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Situação atual da educação infantil no Brasil

Hoje a educação infantil é voltada para educar, cuidar e brincar, retornando para uma
formação integral, que seja capaz de despertar nas crianças o seu desenvolvimento
psicológico, físico, social, cognitivo, possibilitando uma educação que seja capaz de
reconhecer a criança como um ser pensante e autônomo.Entre 2019 e 2022, o Brasil não
avançou na meta de universalização da educação infantil. A frequência escolar das
crianças com 4 e 5 anos de idade - início da obrigatoriedade da educação básica - recuou
1,2 ponto percentual no período, passando de 92,7% para 91,5%.6 de dez. Segundo
a LDB, artigo 29, a educação infantil tem como finalidade "o desenvolvimento integral
da criança até seis anos de idade em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e
social, complementando a ação da família e da comunidade".Hoje em dia é consenso
entre especialistas, educadores e famílias que a Educação infantil é essencial para o
pleno desenvolvimento do indivíduo, mas nem sempre foi assim. Não sei se todos que
acompanham esse artigo sabem, mas a Educação Infantil, enquanto direito, só foi
constituída recentemente na história do nosso país. Ao longo das décadas, vimos esse
segmento educacional ganhar seu espaço de destaque e de apoio direto ao
desenvolvimento de inúmeras crianças.Se percorrermos a história da educação no
Brasil, a Educação infantil não teve relevância e pouco se falava sobre primeira infância
até 1974. Durante períodos desafiantes na história do Brasil, foram propostos espaços
que acolhessem as crianças e promovessem, inicialmente, cuidados mais assistenciais,
principalmente, quando ocorreram movimentos de grandes pressões feministas e outros
movimentos sociais.O primeiro grande marco da Educação Infantil brasileira ocorreu
com a Constituição Federal de 1988, o que tornou dever do estado e direito o
atendimento de todas as crianças de zero a seis anos nos espaços de creches e pré-
escolas. Assim houve o primeiro avanço importante para a Educação Infantil.Desde
então, muitos processos de implantação de trabalho e implementação de propostas
inovadoras ocorreram. Somente em 1996, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB – 9.394/96), foi que a Educação Básica passou a ser estruturada por
etapas e modalidades de ensino, englobando a Educação Infantil e o Ensino
Fundamental obrigatório de nove anos e o Ensino Médio.

Inclusão escolar e necessidades educacionais especiais


A Constituição brasileira propõe a obrigatoriedade do Estado sobre a educação. Não
cabe às instituições educativas fazer nenhum tipo de distinção. Seja de etnia, raça,
credo, gênero, condição social ou quaisquer outras formas de discriminação.

Sendo assim, a lei também ampara todas pessoas que possuam algum tipo de
necessidades educacionais especiais (NEE) como:

 condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais e sensoriais diferenciadas;


 portadoras de déficits e bem dotadas;
 trabalhadoras ou que vivam em condição de rua;
 populações distantes ou nômades;
 minorias linguísticas, étnicas ou culturais;
 grupos desfavorecidos ou marginalizados.
A inclusão escolar e a educação especial
A educação especial é compreendida como uma modalidade de ensino e um instrumento
de inclusão de alunos. Alunos portadores de necessidades especiais podem ter acesso a
serviços voltados às suas especificidades.

Entretanto, estudos mostram que a melhor maneira de integrar pessoas com


necessidades especiais é dentro do ensino regular. Sendo assim, o atendimento
especializado deve ocorrer paralelamente às aulas.

Desafios da inclusão escolar


Muitos são os desafios da inclusão escolar. Dessa forma, algumas ferramentas são
criadas para superar o desafio de educar a todos de forma integral e efetiva e reduzir o
número de excluídos e marginalizados pelos sistemas educativos.

A ideia é possibilitar a convivência de todos de maneira igualitária, respeitando a


diferenças entre os indivíduos.

Com isso, não se deve criar espaços completamente separados que possam servir como
forma de segregação e exclusão dos portadores de necessidades especiais.

