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Faculdade Aliança Educacional do Estado de SP

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

LÍNGUA PORTUGUESA
Leitura e seus procedimentos

Fernanda Aragão Asakura 1


RESUMO

O presente trabalho pretende colaborar para a discussão, apresentando informações


que possam habilitar os educadores com o objetivo de analisar como ocorre o
processo de aprendizagem de alfabetização e letramento, pretende-se abordar essa
temática, percebendo a aprendizagem enquanto processo e produto inacabado e
distintamente desenvolvido. Tem-se discutido muito a respeito do que conduz uma
criança a ler e a escrever, ressaltando o início do processo da alfabetização para
que se encontrem as melhores estratégias, a serem utilizadas. Nesse sentido, o
presente estudo pretende oferecer ao educador algumas reflexões acerca desse
processo, salientando sua função e a sua prática pedagógica no tocante à
alfabetização do aluno, na elaboração da pesquisa, utilizou-se como metodologia a
revisão bibliográfica, procurando levantar o máximo de informações a respeito do
tema e um panorama sobre os trabalhos já realizados na área. Assim sendo, é
preciso adotar uma “prática diferenciada” com os educandos, pois cada um aprende
de uma forma e no seu devido tempo, isto é, uma abordagem com estratégias e
recursos que alcancem a necessidade desse aluno. A finalidade é considerar a
diversidade dos educandos, seu nível real de conhecimento e dar a todos a
oportunidade de aprender. É necessário adaptar o ensino às características de cada
aluno.
Palavras-Chave: Alfabetização, letramento.
ABSTRACT

The present work intends to contribute to the discussion, presenting information that
can enable educators in order to analyze how the literacy and literacy learning
process occurs, it is intended to address this theme, perceiving learning as an
unfinished and distinctly developed process and product. . Much has been discussed
about what leads a child to read and write, emphasizing the beginning of the literacy
process so that the best strategies to be used are found. In this sense, the present
study intends to offer the educator some reflections about this process, emphasizing
its role and its pedagogical practice with regard to student literacy. Information on the
subject and an overview of the work already carried out in the area. Therefore, it is
necessary to adopt a “differentiated practice” with the students because each one
learns in a way and in due time, that is, an approach with strategies and resources
that reach the needs of this student. The purpose is to consider the diversity of
learners, their actual level of knowledge and give everyone the opportunity to learn. It
is necessary to adapt teaching to the characteristics of each student.
Keywords: Literacy, literacy.

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Graduando no curso de Licenciatura em Pedagogia
1
INTRODUÇÃO

É fundamental que os professores compreendam o que é alfabetização e o


que é letramento para poderem desenvolver melhor a sua prática pedagógica,
visando uma alfabetização significativa. Adquirir a leitura é imprescindível para o
convívio social, devido a grande quantidade de informações e conhecimentos.
Com o objetivo de expressar os significados do processo de alfabetização e
do processo de letramento, mostrando a especificidade de cada um e a importância
da conciliação entre ambos, além de propor uma reflexão entre teoria e prática
educacional de se alfabetizar letrando.
A cada dia cresce o número de estudiosos que se preocupam com a
alfabetização, na tentativa de encontrar alternativas eficazes que colaborem com a
melhoria do processo de ensino-aprendizagem de todos os educandos,
particularmente daqueles que apresentem dificuldades de aprendizagem.

Nesse sentido, a preocupação e a inquietação com o comportamento e o


baixo desempenho de crianças com dificuldade de aprendizagem e a atuação de
seus educadores no dia a dia da sala de aula incentivaram a realização do presente
trabalho.

Segundo Garcia (2002), as dificuldades de aprendizagem precisam ser


diagnosticadas de modo distinto de outros transtornos semelhantes, mesmo que, um
indivíduo apresente dificuldade de aprendizagem e um transtorno é preciso
classificar os dois, pois tratam-se de dois transtornos sobrepostos.

