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2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ensino Superior do Seridó
Curso de Licenciatura em Matemática
Dezembro de 2018
Caicó-RN
ii
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - - CERES--Caicó
RN/UF/BS-CAICÓ CDU 51
iv
Agradecimentos
Após este longo percurso, não poderia deixar de expor minha gratidão a todos
que contribuíram de forma direta ou indireta para o desenvolvimento deste trabalho.
Primeiramente, sou grato a Deus por toda benção e saúde concebida.
Agradeço ao meu pai Francisco Valdivino e a minha mãe Ana Maria por todo o
carinho, incentivo, apoio moral, emocional e …nanceiro, en…m, por sempre me deixar
em uma situação confortável para que pudesse estudar. Aos meus irmãos Ana Carla,
Francisco, Pedro Lucas e meu sobrinho Deyvid por todos os conselhos e carinho.
À turma de Matemática 2015.1 e aos amigos construídos ao longo do curso, que
estavam sempre procurando ajudar uns aos outros. Destaco aqui os meus colegas
Fernando, Francisco Lúcio e Iritan que, por muitas vezes, me ajudaram no manuseio
do software ao qual utilizamos para digitar o trabalho.
Aos meus professores por todos os conhecimentos repassados e as trocas de
experiências compartilhadas diariamente.
Por …m, mas não menos importante, externo minha gratidão ao Professor Dr. Alex
de Moura Batista por se colocar à disposição para orientar esta pesquisa, pela paciência
e comprometimento.
A todos, meu muito obrigado!
v
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo introduzir o estudo da teoria dos grupos,
apresentando os resultados de uma forma mais detalhada e espera-se que possa servir
de apoio aos graduandos em matemática. Para isso, dispomos de uma pesquisa
bibliográ…ca para fazer um levantamento de resultados acerca de grupos, subgrupos,
classes laterais, homomor…smos de grupos e, por …m, o Teorema de Lagrange. Fixamos
alguns exemplos para facilitar o entendimento desses assuntos. Por se tratar de um
trabalho de conclusão de curso, os conteúdos aqui explicitados são elementares, vistos
no curso de licenciatura.
vi
Abstract
The present work has as objective introduces the study of the theory of the groups,
presenting the demonstrations of the most detailed form and one hopes that it could
serve of support to the graduating students in mathematics. For that, we dispose of
a bibliographical research to do a lifting result about groups, sub-groups, side classes,
homomor…smos from groups and, …nally, Lagrange’s Theorem. In which we …x some
examples to make easy the understanding. Because of being treated as a work of
conclusion of course, the contents here set out are elementary, seen in the degree course.
vii
Sumário
1 Noções Preliminares 1
1.1 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Relações de equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Conjunto dos Números Inteiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.1 Divisibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3.2 Ideais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
viii
Introdução
ix
capítulos seguintes. No capítulo 2 foram abordados os conceitos elementares sobre
Teoria dos Grupos, no qual podem ser vistos alguns tipos de grupos e subgrupos, tais
como os mais conhecidos grupos abelianos, grupos cíclicos, subgrupos normais, entre
outros. Além disso, no capítulo 2 falamos sobre Homomor…smos de grupos. O capítulo
3 foi reservado para o Teorema de Lagrange, que é um dos mais importantes resultados
acerca dos grupos …nitos e, ainda, mostramos alguns resultados que são decorrentes
deste teorema.
x
Capítulo 1
Noções Preliminares
Este capítulo tem como propósito abordar os conceitos básicos que serão
fundamentais para o entendimento dos capítulos posteriores. Os conteúdos aqui
abordados são apenas algumas noções sobre funções, relações de equivalência, classes
de equivalência e algumas propriedades do conjunto dos números inteiros, onde serão
expostos seus respectivos conceitos, exemplos e resultados. Para uma leitura mais
aprofundada sobre os assuntos aqui expostos, pode-se consultar os livros [5], [7], [8] e
[9].
1.1 Funções
1
1.2. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
f (A) = ff (x); x 2 Ag
1
f (Y ) = fx 2 A; f (x) 2 Y g
Observação 1.1.5 É claro que Im(f ) B. Dessa forma, para mostrar que uma
função é sobrejetiva, basta provar que B Im(f ):
2
1.2. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
(i) xRx;
Note que, se C; D 2 P (X) são tais que C D, mas C 6= D, então D " C, isto é, a
propriedade simétrica nem sempre é válida para a relação .
