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OS FACTORES ASSOCIADOS À DISORTOGRAFIA COMO DIFICULDADE ESPECIFICA DE

APRENDIZAGEM: ESTUDO DE CASO DOS ALUNOS DE 3º CICLO DA ESCOLA PRIMÁRIA


COMPLETA 25 DE JUNHO – CIDADE DA BEIRA
Armando Domingos1
Elsa Maria Livo Ozobra2
Edson Evaristo Magande3
RESUMO
O presente artigo visa analisar os factores associados à disortografia como dificuldade especifica de aprendizagem dos
alunos de 3º ciclo da Escola Primária Completa 25 de Junho-Beira. Para efectivação deste objetivo, recorremos a
pesquisa mista (qualitativa e quantitativa), com recurso às técnicas de observação directa, entrevista e questionário. A
nossa a população-alvo foi de 960 alunos e 14 professores, com amostra escolhida aleatoriamnete de 100 alunos (50
rapazes e 50 raparigas) de idade compreendida de 12-14 anos e 10 professores da Escola Primária Completa 25 de
Junho. Os resultados deste estudo, revelam que, os factores do tipo intelectual e linguístico, são tido pelos alunos como
sendo principais, ao passo que, os professores apontaram o factor pedagógico como sendo principal e frequente e como
forma de respondera esta problematização, propomos a capacitação dos professores em matéria de cognição e linguagem,
metodologias de ensino diferenciadas.

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem. Dificuldade Disortografia e Factores

ABSTRACT
This article aims to analyze the factors associated with dysorthographies as a specific learning difficulty for 3rd cycle
students at Escola Primária Completa 25 de Junho-Beira. To achieve this objective, we used mixed research (qualitative
and quantitative), using the techniques of direct observation, interview and questionnaire. Our target population was 960
students and 14 teachers, with a randomly chosen sample of 100 students (50 boys and 50 girls) aged 12-14 years and 10
teachers from Escola Primária Completa 25 de Junho. The results of this study reveal that the intellectual and linguistic
factors are considered by the students as the main ones, while the teachers pointed out the pedagogical factor as being
main and frequent and as a way of responding to this problematization, we propose training of teachers in terms of
cognition and language, differentiated teaching methodologies.

.KEY-WORDS: Learning. Dysortography Difficulty and Factors

_____________
1
Docente da Universidade Púnguè em Chimoio afecto na Faculdade de Educação, Licenciado em Ensino Básico, atualmente
Mestrando em Desenvolvimento Humano e Educação na Universidade Jean Piaget, Beira. ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-3745-704X E-mail: armandodomingos2015@gmail.com
2
Docente da Universidade Licungo Extensão Beira, afecta na Faculdade de Educação, Mestre em Psicologia Educacional,
atualmente Doutoranda em Psicologia da Sbjectividade Exclusão Social na Universidade Federal Fluminense – Nitero Rio de
Janeiro- Brasil; Pesquisadora no Centro de Estudo de Desenvolvimento Comunitário e Ambiente. ORCID:https://orcid.org/0000-
0003-1531-0856 E-mail: elsa.ozobra@yahoo.com.br
3
Docente da Universidade Púnguè em Chimoio afecto na Faculdade de Educação, Licenciado em Educação de Infância com
Habilitação em Psicologia Educacional. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8497-9794 E-mail: edsonmagande@gmail.com
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo atinente: Os Factores associados à Disortográfica como Dificuldade Especifica de
Aprendizagem: Estudo de caso dos Alunos de 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25
de Junho – Cidade da Beira, tem como analisar os factores associados à disortográfica como dificuldade
especifica de aprendizagemnos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25 de Junho.
Para materialização deste objetivo utilizamos as seguintes metodologias: a pesquisa mista (qualitativa e
quantitativa) método bibliográfico, usamos como técnicas, a observação directa, entrevista e questionário.
No estudo da disortografia, é imprescindível percebermos que, ela compreende uma das dificuldades
especificas de aprendizagem caraterizada no erro da ortografia e sintaxe. Olhando para contexto moçambicano,
concretamente no 3º ciclo de Ensino Básico (6ª e 7ª classe), a disortografia constitui uma realidade bastante
preocupante que tem repercutido no insucesso escolar nos alunos deste nível de ensino.
A motivação na escolha do tema em destaque, deve-se pelo facto, no ensino de ortografia ser
extremamente importante na vida dos indivíduos, pois promove a interação com os alunos e as normas
ortográficas para a formação de cidadãos capazes de comunicarem-se de uma forma correta no seu dia-a-dia
como também em várias esferas da sociedade.

