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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

PROFMAT

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AS FUNÇÕES QUADRÁTICAS E SUAS


APLICAÇÕES

Max Cavalcante da Silva

Maceió, Agosto de 2017


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

MAX CAVALCANTE DA SILVA

AS FUNÇÕES QUADRÁTICAS E SUAS APLICAÇÕES

MACEIÓ
2017
MAX CAVALCANTE DA SILVA

AS FUNÇÕES QUADRÁTICAS E SUAS APLICAÇÕES

Dissertação apresentada ao Programa de


Mestrado Profissional em Matemática em
Rede Nacional da Universidade Federal de
Alagoas, coordenado pela Sociedade Bra-
sileira de Matemática, como requisito par-
cial para obtenção do grau de Mestre em
matemática.

Orientador:Prof. Dr. Luis Guillermo Marti-


nez

Maceió
2017
Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Bibliotecário Responsável: Janaina Xisto de Barros Lima

S586f Silva, Max Cavalcante da Silva.


As funções quadráticas e suas aplicações / Alex Cavalcante da Silva. – 2017.
60 f. : il.

Orientador: Luiz Guilhermo Martinez.


Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática) – Universidade Federal
de Alagoas. Instituto de Matemática. Programa de Pós Graduação de Mestrado
Profissional em Matemática em Rede Nacional, 2017.

Bibliografia: f. 41.
Apêndices: f. 45-50.
Anexos: f. 51-60

1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Funções quadráticas. 3. Parábola. 4. Ensino


fundamental. I. Título.

CDU: 511.55:37
Este trabalho é dedicado a minha família, que tantas vezes penou
com minha ausência, por me dedicar ao
curso durante os dois anos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, quero agradecer a Deus, por me ter dado forças e não ter dei-
xado desistir, mesmo diate de todas as dificuldades que passei.
Gostaria de agradecer a Geraldo Perreira, por ter me apresentado o curso e ter
me convencido a realiza-lo.
Gostaria de agradecer também aos meus professores, que de uma forma ou
de outra, contribuíram significativamente para o meu desenvolvimento profissional, ao
longo desses dois anos de curso.
Meus agradecimentos ao meu orientador Prof. Dr. Luis Guillermo Martinez,
pela paciência e direcionamentos, na realização dessa dissertação.
Meus sinceros agradecimentos aos meus colegas de sala e amigos, Ane, Ju-
vino, Camila, Eduarda, Luana, Josivaldo, Peixoto, Newton, Henrique, Humberto, Lean-
dro, Givaneide, Wilson, Roberto, Fabiano, Cristiano, Fernando e Erlando, que tantas
vezes me ajudaram ao longo da nossa jornada.
Em especial gostaria de agradecer a Ane, pelo carinho, palavras de apoio e
incentivos, ao Peixoto pela confiança em me indicar para o Colégio Madalena Sofia e
ao Josivaldo pela cumplicidade/amizade durante o curso.
Matemática da vida: A amizade "soma".
O amor "multiplica". O ódio "divide".
A inimizade "diminui".
Alvaro Granha Loregian
RESUMO

É de grande importância para a educação matemática, que seja feito um trabalho de


valorização dos conteúdos abordados em sala de aula. Temos atualmente uma grande
necessidade de inserir a matemática no cotidiano do aluno, para que a mesma faça
sentido, e para que o aluno sinta-se motivado a estudar. A proposta dessa disserta-
ção é mostrar que boa parte dos conteúdos podem ser contextualizados, mostrando
aplicações das funções quadráticas nas ciências, sem perder todo o rigor e a elegân-
cia da matemática, e dando como exemplos questões de vestibulares, para aumentar
mais ainda o interesse do aluno pela disciplina, uma vez que boa parte dos alunos
estudam com um direcionamento para fazer a prova de um vestibular.

Palavras Chaves: Funções Quadráticas, equações do 2o. grau, parábola, fun-


ções do 2o. grau.
ABSTRACT

There is a great importance for a mathematical education that a valuing work has done
about the subject learned in classroom. We need to insert mathematics into the stu-
dent’s routine, to make sense and to the student feels motivated to study. The propose
of this essay is to show that a part of the contents can be contextualized, showing ap-
plications of quadratic functions in the sciences, without losing all rigor and elegance
of mathematics, and giving as vestibular example, to increase even more in interest of
the student by the discipline, since a good part of the students study with an orientation
to do a vestibular test.

Keywords: Quadratic functions, equations of the 2nd . degree, parable, functi-


ons 2o. degree.
Sumário

Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2 UM POUCO DE HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1 As equações do 2o. grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Contexto histórico das funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Contexto histórico das funções quadráticas . . . . . . . . . . . . 10

3 AS EQUAÇÕES DO 2O. GRAU E SUAS RAÍZES . . . . . . . . . . . 11


3.1 As soluções da equação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2 Os tipos e as resoluções das equações . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2.1 Tipo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.2.2 Tipo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2.3 Tipo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2.4 Tipo 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2.4.1 Fatoração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2.4.2 Completar o quadrado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.4.3 Bháskara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.3 Problemas e equações do 2o. grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3.1 Problema 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3.2 Problema 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.3.3 Problema 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4 AS FUNÇÕES QUADRÁTICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.1 A função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
4.2 Raízes da função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4.3 Representação gráfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.3.1 A construção da parábola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8

4.3.2 As raízes da função e a parábola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


4.4 Máximos e mínimos da função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

5 APLICAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5.1 Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5.2 Química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
5.3 Biologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
5.4 Dia a dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

6 RELATO DE AULAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.1 1o. Dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
6.2 2o. Dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
6.3 3o. Dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

APÊNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Apêndice A - Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Apêndice B - Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Apêndice C - Questionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Anexo A - Foto 1 aula 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

Anexo B - Foto 2 aula 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Anexo C - Foto 3 aula 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Anexo D - Foto 4 aula 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Anexo E - Foto 5 aula 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

Anexo F - Foto 6 aula 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54


SUMÁRIO 9

Anexo G - Foto 7 aula 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Anexo H - Foto 8 aula 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Anexo I - Foto 9 aula 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

Anexo J - Foto 10 aula 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58


10

1 INTRODUÇÃO

O ensino da matemática na educação básica, vêm enfrentado grandes dificul-


dades. A maior dificuldade pode ser atribuída a grande falta de interesse do aluno pela
ciência que é a matemática. É muito comum escutarmos de alunos que a matemática
que ele está estudando não vai lhe servir para nada na sua vida, e com isso não vê
sentido em estuda-lá.
Diante desse quadro de desinteresse, se faz necessário uma abordagem dinâ-
mica, buscando sempre mostrar que ela é importante como ciência e serve de base
para muitos conhecimentos científicos, lhes fornecendo ferramentas para o seu de-
senvolvimento.
Para que um conceito matemático (objeto matemático) faça sentido, é neces-
sário relatar aos alunos a sua origem histórica e o contexto em que foi desenvolvido,
mostrando que o conceito não é vazio, que tem uma importância (ou teve), buscando
assim desfazer a concepção de que não faz sentido estudá-lo.
Um outro ponto importante para estimular o interesse do aluno, é usar sempre
que possível, contextualizações do seu cotidiano, mostrando para ele a aplicabilidade
do que está estudando.
Uma vez de posse do interesse do aluno, é necessário que a aprendizagem
dele seja concreta e duradoura, pensando nisso adotamos nessa dissertação o refe-
rencial teórico das Representações Semióticas, usando como uma forma de facilitar o
aprendizado em matemática. Segundo Raymond Durval para se ter um aprendizado
concreto em matemática é necessário que o indivíduo consiga fazer com facilidade as
transições entre as possíveis representações semióticas de um conhecimento. Com
base nessa visão, sempre que possível serão feitas representações semióticas dife-
rentes dos objetos matemáticos aqui citados.
11

2 UM POUCO DE HISTÓRIA

2.1 As equações do 2o. grau

Convém destacar que as equações do 2o. grau estão intimamente relacionadas


com as funções quadráticas, veremos por isso agora, um breve contexto histórico des-
sas equações.
Atualmente para resolvermos uma equação do 2o. grau , usamos com muita frequência
uma fórmula conhecida como formula de Bháskara, onde Bháskara é um matemático
indiano. Más historicamente falando, diversos outros nomes são ligados a uma ma-
neira prática de resolver equações deste tipo.
Sabe-se que Egípcios, Gregos e Babilônios apresentavam maneiras diferentes
para a resolução destas equações muito antes da era comum.
A título de informação, sabemos que os gregos usavam um método geomé-
trico para resolver tais equações, em quantos Babilônicos e os Egípcios utilizavam
símbolos e textos.
A utilização de letras no modo de resolução das equações do 2o. grau é atri-
buída a uma matemático francês chamado Viète, conhecido como pai da Álgebra Mo-
derna.
O modelo mais usado nas resoluções de equações do 2o. grau é o mostrado
abaixo, conhecido como fórmula de Bháskara.

ax2 + bx + c = 0

−b ± ∆
x= , onde, ∆ = b2 − 4ac
2a
Contudo, convêm destacar que existem varias outras formas de resolver estas
equações.