Conforme Ballone (2015), não é correto determinar uma regra geral e


inexorável conferindo a todos os casos de Dificuldades de Aprendizagem um
diagnóstico igual ou uma perspectiva generalizada. Nem sempre há provas clínicas
de que causas para Dificuldade de Aprendizagem possam ser identificadas de forma
objetiva. Muitas vezes, alguns diagnósticos precoces ou equivocados só pioram a
situação ou encobrem as verdadeiras causas. Inúmeros autores relatam os agentes
que desencadeiam uma dificuldade de aprendizagem. São eles: causas físicas,
emocionais e sensoriais.
É possível atingir a qualidade da educação nas classes de alfabetização, com
práticas educacionais que utilizem diferentes metodologias, que proporcionem tanto
o desenvolvimento da alfabetização quanto o desenvolvimento do letramento de
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cada sujeito, mesmo com dificuldades de aprendizagem, no qual ele possa contribuir
para a transformação social?
Para Ballone (2015), se as dificuldades de aprendizagem se apresentam
somente no ambiente escolar, provavelmente, o problema deve estar no ambiente
de aprendizagem e não em algum “distúrbio neurológico“ enigmático e não
detectável.
Neste sentido, o presente trabalho pretende colaborar para a discussão,
apresentando informações que possam habilitar a equipe escolar e particularmente
os educadores com o objetivo de analisar como ocorre o processo de aprendizagem
e identificar as principais dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos
nas séries iniciais do ensino fundamental, sobretudo na faixa etária dos 6 aos 7 anos
de idade, por acreditar que a maior parte dos indicadores de dificuldades de
aprendizagem são detectados nesse período de aprendizagem.
A alfabetização é, em si, o ensino do código alfabético e ortográfico enquanto
a especificidade do letramento é o uso social deste código. Porém, mesmo sendo
processos distintos, precisam ser conciliados para que as práticas nas classes de
alfabetização tenham qualidade, na qual as crianças sejam capazes de
compreender o mundo que os rodeia e percebam que a alfabetização é uma forma
de melhor se expressar e interagir em sociedade.
O objetivo principal deste artigo é preciso compreender que alfabetização e
letramento são práticas distintas, porém, indissociáveis, interdependentes e
simultâneas.
Para contribuir para o esclarecimento e mudanças em algumas práticas
pedagógicas atuais, explicitaremos neste artigo os conceitos de Alfabetização e
Letramento e a importância da sua conciliação para uma prática significativa.
A metodologia desta pesquisa é a análise de referencias bibliográfica sobre
alfabetização e letramento e as dificuldades de aprendizagem que teve por objetivo
expressar os significados do processo de alfabetização e do processo de letramento,
juntamente com as dificuldades de aprendizagem.
A fundamentação teórica utilizada nesta pesquisa bibliográfica será: Freire
(1992); (2002); Soares (2003); Ferreiro (1986); Melo & Rocha (2009) e Melo, Rocha
& Campos (2010) e alguns artigos relacionados à alfabetização, letramento e
dificuldades de aprendizagem (DA).
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No desenvolvimento abordaremos os seguintes temas: Conceito de
alfabetização, conceito de letramento, a diferença entre alfabetização e letramento, a
construção da leitura e da escrita.

