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Educação Jovens e Adultos: Aprendizagem

                                                                                             Marcielaine Cardoso Maciel


                                                                            Maria Eduarda Machado de Vargas
                                                                            Lilian Soares Alves Branco        

RESUMO

Todas as pessoas possuem sua história e suas prioridades. Cada um possui um motivo
para continuar estudando ou parar. Todos temos o seu próprio tempo para
aprendermos algo. Saber o que é e como se dá esse tempo de aprendizagem dos alunos
da educação de jovens e adultos é o objetivo deste trabalho. Iremos mostrar como é o
retorno ao aprendizado após alguns tempos afastados da escola, suas dificuldades em
compreender conteúdos aplicados, suas experiências no retorno da vida escolar depois
de algum tempo longe da rede de ensino.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Aprendizagem. 

1. INTRODUÇÃO

Na área de educação, o Brasil nos últimos anos, ainda calcula quase 12 milhões
de analfabetos, por motivos mais diversos como, trabalho infantil, a pobreza e a
diferença social são os principais motivos que levam à evasão escolar. A educação de
jovens adultos foi implantada nos últimos anos por decorrência dessa grande procura
por conhecimento das pessoas que não conseguiram concluir o ensino regulamentar no
seu devido tempo.
Porém, alguns alunos da EJA, deve ter mais dificuldade em acompanhar os
conteúdos e as dinâmicas do grupo, pois, alguns já tem uma idade mais avançada, o que
torna mais desafiador, em vários casos, acabam abandonando muito facilmente, sem, ao
menos, arriscarem a compreender o que lhes “bloqueia” no aprendizado. 
Esta pesquisa terá o foco na contextualização histórica, econômica e
sociocultural de cada sujeito da EJA, mostrando como funciona essa modalidade, que
tem como proporcionar aos alunos uma nova realidade para ingressar no mercado de
trabalho.
A EJA é uma modalidade de ensino reconhecida pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDBEN) – Lei nº 9394/96, que abrange a educação de jovens e
adultos, conforme descrito no artigo 37, destinando-a “àqueles que não tiveram acesso
ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” (BRASIL,
1996).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Educação de jovens e Adultos

A educação de jovens e adultos iniciou muito antes de 1996, lá pelos anos de


1940, foi neste ano que ela foi oficializada, a partir de então, os jovens e adultos
tiveram, em lei, um direito ajuizado e formado para garantir sua escolarização de forma
a atender às suas necessidades, tendo em consideração suas condições de vida e de
trabalho.
De acordo com a LDB 9394/96 (art. 32), as exigências de um ensino da EJA –
educação de jovens e adultos, o ensino fundamental deverá ter por objetivo a formação
básica do cidadão, mediante:

O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o


pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II. a compreensão do
ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos
valores em que se fundamenta a sociedade; III. o desenvolvimento da
capacidade de aprendizagem, tendo em vista à aquisição de conhecimentos e
habilidades e a formação de atitudes e valores; IV. o fortalecimento dos
vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social. O ensino médio, conforme a LDB,
tem como finalidades: I. a consolidação e o aprofundamento dos
conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o
prosseguimento de estudos; II. a preparação básica para o trabalho e a
cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de
se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores; III. o aprimoramento do educando como pessoa
humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico; e prática. (BRASIL, 1996,pg 23).

A educação é primordial ao ser humano, desde o início dos tempos, atualmente


onde quem não tem um pouco de estudo não consegue acompanhar a evolução, diversos
documentos assim como a Lei de Diretrizes e Bases nos dão direitos a educação. No
presente momento, com toda grande modernização econômica e cultural, ainda se
enfrenta um grande problema que impede o desenvolvimento do país, consequência da
falta de investimento na educação, o que gera a má qualidade da mesma.
A EJA sendo assim além de presencial, pôde-se fazer a distância, entretanto está
dividido em duas etapas, ensino fundamental, leva em média de 2 anos para se formar, e
médio, que pode ser realizado em 18 meses, sendo 6 meses para cada ano. Entretanto,
para iniciar o ensino fundamental na EJA, é preciso ter no mínimo 15 anos e iniciar o 
ensino médio, basta ter finalizado o ensino fundamental. 
 O governo federal  tem como objetivo a Educação de Jovens e Adultos, através
de programas como Brasil Alfabetizado, em que o objetivo é alfabetizar jovens, adultos
e idosos, com o intuito de mudar este cenário, que vem evoluindo de forma gradativa. 
Sobre o Programa Brasil Alfabetizado:
                                                       

Mesmo com o esforço do Programa Brasil Alfabetizado, instituído pelo


governo Lula, não avançamos o suficiente para termos realmente algum
orgulho nessa área. A sociedade ficou esperando, em 2003, um programa de
mobilização que não aconteceu. O Programa Brasil Alfabetizado do MEC,
mesmo com todo o trabalho desenvolvido, e a generosidade de seus
promotores, ainda está aquém do esperado. Milhões de brasileiros foram
alfabetizados, é verdade, mas não conseguiram dar continuidade a seus
estudos nos estabelecimentos oficiais de ensino. E todos sabemos que,
quando não se garante a continuidade, corre-se o risco de regressão
(reversão) ao analfabetismo. Se o alfabetizando não usa o que conhece acaba
esquecendo o que aprendeu. A falta de continuidade é mortal para o recém-
alfabetizado. (GADOTTI, 2008, p. 14).

