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BELÉM
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MATEMÁTICA
BELÉM
2013
CERTIFICADO DE AVALIAÇÃO
Trabalho
de Conclusão de curso apresentado, como
requisito parcial, para obtenção do título
de Licenciatura Plena em Matemática, da
Universidade Federal do Pará pela seguinte
banca examinadora:
Banca Examinadora:
DATA DA AVALIAÇÃO: / /
CONCEITO:
ii
Dedico este trabalho aos meus pais.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem ele não estaría aqui e que sempre está presente em minha vida, guiando
em cada passo que dou.
Aos meus pais, Mírian Silva dos Santos e Raimundo Jorge Tapajós Figueira, aos meus avós,
tios, tias, irmãos e primos que me apoiam em qualquer circunstância da vida e que estão presente
nos momentos felizes e tristes.
A Ronald Ribeiro Silva por estar ao meu lado durante todo o curso, pela compreensão e por
sempre ser um ótimo companheiro. E a todos da sua família, que me acolheram e me fizeram
sentir como se fizesse parte da família, e me deram liberdade para que eu pudesse descansar,
quando precisei, me deixando a vontade o que ajudou muito para que eu pudesse concluir esse
trabalho.
Aos meus amigos Érico Gabriel, Francimaria Mota, José Luiz Solon, Renan Barbosa, Sara
Raissa Rodrigues e Thays Nathércya que me auxiliaram no decorrer do curso. Pelos momentos
de alegria que ficarão na memória, como as brincadeiras que quase sempre envolviam as
disciplinas que cursamos.
Aos meus amigos Fellipe Monteiro Gomes, Lusiane Pereira Fonseca, Priscila Silva e Rafael
Paiva Cabral pois eles estiveram comigo antes mesmo de iniciar o curso e que me incentivaram
a lutar para chegar até ele.
Aos meus colegas Claudionei Pereira de Oliveira e Jeziel Nascimento Correia que tiveram
certa influência na escolha do tema e que me ajudaram quando eu mais precisei entender os
assuntos da disciplina Análise Real.
A minha orientadora Profa . Dra . Rubia Nascimento que, com poucas palavras de incentivo,
foi de grande importancia para amar a disciplina Analise Real e que me fez decidir o tema deste
trabalho.
Aos professores Celsa Maranhão, Jorge, Marco Antônio, Marcos Murakami, Maria de
Nazaré Bezerra, Rosângela, Wilson Maranhão e aos professores em geral, do ensino médio
iv
e da graduação que contribuiram para essa formação com carinho pelo mútuo aprendizado, por
suas orientações e eficiência.
Aos professores Augusto César dos R. Costa e Giovany de Jesus M. Figueiredo que
compõem a banca examinadora, por aceitarem tal trabalho e se disporem a avalia-lo.
Aos meus colegas de todos os estágios que me ensinaram sobre convivência e que
possibilitaram enorme experiência sobre o que virá pela frente. E também aos meus alunos
que compartilharam momentos importantes e me ensinaram que não é importante somente o
conteúdo, mas também um bom relacionamento com eles.
v
"A Matemática é, não só um conjunto de
técnicas úteis mas também um conjunto de
ideias que fazem parte do patrimônio cultural
da humanidade. Se estas notas conseguirem
transmitir ao leitor um pouco da beleza e
continuidade de uma parte da Matemática,
terão valido a pena os feriados e noites
perdidas."
vi
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso teve como objetivo estudar e reunir os conceitos e
posteriormente verificar a veracidade dos resultados, vistos como Proposições, Teoremas e
Corolários. Será abordado de maneira formal, mas evitando os detalhes que são de fácil
percepção nas demonstrações feitas e tentando ao máximo conseguir mostrar com clareza as
operações utilizadas, de modo que seja possível o entendimento do desenrolar dos resultados.
vii
ABSTRACT
This course conclusion work aimed to study and gather the concepts and subsequently
verify the accuracy of the results, viewed as Propositions, Theorems and Corollaries. Will
be addressed in a formal way, but avoiding the details that are easily understood in the
statements made, and trying hard to get to show clearly the operations used, so as that you
can understanding how the results.
viii
Sumário
Introdução 1
3 Sequências Numéricas 25
ix
3.4 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.7 Subsequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4 Séries Numéricas 51
Apêndice 76
x
Introdução
Este trabalho está dividido em quatro capítulos e um apêndice, onde serão abordadas
diferentes questões que envolvem convergência e divergência de sequências e séries numéricas,
e também resoluções de limites, que está envolvido em todos os tópicos deste trabalho. Além do
apêndice foram colocados exemplos relacionados com o que foi abordado anteriormente para
melhor fixação da ideia que foi dada.
