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O ENSINO DE FRAÇÕES PARA TURMAS DE ENSINO

FUNDAMENTAL I: DIFICULDADES E METODOLOGIAS DE


ENSINO

Wesley Alves Custódio


Robson dos Santos Ferreira

Eixo: Educação, Educação em Ciências e Educação Matemática


Resumo
Este trabalho objetiva realizar uma análise sobre o ensino de operações com frações nos anos inicias do
Ensino Fundamental, buscando analisar o aprendizado dessa matéria e como o mesmo vem sendo
realizado em sala de aula, e a necessidade de novas metodologias de ensino que permita o aluno ter uma
visão diferente sobre o conteúdo estudado diariamente, jogando por terra o pensamento tanto de docentes
quanto de discentes de que o aprendizado de frações pode ocorrer apenas utilizando uma metodologia
tradicional e repetitiva. Como metodologia para a realização deste trabalho foi escolhida a de caráter
qualitativa, utilizando como autores principais para a elaboração deste: Campos (2011), Magina e
Campos (2008), e Moreira (2002). Também foram utilizadas as obras e artigos de outros autores para a
elaboração do mesmo, onde foi possível trazer informações como a utilização de métodos focados na
utilização de diversos materiais didáticos e de uma metodologia de natureza lúdica a fim de alcançar um
rendimento maior no ensino de operações com frações. Espera-se que este trabalho possa contribuir para
o ensino de operações com frações dos alunos, permitindo que os mesmos não se sintam entediados nem
com a sensação de serem obrigados a entender determinada matéria.

Palavras-chave: Frações; Metodologia; Matemática.

1. Introdução

Conforme encontrado nos Parâmetros Curriculares Nacionais no segundo ciclo


do Ensino Fundamental (4° e 5° ano) um tema bastante discutido a ser trabalhado em
matemática refere-se às frações e números racionais. A BNCC tem como objetivo o
reconhecimento de números racionais no cotidiano, buscando desenvolver habilidades
no que se refere à leitura, escrita, ordenação de números racionais e identificação
fracionária parte-todo por meio de representações gráficas. (BRASIL, 2017).

No entanto, Campos (2011) considera o ensino e aprendizado de frações como


um verdadeiro obstáculo tanto para professores (ao ensinarem) e alunos (para

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aprenderem) desde o quarto ano do ensino fundamental na abordagem do tema desde o
final da escolaridade. Uma possível causa para estas discrepâncias entre os prognósticos
e o real desempenho dos alunos está relacionada ao fato de que os próprios professores
não têm claro os diferentes significados que as frações e seus invariantes assumem, o
que, por sua vez, leva-os a apresentar limitadas estratégias de ensino para auxiliar seus
alunos a superarem falsas concepções sobre fração.

Existe uma série de razões que podem explicar essa resistência a mudanças
educacionais, ainda que tais mudanças sejam justificadas por pesquisas diversas. Dentre
elas, pode-se citar o apego a metodologias tradicionais do ensino de matemática
executado em sala de aula, que são amplamente utilizadas por docentes de matemática.
Apesar da utilização destas metodologias serem usadas amplamente para o ensino da
matemática, Campos (2011) argumenta que o seu uso acaba sendo prejudicial para o
aprendizado do aluno.

Portanto, este trabalho busca realizar uma análise sobre o ensino de frações no
ensino fundamental primário das séries do primeiro ao quinto ano, buscando analisar
como ocorre o aprendizado dessa matéria e como o mesmo vem sendo realizado em sala
de aula, e a necessidade de novas metodologias de ensino que permita o aluno ter uma
visão diferente sobre o conteúdo estudado diariamente, afastando o pensamento de que
o aprendizado de frações pode ocorrer apenas utilizando uma metodologia tradicional e
repetitiva.

Foi escolhida como metodologia para a realização deste trabalho, a de pesquisa


qualitativa, onde foram escolhidas como obras norteadoras deste trabalho os estudos de
Campos (2011), Magina e Campos (2008), e Moreira (2002), analisando cada técnica e
pressuposto teórico adotado por cada um destes. O trabalho conta também com o estudo
e utilização e de artigos de outros diversos autores, onde os mesmos contribuíram
fortemente para a realização do mesmo. Espera-se que a realização deste trabalho possa
ser de grande relevância na contribuição do ensino de operações com frações dos

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alunos, permitindo que os mesmos sintam vontade de aprender os conteúdos passados, e
não apenas como mera obrigação para aprender a matéria.

