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O PAPEL DO PROFESSOR NA IMPLEMENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM COOPERATIVA

NOS ALUNOS DA 3ª CLASSE COM DIFICULDADE DE LEITURA EM MOÇAMBIQUE


Domingos, Armando1; MÁRIO, Rogério Filipe2
1 Universidade Púnguè (UniPúnguè) e-mail: armandodomingos2015@gmail.com;
2 Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Universidade Púnguè (UniPúnguè), e-mail:
rogeriofilipemario@gmail.com

RESUMO
O presente artigo objetivou analisar o papel do Professor na implementação da “Aprendizagem
Cooperativa nos alunos da 3ª classe com dificuldades de Leitura, surge pela existência de inúmeras
dificuldades de implementação de aprendizagem cooperativa dos professores do 2º ciclo na Escola
Primária Completa das Palmeiras, cidade da Beira – Moçambique, onde os métodos tradicionais têm
sido prioritários no processo educativo, condicionando de certa forma a prática de leitura dos alunos da
3ª classe. Para materialização desta pesquisa, recorremos a pesquisa qualitativa, auxiliada às técnicas
de observação e entrevista. Quanto a amostra, foram escolhidos aleatoriamente 08 professores e 50
alunos da 3ª classe. Os resultados da pesquisa, evidenciam que o desconhecimento das metodologias
adequadas para ensino de leitura constitui dificuldades de implementação da aprendizagem
cooperativa nos alunos da 3ª classe na escola em estudo, nesta perspectiva, sugerimos o treinamento
dos professores em matéria de metodologias de ensino diferenciadas, métodos cooperativos e técnicas
de leitura para o melhoramento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

Palavras-chave: Aprendizagem; Cooperativa; Leitura e Papel.

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INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa intitulado o papel do Professor na implementação da
Aprendizagem Cooperativa nos alunos da 3ª classe com dificuldades de leitura. Com isso pretendemos
analisar o papel do professor na implementação da aprendizagem cooperativa nos alunos da 3ª classe
com dificuldade de leitura de textos básicos e que orienta a sua aprendizagem.
A pesquisa foi realizada na Escola Primária e Completa de Palmeiras, localizada da Cidade da
Beira – Moçambique e surge pelo fato de existir a nível da escola inúmeras dificuldades dos professores
implementar as estratégias de aprendizagem cooperativa nas aulas com alunos da 3º classe/série,
onde maior parte dos professores recorrem a métodos tradicionais para o processo de ensino e
aprendizagem da leitura no ensino fundamental.

Cientificamente, a pesquisa oferece as diferentes formas interventivas no ensino e


aprendizagem de leitura de modo a trazer solução à problemática que dificulta o domínio de leitura dos
alunos. Adicionalmente, o presente artigo ajudará aos demais professores de modo a não pautarem
apenas pelos métodos tradicionais durante o processo de leccionação, visto que, estes transformam o
aluno num ser passivo e dependente das abordagens trazidas pelos professores e consequentemente,
terão maiores dificuldades nos níveis subsequentes, que se exige maior empenho dos alunos na
realização das atividades escolares. Ainda com esse trabalho espera-se dar a conhecer aos
professores as estratégias que se devem adotar durante a implementação da aprendizagem
cooperativa.

Embora maior parte dos professores da escola em estudo recorrem a métodos tradicionais para
o processo de ensino e aprendizagem, denota-se o seu empenho no descobrimento de outras práticas
de aprendizagem que possa favorecer a aprendizagem de leitura dos alunos, mas as suas limitações
faz com que se opte ou se agarrem somente ao método expositivo que no seu figurino não unifica o
equilíbrio do processo de assimilação e acomodação da matéria dada na sala de aula.
Diante do cenário descrito anteriormente, levanta-se a seguinte pergunta de partida: Qual é o
papel do Professor na Implementação da Aprendizagem Cooperativa nos alunos com dificuldade de
leitura na Escola Primária e Completa das Palmeiras, na cidade da Beira - Moçambique?