No capítulo Resultados básicos: Números Reais o foco foi iniciar com os axiomas e
conceitos preliminares necessários, relações de supremo e ínfimo de conjuntos, que serão
utilizados no decorrer do trabalho, definindo o corpo dos Números Reais que é o ambiente
matemático em que está inserido Sequências e Séries Numéricas.
No capítulo Sequências numéricas demos ênfase para o que realmente é o objetivo deste
trabalho (reunir e verificar conceitos), com a preocupação de mostrar cada um dos resultados
que foram postos em cheque como Proposições, Teoremas, Corolários, Lemas e Propriedades.
1
Capítulo 1
Neste capítulo, faremos um breve comentário sobre a história da Análise Real como um
todo, mas enfatizando o tópico de sequências e séries numéricas e a história dos principais
matemáticos que contribuiram com resultados importantes que serão vistos no decorrer deste
trabalho.
Devemos ter em mente que análise real é o ramo da análise matemática que lida com o
conjunto dos números reais e as funções reais. A análise real é um tópico novo da matemática
que surgiu da necessidade de prover provas rigorosas às ideias intuitivas do cálculo tais como
continuidade, limite, derivadas, integrais e sequências de funções. Essas provas rigorosas
seguiram do fato de que com o passar dos anos se tornou necessário o cuidado com a linguagem
em que os textos matemáticos estavam sendo escritos, por isso é necessária a utilização da
linguagem formal para melhor estética exigida pelo rigor lógico.
Esse cuidado com a escrita é tido para evitar paradoxos e essa ideia foi introduzida em
1922 quando Adolf Fraenkel e Albert Skolem propuseram a troca da linguagem corrente
pela linguagem formal nos textos matemáticos, sugerindo que fossem utilizados símbolos que
conhecemos (como por exemplo os sinais de adição, subtração, implica, existe, para todo, entre
outros que também serão muito utilizados nas demonstrações posteriormente) e expressões
matemáticas para substituir, sintetizar e organizar as ideias das demonstrações dalí por diante.
Vários matemáticos tiveram participação importante nos tópicos da análise, mas nos
deteremos a falar dos que tiveram participação nos tópicos números reais, sequências e séries
2
numéricas, que é o objetivo principal para ser abordado neste trabalho. Veremos agora a história
e a importância dos principais resultados dos matemáticos que contribuíram para estes tópico.
Augustin Louis Cauchy foi um matemático francês que nasceu em 21 de agosto de 1789, em
Paris e faleceu em 23 de maio de 1857 em sua cidade natal. Seguia os mandamentos da Igreja
Católica e teve intensa participação na matemática na área de equações diferenciais, integração,
combinatória, funções de variável complexa, álgebra, sequências e séries numéricas, que serão
estudadas posteriormente.
Bernhard Placius Jojann Nepomuk Bolzano, nasceu em Praga, Boêmia, atual República
Tcheca, dia 5 de outubro de 1781 e morreu em 18 de dezembro de 1848 em Praga. Estudou
matemática, filosofia e teologia, o que o levou a se tornar padre, mas tinha ideias contrárias
às da igreja católica e também às condições sociais do império Austro-húngaro e, por isso, foi
obrigado pelo imperador Franz I, da Áustria, a aposentar-se.
3
1.4 Karl Weierstrass
Karl Wilhelm Theodor Weierstrass, foi um matemático alemão que nasceu em 31 de outubro
de 1815, em Ostenfelde e morreu em 19 de fevereiro de 1897 em Berlim. Weierstrass foi um
dos pioneiros na Análise Matemática e foi professor de matemática da Universidade de Berlim
e antes disso foi professor de Alemão, caligrafia, geografia e matemática em nível secundarista.
Gottfried Wilhelm von Leibniz foi um matemático e filósofo alemão que nasceu em 1 de
julho de 1646 em Leipzig e morreu em 14 de novembro de 1716 em Hannover. Teve participação
em séries numéricas no estudo de séries alternadas e também é considerado um dos criadores
do cálculo diferencial e integral. Leibniz é considerado um grande gênio matemático do século
XVII e foi rival de Isaac Newton na invenção do cálculo.