2. Fundamentação Teórica

Não é de hoje que a aversão à disciplina de matemática tem sido fonte das mais
diversas pesquisas, e como muitos discentes associam seus pensamentos a disciplina
como uma prática de grande dificuldade e, muitas vezes, alimentam o pensamento de
que a mesma é impossível de aprender. A partir disso, surge diversos entraves de
aprendizagem da disciplina, seja relacionado a um conteúdo que exige maior raciocínio
e capacidade, seja em relação a um conteúdo aparentemente fácil em algumas séries, até
conteúdos que demandam maior aptidão e raciocínio para sua realização. Todavia, o
conteúdo de fração ainda é visto com grande dificuldade por alunos que não possuem
tanta aptidão para a realização do mesmo, o que os fazem deparar-se com uma
frustrante realidade (SANTOS; FONSECA, 2019).

Sanches (2004) argumenta que é possível perceber que a aprendizagem se


encontra comprometida e, devido a isso e uma série de fatores também contribuem para
o desentendimento e pouca compreensão do conteúdo proposto, sejam por razões
psicológicas, sociais, metodológicas, deficiência adquirida em anos anteriores de
estudo, dentre outros diversos fatores. Dessa forma, é possível notar que diversas
dificuldades de compreensão dizem respeito à matemática, assim como o conteúdo
fração.

As dificuldades no aprendizado de frações em sala de aula são provenientes dos


mais diversos fatores e sendo assim, cabe não somente ao discente propor a aprender,
mas também a ajuda do docente como mediador e que facilite a compreensão do
assunto. Walle (2009) argumenta que uma das melhores formas para inserir o conceito
de frações são as tarefas do compartilhamento. Todavia, a ideia de partes fracionárias é
primordial para um desenvolvimento forte dos conceitos de fração que deverá ser mais
explorada com tarefas complementares, pois auxiliará os discentes a utilizar mais os

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termos fracionários, levando os mesmos a contar partes fracionárias e descobrir seus
significados.

1.1. A relevância da utilização de recursos metodológicos para o ensino


de frações

Santos (2014) argumenta que o conceito de frações é de grande complexidade e


difícil de ser absorvido, sendo necessário que o discente manipule materiais didáticos a
fim de tornar facilitar a compreensão dos alunos. Por meio do manuseio desses
materiais, os discentes serão capazes de elaborar conceitos, compreensão de regras e
além disso, compreender a aplicação de frações em seu cotidiano. As dificuldades
apresentadas por estes ao trabalhar com números escritos em forma fracionária são
justamente as mínimas aplicações de tal conteúdos nas situações práticas dos mesmos.

Através da manipulação de recursos didáticos, o discente é capaz de visualizar a


abstração de conteúdos matemáticos, no caso das frações por exemplo, que se consiste
em um conteúdo teórico e mais complexo de ser entendido em um primeiro momento.
Porém, existem diversos materiais que permitem trabalhar com definições, situações,
problemas, operações, dentre outros conceitos que envolvam frações (SANTOS, 2014).

Santos (2014) propõe uma abordagem de caráter lúdica e que pode ser bastante
proveitosa para que os alunos sejam capazes de compreender o ensino proposto. Dentre
os elementos utilizados podemos citar:

• Disco de frações: Os discos podem ser um bom recurso para a


comparação de números fracionários, encontrar frações equivalentes e auxiliar nas
operações de adição e subtração de frações. O objetivo desse instrumento é de fazer
com que o discente seja capaz de construir o conceito de ser capaz de identificar as
frações, permitindo também na escrita e leitura das mesmas;

• Desenho geométrico: A prática de desenhar auxilia os alunos a ter a


liberdade de se expressar e fazer interpretações diversas de situações-problemas,
permitindo que o aluno aprenda o conteúdo com maior facilidade. Por meio da prática

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de desenhar, o aluno é capaz de desenvolver noções de espaço-tempo, quantidade,
sequência, apropriando-se do conhecimento próprio, sendo construído respeitando o
ritmo do aluno;

• Blocos lógicos: Blocos lógicos permitem o desenvolvimento da lógica e


do raciocínio, além de ter grande utilidade na comparação e classificação de frações.
Esse material é eficiente para que os alunos possam exercitar a lógica e evoluam em seu
raciocínio abstrato usando de noções como: proporção, comparação, classificação e etc.
Esse material é elaborado por peças que possuam as mais diversas formas (triângulo,
retângulo, círculo, quadrado), as espessuras destes blocos (grosso e fino) seus tamanhos
(pequeno e grande) e cores (verde, roxo, vermelho) (SANTOS, 2014).

