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Bragança Paulista
2008
Érika Monqueiro Leme
Bragança Paulista
2008
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Este estudo teve por objetivo buscar evidências de validade convergente entre a
Escala de Avaliação de Dificuldades na Aprendizagem da Escrita (ADAPE), a
Escala de Reconhecimento de Palavras e o teste de Cloze. Foram averiguadas as
habilidades de leitura e escrita por meio dos instrumentos e investigadas as
variáveis de sexo, tipo de instituição e série. Além disso, foram analisados os erros
cometidos no Cloze, em crianças com ou sem dificuldades de aprendizagem,
conforme os critérios de classificação do ADAPE. Participaram 90 crianças, de
ambos os sexos, entre 8 e 10 anos, de segundas, terceiras e quartas séries, do
Ensino Fundamental de escolas públicas e particulares, do interior de São Paulo.
Os resultados permitiram encontrar diferenças estatisticamente significativas entre
os sexos, as séries e entre os tipos de instituição nos escores dos sujeitos, no
EAVE, no Reconhecimento de Palavras e no Cloze, sendo que as maiores médias
foram obtidas pelos estudantes de 2ª série do Ensino Fundamental das escolas
particulares e pelas meninas. Este estudo pretendeu revelar como os testes são
ferramentas úteis e necessárias para a avaliação precoce das dificuldades de
aprendizagem. Ao lado disso, espera-se que esses instrumentos possam se tornar
recursos disponíveis e úteis para os educadores.
INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7
2. DIFICULDADES DE APRE............................................................ 17
4. MÉTODO ...................................................................................... 26
5. RESULTADOS .............................................................................. 28
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 34
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INTRODUÇÃO
1. A EVOLUÇÃO DA ESCRITA
A U O = carro
Quando lê, aponta para A e O, assim:
A U O (a letra U no caso não seria considerada no ato da leitura
da palavra)
car ro
Outra situação constrangedora para a criança quando alguém pede que
ela
escreva MAPA ou BATATA. Nessa fase, ela responderia:
A A = mapa
A A A = batata
CAVOBOEA
ca va lo bo ne ca
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2. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Por aprendizagem, estendeu-se o conceito para além do conhecimento
formal, acadêmico. Qualquer sujeito, independente do seu comprometimento
corporal, orgânico, cultural ou psicológico se relaciona e elabora aprendizagem,
pois é um ser social, que estabelece relações vinculares durante toda a sua
existência. Nos dias de hoje, fica cada vez mais evidente que se faz necessário
considerar o aspecto orgânico como importante na avaliação do problema de
aprendizagem, no entanto é, também, indispensável que os aspectos cognitivos e
afetivos sejam ponderados na elaboração do diagnóstico, como também no
tratamento indicado (FONSECA, 1995).
O Sistema Educacional Brasileiro apresenta estatísticas que mostram o
fracasso escolar e o baixo aproveitamento das crianças como problemas que
estão em destaque. Essas estatísticas apontam que por razões de não
conseguirem aprender, as crianças evadem das escolas e, as que continuam a
freqüentar não têm rendimento satisfatório (STOCKEL, JAEGER e TAVARES,
2001). As autoras (2001, p.58), destacam ainda que a razão desse fenômeno é de
cunho individual, ou seja, a criança não aprende por fatores neurológicos,
psicológicos ou outros aspectos que desfavoreçam seu desenvolvimento
cognitivo. Elas propõem, então, uma reflexão acerca do tema: “Será que o
problema da aprendizagem é apenas do aluno?” “Que relação existe entre a
metodologia utilizada pelo professor e a produção do sucesso ou fracasso
escolar?”.
Nesse contexto, ressalta-se que os problemas de aprendizagem não
são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das
conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque
multidimensal, que englobe fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e
pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Para tanto, o autor
afirma: “Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem
devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da
sociedade” (SCOZ, 1994, p. 22). O autor afirma ser necessário o reconhecimento
do problema por um profissional adequado, com treino específico da dificuldade a
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facilidade, ela começa a se sentir frustrada. Para compensar uma falta de sucesso
escolar, ela pode desenvolver um comportamento agressivo ou brincalhão, ou
pode se isolar no seu próprio mundo. Se essa criança for constantemente
repreendida ou castigada, ela pode criar uma verdadeira fobia à escola (BEYER,
1995).