Quando ainda era criança aprendeu latim e grego por conta própria e aos 12 anos já
dominava o conhecimento da matemática, da filosofia, da teologia e das leis publicadas pelos
textos da época. Posteriormente, devido à pouca idade, foi-lhe negado o grau de doutor em
leis na Universidade de Leipzig e logo após se mudou para Nuremburg, onde escreveu sobre o
ensino de leis pelo método histórico e daí pra frente esteve engajado no serviço diplomático até
sua morte.
Inventou uma máquina de calcular e por isso teve a oportunidade de exibir seus
conhecimentos à Royal Society e após isso deixou Paris e, após ter descoberto o teorema
fundamental do cálculo, se dirigiu para Hanover, onde trabalhou no serviço público, em uma
biblioteca, e arranjou tempo para escrever artigos sobre todos os temas que já havia estudado.
Seus últimos sete anos de vida foram amargurados pela polêmica com relação a Newton e a
criação do cálculo e como consequência disso foi marginalizado em Hanoveer e conta a história
de que no dia de seu funeral apenas seu fiel secretário compareceu.
4
1.6 Niels Abel
Niels Henrik Abel morreu de tuberculose e subnutrição aos 26 anos de idade e suas obras
somente foram avaliadas após sua morte.
Abel nasceu em Findo, na Noruega, onde seu pai era pastor religioso, em 1802. Em 1824
demonstrou a impossibilidade de estabelecer a solução da equação quíntica geral, acabando
com um problema que estava sendo estudado e não solucionado por vários matemáticos. Como
consequência deste trabalho obteve uma bolsa de estudos e viajou para a Alemanha, Itália e
França. Durante este período escreveu vários artigos em diferentes tópicos da matemática,
como por exemplo sobre a convergência de séries infinitas.
Julius Wilhem Richard Dedekind foi um matemático alemão que nasceu em 6 de outubro
de 1831, em Braunschweig. Dedekind idealizou os Cortes de Dedekind onde ele garante a
existência de um corpo ordenado completo e também é famoso na Análise Matemática pelo
Postulado de Dedekind, que será estudado posteriormente.
5
Dedekind foi um dos matemáticos que tiveram grande importância no século XIX e que
contribuiu para a construção dos números reais. Estudou em Gottingen, onde foi aluno de
Gauss e Dirichlet. em 1858 foi professor em Zurique e em 1862 foi transferido para lecionar
em Braunschweig, sua terra natal e permaneceu até sua morte.
6
Capítulo 2
Neste capítulo, falaremos de maneira formal, evitando detalhes, sobre alguns conceitos
iniciais onde serão estudados os números reais, várias de suas propriedades e suas
consequências, com definições que serão necessárias para o entendimento dos capítulos
posteriores no desenrolar das demonstrações.
+ : F × F → F,
· : F × F → F,
Para que F seja um corpo, suas operações precisam satisfazer os seguintes axiomas:
Axiomas da adição
(x + y) + z = x + (y + z);
7
A2) Comutatividade: Sejam x, y e z valores quaisquer tais que x, y, z ∈ F , então
x + y = y + x;
A3) Elemento neutro: Existe a ∈ F tal que x + a = x. Este elemento a será denotado por 0 e
chama-se zero. Por comutatividade temos também que a + x = x.
A4) Simétrico: Todo elemento x, tal que, x ∈ F , possui um simétrico y tal que y ∈ F
e x + y = 0. Esse elemento y será denotado por −x, ou seja, x + (−x) = 0 e por
comutatividade temos que (−x) + x = 0.
Axiomas da multiplicação
(xy)z = x(yz);
xy = yx;
M3) Elemento neutro: Existe a ∈ F tal que xa = x. Este elemento a será denotado por 1 e
chama-se um. Por comutatividade temos também que 1x = x;
M4) Inverso multiplicativo: Todo elemento x ∈ F tal que x 6= 0 possui um inverso x−1 , onde
xx−1 = 1. Por comutatividade também temos x−1 x = 1.
Observação 2.2. O conjunto em que está definida apenas uma dessas operações é chamado
grupo abeliano.
Em um corpo F temos, então, que as duas operações se relacionam, de onde surge o axioma
a seguir.
(y + z)x = yx + zx.
8
Segue da existência do simétrico que dados x, y ∈ F , existe −y ∈ F e a soma x+(−y) = c,
tal que c ∈ F , será indicada por x − y = c que é uma operação chamada de subtração, e c será
chamado de diferença entre x e y.
p
Exemplo 2.1. Q = | p, q ∈ Z e q 6= 0 é um corpo munido das operações de adição e
q
multiplicação e é conhecido como conjunto dos números racionais.
