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ENSINO DE FUNÇÕES
Resolver problemas é da própria natureza humana. Podemos caracterizar o homem como o “animal
que resolve problemas”, seus dias são preenchidos com aspirações não imediatamente alcançáveis. A
maior parte de nosso pensamento consciente é sobre problemas; quando não nos entregamos a sim-
ples contemplação, ou devaneios, nossos pensamentos estão voltados para algum fim.
Os problemas não têm desempenhado seu verdadeiro papel no ensino, pois na melhor das hipóteses,
são utilizados apenas como forma de aplicação de conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alu-
nos, tendo em vista que, a prática mais frequente consiste em ensinar um conceito, procedimento ou
técnica e depois apresentar um problema para avaliar se os alunos são capazes de empregar o que
lhe foi ensinado. Para a grande maioria dos alunos, resolver um problema significa fazer cálculos com
os números do enunciado ou aplicar algo que aprenderam nas aulas.
Assim sendo, o desenvolvimento dos exercícios seriam explorados pelo professor nos exercícios de
Matemática de forma diferenciada, sem priorizar apenas a atividade por si só.
Os objetivos gerais da área da Matemática, nos PCN, buscam contemplar todas as linhas que devem
ser trabalhadas no ensino da matemática. Esses objetivos têm como propósito fazer com que os alunos
possam pensar matematicamente, levantar ideias matemáticas, estabelecer relações entre elas, saber
se comunicar ao falar sobre elas, desenvolver formas de raciocínios, estabelecer conexões entre temas
matemáticos e outras áreas, poder construir conhecimentos matemáticos e desenvolver a capacidade
de resolver problemas, explorá-los, generalizá-los e até propor novos problemas a partir deles.
A Resolução de Problemas, permeia entre dois aspectos, um mais tradicional, sistemático e dedutivo
com um outro que se caracteriza como sendo indutivo e experimental, porém neste contexto, a Mate-
mática ultrapassa as possibilidades pois permite criar novas estratégias para solucionar diversas situ-
ações–problemas (POLYA,2006).
Ensinar a resolver problemas é uma tarefa muito mais complexa do que resolver algoritmos e equações.
A postura do professor ao ensinar um algoritmo é, em geral, a de um orientador dando instruções,
passo a passo, de como fazer. Na resolução de problemas, ao contrário o professor deve funcionar
como incentivador e moderador das ideias geradas pelos próprios alunos.
• Resolução de problemas coloca o foco da atenção dos alunos sobre as ideias matemáticas e sobre
dar o sentido.
• Resolução de problemas desenvolve poder matemático nos alunos, ou seja, capacidade de pensar
matematicamente, utilizar diferentes e convenientes estratégias em diferentes problemas, permitindo
aumentar a compreensão dos conteúdos e conceitos matemáticos.
• Resolução de problemas desenvolve a crença de que os alunos são capazes de fazer matemática e
de que a Matemática faz sentido, a confiança e autoestima dos estudantes aumentam.
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• Resolução de problemas fornece dados de avaliação contínua, que podem ser usados para a tomada
de decisões instrucionais e para ajudar os alunos a obter sucesso com a matemática.
• Professores que ensinam dessa maneira se empolgam e não querem voltar a ensinar na forma dita
tradicional. Sentem-se gratificados com a constatação de que os alunos desenvolvem a compreensão
por seus próprios raciocínios
• A formalização dos conceitos e teorias matemáticas, feita pelo professor, passa a fazer mais sentidos
para os alunos.
Ensinar a resolver problemas é algo que difere de todos os outros aspectos da educação matemática.
A maioria dos professores concordaria que planejar o ensino de maneira a ajudar os alunos a se tor-
narem mais aptos para a resolução de problemas difíceis e não rotineiros é a tarefa mais desafiadora
enfrentadas por eles nas aulas de matemática.
Além disso, para Onuchic e Allevato (2005, p.222), a compreensão da matemática por parte dos alunos,
envolve:
[...] a ideia de que compreender é essencialmente relacionar. Esta posição baseia-se na observação
de que a compreensão aumenta quando o aluno é capaz de relacionar uma determinada ideia Mate-
mática a um grande número ou a uma variedade de contextos, relacionar um dado problema a um
grande número de ideias matemáticas implícitas nele, construir relação entre as várias ideias Matemá-
ticas contidas num problema. Ressalte-se que as indicações de que um estudante entende, interpreta
mal ou não entende ideias Matemáticas surgem, com frequência, quando ele resolve um problema.
