado necessário, a etapa do fazer se torna uma ação
efetiva, pois será muito mais simples implementar o planejado e corrigir situações
excepcionais em função de contratempos que ocorram pontualmente.
● Checar (Check) é monitorar os resultados das ações desenvolvidas. Essa fase possibilita
verificar se as estratégias adotadas (ou seja, o “trajeto percorrido” para a implementação
daquela ação) estavam adequadas para o alcance do resultado esperado, o que permite a
correção das rotas de maneira a conduzir, necessariamente, ao alcance do resultado
esperado.
● Agir/Ajustar (Act) significa proceder aos ajustes identificados a partir da avaliação dos
resultados parciais ou finais apurados, para a melhoria contínua e para que se obtenha o
maior êxito possível ao final daquela ação, atingindo-se, assim, os objetivos.

Como adotar o PDCA no Planejamento de Tutoria


A lógica do PDCA deve permear todas as práticas do Programa Ensino Integral, para tanto
sugere-se a adoção de um Plano do Tutorado, possibilitando aos estudantes um método que
organize suas ações a partir das reflexões, orientações e encaminhamentos feitos nos momentos
de tutoria. Veja, a seguir, o modelo desta ferramenta, que deve ser preenchida e revisitada pelos
tutorados semanalmente:

46
Plano do Tutorado

Âmbito Pessoal Âmbito Acadêmico Âmbito do Meu Projeto


de Vida
Identificaçã
o da minha
situação-
problema

Planejar O que fazer? O que fazer? O que fazer?


(Plan)

Como fazer? Como fazer? Como fazer?

Quando fazer? Quando fazer? Quando fazer?

Fazer (Do) Minhas ações e atitudes: Minhas ações e atitudes: Minhas ações e atitudes:

Checar ( ) Excelente ( ) Excelente ( ) Excelente


(Check)  () Satisfatório  () Satisfatório  () Satisfatório
 () Em andamento  () Em andamento  () Em andamento
 () Estacionado  () Estacionado  () Estacionado

Como prosseguir? Como prosseguir? Como prosseguir?

Agir (Act) O que preciso resolver? O que preciso resolver? O que preciso resolver?

Como? Como? Como?

Quando? Quando? Quando?

47
Dinâmica para o Planejamento de Tutoria
O primeiro encontro entre tutores e tutorados, realizado no Planejamento de Tutoria, deve
estabelecer combinados sobre o objetivo da Tutoria, o papel do tutor e a relação esperada entre os
colegas.
Para debater essas questões sugere-se a divisão da lousa em 3 partes e a formação de uma
roda de conversa, onde os estudantes possam colocar suas contribuições e discutir com os
colegas. Os estudantes devem registrar na lousa uma síntese dos combinados para as 3 questões
propostas. Esta atividade proporciona, além da elaboração do produto em si (lista de combinados),
um momento para o tutorado aprender a falar e a ouvir, respeitar, valorizar-se como indivíduo e
como parte do grupo.
O tutor deve mediar essa conversa e, ao final, pactuar os combinados com os tutorados, de
acordo com aquilo que foi registrado pelos estudantes. Estes combinados objetivam proporcionar
um momento rico em aprendizagem para os estudantes, em que todos se sintam acolhidos e
confortáveis para refletir, discutir e planejar ações alinhadas ao seu Projeto de Vida.
Nas semanas seguintes, o tempo de 45 min, destinado ao Planejamento de Tutoria, deve
ser organizado da seguinte maneira:

Nos primeiros 15 minutos: os estudantes deverão, individualmente, refletir sobre as


esferas Pessoal, Acadêmica e Projeto de Vida, a partir da(s) última(s) conversa(s) que tiveram com
seu tutor, e registrar a situação-problema que pretendem resolver, bem como seu plano para tal.
Caso o estudante já tenha realizado esse planejamento na semana anterior, deverá registrar quais
atitudes ele tomou a partir do seu planejamento e como avalia a efetividades das mesmas. Caso
ele já tenha realizado essa checagem na semana anterior, ele poderá planejar os passos seguintes.
Este ciclo se mantém até que esta situação-problema seja resolvida e novos desafios sejam
identificados pelos estudantes, que deverão registrá-los em sua ficha. Este momento permite que
o estudante estabeleça relações entre aquilo que pensa e aquilo que faz, desenvolva organização,
faça escolhas, assuma a responsabilidade das suas atitudes e encare a consequência das suas
ações, exercendo seu protagonismo.