METODOLOGIA
Para materialização desta pesquisa, foi usado o método bibliográfico e embasado por uma
abordagem qualitativa e auxiliado com as técnicas de observação e a entrevista para o levantamento
de dados junto a escola, aos professores e alunos. Sendo assim, o estudo utilizou uma amostra
constituída por 08 professores e 50 alunos do 3º classe da Escola Primária Completa das Palmeiras,
na cidade da Beira, Moçambique.

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O PAPEL DO PROFESSOR NA IMPLEMENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM COOPERATIVA


Segundo FONTES & FREIXO (2004:58), ao professor compete:
Definir os objetivos do trabalho, tomar todas as decisões e realizar os
preparativos necessários à implementação da aprendizagem cooperativa,
motivando previamente os alunos para a execução das tarefas propostas e
explicar os procedimentos cooperativos a adoptar para que o grupo atinja o
sucesso, assim como pôr em funcionamento os princípios básicos que permitam
aos grupos de trabalho serem verdadeiramente cooperativos no que respeita à
interdependência positiva, à responsabilidade individual, à interação pessoal, à
integração social e à avaliação do grupo.
Quanto mais estruturado e organizado estiver o grupo maior será o seu sucesso, remetendo
para o professor grandes responsabilidades em todo este processo. O autor acima apresenta-nos
alguns papéis a serem desempenhados pelo Professor na implementação da Aprendizagem
Cooperativa, à saber:
➢ Garantir que cada aluno conheça os objetivos do grupo;
➢ Controlar a rotatividade de papéis;
➢ Estimular o intercâmbio de explicações e justificações necessárias à realização das tarefas;
➢ Assegurar a disponibilidade dos recursos básicos para a realização da tarefa;
➢ Garantir o sucesso dos elementos mais fracos;
➢ Fornecer aos grupos os critérios e instrumentos de avaliação essenciais para a avaliação;
➢ Controlar o tempo de realização das tarefas;
➢ Dar ênfase ao papel que cada um desempenha dentro do grupo e;
➢ Estimular a capacidade de argumentação sempre que existam opiniões divergentes.
Os estudos na atualidade apontam os benefícios do trabalho cooperativo. No entanto, não basta
somente incentivar crianças e adolescentes a trabalhar em conjunto, mas é necessário que exista uma
planificação e intervenções adequadas por parte do professor. O professor tem um papel importante
no enquadramento, organização e otimização do trabalho cooperativo.

O TRABALHO COOMPERATIVO INSPIRADO NA TEORIA DE APRENDIZAGEM DE VIGOSTKY


Segundo VIGOTSKY (1984, p. 98), “dois tipos de desenvolvimento foram identificados:
o desenvolvimento real que se refere àquelas conquistas que já é consolidado na
criança, aquelas capacidades ou funções que realiza sozinha sem auxílio de outro
indivíduo. Habitualmente costuma-se avaliar a criança somente neste nível, ou seja,
somente o que ela já é capaz de realizar. Já o desenvolvimento potencial se refere àquilo
que a criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. Neste caso as experiências
são muito importantes, pois ele aprende através do diálogo, colaboração, imitação... A
distância entre os dois níveis de desenvolvimentos chama de zona de desenvolvimento
potencial ou proximal, o período que a criança fica utilizando um ‘apoio’ até que seja
capaz de realizar determinada atividade sozinha. Por isso Vigotsky afirma que “aquilo
que é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real

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amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será
capaz de fazer sozinha amanhã.

Aqui é possível elaborar estratégias pedagógicas para que a criança possa evoluir no
aprendizado. Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a concretizar o
desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a transformar o desenvolvimento potencial em
desenvolvimento real.
Trabalhar cooperativamente permite aos alunos desenvolver a auto-estima, melhorar o
relacionamento interpessoal e prevenir algumas indisciplinas típicas de sala de aulas. Ao aprender a
trabalhar com os outros e para os outros o aluno mune-se de ferramentas indispensáveis a uma
intervenção individual e comunitária na sociedade. Prepara-se ainda, para empregos seguros e
duradouros em que o trabalho em equipa é o segredo para a competitividade.