Compreendemos então que a Educação de jovens e adultos se encontra, de certa


forma, parada devido a falta de avanço, ocasionando um choque em sua identidade. Para
que se possa recuperá-la, de alguma forma, é necessário que se realize um confronto
com as três instâncias do atual sistema de ensino,que são elas :

● Dimensão política, que ultrapassa toda rede escolar, que está presente no
sistema educativo e é controlada pelos governos e secretarias de educação;
● Dimensão Gerencial,acionada na gestão da educação , mas também a
gestão do ambiente educativo em particular;
● Dimensão pedagógica, qualifica se como principal, por se tratar da sala de
aula, do âmbito escolar, compreendendo que o professor como autoridade
de sala de aula, capaz de nortear seus alunos para seguir em frente.

Os professores alfabetizadores hoje, são os responsáveis por, principalmente,


formar alunos a ler e escrever. São os verdadeiros mestres em pró da erradicação do
analfabetismo, e o que os governantes chamam de analfabetismo funcional. Este tipo de
analfabetismo corresponde ao indivíduo que não sabe ler e escrever. A ideia de ser
alfabetizado é a de que os indivíduos que saibam pelo menos escrever seu próprio
nomes, são alfabetizados
2.1 Aprendizagem

Ao pensarmos em aprendizagem, incluímos ideias e descobrimentos


entendimentos, transformamos aprendizado ligados diretamente ao aluno, a
aprendizagem possibilita várias oportunidades para o aluno e professor, sendo
significativo lembrar que o diálogo vai bem além de uma conversa.  O aluno da EJA
tem uma visão em relação a sua aprendizagem mais do que seu letramento, eles querem
sua independência, sua inclusão na sociedade e cultura.. No mundo em que vivemos
vemos cada vez mais as pessoas em busca de uma identidade própria e o anseio de ser
pessoas com escolaridade e por busca de melhorias.
Com a necessidade de uma identidade própria, de estar envolvido em um
ambiente, o sujeito busca na EJA o conhecimento que não teve no tempo escolar
correto, onde a aprendizagem faz toda diferença, o professor é cada vez mais importante
e decisivo no processo de ensino e aprendizagem desse aluno.

“À medida que o educador vai relacionando os saberes trazidos pelos


educandos com os saberes escolares, o educando vai aumentando sua
autoestima, participando mais ativamente do processo. Com isso melhora
também a sua participação na sociedade, pois assume um maior
protagonismo agindo como sujeito no processo de transformação social.”
(FEITOSA, 1999, p.43)

No Brasil existem muitas pessoas que não concluíram o ensino fundamental e o


ensino médio, assim de fato ocorrendo a exclusão perante a sociedade, em que a
desigualdade social fica cada vez mais presente e tornando mais difícil de conseguir
arrumar emprego. Conforme coloca Ferrari (2011, p. 1):
A maior demanda de jovens pelos cursos de EJA traz, como consequência, a
dificuldade de o professor atender num mesmo espaço e tempo diferentes
níveis de conhecimento e ritmos de aprendizagens. Em geral, as falas dos
professores apontam para aceitação do aluno adulto, reconhecendo e
valorizando o esforço diário para permanecer no curso, o esforço para
aprender, para responder às tarefas e a manutenção da relação hierárquica
professor x aluno, no respeito com que o adulto trata o mestre.(FERRARI,
2011, p.1).

Os alunos da EJA almejam concluir sua escolaridade para buscar melhores


condições no mercado de trabalho, os jovens e adultos que  já estão inseridos, em
muitos momentos se deparam aflitos para conseguir manter-se no emprego, é neste
momento que a qualificação se torna uma necessidade evidente.
O processo de alfabetização dos alunos de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
é um grande desafio para a maioria dos professores, necessitando de um olhar
diferenciado, demonstrando sensibilidade e observação ao utilizar materiais que façam
parte do cotidiano dos alunos. É necessário utilizar maneiras diferentes das
desenvolvidas com crianças, mantendo o interesse dos alunos, incentivando-os a
aprender através de atividades diretamente conectadas ao mundo adulto. É importante
que o professor possua formação para trabalhar com as necessidades de cada um,
demonstrando preparo e conhecimento. 

O objetivo do trabalho didático-alfabetizador é contribuir para que os sujeitos


se tornem usuários autônomos da linguagem”. (Schwartz, 2010:41).

Devemos compreender que o estudante da EJA como uma pessoa já com a vida
praticamente concluída, o que lhe falta é só alguém como um professor ter dom e o
papel de lhe dar incentivo através de passar o conhecimentos. Mostrando então cada
minuto de sua atenção, que o ato de ensinar não é só a transferência de conhecimentos,
mas também o ato de respeitar o conhecimento já adquirido dos seus alunos, realizando
a junção de suas experiências já existentes com as que o próprio professor terá que
apresentar, assim criando então a troca de saberes.

