Você está na página 1de 10

DAIANE ROSA

SAMANA CARDOSO

APRENDER A APRENDER: DESCONSTRUINDO METODOLOGIAS


TRADICIONAIS

Agrolândia
2020
PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA/PENOA
APRENDER A APRENDER: DESCONSTRUINDO METODOLOGIAS
TRADICIONAIS

INTRODUÇÃO

O presente projeto surge para executar o Penoa (Programa Estadual de Novas


Oportunidades de Aprendizagem), será iniciado no ano de 2020, na Escola de Educação
Básica São João.
O Penoa (Programa de novas oportunidades de aprendizagem) surgiu para atender
alunos repetentes com dificuldades de aprendizagem nos seguintes âmbitos: leitura,
produção textual e cálculo. Foi criado para atender essa necessidade, pois a dificuldade
maior dos estudantes no país é justamente a interpretação de texto, cálculo e matemática
básica. O público-alvo da escola será o Ensino Fundamental Anos Finais. O gráfico a
seguir apresenta a descrição dos alunos obtida pela coordenadora pedagógica de acordo
com relatos dos professores da instituição. Ao todo são catorze alunos que poderão
participar, são do sexto ano ao nono ano.
Descrição dos alunos participantes do Projeto
PENOA
16

14

12

10

0
Tumultuam as Não entregam Faltantes Não se Falta de interesse
aulas trabalhos concentram

Fonte: Elaborado pelas autoras deste projeto.

Segundo pesquisa realizada pelo SAEB (Sistemas de Avaliação da Educação


Básica) realizado em 2017, sete de cada dez alunos da Educação Básica têm nível
insuficiente em Português e matemática, cita MEC.
O 5º ano é o fechamento de um ciclo de séries iniciais, no qual o ensino era
ministrado apenas por uma professora, com exceção de artes e educação física, depois do
5º anos, os educandos têm que lidar com uma mudança, que é lidar com diferentes
professores, sendo que cada um tem uma maneira de ensinar, mesmo seguindo as mesmas
propostas pedagógicas, o método utilizado será diferente, cada um tem a sua
especificidade, alguns mais rígidos, outros mais maleáveis, entre outros, o que acaba
gerando uma fase de adaptação na qual ocorrem alguns entraves, como vergonha de
perguntar para um professor por conhecê-lo ainda pouco, não é um processo rápido por
parte do educando lidar com as diferenças de cada professor, essa transição precisa da
colaboração de todos os envolvidos, porque a entrada na pré-adolescência é uma fase
repleta de conflitos e como noutra qualquer fase da vida necessita de afetividade para o
processo de aprendizagem obtenha êxito, de acordo com Paula et al (2018)

[...] na passagem dos primeiros 5 (cinco) anos da educação básica para o 6º ano
do ensino fundamental, momento ímpar também por ser um momento de
mudança no seu desenvolvimento da infância para a adolescência, ocorrendo
alterações físicas, biológicas, cognitivas e emocionais. Este fato torna ainda
mais relevante a necessidade de compreender e atender as especificidades dos
estudantes e dos profissionais de educação que se envolvem neste momento
tão significativo e importante da vida escolar do mesmo. [...] A modificação
na rotina, as alterações no humor, a separação de determinados grupos de
amigos e a rotatividade de professores, entre outros fatores, acabam tornando
o processo de transição turbulento e cercado de conflitos, tanto para os
estudantes como para os profissionais da educação que acompanham este
processo transitório.

Existem educandos que sofrem calados e não questionam as dúvidas durante as


aulas, por motivos pessoais ou até mesmo porque os educadores não lhe dão
oportunidade. O ensino de matemática tem uma sequência, quem não aprende a base da
matemática no Ensino Fundamental não conseguirá aprender os cálculos mais complexos.
Ler e escrever é algo que é ensinado desde as séries iniciais, e quando foi um processo
mal sucedido acarreta em prejuízos durante toda a vida escolar.

Fonte: Saeb Pesquisa realizada em 2017

Considerando índices de outros estados do Brasil no aprendizado da língua


português e matemática, Santa Catarina ainda possui os melhores índices.
Fonte: Saeb Pesquisa realizada em 2017.

Considerando que os educandos que participarão do Penoa, já reprovaram,


apresentamos os dados da pesquisa do 5º ano, por entender que o déficit na aprendizagem
vem de anos anteriores ao 6º ano.