Esse autor sinaliza que os distúrbios de aprendizagem revelam que há
evidências substanciais que favorecem fatores neurológicos, educacionais e
ambientais, uma vez que os mesmos contribuem significativamente para o
problema da má produção escolar em um grande número de crianças com
capacidade normal. A tentativa de simplificar o problema dos distúrbios de
aprendizagem, por meio de definições, que excluem crianças com evidentes
deficiências sociais ou físicas pode ser atraente para educadores, fonoaudiólogos
e psicólogos. No entanto, os profissionais que trabalham neste campo encontram
crianças com má produção escolar sem outras especificações, e é
responsabilidade do profissional descobrir os vários fatores que podem estar
contribuindo para o distúrbio da aprendizagem, seja através de uma avaliação, ou
de um trabalho multidisciplinar, que seria mais válido para a criança.
Outro aspecto a ser considerado é que a aprendizagem depende
basicamente da motivação. Muitas vezes o que se chama de dificuldade de
aprendizagem é basicamente dificuldade de ensino. É sabido que cada indivíduo
aprende de uma forma diferente, conforme seu canal perceptivo preferencial.
Alguns indivíduos dão maior importância a informações visuais e pensam por meio
de imagens, outros utilizam principalmente a percepção auditiva e, por
conseguinte são atentos ao som e à voz e outro grupo de indivíduos, os
cinestésicos, recebe informações das sensações internas que experimentam,
como o contato físico. Quando
o que lhe é ensinado não o motiva suficientemente, ou lhe chega de forma
diferente de seu canal preferencial (de acordo com o canal preferencial de quem
lhe ensina), então a compreensão ou o aprendizado não se completa. A
massificação do ensino tem contribuído muito ao aparecimento e aumento dos
distúrbios de aprendizagem (FRANÇA, 1996).
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ADAPE.
A pesquisa constatou também diferenças relativas à natureza jurídica
da escola, pública ou particular, a qual as crianças avaliadas pertencem. Também
no que concerne à natureza jurídica da escola freqüentada, houve diferença
estatisticamente significativa, uma vez que os resultados evidenciam que os
alunos de escola pública apresentam um desempenho inferior (M=50,87 erros)
quando comparados aos de escola particular (M=26,90 erros), o que mostra que,
conforme o esperado, as crianças de escola pública, da amostra pesquisada,
tendem a ter mais dificuldades na aprendizagem da escrita que as demais.
Outra pesquisa realizada por Zucoloto e Sisto (2002), investigou a
compreensão da leitura de crianças com dificuldade de aprendizagem escrita, em
relação ao gênero e idade. Os participantes foram 194 alunos de 2ª e 3ª séries de
uma escola pública. Os alunos foram categorizados por níveis de dificuldade de
aprendizagem em escrita segundo o instrumento ADAPE. A compreensão da
leitura foi avaliada por dois textos em Cloze, com diferentes quantidades de
omissões.
Pela verificação dos resultados notou-se que na segunda e terceira
séries os erros na compreensão da leitura aumentavam em razão da dificuldade
de aprendizagem da escrita e que os mais velhos apresentavam mais erros do
que os mais novos, sendo que o gênero não indicou relações significativas. As
tendências dos alunos de 2ª e 3ª séries foram similares, com a diferença de que
na terceira série eles poderiam estar apresentando automatismo dos erros. Este
fato ressalta que quanto mais automatizado estiver o erro, mais difícil se torna a
sua correção, porque a forma assimilada é a forma errada.
Os referidos autores dão suma importância à avaliação das crianças,
pois a investigação dos casos de dificuldade de aprendizagem no início do
processo de escolarização minimiza suas conseqüências e possibilita a superação
antes de o erro se tornar automatizado.
