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GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO “DEP. EST. RENÊ BARBUOR”
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

ÁGUILA PRISCILLA SILVA DE ABREU

TECNOLOGIAS DIGITAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA DO


ENSINO MÉDIO

Barra do Bugres
2018
ÁGUILA PRISCILLA SILVA DE ABREU

TECNOLOGIAS DIGITAIS NOS LIVROS DIDÁTICOS DE MATEMÁTICA DO


ENSINO MÉDIO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de Licenciatura em Matemática da
UNEMAT, para obtenção do título de licenciado
em Matemática.

Orientador: Me. Acelmo de Jesus Brito


Co-orientadora: Ma. Jaqueline Nunes Carvalho

Barra do Bugres
2018
2
3
Dedico esta pesquisa primeiramente а
Deus, por ser essencial em minha vida,
autor da minha fé, meu guia, socorro
presente na hora da angústia. Aо meu pai
Marinaldo Lins de Abreu, minha mãe
Cícera Marta Silva de Abreu, ao meu
esposo Diego Vinicius Berigo e a minha
irmã Ana Raquel Silva de Abreu.
4
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que permitiu tudo isso acontecer ао longo da minha vida,
е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o
maior mestre que alguém pode conhecer.
À minha família, por sua capacidade de acreditar е investir em mim. Mãe, seu
cuidado, dedicação e suas orações me deram, em diversos momentos, а esperança
para seguir. Pai, sua presença significou segurança е certeza de que não estou
sozinha nessa caminhada. Irmã, sua alegria e otimismo sempre me fizeram acreditar
que tudo daria certo.
Ao meu esposo Diego, pessoa com quem amo partilhar а vida. Obrigado pelo
carinho, а paciência е por sua capacidade de me trazer paz na correria de cada
semestre.
Ао meu amigo Alex, pelas dores, tristezas е alegrias compartilhadas ao longo de
cada semestre que estivemos juntos.
À minha amiga Jaqueline, pela sua paciência em me ajudar a desenvolver essa
pesquisa. Pela sua cumplicidade, humildade e amizade, que é tão importante pra mim.
Aos amigos que conheci ao longo dessa jornada, companheiros de trabalhos е
irmãos na amizade qυе fizeram parte da minha formação е qυе vão continuar
presentes em minha vida com certeza.
Ao professor Acelmo, pela orientação, apoio е confiança.
A todos qυе diretamente, оυ indiretamente, fizeram parte da minha formação, о
meu muito obrigado.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina.”
(Cora Coralina)

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RESUMO

Na presente pesquisa objetivamos analisar as atividades que utilizam


tecnologias digitais propostas nos livros didáticos de matemática, afim de encontrar
respostas para a seguinte questão norteadora: Como as TD são abordadas nos
Livros Didáticos de Matemática no Ensino Médio? Realizamos uma pesquisa
qualitativa na modalidade de Estudo documenta, sendo tais documentos livros
didáticos aprovados no último Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), lançado
em 2015 constituindo assim o Corpus da pesquisa. Os dados foram analisados por
meio dos procedimentos da Análise de Conteúdo na perspectiva de Bardin (1977). Em
nossa análise, constituímos três Categorias de Análise – (i) Tecnologias Digitais para
verificar propriedades, (ii) Tecnologias Digitais para cálculos e operações e (iii)
Softwares para construção de planilhas e gráficos - que foram analisadas verificando
relações com as atividades existentes nos Livros Didáticos de Matemática do Ensino
Médio. Os resultados da pesquisa indicaram que foram encontradas poucas
abordagens tecnológicas digitais em relação à quantidade de livros analisados
contrastando com a ênfase do PNLD quanto ao uso de TD’s. Não houve muita
variabilidade de abordagens tecnológicas digitais e concluímos que as tecnologias
digitais estão em um processo lento de inserção nos livros didáticos.

Palavras-chave: Tecnologias Digitais; Livros didáticos; Análise de conteúdo.

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ABSTRACT

In the present research we aimed to analyze the activities that use digital
technologies proposed in the textbooks of mathematics, in order to find answers to the
following guiding question: How are the TDs addressed in the Didactic Books of
Mathematics in High School? We carried out a qualitative research in the form of Study
documents, and these documents were approved textbooks in the last National
Program of Didactic Book (PNLD), launched in 2015 constituting the Corpus of the
research. The data were analyzed through the procedures of Content Analysis from
the perspective of Bardin (1977). In our analysis, we created three Categories of
Analysis - (i) Digital Technologies to verify properties, (ii) Digital Technologies for
calculations and operations, and (iii) Softwares for spreadsheets and graphs - which
were analyzed verifying relationships with existing activities in Didactic Books of
Mathematics of High School. The results of the research indicated that few digital
technological approaches were found in relation to the number of books analyzed,
contrasting with PNLD's emphasis on the use of TDs. There was not much variability
of digital technological approaches and we concluded that the digital technologies are
in a slow process of insertion in the textbooks.

Keywords: Digital Technologies; Didatic books; Content analysis.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma de Etapas do Processo de Coleta de Dados ......................... 29


Figura 2: Planilha eletrônica usada para tabular os dados ....................................... 30
Figura 4: Obras da coleção Matemática: Ciência e Aplicações................................ 37
Figura 5: Obras da coleção Conexões com a Matemática ....................................... 41
Figura 6: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e
Aplicação ................................................................................................................... 50
Figura 7: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Ciência e
Aplicações ................................................................................................................. 51
Figura 8: Atividade pertencente ao livro da Coleção Conexões com a Matemática . 52
Figura 9: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e
Aplicação ................................................................................................................... 53
Figura 10: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e
Aplicação ................................................................................................................... 54

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Informações sobre as coleções aprovadas pelo PNLD 2015 .................. 26


Quadro 2: Atividades do volume 1 da Coleção Contexto e Aplicações .................... 33
Quadro 3: Atividades do volume 2 da Coleção Contexto e Aplicações .................... 35
Quadro 4: Atividades do volume 3 da Coleção Contexto e Aplicações .................... 36
Quadro 5: Atividades do volume 1 da Coleção Ciência e Aplicações ...................... 39
Quadro 6: Atividades do volume 2 da Coleção Ciência e Aplicações ...................... 40
Quadro 7: Atividades do volume 3 da Coleção Ciência e Aplicações ...................... 41
Quadro 8: Atividades do volume 1 da Coleção Conexões com a Matemática ......... 43
Quadro 9: Atividades do volume 2 da Coleção Conexões com a Matemática ......... 44
Quadro 10: Atividade do volume 3 da Coleção Conexões com a Matemática ......... 44
Quadro 11: Inter-relações entre as Unidades de Contexto e as Unidades de
Registro ..................................................................................................................... 45
Quadro 12: Articulações entre as Unidades de Registro e as Categorias de
Análise ...................................................................................................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Recorrência das Unidades de Registro .................................................... 47

11
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1 O LIVRO DIDÁTICO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS ..................................... 16
1.1 O LIVRO DIDÁTICO ......................................................................................... 16
1.1.1 LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO ........................ 19
1.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS (TD) E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ................. 22
1.3 TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA ........... 24
2 ASPECTOS METOLOGICOS ............................................................................ 27
2.1 MÉTODO DA PESQUISA ................................................................................ 27
2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................... 29
2.2.1 COLEÇÃO - MATEMÁTICA: CONTEXTO E APLICAÇÕES ........................ 30
2.2.2 COLEÇÃO – MATEMÁTICA: CIÊNCIA E APLICAÇÕES............................. 37
2.2.3 COLEÇÃO – CONEXÕES COM A MATEMÁTICA ...................................... 41
3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE INTERPRETATIVA DOS DADOS ........................... 49
3.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA VERIFICAR PROPRIEDADES .................. 49
3.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA CÁLCULOS E OPERAÇÕES .................... 51
3.3 SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE PLANILHAS E GRÁFICOS ............. 53
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 56
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 58

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INTRODUÇÃO

As tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana. A busca por viver mais,
levou o homem a criação das mais variadas tecnologias. Atualmente, alguns recursos
tecnológicos que utilizamos diariamente já se tornaram ‘automáticos’ que nem mais
percebemos sua presença, como por exemplo: luz elétrica, fogão, água encanada,
dentre outros.
A sociedade contemporânea vem sendo marcada pela presença das tecnologias
digitais e as utilizamos como meio de comunicação, entretenimento e também de
informação. Além de serem usadas para a troca de experiências elas também podem
auxiliar na construção do conhecimento. Isso ocorre devido à ampliação do acesso
das tecnologias da informação e comunicação.
Podemos perceber a evolução constante das Tecnologias Digitais (TD), que
consistem em equipamentos eletrônicos que dizem respeito a um conjunto de
diferentes mídias, tais como: smartphones, computadores, notebooks, dentre outros.
Nos últimos anos temos vistos a presença das evoluções tecnológicas em diversas
áreas, inclusive na educação. Discussões sobre a inserção de tecnologias digitais na
prática docente são tratados por diversos autores e pesquisas na área de educação
matemática.
Ralejo (2015) cita que o livro é uma das maiores invenções humanas que resiste
à extinção de forma extraordinária. É uma eficiente máquina de transportar
informações, cômodo por ser folheado, que pode ser lido em qualquer lugar, resiste
ao tempo e danos. Nesse sentido, referindo-se a tecnologias, o livro didático pode ser
considerado o material didático tecnológico mais utilizado pelos professores no
processo de ensino e aprendizagem.
Na aprendizagem da Matemática, o livro didático também exerce papel influente,
mas, de acordo com Silva (2014), há uma necessidade pela busca de novos recursos
auxiliadores pois o ensino de matemática é considerado por muitos um desafio, devido
às dificuldades encontradas em se inovar e proporcionar novas metodologias para se
apresentar os conteúdos matemáticos.
Nessa perspectiva, Papert (2008) nos diz que além de “treinar” os professores
utilizando-se de habilidades técnicas, é necessário que eles desenvolvam estratégias
13
que provoquem mudanças pedagógicas profundas e que sejam benéficas aos
estudantes. Nesse sentido, percebemos que o professor pode utilizar as tecnologias
digitais para promover outras possibilidades no ensino e aprendizagem juntamente
com o livro didático.
A medida que a humanidade avança cientificamente, ela aprimora seu
conhecimento sobre tecnologias, buscando suprir suas necessidades. Esses avanços
causam mudanças nos grupos sociais, como afirma Borba, Scucuglia e Gadanidis.
[...] Tentamos ver a tecnologia como uma marca do nosso tempo, que
constrói e é construída pelo ser humano. A noção de seres-humanos-com-
mídia tenta enfatizar que vivemos sempre em conjunto de humanos e que
somos frutos de um momento histórico, que tem as tecnologias
historicamente definidas como copartícipes dessa busca pela educação. As
tecnologias digitais são parte do processo de educação do ser humano, e
também partes constituintes da incompletude e da superação dessa
incompletude ontológica do ser humano (2014, p. 133).

