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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Deuzelha Rosa Dutra Simões


Marcia Regina Dias Soares
Matheus Oliveira Santos
Susana de Camargo Silva

A inserção da contação de histórias folclóricas na Educação Infantil

Vídeo do Projeto Integrador

< https://youtu.be/ShWnysZvJAs >

Presidente Prudente - SP
2020
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

A inserção da contação de histórias folclóricas na Educação Infantil

Relatório Técnico - Científico apresentado na


disciplina de Projeto Integrador para o curso de
Licenciatura da Universidade Virtual do Estado de São
Paulo (UNIVESP).

Presidente Prudente - SP
2020
SANTOS, Matheus Oliveira; SIMÕES, Deuzelha Rosa Dutra; SILVA, Susana de
Camargo; SOARES, Marcia Regina Dias. A inserção da contação de histórias
folclóricas na Educação Infantil. 20f. Relatório Técnico-Científico. Eixo de Licenciatura –
Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Tutor: Profª Renata Montrezol Brandstatter.
Pólo Presidente Prudente 1 4.N2, 2020.

RESUMO
Este estudo tem como finalidade a elaboração de um plano de aula envolvendo a atividade de
contação de história em sala de aula, na educação infantil. Tendo como foco lendas folclóricas.
O desafio da aula é envolver e despertar a atenção dos alunos através da atividade de contação
de histórias, ministradas nas aulas de Educação Infantil, pela professora Ana, articulando o
“antigo” lendas e fábulas com o “moderno” computador, aplicativos e celular. A pesquisa foi
embasada em um estudo bibliográfico, que envolveu fontes empíricas tais como: legislação,
normas, livros e artigos. As fontes teóricas utilizadas ofereceram uma abordagem qualitativa,
que ampara a reflexão, a análise e o intercâmbio acerca das teorias e hipóteses trabalhadas.
Visando assim, proceder uma análise sobre a importância da atividade de contação de histórias
como ferramenta pedagógica, atuando com ludicidade e promover momentos de descontração,
além de contribuir com a formação de futuros leitores. A importância da atividade de contação
de histórias na educação infantil, incide em refletir sobre a diversidade de procedimentos de
aprendizagens, através dos quais os estudantes conseguem se desenvolver cognitivamente,
aprimorando suas capacidades, reorientando para atender suas próprias necessidades e as da
sociedade atual.

PALAVRAS-CHAVE: Contação de Histórias; Folclore Brasileiro; Educação Infantil


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
2. DESENVOLVIMENTO ......................................................................................................... 2
2.1 PROBLEMA E OBJETIVOS ...................................................................................................... 2
2.2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 2
2.3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................................3
A CULTURA FOLCLÓRICA E A EDUCAÇÃO NFANTIL..............................................................3
LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL..................................................................................5
O FOLCLORE BRASILEIRO.......................................................................................................7
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................................10
2.4 APLICAÇÃO DAS DISCIPLINAS ESTUDADAS NO PROJETO INTEGRADOR.................................11
2.5 METODOLOGIA....................................................................................................................11
3. RESULTADOS......................................................................................................................12
3.1. SOLUÇÃO INICIAL ......................................................................................................12
3.2. SOLUÇÃO FINAL..........................................................................................................13
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................16
REFERÊNCIAS........................................................................................................................17
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1. INTRODUÇÃO
A contação de história em sala de aula, na educação infantil proporciona o
fortalecimento de vínculos sociais, educativos e afetivos. Para os professores este momento da
aula é ferramenta importante para o desenvolvimento da criança, para estimular futuros leitores,
a criatividade e imaginação. Neste trabalho apresentaremos uma plano de ação para a inserção
da contação de histórias folclóricas na Educação Infantil. Nesta etapa da educação as “principais
qualidades da literatura infantil são o ludismo e descompromisso dos textos. Essas
características tornam a experiência da leitura prazerosa”. (Andrade, 2014, p. 52)
A proposta é apresentar uma contação de histórias, de maneira remota, tendo como
tema o folclore brasileiro, já que o Brasil tem um folclore tão rico e diversificado, que é
interessante que as escolas de educação infantil se preocupe em ensinar esse conteúdo com seus
alunos, sendo a contação de história um meio para que essa riqueza seja valorizada.
O desafio da aula é envolver e despertar a atenção dos alunos através da atividade de
contação de histórias para crianças, utilizando metodologias pedagógicas e também
tecnológicas, que podem ajudar no árduo desafio de contar uma história. Sendo às vezes,
necessárias estratégias diferentes das convencionais, para alcançar sucesso junto às crianças.
Recursos visuais e auditivos são boas opções para conseguir a atenção das crianças e facilitar a
compreensão do conteúdo. Com desenhos, filmes ou músicas, outros sentidos são despertados e
ajudam na fixação dos temas.
Neste estudo abordaremos os seguintes tópicos:
 Relação da cultura folclórica e a educação infantil;
 Legislação da educação infantil;
 Historiografia do folclore brasileiro e principais autores
 A contação de história na Educação Infantil;
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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Problema e objetivos


