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PEDAGOGO
1. Introdução
Pensar e repensar a minha própria formação e prática como professora que ministra
aulas nos cursos de licenciatura para a formação de novos professores é um grande desafio
para quem está na profissão professor e dela se reconhece como pessoa e profissional.
Sabe-se que a matemática está presente em basicamente tudo que o indivíduo realiza e
para que tal ciência exata seja olhada, entendida e compreendida de maneira positiva, é
fundamental que seja revisto tanto os programas curriculares como a didática que será usada
para desenvolvê-la tornando-a prazerosa e proporcionando uma aprendizagem efetiva em
qualquer nível de escolarização.
A matemática é uma ciência exata que nos possibilita realizar as nossas atividades
diárias, sejam elas das mais simples até as mais complexas de maneira que realmente nos
possibilite chegarmos há um “denominador comum” de maneira mais eficiente diante das
nossas metas e objetivos a serem alcançados.
2. A Geometria e o Lúdico
Pavanello (2001) acrescenta que os conceitos geométricos não puderam ser formados
devidamente pelo fato de o trabalho pedagógico realizado com o professor, nas diferentes
instâncias de sua formação, não ter sido muito abrangente.
Grando (2009) pondera que houve um aumento nas investigações voltadas para a
Educação Matemática, principalmente, no que se refere ao ensino da Geometria, na tentativa
de resgatar este ensino teórico e metodológico nos cursos de formação de professores e suprir
a necessidade apresentada pelos acadêmicos do Curso de Pedagogia.
Shulman (1986, 1987) afirma que o manejo profundo da disciplina facilita o docente
antecipar os componentes e as relações do conteúdo que podem apresentar problemas para sua
compreensão. Um bom manejo da disciplina significa saber que algo é assim e compreender o
porquê desta natureza, mas também saber sob que circunstâncias validam-se este
conhecimento: “isto será importante nas subsequentes decisões pedagógicas que considerem a
ênfase curricular”. (SHULMAN, 1986, p. 9).
A proposta de Schulman continua ainda vigente, e tem sido abordada e desenvolvida
por vários autores, destacando-se os trabalhos de Ball, Lubienski e Mewborn (2001), Hill,
Ball e Schilling (2008) os quais introduzem a noção de “Mathematical knowledge for
Teaching”, que se define como “o conhecimento matemático que utiliza o professor em sala
de aula para produzir instrução e crescimento no aluno” (HILL, BALL E SCHILLING, 2008,
p. 374). Estes autores, baseando-se nas ideias de Schulman, propõem um modelo de
conhecimento matemático para o ensino no qual se caracteriza o conhecimento matemático
necessário para o ensino da matemática escolar, estabelecendo, também, a existência de uma
correlação positiva entre o conhecimento matemático para o ensino e o alcance de
aprendizagem matemático nos alunos.
5. A Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, não experimental (SAMPIERI, et al., 2006),
descritiva, onde utilizou-se a análise documental e a entrevista semiestruturada. A abordagem
adotada foi o estudo de caso.
Optou-se pelo estudo de caso, que de acordo com Triviños (2007) “é uma categoria de
investigação, cujo objeto de estudo é uma unidade dentro de um sistema maior” (p. 133),
sendo neste caso os estudantes do Curso de Pedagogia da Faculdade Santa Fé.
A Faculdade Santa Fé foi selecionada para a realização da pesquisa porque é uma
Instituição de Educação Superior (IES) particular em São Luis/MA, que oferece o Curso de
Pedagogia e tem obtido bons resultados nas avaliações externas (ENADE, IGC) realizadas
pelo MEC.
Para coletar os dados utilizou-se a pesquisa documental para buscar nos PCNs de
Matemática para os AIEF, no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) e nos planos de ensino das
disciplinas relacionadas com a Matemática, os assuntos vinculados com o conteúdo e a
didática dessa área. Esta técnica serviu para complementar a informação dos dados obtidos na
pesquisa (LÜDKE, ANDRÈ, 1986, p.38).
