Você está na página 1de 8

Florinda A.

Jumapili Ligoma

Resumo

(Licenciatura em Ensino Básico)

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
Florinda A. Jumapili Ligoma

Resumo

(Licenciatura em Ensino Básico)

Trabalho referente a cadeira de Didáctica de Matemática


Básica II a ser submetido ao Departamento de Educação
e Psicologia, curso de Licenciatura em Ensino Básico.
Orientado pelo MSc; Nivia Malauene Saize

Universidade Rovuma
Extensão de Niassa
2022
3

1. Técnicas e métodos na disciplina de Matemática para o Ensino básico.


O ensino e a aprendizagem de Matemática constituem um desafio em todos os níveis de
escolaridade. Muitas vezes, os adolescentes ingressam em uma universidade e não possuem
uma base de conhecimentos matemáticos fortalecida. Por outro lado, outros factores também
podem influenciar e aumentar as dificuldades encontradas nesta disciplina e é papel da
instituição e do professor promover maneiras de incentivar, inserir estratégias metodológicas
e possibilitar que esse aluno obtenha o conhecimento necessário para garantir uma formação
sólida no curso superior escolhido.

Assim sendo, parece-nos correto afirmar que as instituições de ensino, tanto nacionais
como internacionais, precisam repensar os conteúdos ensinados pela disciplina de Matemática
que são necessários para a vida do aluno e reflectir sobre as metodologias utilizadas, para que
a aprendizagem seja possível e aconteça de forma apropriada. A indicação de que a
Matemática é um problema na base de conhecimentos não resolve a situação de dificuldades e
não garante mudanças na forma de ensinar e, muito menos, a obtenção de uma aprendizagem
sólida.

Diante das dificuldades e das novas possibilidades educativas, Moran (2000) acredita ser
necessária a mudança na maneira de ensinar, sugere que algumas metodologias devem ser
remodeladas e indica que a tecnologia deve fazer parte do processo, não sendo mais possível
manter as tradicionais estratégias de ensino e as mesmas posturas, ao apontar que Muitas
formas de ensinar hoje não se justificam mais.

Perdemos tempo de mais, aprendemos muito pouco, desmotivamo-nos


continuamente. Tanto professores como alunos, temos clara sensação de
que muitas aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas para onde
mudar? Como ensinar e aprender em uma sociedade mais
interconectada? (MORAN, 2000, p. 11).

Dessa forma, a necessidade de novos estudos, direccionamentos, posturas, metodologias,


planeamentos, da proposição de novas acções nas instituições de ensino, enfim, de um novo
olhar ao processo de ensinar e aprender é prontamente percebida, quando se analisam os
resultados, geralmente pouco positivos, das avaliações que medem o grau de conhecimento
dos alunos nos ensinos Fundamental e Médio, realizadas em âmbito nacional.
4

A partir desse contexto de tentativa de diminuição de dificuldades e de conquista de


aprendizados mais significativos, pesquisas recentes têm mostrado que, especificamente, em
relação à informática, sua utilização constitui uma poderosa ferramenta na superação de
vários obstáculos inerentes ao aprendizado. O enfoque da informática educativa não é o
computador como objecto de estudo, mas como meio para adquirir conhecimentos
(VALENTE, 1999).

1.1. O Ensino de Matemática: práticas predominantes


A disciplina de Matemática, por sua relevância educacional e por estar ligada a diversas
actividades rotineiras da vida e da vivência dos sujeitos, torna-se indispensável no meio social
e no cotidiano das pessoas. A Matemática está presente em diversas actividades domésticas e
profissionais, como nas compras, na culinária, nas artes, na música, no suporte a diversas
áreas de estudo, tanto para embasar a construção de sistemas electrónicos, além de ser
fundamental para calcular distâncias e até mesmo para criar e organizar variados tipos de
jogos e esportes.

Paulo Freire, em entrevista concedida a D´Ambrosio (1996), concorda com a presença


constante da Matemática no cotidiano. Afirma que, quando acordamos e caminhamos para o
banheiro, já começamos a fazer cálculos matemáticos. Quando a gente olha o relógio, por
exemplo, já estabelece a quantidade de minutos que tem, se acordou mais cedo, se acordou
mais tarde, para saber exactamente a hora em que vai chegar à cozinha para tomar o café da
manhã, a hora que vai chegar ao carro que vai levar ao seminário, para chegar às oito. Quer
dizer, ao despertar os primeiros movimentos, dentro do quarto já são movimentos
matematizados.