Esses axiomas de corpo também são conhecidos como axiomas de Peano. Mostraremos
agora as particularidades referentes a eles:
x+a =x
(x + a) − x = x − x
(a + x) − x = 0
a + (x − x) =0
a+0 =0
a = 0.
x+y =0
(x + y) − x = 0 − x
(y + x) − x = −x
y + (x − x) = −x
y+0 = −x
y = −x.
Segue então que é válida a lei do corte para a adição, ou seja, sejam x, y, z ∈ F então
x + z = y + z se, e somente se, x = y.
9
De fato, pois
(⇒)
x+z =y+z
(x + z) − z = (y + z) − z
x + (z − z) = y + (z − z)
x+0 =y+0
x = y.
(⇐)
x =y
x+z = y + z.
xz = yz
x z
=
y z
x
=1
y
x = y.
E de xy = 1, teremos que x, y 6= 0,
xy =1
xyy −1 = y −1
x = y −1 .
10
2.1 Corpo ordenado
Definição 2.2. (Corpo ordenado) Corpo ordenado é um corpo F , no qual existe um subconjunto
P ⊂ F , chamado o conjunto dos elementos positivos de F tal que:
(P1) A soma e o produto de elementos positivos são positivos. Logo a operação é fechada e se
x, y ∈ P , então x + y, xy ∈ P ;
F = P ∪ (−P ) ∪ {0},
Além disso, dados dois elementos x, y tais que x, y ∈ F , sendo F um corpo ordenado,
Dados x, y ∈ F tais que x < y então sendo F um corpo ordenado, F tem as seguintes
propriedades:
11
i) y − x = 0;
ii) y − x > 0;
iii) y − x < 0.
Para (i) temos que y − x = 0 ⇒ y = x, para (ii) temos y − x > 0 ⇒ y > x e para (iii),
y − x < 0 ⇒ y < x.
O4) Monotonicidade da multiplicação: Se x < y então para z > 0 temos xz < yz e para
z < 0 temos xz > yz.
Demonstração: se x < y e z > 0 então y − x ∈ P e z ∈ P . Sabemos que o produto de
elementos positivos é positivo, então (y − x)z ∈ P e zy − zx ∈ P , logo zx < zy. Com
z < 0 temos que −z > 0 e −z ∈ P , portanto analogamente teremos
(y − x)(−z) ∈ P ⇒ (x − y)z ∈ P ⇒ zx − zy ∈ P . Portanto zy < zx.
Da mesma forma, se 0 < x < y e 0 < w < z então xw < yz. Além disso, se x > 0 e y < 0,
então xy < 0, mostramos isso da seguinte forma: se x > 0 então x ∈ P e se y < 0 teremos que
−y > 0 e −y ∈ P , deste modo x(−y) > 0 ⇒ −(xy) > 0 ⇒ xy < 0.
(1 + x)1 ≥ 1 + 1x
1+x≥1+x
12
Então, para n = 1 a afirmação é verdadeira. Supomos então que vale para k ∈ N e mostraremos
que vale para o seu sucessor. De fato, tomemos n = k + 1, logo
Como
Definição 2.3. (Valor absoluto) Chamamos de valor absoluto de um número real x, ou módulo
de x, o valor numérico deste número. Indicamos por |x| e definimos como
x , se x ≥ 0,
|x| =
−x , se x < 0.
i) −a ≤ x ≤ a
ii) x ≤ a e −x ≤ a
iii) |x| ≤ a
13
i) c ≥ 0;
Neste caso sabemos que de fato ocorre.
ii) c < 0;
Para c < 0 temos que c2 > 0 e dessa forma
c2 = |c|2 .
Portanto,
√
|c| = c2 .
√ √
Teorema 2.3. Sejam a e b reais positivos, tais que a < b, então a < b.
√ √
Demonstração: Fazemos x = a e y = b, dessa forma
x2 = a e y 2 = b.
logo
y 2 − x2 > 0.
Assim,
y 2 − x2 = (y − x)(y + x) > 0. (2.1)
y − x ∈ P.
E assim
y − x > 0,
logo,
y>x
14
Portanto,
√ √
a< b
|x − a| ≤ b ⇒ −b ≤ x − a ≤ b
⇒a−b≤x≤b+a
−|x| ≤ x ≤ |x|
e
−|y| ≤ y ≤ |y|.
15
−|x| − |y| ≤x+y ≤ |x| + |y|
−(|x| + |y|) ≤ x + y ≤ |x| + |y|
|x + y| ≤ |x| + |y|.