Nessa percepção, entendemos que uma das alternativas é superar os


determinados limites, os desafios e inserir os recursos digitais na escola, pois os
alunos da atualidade, ‘essa geração’, como Prensky (2001) destaca, “pensa e
processa informações de forma diferente” e sua familiaridade com a linguagem digital
faz com que ela seja para eles como uma segunda língua.
Nesse contexto, as TD’s em Educação Matemática podem servir como um
suporte às aulas, podendo tornar o aprendizado mais dinâmico, proporcionando uma
maior interação entre todos os envolvidos no processo. Borba (2015), justifica que a
inovação tecnológica permite a exploração e o surgimento de cenários alternativos
para a educação e para o ensino e aprendizagem de Matemática. Assim sendo,
podemos ter as TD como uma ferramenta para o desenvolvimento do ensino e
aprendizagem da matemática, pois de outra maneira, estaremos nos distanciando
ainda mais da realidade vivida pelos alunos.
Desse modo, a presente pesquisa tem por objetivo analisar as atividades que
utilizam tecnologias digitais propostas nos livros didáticos de matemática,
considerando as competências e habilidades do ensino médio, afim de encontrar
respostas para a seguinte questão norteadora: Como as TD são abordadas nos Livros
Didáticos de Matemática no Ensino Médio?
Para responder à questão foi realizado um estudo documental sobre as
tecnologias digitais presentes nos livros didáticos de Matemática do Ensino Médio,
utilizando a abordagem da pesquisa qualitativa pois pretende-se compreender de que
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maneira o uso de tecnologias digitais é inserido nos livros didáticos de Matemática.
Os livros selecionados estavam enquadrados nas sugestões de coleções com base
no Plano Nacional do Livro Didático (PNLD, 2015).
Para analisar os dados coletados, utilizamos a Análise de Conteúdo na
perspectiva apresentada por Bardin, onde a mesmo cita que a análise de conteúdo se
constitui de várias técnicas ou instrumentos metodológicos, onde se busca descrever
e analisar qualitativamente, o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja por
meio de falas ou de textos (Bardin, 1977).
Para atender aos objetivos pretendidos, o presente trabalho foi organizado em
capítulos nos quais o primeiro é dedicado ao aporte teórico, no qual falamos sobre o
livro didático e as tecnologias digitais. No capítulo dois conta a metodologia seguida
na pesquisa, com abordagem metodológica, técnicas de pesquisa, descrição dos
procedimentos de análise dos dados e categorias de análise. A análise e resultados
está no capítulo de número três. As considerações finais estão no capítulo quatro e,
em seguida, temos o quinto capítulo com as referências.

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1 O LIVRO DIDÁTICO E AS TECNOLOGIAS DIGITAIS

O presente capítulo apresenta o aporte teórico, que será divido em três tópicos
para uma melhor organização e compreensão, abordando a importância e influência
dos livros didáticos de Matemática no âmbito escolar e sua relação com as
Tecnologias Digitais, com base em autores e em documentos nacionais como o PNLD
(Programa Nacional do Livro Didático).

1.1 O LIVRO DIDÁTICO

A fim de contextualizar o livro didático, inicialmente iremos comentar, de forma


sucinta, as primeiras manifestações impressas com o objetivo de ensino. Para isso,
serão elencados dados do contexto europeu e a organização da educação.
A indispensabilidade do ser humano em manter a sua história fez com que,
durante muitos séculos, as pessoas procurassem formas de deixar isso registrado. A
história do livro está relacionada ao contexto político e econômico e à história de
pensamento e religiões. Também é influenciada por inovações tecnológicas que
permitiram o aprimoramento da conservação dos livros, o acesso à informação e a
facilidade em manusear e produzir as obras.
De acordo com Lima e Azeredo (2006), a história do livro incorpora-se aos vários
suportes já utilizados para a escrita. Os suportes evoluem e, segundo Labane (1981)
“foi sem dúvida a madeira o primeiro suporte do verdadeiro livro, sob a forma de
tabuinhas de madeira ou bambu”. Com isso, entendemos que o livro pôde ser usado
como um instrumento de divulgação de ideias, crenças, valores, cultura, conceitos e,
com o passar dos anos, ganhou os espaços escolares servindo de instrumento de
apoio na educação de crianças, jovens e adultos.
Várias mudanças aconteciam na Europa. O Renascimento surgia deixando de
lado o teocentrismo, onde Deus não era mais o centro de tudo, e agora o homem
estava em foco, isso desencadeou uma revolução de ideias, onde a Igreja sofreria um
declínio. Cagliari (1998) afirma que através do Renascimento o uso da imprensa na

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Europa e interesse nas preocupações dos leitores aumentou. Isso ocorreu devido à
Johannes Gutenberg que inventou a imprensa.
Durante esse período, os burgueses e membros do clero eram os candidatos à
alfabetização. Os burgueses frequentavam escolas, não somente para aprender a ler
e escrever, mas com a intenção de ter um preparo maior para liderar, administrar e
subordinar os demais. O clero por sua vez, dependia das letras para ler as sagradas
escrituras e transmiti-las, induzindo assim, os que não sabiam ler, a ter uma crença
maior em sua doutrina.
Michel (2015) cita em seu artigo que alguns autores sugerem que o livro didático
surgiu no século XIX como complemento aos ensinamentos que não constavam na
Bíblia.
No século XIX, o livro didático surgiu como um adicional à Bíblia, até então,
o único livro aceito pelas comunidades e usado nas escolas. Somente por
volta de 1847, os livros didáticos passaram a assumir um papel de grande
importância na aprendizagem e na política educacional. Os primeiros livros
didáticos, escritos sobretudo para os alunos das escolas de elite, procuram
complementar os ensinamentos não disponíveis nos Livros Sagrados.
(OLIVEIRA et al, 1997, p. 26).

Porém, há outros autores dizem que o livro didático sempre fez parte da cultura
escola, mesmo antes da invenção da imprensa. Segundo Bittencourt (1993) sua
origem está vinculada ao poder instituído. A articulação entre a produção didática e o
nascimento do sistema educacional, estabelecido pelo estado, distingue o livro
didático dos demais livros, nos quais há menor nitidez da interferência de agentes
externos em sua elaboração. Para os livros didáticos, os dicionários, as obras literárias
e os livros em braile tornarem-se aliados dos alunos e dos professores das escolas
públicas brasileiras, como acontece hoje, percorreu-se uma longa trajetória.
De acordo com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
essa trajetória começa em 1929, com a criação do Instituto Nacional do Livro (INL)
que, a princípio, não saiu do papel. Apenas com a nomeação de Gustavo Capanema
para Ministro da Educação em 1934, no governo do presidente Getúlio Vargas, o INL
começou a executar suas primeiras atribuições, tais como: a expansão do número de
bibliotecas públicas, a elaboração de uma enciclopédia nacional, a edição de obras
literárias para a formação cultural da população e um dicionário nacional.
Em 1938, o livro didático passou a figurar na pauta do governo federal com o
Decreto-Lei nº 1.006/38 de 30/12/1938, conhecida como a Lei do Livro Didático, que

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instituiu a Comissão Nacional do Livro Didático para tratar da produção, do controle e
da circulação dos livros didáticos. Só em 1996, sessenta e sete anos após a criação
do Instituto, com a extinção do FAE – Fundo de Assistência ao Estudante e a
transferência das suas ações em 1997, para o FNDE – Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação é que começaram a produção e distribuição dos livros
de forma contínua e dinâmica. A partir daí, todos os estudantes do ensino fundamental
passarão a receber livros didáticos de todas as disciplinas (www.fnde.gov.br, acesso
em 18 nov. 2017)
Nesta mesma década, com o objetivo de garantir a qualidade dos livros didáticos
a serem adotados principalmente pelas escolas públicas foi criado o Programa
Nacional de Livro Didático (PNLD), que se comprometia em fazer uma avaliação
pedagógica dos livros antes de chegar à sala de aula.
A responsabilidade pela política de execução do PNLD é transferida
integralmente para o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE). O programa é ampliado e o Ministério da Educação passa a adquirir,
de forma continuada, livros didáticos de alfabetização, língua portuguesa,
matemática, ciências, estudos sociais, história e geografia para todos os
alunos de 1ª a 8ª série do ensino fundamental público. (FNDE, 2017, acesso
em 10 fev. 2017).

Com a criação do PNLD os livros didáticos voltaram a ter maior atenção por parte
do Ministério da Educação (MEC) que despertou o interesse de estudiosos em
investigar o propósito do programa, bem como a qualidade do livro didático que chega
a sala de aula (Albuquerque, 2002). De acordo com o Guia dos Livros Didático de
2015, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em seu artigo 35º, atribui ao ensino médio as
finalidades de consolidação e aprimoramento dos conhecimentos, a preparação para
o trabalho e a cidadania, o aprimoramento como ser humano e a autonomia
intelectual:
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima
de três anos, terá como finalidades:
I – a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II – a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para
continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade
a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III – o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a
formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico;
IV – a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
(PNLD – Apresentação, 2015, p. 09).

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Ao escolher as coleções de livros didáticos para o ensino médio, é importante
que o professor identifique, nos textos das resenhas das obras, indicativos que se
associem com os estabelecidos no PNLD, intentando estabelecer uma aproximação
o mais efetiva possível entre o livro didático e o projeto político-pedagógico da escola.
São apresentadas, a seguir, os critérios de avaliação de todos os componentes
curriculares do Ensino Médio estabelecidos no PNLD (2015, p.10).
1. respeito à legislação, às diretrizes e às normas oficiais relativas ao ensino
médio;
2. observância de princípios éticos necessários à construção da cidadania e
ao convívio social republicano;
3. coerência e adequação da abordagem teórico-metodológica assumida pela
obra, no que diz respeito à proposta didático-pedagógica explicitada e aos
objetivos visados;
4. correção e atualização de conceitos, informações e procedimentos;
5. observância das características e finalidades específicas do Manual do
Professor e adequação da obra à linha pedagógica nela apresentada;
6. adequação da estrutura editorial e do projeto gráfico aos objetivos didático-
pedagógicos da obra. (PNLD - Matemática, 2015, p. 11).

O não cumprimento de qualquer um desses critérios resultará em proposta


incompatível da obra com os objetivos estabelecidos para o ensino médio, o que
justificará a exclusão do PNLD.

1.1.1 LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO

Sabemos que no meio educacional há uma grande diversidade de saberes, onde


professores trazem consigo especificidades para o aprendizado. Essas
particularidades podem tornar o processo de ensino complexo, pois surgem a
necessidade de criar estratégias educacionais para cada ambiente de ensino. De
acordo com Freitas, o processo de ensino e aprendizagem se constituem a partir de
elementos que vão desde a postura do professor até os métodos empregados para
promover o ensino e alcançar a aprendizagem. (2007, p.13).
De acordo com Biehl e Bayer (2009) o livro didático tem função influente no
cotidiano escolar, em todos os níveis de ensino, principalmente no estudo de
matemática, visto que trata-se de um recurso de fácil acesso, disponibilizado para
professores e alunos. Ele pode ser visto como um instrumento auxiliador no processo
ensino-aprendizagem e não como fim do processo. Para isso, faz-se necessário que

