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DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA1
Resumo
Abstract
Current curriculum guidelines and researches consider that learning must occur through
an active and constructive process for students to carry out classroom activities supported
by their beliefs, and to be able to understand the information within their a priori knowledge
structures. The present work approaches the concept of Connections in a way guided by
these considerations, in the scope of Mathematics Education. The aim of this article is to
come out some reflections on the possibilities of working with connections through
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Trabalho constituído a partir da versão publicada nos anais do VII Seminário Internacional de Pesquisa em
Educação Matemática, realizado em 2018, em Foz do Iguaçu – PR/Brasil.
Introdução
Desde a Antiguidade até os dias atuais, a resolução de problemas tem sido o mote
da construção de conhecimento, matemático e ligado a outras ciências, e um tópico
sempre presente nos currículos de Matemática. No entanto, num processo dinâmico de se
constituir pela constante reconstrução, ela, a resolução de problemas, vivencia um
processo permanente de (res)significação, de geração de novas formas de concebê-la e
de incorporá-la no trabalho de sala de aula. Uma concepção a que temos dedicado
nossas práticas e pesquisas refere-se à Metodologia de Ensino-Aprendizagem-Avaliação
de Matemática através da Resolução de Problemas, que se constitui num caminho para
ensinar Matemática e não apenas para ensinar a resolver problemas. Tem como princípio
que o problema é um ponto de partida e orientação para a aprendizagem de novos
conceitos e novos conteúdos matemáticos.
A palavra composta ensino-aprendizagem-avaliação tem sido empregada para
expressar a concepção de que ensino, aprendizagem e avaliação devem ocorrer
simultaneamente durante as atividades de sala de aula. O professor é o guia, o orientador
dos processos de construção do conhecimento e os alunos são co-construtores desse
conhecimento; e a avaliação deve estar integrada ao processo de ensino-aprendizagem,
com vistas a acompanhar o crescimento dos alunos e reorientar as práticas de sala de
aula, quando necessário.
Não há formas rígidas de programar e implementar o trabalho com o Ensino-
Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas, mas, após
algumas revisões e aprimoramentos, ele apresenta as seguintes etapas, sugeridas para a
implementação dessa prática em sala de aula: (1) proposição do problema; (2) alunos em
grupo são desafiados a utilizar seus conhecimentos prévios; (3) os alunos nos grupos
discutem e aprimoram sua compreensão; (4) o professor observa, incentiva e os auxilia
em problemas secundários; (5) os alunos resolvem o problema; (6) os alunos registram as
resoluções na lousa; (7) em plenária, discutem as resoluções obtidas; (8) professor e
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O leitor interessado em um detalhamento de como são realizadas essas etapas pode consultar Allevato e
Onuchic (2014)
Muitas são as ideias que se encontram na literatura relativas a conexões e que têm
a ver com ligar, relacionar, ancorar, articular, associar... O conceito de conexões projetou-
se significativamente a partir da publicação dos Standards 2000, oficialmente Principles
and Standards for School Mathematics (NCTM, 2000), que indicou Conexões entre os
cinco Padrões de Procedimento essenciais a serem desenvolvidos no trabalho com
alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio.
Mas a que se referem as conexões? Há, ressalte-se, uma diversidade de
perspectivas a considerar. Em geral, a literatura especifica conexões entre a Matemática
e outras disciplinas ou domínios do saber, como a Física, a Medicina ou as Artes, e entre
a Matemática e a vida real, incluindo as práticas culturais diárias como tomar banho ou ir
ao supermercado. No Ensino Superior, ganham destaque as relações entre a Matemática
e as profissões ou o mundo do trabalho. São também frequentes as referências às
conexões dentro da própria Matemática; entre conteúdos de domínios distintos, como a
Aritmética e a Geometria; e entre conceitos e procedimentos, como entre o conceito de
área e o(s) procedimento(s) adotado(s) para determinar o seu valor.
Essas perspectivas são registradas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC
(BRASIL, 2017), apoiada no pressuposto de que a aprendizagem em Matemática está
relacionada à apreensão de significados dos objetos matemáticos resultantes das
conexões que os alunos estabelecem entre eles e os demais componentes, entre eles e
seu cotidiano e entre os diferentes temas matemáticos.
Com menor frequência se consideram conexões entre os diferentes estágios de
desenvolvimento das ideias e conceitos matemáticos. Elas deveriam ter as concepções e
conhecimentos prévios dos alunos como ponto de partida para novas aprendizagens.
(CANAVARRO, 2017)
Apoiando-se em Lesh, Post e Behr (1987), Canavarro destaca, ainda, as
representações múltiplas e suas conexões, que podem ser consideradas para cada
conceito.
Figura 1: Representações matemáticas e suas conexões
Visual
Física Simbólica
Contextual Verbal
Um exemplo
logo:
Vê-se, então, que tal resolução depende do cálculo de . Como não existe
número real que ao quadrado seja negativo, essa equação do 3 o grau não tem raízes
reais.
Sendo tem-se que p(1) = -3 e p(2) = 1, de modo que a equação
tem uma raiz real compreendida entre 1 e 2, mais precisamente entre 1,8 e 1,9 pois
p(1,8).p(1,9)<0 e, desse modo, conclui-se que o problema tem solução.
Ainda, vendo de outro modo, quando a aresta x do cubo é pequena, o volume Vc
será menor que Vp + 1(por exemplo, para x = 1, Vc=1, Vp+ 1 = 4 e Vc< Vp+1).
Mas, à medida que x aumenta, todas as arestas do cubo aumentam, o que não
ocorre com o paralelepípedo. Então, o volume Vc se aproxima de Vp+1, chegando até a
ultrapassá-lo (por exemplo, para x=2, Vc=8, Vp+ 1 = 7 e Vc> Vp+1). Assim, se x for
aumentando lentamente de 1 até 2, haverá um momento em que V c=Vp+1 e, então, o
valor de x será uma raiz real da equação .
Ou seja, tem-se uma equação polinomial do 3o grau, sabe-se que ela possui uma
raiz real, mas não se conseguiu obtê-la pela fórmula de Cardano-Tartaglia, pois ela
conduz à raiz quadrada de um número negativo. Como sair desse impasse?
Uma possibilidade de encontrar a saída consiste em:
1. perceber que a impossibilidade de extração de raízes quadradas de números negativos
não é definitiva, mas está relacionada com nossa situação presente, em que só
conhecemos os números reais;
2. criar números que, elevados ao quadrado, possam resultar em números negativos,
para poder prosseguir com a resolução da equação através da fórmula de Cardano-
Tartaglia (esta é maneira de “negar”, de não aceitar tal impossibilidade; é o modo de
libertarmo-nos da situação presente para poder avançar);
3. operar (adicionar, multiplicar, radiciar, etc) com estes novos números; se possível,
inclusive, serão mantidas nestas operações as propriedades operatórias dos números
, recaímos em:
Assim, • e
são .
x2 = w1+ =
x3 = w2+ =
x1 =
x2 =
x3 =
Porém, x2 e x3, por serem negativos, não convêm ao problema proposto, uma vez
que a solicitação do problema é a determinação de uma medida, a da aresta do cubo.
Assim, a aresta do cubo mede x1 = .
Considerações finais
Referências