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QUESTÕES PARA FORMADOR LOCAL

ALEXANDRA CARDOSO ANDRADE


MASCOTE NTE 05

1. Joana e Margarida são mães que estão com seus filhos cursando o 1º ano do
Ensino Fundamental. Elas estão achando tudo novidade a respeito da
proposta de alfabetização dessa escola. Em uma reunião de pais e mestres,
Joana quis saber: “Antigamente, todo mundo aprendia a ler soletrando o bê-a-
bá. Hoje este método está muito criticado. Por quê? ”. Se você fosse professora
ou coordenadora da escola, o que diria como resposta para essa pergunta?

Primeiro, que o método de soletrar ainda é muito usado e traz resultados


satisfatórios para alguns professores e alunos, no entanto, ele não é único,
apenas o seu uso hoje em dia não é garantia de aprendizagem, pois a soletração
tem sua maior concentração em decodificar letras e códigos, mas o que ocorre na
maioria das vezes na leitura, é chegar ao seu final sem compreensão do sentido
da frase ou do texto. Faz-nos pensar que a parte mecânica da leitura é mais
importante que a sua compreensão. Hoje em dia, o entendimento da
aprendizagem expandiu, não se resume apenas a leitura e escrita. Foram
realizados estudos e pesquisas que resultaram em novas teorias, sendo essas de
cunho psicológico, da pedagogia, sociológico como também linguístico.
À medida que as pesquisas avançavam, foi-se observando muitos problemas na
aprendizagem da leitura que um método apenas não seria capaz de solucionar,
então tornou-se necessário a busca de outros métodos para pessoas que não
conseguem aprender com o método da soletração.

2. “Alfabetizar-se é um processo que ‘tem tido’ seu sentido ampliado no decorrer


dos tempos. Até o início do século passado, considerava-se alfabetizado aquele
soubesse ler e escrever minimamente. Hoje se questiona tal sentido do termo, o
qual vem sendo gradativamente ampliado. Fala-se em alfabetização matemática,
musical, artística e outras linguagens”. O que você sabe falar sobre essa
mudança? Além do sentido ampliado, a alfabetização tem sido considerada
um processo que não pode ser dissociado de outro processo. Do que estamos
falando?

No início da década de 80, os estudos acerca da psicogênese da língua escrita


trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização longe de ser a
apropriação de um código, e sim, uma elaboração de hipóteses sobre sua
representação linguística. Com a emergência dos estudos sobre o letramento
percebeu-se que é necessária a compreensão da dimensão sociocultural da língua
escrita e de seu aprendizado. Em estreita sintonia, ambos os movimentos nas suas
vertentes teórica-conceituais, romperam definitivamente com segregação
dicotômica entre o sujeito que aprende e o professor que ensina e hoje em dia
seguem juntos: alfabetização e letramento.

3. Os estudantes de um curso de Pós-Graduação na área de alfabetização ficam


surpresos com a diversidade de componentes curriculares e sentem desafiados
a conhecer a mais o arcabouço teórico de conhecimentos necessários aos
professores alfabetizadores. A lista inclui estes assuntos: conhecimentos
básicos sobre a língua, relação ente sons e letras, variação linguística, métodos
de alfabetização, sistemas de escrita, avaliação, ambiente alfabetizador, etc.
Quais assuntos você pode sugerir para ampliar a lista?

Na Pós-Graduação já é muito tarde para dar-se conta da necessidade desses


saberes. Eles têm que acontecer ainda na Graduação, pois percebe-se a fragilidade
de muitos professores em sala de aula, sem esse “arcabouço teórico”. São
necessários componentes curriculares que articulem a apresentação do que ensinar
na alfabetização e, simultaneamente e de modo articulado, tratem de perspectivas
práticas, pedagógicas e relacionadas às subjetividades e identidades sociais dos
alunos. E, ainda que permitem ao graduando compreender que os processos de
alfabetização e letramento exigem estratégias didáticas flexíveis, que respondem às
necessidades de aprendizagem dos alunos, às capacidades e aos conhecimentos
desenvolvidos por eles e, de modo amplo, aos propósitos do campo educacional.
Por fim, dentro desse conjunto de reivindicações, é preciso dar atenção à formação
linguística do alfabetizador. Não há dúvidas que, os conhecimentos da didática e
da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem são importantes pois, trazem
muitas contribuições para o planejamento e a execução de aulas, mas o que hoje
designamos como alfabetização articulada a processos mais amplos de uso da
linguagem escrita (letramento), exige a apresentação de outros conhecimentos que
forneçam aos futuros alfabetizadores, acima de tudo, uma base intelectual, prática
e ética para agir em sala de aula, além de referências e modelos de ação positivos,
que resultem no sucesso escolar de todos os alunos.