Fonte: Saeb Pesquisa realizada em 2017.


AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

O processo de ensino e aprendizagem é uma via de mão-dupla, precisa da


colaboração de todos envolvidos nessa cadeia, tanto os educandos quanto os educadores
precisam estar abertos para aprender. Como justifica Segundo (2007): “[...] o professor e
o aluno constituem um par unitário, indivisível quando analisamos o que ocorre em sala
de aula. A aprendizagem é o resultado desse encontro”.
Os principais fatores que interferem na aprendizagem são: condições
habitacionais, estrutura escolar precária, sanitárias, psicossociais, higiene pessoal, família
numerosa, subemprego ou desemprego dos pais, motivação individual, familiar e também
por parte do educador, exemplo dos pais, repetência, evasão escolar.
O educador deve ter um relacionamento no qual interage com o aluno com
empatia, respeito, mas sem perder a hierarquia, pois sem exigência de disciplina não é
possível manter uma sala de aula silenciosa para que o escutem, pois ele é apenas um
diante de diversos alunos, e precisa de uma quantidade de silêncio satisfatória para ser
ouvido. Atualmente com a Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) que traz
conteúdos de forma demasiada e atrativa, ficou cada vez mais difícil prender a atenção
do aluno, portanto o educador deve planejar uma aula dinâmica, expositiva, utilizando a
linguagem do educando. Nem todos aprendem no mesmo ritmo, portanto o educador
deve explicar quantas vezes forem necessárias o conteúdo, utilizando uma linguagem
acessível, ministrar exercícios para fixar o conteúdo, promover gincanas e debates,
escutar o aluno, exemplificar o conteúdo de maneira relacionada ao seu cotidiano, sempre
questionar se os educandos compreenderam, pois alguns sentem vergonha de perguntar,
diante dos colegas e mesmo dos professores.
Alguns alunos com dificuldade de aprendizagem tem medo de sofrerem críticas
ou constrangimento diante de deboches, e por vergonha preferem camuflar tais
dificuldades se recusando a fazer as atividades propostas, ignorando o educador e
tumultuando as aulas, prejudicando a aprendizagem dos que tem vontade de aprender.
Uma sala de aula geralmente tem trinta alunos, todos estes tem vivências
diferentes, histórias de vida, motivações, ritmos distintos e nem todos aprendem de igual
forma, alguns têm a memória fotográfica melhor, outros aprendem de forma auditiva. E
outros apenas quando se sentem pressionados. Cada sujeito se comporta de maneira
diferente, de uma sala de aula de trinta alunos por exemplo, o professor deve atingir ao
máximo deles. E além de tentar fazer tudo isso, ele ainda tem que seguir regras
institucionalizadas impostas por relações de hierarquia e as interações com os alunos
dependem das exigências da organização escolar.
O currículo escolar tem uma sequência, quando o aluno se dispersa nesse caminho,
ocasiona um atraso na aprendizagem que acarreta muitas vezes em repetência ou evasão
escolar.
O fator nutricional interfere diretamente na concentração e aprendizagem, alguns
nutrientes essenciais não estão disponíveis para esses sujeitos, comumente eles tem a
única refeição balanceada na merenda escolar. A autoestima também interfere, pois para
aprender é necessário que se sinta capaz. O grande paradoxo é chamar atenção sem rotular
o aluno, e mostrando a ele que é capaz de aprender. Muitos alunos já são estigmatizados
até mesmo por professores, gerando um ciclo repetitivo, pois se ele escutar que é incapaz
vai se sentir de tal forma.
Grande parte dos alunos repetentes já foram tratados como incapazes, o que os fez
internalizar a forma que o outro lhe tratou. Para desconstruir essa visão temos os seguinte
objetivos na sessão subsequente.

OBJETIVO GERAL

Lecionar aos alunos do Penoa de forma criativa usando metodologias diferentes


das tradicionais, buscando preencher as lacunas de aprendizagem, incentivando o gosto
pela leitura e cálculo, dialogando com os educandos para escolher as temáticas dos seus
interesses e de cunho educativo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Explicitar sobre a importância da leitura e interpretação de texto.