Como despertar a atenção dos alunos através da atividade de contação de histórias?
Ministradas nas aulas de Educação Infantil, pela professora Ana, articulando o “antigo” lendas
com o “moderno” aplicativos e celular.
Objetivo Geral:
A importância da atividade de contação de história em sala de aula, suscitando
momentos agradáveis e confortáveis para o bom desenvolvimento de todos na educação infantil.
Objetivos Específicos:
 Utilizar a contação de história para explorar a riqueza das lendas do folclore
brasileiro;
 Desenvolver o gosto pela leitura;
 Exercitar a fantasia, a imaginação e o corpo através da leitura de histórias;
 Valorizar os textos folclóricos considerando-os como patrimônio que merece ser
preservado;

2.2. Justificativa

Como justificativa para a escolha do tema, surgiu o interesse de desenvolver uma


pesquisa, sobre a atividade de contação de história na educação infantil, e da sua relevância na
elaboração de um plano de aula, já que esta atividade demonstra-se benéfica no desenvolvimento
infantil.
Assim, a importância desta pesquisa para a educação torna-se um recurso favorável,
pois o ato de ensinar está ligado à prática do professor, portanto, as suas ações deverão estar
pautadas na preocupação, elaboração e execução das atividades a serem realizadas em sala de
aula, e isto requer conhecimento.
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2. 3. Fundamentação teórica
A cultura folclórica e a educação infantil
Iniciaremos nosso estudo centrando nossa atenção em questões como o folclore
brasileiro; folclore como ferramenta educativa. Enfatizaremos sua importância na formação
infantil, o contato com histórias, lendas e fábulas folclóricas.
Como primeira etapa da Educação Básica, a Educação Infantil é o início e o fundamento
do processo educacional, sendo obrigatória para as crianças de 4 e 5 anos. Com a inclusão da
Educação Infantil na BNCC (Base Nacional Curricular Comum), mais um importante passo é
dado nesse processo histórico de sua integração ao conjunto da Educação Básica.
Segundo a BNCC (20117), na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento
das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os
direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se, e a organização
curricular está estruturada em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos
os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Considerando esses saberes e conhecimentos,
os campos de experiências em que se organiza a BNCC são:
 O eu, o outro e o nós;
 Corpo, gestos e movimentos
 Traços, sons, cores e formas
 Escuta, fala, pensamento e imaginação
Ainda conforme BNCC (2017), no que se refere ao último campo: escuta, fala,
pensamento e imaginação, estes tem por objetivo promover experiências nas quais as crianças
possam falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é na escuta de
histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas narrativas elaboradas
individualmente ou em grupo e nas implicações com as múltiplas linguagens que a criança se
constitui ativamente como sujeito singular e pertencente a um grupo social. As experiências com
a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem
para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do
conhecimento de mundo. Além disso, o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis
etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre
ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação
de livros.
Sobre as aprendizagens essenciais na Educação Infantil, parafraseando a BNCC (2017),
relata que elas compreendem tanto comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto
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vivências que promovem aprendizagem e desenvolvimento nos diversos campos de