Deste modo, a Inclusão Escolar torna-se um desafio para além da universalidade do


acesso. Torna-se uma tarefa de integrar e criar condições para a permanência de todos
dentro do sistema educacional e a promoção de seu desenvolvimento e aprendizagem.

História da inclusão escolar no Brasil


No Brasil, a Constituição de 1824 considerou que o acesso a educação primária deveria
ser gratuito para todos os cidadãos. É estabelecida a relação entre educação e cidadania.
Entretanto, a designação de cidadão excluía as mulheres e os trabalhadores.

Em 1879 no município do Rio de Janeiro, a educação passou a ser obrigatória para


todos os jovens, de ambos os sexos, dos sete aos quatorze anos.

A partir da Constituição de 1934, a educação passou a ser compreendida como um


direito gratuito e obrigatório, tendo sua responsabilidade dividida entre a família e o
Estado.

Em 1961, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 4024/61) dedica seu terceiro
capítulo à educação de portadores de necessidades especiais:

Art. 88 - A educação de excepcionais deve no que for possível, enquadrar-se no sistema


geral de ensino, a fim de integrá-lo na comunidade.

Essa medida buscou regulamentar algumas campanhas feitas no final da década de


1950, nomeadamente, para surdos, cegos e pessoas com questões da mente.

Durante um longo período, a educação especial foi desenvolvida em instituições


privadas com o apoio do governo.

Apenas com a promulgação da Constituição de 1988, a educação passou a ser entendida


como um direito fundamental e universal. Essa mudança obriga o Estado a proporcionar
a todos o seu acesso. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB
9394/96) instituiu a obrigatoriedade da educação a partir dos quatro anos de idade. É
obrigatória a educação para todas as crianças, sem nenhum tipo de discriminação.

Sendo assim, o tema da inclusão escolar apresentou-se como um desafio para o Estado
brasileiro e toda a sociedade, relacionando-o com a democratização dos direitos e a
justiça social.

Atualidade
Passado tanto tempo, a precariedade na educação é um dos problemas sociais do nosso
país. Isso porque há crianças que ainda não têm acesso ao ensino formal ou a escola que
frequentam estão lotadas e oferecem poucas condições. Como consequência, essas
crianças têm menos oportunidades.
Um dos maiores problemas é que o Brasil não investe na educação de forma adequada,
apesar de que investe mais em educação do que alguns países desenvolvidos.
Acresce à questão financeira, por exemplo, as situações de desvio de verbas.
Além dessas questões, também está em causa a formação docente. A verdade é que há
professores a lecionar disciplinas para as quais não receberam formação, bem como são
pouco incentivados a nível de remunerações.
Finalmente, dentre as situações que requerem mais atenção, tem-se a reforma do ensino
médio, a base nacional comum curricular (BNCC) e a crise do ensino superior.
Dados
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2007 e
2014 foi registrada queda do analfabetismo e aumento da escolarização para crianças
entre os 6 e os 14 anos. O nível da educação brasileira também cresceu nesse mesmo
período. No entanto, quando o assunto é analisado mais a fundo, nos deparamos com a
seguinte realidade, conforme dados de 2011 fornecidos pelo Instituto Paulo
Montenegro:

- 27% dos brasileiros são analfabetos funcionais (sabem ler, mas não compreendem o
sentido daquilo que lêem)
- 4% dos estudantes do ensino superior são considerados analfabetos funcionais
No Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) da OCDE, o Brasil ocupa as
posições 63.ª, 59.ª e 66.ª em ciências, leitura e matemática respectivamente.

Evasão escolar

Evasão escolar é o ato de deixar de frequentar as aulas, ou seja, abandonar o ensino em


decorrência de qualquer motivo.
Esse problema social que, infelizmente, é comum no Brasil, afeta principalmente os
alunos do Ensino Médio.
O papel da escola na primeira infância