O QUE É ALFABETIZAÇÃO

Alfabetização segundo Soares (2003), é a ação de alfabetizar, de tornar


“alfabeto”, sendo assim, é a ação de ensinar a ler e escrever. É um processo de
aprendizagem ao qual se desenvolve habilidades de ler e escrever de acordo as
regras de cada idioma. A criança passa utilizar-se da leitura e da escrita como meio
de comunicação, aperfeiçoando-se à medida que avança nos anos escolares.
O processo se dá a crianças nos primeiros anos escolares ou a adultos que
não tiveram a oportunidade de estudar, onde não desenvolveram coordenação
motora nem atividades específicas na construção do aprendizado da leitura e da
escrita.
A alfabetização torna a criança capaz para seguir em frente com os estudos,
possibilitando uma referência básica quanto ao processo da escrita e da leitura e o
avanço para aquisição de novas habilidades no entendimento sobre a compreensão
da leitura de mundo.
Partindo deste pensamento e fazendo uso das próprias experiências e do
tempo necessário, a criança desenvolve a capacidade de utilizar a língua e a escrita,
tornando-se mais adequada para compreender e se expressar cada vez melhor. A
alfabetização permite a criança levantar hipóteses que são pertinentes a sua
realidade. Trabalhando com essa ideia acreditamos que é por meio da
experimentação e do erro que ele chega ao correto, praticando o raciocínio lógico, a
criatividade e a imaginação.
E, assim, tornam-se concretos os benefícios de se alfabetizar uma criança
pelo método interacionista. Nas séries seguintes, ela já se aventura por conta
própria. Está capacitada para colocar em palavras seus sentimentos e pontos de
vista, e os faz em textos gramaticalmente mais corretos e com melhor
argumentação. E não para mais, adquirindo, assim, progressivamente um domínio
muito melhor da linguagem escrita, o que, certamente, trará grandes benefícios para
a vida escolar e profissional.

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Por isso que:
(...) uma teoria coerente da alfabetização deverá basear-se num conceito
desse processo suficientemente abrangente para incluir a abordagem
"mecânica" do ler/ escrever; o enfoque da língua escrita como um meio de
expressão/ compreensão, com especificidade e autonomia em relação à
língua oral; e, ainda, os determinantes sociais das funções e fins da
aprendizagem da língua escrita. “(SOARES, Magda 2007)”.

Neste sentido a educação escolar pode mediar e favorecer o processo de


compreensão na construção do conhecimento.

O QUE É LETRAMENTO

O letramento se refere ao resultado da ação de ensinar e aprender as


práticas sociais de leitura e escrita, isso ocorre quando a pessoa não sabe ler e nem
escrever, mas faz uso frequente da leitura e da escrita sendo uma pessoa letrada.
Segundo Soares (1998), a palavra letramento não surgiu assim de uma hora
pra outra, mas com o passar do tempo, com a existência de um novo fenômeno, foi
necessário se criar uma palavra que o nomeasse surgindo assim sua terminologia
Ele tem início até antes da alfabetização e se estende por toda a vida. O indivíduo
letrado não sabe apenas ler e escrever, mas é capaz de dominar o uso da leitura e
da escrita no seu dia a dia nos seus mais diferentes contextos.
Freire (1992), não diz exatamente letramento em sua obra, mas nota-se que
era um defensor das propostas de ler para o mundo, e não ficar somente na
repetição de letras e números, sem significados, mas traz para os participantes
deste processo a luz das ideias de fazer valer uma sociedade igualitária, pois esta
se encontra marginalizada por oprimidos e opressores.

Esta ideia é justificada quando


Daquele contexto ‐ do meu mundo imediato fazia parte, por outro
lado, o universo da linguagem dos mais velhos, expressando as suas
crenças, os seus gostos, os seus receios, os seus valores. Tudo isso
ligado a contextos mais amplos que o do meu mundo imediato e de
cuja existência eu não podia sequer suspeitar. (FREIRE, 1992, p.14).

São indivíduos que possuem familiaridade com a leitura e a escrita, indo


muito, além disso. A criança letrada tem o prazer de ler e escrever vários tipos de
textos e ainda os adequa a cada contexto.
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Esse processo de aprendizagem consiste em formar leitores competentes.
Com capacidade de análise crítica, compreensão e interpretação.