Para atingir tais objetivos, faz-se necessário que essas atividades sejam
desenvolvidas utilizando metodologias diferenciadas e que afastem o aluno do conteúdo
repetitivo e tradicional trazido pelo professor, uma vez que essa não pode ser a melhor
alternativa. Uma metodologia que estimule o aluno a utilizar jogos e brincadeiras (como
é o caso do ensino lúdico) é capaz de propiciar interesse nos alunos não apenas no
aprendizado de frações, mas pela matemática de um modo geral (OLIVEIRA, 2011).

3. Aspectos Metodológicos

O trabalho abordado trata-se de uma pesquisa qualitativa que segundo Silveira,


Tolfo e Córdova (2009; p. 34) consiste com as seguintes características: objetivação do
fenômeno, hierarquização das ações de descrever, compreender, precisão das relações
entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o
mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos
buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca
de resultados o mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um
modelo único de pesquisa para todas as ciências.

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A idealização da pesquisa sucedeu através da realização do Estágio
Supervisionado I desenvolvido em uma escola de Ensino Fundamental I, na zona urbana
da cidade de Breves, entre 5 de Novembro de 2021 a 25 de Fevereiro de 2022, cujo
método de avaliação adotado nesse período de pandemia era por meio de “Cadernos
Avaliativos. “Os professores faziam a formulação dos assuntos para cada Ano, seguindo
de atividades baseadas nos assuntos propostos, enviavam para o(a) coordenador(a) da
escola, onde os mesmos produziam um único caderno com todas as matérias.

No dia 5 de novembro de 2021, quando foi levado o ofício na escola para


receber a autorização e a assinatura da diretora para iniciar o estágio supervisionado I, o
coordenador responsável pelo turno da tarde trouxe em conversa a pauta sobre a
dificuldade que os docentes encontraram em elaborar o caderno voltado para os
conteúdos de matemática, principalmente, na maneira em fazer um caderno explicando
os conceitos de fração. Então, mediante a questão levantada pelo coordenador, foi
despertado o ponto inicial para que houvesse o interesse na realização desta pesquisa e,
através de estudos, analisar quais as características que levaram a escola a adotar para
abordar fração por meio desse caderno e se houve potencialidade de ensino.

4. Descrição e Análise dos Dados

A análise e descrição da metodologia aplicada na escola é fundamentada com


base nos materiais fornecidos pela escola no qual foram aplicados em decorrência do
seu período letivo, aliada a narrativa da fundamentação teórica desta pesquisa,
entretanto, em meio a diversas atividades aplicadas, escolhemos uma para compor a
análise da pesquisa. Deste percebe-se na atividade proposta, aplicada no Ensino
Fundamental I na disciplina de Matemática, a escola juntamente com o docente utilizou
o método dos Desenhos Geométricos e a representação dos Disco de Frações dentro da
atividade proposta, no qual Santos (2014), aborda sobre a perspectiva de que esta
metodologia agrega para uma abordagem lúdica, no qual estimula os alunos na
compreensão do ensino proposto.

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Segue abaixo na figura 1, a demonstração da atividade proposta na escola:

Figura 1 - Atividade 01 Realizada na Escola (Ensino Fundamental I)

Na figura 1 acima pode-se observar a atividade 01, observa-se a composição


expressiva do lúdico para os alunos, assim, complementando a abordagem de Santos
(2014), a composição destes recursos didáticos, trouxe para os alunos a visualização do
abstrato para a composição do conteúdo matemático em questão.
Em análise desta atividade, observa-se que há uma breve introdução narrativa
totalmente lúdica, que traz a perspectiva das representações fracionárias, no qual o