Por sua vez, a entrevista semiestruturada pretendeu identificar a relação entre o
conhecimento de conteúdo da geometria adquirido no curso de Pedagogia/Magistério ou na
escola básica e seu ensino (conhecimento didático da Geometria -CDC) que tinham os
professores estudantes (PE) do Curso de Pedagogia da Faculdade Santa Fé, através de seis
questões relacionadas a:
1) Conceito de Geometria;
2) Onde aprendeu Geometria;
3) Importância do ensino da Geometria nos AIEF;
4) Conteúdos da geometria que ensina nos AIEF;
5) Estratégias que utiliza para ensinar Geometria;
6) Dificuldades para ensinar Geometria, além de solicitar sugestões para melhorar a
qualidade do ensino e aprendizagem da geometria no curso de Pedagogia da
Faculdade Santa Fé. Foram entrevistados oito professores estudantes (PE) que atuam
nos AIEF em escolas públicas e privadas de São Luís (três do 7º período e cinco do
8º período). Para este estudo apresentam-se resultados parciais obtidos nas
entrevistas.
Para sistematização e análise das respostas obtidas nas entrevistas utilizou-se a análise
de conteúdo (AC) proposta por Moraes (1999): unitarização dos conteúdos, categorização das
Dos PEs selecionados para este estudo, 07 (87,5%) são do sexo feminino e um
(21,5%) do masculino, tem idade entre 23 e 52 anos. Dos oito PEs, cinco (62,5%) tem entre
02 e 05 anos de experiência na docência nos AIEF e três (37,5%) entre 08 e 15 anos . Três
(37,5t%) dos PE são formados no curso de magistério no ensino médio. A maioria (62,5%)
leciona na rede privada de ensino, cinco (62,5%) lecionam no 2 ano e três (37.5%) no 5 ano
dos AIEF.
A estrutura curricular do curso de Pedagogia da FSF foi reformulada três vezes (2009,
2012 e 2014). Até o primeiro semestre de 2014 oferecia-se no 6º período a disciplina “Teoria
e Prática do Ensino da Matemática” com carga horária de 90 horas. Na ementa dessa
disciplina e no seu conteúdo programático não aparece nenhum tópico relacionado com o
conteúdo da geometria, nem como ensiná-la nos AIEF. Apesar de constar a análise dos PCNs
para o ensino da matemática: objetivos, conteúdos e orientações didáticas, na bibliografia não
se inclui nenhuma referência relacionada a esse tópico.
assunto não é considerado importante pelos formadores para ser ensinado nos anos iniciais
do ensino fundamental, ou que é de pouco domínio por parte dos formadores”.
a) Conceito de Geometria;
As informações coletadas revelam que há restrições, por parte dos PEs, na realização
do trabalho com a geometria, mostram que as mesmas estão relacionadas à suas trajetórias
escolares, bem como à formação inicial desses professores. Basta considerarmos que boa
parte deles assegura que tudo era difícil e/ou não lembra quais foram os conceitos
geométricos estudados no período em que eram alunos.
Com base nas manifestações dos PEs entrevistados fica evidente que, tanto no
magistério de nível médio, como no curso de Pedagogia foram escassas e/ou precárias as
experiências que vivenciaram destinadas ao ensino e à aprendizagem da Geometria.
Consideramos que o pequeno envolvimento ou o envolvimento pouco significativo dos PEs
em situações voltadas ao ensino da Geometria resulta do pouco conhecimento do conteúdo da
geometria que tem os formadores do curso de Pedagogia produto de sua própria formação.
Neste sentido, concordamos com NACARATO (2003, p. 34), quando afirma que a
vida estudantil destes PEs seguiu um percurso “[...] reducionista e simplista, limitado ao
reconhecimento e identificação de formas, sem levar em consideração a complexidade do
pensamento geométrico”.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados parciais obtidos neste estudo coincidem com o que Durham (2008)
destaca que ainda não se conseguiu um satisfatório equilíbrio entre o domínio dos conteúdos e
formação para a prática docente, ou seja, que é necessária a construção dos saberes e práticas
do pedagogo em relação à Geometria, para atuar com eficiência nos anos iniciais do Ensino
Fundamental.
8. Referências Bibliográficas
DURHAM, Eunice R. Fábrica de maus professores, 2008. Disponível em: Acesso em: 12
fev. 2014
FREUDENTHAL, H. Geometry Between the Devil and the Deep Sea, Educational
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NACARATO, A. M. A geometria no ensino fundamental: fundamentos e perspectivas de
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NACARATO, Adair Mendes, PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion. A Geometria nas Séries
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