(ii) Se x 6= y, então x \ y = ?;
3
1.2. RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA
[
(iii) x = A:
x2A
x y = nk 0 :
Assim,
y x = n( k 0 ):
4
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
x y = nr e y z = nr0 :
Assim
(x y) + (y z) = nr + nr0 ;
o que implica em
x + ( y + y) z = n(r + r0 );
portanto
x z = n(r + r0 ):
(i) x0 2 A;
5
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
Teorema 1.3.4 (Indução Finita) Suponhamos que seja dada uma a…rmação a(n)
dependendo de n 2 Z tal que:
1.3.1 Divisibilidade
As equações do tipo ax = b possuem solução no conjunto dos números inteiros,
dependendo dos coe…cientes a; b 2 Z. Quando isso ocorre, diz-se que a é um divisor de
b. Essa ideia será expressa de maneira formal na próxima de…nição.
De…nição 1.3.5 Sejam a e b números inteiros. Diz-se que b divide a, quando existe
um inteiro c tal que
a = bc:
O próximo teorema é conhecido por algoritmo da divisão, este será útil em alguns
resultados que serão provados em breve.
6
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
1.3.2 Ideais
A seguir estudaremos os subconjuntos dos múltiplos de Z; denominados ideais. Os
ideais de Z são subconjuntos não vazios de números inteiros que satisfazem algumas
propriedades. Mais precisamente:
(i) Se a; b 2 I, então a + b 2 I;
(ii) Se a 2 I e x 2 Z, então ax 2 I:
pZ = fpn; n 2 Zg:
Proposição 1.3.10 Seja I um ideal de Z, tal que I 6= f0g: Então existe único n 2 N
tal que I = nZ:
I + = fx 2 I; x > 0g:
Note que, I + é não vazio. Com efeito, se a > 0, segue que a 2 I + : Se a < 0, como I é
um ideal, então a = ( 1)a 2 I, isto é, a > 0 2 I + . Assim, pelo Princípio da Boa
Ordem I + possui um elemento mínimo n = min I + 2 I + . Como I + I, temos que
n 2 I. Logo, para todo x 2 Z, nx 2 I, isto é, nZ I. Agora, provaremos que I nZ.
Seja b 2 I. Pelo Algoritmo da divisão, temos que existem q; r 2 Z, tais que
b = nq + r;
7
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
k = nq + r;
o que equivale a
k r (mod n);
assim, pelo item (i) da Proposição 1.2.6 tem-se k = r, com r 2 f0; 1; :::; n 1g: Portanto,
k = r 2 f0; 1; :::; n 1g, isto é, Zn f0; 1; :::; n 1g. Logo, Zn = f0; 1; :::; n 1g:
Por …m, suponha que existam r; s 2 Zn , tais que s = r e 0 r < s < n. Daí,
s r(mod n), isto é, n j s r, o que é uma contradição, pois 0 < s r < n. Logo,
s 6= r sempre que 0 r < s < n, ou seja, quaisquer duas classes de Zn são distintas.
Dessa forma, Zn = f0; 1; :::; n 1g possui n elementos.
8
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
: Zn Zn ! Zn : Zn Zn ! Zn
e
(a; b) 7 ! a b=a+b (a; b) 7 ! a b=a b
a a0 = nk e b b0 = nk 0 ;
(a a0 ) + (b b0 ) = nk + nk 0 ;
o que implica
(a + b) (a0 + b0 ) = n(k + k 0 ):
para k; k 0 2 Z: Ou ainda,
x = nk + x0 e y = nk 0 + y 0 :
Logo,
xy = (nk + x0 )(nk 0 + y 0 )
xy = n2 kk 0 + nky 0 + x0 nk 0 + x0 y 0 ;
o que implica em
xy x0 y 0 = n[nkk 0 + ky 0 + x0 k 0 ]:
9
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
(iv) a b=b a;
(vii) a (b c) = a b a c:
Demonstração: Sejam a; b; c 2 Zn .
