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Cadernos PDE
1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho foram discutidas fundamentações teóricas e metodológicas que
embasassem e promovessem o desenvolvimento de competências matemáticas para
tornar o ensino desta Ciência mais efetivo, e que a aprendizagem fosse significativa, no
sentido ausubeliano. Tais encaminhamentos provêm do entendimento de que o
conhecimento matemático é construído ou motivado pelas necessidades apresentadas na
Sociedade ou, mais especificamente, que faz parte do cotidiano dos educandos, e não
devem ser um conjunto de fórmulas e procedimentos meramente memorizáveis.
Essa prática educativa, vezes predominante na Escola, torna os educandos
expectadores desse conhecimento, resultando o que constantemente vemos e ouvimos
na Educação. Que a Matemática apresenta resultados insatisfatórios nas avaliações, e
que a qualidade do ensino está abaixo dos padrões exigidos, impossibilitando que eles
aprendam e sejam competentes no entendimento e uso da Matemática.
Assim, repensar e praticar um diferente ensino da Matemática é uma ação
educacional de maior importância para que ocorram mudanças qualitativas na prática
escolar. Nesse sentido o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE viabiliza aos
1
Professora do Colégio Estadual Olinda Truffa de Carvalho – Ensino Fundamental e Médio,
lourdesmarin@yahoo.com.br.
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Professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro Ciências Exatas e Tecnológicas,
Cascavel/PR, rogeriorizzi@hotmail.com.
professores do ensino básico da rede estadual paranaense a oportunidade de buscar
subsídios teórico-metodológicos para fundamentar melhor suas práticas pedagógicas.
São variadas e distintas as Tendências Metodológicas em Educação Matemática
que podem ser empregadas num processo de ensino e de aprendizagem eficaz e
eficiente, ou seja, efetivo, onde o educando é parte integrante deste processo, que
promove um desenvolvimento contextualizado e interdisciplinar de conhecimentos,
capacidades e atitudes, destacando a aquisição de competências matemáticas. Entre as
abordagens metodológicas destacadas nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica
do Estado do Paraná – DCEs encontra-se a Resolução de Problemas.
Existem, porém, diferentes visões e juízos sobre Resolução de Problemas. Neste
trabalho, optou-se pela concepção apresentada em (ONUCHIC, 1999), (ONUCHIC,
ALLEVATO, 2004) e no Grupo de Trabalho e Estudo sobre Resolução (GTERP) da
UNESP, e fundamenta-se no entendimento de que o conteúdo ensinado deve ser
motivado ou relacionado com o dia-a-dia e com a vivência dos educandos. Embasa-se,
pois, na Teoria Psicoeducativa da Aprendizagem Significativa, a qual enfatiza que a
aprendizagem deve ser por compressão, e processos educativos devem ser
contextualizados, dando-lhes Significado, visto que a compreensão e a incorporação de
novos conhecimentos à estrutura cognitiva do educando se dão quando estes se ancoram
em conhecimentos preexistentes (AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1980).
Do ponto de vista metodológico, para ONUCHIC (1999), a compreensão da
Matemática acontece quando o aluno consegue relacionar uma ideia Matemática a uma
quantidade ou variedade de contextos e relacionar um Problema às ideias Matemáticas
implícitas nele, e construir relações entre várias delas. É importante, pois, proporcionar ao
educando oportunidades para que o ensino e a aprendizagem de uma temática sejam
iniciados com um problema gerador contendo aspectos chaves do assunto e que promova
o desenvolvimento de métodos e técnicas matemáticas à resolução.
Com o objetivo de promover a aprendizagem Significativa do conteúdo de equações
do segundo grau aos alunos do 9º ano do ensino fundamental, empregou-se a
Metodologia de Resolução de Problemas e adequadas estratégias de implementação
como método e meios de abrandar ou superar as tradicionais dificuldades apresentadas
pelos educandos, sobretudo as relacionadas à compreensão e aplicação de fórmulas
resolutivas. Os estudos realizados para o desenvolvimento do Projeto PDE e da Unidade
Didática, mais os resultados decorrentes das atividades de Implementação na Escola,
mostraram que a Resolução de Problemas contribuiu para que os educandos
compreendessem Significativamente a resolução das equações do segundo grau.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E METODOLÓGICA
A Matemática tem um singular caráter integrador e interdisciplinar em relação às
outras Áreas do conhecimento, encontrando-se presente implícita ou explicitamente em
todos os Setores da Sociedade contemporânea, sobretudo naqueles que tem variados
graus de dependência do desenvolvimento científico e tecnológico. Sem Matemática,
mesmo enquanto sua aplicação, não existiria a moderna tecnologia da Informática nem as
mais atuais tecnologias médicas, só para citar dois relevantes exemplos.