Ainda que muitas pessoas tenham consciência do papel da escola na primeira infância,
sabemos que a falta de vagas, principalmente nas creches, é recorrente. E essa é uma
questão que vai além da decisão dos pais em enviarem seus filhos às escolas.
Conforme o Censo Escolar, o acesso à pré-escola está à beira da universalização, com
91,7% das crianças atendidas. Porém, a oferta de vagas nas creches é de, apenas, 32,7%
do total necessário. O que está longe da meta estipulada pelo Plano Nacional de
Educação (PNE), que fala em atender, pelo menos, 50% das crianças de 0 a 3 anos até
2024.
O processo de tornar a Educação Infantil universal pode levar anos. Mas, para além do
acesso, as escolas precisam se preparar para que exerçam seu papel de ensinar.
É no Projeto Político Pedagógico (PPP) que o desenvolvimento das competências e
habilidades necessárias, desde a primeira infância, deve ser previsto.
Além da ludicidade, que é fundamental nessa etapa, é preciso elaborar propostas
pedagógicas sólidas, voltadas ao estímulo da leitura, escrita, raciocínio, reflexão e
criatividade.
Para isso, é necessário entender os papéis da escola no primeiro estágio da vida desses
alunos:
1- Socialização
A primeira socialização da criança é no ambiente familiar. É, neste momento, que por
intermédio dos pais, irmãos e demais integrantes da família, algumas de suas
habilidades são desenvolvidas. Porém, na maioria das vezes, não são utilizados métodos
pedagógicos, ocasionando um déficit na aprendizagem.
Na escola é onde a segunda socialização acontece. Em um ambiente coletivo, as
relações são mediadas pelo professor que, além de ensinar, possui especialização para
lidar com diversas situações, estimulando o desenvolvimento das habilidades cognitivas
e comportamentais do aluno.
É, na Educação Infantil, que as crianças convivem com pessoas diferentes e, por isso,
desenvolvem tolerância, responsabilidade, respeito, dentre outras atitudes positivas. O
que expande suas habilidades sociais e faz com que, no futuro, tenham facilidade de se
comunicar, trabalhar em equipe e enfrentar suas dificuldades com segurança.
2- Desenvolvimento da inteligência emocional
Na escola, a criança nem sempre terá a atenção total do professor. Da mesma forma, não
ganhará em todas as brincadeiras e nem terá o melhor desempenho em todas as
atividades.
Ao contrário do ambiente familiar, em que muitos pais têm dificuldade para dizer não,
na escola, isso ocorre com frequência. Receber alguns “nãos” é importante para
desenvolver a inteligência emocional do aluno e fazer com que, quando adultos,
consigam lidar com as frustrações com leveza.
3- Preparação para a pré-escola
O pais é que decidem, se enviam ou não o filho de até 3 anos para a escola. Porém, a
partir dos 4 anos, toda criança deve ir à escola.
Por mais que não seja obrigatório frequentar a creche, essa é uma etapa que não deve
ser pulada, pois prepara o aluno para a pré-escola. A estimulação adequada é propiciada,
somente, pelo professor.
Quando a criança vai à escola, apenas, a partir dos 4 anos, ela pode ter dificuldade de se
adaptar. Pois terá um choque, ao abrir mão da liberdade de casa, em detrimento das
regras do ambiente escolar.
Se, desde cedo, criar uma rotina entre casa e escola, avançará nos degraus do
aprendizado de forma leve e sem grandes obstáculos.
4- Desenvolvimento de capacidades
A escola desperta, na primeira infância, capacidades cognitivas e afetivas através do
desenvolvimento da psicomotricidade.
Por meio de artifícios como, massa de modelar e giz de cera, alia o movimento do corpo
ao mundo interno do indivíduo, fazendo com que, pouco a pouco, seu aprendizado seja
estimulado.
5- Estímulo da pesquisa
O professor, no seu papel de mediador, deve instigar a curiosidade de seus alunos. Criar
um clima e gerar expectativas sobre determinado assunto. Fazendo, assim, com que
construam seu próprio caminho em busca do conhecimento.
Desta forma, será despertada, na criança, a vontade de fazer descobertas para que, no
futuro, tenha um senso crítico de mundo.
6- Incentivo à expressão
Através de brincadeiras lúdicas é que as crianças conseguem expressar o que pensam ou
sentem. É a partir dessas atividades que a linguagem é desenvolvida.
Jogos de tabuleiro, desenhos, cantigas e danças, são algumas, das muitas formas de
trabalhar a expressão dos alunos. Quanto mais estímulo através desse tipo de atividade,
maior será o seu desenvolvimento.
A base para o aprendizado, na Educação Infantil, é fazer a criança interagir por meio de
brincadeiras. Mas, é claro, sem esquecer das estratégias pedagógicas.
Ao se expressar, o aluno adquire a capacidade de se comunicar melhor. Isso fará com
que, na vida adulta, consiga ter desempenho positivo em diversas situações, como em
uma entrevista de emprego ou em trabalhos em equipe.
Portanto, levando em consideração que a escola desenvolve socialização, inteligência
emocional, preparação para a pré-escola, estimula a pesquisa, incentiva a expressão e
desperta novas capacidades nas crianças, é altamente recomendável que elas frequentem
o ambiente escolar desde a primeira infância.
Os principais tipos de problemas de aprendizagem
Dislexia