Então temos que |xy| = ±|x| · |y| mas como |xy| e |x| · |y| são não negativos então
|x − z| ≤ |x − y| + |y − z|
Lema 2.1. A hipotenusa de um triângulo retângulo isósceles cujos catetos medem 1 não é
racional.
Demonstração:
h
1
16
Seja h a hipotenusa do triângulo retângulo isósceles, suponhamos por contradição que h seja
um número racional, isto é,
p
h=
q
com p, q primos entre si, com q 6= 0.
Pelo Teorema de Pitágoras sabemos que
h2 = 12 + 12
ou seja,
2
p
=2
q
logo,
p2 = 2q 2 . (2.2)
p = 2k + 1, ∀k ∈ Z.
p2 = 2r + 1
p = 2t, ∀k ∈ Z
(2t)2 = 2q 2
17
dessa forma,
q 2 = 2t2
i) t0 ∈ F ;
i) s0 ∈ F ;
Definição 2.6. (Cota superior) Sejam F um corpo ordenado e A ⊂ F . Diz-se que β ∈ F é uma
cota superior do conjunto A se
a ≤ β, para todo a ∈ A.
Definição 2.8. (Cota inferior) Sejam F um corpo ordenado e A ⊂ F . Diz-se que α ∈ F é uma
cota inferior do conjunto A se
18
α ≤ a, para todo a ∈ A.
x ≤ y.
z ≤ x.
19
Exemplo 2.3. Dados os conjuntos Q e A ⊂ Q, tal que A = {· · · , −3, −2, −1, 0}, então
Exemplo 2.5. Dados os conjuntos Q e A ⊂ Q, tal que A = {· · · , −3, −2, −1, 0}, então
0 1 1 1 1 1
5 4 3 2
0 1 2 3 1
2 3 4
20
Logo, os elementos de A estão ordenados de forma crescente e
1
min A = , cota superior de A = {x ∈ Q | x ≥ 1}, sup A = 1
2
1 1
max A = @, cota inferior de A = x ∈ Q | x ≥ , inf A =
2 2
Exemplo 2.9. Dados os conjuntos Q e A ⊂ Q, tal que A = {x ∈ Q | 1 < x < 2}, então
Já vimos no Lema 2.1 que existem elementos que não pertencem ao conjunto Q dos números
√
racionais, ou seja, ele não consegue preencher todos os pontos da reta pois 2 é um ponto da
√
reta numérica, mas 2 ∈ / Q.
Dessa forma, devemos analisar o exemplo a seguir para compreender o resultado que será
visto porteriormente.
A = {x ∈ Q | x2 < 2 e x > 0}
sabemos pelo Lema 2.1 que A não possui supremo em Q pois não existe um racional x tal que
x2 = 2. Como temos que x > 0 e x ∈ Q, sabemos que
x2 < 2 ou x2 > 2
21
E temos então uma expressão do segundo grau em que o coeficiente do termo de maior grau é
(x2 − 2), que é um número negativo pois x2 < 2, então, existe um n suficientemente grande de
forma que o polinômio seja negativo. É suficiente tomar n maior que a maior raiz do polinômio
e teremos 2
1
x+ <2
n
1
E como x e são racionais positivos, então sua soma também o é e pertence a A e nenhum
n
desses elementos será cota superior de A.
Tomamos agora x ∈ Q tal que x > 0 e x2 > 2, dessa forma x é cota superior de A e podemos
encontrar n ∈ N tal que
2
1
x+ >2
n
como já foi visto podemos tomar essa desigualdade como
E teremos que (x2 − 2) > 0 e existe n ∈ N tal que a desigualdade é satisfeita. Desse modo,
qualquer x ∈ Q tal que x2 > 2 não pode ser cota superior de A e concluimos que A não possui
supremo em Q.
Observação 2.6. O Exemplo 2.10 nos mostra que existem subconjuntos dos números que são
limitados superiormente, porém não possuem supremo. Tal caracteristica nos leva à conclusão
de que o conjunto Q não é completo.
Iremos então introduzir o corpo dos números reais pelo seguinte postulado:
Postulado de Dedekind Existe um corpo ordenado R, chamado corpo dos números reais,
com Q ⊂ R, tal que todo subconjunto não vazio de R, limitado superiormente, possui supremo
em R.
22
x ≤ a, para todo a ∈ A
e
Considere −A o seguinte
−A = {−a | a ∈ A}.
Segue de (2.3) que −A é limitado superiormente e −x é cota superior de −A, assim, pelo
postulado de Dedekind, −A possui supremo. Daí segue que sup(−A) = − inf(A).