Nesse âmbito, a inter-relação dos intervenientes educativos, entre os pais e encarregados de educação,
professores, psicólogos no atendimento das necessidades dos alunos com disortografia, é indispensável, no
sentido de identificarem os factores associados a disortográfica nos alunos e traçarem técnicas viáveis de
intervenção que possibilitam criarem ambientes educativos favoráveis e pedagógicos individualizados, na
promoção de desenvolvimento da aprendizagem e o sucesso escolar desses alunos.
Das pesquisas realizadas, verificamos que, em Portugal já foi feita uma pesquisa sobre a disortografia.
segundo a Associação Portuguesa de Pessoas com Dificuldades de Aprendizagem Específicas apud Coelho
(2013), o número de alunos com estes distúrbios tem vindo a aumentar, registando-se actualmente uma
prevalência de 5% a 10% da população total de alunos, porém em Moçambique a disortografia é pouco
discutida sub ponto de vista cientifico, reparando que está constitui uma das grandes dificuldades especifica de
aprendizagem, que resulta, de certa forma no insucesso escolar dos alunos.
Nesse âmbito, o problema em questão nesta temática reside no facto do 3º Ciclo de Ensino Básico estar
previsto que, todos os alunos devem adquirir e dominar as competências básicas de escrita, no entanto, a
realidade mostra claramente que, muitos alunos do 3º ciclo de Ensino Básico da quela instituição de ensino,
1
têm dificuldade de escrita, onde confundem os fonemas, discordância de número, de gênero, pontuação
deslocada, junção de palavras e letras e no outro momento omissão de algumas letras nas palavras. Atinente a
está problemática, muitos pais e encarregados de educação tem lançado a culpa aos professores e vice-versa.
Face ao exposto acima, colocamos a seguinte questão norteadora: Que factores têm associados a
disortografia como dificuldade especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico na
Escola Primária Completa 25 de Junho?

2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. Conceitos Básicos da Disortografia
Segundo Serra (2005, apud Afonso, 2010, p.18), a disortografia é “uma perturbação específica da
escrita que altera a transmissão do código linguístico ao nível dos fonemas, dos grafemas, da associação
correcta entre estes, no que respeita a peculiaridades ortográficas de certas palavras e regras de ortografia”. Em
concordância com Oliveira (2017), a disortográfica é uma dificuldade especifica de aprendizagem da escrita,
que consiste nas trocas de fonemas na produção da escrita, com omissões de letras, discordância de gênero, de
números, seguidos de muitos erros sintáticos e uso incorrecto da pontuação, parágrafos, frases e acentuação na
hora de escrever um texto.

Neste âmbito, Serra (2008, apud Casal, 2013, p.34), corrobora na vertente de que, a disortografia é a
designação dada às dificuldades de aprendizagem especificamente atinente com a aquisição de ortografia e
sintaxe e com sinais e reflexões na perspectiva da composição na prática de escrita.

Em harmonia com as definições acima expostas, percebemos que, todos autores convergem em definir
a disortografia, como sendo uma dificuldade especifica de aprendizagem na composição da escrita devido os
obstáculos em adquirir a ortografia e sintaxe requerida, no entanto, a disortografia, é um transtorno
caracterizado por incumprimento das regras de escrita que afecta a palavra.
2.2. Factores associados à disortografia

Torres e Fernández (2001, apud Casal, 2013, p.45), apontaram cinco tipos de factores para a ocorrência
ou desenvolvimento de disortografia:
 Factores de tipo percetivo, que aludem a deficiências ao nível espácio-temporal, na perceção e na
memória visual e auditiva, estas poderão ser apontadas como responsáveis pela ocorrência de
dificuldades na orientação das letras, discriminação de grafemas, sequencia ritmo, discriminação e
memória auditiva.