Nos 15 minutos seguintes: os estudantes deverão formar duplas para trocarem entre si
suas reflexões. A partir do preenchimento do seu Plano de Tutorado, eles poderão compartilhar
com sua dupla os caminhos que desenharam no seu plano para lidar com determinada questão ou
discutir como suas ações conduziram ao status em que se encontram hoje cada uma das situações-
problema mapeadas. O propósito dessa interação é o aprimoramento das relações interpessoais,
o exercício da tolerância, do respeito ao outro e a si mesmo, permitindo a criação de laços positivos,
por meio da colaboração, para a superação dos problemas.

Nos 15 minutos finais: os estudantes deverão retornar ao Plano do Tutorado e,


considerando as contribuições dos colegas, registrar as alterações que julgarem pertinentes.

O Planejamento de Tutoria, além de estimular a aplicação do ciclo de melhoria contínua


(PDCA) para superação de desafios que os estudantes identificam em suas vidas, contribui para o
desenvolvimento integral dos estudantes, uma vez que incentiva: ações de ajuda mútua,
compartilhamento de ideias e sentimentos, promoção de interações na busca de soluções de
situações problemas, prática da escuta ativa e respeito aos diversos pontos de vista do grupo,

48
desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao grupo e a corresponsabilidade nas ações
coletivas.
Ele também funcionará como uma rotina para o estudante refletir sobre as trocas que tem
com seu tutor.

49
Anexo 2

Módulo 3 – Atuação do tutor: planejamento e prática


Unidade 2 - Como desenvolver atividades de reflexão para aspectos acadêmicos e profissionais
Confira a possibilidade de associação das dificuldades e soluções que fizemos anteriormente:

Estudante
Estudante01
01 Estudante
Estudante02
02 Estudante
Estudante03
03 Estudar
Estudaréé
ÉÉpossível
possível Escolher
Escolherumumtema
tema importante,
importante,inclusive
inclusive
aprender
aprendercom
com para
paraestudar
estudar
“Tenho “Meu
“Meudesempenho para
paraamenizar
amenizar
“Não
“Nãoconsigo
consigoestudar
estudar vídeos
vídeosque
quetratam
tratam “Tenhomuita
muita fazendo
fazendo leiturasee
leituras desempenho
dificuldades.
de dificuldade
dificuldadededeme
não
nãoéédos
dosmelhores,
melhores, dificuldades.Estar
Estar
porque
porquegosto
gostomuito
muito deassuntos
assuntos me atividades
atividadescurtas
curtas na
referentes concentrar,
concentrar,mas
mas
masnão
nãotenho
tenhofaltas
faltas naescola
escolatodos
todososos
de
dever
verTV
TVeeassistir
assistir referentesààtodas
todas mas ajuda
ajudaaaaproveitar
aproveitar dias
as amo
amoestudar
eenão
nãogosto
gostode
de diasnão
nãoirá
iráajudar
ajudarse
se
séries
sériesno
noYoutube”.
Youtube”. asáreas
áreasde
de estudar momentos
momentosde de não
conhecimento. matemática”.
matemática”. concentração. estudar”.
estudar”. nãohouver
houveratenção
atenção
conhecimento. concentração. eededicação.
dedicação.

Estudante
Estudante04
04 Estudante
Estudante05
05 Estudante
Estudante06
06
Procure
Procure Reveja
Revejacomo
comovocê
você Quando
Quandofazemos
fazemos
curiosidades
curiosidadessobre
sobre estuda:
estuda:que
quetemas
temas atividades
atividadescom
com
os
os temasdas
temas dasáreas
áreas seleciona,
seleciona,de
deque
que “Sempre
“Semprefaço
faço outras
outraspessoas
pessoas
“Gosto
“Gostode
deestudar,
estudar, “Eu
“Eusou
souestudioso,
estudioso,no
no
que
quevocêvocêconsidera
considera forma
formavocê
vocêestuda,
estuda, atividades
atividadescom
comum um devemos
devemosprestar
prestar
mas
masme
mededico
dedicoàsàs entanto
entantonão
nãoestou
estou
“chatas”,
“chatas”,pois,
pois,isso
isso quanto
quantotempo
tempo colega,
colega,mas
masnão
não bem
bematenção
atençãoee
minhas
minhasáreas
áreasde
de melhorando
melhorandominhas
minhas
fará
farávocê
vocêolhar
olhardede destina
destinaao aoestudo
estudoee alcanço
alcançominhas
minhasmetas
metas verificar
verificarse
seestamos
estamos
preferência”.
preferência”. notas”.
notas”.
forma
formadiferente
diferente se
secostuma
costumatirar
tirar de
deestudo”.
estudo”. acompanhando
acompanhandoee
para
paraestes
estestemas.
temas. suas dúvidas.
suas dúvidas. aprendendo
aprendendoalgo.
algo.