(i) Note que,
(a b) c = (a + b) c
= (a + b) + c
= a + (b + c)
=a (b + c)
=a (b c):
Logo, (a b) c = a (b c):
(ii) Dado 0 2 Zn , temos que
0 a = 0 + a = a:
a a = a + ( a) = a + a = 0;
10
1.3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS
(a b) c = (ab) c
= (a b) c
= a (b c)
=a (b c)
=a (b c)
isto é, (a b) c = a (b c):
(vi) Dado 1 2 Zn , tem-se
a 1 = a 1 = a;
a (b c) = a (b + c)
= a (b + c)
=a b+a c
=a b a c
=a b a c:
11
Capítulo 2
2.1 Grupos
Nesta seção, estudaremos algumas estruturas algébricas munidas apenas de uma
operação. Estas estruturas são conhecidas como grupos. Além disso, de…nimos alguns
tipos de grupos e subgrupos e apresentamos seus respectivos exemplos e resultados,
para um melhor entendimento dos conteúdos abordados.
De…nição 2.1.1 (Grupo) Seja G um conjunto não vazio munido de uma operação
: G G ! G
:
(a; b) 7 ! a b
Dizemos que (G; ) é um grupo se as propriedades abaixo são válidas para quaisquer
que sejam a; b; c 2 G
12
2.1. GRUPOS
i) (a b) c = a (b c);
+: Mn Mn ! Mn : Mn Mn ! Mn
;
[aij ]n n ; [bij ]n n 7 ! [aij + bij ]n n [aij ]n n ; [bij ]n n 7 ! [cij ]n n
P
n
com cij = aik bkj : Temos que (Mn ; +) é um grupo. De fato, claramente a propriedade
k=1
associativa é satisfeita. Além disso, a matriz nula dada por N = [0]n n , sendo aij = 0
para todos i; j 2 N, é o elemento neutro de Mn e toda matriz A = [aij ]n n 2 Mn possui
inversa P = [pij ]n n , com pij = aij para todos i; j 2 N.
Exemplo 2.1.6 Considere o conjunto G = fA 2 Mn ; det(A) 6= 0g. Assim, (G; ) é
um grupo, onde a matriz identidade In = [aij ]n n , em que,
(
1; se i = j;
aij =
0; se i 6= j:
13
2.1. GRUPOS
Exemplo 2.1.7 (Z; ) não é um grupo. De fato, dado m 2 Z n f 1; 1g, não existe
n 2 N tal que m n = 1.
De…nição 2.1.8 (Grupo …nito) Um grupo (G; ) é dito …nito quando o conjunto G
for …nito.
: G G ! G
(f; g) 7 ! f g
f id(x) = f (id(x))
= f (x):
14
2.1. GRUPOS
1
(iii) Como f é bijetiva, então f admite a função inversa, ou seja, existe f 2 G tal
que
f f 1 = id e f 1 f = id:
Observação 2.1.10 Se S = f1; 2; :::; ng, o grupo (G; ) será denotado por Sn . Para
facilitar o entendimento, denotaremos um elemento f do grupo Sn por
!
1 2 3 ::: n
f= :
f (1) f (2) f (3) ::: f (n)
x = x e: (2.1)
1 1
Como z 6= e, então existe z 2 G, tal que z z = e. Assim, pela igualdade (2.1)
segue que
x=x e
= x (z z 1 )
1
= (x z) z
1
= (y z) z
= y (z z 1 )
=y e
= y:
Portanto, x = y.
15
2.1. GRUPOS
e0 = e0 e = e e0 = e:
x0 = x0 e = x0 (x x 1 ) = (x0 x) x 1
=e x 1
= x 1:
(i) (a 1 ) 1
= a;
1 1
(ii) (a b) =b a 1.
1
a a = e = (a 1 ) 1
a 1:
1
(a b) (b a 1 ) = a (b b 1 ) a 1
1
=a e a
1
= (a e) a
1
=a a
= e:
16
2.1. GRUPOS
Exemplo 2.1.15 O grupo (Z; +) é um grupo abeliano, pois, quaisquer que sejam
x; y 2 Z, temos que
x + y = y + x:
Exemplo 2.1.18 Os grupos Sn , com n 3, são grupos não abelianos. De fato, sejam
f; g 2 G dadas por
f : f1; 2; :::; ng ! f1; 2; :::; ng:
17
2.1. GRUPOS
: Zn Zn ! Zn
(a; b) 7 ! a b=a b
é um grupo abeliano.
: Zn Zn ! Zn
:
(a; b) 7 ! a b=a b
Prova-se que sob algumas condições (Zn n f0g; ) é também um grupo abeliano.