A ORGANIZAÇÃO E A ADAPTAÇÃO A PARTIR DA TEORIA DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO


DE PIAGET
Piaget, para explicar o desenvolvimento intelectual, partiu da ideia que os atos biológicos são
atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um
equilíbrio. Assim, Piaget entende que o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o
desenvolvimento biológico (WADSWORTH, 1996).

Para PIAGET (1952, p. 7), a atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento
"total" do organismo, pois do ponto de vista biológico, a organização é inseparável da adaptação: Eles
são dois processos complementares de um único mecanismo, sendo que o primeiro é o aspecto interno
do ciclo da qual a adaptação constitui o aspecto externo.

Segundo PIAGET (1952), a adaptação é a essência do funcionamento intelectual, assim como


a essência do funcionamento biológico. É uma das tendências básicas inerentes a todas as espécies.
A outra tendência é a organização. Que constitui a habilidade de integrar as estruturas físicas e
psicológicas em sistemas coerentes. Ainda segundo o autor, a adaptação acontece através da
organização, e assim, o organismo discrimina entre a miríade de estímulos e sensações com os quais
é bombardeado e as organiza em alguma forma de estrutura. Esse processo de adaptação é então
realizado sob duas operações, a assimilação e acomodação.

ASSIMILAÇÃO E ACOMODAÇÃO
Segundo Piaget (1996, p. 13), “assimilação é uma integração à estruturas prévias, que podem
permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem
descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente

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acomodando-seà nova situação. Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos
estímulos aos esquemas que ela possui até aquele momento”.
Entrando agora na operação cognitiva da acomodação, é dada por PIAGET (1996, p. 18),
“acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de
assimilação sob ainfluência de situações exteriores (meio) aos quais se aplicam”

Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novo esquema ou modificar um
esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a
acomodação, a criança podetentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura
cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.

EQUILIBRAÇÃO
Segundo LIMA (1994, p. 147), as três formas básicas de equilibração, são elas:
Em função da interação fundamental de início entre o sujeito e os objetos, há
primeiramente a equilibração entre a assimilação destesesquemas e a acomodação
destes últimos aos objetos. 2. Há, em segundo lugar, uma forma de equilibração que
assegura as interações entre os esquemas, pois, se as partes apresentam
propriedades enquanto totalidades, elas apresentam propriedades enquanto partes.
Obviamente, as propriedades das partes diferenciam- se entre si. Intervêm aqui,
igualmente, processos de assimilação e acomodação recíprocos que asseguram as
interações entre dois ou mais esquemas que, juntos, compõem um outro que os
integra. 3. Finalmente, a terceira forma de equilibração é a que assegura as
interações entre os esquemas e a totalidade. Essa terceira forma é diferente da
Segunda, pois naquela a equilibração intervém nas interações entre as partes,
enquanto nesta terceira a equilibração intervém nas interações das partes com o
todo. Em outras palavras, naSegunda forma temos a equilibração pela diferenciação;
na terceira temos a equilibração pela integração.
Dessa forma, podemos ver a integração em um todo, segundo a teoria da equilibração
como uma tarefa de assimilação, enquanto a diferenciaçãopode ser vista como uma tarefa de
acomodação. Há, contudo, conservação mútua do todo e das partes.

MÉTODOS DE ENSINO DE LEITURA


Segundo GALLIANO (1979, p. 6), “método é um “conjunto de etapas, ordenadamente dispostas,
a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado
fim.” Para o ensino da leitura no 3.º Ciclo do Ensino Básico, existem diversos métodos que se podem
utilizar. Cada método é distinto pois trabalha aquilo que acha mais correto. Os mais utilizados no
sistema de ensino português são os Métodos Globais ou Analíticos, os Métodos Sintéticos ou Fónicos
e os mistos que juntam Analítico e Sintético”.