Dislexia
A principal característica da dislexia é a dificuldade em ler e escrever. Pessoas com
dislexia apresentam atrasos para o aprendizado da leitura e da fala, problemas para
memorizar palavras, regras ortográficas e conceitos, dispersão e falta de atenção. A
dislexia é um problema crônico, com origem no cérebro, coluna vertebral e nervos
(neurobiológica).

Discalculia

Dificuldades para compreender e assimilar regras, conceitos e operações matemáticas.


Portadores desse transtorno possuem sérios problemas em realizar operações que
envolvam números, além da dificuldade em ler símbolos matemáticos, operar cálculos
numéricos e realizar operações mentais e escritas.

Disgrafia

A disgrafia é um distúrbio que dificulta a percepção e capacidade escrita dos indivíduos,


levando os portadores a frequentemente cometerem diferentes erros ortográficos. De
acordo com especialistas, o transtorno pode estar relacionado a problemas psicomotores,
levando as pessoas a apresentarem dificuldade em formar palavras, reconhecer e
diferenciar maiúsculas e minúsculas, espaçamento das palavras, entre outras.
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade)

Um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos, o TDAH (Transtorno do Déficit


de Atenção com Hiperatividade) é uma doença crônica que causa comportamento
agressivo, ansiedade, dificuldades de aprendizagem, inquietação, entre outros. Os casos
geralmente são detectados na infância e acompanham as pessoas durante a sua vida. Em
alguns casos, a pessoa nasce com o problema e em outros passa a apresentar o problema
após episódios de tensão e estresse.
Fatores sociais e econômicos

Quando as condições financeiras ou econômicas das famílias não permitem um maior


cuidado ou zelo para com a criança, pode haver baixo rendimento escolar por falta de
recursos que lhe proporcionem boa alimentação, boa vestimenta ou melhor qualidade de
vida, de saúde, lazer etc. Isso inclui o meio no qual essa criança ou adolescente está
inserido, pois comportamentos inadequados por parte de pais ou responsáveis,
principalmente promiscuidade, prostituição, drogas na família, violência doméstica,
desemprego e desestruturação familiar são fatores que interferem diretamente no
comportamento da criança ou adolescente, contribuindo para dificultar sua
aprendizagem. Fatores como desemprego ou subemprego dos pais ou responsáveis pela
criança ou adolescente têm elevado as estatísticas de evasão, desistência, repetência e
reprovação escolar, causadas, na maioria das vezes, pelo fato de ele ter que trabalhar
para ajudar no aumento da renda familiar, deixando de lado os estudos.

Tais fatores têm contribuído para o aumento dos índices brasileiros do trabalho infantil,
como casos em que se pode observar, por exemplo, crianças e adolescentes da cidade de
João Câmara/RN que estão perdendo as impressões digitais no trabalho de assar e
quebrar castanhas. Nesse processo, a castanha solta um óleo que, para ser limpo, exige,
além de água e sabão, água sanitária, o que faz com que a pele dos dedos se desprenda,
deixando-os sem as impressões digitais, como mostrou um programa Globo Repórter de
2013. Além disso, há modalidades de trabalho infantil que são extremamente insalubres,
como na roça, nas cerâmicas de tijolo ou nas feiras como carregadores. Tudo isso para
ajudar nas despesas de casa, deixando de estudar, brincar, perdendo principalmente a
condição e o direito de ser criança.