(xy)2 = e
(xy)(xy) = e
xyxy = e:
18
2.1. GRUPOS
x(xyxy) = xe
(xx)yxy = x
x2 yxy = x
eyxy = x
yxy = x:
y(yxy) = yx
(yy)xy = yx
y 2 xy = yx
exy = yx
xy = yx:
Portanto, G é abeliano.
No estudo da álgebra abstrata tem-se as estruturas algébricas munidas de duas
operações que sob algumas condições formam o que chamamos de Anéis. Vejamos
a de…nição formal e algumas proposições que podem ser relacionados com o estudo
de grupos. Mas antes de introduzir estes conceitos, vale ressaltar que algumas
demonstrações serão omitidas, pois para demonstrá-las seria necessário de…nir outras
propriedades. Como o propósito deste trabalho não é o estudo de anéis, então serão
expostos apenas alguns resultados.
: A A ! A : A A ! A
;
(a; b) 7 ! a b (a; b) 7 ! a b
19
2.1. GRUPOS
(iii) x (y z) = x y x z; (x y) z=x z y z;
(iv) x y=y x;
a b = 0A ;
tem-se a = 0A ou b = 0A .
De…nição 2.1.24 Seja A um anel comutativo e com unidade. Diz-se que A é um corpo
se todo elemento não nulo de A possui inverso multiplicativo, ou seja, qualquer que seja
a 2 A, com a 6= 0A , existe a 1 2 A tal que
1 1
a a =a a = 1A :
20
2.1. GRUPOS
Corolário 2.1.29 Seja (Zp ; ; ) um anel, com p 2 Z primo. Então (Zp n f0g; ) é
um grupo abeliano.
y = xn ,
21
2.1. GRUPOS
0
3 =0
1
3 = 3
2
3 =3 3=6=1
3 2
3 =3 3=1 3=1+3=4
4 3
3 =3 3=4 3 = 4 + 3 = 7 = 2:
x1 = an1 e x2 = an2 ;
x1 x2 = an1 an2
= an1 +n2
= an2 +n1
= an2 an1
= x2 x1 :
2.1.3 Subgrupos
Os subgrupos H são subconjuntos de um grupo G que sob algumas condições
também são grupos munidos da mesma operação de G. Veja a seguir a de…nição de
uma maneira mais formal.
22
2.1. GRUPOS
Observação 2.1.38 Todo grupo G possui dois subgrupos G e feg, que são
denominados subgrupos triviais de G.
(i) e 2 H;
(xy)z = x(yz);
é sempre válida. E ainda, pela condição (iii) todo elemento de H possui inverso em H.
Portanto, H é um grupo e, pela de…nição de Subgrupos, H é um subgrupo de G.
23
2.1. GRUPOS
nZ = fnk; k 2 Zg:
24
2.2. CLASSES LATERAIS
é um subgrupo de G.
Demonstração: Note que hxi é não vazio, pois e = x0 2 hxi. Sejam y; z 2 hxi.
Assim, existem m; n 2 Z tais que y = xm e z = xn . Com isso, temos que z 1 = x n .
Daí,
1
yz = xm x n
= x(m n)
:
1
Disto, yz 2 hxi. Dessa forma, o Corolário 2.1.40 garante que hxi G.
25
2.2. CLASSES LATERAIS
1
= aec
1
= (ae)c
1
= ac 2 H;
x = fy 2 G; y x(mod H)g
1
= fy 2 G; yx = h, com h 2 Hg
= fy 2 G; y = hx, com h 2 Hg
= fhx; h 2 Hg
que será denotada por Hx. O conjunto Hx é denominado classe lateral à direita de H
em G.
26
2.2. CLASSES LATERAIS
27
2.2. CLASSES LATERAIS
Demonstração: Segue da Proposição 1.2.6, uma vez que (mod H) é uma relação
de equivalência.
: H ! Hx
:
h 7 ! (h) = hx
y = hx = (h);
28
2.2. CLASSES LATERAIS
ou seja, y 2 Im( ). Logo, Hx Im( ). Como, Im( ) Hx, então Hx = Im( ), isto
é, a função é sobrejetiva.