É, pois, relevante que integrante da Sociedade não seja apenas matematicamente
alfabetizado, mas seja matematicamente competente para entender e aplicar seus
conhecimentos de forma integrada e interdisciplinar. Portanto, desenvolver competências
e habilidades matemáticas do educando, é um grande objetivo do educador matemático.
Do ponto de vista histórico, é manifesto que a própria gênese e o desenvolvimento
da Matemática foram motivados e impulsionados na busca pela solução de problemas
práticos do dia-a-dia do indivíduo ou de sua Comunidade. Presentemente, a
caracterização de Problema depende da concepção ou da área de atuação de quem o
está estudando. Pode ser uma situação requerendo a descoberta ou uso de conceitos e
resultados matemáticos, ou uma oportunidade para efetivar um processo de ensino,
aprendizagem e avaliação de uma temática.
Independentemente do entendimento adotado, ele tem ocupado lugar central no
currículo escolar desde a antiguidade, sendo o principal elemento propulsor do
conhecimento matemático. Assim sendo, é evidente que distintos autores têm diferentes
juízos sobre a maneira de conceber Problema. Alguns o conceituam como “qualquer
tarefa ou atividade para a qual os estudantes não têm métodos ou regras prescritas ou
memorizadas” (WALLE, 2001), ou “tudo aquilo que não sabemos fazer, mas que estamos
interessados em fazer” (ONUCHIC, ALLEVATO, 2004). Também, pode ser “uma situação
real ou abstrata ainda não resolvida em qualquer campo do conhecimento e de ação”
(D’AMBRÓSIO, 2010) ou, segundo os PCNs, “um problema matemático é uma situação
que demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para obter um
resultado” (BRASIL, 1997, p. 44).
Sob a ótica da Educação Matemática, a Resolução de Problemas só foi vista como
uma Metodologia de Ensino na década de 1990 e a partir de então, se passou a discutir o
ensino de Matemática através da Resolução de Problemas, passando a ser tema de
pesquisas e estudos, como posto por Andrade (1998, p. 12 apud ONUCHIC, 1999). Sob
essa questão, Schroeder e Lester (1989) apresentam três modos de abordar a Resolução
de Problemas, que compreende a abordagem em ensinar sobre Resolução de Problemas,
onde o professor trabalha o ensino de Resolução de Problemas como uma disciplina no
ensino de licenciatura regular. Outro significado é ensinar a resolver problemas, que se
concentra na maneira como a Matemática é ensinada e o que dela pode ser aplicada. E,
também, pode-se ensinar através da Resolução de Problemas, cuja abordagem é tomar
uma situação problema ou um problema gerador como ponto de partida para desenvolver
conhecimentos e competências matemáticas nos educandos.
Esses entendimentos são relevantes, pois da importância da boa Educação
Matemática no desenvolvimento da Sociedade, concebe-se que a Metodologia da
Resolução de Problemas pode contribuir para sua uma prática pedagógica mais eficiente.
Nesse sentido, Mendonça (1993) propõe três modos à concepção de Resolução de
Problemas. Um deles é como um objetivo, onde a Resolução de Problemas é utilizada
para aplicação e verificação de conteúdos matemáticos. Outro é como um processo, onde
a Resolução de Problemas é um meio para desenvolver o potencial heurístico do
educando dotando-o de estratégias a fim de torná-lo um bom resolvedor de problemas. E,
por fim, como um ponto de partida sendo, neste caso, a Resolução de Problemas um
método que conduz à construção do conhecimento matemático.
Buscando detalhar ainda mais as concepções sobre a caracterização e
categorização de Resolução de Problemas, Stanic e Kilpatrick (1989) consideram que os
trabalhos com Resolução de Problemas podem ser classificados em três temas gerais. O
como contexto, que incluem os atributos de justificativa, motivação, recreação, veículo e
prática. A visão como habilidade, onde a Resolução de Problemas é usada para
desenvolver habilidades de resolução de problemas. E, finalmente, como arte, que
consiste em tratamentos heurísticos a levar o educando a compreender descobertas
Matemáticas e a realizar suas próprias descobertas.
Note-se, portanto, que existem muitas formas de conceber e discutir Resolução de
Problemas, cada um com suas especificidades. Porém, dada à importância para o nosso
trabalho, vamos discutir mais detalhadamente a concepção de Onuchic e colaboradores e
do Grupo de Trabalho e Estudo sobre Resolução de Problemas (GTERP) da UNESP, que
explicitaram sua abordagem metodológica em etapas.