A utilização de um método e a escolha deste, feita pelo docente, irá auxiliar na


organização e orientação da prática pedagógica a desenvolver no processo de ensino
aprendizagem. A utilização dos diferentes métodos pedagógicos a serem aplicados irão
favorecer a aprendizagem, de forma a estimular o aluno a adquirir as aprendizagens
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planeadas para o grau de ensino frequentado. No entanto, “o docente não se deve deixar
deslumbrar pelo progresso metodológico. Deve ter sempre em atenção que não existe
nenhum método que seja totalmente eficaz com todos os seus alunos e que todos os
métodos podem ajudar na aprendizagem. Vários professores adaptam métodos e
ferramentas utilizadas para o ensino da alfabetização, e cabe aos mesmos ter várias
ferramentas para ensinar os alunos a ler e a escrever, da palavra à letra, da letra à
palavra, passando pelas sílabas, chegando à construção de frases e textos com os
conhecimentos necessários adquiridos. (DIAS 2013, p. 22)

IMPORTÂNCIA DE LEITURA
O livro leva a criança a desenvolver a criatividade, a sensibilidade, a sociabilidade, o senso
crítico, a imaginação criadora, e algo fundamental, o livro leva a criança a aprender o português. É
lendo que se aprende a ler, a escrever e interpretar. É por meio do texto literário (poesia ou prosa) que
ela vai desenvolver o plano das ideias e entender a gramática, suporte técnico da linguagem. Estudá-
la, desconhecendo as estruturas poético-literárias da leitura, é como aprender a ler, escrever e
interpretar, e não aprender a pensar. (PRADO, 1996, p. 19-20)

A ação de ler não é somente para entretenimento ou uso académico, é também, uma óptima
ferramenta que oferece ao leitor uma visão ampla do mundo, onde o sujeito pode contextualizar suas
próprias experiências com o texto lido.

Então, a leitura é fundamental e necessária para a criação de um indivíduo crítico, apto para
discutir seus pontos de vista, por estar preparado e equipado com uma carga intelectual, superior a
outro indivíduo que não obteve a mesma carga literária.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE DADOS


Nesta sessão passamos a apresentar os dados empíricos, relativamente ao nosso grupo alvo.
Obviamente, nesta senda, o nosso grupo alvo são professor e alunos. Os dados referidos nesta sessão
são apresentados e analisados qualitativamente de modo a sabermos realmente onde se assenta o
principal problema.

ENTREVISTA DIRIGIDA AOS PROFESSORES DA 3ª CLASSE

Tabela 1: Alunos com evidência de dificuldades de aprendizagem de leitura


Professor da 3ª classe Respostas Entrevistados
Tem trabalhado directamente em Sim, presto mais atenção no aluno 2
contexto de sala de aula com alunos com dificuldade por exemplo: aluno
que evidenciam dificuldades de que saem de vez para casa de
banho.

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aprendizagem na leitura? Se sim, de Sim, dificuldades de aprendizagem


que maneira? na leitura, acontece devido o mau
comportamento durante a 6
introdução da leitura e escrita das
vogais.
Total 8
Fonte, autores, 2022

Mediante a apresentação dos dados acima notamos que, dos 8 entrevistados, 2 professores
afirmaram positivamente que sim, têm trabalhados diretamente em contexto de sala de aula com alunos
que evidenciam dificuldades de aprendizagem na leitura da seguinte maneira, prestam atenção no
aluno com dificuldade de leitura e, 6 professores afirmaram que sim, têm trabalhados diretamente em
contexto de sala de aula com alunos que evidenciam dificuldades de aprendizagem na leitura,
justificaram, dizendo que, acontece devido o mau comportamento durante a introdução da leitura e
escrita das vogais.

Pereira (2011) define a Dislexia como sendo:


[…] uma incapacidade específica de aprendizagem, de ordem neurobiológica. É
caracterizada por dificuldades na fluência da leitura de palavras, resultado de
insuficientes competências leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de
uma perturbação fonológica e podem progredir desde a compreensão leitora ao
impedimento do desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais”
(PEREIRA, 2011, p. 5)
.Analisando os dados acima, constatamos que, o maior índice dos professores não tem
conhecimento profundo sobre dificuldades de aprendizagem, e evidenciamos que, não têm trabalhados
com alunos com dificuldades de leitura. É notório quando eles afirmam que “Sim, presto mais atenção
no aluno com dificuldade por exemplo: aluno que saem de vez para casa de banho” e, aos outros
professores entrevistados quando afirmam que “Sim, dificuldades de aprendizagem na leitura, acontece
devido o mau comportamento durante a introdução da leitura e escrita das vogais”. Conclui-se que, os
professores confundem dificuldades de leitura com mau comportamento de alunos.

