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ELABORAÇÃO, PROPOSIÇÃO DE PROBLEMAS


NAS AULAS DE MATEMÁTICA

Janaína Poffo Possamai1


Universidade Regional de Blumenau
Universidade Cruzeiro do Sul

Norma Suely Gomes Allevato2


Universidade Cruzeiro do Sul

Resumo

A pesquisa que trata da Elaboração e Resolução de Problemas apresenta relevância tanto no contexto
científico quanto educacional, sendo destacada nas atuais orientações curriculares. Mas, na sala de aula
de Matemática, a elaboração/proposição de problemas pelos estudantes quase não é praticada, sendo,
habitualmente, realizada pelos professores. Assim, a presente oficina tem como objetivo discutir as
diferentes possibilidades e potencialidades educacionais do trabalho com elaboração/proposição
associada à resolução de problemas em aulas de Matemática. Para tanto, os participantes serão
envolvidos em discussões teóricas e metodológicas a partir da vivência de diferentes atividades de
elaboração/proposição de problemas que podem ser desenvolvidas com estudantes da Educação Básica.
Espera-se que os participantes consigam compreender as implicações pedagógicas do trabalho, em
particular no que se refere à construção de conhecimento e desenvolvimento de habilidades matemáticas.
Palavras-chave: elaboração e proposição de problemas; resolução de problemas; práticas educativas.

INTRODUÇÃO

De onde vêm os bons problemas? Essa foi uma pergunta apresentada por Kilpatrick, em
1987, a qual ele mesmo responde: vêm dos livros didáticos, dos professores, mais recentemente
da internet; porém, raramente se dá a oportunidade de os estudantes os criarem. Esse é um
aspecto em discussão ainda atualmente, com pesquisadores nacionais e internacionais que se
dedicam ao tema, conforme será explicitado na presente proposta. E, não só isso, constitui uma
demanda emergente de pesquisa e na formação de professores, pois se apresenta com posição
destacada nas recentes orientações e prescrições curriculares para a Educação Básica no Brasil.

1
janainap@furb.br
2
normallev@gmail.com
Anais do VIII EPEM – Encontro Pernambucano de Educação Matemática. Caruaru - Pernambuco, Brasil, 2022
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VIII EPEM –
Elaboração, Proposição e Resolução de Problemas
Encontro Pernambucano de Educação Matemática
nas Aulas de Matemática
21 a 23 de abril de 2022

A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018) associa, em uma quantidade


crescente de habilidades ao longo da Educação Básica, a elaboração e resolução de problemas,
e destaca a resolução de problemas como forma privilegiada de atividade matemática.
A presente proposta apresenta algumas reflexões teóricas, indicações da forma de
trabalho a ser implementada na oficina, objetivos, público-alvo a que ela se destina, e algumas
considerações finais e referências.

ELABORAÇÃO E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

No Brasil, os trabalhos de Chica (2001) e Andrade (1998, 2017) têm indicado


entendimentos e possibilidades para o trabalho com a criação de problemas pelos estudantes.
Cabe esclarecer que, com a expressão criação, abarcamos ações usualmente denotadas, por
esses pesquisadores, de elaboração, formulação ou proposição; em particular, a BNCC utiliza
os termos elaboração e formulação, para referir-se ao que internacionalmente (CAI; HWANG,
2020) se denomina de problem posing.
Após analisar diversas pesquisas brasileiras e internacionais, assumimos um
posicionamento frente esses termos, denominando de proposição de problemas a atividade que
inclui a criação de problemas pelos estudantes e sua apresentação a um potencial resolvedor.
Na criação de problemas, os estudantes iniciam com a organização e construção das primeiras
ideias matemáticas e da estrutura do problema para, então, expressá-lo por meio de um registro
em que se estabelece o enunciado, associando as linguagens materna e matemática
(ALLEVATO; POSSAMAI, 2022).
Conforme a Figura 1, a importância de a proposição de problemas estar associada à
resolução dos problemas, seja o estudante, um colega, outro grupo ou a turma toda de alunos
como resolvedores, a depender de objetivos de aprendizagem pretendidos pelo professor.