O estudo de Santos, Sampaio, Lukjanenko, Cunha e Zenorini (2006)
teve como objetivo investigar a relação entre as dificuldades em compreensão de
leitura e escrita em alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Para tanto
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4. MÉTODO
4.1 Participantes
4.2 Instrumentos
Questões de identificação -os sujeitos informaram, na mesma folha do
Reconhecimento de Palavras, os seguintes aspectos: nome, idade, sexo, série e
instituição de ensino à qual pertencem.
Reconhecimento de Palavras (Anexo 1) -contém 55 palavras, que foram
organizadas em ordem alfabética. Para cada uma delas foram criadas outras duas
com erros gramaticais. Assim, consiste em um teste de múltipla escolha, com itens
que têm três alternativas de respostas, das quais somente uma é correta.
Escala de Avaliação da Escrita (EAVE), Anexo 2. Visa avaliar a
dificuldade de representação de fonemas, ou seja, de grafar letras e palavras a
partir de um sistema lingüístico estruturado e arbitrário. Consiste no ditado de um
texto composto por 55 palavras que apresentam algum tipo de dificuldade
classificada como encontro consonantal (lt, mb, mp, nc, nç, nd, ng, ns, nt, rc, rd, rs,
rt, sp, st), dígrafo (ch, lh, nh, qu, rr, ss), sílaba composta (br, cr, dr, gr, tr) e sílaba
complexa (ão, ça, ce, ci, ge, sa, sá, se, sé, si, so). Esse conjunto de palavras
engloba as dificuldades mais comuns na escrita entre crianças de primeiras e
segundas séries, identificadas por um levantamento das palavras comuns
utilizadas no material didático dessas séries. Esse levantamento possibilitou a
definição de alguns critérios para a construção do texto, a saber: as palavras
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deveriam ser usuais no cotidiano das crianças; uma mesma palavra poderia conter
mais de uma dificuldade e deveria haver pelo menos um terço de palavras
trissílabas e/ou polissílabas.
Testes de Cloze (Anexo 3). Foram utilizados dois textos estruturados na
forma do Cloze tradicional com o 5º vocábulo omitido, tal como preconiza Taylor
(1953). Esses textos foram especialmente montados para serem utilizados com
crianças da faixa etária do ensino fundamental. Foram elaborados por Santos
(2005), com total de 103 palavras, das quais foram omitidas 15.
com as palavras que julgaram adequadas para dar sentido aos textos.
Os participantes foram informados também de que suas respostas não
influenciariam de forma alguma suas notas ou desempenho na escola e foi
assegurado o caráter confidencial do estudo. A aplicação dos instrumentos teve
duração de aproximadamente 40 minutos. Os dados foram lançados em um banco
de dados do programa SPSS e os resultados estão apresentados a seguir.
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5. RESULTADOS
de 3,70, contra a média de 5,96 e desvio padrão de 4,27 para os meninos (n=47).
Ainda conforme o segundo objetivo, buscou-se explorar eventuais
diferenças nos escores dos instrumentos em razão da série freqüentada. As
estatísticas descritivas para a comparação entre as séries estão apresentadas na
Tabela 2.
Tabela 2 -Estatísticas descritivas para comparação entre as séries
SÉRIE n Média Desvio padrão
de 1,70 e uma média de 31,18 com desvio padrão de 10,89 para a pública.
No Cloze 1 “A princesa e o fantasma” obteve-se a média de 11,95 com
desvio padrão de 1,31 para a escola particular e de 7,40 com desvio padrão de
2,89 para a pública. No Cloze 2 “Uma vingança infeliz” obteve-se a média de
11,70, com desvio padrão de 1,21 para a escola particular e uma média de 4,13
com desvio padrão de 3,24 para a pública.
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REFERÊNCIAS
ANEXO 1
ESCALA DE RECONHECIMENTO DE PALAVRAS (EREP) Sisto, 2004
ANEXO 2
ANEXO 3
TESTES DE CLOZE
A PRINCESA E O FANTASMA
Era uma vez uma princesa que vivia muito infeliz em seu palácio. Ela era
apaixonada por _____ fantasma que vivia escondido ____.
Um dia chegou um ________________ estrangeiro e disse à ____ que o
seu fantasma ______ um príncipe enfeitiçado.