Tabela 2: As metodologias usadas na sala de aula para alunos com dificuldade de leitura
Professor da 3ª classe Respostas Entrevistados
Elaboração Conjunta, expositiva e
interrogativa, colocar perto do 6

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8

Quais são as metodologias que têm professor os alunos com maiores


usado na sala de aula para alunos dificuldades, chama-los sempre ao
com dificuldade de leitura? quadro.
______________ 2

Total 8
Fonte, autores, 2022

De acordo com os dados em alusão, dos 8 entrevistados, 6 professores afirmaram que as


metodologias que têm usado na sala de aula para alunos com dificuldade de leitura são elaboração
Conjunta, expositiva e interrogativa, colocar perto do professor os alunos com maiores dificuldades,
chama-los sempre ao quadro e, 2 professores não revelaram nada sobre as metodologias que têm
usados na sala de aula para alunos com dificuldade de leitura.

Segundo Galliano (1986, p. 6), “método é um “conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a


serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar determinado
fim”. Para o ensino da leitura no 3.º Ciclo do Ensino Básico, existem diversos métodos que se podem
utilizar. Cada método é distinto, pois trabalha aquilo que acha mais correto. Os mais utilizados no
sistema de ensino português são os Métodos Globais ou Analíticos, os Métodos Sintéticos ou Fónicos
e os mistos que juntam Analítico e Sintético.

“A utilização de um método e a escolha deste, feita pelo docente, irá auxiliar na


organização e orientação da prática pedagógica a desenvolver no processo de ensino
aprendizagem. A utilização dos diferentes métodos pedagógicos a serem aplicados irão
favorecer a aprendizagem, de forma a estimular o aluno a adquirir as aprendizagens
planeadas para o grau de ensino frequentado. No entanto, “o docente não se deve deixar
deslumbrar pelo progresso metodológico. Deve ter sempre em atenção que não existe
nenhum método que seja totalmente eficaz com todos os seus alunos e que todos os
métodos podem ajudar na aprendizagem. Vários professores adaptam métodos e
ferramentas utilizadas para o ensino da alfabetização, e cabe aos mesmos ter várias
ferramentas para ensinar os alunos a ler e a escrever, da palavra à letra, da letra à
palavra, passando pelas sílabas, chegando à construção de frases e textos com os
conhecimentos necessários adquiridos”. (DIAS 2013, p. 22)

Analisando os dados acima, na questão atinente “as metodologias que têm usado na sala de
aula para alunos com dificuldade de leitura”, denotamos que, as metodologias ora usadas respondem
as dificuldades de leitura dos alunos. Não obstante, eles substanciam-se aos métodos propostos por
autor acima citados, apesar que os alunos estão na 3ª classe, entendemos que, no ensino de leitura
poderia se diversificar os métodos, usando por um lado métodos globais ou analíticos, e por outro lado,
os métodos sintéticos ou fónicos e os mistos que juntam analítico e sintético em consonância com o
uso das vogais e as consoantes.

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Contudo, é preocupante aos professores que não responderam essa questão, mesmo o dado
da nossa observação evidencia esse comportamento, durante a nossa assistência das aulas era notória
a utilização das metodologias de ensino de leitura com uma insegurança, o que de certa forma, significa
esses professores ainda precisam rever os métodos acima referenciados.