Estudante
Estudante07
07 Estudante
Estudante08
08 Estudante
Estudante09
09 Quando
Quandovocê
você
Se
Sevocê
vocêtem
temumauma alcança
alcançaos osobjetivos
objetivos
agenda
agendabembem Quando
Quandoestudamos
estudamos
“A ééimportante
importante
“Aminha
minhaagenda
agendaéé organizada,
organizada,oo “Eu junto
juntotambém
também
bem “Eusou
souestudioso
estudioso mantê-los
mantê-loseetraçar
traçar
bemorganizada,
organizada,meumeu próximo
próximopasso
passoéé eeestudo aprendemos.
aprendemos.ÉÉuma uma “Atingi
“Atingiminhas
minhas
estudo estudomelhor
melhor novos
novosplanos
planospara
para
estudoestá
estásempre
sempre colocar
colocaratividades
atividades quando ótima
ótimaprática
práticadede metas,
metas,mas
masnão
não
em quandoestou
estou alcançar
alcançaroutras
outras
em dia. Mas ficosó
dia. Mas fico só que
que se referemao
se referem ao com estudo,
estudo,basta
bastavocê
você consigo melhorar”.
consigo melhorar”.
estudando”. lazer comcolegas”.
colegas”. metas
metas sem perderoo
sem perder
estudando”. lazerpara
parafazer
fazer pensar
pensarisso.
isso. foco
parte focododoque
quejájáfoi
foi
parteda dasua
suarotina.
rotina. alcançado.
alcançado.

50
Anexo 3

51
Anexo 4

52
Referências bibliográficas

GUIA de tutoria de área. Itaú Social, [s/d]. Disponível em: https://www.itausocial.org.br/


wp-content/uploads/2018/05/46-guia-tutoria-area-09082017_1510329060.pdf. Acesso
em: 7 out. 2021.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista, 2019. Disponível em:
https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/2019/09/curri
culo-paulista-26-07.pdf. Acesso em: 7 out. 2021.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral. Caderno do profes-
sor: Procedimento passo a passo, 2021. Disponível em: https://efape.educacao.sp.gov.
br/ensinointegral/wp-content/uploads/2021/03/PEI_PR_GE_PPP_VOL-UN_2021_Dia
gramado.pdf. Acesso em: 7 out. 2021.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Ensino Integral: Planejamento de
tutoria, [s/d].

53
Expediente – Curso Tutoria
Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação
“Paulo Renato Costa Souza” – EFAPE
Coordenador – Marcelo Jerônimo Rodrigues Araújo
Departamento de Programas e Formação da Educação Continuada – DEPEC
Diretora: Naomy de Oliveira Ramos
Centro de Formação e Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica
– CEFOP
Diretora: Silvia Regina Peres
Centro de Formação e Desenvolvimento Profissional de Gestores da Educação Básica –
CEFOG
Diretora: Ana Bárbara Martins Garcia
Departamento de Recursos Didáticos e Tecnológicos de Educação a Distância – DETED
Diretora: Fernanda Henrique de Oliveira
Centro de Criação e Produção – CCRIP
Diretora: Ana Maria David Berbel
Centro de Infraestrutura e Tecnologia Aplicada – CITEC
Diretora: Rosangela de Lima Francisco
Centro de Avaliação e Certificação – CEAC
Diretora: Edivânia Oliveira Bezerra Pontes

Equipe de Validação de Conteúdo


EFAPE
Gestor: Bruno Westmann Prado
Gestora: Lourdes Pereira da Silva Navarro
Gestora: Rosangela Asselta Rodrigues
Simone Cristina Succi
Renan de Matos Vasconcelos
Coordenadoria Pedagógica – COPED
Gestora: Roberta Fernandes dos Santos
Parceiros
Parceiros da Educação
Instituto Sonho Grande

Modelagem, Produção Editorial e Produção Web


Fundação Carlos Alberto Vanzolini – FCAV
Presidente da Diretoria Executiva: João Amato Neto
Gestão de Tecnologias em Educação
Diretor: Guilherme Ary Plonski
Coordenadores Executivos: Beatriz Scavazza e Luis Marcio Barbosa
Gestão de Projetos
Coordenadora: Renata Simões
Design Instrucional
Coordenadoras: Natália Matheus e Taïs Bressane
Produção Editorial (e-books)
Coordenadora: Denise Blanes
Diagramação: Jairo Souza Design Gráfico

54

Você também pode gostar