experiências, sempre tomando as interações e a brincadeira como eixos estruturantes. Essas
aprendizagens, portanto, constituem-se como objetivos de aprendizagem e desenvolvimento que
são: expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes
meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e
adequando sua fala ao contexto em que é produzida. Ouvir, compreender, contar, recontar e criar
narrativas. Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da
função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação.
Dentre as muitas manifestações culturais, a tradição, a transmissão de conhecimentos e
valores pode ser compreendida na dimensão do folclore, que a priori pode ser definido como a
história de um povo, socializada de geração em geração, como cultura espontânea diante de um
processo histórico e social. Nesse contexto, as atividades folclóricas se ocupam em repassar,
transmitir na linha do tempo os mitos, as lendas, as crendices, enfim, tudo o que se reflete na
cultura.
O estudo do folclore e sua importância vêm sendo assimilados desde a antiguidade,
realçando o valor dos mitos, das lendas, dos contos, das fábulas, das danças, dos cantos, enfim,
uma série de tradições transmitidas de geração a geração. Alguns teóricos restringem à cultura
espiritual, outros à simples literatura oral, enquanto muitos o ampliam às manifestações da
cultura material, como acontece no Brasil (LOPES, 1986).
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Legislação da Educação Infantil


Para Pascoal e Machado (2009), historicamente a responsabilidade da educação
infantil era exclusiva da família, pois com o convívio com os adultos, as crianças aprendiam
sobre as normas e regras da sociedade e por consequente a cultura em que estava inserida.
A educação infantil no Brasil não teve muitos avanços, segundo Pascoal e Machado
(2009), até meados dos anos setenta, pouco se fez em termos de legislação que garantisse a oferta
desse nível de ensino. Somente na década de oitenta, com a promulgação da Constituição, em 5
de outubro de 1988 que o direito a educação infantil foi reconhecido. Em seu Capítulo III – Da
Educação, Cultura e Desporto, seção 1 – Da Educação:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida
e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em
regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar.
(BRASIL 1988)

No dia 13 de julho de 1990 foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei


8.069/90, que regulamentou e inseriu da criança e do adolescente ao direito à educação e
cidadania.
Mas somente, com a criação da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), lei nº 9.934 de 20 de
dezembro 1996, sua obrigatoriedade foi instituída, ganhando importância e significado na
formação de crianças brasileiras, conforme a LDB 1996 em seus artigos 29 e 30, a educação
infantil é tida como primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Sendo oferecidas:
creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e pré-escolas, para as
crianças de quatro a seis anos de idade. Assim, a Educação Infantil “passa a ser parte integrante
da Educação Básica, situando-se no mesmo patamar do Ensino Fundamental e Ensino Médio.”
(BNCC, 2017)
Com a Ementa Constitucional nº49/2009 que:
Determina a obrigatoriedade da Educação Básica dos 4 aos 17 anos. Essa extensão da
obrigatoriedade é incluída na LDB em 2013, consagrando plenamente a
obrigatoriedade de matrícula de todas as crianças de 4 e 5 anos em instituições de
Educação Infantil. (BNCC, 2017)
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Com a Resolução Nº 5, de 17 de dezembro de 2009 é fixada as Diretrizes Curriculares


Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) que articulam-se com as Diretrizes Curriculares
Nacionais da Educação Básica. Estas orientam as políticas públicas na área e a elaboração,
planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares.
O currículo da Educação Infantil é concebido como um conjunto de práticas que
buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que
fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico, de
modo a promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade. As
propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro
do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações
e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca,
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (DCNEI, 2009)

As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil


devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira e garantir experiências que:
Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem
oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; promovam o
relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes
plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; propiciem a interação e
o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; possibilitem a
utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos
tecnológicos e midiáticos. (DCNEI, 2009)
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O Folclore Brasileiro