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Possamai e Allevato

Figura 1: Proposição associada a resolução de problemas

Fonte: Elaborado pelas autoras

No tocante à resolução de problemas, assumimos a Metodologia de Ensino-


Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas (ALLEVATO;
ONUCHIC, 2021), na qual o estudante é colocado como protagonista de sua aprendizagem, que
é realizada tendo um problema (chamado problema gerador) como ponto de partida e orientação
para a aprendizagem, o professor sendo mediador e incentivador no processo. A resolução de
problemas, nessa metodologia, acontece considerando trabalho individual, em pequenos grupos
e em plenária. A aprendizagem do conteúdo matemático planejado pelo professor para a aula
decorre da resolução do problema gerador, e é formalizado pelo professor após a sua resolução,
e não antes.
Allevato e Onuchic (2021, p. 52) sugerem 10 etapas para a organização do trabalho com
essa metodologia: “(1) proposição do problema, (2) leitura individual, (3) leitura em conjunto,
(4) resolução do problema, (5) observar e incentivar, (6) registro das resoluções na lousa, (7)
plenária, (8) busca do consenso, (9) formalização do conteúdo, e (10) proposição e resolução
de problemas”.
A elaboração/proposição de problemas pode acontecer na primeira etapa, quando o
problema a ser criado pelos estudantes se constitui em um problema gerador, ou seja, aquele
que “[...] visa à construção de um novo conteúdo, conceito, princípio ou procedimento; ou seja,
o conteúdo matemático necessário ou mais adequado para a resolução do problema ainda não
foi trabalhado em sala de aula” (ALLEVATO; ONUCHIC, 2021, p. 52). Ou, pode acontecer na
décima etapa, com o objetivo de avaliar a aprendizagem ou avançar no conceito ou

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procedimento construído a partir do problema gerador. Essas diferentes perspectivas serão


discutidas e vivenciadas na oficina.
A elaboração/proposição de problemas permite o desenvolvimento de práticas de ensino
com diferentes objetivos didáticos e conhecer essas possibilidades permite aos professores
promover, também, o desenvolvimento de habilidades descritas na BNCC. E ampliando as
possibilidades de trabalho com a proposição de problemas, se pode considerar e implementar
essa prática a partir de diferentes pontos de partida – uma figura, um conteúdo matemático, uma
palavra ou um outro problema - indicados pelo professor para a atividade de criação pelos
estudantes, os quais serão, também, abordados na oficina.

OBJETIVOS

Assim, a oficina proposta tem como objetivo geral discutir as diferentes possibilidades
de se trabalhar com a elaboração/proposição de problemas associada à resolução de problemas
em aulas de Matemática.
Os objetivos específicos a serem desenvolvidos são:
● Vivenciar e analisar diferentes pontos de partida para atividades de
elaboração/proposição de problemas.
● Associar as atividades de elaboração/proposição de problemas a objetivos de
aprendizagem.
● Refletir sobre as implicações pedagógicas dos diferentes tipos de atividades de
elaboração/proposição de problemas.
● Discutir as diferentes possibilidades de associar a proposição de problemas à resolução
de problemas.
Para isso, a oficina organizada e desenvolvida conforme a seguir.