Pelos fatos mencionados acima, acredita-se que por meio da metodologia da Resolução de Problemas,
o educando poderá ser motivado a encontrar novas maneiras e possibilidades de resolver a mesma
situação e desenvolver o pensamento lógico e, consequentemente a criação de estratégias, de espírito
crítico, de trabalho em grupo e da autonomia gerada a partir da confiança na própria capacidade de
enfrentar novas situações problemas dentro ou fora da escola.
O professor deve fazer uso de práticas metodológicas para a Resolução de Problemas, como exposi-
ção oral e resolução de exercícios. Isso pode tornar as aulas mais dinâmicas e não restringe o ensino
de Matemática a modelos clássicos, portanto, essa metodologia possibilita compreender os argumen-
tos matemáticos e ajudar a vê-los como um conhecimento passível de ser aprendido pelos sujeitos do
processo de ensino e aprendizagem (SCHOENFELD, 1997)
Ao procurarmos a solução, podemos variar continuamente o nosso ponto de vista, a nossa maneira de
encarar o problema. Temos de mudar de posição de quando em quando. É provável que a nossa
concepção do problema seja muito incompleta no princípio; a nossa perspectiva é outra depois de feito
algum progresso; ela é ainda mais diferente quando estamos quase a chegar à solução.
Ainda em Polya (2006) enfatiza que para solucionar um problema distinguiremos quatro fases de tra-
balho: primeiro, aponta-se compreender o problema, visa perceber claramente o que é necessário;
segundo, verificar como os diversos itens estão inter-relacionados, como a incógnita está ligada aos
dados, para termos a ideia da resolução, para estabelecermos um plano; terceiro, executa-se o plano;
no quarto, identifica-se o retrospecto da resolução completa, revendo-a e discutindo-a.
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Essa afirmação pode ser confirmada por meio dos Parâmetros Curriculares (BRASIL, 1997 p.44-45) ao
resolver um problema, pressupõe que o aluno:
• Elabore um ou vários procedimentos de resolução (como por exemplo, realizar simulações, fazer
tentativas, simular hipóteses).
[...] é necessário desenvolver habilidades que permitam pôr à prova os resultados, testar seus efeitos,
comparar diferentes caminhos para obter a solução. Nessa forma de trabalho, o valor da resposta cor-
reta cede lugar ao processo de resolução.
Uma aula de Matemática onde os alunos, incentivados e orientados pelo professor, trabalhem de modo
ativo – individualmente ou em pequenos grupos – na aventura de buscar a solução de um problema
que os desafia é mais dinâmica e motivadora do que a que segue o clássico esquema de explicar e
repetir. O real prazer de estudar está na satisfação que surge quando o aluno, por si só resolve um
problema. Quanto mais difícil, maior a satisfação em resolvê-lo. Um bom problema suscita a curiosidade
e desencadeia no aluno um comportamento de pesquisa, diminuindo sua passividade e conformismo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p.43) afirmam que ao focar na Resolução de
Problemas como metodologia de ensino e aprendizagem de Matemática o que se defendem é uma
proposta que poderia ser resumida nos seguintes princípios:
• o problema certamente não é um exercício em que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma
fórmula ou um processo operatório. Só há problema se o aluno for levado a interpretar o enunciado da
questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada;
• aproximações sucessivas de um conceito são construídas para resolver um certo tipo de problema;
num outro momento, o aluno utiliza o que aprendeu para resolver outros, o que exige transferências,
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retificações, rupturas, segundo um processo análogo ao que se pode observar na História da Matemá-
tica;
• um conceito matemático se constrói articulado com outros conceitos, por meio de uma série de retifi-
cações e generalizações. Assim, pode-se afirmar que o aluno constrói um campo de conceitos que
toma sentido num campo de problemas, e não um conceito isolado em resposta a um problema parti-
cular;
• a resolução de problemas não é uma atividade para ser desenvolvida em paralelo ou como aplicação
da aprendizagem, mas uma orientação para a aprendizagem, pois proporciona o contexto em que se
pode apreender conceitos, procedimentos e atitudes matemáticas.
A Resolução de Problemas pode propiciar o envolvimento do aluno com uma atividade cujo método de
resolução ainda é desconhecido, para isso, é necessário buscar estratégias fazendo uso do conheci-
mento matemático que já possui. Dessa forma, os conceitos matemáticos ficam mais compreensivos,
pois o docente os adquiri por meio de observação e tentativa, estabelecendo relações com outras ex-
periências e garantindo assim, o exercício de suas capacidades intelectuais de forma criativa.