Fatores físicos e mentais

Os fatores físicos e mentais também são limitantes da aprendizagem do aluno, pois


alunos com dificuldade de locomoção enfrentam mais dificuldades que alunos que não
possuem essas limitações, principalmente quando as escolas não possuem condições de
acessibilidade, como rampas para cadeirantes e banheiros adaptados, carteiras acessíveis
etc. Quando os fatores são mentais, as dificuldades são muito maiores, visto que muitas
escolas ainda não estão preparadas para receber essas crianças em suas salas de aulas
regulares, devido principalmente à falta de professores e funcionários qualificados, o
que, sem sombra de dúvida, torna-se fator limitante da aprendizagem, principalmente
quando eles precisam de cuidados especiais por parte de professores e acompanhantes,
tornando esse fator determinante para a aprendizagem de alunos com necessidades
especiais, notadamente quando a escola ainda não está inserida na perspectiva inclusiva.

As atividades recreativas demonstram que o aprendizado é possível se realizar em


diferentes ambientes com maior flexibilidade de regras, de lugar, de mobilidade, de
tempo e desenvolver as habilidades básicas, ainda olhando por essa perspectiva as
atividades recreativas auxilia na maior participação das crianças, ampliando os aspectos
cognitivos, afetivos e a sociais, alguns outros benefícios são: promove a autonomia,
desenvolve a linguagem e expressões, desperta curiosidades, melhora a disposição e
estimula a imaginação.
Se engana quem acredita que essas atividades visam apenas o entretenimento, com um
bom planejamento essas atividades podem se tornar experiências de aprendizado e rico
campo a ser trabalhado. A qualidade do tempo gasto é importante, uma atividade
recreativa não precisa levar 2, 3 horas para ser produtiva, qualidade é melhor do que
quantidade.

