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para-professores-de-4-e-5-ano
Publicado em NOVA ESCOLA 12 de Setembro | 2022

Anos Iniciais

Alfabetização: sugestões
para professores de 4º e 5º
anos
Educadora experiente compartilha dicas com colegas que
enfrentam o desafio de consolidar o desenvolvimento da
leitura e da escrita nos últimos anos da etapa
Mara Mansani

Foto: Getty Images


Alunos no 4º ou 5º ano que não consolidaram a alfabetização são, infelizmente,
realidade em muitas escolas. Esse problema já existia, mas foi agravado pelo
acesso desigual ao ensino remoto durante a pandemia de Covid-19.
Antes, apesar de isso não ser aceitável, tínhamos um número menor de
estudantes nessa situação. Conversando com professores de diferentes regiões
do Brasil, vejo que esse número aumentou consideravelmente. Esse cenário
agrava a complexidade do desafio e exige ações efetivas de recomposição de
aprendizagens.
Em sala de aula, podemos refletir e planejar propostas que permitam o avanço
de todos os alunos. A alfabetização é um direito de cada estudante, e garanti-lo
é nosso compromisso e nossa responsabilidade – logicamente que com o
devido apoio de nossos dirigentes e gestores.
Diversos fatores prejudicaram a aprendizagem dessas crianças durante a
pandemia. No enfrentamento desses impactos, devemos refletir também sobre
a nossa prática docente e as metodologias utilizadas em sala de aula. Para
ajudá-los, compartilho pontos de atenção e dicas que podem ser úteis para
encontrar caminhos:
1. Faça um diagnóstico sem generalizar.
Ficar preso ao discurso “eles não estão alfabetizados, não sabem nada” pode
levar a generalizações que não correspondem à realidade. Por isso, o primeiro
passo é saber as reais lacunas e dificuldades dos estudantes.
Isso significa, por exemplo, que,. na leitura, quando se sinaliza que o aluno “não
lê”, precisamos especificar: não lê o quê? Textos mais complexos? Palavras de
uma lista? Palavras com sílabas complexas? Textos com letra cursiva,
manuscrita ou de imprensa minúscula? E ainda: o que ele já sabe ler? Frases
curtas? Textos sem muita complexidade?
2. Elabore um mapeamento detalhado da
aprendizagem da turma.
Ao fazer esse exercício, o professor pode se surpreender ao descobrir que os
problemas da alfabetização não são tão amplos. Esse levantamento vai auxiliá-
lo a entender o que precisa ser abordado em sala de aula e a planejar as ações
de recomposição de aprendizagem.
3. Promova atividades no contraturno.
Divida os alunos em grupos por nível de aprendizagem e habilidades que ainda
precisam ser desenvolvidas. Esses agrupamentos podem participar de
atividades e projetos especiais focados na ampliação do tempo de estudo para
acelerar o processo de alfabetização. Verifique em sua rede de ensino a
viabilidade dessa proposta.
4. Organize momentos de tutoria entre os alunos.
Estimular essa troca permite que os alunos que apresentam um bom
desenvolvimento escolar possam apoiar e dar suporte aos colegas com
dificuldade como forma de potencializar nosso trabalho docente. Esse suporte
pode vir também de outras pessoas da comunidade escolar ou parceiros da
escola. Proponha em sua escola um projeto para as parcerias pela alfabetização
de todos.
5. Cuide do emocional da turma.
Os alunos maiores se sentem muito acuados, tristes, expostos e frustrados por
não estarem alfabetizados, por verem os outros aprendendo e eles não. Por
isso, é preciso acolher, escutar, conversar, valorizar suas conquistas, ter
paciência, levantar sua autoestima e, entre tantas outras coisas, acreditar que
todos podem aprender.
6. Explore temas que façam parte do universo dos
alunos.
Essa é uma ótima maneira de criar interesse para ler, escrever e refletir sobre o
sistema de escrita alfabética. Pode ser por meio de músicas, jogos, personagens
dos quais eles gostem ou qualquer outro assunto que seja do interesse das
crianças.
Leia também: 7 jogos de Matemática para usar no Ensino Fundamental
Por exemplo, escrever a letra de uma música ou fazer uma paródia dela pode
ser uma boa situação para que o aluno se sinta motivado.
Eles precisam se identificar com as atividades, a rotina da alfabetização e os
projetos interdisciplinares. Sejam crianças, pré-adolescentes, adolescentes,
jovens ou adultos, eles precisam ser considerados e respeitados em suas
especificidades para a aprendizagem acontecer.
7. Invista em metodologias ativas.
Aprendizagem combina com interação, colaboração e protagonismo dos
estudantes.
Se não tem muita familiaridade com a alfabetização, junte-se a colegas
alfabetizadores para aprender suas práticas, estude os teóricos e planeje junto
com a equipe pedagógica.
Os alunos são de todos nós. Não importa em que ano estejam, é nossa
responsabilidade alfabetizá-los! Então, vamos juntos trocar práticas, sugestões
e dicas para não deixar ninguém para trás!
Um abraço a todos e até a próxima!
Mara Mansani
Mara Mansani é professora há 34 anos. Lecionou em vários segmentos, da
Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação
Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF no livro Muda o
mundo, Raimundo. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação
Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com
Lengalenga.

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