O estudo do folclore e sua importância vêm sendo assimilados desde a antiguidade,


realçando o valor dos mitos, das lendas, dos contos, das fábulas, das danças, dos cantos, enfim,
uma série de tradições transmitidas de geração a geração. Alguns teóricos restringem à cultura
espiritual, outros à simples literatura oral, enquanto muitos o ampliam às manifestações da
cultura material, como acontece no Brasil (LOPES, 1986).
Podemos dizer que uma das características do folclore é o anonimato das composições
que se incorporam às manifestações populares, passando a fazer parte do folclore de um povo.
As tradições de um povo serão então propagadas através do tempo e muito provavelmente
transcritas de um país para outro através das imigrações. É sabido que os imigrantes que
chegaram ao Brasil, trouxeram consigo as tradições de suas terras e continuaram a praticá-las
mantendo viva a lembrança da terra de origem.
Quanto à influência exercida nas nossas tradições folclóricas pelos imigrantes, LOPES
(1986) diz que:
Um dos mais importantes exemplos desse tipo de mútua influência é representado
pelos africanos trazidos como escravos para o Brasil. No princípio, formavam
agrupamentos isolados, o que favorecia a manutenção das suas tradições com bastante
fidelidade. O Brasil havia herdado muitas manifestações do folclore lusitano por
intermédio do elemento colonizador. Este encontrou aqui um folclore riquíssimo,
proporcionado pelos indígenas, principalmente hábeis contadores de estórias, que
possuíam lendas para explicar a origem de todos os fatos importantes com que
conviviam. Além das lendas, apresentavam costumes curiosos, comidas e bebidas
desconhecidas, cantos e danças, da mesma forma que o elemento negro. Muitas
tradições dos portugueses, dos negros e dos índios se mesclaram, constituindo
expressões do folclore brasileiro (LOPES, 1986, p. 8).

No entanto, as influências culturais não pararam por aí. Mais tarde, outros imigrantes
vieram para o Brasil trazendo consigo suas tradições de origem e contribuindo ainda mais para
o enriquecimento do nosso acervo folclórico.
Por tudo isso é que o folclore brasileiro é considerado um dos mais ricos do mundo,
pois alia num conjunto admirável o folclore indígena, africano, e o folclore introduzido pelo
branco colonizador.
A palavra folclore apareceu pela primeira vez em 22/08/1846, empregada pelo
arqueólogo inglês G. J. THOMS. Este termo é composto de duas palavras inglesas: folk (povo)
e lore (ciência). Portanto, o folclore significa ciência do povo, ou seja, a ciência que estuda as
manifestações da criatividade popular.
Apesar de THOMS haver instituído este termo, isso não significa que não houvesse
preocupação em pesquisar e registrar as manifestações populares. Estudos relatam que a
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dedicação em compreender os elementos da ciência do povo possibilitou compreender a


constituição das sociedades.
Mas, foi somente a partir das pesquisas e dos registros de Thoms, que a cultura popular
ganhou importância dentro da ciência que só vem aumentando, como mostra a literatura
pertinente, pois considera-se que a preservação dos costumes de um povo mantém a sua
nacionalidade unificada. Segundo LOPES (1986), no século XIX os estudos, as pesquisas e as
indagações começaram a interessar o mundo científico de todos os países.
Nas localidades mais afastadas do Brasil, como também em cidades consideradas
importantes estão registradas as crendices, as superstições e as simpatias. Esta é uma herança
deixada pelo homem primitivo, que consiste no respeito e temor do homem pelo sobrenatural e
isto não é desprezado nem pelas pessoas simples, nem pelas pessoas de bom nível educacional.
LOPES (1986) considera tudo isso como herança do respeito e temor do homem pelo
sobrenatural, herdada do homem primitivo, que assim procurava resolver o que não sabia.
O folclore do Brasil, assim como o folclore de todos os povos, é povoado por seres
muito estranhos, dentre os quais, podemos citar: o saci, a iara, o curupira, a caapora e
o lobisomem. Consideramos importante relatar que a crendice do lobisomem é
constatada em muitos países sendo que a mesma foi introduzida no Brasil pelos
portugueses (LOPES, 1986, p.10).

No entanto, algumas expressões folclóricas são bem regionais, enquanto que outras são
de âmbito nacional. Também muitos usos e costumes caracterizam o folclore brasileiro e estes
são bastante conhecidos e representativos. Estes vão do emprego do forno, vestimentas e
comidas características de determinadas regiões, as danças, ao uso da medicina popular
empregada na cura das mais diversas doenças.
O folclore possui um valor educativo. Pelo jogo e pela recreação, a criança se prepara
para a vida, amadurece para tornar-se um adulto em seu meio social (...) a sua
perpetuação não representa mero fenômeno de inércia cultural. Se as crianças
continuam a “brincar de roda”, esse folguedo preserva para elas toda a significação e a
importância psicosocial que teve para as crianças do passado (FERNANDES, 1978, p.
62).