2
 Factores de tipo intelectual, a saber o défice ou imaturidade intelectual necessárias para a realização
de operações de caráter lógico-intelectual, determinantes no acesso à aprendizagem do código de
correspondência grafema-fonema, poderá perturbar o conhecimento e distinção dos elementos
linguísticos referentes à sílaba, palavra e frase.
 Factores de tipo linguístico, especificamente as causas relacionadas com dificuldades na articulação,
deficiente conhecimento ou utilização de vocabulário.
 Factores de tipo afetivo-emocional, a falta de motivação pode provocar momentos de
desconcentração suficientes para cometer erros na escrita.
 Factores de tipo pedagógico, estão relacionadas ao desajuste de método e técnicas escolhidas em
relação às necessidades e ritmo de aprendizagem das crianças, no entanto, este tem sido frequente.
Nessa perspectiva, todos factores em alusão, interferem na ortografia dependendo da especificidade de
problema de cada aluno, e é pertinente diagnosticar os factores de disortografia de cada aluno para aplicar-se
técnicas individualizadas mediante o ritmo de aprendizagem. Olhando para o nosso contexto moçambicano,
tanto os professores assim como os pais e encarregados de educação pouco investigam sobre os factores
associados à disortográfica, neste caso, aos professores cabe-lhes simplesmente leccionar os conteúdos
plasmados, mesmo que, os alunos que não adquiriram a competência da escrita requerida transitam para outro
nível de ensino, apoiando-se de certa forma, na política de passagem semi-automática, porém sem tomar a
devida atenção aos factores que causam a dificuldade de aprendizagem da ortografia, no sentido de traçarem as
metodologias especificas para intervir a esses alunos. Partindo desse pressuposto, entre todos factores acima
descritos, o fator pedagógico é o mais frequente a luz do embasamento cientifico dos autores acima, ao nosso
contexto moçambicano, iremos trazer dados sustentáveis a partir do terceiro capítulo sobre análise e
interpretação de dados dos alunos e professores do 3º ciclo da Escola Primária 25 de Junho- Beira.
2.3. Características de disortografia

Torres & Fernández (2001, apud Coelho, 2013), evidenciam numerosos erros ortográficos de natureza
muito diversas seguintes:

Erros de caráter linguístico-percetivo: consistem em omissões, adições e inversões de letras, de sílabas


ou de palavras; troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente (“faca”/“vaca”). Erros de
caráter visoespacial: substitui letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”); confunde-
se com fonemas que apresentam dupla grafia (“ch”/“x”); omite a letra “h”, por não ter correspondência
fonémica; Erros de caráter visoanalítico: Não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas,
trocando letras sem qualquer sentido; Erros relativos ao conteúdo: Não separa sequências gráficas
pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta
jjsílabas pertencentes a duas palavras (“no diaseguinte”); Erros referentes às regras de ortografia; não
coloca “m” antes de “b” ou “p”; ignora as regras de pontuação; esquece-se de iniciar as frases com letra
maiúscula; desconhece a forma correta de separação das palavras na mudança de linha, a sua divisão
silábica, a utilização do hífen.
3
Outras principais características de um aluno disortográfico a tomarmos consideração é a confusão das
sílabas, letras e trocas ortográficas leccionadas em sala de aula pelo professor, como também as junções e
omissões das letras que causam desordem na estrutura da frase. (Silveira, 2014, p.119)

Olhando para as características de disortografia acima mencionadas, os erros relativos ao conteúdo e Erros
referentes às regras de ortografia são mais notáveis na Escola Primária 25 de Junho- Beira. Numa altura em que os
alunos tendem cada vez mais a trocarem as palavras como: “ pesso” em vez de “peço” e na mesma senda
desconsideram os sinais de pontuação em muitas frases construídas.

2.4. Tipos de disortografia

Tsvetkova (1977) e Luria (1980), Torres e Fernández (2001, apud Casal, 2013, p.45), apresentam sete
tipos de disortografia:

A disortografia temporal – consiste na incapacidade de se ter uma perceção, ordenação e separação clara
dos aspetos fonémicos da cadeia falada; Disortografia percetivo-cinestética – constitui incapacidade para
analisar as situações cinestéticas que intervêm na articulação; Disortografia cinética – consiste na
incapacidade de sequenciar os fonemas do discurso, verificando-se, os erros de união ou separação;
Disortografia visuo-espacial – consiste alteração percetiva da imagem dos grafemas; Disortografia
dinâmica, também denominada de disgramatismo – caraterizada pela alteração da expressão escrita das
ideias e estruturação sintática das ideias; Disortografia semântica – designada alteração da análise
conceptual, os elementos diacríticos ou recurso a sinais ortográficos e Disortografia cultural – representa
grave dificuldade na aprendizagem da ortografia convencional e das suas regras.
Fazendo análise crítica, todos tipos de disortotgrafia em alusão são verificados no contexto
moçambicano, visto que, muitos professores e pais e/ou encarregados de educação do 3º ciclo de Ensino
Básico apresentam lamentações e grito de socorro atinente as dificuldades de escrita que os alunos possuem,
basicamente tem sido nas salas de aulas onde verificam-se esses tipos disortografia a partir de várias técnicas
como por exemplo as provas, os exercícios que são aplicados e os cadernos de apontamentos dos alunos,
quanto aos pais e encarregados de educação não estão alheio, também verificam a disortografia dos seus filhos
nos apontamentos, exercícios e TPC que são orientados na escola.
2.5. Intervenção na criança com disortografia
Segundo Coelho (S/d), “a intervenção junto de alunos com disortografia não deve obedecer a um único
modelo em concreto, mas sim a uma variedade de técnicas que tenham em conta não apenas a correção dos
erros ortográficos, mas também a perceção auditiva, visual e espácio-temporal, bem como a memória auditiva
e visual. ”
A abordagem acima, dá-nos uma grande chama de atenção no atendimento dos alunos com
disortografia, olhando um pouco para o contexto moçambicano, devemos usar várias técnicas, na mesma

4
sequência devemos incorporar as equipas multisetoriais na mitigação da mesma causa, o que significa não
apenas trabalho deve estar centralizado ao único profissional ou técnica.
Torres & Fernández (2001, apud Coelho, 2013), salientam que:
A intervenção sobre os factores associados à disortográfico é uma das áreas importantes na reeducação
da disortografia, neste caso, são meramente importantes os aspetos atinentes a percepção, discriminação
e memória ou visual; as características de organização e estruturação espacial; a percepção linguístico-
auditiva e também exercícios que enriquece o léxico e vocabulário da criança. E a segunda área de
intervenção é a correção dos erros ortográficos específicos. Nesse âmbito, qualquer que seja o
procedimento a adoptar, é importante que o educador tenha em conta as reais habilidades e dificuldades
da criança e seja capaz de planear um conjunto de atividades que vão ao encontro dessas incapacidades
específicas.
Olhando para abordagem acima, percebemos que é uma consciencialização à todos intervenientes
educativos que atendem os alunos com disortografia, de que, há necessidade de conhecermos numa primeira
fase, a realidade do nosso alvo, tal como recomenda a planificação na sua primeira etapa, salientar que, está
abordagem alinha melhor o nosso tema em causa no sentido de sabermos intervir.

3. METODOLOGIA
O objectivo que presidiu a elaboração deste trabalho foi o de analisar os factores associados à disortográfica
como dificuldade especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária
Completa 25 de Junho. Com base neste objectivo geral, orientou-se o trabalho na perspectiva de obter
respostas para a seguinte questão de investigação:

 Que factores têm associados a disortografia como dificuldade especifica de aprendizagem nos alunos
de 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25 de Junho?

Para materialização deste objetivo utilizamos as seguintes metodologias: a pesquisa mista (qualitativa e
quantitativa) método bibliográfico, usamos como técnicas, a observação directa, entrevista e question. Sendo
assim, A nossa a população-alvo foi de 960 alunos e 14 professores, com amostra escolhida aleatoriamnete de
100 alunos (50 rapazes e 50 raparigas) de idade compreendida de 12-14 anos e 10 professores da Escola
Primária Completa 25 de Junho

4. RESULTADOS

3.1. Caracterização da Escola Primaria Completa 25 de Junho


A Escola Primária Completa 25 de Junho, localiza-se na província de Sofala, no Município de Beira, no
10º bairro Munhava, próximo da Sede do partido Frelimo e faz limites com Sede do partido Frelimo, Banheiro
do Município, EPC Macombe e Beira Boting. A EPC, funciona nas instalações de construção convencional

5
com 4 blocos, 2 salas de aulas anexas e 1 bloco em construção, neste contexto, dos 4 blocos acima
mencionados: 2 blocos possuem 4 salas de cada e outros 2 blocos possuem 3 salas de cada. Um dos blocos está
juntado com a secretaria, 1 gabinete do DE e 1 de DAP e outro bloco possui reserva onde guarda-se os livros e
outros materiais didácticos da escola. Além disso, a EPC possui 4 balneários duplos sendo 2 reservados para os
professores 2 para alunos que estão a funcionar em precárias condições. Entre os blocos da escola, está um
enorme pátio onde no intervalo os alunos jogam, saltam a corda, pulam, brincam em grupinhos e aos pares nos
diversos jogos tradicionais do seu domínio.
A EPC 25 de Junho conta com 960 alunos de 3º ciclo do ensino básico, com 14 professores, neste
contexto, a amostra deste trabalho é 80 alunos, 10 professores, neste contexto, para melhor percepção dos
dados, apoiamo-nos nas técnicas do questionário da qual recolhemos informações de diferentes alunos do 3º
ciclo do Ensino Básico da EPC 25 de Junho, entrevista direccionada aos professores e observação direc