Agora, se h; h0 2 H são tais que (h) = (h0 ), temos
hx = h0 x
h = h0 :
Agora, de…na
': H ! xH
:
h 7 ! '(h) = xh
Argumentando como anteriormente, segue que ' é sobrejetiva e injetiva. Assim, ' é
bijetiva e, consequentemente,
jxHj = jHj : (2.3)
29
2.2. CLASSES LATERAIS
1
aa = e:
am = e: (2.5)
Note que,
m 1
a =e = e;
o que implica
(a 1 )m = e:
xy = x 1 y 1
1
= (yx)
= yx:
30
2.2. CLASSES LATERAIS
(an )m = anm = e:
Portanto, O(am ) = n.
k = mq + r;
xmq = (xm )q
= eq
= e:
o que implica
xj i
= xi i
= x0 = e:
31
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Por de…nição, temos fe; x; :::; xm 1 g hxi. Disto e por (2.6) segue que hxi =
m 1
fe; x; :::; x g: Portanto, hxi possui m elementos, o que implica jhxij = m.
(iii) Seja xm = e, então O(x) < +1. Considere O(x) = n. Pelo algoritmo da
divisão, existem q; r 2 Z, tais que
m = nq + r; (2.7)
o que implica
xnq+r = e;
daí
xnq xr = e;
isso equivale a
(xn )q xr = e;
logo
exr = e:
Portanto, xr = e. Por de…nição, n é o menor inteiro positivo tal que xn = e, segue que
r = 0 e, consequentemente, da igualdade (2.7) temos m = nq, isto é, O(x) j m:
32
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
x = e 1 xe;
logo, x x:
G
Agora, sejam x; y 2 G tais que x y. Daí, existe g 2 G de forma que
G
y = g 1 xg;
Assim,
gy = g(g 1 xg);
gy = xg;
Além disso,
1
(gy)g = (xg)g 1 ;
1
gyg = x:
O que implica em
x = (g 1 ) 1 yg 1 ;
isto é, y x.
G
Por …m, sejam x; y; z 2 G com x y e y z. Assim, devem existir g; h 2 G tais
G G
que
y = g 1 xg e z = h 1 yh:
33
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Daí,
z = h 1 (g 1 xg)h
= (h 1 g 1 )x(gh)
= (gh) 1 x(gh):
x = fy 2 G; x yg = fy 2 G; y = xg ; com g 2 Gg = fxg ; g 2 Gg
G
Observação 2.3.6 Assim como nos outros casos de classe de equivalência, as seguinte
propriedades são válidas:
(ii) Se Cx 6= Cy , então Cx \ Cy 6= ?;
[
(iii) Cx = G:
x2G
g : G ! G
:
x 7 ! xg
é um subgrupo de G, onde H G.
34
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
1
Demonstração: Seja y 2 G. Tome x = gyg 2 G. Daí, pelas propriedades
associativa e elemento neutro, temos
g (x) = xg
= g 1 xg
= g 1 (gyg 1 )g
= (g 1 g)y(g 1 g)
= eye
= y:
Logo, g é sobrejetiva.
Agora, sejam x1 x2 2 G, tais que g (x1 ) = g (x2 ), onde
g (x1 ) = g 1 x1g
g (x2 ) = g 1 x2 g;
g (x1 ) = g (x2 )
g 1 x1 g = g 1 x2 g;
y2 1 = (xg2 ) 1
= ((g 1 x2 )g) 1
= g 1 (g 1 x2 ) 1
= g 1 x2 1 g:
35
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
y1 y2 1 = (g 1 x1 g)(g 1 x2 1 g)
= g 1 x1 (gg 1 )x2 1 g
= g 1 x1 ex2 1 g
= g 1 x1 x2 1 g
= (x1 x2 1 )g :
y = g 1 hg
= (g 1 h)g
= (hg 1 )g
= h(g 1 g)
= he
= h:
36
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
!
1 2 3
H não é um subgrupo normal de S3 . Com efeito, Seja f = 2 S3 . Note
3 1 2
que, dado hf2 2 H f temos que
!
1 2 3
hf2 = f h2 f 1
= 2
= H;
3 2 1
isto é, H f H:
x = exe
= (g 1 g)x(g 1 g)
= g 1 (gxg 1 )g:
x = gn (2.8)
37
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
x = g(g 1 n0 g)
= (gg 1 )n0 g
= en0 g
= n0 g:
y = g 1 hg; (2.10)
ou ainda,
gy = hg:
Note que, hg 2 Hg. Como Hg = gH, segue que hg 2 gH. Disto, temos que
hg = gn;
y = g 1 (gng 1 )g
= (g 1 g)n(g 1 g)
= ene
= n:
38
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
operação:
: G=H G=H ! G=H
:
(x; y) 7 ! x y = xy
Demonstração: Primeiramente provaremos que a operação está bem de…nida. Sejam
(x; y); (a; b) 2 G=H G=H, tais que x = a e y = b. Assim, x a(mod H) e
1 1 1 1
y b(mod H), ou seja, xa 2 H e yb 2 H. Tome, xa = n1 e yb = n2 .