A leitura e a escrita
A leitura é um processo de compreensão abrangente que envolve aspectos neurológicos,
naturais, econômicos e políticos. A correspondência entre os sons e os sinais gráficos
pela decifração do código e compreensão do conceito ou ideia; corresponde a um ato de
compreensão, ou seja, uma busca daquilo que o texto pode significar, da mesma forma
que se procura extrair significado da linguagem falada; para que a leitura seja possível,
é necessário que compreendamos símbolos (significantes) e aqueles que simbolizam
(significados).
A leitura é definida como uma maneira de comunicar-se com o texto impresso por meio
da busca de compreensão. O ato de ler ativa uma série de ações na mente do leitor pelas
quais ele extrai informações. Ela é a capacitação de significados numa crescente
comunicação entre o leitor e o texto que implica aprender a descobrir, reconhecer e
utilizar os sinais da linguagem.
De acordo com a ideia de que a leitura implica compreensão, um aluno que seja
somente capaz de simplesmente decodificar as palavras sem alcançar o entendimento da
ideia contida nelas não pode ser considerado alguém que realmente lê.
A escrita é uma forma de representação da linguagem oral; como tal, escrever também
diz respeito a um ato de significar, de representar ideias, conceitos ou sentimentos, por
meio de símbolos, mas de origem gráfica e não sonora.
A necessidade do homem de se comunicar graficamente com seu semelhante parte dos
tempos mais remotos, desde o período pré-histórico, quando as mensagens eram escritas
nas paredes as cavernas em processos rudimentares e pintura. Em busca de meios que
assegurassem uma mensagem mais precisa, o homem passou a representar as palavras
por meio de desenhos em determinada ordem, isto é, havia um significado para cada
desenho.
As conclusões a que chegam os estudos sobre a língua do ponto de vista do seu processo
evolutivo são de que o caminho da autonomia intelectual é do agir sobre a escrita com
liberdade; aprendendo a ler e a escrever, o aluno tem mais oportunidade da linguagem.
A especialização e o aproveitamento das ciências em torno do universo humano deram
lugar de destaque às atividades gráficas, já que é impossível ter todos os conhecimentos
pela fala. Aprender a ler e a escrever tornou-se uma preocupação de todos os governos,
pois se transformou num termômetro do desenvolvimento social.
Adotando o pressuposto do dialogismo da língua e da polifonia do texto, a leitura e a
escrita podem ser investigadas não apenas na perspectiva da diferença, mas também na
perspectiva da semelhança, do compartilhado. Tal perspectiva é importante, pois, como
Bakhtin (1990) já previa,
o menosprezo da natureza do enunciado e a indiferença para com os detalhes dos
aspectos genéticos do discurso levam, em qualquer esfera da investigação, ao
formalismo e a uma excessiva abstração, desvirtuam o caráter histórico da investigação,
enfraquecem o vínculo da linguagem com a vida (Bakhtin, 1990, p. 251).
Da perspectiva da prática, a concepção dialógica da linguagem, a incorporação do outro
no texto do autor nos permitem pensar em outra dimensão para o ensino da escrita, em
que o abstrato, que remove os vínculos com e o suporte da oralidade no processo de
aquisição da escrita, não é o elemento de maior saliência. Um olhar que veja a
linguagem oral e a escrita não pelas diferenças formais, mas pelas semelhanças
constitutivas, permite que pensemos a aquisição da escrita como um processo que dá
continuidade ao desenvolvimento linguístico da criança, substituindo o processo de
ruptura, que subjaz e determina a práxis escolar.
Na hora da leitura, os alunos precisam ser capazes de tomar uma decisão frente ao que
leem, perceber não só o que está explícito, mas o que está subentendido e compreender
as interações do autor e suas motivações para apresentar a informação de determinado
modo. Na hora de redigir, têm de saber definir quem será o destinatário, qual o
propósito da escrita e como fazer isso de um jeito eficiente; aí está incluído definir o
gênero mais adequado e seguir as normas e os padrões socialmente aceitos.
Infelizmente, poucos conseguem.
Desenvolver os complementos para leitores e escritores leva tempo. Por isso, as quatro
atividades devem ser propostas ao longo do ensino por meio de atividades permanentes,
sequências e projetos didáticos. Nas concepções que privilegiam o estudo da leitura
independentemente das práticas discursivas nas quais a escrita está integrada, a prática
de escrita focalizada é aquela que leva a produção do texto tipo ensaio (isto é, o texto
expositivo e/ou argumentativo), justamente aquele texto que mais se diferencia da
leitura. Olson (1983) diz que
os enunciados conversacionais tendem a ser pouco planejados, informalmente
empregados e expressam conteúdos informais. Os textos escritos, por outro lado,
tendem a ser cuidadosamente planejados, utilizados seletivamente, e expressam
conjuntos formais de conhecimento (Olson, 1983, p. 41).
Entretanto, as diferenças são bem mais relativas quando o foco não está nas diferenças e
quando a concepção não é polar. Em primeiro lugar, porque nem toda escrita é formal e
planejada, nem toda oralidade é informal e sem planejamento. Em segundo lugar, após
as reflexões de Bakhtin sobre a linguagem e as análises que se enquadram nas diversas
vertentes da análise do discurso, isto é, análises que consideram que a prática social é
constitutiva da linguagem, a redução da dimensão interpessoal na escrita fica difícil de
ser sustentada.
A leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e
da personalidade. Trabalhar com a linguagem é trabalhar com o homem. Significa que o
elemento humanitário está enfraquecendo e a capacidade de compartilhar uma
experiência por simpatia e valorização está diminuindo. A leitura favorece a remoção
das barreiras educacionais de que tanto se fala, concedendo oportunidades mais justas
de educação principalmente pela promoção do desenvolvimento da linguagem e do
exercício intelectual, e aumenta a possibilidade de normalização da situação pessoal de
um indivíduo.
O processo de alfabetização na leitura e na escrita
O processo de alfabetização é uma discussão antiga entre os especialistas no assunto e
entre os pais quando vão escolher uma escola para seus filhos começarem a ler as
primeiras palavras e frases. No caso brasileiro, com os elevados índices de
analfabetismo e os graves problemas estruturais na rede pública de ensino, especialistas
debatem qual seria o processo para revolucionar ou pelo menos melhorar a educação
brasileira. Ao longo das décadas, houve mudança da forma de pensar a educação, que