Mostremos que de fato isso acontece.
Faremos sup(−A) = α, então α ≥ −a e −α ≤ a para todo a ∈ A, logo −α é cota inferior de
A. Para que −α seja o infimo, devemos mostrar que ele é a maior das cotas inferiores.
Seja β uma cota inferior de A, ou seja, β ≤ a, para todo a ∈ A. Da mesma forma que −β ≥ −a,
para todo a ∈ A e −β será cota superior de −A. Logo, −β ≥ α e β ≤ −α, ou seja −α será
a maior das cotas inferiores de A. Portanto, todo conjunto limitado inferiormente, diferente do
vazio, possui ínfimo.
Proposição 2.3. (Propriedade Arquimediana) Dados números reais 0 < a < b, existe um
número natural n de forma que b < an.
Demonstração: Queremos mostrar que dados números reais 0 < a < b, existe um número
natural n tal que b < an. Para isso vamos supor por contradição que an ≤ b, para todo n ∈ N.
Isso implicaria que o conjunto A = {an | n ∈ N} seria limitado superiormente e possuiria
supremo, que indicaremos por α. dessa forma an ≤ α, para todo n ∈ N. Mas se estamos
trabalhando com n ∈ N então o seu sucessor (n + 1) também vai existir e (n + 1)a ≤ α. Logo
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(n + 1)a ≤ α
an + a ≤ α
an ≤ α − a.
Dessa forma encontramos que A é limitado superiormente por α − a o que é uma contradição
pois afirmamos que A era limitado superiormente por α. Logo b < an.
Teorema 2.5. O conjunto Q dos números racionais e o conjunto R−Q dos números irracionais
são ambos densos em R.
Demonstração: Veremos primeiramente que Q é denso em R, para isso sejam a, b ∈ R tais que
a < b, então b − a > 0. Segue da propriedade Arquimediana que existe um número natural q
tal que q(b − a) > 1, então qb − qa > 1.
O que nos diz que o intervalo (qa, qb) possui comprimento maior que 1, logo existe p ∈ Z tal
p p
que qa < p < qb o que implica que a < < b, portanto, para todo a, b ∈ R, existe ∈ Q tal
q q
p
que a < < b, logo existe um racional entre dois números reais e Q é denso em R.
q
Resta mostrar que R − Q é denso em R, novamente consideramos o intervalo (a, b) e vamos
24
Capítulo 3
Sequências Numéricas
As séries numéricas podem ser usadas para obter valores funcionais de uma certa função
f (x), portanto é necessário que saibamos interpretá-los, para saber seu significado preciso.
Definição 3.1. Sequência numérica (ou sucessão numérica) é uma função definida no conjunto
dos números naturais e tomando valores reais, em que cada n natural associa a um número
real.
a: N −→ R
n −→ a(n)
Observação 3.1. O valor de a(n) será representado por an e será denominado de n-ésimo
termo ou termo geral da sequência, onde n é a ordem do termo em questão.
25
1 1 1 1 1
Exemplo 3.1. 1, , , · · · possui como termo geral an = e 1, , , · · · é seu conjunto
2 3 n 2 3
de valores.
Exemplo 3.2. A sequência (1, −1, 1, −1, 1, −1, · · · ) tem como termo geral an = (−1)n+1 e
seu conjunto de valores é {−1, 1}.
Definição 3.2. Dizemos que uma sequência (an ) é limitada quando o conjunto de seus termos
é limitado, ou seja, existem K e M , números reais, tais que K ≤ an ≤ M para todo n ∈ N.
an ≤ M, ∀n ∈ N.
ii) Limitada inferiormente quando o conjunto dos seus termos a(N) é limitado
inferiormente, ou seja, existe um número real K tal que
K ≤ an , ∀n ∈ N.
iii) Limitada quando é limitada superiormente e inferiormente, ou, se existe k > 0 tal que
Exemplo 3.3. A sequência (an ) = 3, para todo n ∈ N tem como conjunto dos seus termos
a(N) = {3}.
Exemplo 3.4. A sequência (an ) = n, para todo n ∈ N tem o conjunto dos seus termos
a(N) = {1, 2, 3, · · · }
26
Exemplo 3.5. A sequência (an ) tal que o conjunto de seus termos é dado por
an ∈ Vε (L)
−ε < an − L < ε
Definição 3.5. (Sequência convergente) Dizemos que a sequência (an ) é convergente se lim an
existe, e é finito.
