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UNIVERSIDADE VALE DO ACARAÚ – UVA

CURSO DE HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA E INGLESA


DISCIPLINA: ESTÁGIO SUPERVISIONADO I E II
PROFESSORA: DARLENE

ESTÁGIO SUPERVISIONADO I e II
RESENHA DO LIVRO

Aluna: Márcia Maria Ribeiro

Fortaleza, Ce.
Outubro, 2002
APRESENTAÇÃO

Apresentamos à Universidade Estadual Vale do Acaraú a


resenha do livro CONVERSA COM QUEM GOSTA DE ENSINAR, de Rubem Alves,
na disciplina Estágio Supervisionado I e II, cujo objetivo principal é de refletir a
prática pedagógica e o mundo que estamos construindo a partir dos nossos
discursos.
“Conversas com quem gosta de ensinar”

- Rubem Alves, Editora Cortez, 102 págs.


Com reflexões sobre professor, educador e educação, o livro desenvolve
um diálogo com o leitor sobre o que poderia ser considerado importante para
compor um bom programa de formação de professores. Quando solicitado para
fazer esse programa de formação, o autor fez uma diferenciação importante
sobre ser educador e professor. Ele apresenta o professor como um funcionário
de uma empresa apenas e que atende diretamente aos interesses do sistema.
Para atender a esses interesses, o educador foi distanciado do seu ideal de
educador e passou a ser um mau funcionário já que o seu ritmo não segue o
ritmo do mundo das instituições. As instituições passam a ter autonomia já que
existem e são regidas por leis e ficaram independentes dos envolvidos. O autor
ainda vê como ilusão o fato de algumas pessoas possam alcançar ser
educadoras.
“Não é por acidente, então, que os professores sejam aqueles que
sonham com os educadores e os funcionários tenham visões de
liberdade, e os animais domésticos façam poemas e tenham
loucuras sobre o selvagem que habita cada um deles. Não se trata
de formar o educador, como se ele não existisse. Como se
houvesse escolas capazes de gerá-lo, ou programas que pudessem
trazê-lo à luz. Eucaliptos não se transformarão em jequitibás, a
menos que em cada eucalipto haja um jequitibá adormecido. O que
está em jogo não é uma técnica, um currículo, uma graduação ou
pós-graduação.” (Alves, Rubem. “Conversas com quem gosta de
ensinar”. 27ª ed. São Paulo: Cortez, 1993. p. 19-20.)
Dessa forma ele apresenta que é necessário despertar o educador para
que ele possa voltar a ser o agente que com seu discurso faz com que muros
caiam, faz com sua paixão realidades sejam transformadas.
“O educador, ao contrário, é um fundador de mundos, mediador de
esperanças, pastor de projetos.” (Alves, Rubem. “Conversas com
quem gosta de ensinar”. 27ª ed. São Paulo: Cortez, 1993. p. 29.)
Rubem Alves escreve ainda que toda teoria social é teoria pessoal. Isso
significa dizer que ser impessoal é pretensão. Não encontramos sujeitos
portadores de uma subjetividade livre de valores pessoais. Ele considera que o
que é experimentado não precisa ser ensinado e nem repetido para ser
memorizado e que quanto mais separado da experiência um conteúdo estiver,
mais dificilmente o aprendizado.
“O meu problema é que não sei como operacionalizar o conceito,
além de agitá-lo como quem agita uma bandeira de tréguas entre
idealismo e materialismo. (...) E assim acontece com a ciência, com
o ato de ensinar, com o evento de falar.” (Alves, Rubem.
“Conversas com quem gosta de ensinar”. 27ª ed. São Paulo:
Cortez, 1993. p. 47.)
Ele considera que muitas vezes o discurso silencioso fala mais alto.
Dessa forma parafraseando, diz que usando o método de Skinner de ensino-
aprendizagem para comunicar a doutrina de Freud, a mensagem que fica
sobressalta é a de Skinner.
O autor diz que “Educação é o processo pelo qual aprendemos uma
forma de humanidade. E ele é mediado pela linguagem. Aprender o mundo
humano é aprender uma linguagem, porque os limites da minha linguagem
denotam os limites do meu mundo”. O homem chega à linguagem a partir do
que conhece, experimenta e vive. É a partir desse conhecimento que ele
organiza o seu comportamento. Em seu último capítulo ele começa a definir a
linguagem, como ela é formada dentro de cada pessoa e como ela passa a ser
vista ou considerada.
“Porque a palavra é uma entidade material. Linguagem, treliça em
que a vida se entrelaça, sulco em que a ação se escoa, teia sobre o
espaço, onde viver e andar, rede em que o corpo descansa
suspenso.” (Alves, Rubem. “Conversas com quem gosta de
ensinar”. 27ª ed. São Paulo: Cortez, 1993. p. 66.)
É impressionante ainda como ele faz a consideração da atividade
exploratória do real para daí construir o possível. Com uma comparação de um
organista que se depara com um instrumento novo o qual nunca havia usado
antes. Ele começa a fazer o reconhecimento do instrumento através da
observação e experimentação. Terminado o momento epistemológico,
terminado o conhecimento, ele começa a produzir a música. Ele passa a
produzir uma nova realidade, algo que não existia antes e que passa a ser
agora tão real quanto o instrumento que produziu a música. E assim, ele
começa a questionar o que tem produzido o discurso que tem saído de nossas
aulas, de nossas práticas educativas, o que elas têm realizado, que realidade
nova elas estão criando.
Em comparação com a ciência, Rubem Alves admite que o método não
pode ser considerado acima da determinação da pesquisa. Ele sugere que o
ponto inicial da pesquisa não seja a metodologia e sim a relevância do
problema. Como difícil é para o cientista poder pesquisar um fenômeno em sua
globalidade, o autor propõe o pensamento de teses de coletivas de mestrado
ou doutoramento mesmo que nessa forma apareça o problema de avaliar
individualmente por caracterizar-se um trabalho coletivo.
Amar, acordar, libertar e agir...
O leitor que tentar fazer a leitura do livro “Conversas com quem gosta de
ensinar” terá nele uma boa reflexão para compreender melhor a prática
educativa.
CONCLUSÃO

Concluímos que as Universidades precisam repensar os seus


programas curriculares pois precisam avaliar o que realmente pretendem com
a prática pedagógica desenvolvida em seus campos universitários. Não se trata
de querer desenvolver o ensino pelo conhecimento por ele mesmo, mas deve
tratar de construir uma realidade possível a partir do estudo do real. As
Universidades tem o real: o mundo. Mas elas precisam, a partir dele, criar uma
realidade possível.

BIBLIOGRAFIA
Alves, Rubem. “Conversas com quem gosta de ensinar”. 27ª ed.
São Paulo: Cortez, 1993.

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