2.2 Contexto histórico das funções

A concepção de função que temos atualmente foi construída ao longo de vários


séculos. Sabemos que existia uma ideia vaga de dependência de grandezas entre os
12

povos mais antigos, onde podemos destacar os babilônicos, de onde temos conheci-
mento de tábuas de quadrados, cubos e de raízes quadradas.
Contudo foi a partir do século XVII onde começou a surgir o desenvolvimento
da noção de função, estimulado pela procura em estabelecer as leis do movimento,
destacamos nesta procura Keppler(1571-1630), Galileo(1564-1642).
Já no século XVIII a partir da analise matemática, o matemático Alemão Leibniz
usa pela primeira vez o termo função para designar a relação de dependência entre
termos. A nova noção de função foi publicada por Bernoulli em um artigo no ano
de 1718 em Paris com a seguinte definição "Chamamos função de uma grandeza
variável uma quantidade composta, de um modo qualquer, desta grandeza variável e
de constantes"(Opera Omnia Vol.II, p. 241).
Mais tarde em 1748 Euler (1707-1783) propõe a seguinte definição "Se x é uma
quantidade variável, então toda quantidade que depende de x de qualquer maneira,
ou seja, determinada por aquela, chama-se função da dita variável"(Opera Omnia, ser.
I Vol.III, p. 17)
Somente no século XIX apareceu o significado mais amplo dado por Peter Dir-
chlet, Dedekind e Cantor, que é semelhante a definição que temos atualmente, a
função como uma relação entre os elementos de dois conjuntos satisfazendo determi-
nadas condições.

2.3 Contexto histórico das funções quadráticas

Historicamente podemos destacar as tentativas de explicar o movimento de


queda livre de um corpo ou ainda a trajetória de um corpo em lançamento oblíquo,
como propulsores para o desenvolvimento das funções quadráticas. Diversos estu-
diosos tentaram explicar essa trajetória sem obter a parábola, essas tentativas foram
aperfeiçoadas, até que essa curva fosse associada a uma equação do 2o. grau, isso au-
mentou a necessidade de se relacionar curvas a equações, o que mais tarde originou
o estudo das funções do 2o grau, relacionando-as com curvas parabólicas.
13

3 AS EQUAÇÕES DO 2o. GRAU E SUAS RAÍZES

É um fato a necessidade de dominar a resolução de equações quadráticas e a


resolução de problemas envolvendo às mesmas, para entender e desenvolver alguns
conceitos das funções quadráticas. Pensando nisso, mostraremos abaixo algumas
maneiras de resolver uma equação polinomial do 2o grau.

Definição 3.1. Chamamos de equação polinomial do 2o grau, toda equação do tipo


ax2 + bx + c = 0, com a, b e c ∈ R e a 6= 0, onde os valores de a,b e c são chamados
de coeficientes e x é a incógnita.

Exemplo 3.1. A equação 2x2 + 3x − 10 = 0 é uma equação polinomial do 2o. grau em


que a = 2,b = 3 e c = −10.

Exemplo 3.2. A equação −3x3 + 4x2 − 3x + 2 = 0, não é uma equação do 2o. grau.

3.1 As soluções da equação

Quando falamos em equações quadráticas podemos ter até duas soluções re-
ais distintas. E essas soluções podem ser encontradas de varias maneiras a depender
do tipo da equação. Convém destacar que os valores dos coeficientes b e c podem ser
iguais a zero, fazendo com que a equação receba o nome de incompleta. Para efeito
de resolução é muito importante identificar o tipo, para escolher o método mais prático
de resolvê-la.

3.2 Os tipos e as resoluções das equações

3.2.1 Tipo 1

São as equações em que b e c são iguais a zero, o que implica na solução


x0 = x” = 0 independente do valor de a.
1
Exemplo 3.3. Qual o conjunto solução da equação x2 = 0 em R ?
10
1 2 2
Solução: Tomando x = 0, temos que x = 0, e com isso x · x = 0, o que ocorre se,
10
e somente se x = 0.
14

3.2.2 Tipo 2

São as equações em que b = 0 e c 6= 0, ou seja possuem o formato ax2 + c = 0.


Podemos determinar uma forma prática para a resolução de equações dessa forma.
−c
Seja ax2 + c = 0, temos que ax2 = −c,e com isso x2 = , aplicando raiz quadrada
r a
√ −c √
em ambos os lados da igualdade teremos x2 = , sabemos que x2 = |x|,
r r a
−c −c
temos que |x| = e com isso x = ± , temos que observar que a existência
a a
−c
da solução dentro dos números Reais, está condicionada ao fato de > 0.
a
Exemplo 3.4. Qual o conjunto solução da equação 2x2 − 8 = 0 em R?

r
−(−8)
Solução: Na equação dada a = 2 e c = −8, assim temos x = ± =
2

r
8
± = ± 4 = ±2, logo S = {−2, 2}.
2
Exemplo 3.5. Qual o conjunto solução da equação 9x2 + 16 = 0 em R ?

r
−16
Solução: Na equação dada a = 9 e c = 16, assim x = ± , onde obser-
r 9
−16
vamos que ∈
/ R , logo S = ∅.
9

3.2.3 Tipo 3

São as equações em que c = 0 e b 6= 0, ou seja possuem o formato ax2 +bx = 0.


Também podemos encontrar uma forma prática de resolver equações deste tipo, veja-
mos abaixo.

Seja ax2 + bx = 0, por fatoração temos que x(ax + b) = 0, analisando o produto


no primeiro membro da equação, temos o produto de dois números igual a zero e com
isso:
−b
x0 = 0 e (ax + b) = 0 ⇒ ax = −b ⇒ x” = , encontrando assim a forma prática para
a
as equações do tipo 3.

Exemplo 3.6. Qual o conjunto solução da equação −5x2 + 8x = 0.


15

Solução: Na equação dada a = −5 e b = 8, assim temos que x0 = 0 e


−8
x” = = 1, 6, e S = {0; 1, 6}.
−5

Exemplo 3.7. Qual o conjunto solução da equação 2x2 + 10x = 0 em R

√ 0
Solução: Na equação dada a = 2 e √
b = 10, assim
√ temos que: x = 0 e
−10 −10 2 −10 2 √
x” = √ , racionalizando temos x” = √ · √ = = −5 2, e com isso
√2 2 2 2
S = {−5 5, 0}.

3.2.4 Tipo 4

São as equações completas ou seja b e c são diferentes de zero. Para a reso-


lução das equações completas vamos apresentar métodos adequados aos valores de
a,b e c e enfatizar suas aplicações.

3.2.4.1 Fatoração

Quando a é igual a 1 e são solicitadas raízes inteiras, podemos usar a fatoração


do polinômio associado a equação como produto de dois binômios do 1o. grau, ou seja
x2 + bx + c = (x − k1 )(x − k2 ).
Vejamos como encontrar a fatoração:
Ao desenvolvermos o produto (x − k1 )(x − k2 ) = 0, obtermos x2 + bx + c = x2 − (k1 +
k2 )x + k1 · k2 . Comparando os coeficientes das potencias correspondentes temos,
(k1 + k2 ) = −b e k1 · k2 = c.