Para outros tratadistas do folclore, o campo desse estudo abrange até mesmo as
sociedades mais primitivas. Esta é a posição de CASCUDO (1971). Para ele, haverá sempre, em
qualquer agrupamento humano, por mais rudimentar que seja, a memória coletiva de duas
origens de conhecimento: “o oficial, regular, ensinado pelo colégios dos sacerdotes ou direção
do rei, e o não-oficial, tradicional, oral, anônimo, independente de ensino sistemático, porque é
trazido nas vozes das mães, nos contos de caça e pesca, na fabricação de pequenas armas,
brinquedos, assombros”.
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CUNHA (1968), na sua obra Como ensinar literatura infantil, explicita alguns conceitos
sobre o folclore na concepção de diferentes autores. Segundo CARNEIRO (1965), entende-se
por folclore “um corpo orgânico de modos de sentir, pensar, e agir peculiares às camadas
populares das sociedades civilizadas”. Para SAINTYVES apud CARNEIRO (1965) o folclore
é o estudo da mentalidade popular numa nação civilizada.
Ainda na obra de CUNHA (1986), podemos encontrar teorias mais recentes, que
concebem o folclore como fenômeno “social”, portanto, sujeito aos processos comuns a esses
fenômenos.
CUNHA (1986) cita também LOMBARDO RADICE, que conceitua o folclore como
um dos meios de que dispomos para a defesa espiritual da criança das cidades grandes, assim
como a escola ao ar livre é um meio de defesa e prevenção com relação à saúde física.
As superstições, os costumes, os contos de fadas ou histórias da carochinha, as cantigas,
as canções do berço, os jogos populares, os esconjuros, os ditados, todas essas tradições
populares são o que constituem o folclore.
Através de LIMA (1972) constatamos que através do Decreto nº 56.747 de 17 de agosto
de 1965, foi criado o Dia do Folclore, no Brasil. O dia 22 de agosto passa a ser considerado em
todo o território nacional o Dia do Folclore, recordando assim, o lançamento, pela primeira vez,
em 1846, da palavra “folk-lore”. O governo queria com isso assegurar uma ampla proteção às
manifestações da criação popular, como também estimular sua investigação e estudo e ainda
defender a sobrevivência dos seus folguedos e artes.
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A contação da história na Educação Infantil

Conforme Craidy e Kaecher (2007), o ato de ouvir e contar histórias está presente em
quase todos os momentos da nossa vida, desde o nosso nascimento. As histórias passam de
geração para geração. Às vezes, no dia a dia da Escola Infantil esquecemos o quanto ouvir e
contar histórias é importante. Ao lembrarmos desta importância, transformamos este ato de ouvir
e contar histórias em momento de partilha.
É fundamental que o professor leia e fale sobre leitura para os alunos. A leitura em voz
alta, para crianças na pré-escola e nos primeiros anos escolares, ajuda a desenvolver o
vocabulário e motiva a leitura. A criança deve ser exposta a vários tipos de textos,
como poemas e contos, os quais devem ser lidos em voz alta pelo professor.
(ANDRADE, 2014, p. 49)

A atividade de contação de história em sala de aula colabora para despertar no criança


a sua imaginação transportando-os ao mundo da fantasia que então estará sendo criado ao seu
redor. O fator de contribuir para que as crianças passem a gostar de ouvir histórias é importante
porque ela passa a construir dentro de si novas ideias através de descobertas, de outros lugares
e épocas, outras maneiras de agir, além de ter a curiosidade respondida, podendo desta forma
elucidar melhor suas próprias dificuldades ou então descobrir um novo caminho para a resolução
delas.
A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre
o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência
do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência
vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano
do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se
materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p.4)