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aluno pode visualizar a fração de maneira concreta, saindo do campo abstrato, com base
nas metodologias propostas por Santos (2014), esta breve introdução pode-se observar a
importância dos discos de frações, no qual vem auxiliando os alunos a construir a sua
percepção em identificar as frações propostas na atividade em questão.
A atividade 01 é composta por quatro atividades dentro da mesma, sendo que
três são compostas por atividades lúdicas (desenhos geométricos e discos de frações) e
uma que guia o aluno apenas de forma extensa a escrever a representação fracionária de
cada número.
Dando enfoque nas atividades lúdicas pode ser observado que o aluno em
questão acertou todas as questões propostas, isso reforça a importância do lúdico para a
captação do abstrato para o concreto quando a atividade é direcionada ao campo de
frações, sendo assim, este discente tendo uma noção concreta de como funciona as
representações fracionárias ele pode executar perfeitamente a atividade que não compõe
o lúdico, feita de forma extensiva, isso reforça toda perspectiva teórica de que estes
recursos metodológicos são eficazes e significativos.
Analisando a atividade 02, observa-se que não é composta por nenhuma
metodologia lúdica, debatida pelos teóricos, apenas é retratada a leitura das frações de
maneira escrita, entende-se que nesta atividade foi utilizado um modelo tradicional que
Campos (2011), reforça que estratégias limitadas de ensino podem ser prejudiciais para
o aprendizado do aluno.
Para compreendermos melhor segue abaixo a Figura 02 da atividade 02 em
questão que exemplifica melhor:

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Figura 2 - Atividade 02 Realizada na Escola (Ensino Fundamental I)

Em análise com atividade 02, observa-se que o recurso lúdico não foi explorado,
com isso, esta segunda atividade apenas se dá pela narrativa da leitura fracionária,
totalmente executada de forma numérica e escrita por extenso, sabemos que é
importante que o aluno saiba escrever e ter raciocínio para executar os cálculos, porém é
visível que a ludicidade aplicada na atividade 01 teve melhor desempenho do que na
atividade 02 proposta, pois na primeira questão da atividade 02 o aluno já tem algumas
limitações e não tem totalmente eficácia no acerto desta questão, acredita-se que uma
representação lúdica seja ela por desenhos geométricos, discos fracionais ou até mesmo
a utilização dos blocos lógicos, tornaria o seu aprendizado mais significativo e assertivo,
pois assim ele teria uma visualização mais ampla de como fazer a escrita dos
algarismos, mesmo não tendo elas nas atividades a importância dos blocos lógicos um
material didático a parte seria o ideal para a realização da atividade proposta. A
atividade dois o aluno já obtém acertos, mesmo não obtendo o lúdico, por ser uma
questão mais simples do que a atividade um, da folha 2.
Com toda essa análise das narrativas da mesma atividade proposta dividida em
duas atividades, uma lúdica e outra não lúdica, que trás alusão a metodologias
tradicionais, percebe-se que todo estudo voltado em agregar os principais métodos
eficazes de ensino para o estudo de frações como: Disco de Frações, Desenho

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Geométrico e Blocos lógicos, são sim eficazes na execução de uma atividade para
alunos do ensino fundamental I, pois é nítido que onde se teve esses recursos, o aluno
teve um nível maior em assertividade nas atividades, e na segunda atividade já obteve
algumas dificuldades, por isso pode-se entender que o conceito da atividade 01 é viável
na narrativa dos estudos teóricos desta pesquisa e este método é comprovado na prática
de total eficácia, entendendo que os recursos tradicionais podem ser aliados a eles, para
que o ensino seja muito mais compreensível e eficaz para os alunos, basta a escola e o
corpo docente começar a debater e adaptar esses recursos discutidos nesta pesquisa para
melhor ampliação do conhecimento do aluno e melhor visualização para o docente
poder expandir seus métodos dentro de sala de aula.
Com isso compreende-se que a atividade 01 é muito mais eficaz que a atividade
02, e há melhorias a serem realizadas com as atividades propostas dentro de sala de aula
incluindo o lúdico sempre como o seu pilar para que haja uma compreensão mais
concreta no ensino dos estudos de fração.

5. Considerações Finais
Texto ..........

6. Referências
Conforme as normas da ABNT NBR 6023/2002.

Referências no final do texto

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