3.2. Respostas dos alunos inquiridos


Gráfico1 – Respostas dos alunos sobre o domínio da ortografia
Sabe escrever correctamente?

80%
60%
Sim
40%
Não
20%
0%
Sim Não

Conforme nos dados ilustrativos do gráfico 1, dos 100 alunos inquiridos sobre o domínio da ortografia
no 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25 de Junho, 40 alunos que correspondem a 40%,
responderam que “Sim”, sabem ler e 60 alunos que correspondem 60% responderam “Não“, sabem ler.
Olhando para os dados em alusão, percebemos que, poucos alunos têm domínio da escrita correta no 3º ciclo
de Ensino Básico da quela instituição de ensino. Lara (2005, p.17) alerta sobre a vantagem de ter-se
aperfeiçoado a escrita, pois constitui uma aquisição incontornável e imprescindível para as aprendizagens
subsequentes, na medida em que, a escola na fase inicial do aprender, dedica-se em ensinar os alunos a
escrever devendo transformar-se rapidamente em escrever para aprender. Com isso, com a falta de domínio da
ortografia, dificilmente alcança-se o sucesso escolar.
Gráfico 2 - Respostas dos alunos sobre o nível de conhecimento da ortografia
Assinale apenas uma palavra correcta dentre as palavras abaixo?

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Para elucidar a questão anterior, procuramos aferir o nível do conhecimento dos alunos através de uma
atividade de escolha da palavra correcta, onde dos 100 alunos, 32 alunos equivalem a 32% responderam
“ocarro” no lugar de o carro, 43 alunos que correspondem 43% apontaram “Xapeu” no lugar de Chapéu, 17
alunos que correspondem 17% indicaram “comeri” no lugar de comer e 08 que equivale 8% alunos
responderam correctamente “comer” De acordo com os dados acima expostos, importar salientar que, poucos
alunos possui a competência da ortografia no 3º ciclo de Ensino Básico da Escola Primária Completa 25 de
Junho, visto que muitos alunos apresentam erros de caráter linguístico-percetivo, erros de caráter visoespacial: erros
de caráter visoanalítico: erros relativos ao conteúdo tal como ilustra a tabela. Em harmonia com Torres & Fernández
(2001, apud Magalhães 2016, p.67), a prendizagem da ortografia é um processo complexo que necessita de
aptidões muito variadas: habilidades motoras, capacidades percetivas específicas, competências associadas ao
pensamento lógico, de tipo linguístico, social, e também afetivoemocionais. Nesta perspectiva, os alunos que não
possuem essas aptidões podem, de certa forma desenvolver a disortografia.
Gráfico 3 - Respostas dos alunos sobre os factores associados à disortografia
Qual é a principal causa da disortografia ao seu entender?

70
60
50
40 Dificuldade na retenção das palavras,
30
20
10 Dificuldades na articulação das palavras
0
Dificuldade na Dificuldades na Desajuste de método Desajuste de método e técnicas escolhidas pelo
retenção das palavras, articulação das e técnicas escolhidas professor na leccionação da escrita
palavras pelo professor na
leccionação da escrita