Exemplo 3.8. Determine o conjunto solução da equação x2 + 7x + 12 = 0 sabendo


que suas raízes são inteiras.

Solução: Podemos observar que para a equação dada k1 + k2 = −7 e k1 · k2 =


12, analisando o produto k1 · k2 temos como alternativas (-1 e -12), (1 e 12), (-2 e -6),(
2 e 6),(-4 e -3) e por fim (3 e 4). Das alternativas apresentadas a única que satisfaz
a soma k1 + k2 = −7 é (-4 e -3). Portanto o conjunto solução da equação dada é
S = {−4, −3}.
16

Quando as soluções são números racionais ou irracionais não convêm usar a


fatoração, usamos então o método de completar o quadrado.

3.2.4.2 Completar o quadrado

Completar o quadrado consiste em escrever a equação equação do 2 grau na


√ √
forma (x + k)2 = m, com m > 0, e então concluir que x0 = − m − k e x” = m − k.

Exemplo 3.9. Determine o conjunto solução da equação x2 + 8x + 10 = 0 em R.

8
Solução: Para completar o quadrado observamos que = 4 e que 42 = 16,
2
logo se acrescentarmos 6 a ambos os membros da equação termos:

x2 + 8x + 10 = 0 ⇒ x2 + 8x + 10 + 6 = 6

⇒ x2 + 8x + 16 = 6

⇒ (x + 4)2 = 6.
√ √
De onde temos que x0 = − 6 − 4 e x” = 6 − 4.

Como dito anteriormente, uma das maneiras mais utilizadas na resolução de


equações do segundo grau é a fórmula resolutiva conhecida como fórmula de Bhás-
kara.

3.2.4.3 Bháskara

Ao aplicarmos o método de completar o quadrado numa equação com coefi-


cientes a, b e c, encontramos a forma resolutiva conhecida como fórmula de Bhás-
kara, vejamos: Seja ax2 + bx + c = 0, ao dividirmos toda a equação por a, teremos
bx c
x2 + + = 0, para obtermos um trinômio quadrado perfeito nesta expressão, te-
a a
b2 c
ríamos que ter 2
no lugar de , para isso basta adicionarmos simultaneamente
 2  4a a
b c 2 bx c
− a ambos os lados da igualdade x + + = 0, ou seja,
4a2 a a a

bx c b2 c b2 c
x2 + + + 2− = 2− .
a a 4a a 4a a
17

Simplificando ambos os lados teremos

bx c b2 c b2 − 4ac
x2 + + 6 + 2− 6 = ,
a a 4a a 4a2
bx b2 b2 − 4ac
x2 + + 2 = .
a 4a 4a2

Podemos agora observar que o primeiro membro da igualdade é um trinômio


quadrado perfeito
2
b2 − 4ac

b
x+ = .
2a 4a2

Aplicando raiz quadrada em ambos os membros da igualdade, aplicando as


definições de módulo de um número real e isolando o valor de x no primeiro membro
da igualdade teremos

s 2 r
b b2 − 4ac
x+ = ,
2a 4a2

b b2 − 4ac
|x + | = ,
2a √ 2a
b b2 − 4ac
x+ = ± ,
2a √ 2a
b2 − 4ac b
x = ± −
2a
√ 2a
2
−b ± b − 4ac
x =
2a

Sua aplicação consiste em identificar os coeficientes a, b e c da equação e


substituí-los na fórmula resolutiva

−b ± b2 − 4ac
x= ,
2a

e com isso encontrar as soluções da equação.



É muito comum o desmembramento do termo b2 − 4ac, uma vez que o mesmo
dá uma condição para a existência ou não das soluções em R , sendo ele chamado
de discriminante (4).

Exemplo 3.10. Determine em R o conjunto solução da equação 2x2 + 3x − 10 = 0.


Solução: Temos na equação dada a = 2, b = 3 e c = −10, assim temos o discrimi-
nante como sendo 4 = 32 − 4 · 1 · (−10) = 9 + 40 = 49, como o discriminante é positivo
18

e diferente de zero teremos duas soluções reais, continuando a fórmula resolutiva


temos:
√ √
+b ± 4 −3 ± 49
x= =
2a 2·2
−3 ± 7
x= ⇒
4
−3 + 7
x0 = =1 e
4
−3 − 7 −5
x” = = .
4 2

Convêm salientar, a fórmula resolutiva de Bháskara pode ser utilizada em qual-


quer um dos tipos de equações mostrados anteriormente, tendo apenas os devidos
cuidados com os coeficientes ausentes.

3.3 Problemas e equações do 2o. grau

Como visto, na história há diversos problemas que são resolvidos a partir da


resolução de equações quadráticas, vejamos agora a resolução de alguns problemas
de caráter algébrico ou geométrico.

3.3.1 Problema 1

Tem-se uma sala quadrada de área 25m2 . Deseja-se ampliar a mesma para
que tenha uma área de 30m2 , quais serão as novas dimensões dessa sala?

Figura 1 – Área da sala.

Fonte: Autor, 2017

Solução: Como a sala era quadrada e tinha área de 25m2 podemos concluir
que o comprimento do lado da sala é de 5m, como será ampliada, teremos que o
novo comprimento será (5 + x), e atendendo ao desejado, sua área deve ser 30m2 ,
19

assim termos (5 + x)2 = 30, que tem o formato apresentado no método de completar o
√ √
quadrado mostrado acima, logo as soluções são x0 = 30 − 5 e x” = − 30 − 5, como
x é um comprimento, não convêm ser negativo e com isso o aumento no comprimento

da sala será de 30−5 ∼= 0, 48m, e portanto a sala deverá ter aproximadamente 5, 48m
de comprimento para ter uma área de 30m2 .

3.3.2 Problema 2

Antes de enunciar o problema 2, vejamos uma das propriedades das relações


métricas nas circunferências.

Figura 2 – Duas secantes de mesma origem a uma circunferência.

Fonte: Autor, 2017

Quando temos duas secantes de mesma origem a uma mesma circunferência


como mostra a figura acima, é valida a seguinte propriedade:

PC · PD = PB · PA

Vejamos agora o enunciado.


Na figura abaixo temos uma circunferência e duas secantes de mesma origem. Qual
←−
o comprimento da segmento P C?

Figura 3 – Secantes de mesma origem.

Fonte: Autor, 2017


20

Solução: Aplicando as propriedades das relações métricas na circunferência


teremos:

(x + 8) · x = (10 + 6) · 6

x2 + 8x = 96

x2 + 8x − 96 = 0, completando o quadrado temos

x2 + 8x + 16 = 112
√ √
(x + 4)2 = 112, logo x = ± 112 − 4 = ±4 7 − 4.

Como x é uma distância temos x = 4 7 − 4 ∼
= 6, 58cm

3.3.3 Problema 3

Qual o conjunto solução da equação trigonométrica 2cos2 (x) + cos(x) = 0, com


0 6 x 6 2π?

Solução: Aplicando a mudança de parâmetro y = cos(x), teremos y 2 + 2y = 0,


como a equação obtida é do tipo 3 mostrada acima temos, a = 2 e b = 1 e com isso
−1
y 0 = 0 e y” = , como cos(x) = y temos:
2
π 3π
(I) cos(x) = 0⇔x= ou x =
2 2
−1 2π 4π
(II) cos(x) = ⇔x= ou x =
2 3 3
 
π 2π 4π 3π
Portanto o conjunto solução da equação trigonométrica é S = , , , .
2 3 3 2
21

4 AS FUNÇÕES QUADRÁTICAS

Faremos agora uma apresentação formal das funções quadráticas em relação


as definições, escrita e representação gráfica.

