Você está na página 1de 4

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/21177/como-organizar-a-
recomposicao-de-aprendizagens-na-alfabetizacao
Publicado em NOVA ESCOLA 31 de Março | 2022

Crianças

Como organizar a
recomposição de
aprendizagens na
alfabetização
A professora Mara Mansani compartilha 5 pontos
importantes para levar em consideração neste trabalho
Mara Mansani

Crédito: Getty Images


Durante a volta às aulas presenciais temos de enfrentar os impactos negativos
que a pandemia deixou na Educação. Na alfabetização, podemos perceber isso
nitidamente: crianças que não conseguiram acompanhar as atividades remotas
e tiveram seu desenvolvimento prejudicado, pois faltaram elementos essenciais
para que a aprendizagem acontecesse.
Não é possível resolver essa questão complexa das lacunas e defasagens com
ações isoladas. Existe um consenso entre os especialistas e estudos que não há
como “recuperar”, pois, em muitos casos não houve acesso às atividades
remotas, então não é possível consolidar o que efetivamente não foi realizado.
Com isso, surge a ideia da recomposição de aprendizagem, que combina
ações nas frentes de avaliação, formação dos professores, revisão do currículo,
acolhimento socioemocional, entre outras – saiba aqui tudo que está
contemplado nesse esforço.
Especial Planejamento
Nesta série de reportagens, apresentamos orientações e exemplos práticos
para construir os planejamentos na Educação Infantil e no Ensino Fundamental.
leia aqui os conteúdos

O que nós, professores alfabetizadores, podemos fazer em sala de aula para


garantir o avanço de todos nossos estudantes? Separei cinco pontos
importantes para levar em consideração:
1. Refletir sobre a prática pedagógica
Há muito o que fazer e algumas ações estão diretamente ligadas à nossa
prática pedagógica: pensar a gestão do tempo e dos espaços de nossas aulas,
encontrar estratégias didáticas que deem conta de atender as necessidades de
desenvolvimento da turma, por exemplo.
2. Centralidade das avaliações
Ter um olhar atento com os alunos, analisar os dados obtidos nas avaliações e
elencar as habilidades prioritárias no currículo escolar são tarefas
imprescindíveis para planejar a alfabetização.
Encontre planos de aula para desenvolver as habilidades prioritárias

No diagnóstico, faça o mapeamento do que ainda não foi possível desenvolver,


como está o socioemocional dos alunos e em qual hipótese de escrita cada um
se encontra. Todos esses elementos te darão um norte para pensar sua prática.
3. Explore diferentes tipos de agrupamentos
Uma das estratégias que vem sendo adotadas por algumas redes de ensino,
inclusive nas que trabalho, é a reorganização dos estudantes em agrupamentos
produtivos de acordo com as habilidades que ainda precisam ser desenvolvidas
e/ou consolidadas. Isto é, ao dividir os alunos levamos em consideração o nível
de aprendizagem e a hipótese de escrita de cada estudante.
Essa organização, também chamada em algumas redes de nivelamento, pode
ocorrer dentro de uma mesma turma – especialmente neste momento que
temos grupos ainda mais heterogêneos – ou com crianças de anos diferentes.
Por exemplo, alunos que estão no 4º ou 5º ano, mas que ainda não
consolidaram determinadas habilidades de leitura e/ou escrita podem ser
agrupados com estudantes do ciclo de alfabetização que estejam em condições
próximas. A cada avanço, os alunos podem ser remanejados para outros
grupos.
Apoie a alfabetização de alunos impactados pela pandemia
Saiba como apoiar alunos de 3º a 5º ano que estão com dificuldades na leitura e
na escrita. Confira reflexões e estratégias para estimular os estudantes com
defasagens de aprendizagem.
acesse os conteúdos

Esses momentos de colaboração são realizados, pelo menos, uma vez por
semana nas escolas em que trabalho. A orientação é que o professor
responsável por cada agrupamento planeje aulas diferenciadas, com práticas
pedagógicas lúdicas que potencializem a aprendizagem.
Em um dos agrupamentos, por exemplo, um educador pode ficar responsável
pelas habilidades previstas na produção de texto; outro, pela sala de leitura; um
terceiro cuida da alfabetização inicial. No entanto, tudo isso deve ser
organizado de forma atender a realidade da escola.
Em uma das escolas em que trabalho, essa organização já acontecia antes da
pandemia e obtivemos bons resultados, por isso, neste momento, mantivemos
a prática. O que temos percebido é que essa estratégia favorece o bom
aproveitamento do tempo dos alunos em sala de aula, pois eles colocam a mão
na massa e participam de atividades colaborativas em que um contribui com o
conhecimento do outro. Enquanto o professor tem a oportunidade de fazer
intervenções diretamente nas necessidades de cada estudante.
4. É hora de inovar nas aulas
Atividades mão na massa, propostas que promovam o desenvolvimento
socioemocional das crianças e fazer um bom uso de recursos tecnológicos
(quando for possível) são elementos que podem ser eficazes para o avanço da
aprendizagem e desenvolvimento das nossas crianças, adolescentes e jovens.
Propostas que envolvam cápsulas do tempo (que permite explorar a escrita e as
emoções); rodas de leitura temáticas; construção de materiais coletivos como
livretos; uso de jogos; e a construção de murais digitais colaborativos são
algumas estratégias que podem ser interessantes para desenvolver a Língua
Portuguesa e Matemática no ciclo de alfabetização.
Curso gratuito: use diferentes gêneros textuais e metodologia ativa na
alfabetização
Entenda a importância do planejamento intencional dos espaços na sala de
referência das crianças de forma a garantir que elas, efetivamente, tenham
contemplados os seus direitos de aprendizagem propostos na BNCC.
conheça a formação

5. Garantir os momentos de estudo coletivo


Essas ações e outros caminhos podem (e devem) ser discutidas e planejadas de
forma colaborativa dentro da escola entre a equipe pedagógica ou com a rede
de ensino. Além disso, é essencial ter momentos na rotina de formação e
estudo de todos os professores – seja na alfabetização ou em qualquer outro
segmento.
Podemos reverter esse cenário desafiador que nos encontramos hoje na
Educação. Pode ser que levemos mais de um ano, mas é possível recompor as
aprendizagens.
Então, sigamos todos juntos pela alfabetização todos nossos estudantes! Como
vocês estão planejamento esse trabalho na sua escola? Me conte nos
comentários!
Um abraço e até a próxima,
Mara Mansani
Mara Mansani é professora há 34 anos, lecionou em vários segmentos, da
Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação
Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o
Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da
Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com
Lengalenga.

Você também pode gostar