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seja um livro que, além de respeitar o desenvolvimento cognitivo do aluno, não
apresente conceitos errados e não reduza a matemática a um conjunto de regras e
definições sem ligação lógica entre si.
Corroborando com as ideias de Bihel e Bayer, Brandão (2014) nos diz que antes
de utilizar o livro didático como um material de apoio nas aulas, o professor precisa
conhecê-lo previamente, ou seja, conhecer sua estrutura, é necessário analisá-lo
cuidadosamente. Acreditamos que as funções do livro didático no processo de ensino
e aprendizagem dependem de como o professor irá utilizá-lo. O livro pode ser
classificado como bom ou ruim, porém a prática do professor poderá mudar estas
classificações e pode ser constituído como um material de apoio ao docente,
contribuindo para a complementação do processo de ensino e aprendizagem, e tem
por objetivo, auxiliar no contexto escolar, perpassando uma ideologia sobre como
proceder diante da proposta dos conteúdos.
Podemos atribuir outra função ao livro didático de e acordo com o Guia de Livros
Didáticos de Matemática, onde o mesmo nos diz que “no processo de ensino e
aprendizagem, o livro didático é um interlocutor que dialoga com o professor e com o
aluno. Nesse diálogo, o livro é portador de uma perspectiva sobre o saber a ser
estudado e sobre o modo mais eficaz de aprendê-lo.” (PNLD Matemática 2014, p.12).
Para escolher qual livro didático será utilizado nas escolas públicas do Brasil em
um determinado período, têm-se o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que
é o mais antigo dos programas voltados à distribuição de obras didáticas aos
estudantes da rede pública de ensino brasileira. Atualmente, o PNLD é voltado à
educação básica brasileira, ensino fundamental e médio, tendo como única exceção
os alunos da educação infantil.
Conforme o Decreto 7084, de 27 de janeiro de 2010, explicado de maneira
sucinta por Silva, o programa funciona de acordo com as seguintes etapas:
I - As escolas da rede pública que desejam participar do programa deverão
manifestar este interesse mediante adesão formal, observados os prazos,
normas, obrigações e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da
Educação e essa adesão deve ser atualizada sempre até o final do mês de
maio do ano anterior àquele em que a entidade deseja ser atendida. II - São
estabelecidos regulamentos, prazos e regras em editais para as inscrições
dos livros didáticos no programa. Esses editais são publicados no Diário
Oficial da União e também disponibilizados pela internet no Portal do FNDE
(Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). III - Nos editais constam
exigências técnicas e físicas que as obras inscritas devem seguir. É feita uma
triagem dessas obras pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo (IPT) para se constatar se as mesmas se enquadram nessas
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exigências, após os livros selecionados são encaminhados à Secretaria de
Educação Básica (SEB/MEC), é a SEB que escolhe os especialistas para
analisar as obras, conforme critérios divulgados no edital e estes elaboram
as resenhas dos livros aprovados, que passam a compor o guia de livros
didáticos. IV - O Guia do livro didático tem como objetivo orientar professores
e Diretores na análise e escolha dos livros didáticos que serão utilizadas
pelos alunos em sua escola. O Guia é disponibilizado no portal do FNDE na
internet e impresso nas escolas cadastradas no censo escolar. V - Após a
escolha dos livros é feita a formalização via internet, por meio de senha
previamente enviada pelo FNDE às escolas e assim é iniciado o processo de
aquisição que é realizada por inexigibilidade de licitação, prevista na Lei
8.666/93. Concluído esse processo inicia-se a produção desses livros, que
são supervisionados por técnicos do FNDE que analisam também sua
qualidade física. (Silva, 2014).

Nessa perspectiva, percebemos a importância que o livro didático assumiu com


o passar dos anos pois o mesmo tem se constituído elemento estruturador das salas
de aula. Com relação ao ensino de matemática, o livro didático para o ensino médio
leva em conta algumas considerações para sua seleção, a começar pelos conteúdos.
De acordo com o PNLD (2015):
São muito numerosas as possibilidades de classificação da Matemática atual
em campos (ou em ramos) quando se consideram todos os níveis de
complexidade desse saber científico, mas não cabe aqui discutir tais
classificações. Além disso, no âmbito da formação básica, os conteúdos
matemáticos têm sido organizados em um número reduzido de campos mais
tradicionais como: aritmética, álgebra, geometria, estatística e probabilidade.
(PNLD, 2015, p. 83).

Ou seja, na classificação dos conteúdos organizados nos campos tradicionais


temos que o campo dos números incluem conjuntos, conjuntos numéricos, números
reais, números e grandezas, e números complexos. Em funções são considerados o
conceito de função e suas propriedades, sequências, funções afins, funções
quadráticas, funções exponencial e logarítmica e funções trigonométricas.
Incluem também matemática financeira e o conceito de derivada. Em equações
algébricas estão reunidos os tópicos: polinômios e equações polinomiais, matrizes,
determinantes, e sistemas lineares. Em geometria analítica, incluem-se os tópicos:
retas, circunferências e cônicas no plano cartesiano, e transformações geométricas.
No campo da geometria, os tópicos são: geometria plana (incluindo
trigonometria), geometria espacial de posição, poliedros, e as grandezas geométricas.
Já em estatística e probabilidade estão contidos: o conceito clássico de probabilidade;
probabilidade condicional e independência, coleta, organização, representação e
interpretação de dados, medidas de posição e de dispersão de um conjunto de dados.

21
Para escolher os livros didáticos para o Ensino Médio, é importante que o
professor identifique, nos textos das resenhas das obras, indicativos que se associem
com os estabelecidos no Guia do Livro Didático, visando estabelecer uma
aproximação o mais efetiva possível entre o livro didático e o projeto político-
pedagógico da escola.
Para seleção da coleção que estará vigente nos próximos três anos, há uma
Resolução garantindo a autonomia dos professores no processo de escolha.
Conforme a Resolução CD/FNDE 42/2012, compete às escolas e às
secretarias garantir que o corpo docente da escola participe do processo de
escolha. Para registrar a participação dos professores na escolha e dar
transparência ao processo, sugerimos que a decisão sobre a escolha das
coleções seja documentada por meio da Ata de Escolha de Livros Didáticos.
(PNLD, 2015, p. 27).

A escolha dos livros didáticos continua sob a responsabilidade dos professores


das escolas. As cartas com senha são enviadas pelos correios para os participantes
que aderiram até um certo prazo da abertura do sistema de escolha (no caso do PNLD
2015, o prazo limite foi o dia 08/07/2014). (PNLD, 2015, p. 24).

1.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS (TD) E A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

O pensamento empírico, geralmente, nos faz pensar em tecnologia como algo


ligado ao mundo dos computadores, da informática. No entanto, essa ideia é muito
restrita. Martinez (2006) nos diz que a tecnologia não é um mero conhecimento técnico
que o homem acumula, mas sim uma capacidade e a arte de estudar, projetar,
produzir ou reutilizar técnicas, equipamentos e objetos.
Concernente a essa fala, podemos esclarecer que as tecnologias não são
apenas equipamentos e aparelhos. Elas condizem a um universo de elementos
criados pelo cérebro humano nas diferentes épocas, maneiras de uso e aplicabilidade.
Portanto, o homem utiliza muitas tecnologias que não estão relacionadas somente a
equipamentos, como a linguagem, sendo uma construção criada pela inteligência
humana propiciando a comunicação entre os membros de uma sociedade, originando
os diversos idiomas que formam a identidade do povo e a sua cultura. (KENSKI, 2007).
Já as tecnologias digitais (TD), se associam com conhecimentos provenientes
da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações. “Tem suas próprias lógicas,
suas linguagens e maneiras particulares de comunicar-se com as capacidades
22
perceptivas, emocionais, cognitivas, intuitivas e comunicativas das pessoas”
(KENSKI, 2007, p. 38).
Os avanços tecnológicos das últimas décadas, possibilitaram várias formas de
utilização das tecnologias da comunicação e informação, como possibilidade de
produção e propagação de informações instantaneamente. Com isso, Lévy nos diz
que:
“[...] um mundo virtual, no sentido amplo, é um universo de possíveis,
calculáveis a partir de um modelo digital. Ao interagir com o mundo virtual, os
usuários o exploram e o atualizam simultaneamente. Quando as interações
podem enriquecer o modelo, o mundo virtual torna-se um vetor de inteligência
e criação coletivas.” (LÉVY, 2010, p. 75).

Com isso temos que as tecnologias se tornam uma grande aliada a espécie
humana, pois o homem consegue utiliza-la como um apoio para acompanhar o
desenvolvimento do mundo, adaptando-se aos complexos avanços tecnológicos
impostos a todos. No contexto educacional há um desafio, pois é preciso que o
professor esteja preparado para o domínio e assimilação crítica dessa linguagem.
Segundo D’Ambrósio (2005) a sociedade passa por grandes transformações,
com grandes reflexos na educação e reforçando essa discussão, professores e
pesquisadores em Educação Matemática vêm trabalhando na perspectiva de mudar
esse quadro, ou de pelo menos, contribuir com essa mudança.
Borba, Scucuglia e Gadanidis (2014) afirmam que a velocidade que as inovações
tecnológicas vêm tomando espaço ultimamente, cria uma característica marcante na
sociedade. Nesse sentido, as tecnologias digitais cada vez mais estão ganhando um
corpo na comunidade tecnológica.
Ao observarmos as diversas pesquisas na Educação Matemática desenvolvidas
no Brasil, pode-se perceber vários contextos, propostas e perspectivas com relação
ao uso didático e pedagógico das tecnologias.
As tecnologias aumentam a nossa capacidade de aprender e ampliam nosso
conhecimento, oferecendo formas variadas para desenvolver o processo de ensino e
aprendizagem. Concernente a essa fala Borba (2015) comenta que as inovações
tecnológicas permitem o surgimento de cenários alternativos para o ensino e
aprendizagem de Matemática. Diante desse contexto, é interessante que os
professores tenham acesso a uma formação que priorize a inserção das tecnologias
digitais no cotidiano da sala de aula de forma intensiva, sendo assim, seria importante

23
que existisse, na formação inicial de professores, disciplinas que conceituem,
apliquem e demonstrem como a educação matemática e as tecnologias digitais
andam juntas.
Corroborando com a perspectiva de Borba (2015), durante a minha experiência
na Universidade do Estado de Mato Groso (UNEMAT), participei de uma disciplina
que envolviam conceitos sobre uso tecnologias digitais dentro de sala de aula,
ministrada pela professora Doutora Daise Lago Pereira Souto. Os próprio corpo
docente da universidade utilizavam as tecnologias digitais para se comunicarem com
os alunos, para exposição de vídeos (vodcasts), exposição de notas, dentre outras
atividades.

1.3 TECNOLOGIAS DIGITAIS E O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA

Cada vez mais a tecnologia e o ensino determinam uma relação entre dois
universos diferentes, mas não opostos, envolvendo uma tradição contemporânea
entre os livros didáticos e as tecnologias digitais. Diversos autores e editoras buscam
meios de dialogar com essas demandas e criar formas para seu público alvo migrar
para essa nova realidade. Compactuando com as ideias de Ralejo (2015), através das
editoras o diálogo entre a tecnologia e o ensino de matemática vêm sendo
estabelecido.
As TD’s desenvolvem um constante movimento de renovação através de uso de
recursos diversificados, mas de acordo com Knauss (2009) não significa que haja
também uma renovação curricular. De acordo com o autor, o uso desses recursos
serve mais como uma tentativa de disfarçar a abordagem tradicional e linear dos
conteúdos didáticos de matemática. Ou seja, apesar dos livros inovarem cada vez
mais com design inovador, mais colorido e atrativo para o aluno, a abordagem dos
conteúdos ainda se mantém tradicional e cronológica.
Por enquanto, as características gerais dos livros didáticos de matemática
permanecem. Em um primeiro momento, o que mudou foram as formas de apresentar
as informações as atividades didáticas, mostrando assim uma mudança nas
concepções sobre professores e alunos. (COSTA & RALEJO, 2013).

24
No processo de avaliação do PNLD das obras de Matemática, há critérios sobre o uso
de tecnologias e diferentes mídias educacionais como processo de dinamização dos
ambientes de aprendizagem e construção de novos saberes.
Entendendo que o projeto político-pedagógico de cada unidade escolar deve
materializar-se no processo de formação humana coletiva, o entrelaçamento
entre trabalho, ciência e cultura realizar-se-á com os seguintes indicativos:
[...] ofertar atividades de estudo com utilização de novas tecnologias de
comunicação. (PNLD, 2015, p. 10-11).