4.1 A função

Definição 4.1. Uma função f : R → R chama-se quadrática quando são dados núme-
ros reais a,b e c, com a 6= 0, tais que f (x) = ax2 + bx + c, para todo x ∈ R.

Convém salientar que as funções quadráticas podem ser identificadas por trinô-
mios do segundo grau, mesmo havendo uma sutil diferença entre os dois conceitos.
Isso nos permite observar que os coeficientes a, b e c de uma função quadrática ficam
inteiramente identificados pelos valores que a função assume.

Exemplo 4.1. Seja f : R → R definida por f (x) = ax2 + bx + c, tal que f (1) = 1,
f (−2) = −2 e f (3) = 23, determinemos f encontrando os valores de a, b e c.
Como f (1) = 1, temos que a · (1)2 + b · (1) + c = 1, o que implica em a + b + c = 1.
Do mesmo modo, como f (−2) = −2, temos que a · (−2)2 + b · (−2) + c = −2, o que
implica em 4a − 2b + c = −2.
Temos ainda que f (3) = 23 e com isso a · (3)2 + b · (3) + c = 23, o que implica em
9a + 3b + c = 23.

Podemos portanto montar um sistema com os coeficientes a, b e c e assim


determinar seus valores.
Usando a regra de Crammer para o sistema abaixo




 a+b+c=1


 4a − 2b + c = −2 ,temos que:



9a + 3b + c = 23

1 1 1 1 1 1
det D = 4 -2 1 = 30, det A = -2 -2 1 = 60,
9 3 1 23 3 1
22

1 1 1 1 1 1
det B = 4 -2 1 = 90, e det C = 4 -2 -2 = −120.
9 23 1 9 3 23

detA 60
Logo a = = = 2,
detD 30

detB 90
b= = =3e
detD 30

detC −120
c= = = −4.
detD 30

Sabendo que a = 2, b = 3 e c = −4, determinamos assim a função f , ou seja,


f : R → R definida por f (x) = 2x2 +3x−4, é a função quadrática que satisfaz f (1) = 1,
f (−2) = −2 e f (3) = 23 como queríamos.

4.2 Raízes da função

Definição 4.2. Um número real x0 é chamado raiz de uma função se e somente se


f (x0 ) = 0.

Exemplo 4.2. O número −3 é raiz da função f : R → R dada por f (x) = x2 + 7x + 12,


pois f (x) = (−3)2 + 7(−3) + 12 = 0.

Exemplo 4.3. O número 4 não é raiz da função f : R → R dada por f (x) = 2x2 − 3x,
pois f (x) = 2(4)2 − 3(4) = 32 − 12 = 20.

As funções quadráticas podem ter até 2 raízes reais distintas, a maneira mais
prática de determiná-las é fazer f (x) = 0 e resolver a equação do 2o. grau resultante
por um dos métodos apresentado anteriormente.

Exemplo 4.4. Determine caso haja as raízes da função f : R → R dada por f (x) =
3x2 − 16x.
Solução: Fazendo f (x) = 0 temos 3x2 − 16x = 0, uma equação do tipo 3, sendo a = 3
16
e b = −16, as raízes de f serão x0 = 0 e x” = . Podemos perceber que de fato
 2 3
162 162
   
2 16 16 16
f (0) = 3 · 0 − 16 · 0 = 0 e que f =3 − 16 = − =0
3 3 3 3 3
23

Exemplo 4.5. Determine caso haja as raízes da função f : R → R dada por f (x) =
x2 + 4x + 4.
Solução: ao fazermos f (x) = 0 temos x2 + 4x + 4 = 0, uma equação do tipo 4,
podemos resolvê-la facilmente por fatoração, uma vez que o primeiro membro é um
trinômio quadrado perfeito, assim temos x2 + 4x + 4 = 0 ⇒ (x + 2)(x + 2) = 0 e assim
x0 = x” = −2, dizemos que a função f possui duas raízes reais iguais.

Exemplo 4.6. Determine caso haja as raízes da função f : R → R dada por f (x) =
2x2 − x + 1.
Solução:Fazendo f (x) = 0 temos 2x2 − x + 1 = 0, uma equação do tipo 4, usando a
formula resolutiva de Bháskara teremos, a = 2, b = −1 e c = 1, assim ∆ = (−1)2 −
4 · 2 · 1 = −7, como dito, quando o valor do discriminante é negativo a equação do 2o.
grau não possui solução real e com isso a função também não terá raízes.

Na próxima seção mostraremos a representação gráfica das funções quadráti-


cas e o significado geométrico das raízes, os pontos de máximos e mínimos, conceitos
esses de extrema importância para a resolução de situações contextuais envolvendo
as funções quadráticas.

4.3 Representação gráfica

As funções quadráticas possuem como representação gráfica uma curva cha-


mada de Parábola, curva essa que possui propriedades geométricas bastante interes-
santes e está associada a representação de vários fenômenos.

f Figura 4 – A curva Chamada Parábola.

4. 1.
3. A B

2. −1.
−1. 0 1. 2. 3.
1. −2. f
A B −3.
−1.
−1. 0 1. 2. 3. 4. −4.
−2. −5.
f (x) = x2 − 4x + 3 f (x) = −x2 + 4x − 3

Fonte: Autor, 2017


24

4.3.1 A construção da parábola

Estudaremos agora algumas propriedades geométricas da parábola e a sua


representação algébrica.
Geometricamente a parábola possui como elementos importantes o vértice(V),
o foco (F), a diretriz(r) e a reta focal(s).

Definição 4.3. O conjunto de pontos do plano que equidistam de uma reta(diretriz) e


de um ponto(Foco) fora dela chama-se Parábola.

A reta s que passa por F=(xf , yf ) e é perpendicular a diretriz r é chamada de


reta focal, e intercepta a parábola no ponto V=(x0 , y0 ) chamado vértice da parábola.
Segue da definição que dF,V = dV,r = p, o número 2p é chamado de parâmetro
da parábola.

Figura 5 – Elementos da Parábola.

Fonte: Autor, 2017

Podemos observar que a parábola sempre será simétrica em relação a sua reta
focal.
Demonstraremos que é possível associar uma equação do 2o. grau a uma parábola em
função das coordenadas de seu vértice V = (x0 , y0 ) e de seu parâmetro 2p.
Por simplicidade consideraremos o caso em que a diretriz da parábola é para-
lela ao eixo das abscissas e o vértice está acima da reta diretriz.

Sendo C(x, y) um ponto qualquer da parábola, temos que


25

dC,f = dC,r
p
(x − x0 )2 + (y − (y0 + p))2 = (y − (y0 − p))
p
( (x − x0 )2 + (y − (y0 + p))2 )2 = (y − (y0 − p))2

(x − x0 )2 + (y − (y0 + p))2 = (y − (y0 − p))2

(x − x0 )2 = (y − (y0 − p))2 − (y − (y0 + p))2 .

Desenvolvendo todos os quadrados e simplificando o possível temos

(x − x0 )2 = (y − (y0 − p))2 − (y − (y0 + p))2

(x − x0 )2 = y 2 − 2y(y0 − p) + (y0 − p)2 − (y 2 − 2y(y0 + p) + (y0 + p)2 )

(x − x0 )2 = 6 y 2 − 2y(y0 − p) + (y0 − p)2 − (6 y 2 − 2y(y0 + p) + (y0 + p)2 )

(x − x0 )2 = −2y(y0 − p) + 2y(y0 + p) + (y0 − p)2 − (y0 + p)2

(x − x0 )2 = 2y(−y0 + p + y0 + p) + y02 − 2y0 p + p2 − y02 − 2y0 p − p2

(x − x0 )2 = 2y(− 6 y0 + p+ 6 y0 + p)+ 6 y0 2 − 2y0 p+ 6 p2 − 6 y02 − 2y0 p− 6 p2

(x − x0 )2 = 2y(2p) − 4y0 p

(x − x0 )2 = 4yp − 4y0 p

(x − x0 )2 = 4p(y − y0 )

Portanto, equação da parábola de vértice V = (x0 , y0 ) e parâmetro 2p é dada


por
4p(y − y0 ) = (x − x0 )2

.
De modo análogo, podemos determinar a equação associada a parábola no
caso em que a diretriz é paralela ao eixo das ordenadas.