Note que,
1
xy(ab) = xyb 1 a 1
= x(yb 1 )a 1
1
= xn2 a
1
= xen2 a
= xa 1 an2 a 1
1
= n1 an2 a
= n1 (a 1 ) 1 n2 a 1 :
39
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Portanto, G=N hxi. Como por de…nição hxi G=N , segue o resultado.
(ii) Como G é abeliano, então para quaisquer x; y 2 G=N , temos
2.3.1 Homomor…smo
A seguir veremos funções entre dois grupos que preservam algumas propriedades
algébricas entre eles. São os chamados homomor…smos. Estes são de extrema
importância para o estudo de grupos, a partir deles podemos identi…car quando dois
grupos possuem a mesma ordem e também pode-se veri…car outras características.
(x y) = (x) (y);
para quaisquer x; y 2 G.
f : R+ ! R
x 7 ! f (x) = log(x)
f (z y) = log(zy)
= log(z) + log(y)
= f (z) + f (y):
40
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
'(x1 ) = y1 e '(x2 ) = y2 :
1
Ainda pelo fato de ' ser bijetiva, então ' admite inversa ' que também é bijetiva.
Assim, temos que ' 1 (y1 ) = x1 e ' 1 (y2 ) = x2 . Daí,
1
Portanto, ' 2 AutG.
41
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Observação 2.3.24 A última proposição nos diz que AutG munido da operação
composição é um grupo.
ker( ) = fg 2 G; (g) = e0 ; e0 2 G0 g
pela propriedade cancelativa segue que (e) = e0 , o que é uma contradição. Portanto,
segue o resultado.
(ii) Note, pelo item (i); que
(a) (a 1 ) = (aa 1 )
= (e)
= e0 :
e0 = (g1 ) (g2 ) 1
= (g1 ) (g2 1 )
= (g1 g2 1 ).
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2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
g1 g2 1 = e:
(ii) ker( ) E G;
Demonstração: (i) O item (i) do Lema 2.3.26 garante que Im( ) é não vazio, pois
(e) = e0 2 Im( ). Sejam a; b 2 Im( ), então existem g1 ; g2 2 G, tais que
(g1 ) = a e (g2 ) = b:
1
ab = (g1 ) (g2 1 )
= (g1 g2 1 );
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2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
(ng ) = (g 1 ng)
= (g 1 ) (n) (g)
= (g 1 )e0 (g)
= (g 1 ) (g)
= (g 1 g)
= (e)
= e0 :
Veja que, ' está bem de…nida. Com efeito, se g; h 2 G= ker( ), com (g); (h) 2 Im( ),
são tais que g = h, temos que gh 1 2 ker( ). Daí,
(gh 1 ) = e0
(g) (h 1 ) = e0
1
(g) (h) = e0 ,
o que implica
(g) = (h);
44
2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
isto é, '(g) = '(h). Provaremos que ' é um homomor…smo. Quaisquer que sejam
g; h 2 G= ker( ), temos
'(gh) = (gh)
= (g) (h)
= '(g)'(h):
Resta mostrar que a função ' é bijetiva. Para qualquer y 2 Im( ), existe g 2 G, tal
que y = (g): Dessa forma, '(g) = (g) = y. Logo, ' é sobrejetiva. Agora, sejam
x; y 2 G= ker( ), tais que '(x) = '(y). Daí,
'(x) = '(y);
o que equivale a
(x) = (y);
o que implica
1
(x) (y) = e0 ;
(x) (y 1 ) = e0 ;
(xy 1 ) = e0 ;
1
logo, xy 2 ker( ), isto é, x = y. Portanto, ' é injetiva e segue o resultado.