Segundo Andrade (2014), a escola tem papel fundamental, desde a primeira infância, a
proporcionar contatos com os livros, estimulando atividades de incentivo a leitura, uma delas é
a contação de histórias. A leitura, nesta etapa da educação desenvolve comportamentos leitores.
“Ao ver um adulto lendo, ao ouvir uma história contada por ele, ao observar as rimas (em um
poema ou em uma música), os pequenos começam a se interessar pelo mundo das palavras. É o
primeiro passo para se tornarem leitores literários”. (ANDRADE, p. 58, 2014)
Ao trabalharmos atividade como contação de histórias devemos nos atentar somente ao
“prazer que esta atividade proporciona, pela importância que a literatura pode ter, enquanto arte,
nas nossas vidas. Esta já é uma excelente razão para trabalharmos com a literatura na Educação
Infantil.” (CRAIDY e e KAECHER, 2007, p. 86)
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2.4. Aplicação das disciplinas estudadas no Projeto Integrador


As disciplinas de Didática e Fundamentos Históricos, Filosóficos e Sociológicos,
Leitura e Produção de Textos e Projetos e Métodos para a Produção do Conhecimento,
contribuíram para a fundamentação teórica do trabalho.

2.5. Metodologia
Para elaboração deste trabalho utilizamos dois conceitos que são o Brainstorming e o Design
Thinking, que são fermentas muito utilizadas para solução de problemas dentro de empresas
visando a melhor solução com maior nível de criatividade visando também o bem estar dos
colaboradores e o público alvo da empresa.
Brainstorming são as chuvas de ideias que surgem através de reuniões e discussões que
visam solucionar um problema ou criar algo novo de forma criativa podendo também ser
aplicada individualmente, já o Design Thinking é a uma abordagem que gera alguns processos
que podem nos ajudar na solução do problema visando sempre a criatividade e apresentando a
ideia de que problemas diferentes precisam de abordagens diferentes.
A elaboração da presente pesquisa foi embasada em um estudo bibliográfico, que
envolveu fontes empíricas tais como: legislação, normas, livros e artigos. As fontes teóricas
utilizadas ofereceram uma abordagem qualitativa, que ampara a reflexão, a análise e o
intercâmbio acerca das teorias e hipóteses trabalhadas.
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3. RESULTADOS
O presente trabalho visou proceder uma análise sobre a importância da atividade de
contação de histórias como ferramenta pedagógica, atuando com ludicidade e promover
momentos de descontração, além de contribuir com a formação de futuros leitores.
A análise e a discussão inferida levam a concluir que a literatura infantil e a contação
de histórias dá à criança os subsídios necessários a um desenvolvimento emocional, social e
cognitivo irrefutáveis.
A metodologia utilizada concerne à revisão bibliográfica, e prevê análise de
documentos amparados de pela legislação vigente da Educação Infantil, assim como livros e
artigos. A discussão e elaboração da pesquisa realizou-se com base na produção teórica referente
às concepções críticas sobre as especificidades da educação, e sobre sua conceituação de
referencial de aprendizagem e nas práticas de ensino utilizadas em sala de aula.
Esta investigação teve ainda como objetivo a valorização do texto folclórico
considerando-os como patrimônio que merece ser preservado. Propiciando o desenvolvimento
cultural dos alunos. Oportunizando a estes, contato com lendas do folclore brasileiro no espaço
escolar.

3.1. Solução inicial


Após a pesquisa bibliográfica, trabalhou-se com a solução inicial, sistematizando o
problema utilizando a sequência: seleção, preparação e apresentação.
Seleção: ao optarmos pela atividade de contação de histórias, escolhemos a lenda mais
conhecida do folclore brasileiro, do Saci-Pererê, por apresentar texto curto e linguagem e
vocabulário simples. Além do mais, acreditamos que haja uma identificação com o universo
infantil, por se tratar de um menino que adora fazer travessuras, brincadeiras, gosta dos animais
e busca cuidar dos seus amigos, e que também sente medo e foge dos perigos.
Preparação: escolhida a lenda, elaborou-se um roteiro com o conteúdo da aula, já que
esta seria ministrada por meio digital, pois seria transmitida na sala virtual dos alunos da
educação infantil. Para a gravação e edição da história, utilizamos o aplicativo para celular
KineMaster (versão gratuita), por oferecer diversos recursos como: recortar, inserir áudio,
figuras, plano de fundo, unir diversas partes, etc.
A apresentação está vinculada com a elaboração do plano de aula e será descrita no
próximo item, solução final.
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3.2. Solução Final