4p(x − x0 ) = (y − y0 )2

As equações mostradas acima são conhecidas como equações canônicas da pará-


bola.
s

26

Figura 6 – A Equação da Parábola 4p(y − y0 ) = (x − x0 )2 .

4. reta s
y0 + p F

3.
y0 p V

2.
r p A

1. reta r

−2. −1. 1. 2.
x03. 4.
0
−1.

−2.

Fonte: Autor, 2017

Podemos observar na figura acima que F = (x0 , y0 + p), r : y = y0 + p e


s : x = x0 .
Ao isolarmos y na forma canônica da parábola teremos

1
y = (x − x0 )2 + y0
4p
x2 x0 x x20
y = − − + y0 .
4p 2p 4p

Se tratarmos y como uma função de x, então y = f (x) e com isso encontraremos a


função quadrática associada a parábola.

x2 x0 x x20
f (x) = − + + y0 ,
4p 2p 4p

Exemplo 4.7. Determine a função associada a parábola que tem vértice V=(2,3) e
parâmetro 6.
x2 x0 x x20
Solução: Sendo f (x) = − + + y0 , x0 = 2, y0 = 3 e 2p = 6, temos
4p 2p 4p

x2 2x 9
f (x) = − + +3
12 6 12
x2 x 15
f (x) = − + .
12 3 4
27

Exemplo 4.8. Determine o vértice e o parâmetro da parábola cuja função associada


a ela é dada por f (x) = 2x2 + 6x − 3.
Solução: Fatorando a função temos
 
2 3
f (x) = 2 x + 3x − , Completando o quadrado temos,
2
 
2 3 3 3
f (x) = 2 x + 3x − + +
2 2 4
 
9 3 9
f (x) = 2 x2 + 3x + + +
4 4 8
 
9 15
f (x) = 2 x2 + 3x + + , comparando temos,
4 8
1 1
=2⇒p= .
4p 8
−3 −15
x0 = e y0 = .
2 8

4.3.2 As raízes da função e a parábola.

Como sabemos um número real x0 é chamado de raiz da função se e somente


se f (x0 ) = 0, temos assim que o ponto da forma (x0 , 0) graficamente está sobre a
reta y = 0 ou eixo das abcissas, podemos assim concluir que graficamente as raízes
representam a interseção do gráfico com o eixo das abcissas (x).

Figura 7 – Raízes da Função.

f 2.

1.

x1 x2
u−2. v
−3. −1. 0 1. 2. 3.
Raiz de f −1. Raiz de f

−2.

Fonte: Autor, 2017


28

Exemplo 4.9. Dada f : R → Rdefinida por f (x) = x2 + 3x − 4, suas raízes são x0 = 1


e x” = −4, sua representação gráfica é dada por
f

Figura 8 – A função quadrática f (x) = x2 + 3x − 4

2.
x1 x2

−6. −4. −2. 0 2.


−2.

−4.

−6.

Fonte: Autor, 2017

Observação 4.1. Quando o valor de a na função quadrática é negativo a parábola


que representa a função tem o vértice abaixo da reta diretriz e por consequência a
concavidade da parábola será para baixo.

Figura 9 – A Concavidade da Parábola.

Fonte: Autor, 2017


29

4.4 Máximos e mínimos da função

O conceito de máximos e mínimos da função do 2o grau é muito empregado na


resolução de problemas. Mostraremos a seguir a definição e a relação desses valores
com o vértice da parábola.
Definição 4.4. Um número real n é dito máximo de uma função f : R → R quando
∀x ∈ R, f (x) 6 n.

Figura 10 – Valor Máximo da Função.

Fonte: Autor, 2017

Definição 4.5. Um número real n é dito mínimo de uma f : R → R quando ∀x ∈


R, f (x) > n.

Figura 11 – Valor Mínimo da Função.

Fonte: Autor, 2017

É possível observar que os valores máximos e mínimos de uma função qua-


drática estão diretamente relacionados com a coordenada y0 do vértice da parábola.
30

Em termos práticos, é conveniente ter uma maneira de determinar o valor máximo ou


mínimo (y0 ) da função através dos coeficientes das função quadrática, vejamos:
x2 x0 x x20 − 4py
Temos que f (x) = − + , e temos também que f (x) = ax2 +bx+c,
4p 2p 4p
fazendo comparações teremos

1 1
a= ⇒p=
4p 4a
−x0 −x0 −b
b= = ⇒ b = −2ax0 ⇒ x0 =
2p 6 2 · 641a 2a
x20 − 4py0 x2
c= = 0 − y0 ⇒ y0 = c − x20 · a, com isso,
4p 4p
 2
−b b2 b2
y0 = c − ·a=c− 2 ·a=c− ,
2a 4a 4a
2 2
4ac − b −(b − 4ac)
y0 = = .
4a 4a

Podemos agora dada uma função quadrática, determinar seu valor máximo ou mínimo
através de seus coeficientes a, b e c.
31

5 APLICAÇÕES

5.1 Física

Exemplo 5.1. Um foguete caiu depois de lançado, devido a uma pane no sistema
de navegação, a trajetória do foguete até sua queda e representada pela função
h = 12, 5 + 30t − 2, 5t2 . Pede-se:
a) a altura máxima (m) atingida pelo foguete, após quanto tempo (mim) isso ocorreu?
b) Ao partir, qual a altura do foguete em relação ao solo
c) Após quantos minutos, ao partir, o foguete atingiu o solo.

Solução: Alternativa (a), comparando a função dada com a função quadrática


f (x) = ax2 + bx + c, temos que a = −2, 5; b = 30 e c = 12, 5, logo a altura máxima
−(b2 − 4ac) −(302 − 4 · (−2, 5) · 12, 5)
sera dada por y0 = = = 102, 5m. O tempo que o
4a 4 · (−2, 5)
−b −30
foguete precisou para chegar na altura máxima é dado por x0 = = = 6s.
2a 2 · (−2, 5)
Alternativa (b), ao partir temos s = 0, e substituindo na função temos h(0) =
12, 5 + 30(0) − 2, 5(0)2 = 12, 5m.
Alternativa (c), quando o foguete toca o solo sua altura é nula logo h = 0,
igualando a função a zero temos 12, 5 + 30t − 2, 5t2 = 0, que é uma equação do 2 grau
completa, usando a formula resolutiva de Bháskara temos:

a = −2, 5; b = 30 e c = 12, 5

∆ = b2 − 4ac = 302 − 4(−2, 5)12, 5 = 1025,


√ √
−b ± ∆ −30 ± 1025
x= =
2a 2(−2, 5)
√ −30 ± 32, 01
Considerando 1025 ≈ 32, 01, teremos x = ⇒
−5
x1 = 12, 4s e x2 = −0, 4s, portanto o f oguete

tocou o solo 12, 4s depois que decolou.

Exemplo 5.2. (FMTM-MG) Na figura, o plano vertical que contém o garoto, a bola e
o aro é um sistema de coordenadas cartesianas, com as unidades dadas em metros,
em que o eixo x está no plano do chão. A partir da posição (0,1) o garoto joga uma
32

bola para o alto. Esta descreve uma parábola, atinge a altura máxima no ponto (2,5)
e atinge exatamente o centro do aro, que está a 4 m de altura. Desprezando as
dimensões próprias da bola e do aro, a coordenada x da posição do aro é igual a:
a) 2,5
b) 3,0
c) 3,5
d) 4,0
e) 4,5

Solução: Como a bola descreve uma parábola seu movimento pode ser es-
tudado por uma função do segundo grau f (x) = ax2 + bx + c. Lendo atentamente o
enunciado percebemos que
f (0) = 1 ⇒ c = 1, e que f (2) = 5 ⇒ a · 22 + b · 2 + 1 = 5 ⇒ 2a + b = 2.
Uma outra informação importante é que o ponto (2,5) é o vértice (Altura máxima), com
−b
isso temos que o xv = 2 e assim obtemos 2 = ⇒ 4a = −b ⇒ 4a + b = 0, motamos
2a
agora um sistema nas incógnitas a e b.