G=K
' G=H:
H=K
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2.3. SUBGRUPOS NORMAIS E HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Vejamos que ' está bem de…nida. Sejam g1 k1 ; g2 k2 2 G=K, tais que g1 k1 = g2 k2 , onde
k1 ; k2 2 K e g1 ; g2 2 G. Dessa forma, g1 g2 1 = k1 k2 1 2 K. Como K < H; então
g1 g2 1 2 H: Logo,
g1 g2 (mod H);
o que pela Proposição 2.2.9 temos que g1 H = g2 H. Com isso, segue que g1 h1 = g2 h2 ,
com h1 ; h2 2 H. Assim,
'(g1 k1 ) = g1 h1 = g2 h2 = '(g2 k2 ):
Portanto, a função está bem de…nida. Como K E G e H E G, então G=K e G=H são
grupos. Veja que ' é um homomor…smo. Com efeito,
'(g1 k1 )'(g2 k2 ) = g1 h1 g2 h2
= g1 (h1 g2 )h2
= g1 (g2 h1 )h2
= (g1 g2 )(h1 h2 )
= ' ((g1 g2 )(h1 h2 )) :
A seguir, provaremos que ' é sobrejetiva. Seja, y 2 G=H. Daí, y = gh, no qual g 2 G
e h 2 H. Observe que,
y = gh = '(gk);
isto é, y 2 Im(') e G=H Im('). Por de…nição, Im(') G=H, logo, Im(') = G=H.
Só nos resta provar que H=K = ker('). Note que,
G=K G=K
= ' Im(') = G=H;
H=K ker(')
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Capítulo 3
47
3.1. TEOREMA DE LAGRANGE
anos para serem provados, como é o caso do Pequeno Teorema de Fermat que veremos
mais adiante. São várias as aplicações do Teorema de Lagrange, mas destacamos aqui
apenas as mais elementares, vistas no decorrer da graduação.
Ainda pela Proposição 2.2.9, as classes laterais Hxi e Hxj são disjuntas se i 6= j. Como
a união acima é disjunta, temos
O Teorema 2.2.14 nos garante que jHxi j = jHj, para todo i 2 G. Com isso,
o que implica em
jGj = n jHj = jG=Hj jHj
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3.1. TEOREMA DE LAGRANGE
Observação 3.1.4 O resultado anterior é válido apenas para grupos …nitos. Com
efeito, Dados o grupo (Z; +) e o subgrupo 2Z de Z, temos que j2Zj = jZj = 1, mas
2Z Z.
para algum r 2 N. Logo, O(g) = k divide jGj. Por …m, temos que
g jGj = g kr
= (g k )r
= er
= e:
Portanto, g jGj = e:
O resultado a seguir é conhecido como o Pequeno Teorema de Fermat, ele foi
enunciado em 1640 pelo matemático Fermat e só teve sua demonstração publicada
quase um século depois (em 1736) por Euler. É um resultado expressivo para à Teoria
dos Números, acredita-se que a partir dele surgiu à Teoria das Congruências.
ap 1
1(mod p)
49
3.1. TEOREMA DE LAGRANGE
o que implica
ap 1
= 1;
o que equivale a
ap 1 =1
Portanto, ap 1
1(mod p), para todo a 2 Z n pZ.
jGj = n jhaij ;
para algum n 2 Z. Assim, temos p = n jhaij : Sendo p 2 Z primo, temos por de…nição
que jhaij = 1 ou jhaij = p. Como a 6= e, então da Proposição 2.2.18 segue que jhaij 6= 1,
assim, jhaij = p, o que implica em jhaij = jGj. Portanto, pela Proposição 3.1.3 temos
hai = G, de onde segue o resultado.
Corolário 3.1.8 Seja G um grupo …nito tal que jGj 5, então G é abeliano.
jGj = k jhaij ;
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3.1. TEOREMA DE LAGRANGE
Demonstração: Pelo item (ii) do Lema 2.3.27, temos que ker( ) E G. Como G é
…nito, então pelo Teorema de Lagrange, temos
é bijetiva. Logo, jG= ker( )j = jIm( )j. Assim, da igualdade (3.1) segue que
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Referências Bibliográ…cas
[2] BOLDRINI, J.L.,e outros. Álgebra Linear. 3 ed. São Paulo: Harper & Row do
Brasil,1980.
[5] DOMINGUES, H. H., IEZZI, G.. Álgebra Moderna. 4. ed. reform. São Paulo:
Atual, 2003.
[7] GONÇALVES, Adilson. Introdução à álgebra. 6. ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2017.
[8] MILIES, C. P., COELHO, S. P.. Números: Uma Introdução à Matemática. 3. ed.
2. reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
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