Muitos professores, dedicados e eficientes, orientam os seus trabalhos de classe na ilusão de


que devem ensinar o difícil (que não tem aplicação). Essa maneira de encarar o ensino da
Matemática é antididática e errônea. Deve-se ensinar bem o fácil, o que é básico e insistir nas
noções conceituais. É um crime atormentar o aluno com teorias inúteis difíceis ou trabalhosas.
Teorias complicadas e obscuras fazem no espírito do aluno verdadeira aversão e intolerância
pela Matemática (TAHAN, 1961, p. 104).

O aluno assim, passa a acreditar que na aula de Matemática o seu papel é passivo e
desinteressante. Uma das grandes preocupações dos professores é com relação à quantidade
5

de conteúdo trabalhado. Para esses professores o conteúdo trabalhado é a prioridade de sua


acção pedagógica, ao invés da aprendizagem por aluno. É difícil o professor que consegue se
convencer de que seu objectivo principal do processo educacional é que os alunos tenham o
maior aproveitamento possível, e que esse objectivo fica longe de ser atingido quando a meta
do professor passa a ser cobrir a maior quantidade possível de matéria em aula
(D’AMBROSIO, 1989, p. 16).

2. Metodologias usadas no ensino de disciplina de matemática no ensino básico


Nesse sentido, permanecem as características típicas da escola tradicional, que não se
preocupa com as vivências dos alunos e tem o professor como centro do processo, como o
detentor do saber, o responsável em transferi-lo ao aluno. Essa ideia remete ao que Freire
(1996) denomina de Educação Bancária, entendida como o processo de assistência em que o
docente transmite conhecimentos para os alunos que são considerados como uma tábula rasa,
carentes de conhecimentos e aguardam, passivamente, pelo depósito de informações.

Essa metodologia, mecanizada e expositiva, que utiliza a cópia, repetição de “decorar


fórmulas”, de acordo com Resende e Mesquita (2013), é um dos motivos das dificuldades em
aprender Matemática pelos alunos e não proporciona o entendimento do conteúdo;

Os próprios alunos afirmam que “decorar fórmulas” se torna uma grande dificuldade para o
aprendizado da Matemática, neste ponto os professores assumindo uma atitude de educador
que se preocupa efectivamente com o aprendizado se preocupará com a construção desse
aprendizado pelos alunos, o que com a participação dos educandos no processo evitará o
decorar e favorecerá o entendimento. É de comum acordo entre os professores que quando o
aluno entende o que está fazendo, assimila com maior facilidade e o decorar se restringe à
utilização automática da fórmula e não ao decorar sem motivos conscientes. Os educadores
pedem cursos de formação continuada neste ponto, onde se deverá discutir formas e técnicas
de construção de conhecimento objectivo, juntamente com os alunos. O trabalho colectivo
entre todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, com certeza, favorecerá o
processo (RESENDE; MESQUITA; 2013; p. 210).

2.1. Aula expositiva no ensino básico


É uma exposição de conteúdo, com a participação activa dos estudantes, cujo conhecimento
prévio deve ser considerado e pode ser tomado como ponto de partida. O professor leva os
estudantes a questionário, interpretarem e discutirem o objectivo de estudo, a partir do
reconhecimento e do confronto com a realidade.
6

A metodologia transcrita no parágrafo supracitado favorece o diálogo entre professor e


alunos, alunos entre si mesmos, tornando a pratica do aprender mais acessível. Considera-se
nessa metodologia a experiência e os interesses dos alunos sem perder o foco nos conteúdos
previstos nos programas de ensino.

As aulas expositivas e dialogadas podem se tornar interessantes do


ponto de vista da troca de experiências entre professor e aluno na
relação dialógica. Por sua vez, a Resolução de problemas é uma
metodologia que pode tornar os conceitos matemáticos mais relevantes,
onde os alunos podem descobrir fatos novos, motivando-se a encontrar
outras maneiras de resolver o problema matemático, despertando a
curiosidade e o interesse pelos conhecimentos dessa área, ampliando a
capacidade de soluções que lhe são propostas.
Através da utilização da Resolução de Problemas, como afirma Dante (1991), é possível
desenvolver no aluno o espírito explorador, a criatividade, a iniciativa, a independência e a
habilidade de estruturar um raciocínio lógico e de forma eficaz e inteligente, utilizar recursos
disponíveis para encontrar boas soluções às questões que aparecem em seu cotidiano, na
escola ou fora dela.