Com isso, podemos perceber um amparo na legislação quanto à abordagem de


tecnologias nos livros didáticos.
No processo de avaliação das obras de Matemática, o PNLD dita alguns
princípios referidos que foram traduzidos no conjunto de requisitos seguintes, os quais
devem obrigatoriamente ser cumpridos pelas coleções de livros didáticos dessa área
do conhecimento. Tais princípios são:
1. incluir todos os campos da Matemática escolar, a saber, números, funções,
equações algébricas, geometria analítica, geometria, estatística e
probabilidade;
2. privilegiar a exploração dos conceitos matemáticos e de sua utilidade
para resolver problemas;
3. apresentar os conceitos com encadeamento lógico, evitando: recorrer a
conceitos ainda não definidos para introduzir outro conceito, utilizar-se
de definições circulares, confundir tese com hipótese em demonstrações
matemáticas, entre outros;
4. propiciar o desenvolvimento, pelo aluno, de competências cognitivas
básicas, como: observação, compreensão, argumentação, organização,
análise, síntese, comunicação de ideias matemáticas, memorização, entre
outras. (PNLD, 2015, p. 13-14).

As obras que não cumpriram esses requisitos específicos do componente


curricular Matemática serão excluídas do PNLD 2015. A seguir, temos no quadro 01
as coleções, aprovadas pelo último PNLD lançado, com seus respectivos autores,
visão geral e conteúdos matemáticos abordados em cada obra. Informações que
foram retiradas da seção de resenha das obras do PNLD 2015.

25
Quadro 1: Informações sobre as coleções aprovadas pelo PNLD 2015
COLEÇÕES APROVADAS PELO PNLD 2015
COLEÇÕES AUTOR(ES) VISÃO GERAL OBRAS CONTEÚDOS ABORDADOS
Números, Funções, Equações Algébricas,
1º ANO
Geometria, Estatística e Probabilidade
A coleção apresenta boas questões
Conexões Fábio Números, Funções, Equações Algébricas,
contextualizadas nas práticas sociais e em 2º ANO
com a Martins de Geometria, Estatística e Probabilidade
outras áreas do conhecimento. (PNLD,
Matemática Leonardo Números, Funções, Equações Algébricas,
2015, p. 22).
3º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Probabilidade
Números, Funções, Equações Álgebricas,
1º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Os conteúdos da coleção são
Probabilidade
apresentados de maneira clara e
Matemática: Números, Funções, Equações Álgebricas,
Luiz Roberto contextualizada, porém, a quantidade de
Contexto e 2º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Dante conceitos abordados e de atividades
Aplicações Probabilidade
propostas é excessiva. (PNLD, 2015, p.
Números, Funções, Equações Algébricas,
30).
3º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Probabilidade
As explanações teóricas, acompanhadas Números, Funções, Equações Algébricas,
1º ANO
de exemplos, problemas resolvidos e Geometria.
Manoel questões propostas são a opção Números, Funções, Equações Algébricas,
Matemática - 2º ANO
Rodrigues metodológica que predomina na obra. Geometria, Estatística e Probabilidade
Paiva
Paiva Desse modo, a participação mais ativa do Números, Funções, Equações Algébricas,
aluno no processo de sua aprendizagem 3º ANO Geometria Analítica, Estatística e
fica limitada. (PNLD, 2015, p. 39). Probabilidade
Gelson Iezzi Números, Funções, Equações Algébricas,
1º ANO
Osvaldo Geometria, Estatística e Probabilidade
Dolce Números, Funções, Equações Algébricas,
A obra destaca-se pela escolha de um 2º ANO
Matemática: David Mauro Geometria, Estatística e Probabilidade
acentuado rigor matemático, porém
Ciência e Degenszajn
adequado ao nível de ensino a que se
Aplicações Roberto Números, Funções, Equações Algébricas,
destina. (PNLD, 2015, p. 48).
Périgo 3º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Nilze Silveira Probabilidade
de Almeida
Os itens que formam cada unidade Números, Funções, Geometria, Estatística e
1º ANO
Kátia Cristina iniciam-se com uma explanação teórica, Probabilidade
Stocco Smole muitas vezes precedida por textos, Números, Funções, Equações Algébricas,
2º ANO
Matemática - Maria Ignez situações-problema ou exemplos Geometria, Estatística e Probabilidade
Ensino Médio de Souza instigantes. Entretanto, muitos
Números, Funções, Equações Algébricas,
Vieira dos conteúdos a serem estudados são
3º ANO Geometria Analítica, Estatística e
Diniz excessivamente detalhados. (PNLD, 2015,
Probabilidade
p. 57).
Números, Funções, Equações Algébricas,
São frequentes e adequadas as 1º ANO
Geometria
contextualizações dos conteúdos
Novo Olhar - matemáticos, tanto na apresentação Números, Funções, Equações Algébricas,
Joamir Souza 2º ANO
Matemática inicial dos conceitos quanto nas Geometria, Estatística e Probabilidade
atividades resolvidas Números, Equações Algébricas, Geometria
e propostas. (PNLD, 2015, p. 66). 3º ANO Analítica, Geometria, Estatística e
Probabilidade
Fonte: Elaborado pelos autores.

No documento, o PNLD informa sobre os livros impressos, onde são


apresentadas, de maneira sucinta: a organização de suas subdivisões; as seções
especiais que eles contêm e seus objetivos; se podem ser encontradas sugestões de
leituras complementares para os alunos e, também, se há respostas às atividades
propostas, entre outras informações.

26
2 ASPECTOS METOLOGICOS

Considerando o tema desta pesquisa “TECNOLOGIAS DIGITAIS NOS LIVROS


DIDÁTICO DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO”, buscamos investigar se
tecnologias digitais estão inseridas e abordadas nos livros didáticos de Matemática,
utilizando-os como material de coleta de dados.

2.1 MÉTODO DA PESQUISA

A presente pesquisa aborda temas como Educação Matemática e Tecnologias,


todavia, o foco foi direcionado ao tema Tecnologias Digitais existentes nos livros
didáticos de Matemática do Ensino Médio. Para a investigação, fizemos uso do
método da pesquisa qualitativa, onde Creswell (2007) a define como sendo “um meio
para explorar e para entender o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem
a um problema social ou humano”.
Complementando essa ideia, Goldenberg afirma que:
Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se
opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas
as ciências, baseado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes
pesquisadores se recusam a legitimar seus conhecimentos por processos
quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais.
Afirmam que as ciências sociais têm sua especificidade, que pressupõe uma
metodologia própria. (2004, p. 16).

Sendo assim, a autora nos diz que a abordagem qualitativa não é a


representação de dados da pesquisa e a representatividade numérica, mas que a
interpretação deve ocorrer segundo a perspectiva das pessoas envolvidas na situação
investigada.
Diante de uma abordagem qualitativa, essa pesquisa teve por finalidade
compreender de que maneira o uso de tecnologias digitais está inserido nos livros
didáticos de Matemática considerando as competências e habilidades do Ensino
Médio. Entre as diferentes modalidades da pesquisa qualitativa, definimos a nossa
como pesquisa documental, caracterizada por ser uma pesquisa realizada a partir de
documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente

27
autênticos. Appolinário (2009, p. 85) defende que, “sempre que uma pesquisa se
utiliza apenas de fontes documentais (livros, revistas, documentos legais, arquivos em
mídia eletrônica), diz-se que a pesquisa possui estratégia documental”.
Como procedimentos de análise de dados, utilizamos a Análise de Conteúdo na
perspectiva qualitativa, pois “na análise qualitativa o que serve de informação é a
presença ou a ausência de uma dada característica num determinado fragmento de
mensagem que é tomado em consideração”. (BARDIN, 1977, p. 38).
Para a referida autora, a Análise de Conteúdo pode ser concebida como sendo:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por
procedimentos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas
mensagens (BARDIN, 1977, p.42).

A autora ainda ressalta que fazer trabalhos através da Análise de Conteúdo,


necessita de mais atenção por parte do pesquisador, devido ao fato das descrições e
execuções de cada uma das fases da análise. Para essa investigação, será utilizado
as três fases da Análise de Conteúdo citados em seu livro: pré-análise, exploração do
material e o tratamento dos resultados.
A primeiro fase, pré-análise, é a fase de organização, onde ocorre a escolha dos
documentos a serem submetidos à análise, bem como a formular as hipóteses para a
elaboração dos indicadores para a interpretação final. Os documentos a serem
analisados serão os livros didáticos de matemática do ensino médio, aprovados pelo
PNLD (Programa Nacional do Livro Didático), a partir do ano de 2015, da cidade de
Tangará da Serra no estado de Mato Grosso.
Na segunda fase, exploração do material, são escolhidas as unidades de
codificação, adotando-se os seguintes procedimentos que compreende a escolha de
unidades de registro e a escolha de categorias. O tratamento dos resultados é a
terceiro fase, que compreende na sintetização e no destaque das informações para
análise, culminando nas interpretações das suposições; é o momento da intuição, da
análise reflexiva e crítica (BARDIN, 2006).

28
2.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Fazendo uma analogia com Bardin (1977), o corpus dessa pesquisa foram os
livros didáticos selecionados, o critério de seleção foi o livro ser aprovado pelo PNLD
e utilizado na rede estadual de ensino de Tangará da Serra – MT. As etapas do
processo de coleta de dados estão descritas no fluxograma abaixo:

Figura 1: Fluxograma de Etapas do Processo de Coleta de Dados

ETAPAS DO
PROCESSO DE
COLETA DOS
DADOS

Primeira etapa: Segunda etapa: Terceira etapa:


Visitas as unidades Seleção das atividades Tabulação dos dados
escolares: que abordavam as TDs obtidos em uma
planilha eletrônica

Escola Estadual “29 de Escola Estadual “13 de Escola Estadual Ramon


Novembro” Maio” Sanchez Marques

Fonte: Elaborado pelos autores.

Foram feitas visitas às unidades escolares que atendem o Ensino Médio do


município com finalidade de firmarmos parcerias para cedência dos livros analisados.
As escolas que aceitaram a parceria foram: Escola Estadual 29 de Novembro, Escola
Estadual 13 de Maio e Escola Estadual Vereador Ramon Sanchez Marques.
A escola 29 de Novembro adotou para o triênio 2015-2017 a coleção
Matemática: Contexto e Aplicações. A escola 13 de Maio, no mesmo triênio, adotou
Matemática – Ciência e Aplicações. A escola Vereador Ramon Sanchez Marques
adotou a coleção Conexões com a Matemática.
Os livros foram analisados, levando em consideração os seguintes parâmetros:
ano de publicação, série, atividades ou exemplos que abordava o uso de TD’s,
conteúdo, tecnologia digital proposta e as competências e habilidades do ensino

29
médio em que a atividade se enquadrar. Esses parâmetros foram organizados em
uma planilha eletrônica conforme pode-se observar na figura 02:

Figura 2: Planilha eletrônica usada para tabular os dados

Fonte: Elaborado pelos autores.

A análise transcorreu-se, de forma minuciosa e sequencial, a partir de todos os


capítulos contidos na obra. Estabelecemos o critério prévio que se algum conteúdo
aparecesse mais de uma vez com a mesma tecnologia e semelhança nas atividades,
registraríamos apenas uma vez para não sermos redundantes, pois o foco dessa
pesquisa é verificar as abordagens tecnológicas digitais.