Optamos como solução final a utilização de animação, que contemplou o uso de:
cantiga, lenda e incentivo de interpretação da atividade, na qual a criança utilizou o desenho,
promovendo assim, sua criatividade. Demostrado no Plano de Aula, a seguir.
Plano de aula
Tema: Contação de histórias folclóricas
Ano: Educação infantil (maternal 2)
Duraçõ: 50 minutos
Objetivos gerais:
Expor o que é folclore
Despertar o interesse e a curiosidade da criança sobre o tema
Apontar a importância do folclore
Promover a criatividade
Desenvolvimento
- O primeiro momento da aula consiste na apresentação da temática as crianças. E
apresentação da sequência da aula. Para este momento a professora, faz uso de vestimenta
especial para caracterizar com o personagem.
- Posteriormente a professora canta uma música ligada a temática, com o intuito de
chamar a atenção dos pequenos para si.
- Só então ela começa a narrar à história.
- Para fechar o momento da história novamente é cantada uma música curta e de poucas
palavras, envolvendo a temática.
- Roda de conversa e reconto da estória
*Perguntas: Onde o saci vive
Como anda
O que lhe dá poderes especiais
O que ele adora fazer
O que faz pra salvar seus amigos do caçador
- desenho livre do momento mais interessante para eles.
Justificativa
Objetivo de fazer o resgate sociocultural de crenças e costumes regionais, que se
confunde como um todo, em função da grande abertura de informações que ocorre na atualidade.
É fundamental manter a história, as crenças que se reflete e se revela de várias maneiras
na sociedade em que vivemos sem esquecer das particularidades dos folclores regionais.
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Objetivos específicos
Ampliar o desenvolvimento da criança em todos os aspectos: social, afetivo, motor e
cognitivo.
Proporcionar a ampliação de conhecimento de mundo, dando a oportunidade de
conhecer ou resgatar a cultura, despertando o interesse e atenção
Interar a criança da importância do folclore para o desenvolvimento da cultura regional
e nacional atualmente
Conhecer a lenda do personagem do saci- pererê, fazendo assim o conceito do folclore
em sua concreticidade,
Estimular o desenvolvimento da memória e a coordenação motora
Apreciação das produções artísticas
Metodologia
Aulas com diálogos, roda de conversa, música, dramatização, atividade gráfica,
vestimenta específica.
Recursos didáticos
- Tv (para reprodução da história)
- Imagens
- Papel branco
- Lápis coloridos
Recursos tecnológicos
Celular
Computador
Aplicativos (vivavideo, Kinemaster, inshot e whatsapp)
Tv
Avaliação
É realizada de maneira individual, respeitando a individualidade e do saber de cada
aluno.
Será observada a atenção, concentração e interesse do aluno.
A interação será considerada com seus pares e com o adulto.
Aplicação da aula
Foi observado que as crianças demonstraram boa atenção e concentração durante a o
conto e o reconto da história. As perguntas e as respostas formuladas demonstraram certa
independência e segurança para realização da atividade proposta.
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No momento da atividade gráfica, uma criança apresentou um motor fino bom, já


segurando o lápis com autonomia e boa pegada. Tiveram interação entre si, negociando troca de
lápis e sugestões nos desejos.
E pediram a professora para cantar a música novamente, ouvindo com atenção e tentando cantar.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância da atividade de contação de histórias na educação infantil, incide em
refletir sobre a diversidade de procedimentos de aprendizagens, através dos quais os estudantes
conseguem se desenvolver cognitivamente, aprimorando suas capacidades, reorientando para
atender suas próprias necessidades e as da sociedade atual.
A análise e a discussão inferida levam a concluir que a literatura infantil e
consequentemente as lendas dão à criança os subsídios necessários a um desenvolvimento
emocional, social e cognitivo irrefutáveis.
Concluímos que, conforme Andrade (2014), ao ver um adulto lendo, ao ouvir uma
história contada por ele, ao observar as rimas (em um poema ou em uma música), os pequenos
começam a se interessar pelo mundo das palavras. Sendo então o primeiro passo para se
tornarem leitores literários.
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REFERÊNCIAS

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