2a + b = 2

4a + b = 0

Resolvendo o sistema temos a=-1 e b=4. Assim a função que representa o movimento
da bola será f (x) = −x2 + 4x + 1, fazendo f(x)=4 temos −x2 + 4x + 1 = 4 ⇒ −x2 +
4x − 3 = 0 resolvendo a equação resultante, observamos que a’=-1,b’=4 e c’=-3. Logo
−4 ± 2
∆ = 42 − 4 · (−1)(−3) = 4 e com isso x = ⇒ x0 = 1 e x” = 3.
2 · (−1)
Como aro está depois do ponto (2,5) podemos concluir que a coordenada de sua
abcissa é 3m.

5.2 Química

Exemplo 5.3. (UNI-RIO) Num laboratório é realizada uma experiência com um ma-
terial volátil, cuja velocidade de volatilização é medida pela sua massa, em gramas,
que decresce em função do tempo t, em horas, de acordo com a fórmula m = −32t −
3t+1 + 108. Assim sendo, o tempo máximo de que os cientistas dispõem para utilizar
33

este material antes que ele se volatilize totalmente é:


a)inferior a 15 minutos.
b)superior a 15 minutos e inferior a 30 minutos.
c)superior a 30 minutos e inferior a 60 minutos.
d)superior a 60 minutos e inferior a 90 minutos.
e)superior a 90 minutos e inferior a 120 minutos.

Solução: Aparentemente a função dada acima não é uma função do segundo


grau, mas se aplicarmos uma mudança de parâmetro teremos 3t = x, 32t = x2 e 3t+1 .
Assim a função pode ser representada por m = −x2 − 3x + 108. Como a questão
pede o tempo máximo antes que o material se volatize temos que a volatização total
ocorrerá quando m = 0, com isso, −x2 − 3x + 108 = 0, resolvendo a equação temos

a = −1, b = −3 e c = 108

∆ = b2 − 4ac = (−3)2 − 4(−1)(108) = 441


√ √
−b ± ∆ 3 ± 441 3 ± 21
x= = =
2a 2(−1) −2
x1 = −12 e x2 = 9, votando para variável t temos

3t = 9 ⇒ t = 2, Portanto os cientistas têm entre 90min e 120min.

Exemplo 5.4. (ITA) Os dados experimentais da tabela a seguir correspondem as con-


centrações de uma substância química medida em intervalos de 1s. Assumindo que
a linha que passa pelos três pontos experimentais é uma parábola, tem-se que a con-
centração (em mols) após 2,5s é:

Tempos Concentração
1 3
2 5
3 1

Solução: Como foi dito que a linha que passa pelos pontos é uma parábola,
a função que representa a relação é uma função do 2o. grau, logo C(t) = at2 + bt + c,
onde C é a concentração em t segundos. Para encontrarmos a concentração em
t=2,5s precisamos determinar o valor dos coeficientes a,b e c.
34

Para os pontos dados temos:

C(1) = a · 12 + b · 1 + c = 3 ⇒ a + b + c = 3

C(2) = a · 22 + b · 2 + c = 5 ⇒ 4a + 2b + c = 5

C(3) = a · 32 + b · 3 + c = 1 ⇒ 9a + 3b + c = 1

Resolvendo
 o sistema
 pela regra de Cramer teremos:
1 1 1 3
 
 4 2 1 5  como sendo a matriz do sistema.
 
 
9 3 1 1
 
1 1 1
 
D =  4 2 1  como matriz dos coeficientes, cujo determinante é −2.
 
 
9 3 1
 
3 1 1
 
Da =  5 2 1  como matriz dos coeficientes aplicada a (a), cujo determi-
 
 
1 3 1
nante é 6.
 
1 3 1
 
Db =  4 5 1  como matriz dos coeficientes aplicada a (b), cujo determi-
 
 
9 1 1
nante é −22.
 
1 1 3
 
Dc =  4 2 5  como matriz dos coeficientes aplicada a (c), cujo determi-
 
 
9 3 1
nante é 10.

Pela regra de Cramer temos que os valores de a, b e c que satisfazem o sis-


tema é dado por:

Da 6 Db −22 Dc 10
a= = = −3, b = = = 11 e c = = = −5.
D −2 D −2 D −2

Temos com isso que a função que representa a concentração é dada por C(t) =
−3t2 + 11t − 5, como a questão pediu o valor da concentração em t=2,5s, basta fazer
35

C(2,5).
C(2, 5) = −3 · (2, 5)2 + 11 · (2, 5) − 5 = 3, 75, portanto a resposta é 3,75 mols.

5.3 Biologia

Exemplo 5.5. (UFSM) Um laboratório testou a ação de uma droga em uma amostra
de 720 frangos. Constatou que a lei de sobrevivência do lote de frangos era dada pela
relação V (t) = at2 + b, onde V (t) é o número de elementos vivos no tempo t(meses).
Sabendo-se que o ultimo frango morreu quando t=12 meses após o inicio da experi-
ência, a quantidade de frangos que ainda estava viva no décimo mês é:

Solução: Como inicialmente tinham 720 animais temos que, V (0) = 720 ⇒
a · 0 + b = 720 ⇒ b = 720, a outra informação dada diz que todos os animais morreram
depois de 12 meses, com isso V (12) = 0 ⇒ a · 122 + b = 0, como b = 720, temos
que, a · 144 + 720 = 0 ⇒ a = −5. Portanto V (t) = at2 + b pode ser expressa por
V (t) = −5t2 + 720, podemos agora determinar o número de animais no décimo mês
fazendo V (10) = −5(10)2 + 720 ⇒ V (10) = 220. Assim o número de animais vivos no
décimo mês era de 220.

Exemplo 5.6. (Vunesp) Duas plantas de mesma espécie A e B, que nasceram no


mesmo dia, foram tratadas desde o início com adubos diferentes.Um botânico mediu
todos os dias o crescimento, em centímetros, dessas plantas. Após 10 dias de obser-
vação, ele notou que o gráfico que representa o crescimento da planta A é uma reta
passando por (2, 3) e o que representa o crescimento da planta B pode ser descrito
24x − x2
pela lei matemática y = . Um esboço desses gráficos está representado na
12
figura a seguir.

Determine:
a) a equação da reta;
b) o dia em que as plantas A e B atingiram
a mesma altura e qual foi essa altura.

Solução:
a) Para determinarmos a equação da reta, basta observar que ela passou pelos pon-
36

tos (0,0) e (2,3), assim temos que y = ax + b para os pontos dados, resulta em
3 3
0 = a · 0 + b ⇒ b = 0 , 3 = a · 2 + 0 ⇒ a = e com isso obtermos Y = x = f (x).
2 2
b) (I) Para descobrir em que dia atingiram a mesma altura basta igualar as funções que
representam as alturas e resolver a equação decorrente da igualdade, assim temos
24x − x2 3x
= ⇒ −2x2 + 48x = 36x ⇒ −2x2 + 12x = 0.
12 2
Resolvendo a equação do 2o. grau Tipo 2 teremos a=-2 e b=12, logo x0 = 0 e x” =
−12
= 6.
−2
Portanto as plantas atingiram a mesma altura no dia 6.

(II) Para determinar a altura basta fazer x=6 na função que descreve o cresci-
24 · 6 − 62
mento da planta B, assim f (6) = = 9m.
12

5.4 Dia a dia

Exemplo 5.7. Um avião de 100 lugares foi fretado para uma excursão. A companhia
exigiu de cada passageiro R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar vago. Para que
número de passageiros a rentabilidade da empresa é máxima?