2.2.1 COLEÇÃO - MATEMÁTICA: CONTEXTO E APLICAÇÕES

A primeira coleção a ser analisada foi, “Matemática: Contexto e Aplicações”, do


autor Luiz Roberto Dante. Na figura 03 a imagem dos três volumes que compõem a
coleção:

30
Figura 3: Obras da coleção Matemática: Contexto e Aplicações

Fonte: dos autores.

Os livros da coleção dividem-se em quatro unidades, cada uma delas organizada


em capítulos. Tanto as unidades quanto os capítulos, iniciam-se com uma
contextualização dos temas a serem desenvolvidos, feita por meio de textos e
imagens. Seguem-se as explanações teóricas, intercaladas pelas seções Exercícios
Resolvidos e Exercícios, e por diversas outras: Leitura, Matemática e tecnologia; Um
pouco mais, para estudo optativo; Pensando no ENEM; Outros contextos, com temas
interdisciplinares, e Vestibulares de Norte a Sul. Ao longo do texto, há pequenos boxes
intitulados Para refletir, Fique atento e Você sabia?. No final de cada livro, encontram-
se, ainda, as seções Caiu no Enem, Respostas, Sugestões de leituras
complementares, Significado das siglas de vestibulares, Bibliografia e Índice
remissivo.
O livro da primeira série do Ensino Médio, apresentado na figura 03, tinha a
primeira unidade intitulada Números e Funções, e era compreendida por dois
capítulos. O capitulo primeiro abordava o conteúdo de conjuntos numéricos, onde
foram registradas duas atividades distintas em seus objetivos. O segundo capitulo
abordava o conteúdo de funções, porém não foram encontras nenhuma atividade
sugerindo tecnologias.
A segunda unidade, Função Afim e Função Modular, também possuía dois
capítulos, sequencial aos capítulos da unidade anterior, onde o terceiro abordou as
funções afim e foi registrado apenas uma atividade sugerindo o uso de software para
construção do gráfico de uma função afim, o Libreoffice. Já no quarto capitulo foi

31
abordado a função quadrática e foi registrado apenas uma atividade sugerindo o uso
de software para construção do gráfico de uma função quadrática, o Geogebra.
Função Exponencial era o título da terceira unidade, que era composta de dois
capítulos, sequenciais aos das unidades anteriores. O quinto capitulo ainda seguia o
conceito de funções abordando as funções exponenciais. Foi registrado apenas uma
atividade que utilizada o software Geogebra para construção de gráfico. O sexto
capítulo abordava o conceito de logaritmos e função logarítmica. Para o conteúdo de
logaritmos, foram registradas três atividades que sugeriam a mesma tecnologia, a
calculadora, porém distintas em seus objetivos. A primeira era para efetuar operações
com logaritmos, a segunda envolvia a visualização de suas propriedades, e a terceira
era uma aplicação de química. Haviam outras atividades, porém não foram
registradas, pois sugeriam a mesma tecnologia e tinham objetivos semelhantes entre
si. Para o conteúdo de funções logarítmicas, foi registrado apenas uma atividade que
utilizada o software Geogebra para construção de gráfico.
A quarta e última unidade, Sequências e Trigonometria, também possuía dois
capítulos, sequenciais aos das unidades anteriores, onde no sétimo capitulo foi
apresentado o conteúdo de sequências e foi registrado apenas uma atividade que
sugeria o uso de calculadora. O oitavo capitulo abordava o conceito de trigonometria
no triângulo retângulo. Foram observadas sete atividades sugerindo o uso de
calculadora, mas foram registradas apenas duas por haver redundância de objetivos
nas demais atividades.
Todas as atividades e abordagens tecnológicas encontradas nessa obra foram
tabuladas, seguindo os parâmetros exemplificados na figura 01, que será apresentada
no quadro 02:

32
Quadro 2: Atividades do volume 1 da Coleção Contexto e Aplicações
ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE
TANGARÁ DA SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Usar a calculadora para
verificar afirmações CALCULADORA
(conjecturas)
CONJUNTOS
Examinar a calculadora e
NÚMERICOS
utilizar as teclas de memória
CALCULADORA
para determinar o valor de
expressões complexas
Construir um gráfico de uma
Software
função afim utilizando um FUNÇÃO AFIM
LibreOffice
software
Construir um gráfico de uma
FUNÇÃO Software
função quadrática utilizando
QUADRÁTICA Geogebra
um software
Construir um gráfico de uma
FUNÇÃO Software
função exponencial
EXPONENCIAL Geogebra
utilizando um software
Usar a calculadora para
encontrar valores para CALCULADORA
MATEMÁTICA Luiz
logaritmos
Contexto e Roberto 2015 1º ANO
Usar a calculadora para
Aplicações Dante
calcular logaritmos usando a LOGARÍTMOS CALCULADORA
mudança de base
Encontrar o pH de uma
solução utilizando o CALCULADORA
logaritmo
Construir um gráfico de uma
FUNÇÃO Software
função logarítmica utilizando
LOGARÍTMICA Geogebra
um software
Dividir termos de sequências
SEQUÊNCIAS CALCULADORA
utilizando a calculadora
Utilizar a calculadora para
calcular os ângulos não
CALCULADORA
notáveis de figuras TRIGONOMETRI
geométricas A NO
Utilizar a calculadora para TRIÂNGULO
calcular a distância entre RETÂNGULO
CALCULADORA
dois pontos de uma figura
geométrica
Fonte: Elaborado pelos autores.

O livro da segunda série do Ensino Médio foi analisado de forma análoga à obra
anterior, onde a primeira unidade recebeu o título Trigonometria, e possuía quatro
capítulos. O primeiro capitulo conceituou a trigonometria em triângulos quaisquer.
Foram observadas cinco atividades, mas foram registradas somente três pois haviam
distinção em seus objetivos. O segundo capitulo apresentou conceitos trigonométricos
básicos. Em suas atividades não houve sugestões de tecnologias digitais. O terceiro
capitulo abordou o conteúdo de funções trigonométricas. Foi registrado apenas uma
atividade que sugeria o uso de um software para construção de gráficos, o Geogebra.
33
O quarto capitulo apresentou as relações trigonométricas e não houve abordagem de
tecnologias digitais em suas atividades.
A segunda unidade, Matrizes, Determinantes e Sistemas Lineares, possuía dois
capítulos, sequenciais aos da unidade anterior, onde o quinto abordou matrizes e
determinantes e o sexto apresentou os sistemas lineares. Em ambos os capítulos, não
houve abordagem de tecnologias digitais.
Geometria Plana e Espacial era o título da terceira unidade, que possuía quatro
capítulos, sequenciais aos das unidades anteriores. O sétimo capitulo abordou
polígonos inscritos e áreas e o oitavo apresentou geometria especial de posição. Em
ambos os capítulos não houve abordagem de tecnologias digitais. O nono capitulo
falava sobre poliedros, mais especificamente sobre prismas e pirâmides. Foram
observadas três atividades que sugeriam o uso de calculadora, mas só registramos
duas, pois havia distinção em seus objetivos. O décimo capitulo abordou corpos
redondos. Havia apenas duas atividades que sugeriam o uso de tecnologias e as
mesmas foram registradas.
Na unidade quatro, Análise Combinatória e Probabilidade, analisamos os dois
últimos capítulos presentes na obra. O capitulo onze apresentou a análise
combinatória e o capitulo doze abordou a probabilidade. Em suas atividades não
houve abordagem de tecnologias digitais.
As atividades que continham abordagens tecnológicas encontradas nessa obra
foram organizadas na tabela exemplificada na figura 01, sendo apresentada no quadro
03:

34
Quadro 3: Atividades do volume 2 da Coleção Contexto e Aplicações
ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Uso de calculadora para
determinar a distância
CALCULADORA
entre dois vértices de
um triângulo TRIGONOMETRIA -
Uso de calculadora para RESOLUÇÃO DE
encontrar a área de TRIÂNGULOS CALCULADORA
uma região triangular QUAISQUER
Uso de calculadora para
determinar valor de x CALCULADORA
no triângulo obtuso
Construção de funções
MATEMÁTICA Luiz
trigonométricas e seus FUNÇÃO Software
Contexto e Roberto 2015 2º ANO
respectivos gráficos TRIGONOMÉTRICA Geogebra
Aplicações Dante
utilizando um software
Determinar a área total
de uma pirâmide POLIEDROS: CALCULADORA
regular hexagonal. PIRÂMIDES E
Determinar o volume de PRISMAS
CALCULADORA
uma pirâmide
Determinar a área total
da superfície de um CALCULADORA
cone. CORPOS REDONDOS
Determinar o volume de
CALCULADORA
um cone
Fonte: Elaborado pelos autores.

A primeira unidade do livro da terceira série do Ensino Médio foi intitulado,


Matemática Financeira e Estatística, e era compreendida por dois capítulos, onde o
primeiro abordou o conteúdo de matemática financeira e para calcular aumentos e
descontos foram observadas onze atividades sugerindo o uso de calculadora, porém
foram coletadas apenas uma, pois todas possuíam o mesmo objetivo em sua
proposta. Para calcular juros simples e compostos foram observadas doze atividades
sugerindo o uso de calculadora, porém foram coletadas somente duas, representado
cada juro citado anteriormente. As outras não foram coletadas pois tinham o mesmo
objetivo em sua proposta. O segundo capitulo apresentou o conteúdo de estatística.
Foi encontrada e coletada somente uma atividade sugerindo o uso de um software
para manipular dados e construir gráficos.
A unidade dois, Geometria Analítica: Ponto, Reta e Circunferência, também
possuía dois capítulos, sequenciais aos da unidade anterior, onde o terceiro capitulo
abordou o conteúdo ponto e reta e o quarto capitulo abordou o conteúdo de
circunferência. Em ambos os capítulos não houve abordagem de tecnologias digitais.

35
Cônicas e Números Complexos era o título da terceira unidade, que possuía dois
capítulos. O quinto capitulo correspondeu ao conteúdo geometria analítica: secções
cônicas. Foi encontrada e coletada apenas uma atividade que sugeria o uso do
software Geogebra para construção de gráficos de parábolas e elipses. Já o sexto
capitulo apresentou os números complexos e não houve abordagem de tecnologias
digitais.
A quarta e última unidade, Polinômios e Equações Algébricas, era composta de
dois capítulos, sequenciais aos das unidades anteriores, onde o capitulo sete
apresentou os polinômios e foi encontrada e coletada apenas uma atividade que
sugeria o uso do software Geogebra para construir gráficos de funções polinomiais. O
oitavo capitulo abordou equações algébricas e em não houve abordagem de
tecnologias digitais.
Todas as atividades que possuíam uma abordagem tecnológica digital foram
organizadas em uma tabela, exemplificada na figura 01, como podemos observar no
quadro 04:

Quadro 4: Atividades do volume 3 da Coleção Contexto e Aplicações


ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Usar a calculadora para
encontrar a melhor CALCULADORA
porcentagem de desconto
Usar a calculadora para
encontrar a taxa de juro
MATEMÁTICA CALCULADORA
usando a formula de juros
FINANCEIRA
simples
Usar a calculadora para
encontrar a taxa de juro
CALCULADORA
MATEMÁTICA Luiz usando a formula de juros
Contexto e Roberto 2015 3º ANO compostos
Aplicações Dante Elaborar uma planilha e
Software
construir um gráfico ESTATÍSTICA
LibreOffice
utilizando um software
GEOMETRIA
Construir um gráfico de
ANALÍTICA: Software
parábolas e elipses
SECÇÕES Geogebra
utilizando um software
CÔNICAS
Construir um gráfico de uma
Software
função polinomial utilizando POLINÔMIOS
Geogebra
um software
Fonte: Elaborado pelos autores.