27
lim an = L1 e lim an = L2
ε
|an − L1 | < , ∀n ≥ n1 (3.1)
2
analogamente,
ε
|an − L2 | < , ∀n ≥ n2 (3.2)
2
somando (3.1) e (3.2) temos
ε ε
|an − L1 | + |an − L2 | < + =ε (3.3)
2 2
Tomando n0 = max{n1 , n2 } temos que n0 ≤ n, para todo n ∈ N. Desta forma,
|L1 − L2 | = |an − an + L1 − L2 |
= |(an − L2 ) + (L1 − an )|
= |(an − L2 ) + (−1)(an − L1 )|
≤ |(an − L2 )| + |(−1)(an − L1 )|
Assim,
Portanto,
|L1 − L2 | ≤ |an − L1 | + |an − L2 |,
L1 − L2 = 0 ⇒ L1 = L2
28
Exemplo 3.7. Seja an = (−1)n+1 , note que para n = 2k
lim an = 1
para n = 2k + 1
lim an = −1
O Teorema a seguir nos fornece uma importante e interessante propriedade das sequências
convergentes.
Demonstração: Queremos mostrar que, dada uma sequência convergente ela será limitada.
Para isso, seja (an ) uma sequência convergente com lim an = L, então para qualquer ε > 0,
existe n0 ∈ N, tal que |an − L| < ε para todo n > n0 .
Mas temos que, utilizando o conceito de vizinhança,
Ou seja, a partir de um índice n a sequência (an ) é limitada pela direita por L+ε e pela esquerda
por L − ε. Resta agora mostrar que a sequência também será limitada para m < n, de fato, para
isto temos uma sequência finita de números tais que,
a1 , a2 , · · · , am < an
X = {a1 , a2 , · · · , am , L − ε, L + ε}
B ≤ an ≤ A.
29
Exemplo 3.8. A sequência constante (a, a, a, · · · ), em que an = a, para todo n ∈ N, é
convergente e seu limite é o próprio a. Basta observar que, para qualquer ε > 0, temos que
lim an = a
n→∞
|an − a| = |a − a| = 0 < ε, ∀n ∈ N
1
Exemplo 3.9. Para a sequência an = temos que
n
lim an = 0.
n→∞
De fato, usando a Propriedade Arquimediana, para um dado 0 < ε < 1 temos que existe n0 ∈ N
tal que
n0 ε > 1
nε ≥ n0 ε > 1
logo,
nε > 1, ∀n ≥ n0
assim,
1
< ε, ∀n ≥ n0
n
Portanto,
1
− 0 = 1 < ε, ∀n ≥ n0
n n
e lim an = 0
n→∞
(−1)n
Exemplo 3.10. Mostrar que lim =0
n→∞ n
Note que
(−1)n (−1)n 1
n − 0 = n = n
30
3.3 Propriedades Operatórias de Limites
Propriedade 3.3.1. Se (an ) e (bn ) são duas sequências convergentes, então a sucessão (an +bn )
é convergente e
lim(an + bn ) = lim an + lim bn .
ε
|an − a| < , ∀n ≥ n1
2
e
ε
|bn − b| < , ∀n ≥ n2 .
2
lim(an + bn ) = a + b.
Por definição de limite temos que isso implica que dado ε > 0, existe n ∈ N tal que
ε ε
|(an − a) + (bn − b)| ≤ |an − a| + |bn − b| < + =ε
2 2
onde n0 = max{n1 , n2 }.
Portanto, (an + bn ) é convergente e
Observação 3.3. Se (an ) e (bn ) forem divergentes, (an + bn ) pode, ou não, divergir.
31
Teorema 3.3. (Regra do sanduíche) Sejam an ≤ cn ≤ bn para todo n ∈ N. Se lim an =
lim bn = A então lim cn = A.
Demonstração: Dado ε > 0, existe n1 , n2 ∈ N tais que |an − A| < ε, para todo n > n1 , então
por definição de vizinhança temos que
logo, an ∈ (A − ε, A + ε).
De modo análogo encontramos que bn ∈ (A − ε, A + ε).
Como por hipótese temos que an ≤ cn ≤ bn , mas A − ε < an e bn < A + ε, logo
A − ε < an ≤ cn ≤ bn < A + ε.
Portanto,
A − ε < cn < A + ε, ∀n > n1
Propriedade 3.3.2. Se (an ) e (bn ) são duas sequências convergentes, então a sequência (an ·bn )
é convergente e
lim(an · bn ) = lim an · lim bn .
|an bn − ab| = |an bn − abn + abn − ab| ≤ |an bn − abn | + |abn − ab|
32
|an bn − abn | + |abn − ab| = |bn (an − a)| + |a(bn − b)|
= |bn | · |an − a| + |a| · |bn − b|.