Dos 100 alunos inquiridos atinente os factores associados à disortografia, 60 alunos que equivalem 60
% apontaram dificuldades de retenção das palavras, 30 alunos que correspondem 30% responder dificuldades
de articulação das palavras, 10 alunos que equivalem 10% desajuste de método e técnicas escolhidas pelo
professor na leccionação da escrita. Segundo os dados fornecidos pelos alunos, importa referir que, os factores
diferem por cada grupo de alunos do 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25 de Junho, no
entanto, os factores predominantes nesta pesquisa são os factores intelectuais (dificuldades de retenção), estes
são mais acentuados, em seguida notamos fatores linguísticos (articulação das palavras).
Olhando para estes factores remete-nós a reflexão de que, a escola não é a única que proporciona as
dificuldades das escrita dos alunos, temos também factores intelectuais e linguísticos, o que se pressupõem a
necessidade de levarmos a sério o ensino individualizado que toma em consideração os diferentes ritmos de
aprendizagem dos alunos, no caso concreto, deve-se aplicar metodologias analíticas e sintéticas, cópias e
ditados para factor intelectual na relação com os pais e encarregados de educação, no factor linguístico, o
7
professor deve estimular a linguagem através da leitura porque muitas crianças de nosso contexto são oriundas
da língua materna, sem descurar o papel dos pais e encarregados de educação nesse processo.
3.3. Respostas dos professores entrevistados
Tabela 5- Respostas dos professores entrevistados sobre a existência dos alunos com disortografia no 3º
ciclo de básicos da EPC 25 de Junho
Existe no 3º ciclo de Ensino Básico alunos com disortografia?

Professores entrevistados Respostas


10 Sim Não
10 0
Procuramos entrevistar os professores para darem o seu parecer sobre a existência dos alunos
disortográficos no 3º ciclo de básicos da EPC 25 de Junho, dos 10 professores entrevistados, todos foram
unânime em afirmar que “ sim a existem alunos disortográficos no 3º ciclo de básicos da EPC 25 de Junho” na
mesma sequência fizemos uma insistência referente a taxa elevada entre os alunos ortográficos em relação aos
discográficos, todos foram unânime em apontar a taxa de disortografia ser elevada em detrimento da
ortografia. Atendendo e considerando que, todos 100 alunos inquiridos são leccionados por esses professores,
percebemos de facto que, no 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho existem muitos alunos com
disortografia. O que remete-nós a necessidade de intervenção desta dificuldade da aprendizagem através do
trabalho conjunto de todos os intervenientes educativos para superá-la.
Resposta 5- Respostas dos professores entrevistados sobre os factores associados à disortográfica nos
alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho
Que factores têm associados a disortográfica nos alunos de 3º ciclo Número de Número de
de Ensino Básico? professores que professors
responderam entrevistados

Factores de tipo afetivo-emocional,.(Falta de interesse em escrever) 2 10


Factor linguístico dificuldade de articulação das palavras ) 1
Fraco envolvimento dos pais e encarregado de educação 2
Factores de tipo pedagógico, (desajuste das metodologias por causa 5

do tempo atribuído insuficiente para optimizar a escrita.)


De acordo com os dados acima, dos 10 professores entrevistados acerca dos factores associados à
disortográfica nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho, 02 professores responderam “ os
alunos tem falta de interesse pela escrita” 01 professor apontou “a dificuldade de articulação das palavras” 02

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professores indicaram como factor o fraco envolvimento dos pais e encarregado de educação e 05 professores
apontaram o desajuste das metodologias por causa do tempo atribuído insuficiente para optimizar a escrita.
Analisando os dados acima expostos e a observação feita, constatamos o factor pedagógico mais
predominante no desenvolvimento da ortografia dos alunos do 3º ciclo de Ensino Básico, onde os professores
apontam o desajuste das metodologias usadas por causa do tempo atribuído ser insuficiente para atender 20
alunos de cada turma mediante o seu ritmo de aprendizagem. Corroborando com Torres & Fernández (2001,
apud Magalhães 2016, p.71), onde teve como resultados, as causas de tipo pedagógico que remetem para métodos
de ensino desadequados: por exemplo, quando o professor se limita à utilização frequente do ditado, que não ajusta
às necessidades individuais dos alunos e não respeita os seus ritmos de aprendizagem.
Resposta 6- Respostas dos professores entrevistados sobre o tipo de disortografia mais predominante nos
alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho
Qual é o tipo de disortogrfia mais predominante nos alunos Número de Número de
de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho? professores que professors
responderam entrevistados

Fazem confusão das letras na construção de uma palavra, 5 10


muitas vezes juntam as palavras ou separam erradamente.
Dificuldade de retenção e de percepção da palavra correta 1
consequentemente escrevem como percebem
Traduzem as palavras da língua materna para portuguesa 4
Fazendo análise crítica de acordo com os dados acima e da observação feita, é importante clarificar que,
há vários tipos de disortografia, dentre os quais os mais predominantes na EPC 25 de Junho são a disortografia
cinética, que pressupõem os erros de união ou separação e a disortografia cultural –que represnta dificuldade
na aprendizagem das regras requeridas da ortografia. Este último tipo, resulta devido a língua materna falada
pelos alunos não tem sido a língua oficial portuguesa.