passou a ser vista da perspectiva de como o aluno aprende e não como o professor
ensina.
São muitas as formas de alfabetizar, e cada uma delas destaca um aspecto no
aprendizado. Desde o método fônico, adotado na maioria dos países, que faz a
associação entre as letras e sons, passando pelo método da linguagem total, que não
utiliza cartilhas, e o alfabético, que trabalha com o soletração, todos contribuem, de uma
forma ou outra, para o processo de alfabetização.
Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método alfabético, também conhecido
como soletração, tem como princípio que a leitura parte da decoração oral das letras do
alfabeto e depois todas as suas combinações silábicas e, em seguida, as palavras. A
partir daí, a criança começa a ler sentenças curtas e vai evoluindo até conhecer histórias.
Por esse processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Por
exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca; s, a, sa; casa. O método alfabético
permite a utilização de cartilhas.
As principais críticas a esse método estão relacionadas à repetição dos exercícios, o que
o tornaria tedioso para as crianças, além de não respeitar os conhecimentos adquiridos
pelos alunos antes de eles ingressarem na escola. O método alfabético, apesar de não ser
o indicado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda é muito utilizado em diversas
cidades do interior do Nordeste e Norte do país, já que é mais simples de ser aplicado
por professores leigos, com a repetição das cartas de ABC, e na alfabetização
doméstica.
O modelo escolar de alfabetização nasceu há pouco mais de dois séculos, precisamente
em 1789, na França, após a Revolução Francesa. A partir de então, crianças são
transformadas em alunos, aprender a escrever se sobrepõe a aprender a ler, ler agora se
aprende escrevendo; até esse período, ler era uma aprendizagem distinta e anterior a
escrever, compreendendo alguns anos de instrução em ensino individualizado. É, então,
no jogo estabelecido pela Revolução entre a continuidade e a descontinuidade do tempo,
em que a ruptura vai sendo atropelada pela tradição, que a alfabetização se torna o
fundamento da escola básica e a leitura/escrita, da aprendizagem escolar.
Analisando a evolução da investigação e do debate em relação à alfabetização escolar
no século XX, é possível definir, em linhas gerais três períodos. O primeiro
corresponde, aproximadamente, à primeira metade do século, quando a discussão se
dava estritamente no terreno do ensino. Buscava-se o melhor método para ensinar a ler
com base na suposição de que a ocorrência de fracasso se relacionava ao uso de
métodos inadequados. A discussão mais candente tornou-se entre os defensores do
método fonético. No Brasil, essa discussão caiu em desuso a partir da difusão do
método, que na época foi identificado como “misto” – nada mais que nossa conhecida
cartilha, baseada em análise e síntese e estruturada a partir de um silabário.
O segundo momento, cujo pico foi nos anos 60, teve por centro geográfico os Estados
Unidos. A discussão das ideias sobre alfabetização foi levada para dentro de um debate
mais amplo, em torno da questão do fracasso escolar. A luta contra a segregação dos
negros, com a consequente batalha pela integração nas escolas norte-americanas,
contribuiu para que se tornassem mais explícitas as dificuldades escolares dessas
minorias. Muito dinheiro foi investido em pesquisas para tentar compreender o que
havia de errado com as crianças que não aprendiam. Buscava-se no aluno a razão de seu
próprio fracasso.
São desse período as que hoje chamamos “teorias de déficit”. Supunha-se que a
aprendizagem dependia de pré-requisitos (cognitivos, psicológicos, perceptivo-motores,
linguísticos...) e que certas crianças fracassavam por não dispor dessas habilidades
prévias. O fato de o fracasso concentrar-se nas crianças das famílias mais pobres era
explicado por uma suposta incapacidade das próprias famílias de proporcionar os
estímulos adequados.
Um trabalho de investigação que desencadeou intensas mudanças na maneira de os
educadores brasileiros compreenderem a alfabetização foi o coordenado por Emilia
Ferreiro e Ana Teberosky, que foi publicado no Brasil com o título Psicogênese da
língua escrita, em 1985. A partir dessa investigação, foi necessário rever as concepções
nas quais se apoiava a alfabetização. E isso tem demandado uma transformação radical
nas práticas de ensino da leitura e da escrita no início da escolarização, ou seja, na
didática da alfabetização; não é mais possível conceber a escrita exclusivamente como
um código de transcrição gráfica de sons, já não é mais possível desconsiderar os
saberes que as crianças constroem antes de aprender formalmente a ler, já não é mais
possível fechar os olhos para as consequências provocadas pela diferença de
oportunidades que marca as crianças de diferentes classes sociais. A respeito disto,
Emília Ferreiro (1985, p. 16) afirma que
as mudanças necessárias para enfrentar sobre bases novas a alfabetização inicial não se
resolvem com um novo método de ensino, nem com novos testes de prontidão nem com
novos materiais didáticos. É preciso mudar os pontos por onde nós fazemos passar o
eixo central das nossas decisões. Temos uma imagem empobrecida da língua escrita: é
preciso reintroduzir quando encontramos a analfabetização, a escrita como sistema de
representação da linguagem.
Muitas são as causas que têm sido descritas por aqueles que se dedicam a estudar tal
problema. Algumas das razões mais amplamente divulgadas dizem respeito a déficits
visuais e auditivos e a um domínio pouco desenvolvido de fala e linguagem, a
problemas gerais de saúde e a maturidade, a fatores emocionais, familiares e sociais.
Sendo assim, podemos atribuir-lhes a motivação tanto a facilidade como a dificuldade
para aprender, atribuir-lhes as condições motivadoras o sucesso ou o fracasso dos
professores ao tentar ensinar algo; dificilmente detectamos o motivo que subjaz a algum
tipo de comportamento.
A motivação é, portanto, o processo que mobiliza o organismo para a ação, a partir de
uma relação estabelecida entre o ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação. Isso
significa que na base da motivação está sempre um organismo que apresenta uma
necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade ou uma predisposição
para agir.
Os métodos de ensino servem para nortear as ações tomadas pela escola em direção aos objetivos de
aprendizagem. Eles são um fio condutor que devem ser escolhidos com base na realidade de seus
alunos e nas demandas da comunidade escolar.