36
Podemos observar que nos Quadros 2, 3 e 4, apresentados anteriormente, o
item Atividade Proposta nos apresenta apenas um excerto da questão na integra,
sendo esse excerto denominado, de acordo com a Análise de Conteúdo definida por
Bardin (1977), Unidade de Contexto.

2.2.2 COLEÇÃO – MATEMÁTICA: CIÊNCIA E APLICAÇÕES

Apresentamos, na figura 04, a segunda coleção analisada, “Matemática: Ciência


e Aplicações”, dos autores Gelson Iezzi, Osvaldo Dolce, David Degenszajn, Roberto
Périgo e Nilze de Almeida.

Figura 4: Obras da coleção Matemática: Ciência e Aplicações

Fonte: dos autores.

Os volumes da coleção são organizados em capítulos, divididos em itens em que


se desenvolvem os conteúdos matemáticos visados. A exposição desses conteúdos
inclui uma seção intitulada Introdução, que é seguida de explanações, exemplos,
questões resolvidas e exercícios propostos. Aspectos da história da Matemática,
assim como exemplos de aplicações em outras áreas do conhecimento permeiam os
textos. Algumas vezes, esses usos da Matemática também são detalhados na seção
Aplicações. Já na seção intitulada Apêndices, apresentam-se provas de algumas
propriedades matemáticas. Frequentemente, o box Pense nisto contém chamadas
com questões relacionadas ao assunto em estudo. Na conclusão dos capítulos,

37
encontram-se mais exercícios propostos como desafios. Ao final de cada livro, estão
todas as respostas às questões do texto. Por fim, há um índice remissivo.
Analogamente a obra anterior, a análise transcorreu-se, de forma minuciosa e
sequencial, a partir de todos os capítulos contidos na obra, seguindo o mesmo critério
citado anteriormente. As obras da coleção eram divididas por capítulos,
diferentemente da coleção anterior que se dividia por unidade.
O livro da primeira série tinha como título do primeiro capitulo Noções de
Conjuntos, e não foi encontrada nenhuma abordagem sobre o uso de tecnologias. No
capítulo dois, Conjuntos Numéricos, foi encontrada apenas uma atividade que sugeria
o uso de calculadora para obter aproximações racionais do número irracional: raiz
quadrada de três. No terceiro capitulo, denominado Funções, foi encontrado apenas
uma atividade que sugeria o uso de calculadora para calcular possíveis valores de
uma função.
O capitulo quatro, Função Afim e o capitulo cinco, Função Quadrática, não
possuíam abordagens que sugeriam o uso de tecnologias. Já no sexto capítulo
Função Modular, foi encontrada apenas uma atividade que sugeria o uso de
calculadora para calcular o imposto de renda em uma situação-problema.
No sétimo capitulo, Função Exponencial, foram encontradas duas atividade que
sugeriam o uso de calculadora e tinham o mesmo objetivo em sua proposto, com isso
foi coletada apenas uma. No capitulo oito, Função Logarítmica e nove, Complementos
Sobre Funções, não foram encontradas abordagens que sugeriam o uso de
tecnologias.
Progressões era o título do décimo capitulo, e foi encontrada apenas uma
atividade que sugeria o uso de calculadora para encontrar valores de uma progressão
geométrica. No décimo primeiro capitulo, Matemática Comercial, foi encontrada
apenas uma atividade que sugeria o uso de calculadora para encontrar aumentos e
descontos através de porcentagens.
O décimo segundo capitulo, Semelhança e Triângulos Retângulos, não sugeriu
abordagens sobre o uso de tecnologias, assim como o capitulo treze, Trigonometria
no Triangulo Retângulo, e no capitulo catorze, Estatística Básica.
As atividades e abordagens tecnológicas encontradas na obra dessa coleção
foram tabuladas, sendo apresentadas no quadro 05:

38
Quadro 5: Atividades do volume 1 da Coleção Ciência e Aplicações
ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Usar a calculadora para
calcular aproximações CONJUNTOS
CALCULADORA
racionais do número NÚMERICOS
irracional raiz de três
Usar a calculadora para
calcular as tentativas de
Gelson FUNÇÕES CALCULADORA
uma função proposta em
Iezzi uma situação-problema
Osvaldo Usar a calculadora para
Dolce calcular imposto de renda
MATEMÁTICA FUNÇÃO MODULAR CALCULADORA
David
Ciência e 2013 1º ANO proposto em uma situação-
Degenszajn problema
Aplicações
Roberto
Usar a calculadora para
Périgo
calcular valores da função FUNÇÃO
Nilze de CALCULADORA
exponencial proposta em EXPONENCIAL
Almeida
uma situação-problema
Usar a calculadora para
PROGRESSÕES CALCULADORA
calcular valores de uma P.G.
Usar a calculadora para
MATEMÁTICA
calcular a porcentagem de CALCULADORA
COMERCIAL
situações-problemas
Fonte: Elaborado pelos autores.

O primeiro capítulo do livro da segunda série tinha por título, A Circunferência


Trigonométrica, e não foram encontradas abordagens que sugeriam o uso de
tecnologias. No segundo capitulo, Razões Trigonométricas Na Circunferência, foram
encontradas duas atividades que sugeriam o uso de calculadora em situações
problemas distintas.
O terceiro capitulo, Triângulos Quaisquer, possuía três atividades que sugeriam
o uso de calculadora em situações problema, porém foram coletadas apenas uma,
pois não havia distinção em seus objetivos.
Os capítulos quatro, Funções Trigonométricas e o cinco, Transformações, não
abordaram o uso de tecnologias em suas atividades. Já no sexto capitulo, Matrizes,
capitulo foi encontrada apenas uma atividade que sugeria o uso de calculadora num
cálculo de produto de matrizes.
Nos capítulos restantes não foram encontradas abordagens que sugeriam o uso
de tecnologias. Os mesmo foram intitulados, respectivamente: Sistemas Lineares,
Áreas De Figuras Planas, Geometria Espacial De Posição, Prisma, Pirâmide, Cilindro,
Cone, Esfera, Análise Combinatória, Probabilidade.

39
As abordagens tecnológicas encontradas na obra dessa coleção foram
tabuladas, sendo apresentadas no quadro 06:

Quadro 6: Atividades do volume 2 da Coleção Ciência e Aplicações


ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE ATIVIDADE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO PROPOSTA
Usar a calculadora
para resolver uma
situação problema
envolvendo RAZÕES
números em TRIGONOMÉTRICAS CALCULADORA
radianos NA CIRCUNFERÊNCIA
Gelson Iezzi Usar a calculadora
Osvaldo Dolce para calcular
MATEMÁTICA
David valores de ângulos
Ciência e 2013 2º ANO
Degenszajn Usar a calculadora
Aplicações
Roberto Périgo para encontrar as
TRIÂNGULOS
Nilze de Almeida medidas de um CALCULADORA
QUAISQUER
triângulo qualquer
(LEI DOS SENOS)
Calcular o produto
de matrizes
MATRIZES CALCULADORA
utilizando a
calculadora
Fonte: Elaborado pelos autores.

Os quatro primeiros capítulos, intitulados a seguir, do livro da terceira série do


ensino médio não tinham abordagens que sugeriam o uso de tecnologias: O Ponto, A
Reta, A Circunferência, As Cônicas.
No quinto capitulo, Estatística Básica, foram observados nove exercícios que
sugeriam o uso de calculadora para resolver situações problemas envolvendo
estatística, porém foi coletado apenas um, pois todos exercícios tinham o mesmo
objetivo.
No capitulo seis foram observados dezessete exercícios que sugeriam o uso de
calculadora para resolver situações problemas envolvendo juros compostos. Porém
foi registrado apenas um, pois todos exercícios tinham o mesmo objetivo.
Nos três últimos capítulos, exibidos a seguir, não foram encontradas abordagens
que sugeriam o uso de tecnologias: Números Complexos, Polinômios, Equações
Algébricas.
Todos os dados coletados da obra coleção foram tabulados em uma planilha
eletrônica conforme verificamos no quadro 07:

40
Quadro 7: Atividades do volume 3 da Coleção Ciência e Aplicações
ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Gelson Iezzi Utilizar a calculadora para
Osvaldo Dolce resolver exercícios de ESTATÍSTICA CALCULADORA
MATEMÁTICA David Estatística
Ciência e Degenszajn 2013 3º ANO
Utilizar a calculadora para
Aplicações Roberto MATEMÁTICA
resolver exercícios contendo CALCULADORA
Périgo Nilze FINANCEIRA
porcentagem
de Almeida
Fonte: Elaborado pelos autores.

Observamos, nos Quadros 5, 6 e 7, que o item Atividade Proposta apresenta


apenas um excerto da questão na íntegra e, de acordo com Bardin (1977), esse
excerto denomina-se Unidade de Contexto.

2.2.3 COLEÇÃO – CONEXÕES COM A MATEMÁTICA

A terceira e última coleção a ser apresentada é ‘Conexões com a Matemática’,


do autor Fabio Martins de Leonardo. As obras que compõem a coleção serão
representadas na figura 05:

Figura 5: Obras da coleção Conexões com a Matemática

Fonte: dos autores.

A coleção compõe-se de capítulos, divididos em tópicos de conteúdos. A


abertura de cada capítulo é feita por textos e imagens que visam relacionar os temas
apresentados a situações do cotidiano, e incluem os objetivos a serem alcançados.
41
Seguem-se as explanações teóricas, acompanhadas por exercícios resolvidos e
propostos. Todos os capítulos incluem as seções Exercícios complementares e Auto
avaliação e, em alguns deles, encontram-se também as seções: Pesquisa e ação,
com sugestões de pesquisas e de elaboração de um produto final a ser compartilhado
pelo aluno com os colegas; e Resolução comentada e Compreensão de texto, de
estímulo à leitura e à realização de trabalhos em grupos. Os livros são finalizados com
sugestões de leituras para alunos e professores, respostas das atividades propostas
e bibliografia utilizada.
Similar as obras anteriores, a análise decorreu-se, de forma minuciosa e
sequencial, a partir de todos os capítulos contidos na obra, seguindo o mesmo critério
citado anteriormente. As obras da coleção também eram divididas por capítulos,
semelhante à coleção anterior.
O primeiro capítulo do livro da primeira série tinha por título Organização e
Apresentação de Dados. Nele foi encontrado apenas uma explicação sobre como usar
uma planilha eletrônica para calcular a frequência.
Nos capítulos dois, três, quatro e cinco, que serão nomeados a seguir, não foram
encontradas abordagens que sugeriam o uso de tecnologias. São, respectivamente,
Conjuntos, Funções, Função Afim, Função Quadrática.
No sexto capitulo, Função Modular, foi encontrado apenas uma explicação sobre
como usar um software para representar o gráfico de uma função modular. No sétimo
capitulo, Função Exponencial, foi encontrado apenas uma explicação sobre como usar
uma planilha eletrônica para calcular a população estimada.
Já no capitulo oito, Função Logarítmica, foram encontradas duas atividades que
sugeriam o uso de calculadora para encontrar valores aproximados de logaritmos.
Mas foi coletado apenas uma por serem idênticas em seus conteúdos.
O nono capítulo, Sequências, continha apenas uma explicação sobre como usar
um software para determinar os termos de uma sequência.
No capitulo dez, A Semelhança e os Triângulos, e no capitulo onze, Triângulo
Retângulo, não foram encontradas abordagens que sugeriam o uso de tecnologias.
Os dados coletados da obra dessa coleção foram tabulados em uma planilha
eletrônica conforme segue no quadro 08:

42
Quadro 8: Atividades do volume 1 da Coleção Conexões com a Matemática
ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Usar planilha eletrônica
para obter a frequência ESTATÍSTICA PLANILHA ELETRÔNICA
relativa e absoluta
Estudar o sinal da função
através de gráficos criados FUNÇÕES Software
em softwares
Uso de software para
FUNÇÃO
construção de gráfico de Software
MODULAR
uma função modular
Conexões Fábio
Usar planilha eletrônica
com a Martins de 2013 1º ANO FUNÇÃO
para obter a estimativa de PLANILHA ELETRÔNICA
Matemática Leonardo EXPONENCIAL
uma população
Uso de calculadora para
encontrar o valor
LOGARITMOS CALCULADORA
aproximado de logaritmos
na base 10
Uso de uma planilha
eletrônica para
SEQUENCIAS PLANILHA ELETRÔNICA
determinar os termos de
uma sequencia
Fonte: Elaborado pelos autores.