DIFERENÇA ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Enquanto alfabetização é o processo de ensinar a ler e escrever basicamente,


o letramento vai adiante fazendo com que a criança domine a linguagem escrita e
falada, utilizando-se dos mais diferentes contextos.
A alfabetização é algo mais técnico, onde são utilizadas formas de ensinar, já
no letramento existe o encanto pela leitura e pela escrita. A criança pode ser
alfabetizada e ao mesmo tempo desenvolver as habilidades de letramento, pessoas
letradas lidam com as palavras todo tempo em suas profissões, como os
professores, editores, jornalistas, historiadores, tradutores, publicitários, redatores,
sociólogos e muitos outros.
Letramento e Alfabetização de acordo com Melo, Rocha & Campos (2010),
são considerados processos indissociáveis, interdependentes e simultâneos, pois:
a Alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas
sociais de leitura e escrita, isto é, através de atividades de
Letramento, e este por sua vez, só pode desenvolver-se no contexto
da e por meio da aprendizagem das relações grafemafonema, isto é
em dependência da Alfabetização (SOARES 2004. p.14. apud
MELO, ROCHA & CAMPOS 2010).

A construção da leitura e da escrita


Conforme Antunes (2003), a escola e os educadores têm papel importante
como “medidores”, uma vez que estão inseridos entre a criança e o mundo social, ao
ministrarem conteúdos pragmáticos e primordiais à simples tarefa de educar, visto
que é fator de extrema relevância dentro do processo de desenvolvimento e
aprendizagem do educando, sobretudo quando o mesmo apresenta algum problema
que o afasta do conhecimento.
Nesse contexto, a intervenção precisa considerar os seguintes fatores:
estratégias que tenham como propósito a recuperação, por parte dos educandos,
dos conteúdos escolares julgados com os deficitários; procedimentos de orientação
de estudo (organização, disciplina, etc.); atividades como brincadeiras, jogos de
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regras e dramatizações realizadas na instituição escolar e fora dela, com o intuito de
promover a plena expressão dos afetos e o desenvolvimento da personalidade de
crianças com e sem dificuldades de aprendizagem; atendimentos em consultório de
crianças com dificuldades de aprendizagem na escola (encaminhamentos feitos pela
própria escola); e pesquisa de ferramentas que podem ser utilizados para auxiliar o
processo de aprendizagem, bem como o seu desenvolvimento, com relação à
inteligência e afetividade (ANTUNES, 2003).
Piaget (1978) desenvolveu uma teoria construtivista a respeito das tendências
da criança em detrimento ao sujeito adulto, propondo tratamentos diferenciados, isto
é, uma análise distinta dos pensamentos e qualidades diferentes, como
conhecimento das faculdades a que são diariamente orientadas, uma vez que a
intervenção colabora com o procedimento investigatório do pensamento infantil,
pensando-se na escola como agente formador e transformador para o pleno
desenvolvimento e aprendizagem da criança. Para o autor, a intervenção “consiste
em criar situações que o aluno é chamado a agir mentalmente, de forma
estruturante, como sujeito imprescindível à integração das ações num sistema de
coordenação e de composição operatórias” (p.45). A intervenção é fator
preponderante à revisão do programa de estudos, a reavaliação do trabalho
didático-pedagógico do professor e ao reexame do nível de aproveitamento global
da classe.
Para fazer da leitura e da escrita uma corrente bem sucedida no processo de
aprendizagem, a escola deverá propor momentos de prazer e que combinem vários
recursos, uma vez que o aprendizado da leitura como forma de prazer poderá deixar
de ser privilégio de poucos.
Na opinião de Geraldi (2004), a questão fundamental para o êxito do incentivo
à leitura é recuperar e trazer para dentro da instituição escolar o prazer de ler e o
respeito às leituras anteriores do educando. Até mesmo os educadores não
iniciaram sua caminhada como leitores lendo inicialmente os clássicos da leitura.
Para o autor, “não há leitura de qualidade no leitor de um livro” (p.99), o que significa
que os educadores precisam oferecer aos educandos um maior número de leituras,
mesmo que a interlocução que o educando faça hoje não seja a esperada pelos
professores.