Resposta 7- Respostas dos professores entrevistados sobre as estratégias metodologias usadas para
superar a disortografia nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho
Quais são as estratégias metodologias que tem usado para Número de Número de
superar este problema nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da professores que professors
EPC 25 de Junho? responderam entrevistados

Método de elaboração conjunta 8 10


Passar apontamentos no quadro e os alunos passam no cadernos 1

9
Trabalho em grupo 1
Procuramos perceber dos professores sobre as estratégias metodologias usadas para superar a
disortografia nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico da EPC 25 de Junho, do total dos 10 professores
entrevistados, 08 responderam tem usados “Método de elaboração conjunta”, 01 professor apontou como
estratégia metodológica “passar apontamentos no quadro e os alunos passam no cadernos” e 01 professor
indicou como estratégia “o trabalho em grupo”
Verificamos que, ainda há permanência do uso de pedagogia tradicional, apesar os professores terem
afirmados usar metodologias activas, visto que verificamos exposição rígida dos professores na mediação da
escrita, pouca atribuição das atividades práticas de melhoramento da escrita como ditados, copias, tpc
simplesmente os professores baseavam-se em passar os apontamentos no quadro e por sua vez os alunos
copiavam nos seus cadernos, verificamos também poucos professores que planificam as suas aulas
constatamos simplesmente a leccionação baseada nos livros didáctico do professor. Concordando com
Magalhães (2016, p.11), o docente é importante que observe os erros mais frequentes que o aluno apresenta, assim
planejando e realizando atividades mais diretas, relacionadas a essas dificuldades. Trabalhar o lúdico, incentivar a
brincadeira, o jogo e a música, facilita a compreensão e a participação de todos tornando a atividade mais divertida
e atraente. Durante a observação feita, não verificamos a prática do ensino individualizado ou diferenciado que,
pressupõe utilizar as técnicas específicas para cada problema especifico do aluno mediante o seu ritmo de
aprendizagem, nesta perpectiva, Lara (2005, p.9), nos resultados da sua pesquisa acredita que, sempre existem
aqueles alunos que sentem mais dificuldades na aprendizagem da disortografia e são justamente eles que não
devem ser abandonados, porque carecem de mais atenção e ajuda dos que os outros. No ensino diferenciado
exige numa primeira fase realizar o diagnóstico para identificar os factores da disortografia, em seguida pode-
se planificar estratégias especificas para intervenção.

5. CONCLUSÃO
Após o estudo de caso relativamente aos factores associados à disortográfica como dificuldade
especifica de aprendizagem nos alunos de 3º ciclo de Ensino Básico na Escola Primária Completa 25 de Junho,
identificamos e analisamos os factores do tipo percetivo, intelectual, linguístico, afetivo-emocional, e factores
de tipo pedagógico, nos quais os alunos destacaram como principais factores intelectual e linguístico, ao
passo que, os professores apontaram o factor pedagógico como sendo principal e frequente. Nessa perspectiva,
há necessidade da escola levar a sério para cada aluno com dificuldades apresentadas, possibilita-lo respostas
apropriadas às suas necessidades mediante o seu ritmo de aprendizagem articulando com diversas disciplinas,
diferentes profissionais e vários recursos didacticos.
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Quanto aos tipos da disortografia, descrevemos sete tipos de disortografia como: temporal, percetivo-
cinestética, cinética, visuo-espacial, dinâmica, semântica, cultural, dentre os quais os professores apontaram os mais
predominantes nos alunos do 3º ciclo de Ensino Básico, a disortografia cinética e disortografia visuo-espacial.
Neste contexto, encorajamos a implementação da estratégia de intervenção dos alunos com disortografia
partindo de um esforço conjunto de todos intervenientes educativos, tomando em consideração os factores
associados à disortografia de cada aluno.
Neste âmbito, urge a necessidade de promover capacitações aos professores em matéria de cognição e
linguagem, metodologias de ensino diferenciadas. É pertinente reduzir a carga horária dos professores para
possibilitarem um acompanhamento nas crianças com mais dificuldades usando metodologias apropriadas. Ao
nível da escola, incrementar a elaboração dos programas de intervenção, palestras e reuniões junto aos pais e
encarregados e psicólogos de educação para melhorar a ortografia dos alunos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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