O livro da segunda série traz como título do primeiro capitulo, Ciclo


Trigonométrico (1ª volta) e neste capitulo foram encontradas três atividades que
sugeriam o uso de calculadora, porém foram coletadas apenas duas pois eram
distintas em seus objetivos.
No segundo capitulo, Principais Funções Trigonométricas, foi encontrado
apenas uma explicação sobre como usar um software para construir gráficos de
funções trigonométricas.
A partir do terceiro capitulo até o sétimo, que serão nomeados a seguir,
respectivamente, não foram encontradas abordagens que sugeriam o uso de
tecnologias digitais. Os capítulos são: Complemento e Aprofundamento, Superfícies
Poligonais, Circulo e Área; Introdução a Geometria Espacial, Poliedros, Corpos
Redondos.
No oitavo capitulo, Matrizes e Determinantes, foi encontrado apenas uma
explicação sobre os números dispostos de maneira retangular em uma planilha
eletrônica ser uma matriz. Os três capítulos finais, exibidos a seguir, não sugeriram o
uso de tecnologias digitais. São, respectivamente: Sistemas Lineares, Análise
Combinatória e Probabilidade.

43
O quadro 09 apresenta as atividades tabuladas seguindo os parâmetros
exemplificados na figura 01:

Quadro 9: Atividades do volume 2 da Coleção Conexões com a Matemática


ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Usar a calculadora para
encontrar valores de seno, CALCULADORA
cosseno e tangente
RAZÕES
Usar a calculadora para
TRIGONOMÉTRICAS
resolver uma situação-
CALCULADORA
problema envolvendo seno,
Conexões Fábio cosseno e tangente
com a Martins de 2013 2º ANO Uso de software para
FUNÇÕES
Matemática Leonardo construção de gráficos de Software
TRIGONOMÉTRICAS
funções trigonométricas
Usar uma planilha
eletrônica para mostrar que
PLANILHA
números dispostos de MATRIZES
ELETRÔNICA
maneira retangular é uma
matriz
Fonte: Elaborado pelos autores.

O terceiro livro dessa coleção abordou em somente um capitulo uma explicação


sobre o uso de planilha eletrônica para fazer a distribuição de frequências, sendo esse
o capitulo dois, Análise de Dados. Os demais capítulos, que não apresentaram
sugestões de tecnologias digitais são, respectivamente: Matemática Financeira,
Medidas Estatísticas, Conceitos Básicos e a Reta, Circunferência, Cônicas, Números
Complexos, Polinômios e Equações Polinomiais
O dados coletados dessa obra foi tabulado em uma planilha eletrônica conforme
observamos no quadro 10:

Quadro 10: Atividade do volume 3 da Coleção Conexões com a Matemática


ANÁLISE DOS LIVROS DE MATEMÁTICA DIDÁTICOS DO ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS ESTADUAIS DE TANGARÁ DA
SERRA
ANO DE
COLEÇÃO AUTOR(ES) SÉRIE ATIVIDADE PROPOSTA CONTEÚDO TECNOLOGIA
PUBLICAÇÃO
Conexões Fábio Usar uma planilha eletrônica
PLANILHA
com a Martins de 2013 3º ANO para fazer a distribuição de FREQUÊNCIAS
ELETRÔNICA
Matemática Leonardo frequências
Fonte: Elaborado pelos autores.

Os Quadros 8, 9 e 10, possuem o item Atividade Proposta onde o mesmo nos


apresenta apenas um excerto da questão na integra, sendo esse excerto denominado,

44
de acordo com a Análise de Conteúdo definida por Bardin (1977), Unidade de
Contexto.
Constituímos, com base nas atividades selecionadas, algumas Unidades de
Registro provenientes das partes significativas das atividades propostas nos livros.
Assim sendo, apresentamos, a seguir no Quadro 11, as inter-relações entre as
Unidades de Contexto das atividades na íntegra e as Unidades de Registro
elaboradas.

Quadro 11: Inter-relações entre as Unidades de Contexto e as Unidades de Registro


TECNOLOGIA UNIDADE DE CONTEXTO UNIDADE DE REGISTRO
Usar a calculadora para verificar
CALCULADORA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES
afirmações (conjecturas)
Examinar a calculadora e utilizar as teclas
de memória para determinar o valor de CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
expressões complexas
Usar a calculadora para encontrar valores
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
para logaritmos
Usar a calculadora para calcular
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
logaritmos usando a mudança de base
Encontrar o pH de uma solução utilizando
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
o logaritmo
Dividir termos de sequências utilizando a
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
calculadora
Utilizar a calculadora para calcular os
ângulos não notáveis de figuras CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
geométricas
Utilizar a calculadora para calcular a
distância entre dois pontos de uma figura CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
geométrica
CALCULADORA Uso de calculadora para determinar a
distância entre dois vértices de um CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
triângulo
Uso de calculadora para encontrar a área
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
de uma região triangular
Uso de calculadora para determinar valor
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
de x no triângulo obtuso
Determinar a área total de uma pirâmide
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
regular hexagonal.
Determinar o volume de uma pirâmide CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
Determinar a área total da superfície de
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
um cone.
Determinar o volume de um cone CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
Usar a calculadora para encontrar a
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
melhor porcentagem de desconto
Usar a calculadora para encontrar a taxa
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
de juro usando a formula de juros simples
Usar a calculadora para encontrar a taxa
de juro usando a formula de juros CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
compostos

45
Usar a calculadora para calcular
aproximações racionais do número CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
irracional raiz de três
Usar a calculadora para calcular as
tentativas de uma função proposta em CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
uma situação-problema
Usar a calculadora para calcular imposto
de renda proposto em uma situação- CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
problema
Usar a calculadora para calcular valores da
função exponencial proposta em uma CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
situação-problema
Usar a calculadora para calcular valores de
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
uma P.G.
Usar a calculadora para calcular a
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
porcentagem de situações-problemas
Usar a calculadora para resolver uma
situação problema envolvendo números CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
em radianos
Usar a calculadora para calcular valores de
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
ângulos
Usar a calculadora para encontrar as
medidas de um triângulo qualquer (LEI CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
DOS SENOS)
Calcular o produto de matrizes utilizando
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
a calculadora
Utilizar a calculadora para resolver
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
exercícios de Estatística
Utilizar a calculadora para resolver
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
exercícios contendo porcentagem
Uso de calculadora para encontrar o valor
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
aproximado de logaritmos na base 10
Usar a calculadora para encontrar valores
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
de seno, cosseno e tangente
Usar a calculadora para resolver uma
situação-problema envolvendo seno, CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES
cosseno e tangente
Construir um gráfico de uma função afim SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
Software utilizando um software
LibreOffice Elaborar uma planilha e construir um
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE PLANILHAS
gráfico utilizando um software
Construir um gráfico de uma função SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
quadrática utilizando um software
Construir um gráfico de uma função
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
exponencial utilizando um software
Construir um gráfico de uma função SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
Software logarítmica utilizando um software
Geogebra Construção de funções trigonométricas e
seus respectivos gráficos utilizando um SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
software
Construir um gráfico de parábolas e
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
elipses utilizando um software
Construir um gráfico de uma função
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
polinomial utilizando um software
PLANILHA Usar planilha eletrônica para obter a
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS
ELETRÔNICA frequência relativa e absoluta

46
Usar planilha eletrônica para obter a
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS
estimativa de uma população
Uso de uma planilha eletrônica para
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS
determinar os termos de uma sequencia
Usar uma planilha eletrônica para mostrar
que números dispostos de maneira PLANILHA ELETRÔNICA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES
retangular é uma matriz
Usar uma planilha eletrônica para fazer a
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS
distribuição de frequências
Estudar o sinal da função através de
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
gráficos criados em softwares
Uso de software para construção de
Software SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
gráfico de uma função modular
Uso de software para construção de
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO
gráficos de funções trigonométricas
Fonte: Elaborado pelos autores.

Através de observações do Quadro 11, apresentado anteriormente, elencamos


na Tabela 1 a seguir, as recorrências das Unidades de Registro constituídas:

Tabela 1: Recorrência das Unidades de Registro

UNIDADES DE REGISTRO RECORRÊNCIAS


CALCULADORA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES 1
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO 10
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES 32
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE PLANILHAS 1
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS 4
PLANILHA ELETRÔNICA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES 1
TOTAL 49
Fonte: Elaborado pelos autores.

Com base na Tabela 1, apresentada anteriormente, o nosso próximo movimento


da Análise de Conteúdo foi procurar articulações entre as Unidades de Registro para
configurar as Categorias de Análise. Assim sendo, detalhamos esse movimento no
Quadro 12, a seguir:

47
Quadro 12: Articulações entre as Unidades de Registro e as Categorias de Análise
UNIDADES DE REGISTRO CATEGORIAS DE ANÁLISE
CALCULADORA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES Tecnologias Digitais para verificar
PLANILHA ELETRÔNICA PARA VERIFICAR PROPRIEDADES propriedades
CALCULADORA PARA CALCULOS E OPERAÇÕES Tecnologias Digitais para cálculos e
PLANILHA ELETRÔNICA PARA OPERAÇÕES MATEMÁTICAS operações
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE PLANILHAS Software para construção de
SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE GRÁFICO planilha e gráficos
Fonte: Elaborado pelos autores.

De acordo com as três Categorias de Análise constituídas, ressaltamos que o


movimento dialógico envolverá os excertos das atividades selecionadas com a Matriz
de Referência do Ensino Médio e ainda às nossas percepções. Assim sendo, a relação
entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que dará sentido à nossa
interpretação para cada uma das Categorias de Análise.

48
3 DESCRIÇÃO E ANÁLISE INTERPRETATIVA DOS DADOS

Nesse momento, apresentamos a descrição e análise interpretativa dos dados


da pesquisa, por meio de um movimento dialógico – interlocução dos dados com as
Competências e Habilidades do Ensino Médio –, para proporcionar compreensões do
objeto investigado.
A Matriz de Referência do Ensino Médio, de acordo com Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), é utilizada especificamente
no contexto das avaliações em larga escala, para indicar habilidades a serem
avaliadas em cada etapa da escolarização e orientar a elaboração de itens de testes
e provas. Além disso, também indica a construção de escalas de proficiência que
definem o que e o quanto o aluno realiza no contexto da avaliação.
(www.portal.inep.gov.br, acesso em 15 dez. 2017). As Competências e Habilidades
consideram, simultaneamente, as competências relativas às áreas de conhecimento
e as que expressam as possibilidades cognitivas de jovens e adultos de compreender
e realizar tarefas relacionadas a essas áreas.
As competências do aluno são eixos cognitivos que, associados às
competências apresentadas nas disciplinas e áreas do conhecimento do Ensino
Médio, referem-se ao domínio de linguagens, compreensão de fenômenos,
enfrentamento e resolução de situações-problema, capacidade de argumentação e
elaboração de propostas. (www.portal.inep.gov.br, acesso em 15 dez. 2017)
Nos tópicos a seguir apresentaremos algumas atividades, retiradas das obras
analisadas, que representam cada Categoria de Análise constituída e suas
respectivas Unidades de Registro. Verificaremos também, se a Categoria analisada
se associa alguma Competência e Habilidade da Matriz de Referência do Ensino
Médio.