- Propiciar ao aluno o desenvolvimento da capacidade de interpretar o que está
lendo.
- Desenvolver ambiente favorável para aprendizagem, trabalhando conteúdos que
não foram absorvidos pelo educando.
-Tornar os alunos letrados, por entender a alfabetização diferente de letramento, e
entendendo que é um processo constante e nunca se acaba.
- Orientar o educando na produção de diferentes textos escritos e ensinar suas
diferenças.
- Desenvolver o raciocínio lógico.
- Estimular a curiosidade.
- Desenvolver e resolver situações problemas.
- Interligar o estudo da Matemática com o cotidiano.
- Calcular operações básicas de Matemática.

METODOLOGIA

Será roteirizada uma sequência didática semanalmente para que possamos


perceber a evolução dos educandos.
O educador deve ajudar cada educando de acordo com suas necessidades, agir de
maneira motivacional, elogiando quando o educando atende as expectativas, isso elevará
a sua autoestima, funcionando como um sistema de recompensa. Deve agir de forma
rigorosa para cobrar a disciplina, porém saber ser flexível para ter tolerância diante das
dificuldades.
Partindo do pressuposto de que a tecnologia é componente fundamental para uma
educação plena, ou seja, nesse mundo globalizado quem não tem acesso a tecnologia tem
um déficit para conhecer a realidade a sua volta, porque esta muda constantemente, não
é possível tornar um aluno letrado sem que tenha acesso as TIC.
Nas aulas de Penoa, os educandos utilizarão esse recurso tecnológico para fazerem
pesquisas quando possível, para isso será feito um agendamento do uso de computadores.
Para estimular o gosto pela leitura serão utilizados materiais relevantes que podem
ser impressos e digitais. Na matemática serão utilizados jogos interativos, materiais
manipuláveis e software.
Para trabalhar a interpretação de texto e leitura, será feito primeiramente um
diagnóstico para avaliar o grau de dificuldade do aluno.
Mediar a criação coletiva de uma estória, para perceber o vocabulário dos
educandos e auxiliar na melhoria.
Ensinar ao educando resumir textos, identificando a ideia principal.
Realizar exercício de completar palavras com respectivos fonemas para entender
a diferença de grafema e fonema.
A executora irá corrigir a gramática quando necessário, não desviando do foco
principal que é a interpretação de texto.
As executoras deste projeto irão dialogar com os professores de matemática e
língua portuguesa para saber se houve evolução dos participantes, para registrar de forma
trimestral.

AVALIAÇÃO

A avaliação no presente projeto visa diagnosticar a aprendizagem, para levantar


dados e reorganizar o projeto pedagógico, buscando tomar decisões em relação a
aprendizagem dos alunos.
Em virtude da pandemia, iremos trabalhar com orientações no Google Classroom:
vídeo aulas com conteúdo ministrado, para facilitar o aprendizado, leitura de documentos
no word, resolução de exercícios de aplicação no caderno, desenvolvimento de textos. Os
alunos poderão tirar suas dúvidas por meio do aplicativo whatsapp e no Google
Classroom.Também será usado Hangout Meet para reuniões virtuais, google formulários
e áudios via whatsapp.
A avaliação na língua portuguesa visará perceber de que forma o aluno interage
com a leitura e de que forma associa o conteúdo lido com o seu cotidiano, para levantar
necessidades, expectativas, possibilidades e limitações, levantar necessidades,
expectativas, possibilidades e limitações. Será executada por meio de resolução de
questões de interpretação de textos.
A avaliação de Matemática será de acordo com a evolução de cada aluno, será
registrado suas devolutivas e realizado uma descrição individual. Será levado em
consideração: participação nas atividades, comprometimento, assiduidade, interação com
o professor, força de vontade, curiosidade para além do que foi apresentado e o erro será
visto como uma oportunidade de um novo aprendizado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SEGUNDO, Thatiana. Afetividade no processo de ensino-aprendizagem. Dissertação


(Mestrado em Educação) – PUC-SP. São Paulo, 2007.
PAULA, Andréia Pisa de et al. Transição do 5° para O 6° Ano no Ensino Fundamental:
Processo Educacional de reflexão e debate. Revista de Ensaios Pedagógicos, Curitiba,
v. 8, n. 1, p.33-52, jul. 2018.

http://portal.inep.gov.br/educacao-basica/saeb. Acesso em: 20 de fevereiro de 2020.

https://medium.com/@inep/resultados-do-saeb-2017-f471ec72168d. Acesso em 21 de
fevereiro de 2020.

Você também pode gostar