4. A professora Ana Lúcia recebe críticas de alguns colegas porque costuma


usar a redação, a cópia e o ditado como atividades que ajudam no processo de
alfabetização. Seus colegas dizem que tais atividades são ultrapassadas. Se
você fosse colega dessa professora, o que diria para ela? E por quê?

Toda atividade deve ter uma intenção, para tal, é necessário avaliar o seu sucesso.
Se é apenas para constar como atividade, mas sem prevalência de observação,
avaliação e auto avaliação, qualquer atividade por mais dinâmica que seja, é nula.
Mas hoje em dia, há também situações didáticas previstas pelos principais
programas oficiais de alfabetização inicial é pedir que os alunos produzam textos
oralmente para se perceberem capazes de escrever antes de estarem alfabetizados.
Livres de questões de grafia e ao sistema de representação, eles se concentram nos
desafios da produção do texto: a distinção do conteúdo, a adequação a um gênero e
a organização da linguagem escrita, ou seja, elaboração de um texto vai muito
além do registro gráfico.

5. Tomando por base a sua trajetória profissional no campo da alfabetização,


destaque uma ação pedagógica que considera positiva e elabore um relato reflexivo
do processo vivenciado.

Há algum tempo trabalhando com formação de professores, pude perceber que é uma
combinação de atividades que promovem o sucesso na aprendizagem dos nossos alunos:
formação continuada, acompanhamento in loco, observação, registro, atividades
direcionadas e bem desenvolvidas, ambiente apropriado, entre outras coisas, muito
estudo por parte dos que cuidam da parte pedagógica, tanto o professor quanto o
coordenador pedagógico. No último ano, realizamos poucas formações devido a
questões internas de nosso município e decidimos estar mais nas escolas juntos aos
professores e coordenadores, observamos muitos professores bem ativos em sala de
aula, buscando de várias maneiras atingir seus objetivos em sala de aula de forma
dinâmica, usando jogos, brincadeiras e várias atividades que proporcione à maioria dos
alunos a aprendizagem dos conteúdos por eles trabalhados, é muito difícil, mas alguns
deles conseguem. No entanto, também encontramos professores que não buscam
nenhum tipo de inovação, se seus alunos aprenderam como lhes foi ensinado, tudo bem,
mas se não aprenderam, eles dizem que aqueles alunos não aprendem mesmo, e por aí
se segue. Nosso desafio é compreender qual o objetivo de cada professor e o que ele faz
para obter seu resultado esperado. Estivemos mais na escola, na sala de aula,
observando, intervindo, conversando, algumas vezes demonstrando em sala de aula
como usar o material que fica guardado nas escolas e não são explorados, levamos
também material confeccionado por nós e mostramos que não é difícil a sua confecção.
Depois disso, nos deparamos com mais outros desafios: contagiar o professor com
nossas demonstrações em sua sala de aula, pois alguns deles trabalha carga horária
dobrada na escola e muitas vezes não tem tempo para confeccionar esses materiais e
planejar suas aulas, esbarramos em falta de condições de trabalho; alguns pais não
aceitam alguns métodos de ensino, dizem que seus filhos não aprendem e querem que o
professor seja tradicional, alguns até pedindo os castigos em sala de aula, caso o aluno
não faça as atividades, mas também encontramos pais que são totalmente alheios à
aprendizagem dos filhos, deixando tudo a cargo da escola. Porém, diante de todas essas
afirmações conseguimos aumentar a quantidade de professores que querem rever sua
prática pedagógica com base teórica. Analisando toda a nossa trajetória, percebemos
que não há sucesso quando trabalhamos qualquer ação isolada, como foi afirmado no
início, é preciso haver uma série de atividades que convergem e culminam para um
único objetivo, que é a aprendizagem de forma ampla, ou seja, que nossos alunos
estejam alfabetizados e letrados.

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