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A escola precisa se adequar às necessidades dos educandos fazendo com
que as atividades pedagógicas sejam mais interessantes, significativas e atraentes.
De nada adianta, reformular ou complementar programas de ensino, se a didática e
a metodologia na prática continuam desatualizadas e se restringem a transmitir ao
educando os conhecimentos herdados, consolidados e frequentemente repetidos em
todos os semestres por meio de aulas de pretenciosa e fastidiosa atuação do
docente. Dessa forma, surge a necessidade de uma nova concepção de
aprendizagem que se encaminhe para uma organização não linear dos conteúdos,
permitindo que o educando interaja com o meio social por meio das relações
estabelecidas com o educador e com a turma. Segundo Silva (2003, p.20):

O aluno submerso na escola como uma malha de conteúdos e


metodologias desconexos, submerso num espaço onde nada escolheu
nada discutiu e onde nunca ninguém o ouviu, se vê repleto de aulas, de
concepções de educação contraditórias, onde uns digladiam-se com os
outros em busca também de espaços próprio.

A aquisição da leitura e da escrita deve ocorrer sem traumas e medos. Para


isso, é preciso intervir de forma a despertar na criança querer e compreender a
linguagem escrita como um instrumento de comunicação e um objeto de
conhecimento. A aquisição da linguagem escrita é objetivada principalmente como
forma de interação, manifestada por meio dos diversos usos sociais construídos no
seu contexto e na sua cultura.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, aprender sobre as
funções destas é tão importante quanto aprender sobre suas formas. Cuto, Morillo e
Texidô (2002) afirmam que as práticas escolares, muitas vezes, apresentam a
escrita como um objeto de contemplação, ou seja, são permitidos às crianças olhar e
reproduzir, não sendo possível experimentá-la ou transformá-la. Desta forma, a
escrita é um objeto de propriedade de outrem e não pode pertencer ás crianças. É
um objeto que não pode ser transformado, alterado ou recriado por meio de
intercâmbios sociais.
Nessa perspectiva, é necessário que se tenha clareza de que a intervenção
do professor na aprendizagem de leitura e escrita é de grande importância; este
deve “[...] ensinar ás crianças a linguagem escrita e não apenas a escrita das letras”
(VYGOTSKY, 1989, p.134), para ter significado e tornar-se uma necessidade ou

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mesmo uma tarefa que possam incorporar a vida. Desta forma, a escrita deixa de
ser uma habilidade motora para tornar-se uma forma nova e complexa de
linguagem.
Como se sabe, a leitura é um processo de contínuo aprendizado. Assim,
salienta-se que desde cedo, é preciso formar um leitor que tenha um envolvimento
integral com aquilo que ele lê. Nesse sentido, pode-se mencionar ainda que a
leitura, além de produzir um contínuo aprendizado, desenvolve a reflexão e o
espírito crítico (PERROTTI, 2006).
Ler e escrever são atividades cognitivas, isto é, atividades de processamento
de informações com o falar e compreender a fala, o fato de a informação processada
ser de natureza linguística. A compreensão em leitura depende, pois, de dois fatores
conjuntos: a habilidade de reconhecimento das palavras escritas e as habilidades
que permitem a compreensão auditiva.
As pesquisas de Emília Ferrero e Ana Teberosky (2003) acerca da
psicogênese da língua escrita podem ser inserir dentro dessas perspectivas, e
tomam como parâmetro, atualmente, os trabalhos sobre consciência fonológica, a
partir de análises sobre as concepções de aprendizagem que as fundamentam, a
natureza do objeto a ser aprendido como, por exemplo, o sistema de representação
e a linguagem escrita. Para as autoras, a compreensão da escrita percorre etapas, a
leitura é uma interpretação a partir do que está escrito.
Por isso, as perspectivas com esses recursos nos remetem a uma proposta
de ensino aprendizagem que busca construir uma relação significativa entre o
aprendiz e o objeto de conhecimento mediado pelo educador. Sabendo-se das
diversas dificuldades enfrentadas pela criança no período em que estão aprendendo
a ler e escreve, o professor precisa, antes de tudo procurar constantemente formas
de ajudar o aluno a compreender este processo, oferecendo-o variedades de
atividades que possibilite o mesmo construírem o seu conhecimento. Assim, tais
recursos podem ser de extrema importância no desenvolvimento de sua
aprendizagem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há um número significativo de educandos que apresentam baixo rendimento