A ____________ suspirou de alívio e ________ pensando em uma maneira
____ tirar aquele feitiço. Achou ______ se o fantasma soubesse ____ seu amor
por ele, ___ feitiço desapareceria.
Acreditando nisso, __ princesa armou um plano __ prendeu o fantasma
numa ______________ de música. Declarou seu ________ a ele e, ao abrir a
caixinha, o som da música se transformou num príncipe maravilhoso.
UMA VINGANÇA INFELIZ
Pedro ficou muito bravo porque seu irmão quebrou um de seus
brinquedos. Sua vingança foi rasgar _____ fotografia em que eles ___________
juntos no quintal da __________.
A mãe de Pedro _________ brava com ele e o castigou. _____ lhe disse
que ao __________ uma fotografia ele também __________ destruindo uma
lembrança. Explicou ________ ele que quando envelhecemos ___ lembranças
ajudam a animar __________ vidas.
Depois de pensar _________, Pedro desculpou-se com ______ irmão e
pediu para __ seu pai tirar um ______ retrato deles. Um bonito ______-retrato foi
colocado no quarto, onde está guarda a lembrança daquele dia.
ANEXO 4
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
CURSO DE PEDAGOGIA
CÂMPUS DE BRAGANÇA PAULISTA
Senhor(a) Diretor(a),
A Universidade São Francisco solicita autorização para que a estudante Érika
Monqueiro Leme, do Curso de Pedagogia faça a coleta de dados para a realização da
pesquisa sobre Alfabetização e Dificuldades de Aprendizagem, na instituição
dirigida por Vossa Senhoria.
Desde já agradecemos sua atenção e colocamo-nos à disposição para quaisquer
esclarecimentos.
Atenciosamente,
_________________________________________
Prof.ª Dra. Rita da Penha Campos Zenorini
Coordenadora do Curso de Pedagogia
Eu__________________________________________________________, responsável
pela instituição_________________________________________________________,
autorizo a estudante _____________________________________________________ a
realizar sua pesquisa nesta instituição.
ANEXO 5
TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO (1ª via)
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DE ESCOLARIZAÇÃO
Eu,...............................................................................................................................
................................................................................................................. (nome, idade, RG, endereço), abaixo assinado
responsável legal de..................................................................................., dou meu consentimento livre e esclarecido para
que ele(a) participe como voluntário(a) do projeto de pesquisa supra-citado, sob a responsabilidade do(s) pesquisador(es) e
Profª Drª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª Drª Neide de Brito Cunha, do curso de graduação em Pedagogia e pós-
graduação em Psicologia da Universidade São Francisco.
Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que:
1 -O objetivo da pesquisa é investigar a relação das dificuldades de aprendizagem na escrita e na leitura com a
agressividade, o autoconceito, as estratégias de aprendizagem, a motivação para aprender e a consciência fonológica;
2-Durante o estudo serão aplicados instrumentos de avaliação psico-educacional, a saber: dois textos para avaliação da
compreensão de
leitura, dois ditados para avaliação da escrita, uma escala de agressividade, uma escala de autoconceito, uma escala de
estratégias de aprendizagem, uma escala de motivação para aprender e um roteiro de consciência fonológica;
3 -Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a sua participação na referida
pesquisa;
4-A resposta a este (s) instrumento(s)/ procedimento(s) não causam riscos conhecidos a sua saúde física e mental;
5 -Estou livre para interromper a qualquer momento sua participação na pesquisa;
6 – Seus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos na pesquisa serão utilizados apenas para
alcançar os
objetivos do trabalho, expostos acima, incluída sua publicação na literatura científica especializada;
7 -Poderei contatar o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco para apresentar recursos ou
reclamações em relação à
pesquisa pelo telefone: (11) 4534-8040;
8 -Poderei entrar em contato com as responsáveis pelo estudo, Profª Rita da Penha Campos Zenorini e Profª Neide de Brito
Cunha, sempre
que julgar necessário pelo telefone (11) 4034-8075;
9-Este Termo de Consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu poder e outra com o
pesquisador responsável.
___________________________________
Assinatura do responsável legal
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___________________________________
Assinatura do responsável legal