Dante (1991) discorre que a Matemática, enquanto disciplina, precisa formar cidadãos ativos e partici-
pantes que deverão tomar decisões rápidas e precisas. Estando alfabetizados matematicamente, sa-
berão como resolver de modo inteligente seus problemas relacionados ao comércio, economia, admi-
nistração, engenharia, medicina, previsão do tempo e outras estâncias da vida diária. E, para isso é
preciso que tenham em seu currículo de Matemática elementar, a Resolução de Problemas como parte
substancial, para que desenvolva a sua capacidade de resolver situações problemas.
Portanto, cabe ao professor assegurar um espaço que possa possibilitar a discussão, na qual os alunos
pensem sobre os problemas que irão resolver, elaborem uma estratégia, apresentem suas hipóteses e
façam o registro da solução encontrada ou de recursos que utilizaram para chegarem ao resultado.
Isso favorece a formação do pensamento matemático, livre do apego às regras. O aluno pode lançar
mão de recursos como a oralidade, o desenho e outros, até se sentir à vontade para utilizar sinais
matemáticos (SMOLE; DINIZ, 2001).
O aluno deve compreender que as Funções estão presentes nas diversas áreas do conhecimento e
modelam matematicamente situações que, pela resolução de problemas, auxiliam o homem em suas
atividades. As Funções devem ser vistas como construção histórica e dinâmica, capaz de provocar
mobilidade às explorações matemáticas, por conta da variabilidade e da possibilidade de análise do
seu objeto de estudo e por sua atuação em outros conteúdos específicos da Matemática. Tal mobilidade
oferece ao aluno a noção analítica de leitura do objeto matemático. No Ensino Fundamental, na abor-
dagem do Conteúdo Estruturante Funções, é necessário que o aluno elabore o conhecimento da rela-
ção de dependência entre duas grandezas. É preciso que compreenda a estreita relação das funções
com a Álgebra, o que permite a solução de problemas que envolvem números não conhecidos. O aluno
do Ensino Fundamental deve conhecer as relações entre variável independente e dependente, os va-
lores numéricos de uma função, a representação gráfica das funções afim e quadrática, perceber a
diferença entre função crescente e decrescente. Uma maneira de favorecer a construção de tais co-
nhecimentos é a utilização de situações-problema. As abordagens do Conteúdo Funções no Ensino
Médio devem ser ampliadas e aprofundadas de modo que o aluno consiga identificar regularidades,
estabelecer generalizações e apropriar-se da linguagem matemática para descrever e interpretar fenô-
menos ligados à Matemática e a outras áreas do conhecimento. O estudo das Funções ganha relevân-
cia na leitura e interpretação da linguagem gráfica que favorece a compreensão do significado das
variações das grandezas envolvidas.
O estudo do conteúdo de funções é importante para que o estudante seja capaz de analisar e interpretar
as informações contidas nos gráficos e tabelas, reconhecer exemplos e resolver exercícios em que as
funções estejam contextualizadas em situações do cotidiano ou aplicadas às outras áreas do conheci-
mento.
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No contexto da matemática escolar com vistas às aplicações, funções podem ser entendidas como um
conceito que trata de problemas de variação e quantificação de fenômenos. Ou, em outras palavras, o
estudo das funções pode ser entendido como o estudo de relações entre grandezas que variam. Dentro
desta concepção, uma variável representa os valores do domínio de uma função, surgindo a noção de
variáveis dependente e independente. Tendo em vista esta noção, destacamos alguns aspectos que
consideramos importantes de serem desenvolvidos na escola média. São eles: a) a natureza algébrica;
b) as diferentes formas de representação; c) aplicação a problemas e situações da vida e de outras
ciências; d) articulação com outros tópicos da própria Matemática.
É necessário que os alunos adquiram a capacidade de compreender, analisar e argumentar sobre fe-
nômenos científicos. Ler e interpretar gráficos, pois esses conhecimentos matemáticos irão contribuir
para sua formação cultural e a inserção no mundo do trabalho.
[...] é possível por meio da resolução de problemas desenvolver no aluno iniciativa, espírito explorador,
criatividade, independência e a habilidade de elaborar um raciocínio lógico e fazer uso inteligente e
eficaz dos recursos disponíveis, para que ele possa propor boas soluções às questões que surgem em
seu dia a dia, na escola ou fora dela.