escolar. Esses alunos apresentam baixa autoestima, indisciplina, falta de interesse,
problemas familiares, entre outros, sendo necessário oportunizar lhes recursos para
superarem tais dificuldades.
A criança com dificuldades de aprendizagem somente adquire o
conhecimento se for capaz de atuar sobre ele, uma vez que, aprender é descobrir,
inventar, modificar. Assim, é papel do educador promover a socialização, integração
e melhora da autoestima de seu educando e é função da escola fornecer meios para
que ele possa se identificar como integrante de um grupo.
Da mesma forma, é necessário que os educadores compreendam as relações
que os educandos estabelecem no meio físico e cultural, além de reconhecerem e
entenderem a diversidade existente numa sala de aula.
O fator família é de suma importância para o bom rendimento escolar,
podendo atuar como principal motivador para o sucesso escolar. Do contrário, a má
influência familiar pode ser a grande causadora das reprovações, desinteresse e das
dificuldades na aprendizagem.
No entanto, acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade
exclusiva do educando ou da família ou apenas da escola é no mínimo uma atitude
ingênua diante da complexidade do aprender. Buscar e encontrar alguém que
assuma a culpa do fracasso escolar nos dá a sensação de que está tudo resolvido.
A atitude do não aprender traz em si o subtexto da denúncia de que algo deverá ser
feito, e esse feito não poderá jamais ser a duas mãos.
É valido lembrar que equipes multidisciplinares constituídas por educadores,
pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos, médicos e demais
profissionais envolvidos para auxiliar nos casos de problemas de aprendizagem,
contribuindo para que as crianças com dificuldade de aprendizagem possam
desfrutar sua cidadania de forma plena.
Por isso a proposta exposta reforça o pensamento de que precisamos exercer
uma prática docente em parceria, em equipe, onde todos deverão voltar seu “olhar”
e sua “escuta” para o sujeito da aprendizagem. Não adianta refletirmos sobre o

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trabalho docente e buscar de modo contínuo agregar valores à formação, resignificar
os conteúdos e adotar novas posturas avaliativas, se não conhecermos o ser que
estamos educando e a grande responsabilidade que é a de participarmos da sua
formação.
Ao realizar a prática docente elaborando vínculos afetivos com esse ser que
aprende, certamente faz-se prepara-lo para operar de forma autônoma seu futuro
utilizando sua mente para pensar em alternativas viáveis para os problemas da sua
sociedade, seu coração para sentir as exigências e apelos sociais e suas mãos para
agir em prol do bem comum.
Conviver com uma diversidade de educandos e suas dificuldades referentes à
aprendizagem leva os educadores, a serem eternos aprendizes à procura de
soluções e alternativas que favoreçam a aprendizagem dos alunos em favor de uma
educação de qualidade, auxiliando-os em suas atividades, sendo o mediador hoje no
que ele ainda não sabe fazer sozinho, mas que num futuro próximo será capaz.
Então finalizamos esse tema sabendo que o gostar de ler resulta da pratica.
Que a leitura é a forma de obter informações através de decodificações de signos,
havendo a interação entre o leitor e o autor, tendo o texto como mediação.
O incentivo a leitura começa na infância, e que mesmo sem saber ler a criança
já tem leitura de mundo, é um ser letrado onde o professor é mediador, ele promove
a leitura e forma leitores dentro de um ambiente agradável e motivador, criando
momentos estimulantes e desafiadores. Todo o incentivo deve partir do professor, o
aluno se espelha no que vê, e reproduz o que aprende. Escola, professor e
comunidade devem caminhar juntos para incentivar o hábito da leitura. Esforço,
disciplina e foco são privilégios e não punição. Faça o uso de todas as habilidades
que Deus lhe deu, mas sempre faça a sua opção pela melhor.

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