DISCIPLINA: POLÍTICA EDUCACIONAL E INCLUSIVA I PROFESSORA: KAYLA BRAGA TUTOR: MARCELO ALVES ALUNA: PRYSCILLA RIBEIRO ALMEIDA
REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS:
CONTRADIÇÕES E POSSIBILIDADES FREIRE, Poliana Cristina Mendonça; CARNEIRO, Maria Esperança Fernandes. Reflexões sobre a educação de jovens e adultos: contradições e possibilidades. Janeiro 2016. No momento atual, mais que em qualquer outro, a educação de jovens e adultos vem sendo discutida com muita frequência. Nesse contexto, é importante ressaltar que, no Brasil, mesmo com o significativo crescimento da oferta de vagas no ensino fundamental nos últimos anos, ainda existem milhares de jovens, adultos e idosos que não foram alfabetizados com a idade adequada. Estes veem uma oportunidade ampla diversificada através desse tipo de ensino de recuperarem o tempo perdido e de, consequentemente, serem incluídos na sociedade letrada ( TELES; SOARES, 2016). Infelizmente, ainda nos dias atuais, parte da população brasileira não tem usufruído do direito à educação. De acordo com o senso de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas sem instrução ou com o fundamental incompleto era de 50,2% (IBGE, 2010). A pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ( PNAD) de 2014 apontou que 13 milhões de brasileiros são analfabetos. A taxa de analfabetismo mostrou-se maior entre jovens, adultos e idosos em todas as regiões do país. Entre aqueles de 20 a 59 anos de idade, a taxa de analfabetismo foi de 14% e entre os idosos ( 60 anos ou mais de idade) foi de 23,9% ( IBGE, 2014). O analfabetismo de jovens, adultos e idosos em nosso pais ao longo dos últimos foi marcado por avanços e retrocessos, pois essa modalidade de ensino vem oportunizar pessoas a terem uma vida mais digna, inseri-los em uma sociedade letrada é oportunizar ao cidadão a chance de recomeçar vida nova e melhor exercer sua cidadania. Essas pessoas são o público que se dirige aos programas de alfabetização de Educação de Jovens e Adultos. Programas, em educação, trata-se de um conjunto organizado de matérias e atividades ordenadas em função do nível de estudo e dos objetivos pretendidos. Geralmente os públicos atendidos pelos Programas de alfabetização vivem em condições precárias, possui baixo salário, e tem gastos com moradia, saúde, alimentação, transporte o que aumenta ainda mais o seu custo de vida. Para esses cidadão, sair do analfabetismo representa melhoria na condição de vida e valorização em meio à sociedade letrada que seleciona e favorece apenas pessoas com diploma ( FONSECA, 2019). 1° Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses e condições de vida e de trabalho, mediante cursos e complementares entre si (BRASIL, 1996, p. 29-30). A partir desta regulação dada pela LDB de 1996, a educação de jovens e adultos passou a ser um direito, aos quais todos que não tiveram oportunidade na idade própria, de concluir seus estudos básico, pudessem ter acesso à educação de maneira regulamentada e com metodologia adequada, além de financiamento como nos outros níveis. A partir do que diz a LDB, foram elaboradas as Diretrizes da EJA, que detalham como esta deve se dar (SOARES, 2011). É considerada pelo MEC como um avanço pois reafirmam esta modalidade de educação como princípio de equidade e qualificação. O objetivo do presente trabalho consiste no primeiro momento um breve histórico da EJA no Brasil e em seguida analisar as contradições e possibilidades da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para analisar um fenômeno social devemos estudar a sua totalidade. Não há como usar um microscópio, como nos fenômenos naturais, em que se estudam as partes que constituem um fenômeno pra depois encontrar na essência e no fundamento, as contradições responsáveis pelo desenvolvimento da formação material organizada (TRIVIÑOS, 1987). A história da EJA no Brasil está muito ligada a Paulo Freire. O projeto de alfabetização por ele no ano de 1963 entendeu 380 trabalhadores em angico-RN, repercutindo por todo o país , mas foi bastante prejudicado pelo golpe militar de 1964 (FREIRE, 2013; CARDOSO ;PASSOS, 2019). Esse programa se configura como uma inovação na educação brasileira, tanto por buscar atender uma camada da população já excluída do processo educacional, quanto por buscar a integração entre formação geral e profissional e que pode significar efetivamente o acesso dos trabalhadores que apresentam distorção idade/escolaridade a um ensino que possibilite qualidade na formação geral e na profissional ( VIRIATO; GOTARDO, 2009). As pesquisas mostram que nos anos 50 foram marcados pelo surgimento diferente de alfabetizar do educador Paulo Freire e ainda dos círculos populares de cultura, acontecimentos esses que proporcionaram a sistematização de um ideário e de experiencias que se conhece hoje como educação popular. O método Paulo Freire tinha como principal característica, e que acaba chamando muito a atenção dos educadores e políticos por isso, seu método acelerava o processo de alfabetização de adultos e tinha como ponto fundamental as palavras geradoras. Que estimulava a compreensão do registro escrito a partir do conhecimento do aluno e da conscientização da população sobre a realidade brasileira de maneira dialógica . Considerava que a educação, para ser transformadora e emancipadora, necessitava considerar e respeitar as pessoas, suas culturas e modo de vida. Em 1970, surgiram os movimentos de cultura popular, o Movimento Brasileiro de Alfabetização ( MOBRAL), o ensino supletivo dos governos militares e a fundação Educar da Nova República. A obrigação da implantação de cursos profissionais na modalidade EJA nos Centros Federais de Educação Tecnológica ( CEFET) foi estabelecida pela Portaria 2.080/2005. Ainda neste mesmo ano, a Portaria 2.080 foi ratificada pelo Decreto 5.47, que instituiu o Programa de Integração da Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade Educação de Jovens e Adultos. A emenda constitucional n° 53/2006 , criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação ( FUNDEB, o qual passou a contemplar a EJA no cômputo das matriculas consideradas para efeito de distribuição de recursos, após 10 anos de atraso em relação ao FUNDEF. A emenda n° 59/2009 ampliou a obrigatoriedade escolar na faixa considerada regular, dos quatro aos dezessete anos de idade, assegurando inclusive oferta gratuita para todos aqueles que não tiveram acesso na idade própria. A partir de então, houve o reconhecimento constitucional do direito de jovens e adultos a toda a educação básica. Os alunos sentem se responsabilizados pelas condições sociais em que se encontram e anseiam por melhores condições de vida que podem ser conquistadas a partir do trabalho que, hoje, é orientado pelas necessidades humana, pela reprodução social e pela propriedade privada. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) traz uma nova oportunidade para aqueles que não a tiveram em seu tempo regular. É uma modalidade específica para esse publico. Como esses alunos, em sua maioria já estão em uma idade avançada em relação a seus estudos, fica difícil conciliar muitas vezes trabalho, família e a própria escola. EJA é a compreensão de que a educação independente de idade, é um direito social, humano e que a cada dia mais espaços estão sendo conquistados e já não se pode planejar cursos de EJA sem levar em consideração a diversidade desses sujeitos, muito menos pensar nos fenômenos ocorrentes, como a “evasão “, sem fazer uma releitura das ações ocorridas na escola e na sociedade como possíveis causas desse fenômeno.