3.1 TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA VERIFICAR PROPRIEDADES

Procuramos evidenciar alguns aspectos relacionados a primeira Categoria


denominada Tecnologias Digitais para verificar propriedades, onde apresentaremos a
49
imagem de uma atividade, expressa na figura 06, que se enquadra na categoria a ser
analisada e sua respectiva Unidades de Registro. A mesma foi retirada do livro do
primeiro ano do Ensino Médio da coleção Matemática: Contexto e Aplicação, escrito
pelo autor Luiz Roberto Dante.

Figura 6: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e Aplicação

Fonte: dos autores.

A Unidade de Registro que classifica essa imagem é Calculadora para verificar


propriedades, sendo a única atividade que a representa. Como podemos observar, a
atividade propõe ao aluno fazer conjecturas com a calculadora e ainda traz o
significado da palavra conjectura, permitindo ao aluno aprender e se familiarizar com
algumas áreas da Matemática que até então podem ser desconhecidas.
A atividade exibida na figura 06, possui características que a classifica na
Competência M1, “Construir significados e ampliar os já existentes para os números
naturais, inteiros, racionais e reais”, e na Habilidade H4, “Avaliar a razoabilidade de
um resultado numérico na construção de argumentos sobre afirmações quantitativas”,
ambas do Eixo Cognitivo 5, “Relacionar informações, representadas em diferentes
formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir
argumentação consistente”.
Podemos perceber que a referida atividade se encaixa na Matriz de Referência
do Ensino Médio, porém a categoria de análise a qual está inserida não possui
nenhuma Competência e Habilidade que abranja sua característica principal, que é o
uso de tecnologias digitais.
50
3.2 TECNOLOGIAS DIGITAIS PARA CÁLCULOS E OPERAÇÕES

Para discorremos sobre a segunda categoria de análise, Tecnologias Digitais


para cálculos e operações, apresentaremos abaixo algumas atividades que a
representa e suas respectivas unidades de registro.
A atividade apresentada na figura 07foi retirada do livro do primeiro ano do
Ensino Médio da coleção Matemática: Ciência e Aplicações, escrito pelos autores
Gelson Iezzi, Osvaldo Dolce, David Degenszajn, Roberto Périgo e Nilze de Almeida.

Figura 7: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Ciência e Aplicações

Fonte: dos autores.

Este exercício está inserido na Unidade de Registro Calculadora para cálculos e


operações. Verificamos que a atividade traz a calculadora como tecnologia digital
abordada e a usa de forma interpretativa ou seja, tenta mostrar ao aluno que ela pode
ser utilizada para resolver problemas que não possuem uma solução imediatamente
trivial.
As características dessa atividade a classifica na Competência M1, “Construir
significados e ampliar os já existentes para os números naturais, inteiros, racionais e
reais”, e na Habilidade H3, “Resolver situação-problema com números naturais,
inteiros racionais ou reais envolvendo significados da adição, subtração, multiplicação
ou divisão, potenciação ou radiciação”, ambas do Eixo Cognitivo 3, “Selecionar,
organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes
formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema”.

51
A segunda atividade, exemplificando essa categoria de análise, foi retirada do
livro do primeiro ano do Ensino Médio, coleção Conexões com a Matemática, escrito
pelo autor Fábio Martins de Leonardo, sendo apresentada na figura 08:

Figura 8: Atividade pertencente ao livro da Coleção Conexões com a Matemática

Fonte: dos autores.

A Unidade de Registro que corresponde a essa atividade é Planilha eletrônica


para operações matemáticas. Esse exercício se difere do anterior em relação a
abordagem da tecnologia utilizada, onde o anterior traz a calculadora como tecnologia
digital e essa atividade aborda o uso de planilha eletrônica para efetuar cálculos
matemáticos.
Essa atividade é de caráter explicativo, ou seja, serve como uma forma de
“tutorial” para quem deseja realizar cálculos matemáticos através da planilha
eletrônica e não usualmente pela calculadora. Por possuir essa característica, não

52
foram encontradas nenhuma Competência e Habilidade que se encaixasse no objetivo
da atividade.
Ambas atividades propõem o uso de tecnologias digitais para resolver cálculos
e operações matemáticas e embora uma das atividades foi classificada na Matriz de
Referência do Ensino Médio, a categoria de análise em que ambas estão incluídas
também não possui nenhuma Competência e Habilidade que atenda à sua
característica principal, que é o uso de tecnologias digitais para efetuar cálculos.

3.3 SOFTWARE PARA CONSTRUÇÃO DE PLANILHAS E GRÁFICOS

Para a terceira e última categoria, Software para construção de planilhas e


gráficos, temos a seguir duas atividades que a representa juntamente com suas
Unidades de Registro correspondentes.
A primeira atividade, exibida na figura 09, foi retirada do livro do primeiro ano do
Esnino Médio da coleção Matemática: Contexto e Aplicação, escrita por Luiz Roberto
Dante. A Unidade de Registro a qual está inserida é Software para construção de
gráfico.

Figura 9: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e Aplicação

Fonte: dos autores.

53
O exercício aborda o uso de um Software intitulado Geogebra para construção
de gráficos de funções quadráticas e também possui uma característica de “tutorial”,
onde explica passo a passo a construção dos gráficos no referido software.
Analisando a Matriz de Referência, podemos observar que a atividade não se
enquadra em nenhuma Competência e Habilidade, pois suas características não
condizem com as opções apresentadas pela Matriz.
A segunda atividade, conforme segue na figura 10, foi retirada do livro do terceiro
ano do Ensino Médio, pertencente a mesma coleção da atividade anterior,
Matemática: Contexto e Aplicação, do autor Luiz Roberto Dante.

Figura 10: Atividade pertencente ao livro da Coleção Matemática: Contexto e Aplicação

Fonte: dos autores.

Neste exercício, o autor aborda o Software intitulado LibreOffice para construir


tabelas e quadros e elaborar planilhas, onde os alunos poderão usar os conceitos de
estatística para verificação e validação dos dados. Ele também possui uma
característica de “tutorial”, explicando com detalhas a construção das planilhas e
inserção dos dados. Ao relacionar a atividade proposta com a Matriz de Referência,
sem levar em consideração a tecnologia digital utilizada, podemos classificar a
atividade na Competência M6, “Interpretar informações de natureza científica e social

54
obtidas da leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência,
extrapolação, interpolação e interpretação” e Habilidade 24, “Resolver situação-
problema com dados apresentados em forma de tabela de dupla entrada ou gráfico”,
ambas do Eixo Cognitivo 3, “Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e
informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar
situações-problema”.
Em ambas atividades vemos que há uma abordagem quanto ao uso de
tecnologias digitais construção de planilhas e gráficos e visualizamos também que
apenas uma das atividades foi classificada na Matriz de Referência do Ensino Médio,
sem levar em consideração à tecnologia utilizada. Entretanto a categoria de análise
em que ambas constituem não possui nenhuma Competência e Habilidade que
atenda à sua característica principal, que é o uso de Tecnologias Digitais para
construção de gráficos e planilhas.

55
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos resultados possibilitou-nos responder, de uma forma mais


rigorosa, a questão que objetivou essa pesquisa, ‘Como as TD são abordadas nos
Livros Didáticos de Matemática no Ensino Médio?’, onde concluímos que as
tecnologias digitais estão em um processo lento de inserção nos livros didáticos, visto
que desde 2012 o PNLD já vem se mostrando flexível quanto as mudanças
tecnológicas que estão acontecendo no meio educacional e no mundo. Porém,
podemos constatar que ainda há falhas na estruturação da Matriz de Referência do
Ensino Médio, pois não há nenhuma Competência e Habilidade que consiga abranger
as tecnologias digitais, uma vez que podem servir como um suporte às aulas, podendo
tornar o aprendizado mais dinâmico, proporcionando uma maior interação entre todos
os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem de matemática.
A Análise de Conteúdo, definida por Bardin (1977), permitiu-nos analisar
informações de quarenta e nove atividades e informações e chegar à três categorias
de análise, que abrangem a todos os dados coletados no decorrer dessa pesquisa.
Por meio da análise interpretativa dos dados, verificamos que houveram poucas
abordagens encontradas em relação à quantidade livros analisados, um total de nove
livros. Contrastando com a ênfase do PNLD quanto à inserção de novas tecnologias
nos livros didáticos. Entretanto, vimos que o PNLD dita princípios obrigatórios para
aprovação das coleções, de acordo com suas áreas do conhecimento, porém não há
nenhuma exigência quanto à abordagem de Tecnologias Digitais nos livros didáticos
a serem aprovados, causando discordância entre as exigências requeridas do
processo de dinamização dos ambientes de aprendizagem, que é citado pelo PNLD.
Constatamos também que não houve muita variabilidade quanto às tecnologias
digitais abordadas pois, na maioria das atividades inseridas nas obras, os autores
sugeriam o uso de calculadora para resolução de cálculos matemáticos, e em sua
minoria, abordavam planilhas eletrônicas e softwares para elaboração de gráficos. A
coleção que mais diversificou sua abordagem tecnológica digital foi Matemática:
Contexto e Aplicação do autor Luiz Roberto Dante, onde foi sugerido o uso do
Softwares para construção de gráficos e planilhas e calculadora para operações
matemáticas.

56
Entendemos que pode haver mais abordagens tecnológicas digitais nas outras
coleções sugeridas pelo PNLD (BRASIL, 2015), que utilizamos como principal fonte
para selecionar os documentos a serem analisados, visto que o mesmo propôs seis
coleções para serem escolhidas pelos professores em serviço da rede estadual. No
entanto, utilizamos apenas três para constituir o corpus dessa pesquisa, uma vez que
os livros foram cedidos pelas escolas estaduais da cidade de Tangará da Serra.
Uma TD de fácil acesso e que muitos alunos e professores têm a seu alcance é
o Smartphone, porém, nos resultados de nossa pesquisa, vimos que nenhuma
coleção selecionada abordou o uso do celular como ferramenta tecnológica para
auxiliar o aluno durante o conteúdo estudado, visto que já temos, disponibilizado pelo
PNLD, os livros digitais (E-books) que podem ser acessados pelos Smartphones.
Entretanto, há muitas escolas que proíbem os alunos de usarem seus celulares em
aula, argumentando que os alunos não sabem usufruir desse meio tecnológico com
objetivo educativo.
Encontramos também alguns problemas quanto à formação dos professores em
serviço que, em sua maioria, não tiveram durante a graduação, disciplinas que
abordassem o uso de tecnologias digitais como um recurso auxiliador dentro de sala
de aula. Assim sendo, temos que os resultados dessa pesquisa permitiu nos concluir
que por mais que haja muitas pesquisas, sejam artigos, dissertações e teses, a
respeito do uso de TD’s na educação, ainda há uma resistência quanto às instituições
de ensino em adotar esse novo sistema de ensino, visto que é um processo lento e
exige recursos financeiros e estruturais das escolas.

57
5 REFERÊNCIAS

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