ENTREVISTA DIRIGIDA AOS ALUNOS DA 3ª CLASSE


Tabela 3: Cooperação entre alunos e professor na aprendizagem de leitura
Alunos da 3ª classe Respostas Entrevistados
Exercícios em grupo 9
Como tem cooperado com seus colegas e
Cada um sozinho devido 40
professor na aprendizagem de leitura?
Covid-19
Escreve no quadro e leitura 1
em conjuntos
Total 50
Fonte, autores, 2022

Dos dados acima revelam que, dos 50 entrevistados, 9 alunos responderam que têm
cooperados com seus colegas e professor na aprendizagem de leitura por meio de exercícios em grupo,
40 alunos revelam que não têm cooperados com seus colegas e professor na aprendizagem de leitura
e cada um sozinho devido Covid-19 e, 1 aluno revelou que tem cooperado com seus colegas e
professor na aprendizagem de leitura através da cópia no quadro e da leitura conjunta na sala de aula.

Segundo Lima (1994) as três formas básicas de equilibração,são elas:


Em função da interação fundamental de início entre o sujeito e os objetos, há
primeiramente a equilibração entre a assimilação destesesquemas e a acomodação
destes últimos aos objetos. 2. Há, em segundo lugar, uma forma de equilibração que
assegura as interações entre os esquemas, pois, se as partes intervêm aqui,
igualmente, processos de assimilação e acomodação recíprocos que asseguram as
interações entre dois ou mais esquemas que, juntos, compõem um outro que os
integra. 3. Finalmente, a terceira forma de equilibração é a que assegura as
interações entre os esquemas e a totalidade. ( LIMA, 1994, p. 147),
Analisando os dados acima expostos, a aprendizagem individual tem sido destaque, desde que eclodiu
a Covid-19 no mundo e especificamente em Moçambique. Contudo, é necessário que os professores
sensibilizem aos alunos para aprendizagem cooperativa.

Tabela 4: Domínio de leitura


Alunos da 3ª classe Respostas Entrevistados

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Sim, costuma nos ensinar a ler com vogais


e juntar as vogais com consoantes como:
Tem domínio de leitura do m + a = ma; f + a = fa; mas também em 10
texto? Se sim ou não, o que casa aprender a ler com explicador
seus professores têm feito Não, diz para copiar o que está no quadro 34
no ensino de leitura para si? e depois para ler
Sim, tento ler pequenas palavras do texto,
sempre o professor diz para ler quadro 6
silábico (ma-me-mi-mo-um; pa-pe-pi-po-
pu; na-ne-ni-no-nu, etc.)
Total 50
Fonte, autores, 2022

Os dados em alusão revelam que, dos 50 entrevistados, 10 alunos ` afirmaram que têm domínio
de leitura e seu professor costuma-lhes ensinar a ler com vogais e juntar as vogais com consoantes
como: m + a = ma; f + a = fa; as também em casa aprender a ler com explicador, 34 alunos disseram
que não têm domínio de leitura, pois seus professor diz para copiar o que está no quadro e depois para
ler e, 6 alunos afirmaram que sim, e tentam ler pequenas palavras do texto, sempre o professor diz
para ler quadro silábico (ma-me-mi-mo-um; pa-pe-pi-po-pu; na-ne-ni-no-nu, etc.).

Segundo VIGOTSKY (1984) aponta dois tipos de desenvolvimento:


o desenvolvimento real que se refere àquelas conquistas que já é consolidado na
criança, aquelas capacidades ou funções que realiza sozinha sem auxílio de outro
indivíduo. Habitualmente costuma-se avaliar a criança somente neste nível, ou seja,
somente o que ela já é capaz de realizar. Já o desenvolvimento potencial se refere àquilo
que a criança pode realizar com auxílio de outro indivíduo. Neste caso as experiências
são muito importantes, pois ele aprende através do diálogo, colaboração, imitação... A
distância entre os dois níveis de desenvolvimentos chama de zona de desenvolvimento
potencial ou proximal, o período que a criança fica utilizando um ‘apoio’ até que seja
capaz de realizar determinada atividade sozinha. Por isso Vigotsky afirma que “aquilo
que é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real
amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será
capaz de fazer sozinha amanhã. (VIGOTSKY, 1984, p. 98),