Trabalhando com essa metodologia aos poucos o estudante consegue buscar soluções diferentes para
resolver as situações problemas propostos.
[...] devemos propor aos estudantes várias estratégias de resolução de problemas, mostrando-lhes que
não existe uma única estratégia, ideal e infalível. A resolução de problemas não se deve constituir em
experiências repetitivas, através da aplicação dos mesmos problemas (com outros números) resolvidos
pelas mesmas estratégias. O interessante é resolver diferentes problemas com uma mesma estratégia
e aplicar diferentes estratégias para resolver um mesmo problema.
Utilizar a metodologia de Resolução de Problemas para desenvolver o conteúdo de Função Afim, po-
derá permitir ao educando e ao professor discutir possibilidades e caminhos diferentes para construção
do conhecimento, pois, essa metodologia possibilita o trabalho em grupo, as discussões dos conceitos
e operações envolvidas para a resolução do problema proposto.
Ao esclarecer os pontos principais do problema, o aluno compreende de maneira melhor o que a ques-
tão exige, chegando-se assim, na resolução.
[...] o ensino-aprendizagem de um tópico matemático deve sempre começar com uma situação-pro-
blema que expressa aspectos-chaves desse tópico desse tópico e técnicas Matemáticas devem ser
desenvolvidas na busca de resposta razoável à situação-problema dada. O aprendizado deste modo
pode ser visto como um movimento do concreto (um problema do mundo real que serve como exemplo
do conceito ou da técnica operatória) para o abstrato (uma representação simbólica de uma classe de
problemas e técnicas para operar com estes símbolos).
Com base nessas contextualizações, desenvolver o conteúdo de Função Afim na perspectiva da Re-
solução de Problemas é uma forma de possibilitar ao aluno um aprendizado mais eficaz, já que será
pautado nas situações do cotidiano; tendo como objetivo despertar no indivíduo o senso crítico para
observar as relações existentes entre as atividades desenvolvidas nas aulas com situações do seu dia
a dia.
Além disso, trabalhando por meio da resolução de problemas, os alunos poderão refletir e questionar
os novos conceitos que lhes são apresentados
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Os conceitos matemáticos que os alunos criam, num processo de construção, não são as ideias bem
formadas concebidas pelos adultos. Novas ideias são formadas pouco a pouco, ao longo do tempo,
quando os alunos refletem ativamente sobre elas e as testam através dos muitos diferentes caminhos
que o professor pode lhes oferecer. Aí está o mérito das discussões entre os estudantes em grupo de
trabalho. Quanto mais condições se deem aos alunos para pensar e testar uma ideia emergente, maior
é a chance de essa ideia ser formada corretamente e integrada numa rica teia de ideias e de compre-
ensão relacional. Nesse contexto se insere a metodologia de “EnsinoAprendizagem de Matemática
através da Resolução de Problemas”, que se constitui num caminho para se ensinar Matemática atra-
vés da Resolução de Problemas e não apenas para se ensinar a resolver problemas. Nela, conforme
já foi recomendado nos PCN, o problema é um ponto de partida e, na sala de aula, através da Resolu-
ção de Problemas, deve se fazer conexões entre os diferentes ramos da Matemática, gerando novos
conceitos e novos conteúdos. Numa sala de aula onde o trabalho é feito com a abordagem de ensino
aprendizagem de Matemática através da Resolução de Problemas, busca-se usar tudo que havia de
bom nas reformas anteriores: repetição, compreensão, o uso da linguagem Matemática da teoria dos
conjuntos, Resolução de Problemas e, às vezes até a forma de ensino tradicional.
É sabido que não existe apenas um caminho para o ensino de qualquer disciplina no cenário da edu-
cação, portanto, o conhecimento de diversas metodologias para que o professor possa enriquecer sua
prática em sala de aula é fundamental, assim, a Resolução de Problemas pode ser uma delas, a qual
já vem sendo discutida ao longo dos últimos anos.
Portanto, para que o aluno possa solucionar os problemas que são apresentados como atividades nas
aulas de Matemática, sugere-se a utilização da metodologia de Resolução de Problemas. Dessa forma,
poderá criar as estratégias para encontrar a solução de cada situação apresentada (BRASIL,1997)
Utilizar-se da metodologia da Resolução de Problemas como motivação para introdução de novos con-
teúdos nas aulas de Matemática irá criar nos alunos o hábito de leitura, interpretação e pesquisa; tor-
nando as aulas mais interessantes e participativas, conforme fundamentação discutida neste trabalho.
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