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

A oficina priorizará a atuação dos participantes, discutindo sobre suas vivências e


realizando atividades práticas que possibilitem refletir e discutir aspectos teóricos e
metodológicos relativos à elaboração/proposição de problemas associada à resolução de
problemas. Serão desenvolvidas reflexões com os participantes relacionando aspectos teóricos
às indicações da BNCC em relação à temática. Os participantes da oficina serão convidados a
desenvolver as seguintes atividades:

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1. Compartilhamento de experiências e entendimentos acerca da elaboração/proposição de


problemas, vivenciados em sua trajetória acadêmica ou profissional.
2. Discussões sobre como a BNCC apresenta o contexto da elaboração/proposição de
problemas.
3. Apresentação e reflexões sobre os entendimentos relacionados com a proposição de
problemas assumidos pelas autoras em suas atuais pesquisas e práticas.
4. Criação de um problemas pelos participantes.
5. Discussões sobre as possibilidade se ser realizada pelos estudantes, em atividades mais
abertas e mais fechadas, bem como sobre os objetivos de aprendizagem que poderiam
ser pretendidos.
6. Análise das possibilidades da elaboração/proposição âmbito da Metodologia de Ensino-
Aprendizagem-Avaliação de Matemática através da Resolução de Problemas.

Público-Alvo
Estudantes de Licenciatura em Matemática; professores do Ensino Fundamental e
Médio; pesquisadores da área de Educação Matemática interessados no tema.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A elaboração/proposição de problemas pelos estudantes propicia contribuições tanto


para o aprendizado da Matemática, quanto para a educação integral dos estudantes,
possibilitando o desenvolvimento da autonomia, criatividade e criticidade, e permitindo que os
estudantes expressem seus entendimentos, suas dificuldades e as relações que estabelecem
dentro da própria Matemática e com sua vida cotidiana. E para que esse potencial seja
aproveitado, é importante que as atividades incluam também a resolução de problemas, num
trabalho que envolve construção individual e coletiva, discussões, questionamentos e produção
de resultados.
Espera-se com esta oficina, discutir e oferecer oportunidade para os participantes
analisarem as habilidades indicadas na BNCC que são enunciadas com “elaborar e resolver
problemas”, apresentando aspectos teóricos importantes para que a elaboração/proposição de
problemas contemple efetivos objetivos de aprendizagem matemática
As discussões realizadas poderão conduzir, finalmente, a reflexões no âmbito da
formação de professores, em particular frente a essa demanda, a que ser contemplada nas aulas
de Matemática e nas pesquisas que tratam os estudantes, além de resolvedores, criadores de
problemas.

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REFERÊNCIAS

ALLEVATO, N. S. G; ONUCHIC, L. R. Ensino-Aprendizagem-Avaliação de Matemática:


Por que através da Resolução de Problemas? In: ONUCHIC, L. R. et. al. (org) Resolução de
Problemas: teoria e prática. E-book. 2 ed. Jundiaí: Paco, 2021. p. 37 – 57.

ANDRADE, S. Ensino-aprendizagem de matemática via resolução, exploração,


codificação e descodificação de problemas e multicontextualidade da sala de aula. 1998.
Dissertação (Mestrado) – Mestrado em Educação Matemática, UNESP, Rio Claro, 1998.

ANDRADE, S. Um caminhar crítico reflexivo sobre resolução, exploração eproposição de


problemas matemáticos no cotidiano da sala de aula. In: ONUCHIC, L. de la R.; LEAL
JUNIOR, L. C.; PIRONEL, M. (Orgs.). Perspectivas para resolução de problemas. São
Paulo: Livraria da Física, 2017.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB,


2018.

CAI, J.; HWANG, S. Learning to teach through mathematical problem posing: Theoretical
considerations, methodology, and directions for future research. International Journal of
Educational Research, v. 102, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijer.2019.01.001

CHICA, C. H. Por que formular problemas? In: SMOLE, K. S.; DINIZ, M. I. (Org). Ler,
escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre:
Artmed, 2001. p. 151-173.

KILPATRICK, J. Problem formulating: Where do good problems come from? In:


SCHOENFELD, A. H. (Ed.). Cognitive science and mathematics education. Hillsdale, NJ:
Erlbaum, 1987. p. 123-147.

POSSAMAI, J. P.; ALLEVATO, N. S. G. Elaboração/Formulação/Proposição de Problemas


em Matemática: percepções a partir de pesquisas envolvendo práticas de ensino. Educação
Matemática Debate, 2022 (no prelo)

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