 Exposição pelo professor – em que o professor apresenta conhecimentos,


habilidades e tarefas para os alunos. Assim, eles ficam com postura passiva na sala
de aula. A exposição de conteúdo pode ser verbal, por demonstração, por ilustração e
por exemplificação.

 Trabalho independente – consiste em atividades nas quais os alunos desenvolvem


maior autonomia. Orientados pelo professor, os estudantes podem aplicar os
conhecimentos sem interferência direta. Metodologias ativas de aprendizagem,
como aprendizagem baseada em projetos, funcionam bem para este método.

 Elaboração conjunta – em que a interação entre o professor e o aluno acontece de


forma ativa, com o objetivo de obter novos conhecimentos, habilidades e atitudes.

 Trabalho de grupo – Bastante presente em metodologias ativas como


a Aprendizagem Baseada em Equipes (TBL), este método estimula a interação e o
trabalho coletivo para atingir os objetivos do ensino.

 Atividades especiais – as quais vêm para complementar os métodos de ensino, com


tarefas e trabalhos realizados de forma lúdica e disruptiva.

O Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA
O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de
1990, que regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, define as crianças e
os adolescentes como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento, que demandam proteção integral e prioritária por parte da
família, sociedade e do Estado.

Como consequência da doutrina de proteção integral à criança e ao adolescente,


o ECA prevê a integração operacional dos órgãos e instituições públicas e
entidades da sociedade civil, visando à proteção, à responsabilização por ação
ou omissão de violação dos direitos, à aplicação dos instrumentos postulados
pelo sistema e à interação entre os atores desse sistema.

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