Portanto, o ato de passar conhecimento vai além de ensinar, de aprender, e até


mesmo vai além do fazer. Passar conhecimentos requer comprometimento, respeito e
conhecimento por parte do professor que na maioria das vezes não é encontrado em
livros ou aprendidos nas faculdades. Cabe aos professores usar seu entendimento para
assim poder perceber a necessidade real de cada aluno e de cada turma e assim poder
andar com seus alunos, juntos, em um caminho repleto de conhecimentos e boas
experiências.
3. MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia da construção deste artigo foi a pesquisa bibliográfica mediante o


método descritivo, desenvolvido com base em material publicado em livros, jornais,
artigos, redes eletrônicos, a fim de adquirir embasamentos teóricos para o tema
escolhido.

EJA abrange todos os níveis da educação e garante a permanência do aluno


com idade superior aos 16 anos na sala de aula
Foto: Divulgação/PMI
https://www.diariodolitoral.com.br/itanhaem/educacao-de-jovens-e-adultos-
eja-de-itanhaem-esta-com-inscricoes/94514/

A Educação de Jovens e Adultos, como podemos ver na foto acima, proporciona


a educação básica para aqueles que não tiveram condições de frequentar a escola. Sendo
assim, o programa de alfabetização e escolarização aos jovens e adultos, tem por
finalidade a integração social.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No cotidiano evidencia-se que a EJA é destinada para aqueles que não tiveram
acesso à escola na idade certa, permitindo que os alunos concluam o ensino em menor
tempo, possibilitando maiores oportunidades, também melhorando a qualidade de vida e
integração à sociedade atual.

“A EJA, como direito, reafirma o estabelecido na Declaração Universal dos


Direitos Humanos (1948), de que a educação é um direito fundamental da
pessoa, do cidadão, sendo necessária a oferta de condições para que esses
direitos sejam, de fato, exercidos”. (BARCELOS, DANTAS, 2015, p.27)


O autor Barcelos (2015) aborda sobre a Declaração Universal dos Direitos
Humanos (1948), que a educação é um direito fundamental da pessoa, sendo necessária
a oferta de condições para que esses direitos sejam, de fato, exercidos. A EJA é uma
transformação positiva na vida dos alunos, tornando-os críticos e conscientes, evitando
fazer parte de uma sociedade indiferente e negligente.
Cada aluno do EJA traz consigo uma mala enriquecedora de histórias e
experiências de vida, demonstrando que existe a troca de experiências e aprendizado. O
docente deve estar pronto a aprender  com a biografia de cada  aluno com o devido
respeito e apropriar-se de maneiras adequadas para que a construção do conhecimento 
seja uma troca de conhecimento.
5. CONCLUSÃO
 
A educação de jovens e adultos é um sistema diferenciado e significativo para a
educação brasileira, e que foi criada com o intuito de ajudar uma geração, que
infelizmente por algum momento de sua vida pessoal, teve de abandonar a escola assim
antes de concluir o ensino básico. No entanto, esqueceu-se que cada sujeito possui sua
história, e cada um possui um “relacionamento” único com a escola, conseguindo não
só recuperar esses anos perdidos e sim trazendo uma nova esperança a vida dos seus
alunos.
O conhecimento do professor vai muito além de algo aprendido por ele no
ensino superior.,pois o profissional que tinha o curso de magistério, era quem
alfabetizava os alunos, sendo eles crianças ou adultos. Entretanto, hoje são os
pedagogos que têm de socorrer a demanda educacional existente no país, pois, os
profissionais com a formação de magistério não conseguem mais dar conta sozinhos da
educação e do ato de educar, principalmente na EJA.
Ao professor da EJA fica sua prática pedagógica, além da sua compreensão de
ser esse um processo de grande responsabilidade social e educacional, onde ele é o
grande facilitador do conhecimento, possibilitando novas aprendizagens, tendo um
grande potencial de tornar o espaço de aprendizagem em um ambiente propício para
suprir todas dúvidas, o que permite ampliar o desenvolvimento intelectual de cada
aluno.
REFERÊNCIAS

BARCELOS, Valdo, DANTAS, Tânia Regina. Políticas Práticas na Educação de


Jovens e Adultos. Rio de Janeiro: Vozes, 2015.

FEITOSA, Sonia Couto Souza. Método Paulo Freire – Princípios e práticas de uma
concepção popular de educação. São Paulo. Universidade de São Paulo, 1999.

GADOTTI, M. MOVA, por um Brasil Alfabetizado. Série Educação de Adultos; 1.


São Paulo: Instituto Paulo Freire, 2008.

SCHWARTZ, Suzana. Alfabetização de jovens e adultos: teoria e prática. Rio de


Janeiro. Editora Vozes, 1998.

 VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 3 ed. São Paulo: Editora Martins. 2005.

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