As abordagens contextualizadas tornam evidente a utilização da matemática cotidiana


no ambiente escolar sendo uma maneira de enfatizar ao aluno que os conceitos matemáticos
estão presentes em tudo ou quase tudo, e eles devem se preparar para transformar a sua
realidade, utilizando a matemática que aprenderam na escola em seu dia a dia.

Essa metodologia pode proporcionar motivação, facilidade de aprendizagem, preparo para


futuras profissões, desenvolvimento do raciocínio logico e compreensão do papel da
Matemática na sociedade em que se vive, ou seja, muitos benefícios aos alunos.

2.2. Uso de tecnologias na disciplina de matemática no ensino básico


O auxílio tecnológico vem se fazendo presente em sala de aula com mais frequência nos
últimos anos, nos ofertando ferramentas e softwares que possibilitam o desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos. Desse modo as tecnologias ofereceram oportunidades no
desenvolvimento da prática docente, assim como nos revela D’ Ambrósio (1996, p. 17-18).

Ao longo da evolução da humanidade, Matemática e tecnologia se desenvolveram em íntima


associação, numa relação que poderíamos dizer simbiótica. A tecnologia entendida como
convergência do saber (ciência) e do fazer (técnica), e a matemática são intrínsecas à busca
7

solidária do sobreviver e de transcender. A geração do conhecimento matemático não pode,


portanto ser dissociada da tecnologia disponível.

Assim, a educação tem como principal desafio desenvolver capacidades nos


alunos, consequentemente as tecnologias são ferramentas que podem
potencializar a construção do conhecimento de uma maneira colectiva e
consolidada. Como o aparelho de telefone celular, visto pela maioria dos
professores como um “pesadelo” em sala de aula, mas que pode ser utilizado
como aliado na aprendizagem. Pois, a intenção é diferenciar as actividades
escolares, torná-las mais atractivas e dinâmicas.
Contudo o planeamento de uma aula que envolva tecnologias deve ser fundamentado de modo
que possibilite valorizar o raciocínio lógico e o desenvolvimento do ensino e aprendizagem.
No momento que os alunos passam a matematizar, se tornam activos no processo de
aprendizagem, criando conjecturas, interagindo e construindo um modelo, o que torna o
conhecimento prazeroso e significativo para o educando.

Para despertar nos alunos um interesse maior pela aprendizagem e reforçar o


entendimento sobre o conteúdo, foram propostos jogos matemáticos. Essa metodologia
permite ao professor detectar quais alunos estão com dificuldades e se o assunto foi bem
assimilado; o aluno torna-se crítico, confiante, expressa o seu pensamento, elabora perguntas
e tira conclusões; gera empolgação por ser uma aula com uma actividade diferente, facilitando
a aprendizagem.

2.3. Metodologia trabalho em grupo no ensino da disciplina de matemática no


ensino básico
O trabalho em grupo é um recurso muito utilizado por professores para tornar as aulas mais
dinâmicas e estimular a participação activa dos alunos no processo de aprendizagem,
favorecendo trocas de experiências e de conhecimento. Utilizou-se esse recurso com o intuito
de promover uma interacção social entre os alunos, beneficiando o desenvolvimento da
aprendizagem. Instigar o trabalho em grupo auxilia os alunos a construir relacionamentos, a
entender a relevância do respeito, saber conviver com as diferenças e aceitar novas ideias.
Além do mais, o trabalho em grupo ajuda os alunos se sentirem confiantes em relação as suas
competências para resolver seus conflitos.

Portanto, reflectir sobre a acção pedagógica assim como buscar a fundamentação


teórica e prática devem ser aspectos permanentes no trabalho do professor, para que o mesmo
possa redimensionar a sua actuação objectivando melhoria do processo ensino e
aprendizagem. Entre meio as diversas ferramentas de ensino utilizadas pelo educador, os
8

exercícios têm sua importância, pois é uma das principais formas de aplicação,
contextualização e entendimento dos conceitos estudados.

3. Bibliografia
1. DANTE, L. R. Didáctica da resolução de problemas de matemática. 2. ed. São
Paulo: Ática, 1991.

2. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

3. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa.


São Paulo: Paz e Terra, 2002.

4. MIRANDA, D. F. de; LAUDARES, J. B. Informatização no Ensino da Matemática:


Investindo no Ambiente de Aprendizagem. Zetetiké, Campinas - SP, v.15, n. 27, jan.,
jun., p. 71- 88, 2007.

Você também pode gostar