Solução:
Sendo n o número de passageiros que participarão da excursão, (100 − n) será o
número de lugares vagos. O valor pago por cada passageiro que participar será
R$ 800+R$ 10, 00·(100−n), e com isso o valor da receita R arrecadada pela empresa
para n pessoas participantes será R(n) = n(800 + 10(100 − n)) . Desenvolvendo os
produtos teremos

R(n) = n(800 + 10(100 − n))

R(n) = n(800 + 1000 − 10n)

R(n) = n(1800 − 10n)

R(n) = 1800n − 10n2

R(n) = −10n2 + 1800.


37

Como podemos perceber a receita arrecadada pela empresa é uma função quadrática
do número de pessoas participantes da excursão, logo para determinar o número de
pessoas que irá gerar a maior receita devemos encontrar o valor de n do vértice da
−b
função, sendo assim n = onde a = −10 e b = 1800, obtemos com isso n =
2a
−1800
= 90. A titulo de informação a máxima receita arrecadada será R(90) = −10 ·
2(−10)
902 + 1800 = 81000.

Exemplo 5.8. O diretor de uma orquestra percebeu que, com o ingresso a R$ 9,00,
em média 300 pessoas assistem aos concertos e que, para cada redução de R$ 1,00
no preço dos ingressos, o público aumenta de 100 espectadores. Qual deve ser o
preço do ingresso para que a receita seja máxima?
Solução:
Sendo x o valor em reais diminuído do preço do ingresso, 100x será o aumento de
espectadores no concerto, logo o valor da receita obtida em função do valor x de
desconto será de R(x) = (9 − x)(300 + 100x), desenvolvendo o produto teremos

R(x) = (9 − x)(300 + 100x)

R(x) = 2700 + 900x − 300x − 100x2

R(x) = −100x2 + 600x + 2700

Como podemos observar, o valor da receita é uma função quadrática do desconto x


dado, logo para determinar a máxima receita temos de encontrar o desconto x que vai
gerar a maior receita e o substituir na função da receita R(x). O valor x que gera a
−b −600
maior receita é x = onde a = −100 e b = 600, assim teremos x = = 3, ao
2a 2(−100)
fazermos R(3) encontraremos a máxima receita arrecadada, assim

R(3) = −100(3)2 + 600(3) + 2700

R(3) = −900 + 1800 + 2700

R(3) = 900 + 2700

R(3) = 3600

Portanto a maior receita arrecadada no concerto será de R$ 3600,00, que ocorrerá


quando o desconto dado no valor do ingresso for de R$3,00.
38

Exemplo 5.9. Um prédio de 1 andar, de forma retangular, com lados proporcionais a


3 e 4, vai ser construído. O imposto predial é de 7 reais por metro quadrado, mais uma
taxa fixa de 2.500 reais. A prefeitura concede um desconto de 60 reais por metro linear
do perímetro, como recompensa pela iluminação externa e pela calçada em volta do
prédio. Quais devem ser as medidas dos lados para que o imposto seja o mínimo
possível? Qual o valor desse imposto mínimo?
Solução:
Como os lados são proporcionais a 3 e 4 temos que a largura será 3x e o comprimento
4x, onde x é a constante de proporcionalidade.Vejamos a figura abaixo.

É possível observar que a área do terreno do prédio será 12x2 e que o períme-
tro do mesmo será de 14x. Com base nas informações sobre o imposto fornecidas
pelo enunciado da questão, teremos o imposto em função da constante de proporci-
onalidade x dado por I(x) = 12x2 · 7 + 2500 − 14x · 60 = 84x2 − 880x + 2500. Como
podemos observar o valor do imposto é uma função quadrática da constante x de pro-
porcionalidade, para obter o mínimo imposto devemos encontrar a constante de pro-
−b
porcionalidade x que gere o menor imposto, ou seja x = , onde a = 12 e b = −880,
2a
−(−880)
com isso x = ≈ 5, 238.
2 · 84
Portanto as dimensões do prédio para que o imposto a ser pago seja mínimo é
3 · 5, 238 = 15, 714m e 4 · 5, 238 = 20, 952m, e o valor mínimo do imposto será I(5, 238) =
84(5.238)2 − 880(5, 238) + 2500 = 195, 23.

Exemplo 5.10. Deseja-se cavar um buraco de 1m de largura e modo que o volume


cavado seja de 300m3 . Sabendo que cada metro quadrado de área cavada custa R$
10,00 e cada metro de profundidade custa R$ 30,00, determinar as dimensões do
buraco de modo que seu custo seja mínimo.
Solução:
Para facilitar a resolução da questão vejamos a ilustração abaixo.
39

Com base no enunciado do problema, o volume do buraco deve ser de 300m3 ,


logo pela ilustração 1 · p · l = 300, ainda com base no enunciado e na ilustração o valor
gasto para fazer o buraco será C(p, l) = 30p + 10l, convém salientar que a área cavada
será dada por 1 · l e que essa área terá um custo de R$ 10,00 o metro quadrado.
Podemos observar que o valor mínimo da função quadrática q(x) = x2 e zero, se
√ √ √ √ 1
tomarmos x = 30p − 10l, então 0 6 ( 30p − 10l)2 = 30p − 2(30p · 10l) 2 + 10l,
donde

1
2(300pl) 2 6 30p + 10l, substituindo pl temos
1
2(300 · 300) 2 6 C(p, l)

2 · 300 6 C(p, l)

600 6 C(p, l).

Concluímos assim que o custo mínimo para fazer o buraco é de R$600,00.


Com isso temos 30p + 10l = 600 e pl = 300, substituindo uma na outra temos
 
300
30 + 10l = 600, multiplicando por l
l
9000 + 10l2 = 600l

10l2 − 600l + 9000 = 0, Resolvendo a equação temos

l2 − 60l + 900 = 0

∆ = (−60)2 − 4 · 1 · 900

∆ = 3600 − 3600 = 0, logo


−(−60)
l = = 30, Substituindo l em pl = 300 temos
2
p · 30 = 300

p = 10

Portanto as dimensões do buraco para obter o menor custo são 10 de profundidade e


30 de comprimento.
40

6 RELATO DE AULAS

As funções quadráticas fazem parte da grade curricular do ensino médio atual-


mente, e está dentro do eixo principal chamado funções.
O ensino das funções assim como de outros conteúdos, enfrenta um dilema
"por que estudar isso?", com as funções quadráticas não é diferente, tentei nessas
aulas que irei descrever abaixo, sempre mostrar a importância das funções quadráti-
cas, dando sempre que possível aplicações para o que estava sendo mostrado.
As aulas foram dadas para a turma do 3o. Ano B vespertino do Colégio Estadual
Professor Theonilo Gama. Geralmente o conteúdo funções quadráticas é dado no
1o. Ano do ensino médio, más depois de uma pesquisa com os próprios alunos, des-
cobri que eles ficaram sem professor de matemática no 1o. Ano, o que impossibilitou
que os alunos estudassem as funções quadráticas, por isso a escolha dessa turma.
As aulas foram dadas em sequências de três aulas seguidas, de 50 min cada uma,
totalizando 9 horas aulas, dadas em três semanas.

6.1 1o. Dia

No primeiro dia fiz uma sondagem com os alunos e constatei que eles tinham
uma boa noção a respeito do que é uma função, o que facilitou um pouco o desenrolar
das aulas.
No segundo momento, falei um pouco da história da matemática no que se
refere a as funções quadráticas e chamou-me a atenção a curiosidade dos alunos
em saber como surgiu esse conteúdo, o que despertou o interesse do aluno foi a
descrição que dei, afirmando que o conteúdo foi desenvolvido a partir da tentativa de
entender fenômenos naturais ou resolver problemas físicos(ver Anexos A, B e C).
Como bem sabemos é imprescindível para o aluno entender funções do 2o. grau,
dominar a resolução de equações do 2o. grau, com base nisso , mostrei aos alunos
várias formas de resolver uma equação do 2o. grau, a depender do tipo da equação.
Percebi que os alunos já haviam estudado as equações e sua resolução pelo mé-
todo resolutivo de Bháskara. Foi com grande satisfação que eles receberam as novas
41

formas resolução da equação do 2o. grau, em especial ficaram impressionados com o


método de completar o quadrado, foi o mais elogiado pelos alunos (ver Anexos D e E).
Após mostrar as resoluções da equação quadrática, eu propus aos alunos a re-
solução de algumas situações problemas envolvendo equações quadráticas. Durante
o tempo em que estavam resolvendo os problemas eu pude perceber a dificuldade
que os alunos sentem em interpretar os problemas e representar algebricamente a
linguagem verbal. Uma outra coisa que chamou-me a atenção é que alguns proble-
mas necessitavam de conhecimentos prévios, e que os alunos não os tinham, o que
fez com que em certo momento os alunos não conseguissem desenvolver os proble-
mas, eu tive que dar uma breve explanação sobre alguns conhecimentos, como por
exemplo, a relação entre os seguimentos determinados por duas secantes de mesma
origem em uma circunferência.
Logo depois da resolução dos problemas, pude perceber que os alunos senti-
ram mais confiança em encontrar as raízes de uma equação do 2o. grau, o que no meu
ponto de vista foi um grande avanço.