As etapas dessa concepção incluem a preparação e seleção do problema gerador
de acordo com a fundamentação teórica da Teoria da Aprendizagem Significativa de
Ausubel, visando à construção de novo conceito ou procedimento; a leitura individual
pelos educandos, objetivando a leitura e compreensão do problema posto; a leitura em
conjunto pelos educandos para verificar alguma dificuldade de interpretação do problema;
a resolução do problema por eles após a compreensão do enunciado do problema;
observar e incentivar, o docente fará o papel de mediador do conhecimento, observando,
orientando e incentivando essa construção; o registro das soluções na lousa para analisar
as diferentes resoluções; plenária onde os educandos esclarecem suas dúvidas quanto às
resoluções apresentadas; busca do consenso não havendo mais dúvidas e analisadas as
soluções obtidas, busca-se um consenso do resultado correto. Por fim, após o consenso
sobre o resultado correto, ocorre a formalização do conteúdo matemático pelo educador.
Através de encaminhamento metodológico pautado na proposta praticada pelo
GTERP para Resolução de Problemas, e conhecedora de que a aprendizagem deve ser
Significativa ao educando, onde ela efetivamente ocorre à medida que novos conteúdos
são incorporados e interagem com informações ou conhecimentos preexistentes na
estrutura cognitiva do educando. Foi possível estabelecer relação entre essas
fundamentações metodológica e teórica para subsidiar as pertinentes ações e atividades
didático-pedagógicas realizadas no Projeto de Implementação Pedagógica na Escola.
Problema gerador 01: Uma festinha dessas que acontecem no final de semana, neste
sábado foi no Clube Comercial onde os amigos se encontraram e todos se abraçaram.
Um dos participantes, João, percebeu que os abraços foram 325. Quantos eram os
amigos que estavam nesta festa?
Um encaminhamento à solução, dentro da perspectiva da busca da formalização do
conteúdo matemático, pode ser como:
A quantidade de amigos representada por deu um abraço nos demais, ou
seja, . Portanto, o total de abraços deve ser . Ainda é preciso
perceber que quando Ana abraça o Daniel, Daniel abraça Ana, e os dois
abraços devem ser considerados como sendo um. Assim sendo, a
quantidade de abraços a ser deve ser a metade de . Então a
4. CONCLUSÕES
Com este trabalho, cujo objetivo foi estudar e discutir a Metodologia de Resolução
de Problemas no ensino-aprendizagem-avaliação do conteúdo de equações do segundo
grau para alunos do 9º ano buscou-se promover mudanças na prática pedagógica em
sala de aula, a fim de promover uma aprendizagem significativa aos educandos.
Diante do trabalho desenvolvido, verificou-se que o uso desta metodologia de
ensino, possibilitou aos educandos, de forma geral, realizar descobertas e desenvolver a
compreensão de conceitos matemáticos a respeito dessa temática, tornando assim a
aprendizagem mais significativa. A abordagem metodológica empregada foi adequada
para atenuar ou superar dificuldades apresentadas pelos educandos quanto ao conteúdo
e aplicação da formula resolutiva de equações do segundo grau.
Em comparação com anos anteriores, onde as notas de aproveitamento escolar dos
alunos eram baixas, neste ano os alunos tiveram melhor aproveitamento e melhores
notas quando avaliados a respeito do conteúdo discutido.
Enfim, ensinar e mostrar que os conteúdos matemáticos estão à nossa volta é uma
tarefa menos árdua com o uso da Metodologia de Resolução de Problemas, pois além de
despertar o interesse dos educandos, proporciona-lhes meios e formas de compreender e
elaborar os conhecimentos, tornando a aprendizagem significativa no âmbito escolar.
Com esta experiência bem sucedida, é possível ampliar o emprego dessa metodologia
para outras temáticas, buscando uma mudança efetiva nos métodos de ensino e de
aprendizagem de conteúdos matemáticos.
5. REFERÊNCIAS
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro:
Editora Interamericana. 2ª edição. 1980.
CARVALHO, F. et al. Por que Baskhara? In História & Educação Matemática. Rio Claro.
SP. v. 2 n. 2. p.123-171. Jun-Dez. 2001-2002.
IMENES, L. M.; JAKUBOVIC, J., LELLIS, M. C. Para que serve Matemática? Equações
do 2º grau. São Paulo. Atual Editora. 1992.
WALLE, J. A. van de. Elementary and middle school mathematics. New York. Ed.
Longman. 2001. p. 478.