Aqui é possível elaborar estratégias pedagógicas para que a criança possa evoluir no
aprendizado. Esta é a zona cooperativa do conhecimento. O mediador ajuda a criança a concretizar o
desenvolvimento que está próximo, ou seja, ajuda a transformar o desenvolvimento potencial em
desenvolvimento real.
Segundo PIAGET (1996), a assimilação é uma integração à estruturas prévias, que pode
permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem
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descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente
acomodando-seà nova situação. Isto significa que a criança tenta continuamente adaptar os novos
estímulos aos esquemas que ela possui até aquele momento.
Entrando agora na operação cognitiva da acomodação, é dada por PIAGET (1996, p. 18),
“acomodação (por analogia com os "acomodatos" biológicos) toda modificação dos esquemas de
assimilação sob ainfluência de situações exteriores (meio) aos quais se aplicam”

Diante deste impasse, restam apenas duas saídas: criar um novoesquema ou modificar um
esquema existente. Ambas as ações resultam em uma mudança na estrutura cognitiva. Ocorrida a
acomodação, a criança podetentar assimilar o estímulo novamente, e uma vez modificada a estrutura
cognitiva, o estímulo é prontamente assimilado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Do estudo feito, entendemos que, os professores são pilares básicos que interliga seus
princípios normativos que regem o regulamento interno da escola, que conhece as metodologias que
quando aplicadas pode alavancar e minimizar o problema de leitura dos alunos.
A essência da presente pesquisa circunscreve-se com a realidade que acontece na sala de aula
com os professores e alunos no dia-a-dia, pois seu conhecimento faculta o controlo do trabalho
psicopedagógico na escola, permitindo resolver as dificuldades de aprendizagem, especificamente de
leitura.
Analisando o papel do professor na implementação da aprendizagem cooperativa nos alunos
da 3ª classe com dificuldade de leitura na Escola Primaria Completa das Palmeiras, cidade da Beira -
Moçambique, constatamos que, as dificuldades do reconhecimento desses signos dificultam a leitura
dos alunos. Obviamente, a maior parte dos professores muitas vezes não conseguem especificar essas
dificuldades de leitura a que metodologias que possam dar solução desta problemáticas.
Ainda na mesma senda, as formas de implementação de aprendizagem cooperativa no ensino
de leitura dos alunos da 3ª classe na escola em estudo, são confundidas com dificuldades de
aprendizagem de alunos, para o efeito, sugerimos a capacitação dos professores em matéria de
metodologias de ensino diferenciadas, cooperativas e de leitura e que os professores reservem o tempo
para acompanhamento de leitura dos seus educando na sala de aula; Implementem a aprendizagem
cooperativa aos alunos com dificuldades de leitura, usando as diferentes metodologias conciliadoras
que possam equilibrar o nível de assimilação da matéria na sala de aula, Supervisionem as atividades
de leitura dadas pelos seus explicadores, aos alunos sugere-se que, desenvolvam o gosto de leitura
de livro.

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REFERÊNCIAS
DIAS, M. O papel da consciência fonológica nas Dificuldades Específicas de Leitura e Escrita
(DELE): na perspectiva dos docentes do 1.º CEB. Lisboa: (Tese de Mestrado em Ciências
da Educação na Especialidade em Domínio Cognitivo Motor) Escola Superior de Educação João
de Deus. 2013
FONTES, A. & FREIXO, O. Vygotsky e a Aprendizagem Cooperativa. S/edição, Livros Horizonte,
Lisboa. 2004
FREITAS, L. V. & FREITAS, C. V. Aprendizagem cooperativa. S/edição, Asa, Porto, 2003)

PEREIRA, R. Programa de Reeducação em Dislexia e Consciência Fonológica.


São Paulo, Gearte Studio, 2011

VYGOTSKY, L. S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE. SÃO PAULO: Martins Fontes, 1984)

PRADO, M. D. L. O livro infantil e a formação do leitor. Petrópolis: Vozes, 1996

WADSWORT, B.J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 1996.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança. Tradução Álvaro Cabral. 2. ed. Rio de Janeiro: Jahar
Editores, 1975

LIMA, L. O. Ensaios Construtivistas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994

GALLIANO, A. G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.

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