6.2 2o. Dia

Apresentei formalmente as funções quadráticas, mostrando a definição de fun-


ção do 2o. grau(ver Anexo F), comentei com os alunos que a lei de formação de uma
função fica definida de forma única, quando se conhece algumas associações que
essa função faz.
Na continuidade, defini o que seria a raiz de uma função e qual a sua impor-
tância para a mesma (ver Anexo G). Mostrei para os alunos que a determinação das
raízes de uma função quadrática recai na resolução de uma equação do 2o. grau e
por isso a importância de conhecer bem essas resoluções, como aplicação citei o
movimento de um projétil lançado obliquamente e que para determinar a distância
percorrida e o tempo de permanência, podemos recorrer a função horária da altura do
projétil, que é uma função quadrática.
Logo em seguida iniciei a representação gráfica das funções quadráticas.
Apresentei formalmente a curva chamada de parábola com seus pontos notá-
veis (vértice e foco) e mostrei a relação de distância de um ponto qualquer da pa-
rábola. Mostrei rapidamente para os alunos como obtemos a equação da parábola e
42

como fazemos a relação da equação com a lei de formação de uma função quadrática,
mostrando assim para os alunos a relação entre os coeficientes a,b e c e as coordena-
das do vértice e o valor do parâmetro p da parábola. Percebi nesse momento que as
caras de surpresos dos alunos em ver como se dá a relação entre a lei de formação e
a representação gráfica das funções.
Mostrei para os alunos pontos importantes para a função no gráfico como a
interseção da parábola com o eixo y (termo independente de x), e as interseções da
parábola com o eixo x (as raízes da função).
Em relação a interseção com o eixo x, foi destacado as três possíveis posições
da parábola, que mostram se a função representada pela parábola tem ou não raízes
reais.
Na sequência mostrei que a parábola pode aparecer com sua concavidade
voltada para cima ou para baixo, e que isso pode ser observado através do coeficiente
do termo x2 na lei de formação da função.

6.3 3o. Dia

Após ter apresentado a representação gráfica das funções quadráticas(ver Anexo


H), fiz a relação entre o vértice e a parábola, enfatizando que a coordenada de y do
vértice tem uma grande importância para a função(ver Anexo I e J), pois representa o
valor máximo ou mínimo que a função pode assumir.
Em seguida sistematizei com os alunos uma forma prática de encontrar as
coordenadas do vértice, usando os coeficientes a, b e c da lei de formação da função,
e estabeleci que o yv seria máximo caso a < 0 e que yv seria mínimo caso a > 0.
Como aplicação citei a função lucro de uma empresa em relação a quantidade de
peças produzidas L(x) = −10x2 + 500x − 200).
43

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino da matemática dando enfase na sua aplicação, mostrou-se muito mo-


tivante para os alunos, uma vez que enfrentamos uma grande onda de desmotivação
por parte deles. Essa com certeza é mais uma forma de trazer verdadeiramente o
aluno para o campo da matemática.
Outro aspecto interessante da realização desse trabalho foi, sempre que pos-
sível, a utilização de representações semióticas, possibilitando um aprendizado con-
creto para os alunos, representações essas que deram em vários momentos significa-
dos aos conceitos de funções quadráticas que estavam sendo trabalhados.
Com a realização dessa dissertação, eu me convenci que é possível sim, tornar
a matemática, de forma geral, atrativa e de fácil entendimento, basta para isso utili-
zar mecanismos e estratégias adequadas a realidade dos alunos, para que o mesmo
motive-se e aprenda com profundidade os conceitos.
44

Referências

[1] SILVA, Marcos Noé Pedro da. "O Surgimento da Equação do 2o Grau "; Brasil
Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/matematica/o-surgimento-
equacao-2-o-grau.htm>. Acesso em 25 de novembro de 2015.

[2] ROQUE, Tatiana; PITOMBEIRA, J. Bosco, Tópicos de História da Matemática,


1a edição,Rio de janeiro,2012, SBM.

[3] LIMA, Elon lages, Números e Funções Reais, 1a edição,Rio de janeiro,2013,


SBM.

[4] DELGADO, jorge; FRENSEL, Katia; CRISSAFF, Lhaylla, Geometria Analítica 1a


edição,Rio de janeiro,2013, SBM

[5] MORAES FILHO, Daniel Cordeiro de, Manual de Redação Matemática, 1a edi-
ção,Rio de janeiro,2014, SBM

[6] BOYER,Carl B. História da Matemática / Carl B. Boyer; tradução: Elza F. Go-


mide. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1974.
45

APÊNDICES

APÊNDICE A - Questionário

Questionário para auto avaliação das aulas ministradas sobre as funções quadráticas... Página 1 de 2

As técnicas utilizadas durante as aulas ajudaram no


entendimento dos conteúdos?

O professor demonstrou domínio do conteúdo funções


quadráticas?

O conteúdo funções quadráticas foi desenvolvido de forma


organizada?

https://docs.google.com/forms/d/1ANzuUbUkmEHLbfY8Hj0YjNcMkzRgCEK04oB... 10/04/2017
46

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47

APÊNDICE B - Questionário

Questionário para auto avaliação das aulas ministradas sobre as funções quadráticas... Página 1 de 2

As técnicas utilizadas durante as aulas ajudaram no


entendimento dos conteúdos?

O professor demonstrou domínio do conteúdo funções


quadráticas?

O conteúdo funções quadráticas foi desenvolvido de forma


organizada?

Como você avalia o seu aprendizado sobre as funções


quadráticas e suas aplicações depois das aulas ministradas pelo
professor?

https://docs.google.com/forms/d/1ANzuUbUkmEHLbfY8Hj0YjNcMkzRgCEK04oB... 10/04/2017
48

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49

APÊNDICE C - Questionário

Questionário para auto avaliação das aulas ministradas sobre as funções quadráticas... Página 1 de 2

As técnicas utilizadas durante as aulas ajudaram no


entendimento dos conteúdos?

O professor demonstrou domínio do conteúdo funções


quadráticas?

O conteúdo funções quadráticas foi desenvolvido de forma


organizada?

https://docs.google.com/forms/d/1ANzuUbUkmEHLbfY8Hj0YjNcMkzRgCEK04oB... 10/04/2017
50

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51

ANEXOS

Anexo A - Foto 1 aula 1

Fonte: Autor, 2017


52

Anexo B - Foto 2 aula 1

Fonte: Autor, 2017


53

Anexo C - Foto 3 aula 1

Fonte: Autor, 2017


54

Anexo D - Foto 4 aula 1

Fonte: Autor, 2017


55

Anexo E - Foto 5 aula 1

Fonte: Autor, 2017


56

Anexo F - Foto 6 aula 2

Fonte: Autor, 2017


57

Anexo G - Foto 7 aula 2

Fonte: Autor, 2017


58

Anexo H - Foto 8 aula 3

Fonte: Autor, 2017


59

Anexo I - Foto 9 aula 3

Fonte: Autor, 2017


60

Anexo J - Foto 10 aula 3

Fonte: Autor, 2017

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