Sabendo que (bn ) é convergente, então é limitada e existe k > 0 tal que |bn | < k,
|bn | ≤ k, ∀n ∈ N.
Como assumimos que, dado ε > 0, e lim an = a, lim bn = b então existem n1 , n2 ∈ N tais que
ε
k|an − a| ⇒ |an − a| < , ∀n ≥ n1
2k
e
ε
|a| · |bn − b| ⇒ |bn − b| < , ∀n ≥ n2 .
2 · |a|
Assumindo a 6= 0 e n > n0 = max{n1 , n2 },
ε ε
|an bn − ab| ≤ |bn | · |an − a| + |a| · |bn − b| < k + |a| · =ε
2k 2 · |a|
portanto,
|an bn − ab| < ε.
e portanto
lim(an bn ) = ab = lim an · lim bn .
Propriedade 3.3.3. Caso a sequência (bn ) seja constante, indicamos ela por b e a sequência
(b · an ) é convergente para toda sequência an convergente, e
lim(b · an ) = b · lim an .
33
Demonstração: Segue da Propriedade 3.3.2 que considerando (bn ) uma sequência constante em
que bn = b, para todo n ∈ N. Então, de fato, a sequência é convergente e
lim(b · an ) = b · lim an .
Propriedade 3.3.4. Se (an ) é uma sequência convergente, então a sequência |an | é convergente
e
lim |an | = | lim an |.
Demonstração: Tomemos lim an = a, temos então que pela segunda desigualdade triangular,
Sabemos que (an ) é convergente, pois lim an = an e por consequência temos que (|an |) é
convergente, e por definição
||an | − |a|| < ε, ∀n > n0
e
lim |an | = |a| = | lim an |.
Observação 3.5. A recíproca da Propriedade 3.3.4 não é verdadeira, ou seja, se (|an |) não
implica que (an ) é convergente.
|an | = 1, ∀n ∈ N
Logo, (|an |) é constante, portanto convergente, mas a sequência (an ) não converge.
Propriedade 3.3.5. Se (an ) é uma sequência convergente então lim an = 0 se, e somente se,
lim |an | = 0.
Demonstração:
(⇒)
34
Sabemos que lim(an ) = 0, então existe n0 ∈ N tal que
|an − 0| < ε, ∀n ≥ n0 .
||an | − 0| < ε, ∀n ≥ n0 .
||an | − 0| < ε, ∀n ≥ n0
Propriedade 3.3.6. Se (an ) for uma sequência que converge para a 6= 0 então existem n0 ∈ N
e k > 0 tais que |an | > k para todo n ≥ n0
Demonstração: Como lim an = a 6= 0 então dado ε > 0 um valor aleatório e positivo, diremos
|a|
que ε = , logo existe n0 ∈ N tal que,
2
|a|
|an − a| < , ∀n ≥ n0 .
2
Mas, pela segunda desigualdade triangular sabemos que
Portanto,
|a|
||an | − |a|| < , ∀n ≥ n0 ,
2
que podemos escrever da seguinte forma
|a|
||a| − |an || < , ∀n ≥ n0 .
2
35
Daí segue que
|a| |a|
− < |an | −|a| < , ∀n ≥ n0
2 2
|a| |a|
|a| − < |an | < |a| + , ∀n ≥ n0
2 2
|a| |a|
< |an | < 3 , ∀n ≥ n0 .
2 2
|a| |a|
Mas > 0, então 0 < < |an |, para todo n ≥ n0 .
2 2
Observação 3.6. Esta afirmação é idêntica à afirmação de que dada uma sequência convergente,
ela será limitada, que foi vista no Teorema 3.3.
Propriedade 3.3.7. Se (an ) é uma sequência convergente tal que an 6= 0 para todo n ∈ N e
lim an = a 6= 0, então
1 1
lim =
an lim an
Demonstração: Notemos que
1 1 a − an (−1)(an − a) an − a |an − a|
− =
an a an · a =
=
an · a = |an | · |a| (3.4)
an · a
|a|
Usando o fato de que lim an = a 6= 0, logo |a| > 0 implica que > 0 e existe n1 ∈ N tal que
2
|a|
|an | > , ∀n ≥ n1 .
2
Mas, por definição, sabemos que dado ε0 > 0, existe n2 ∈ N tal que
|an − a| < ε0 , ∀n ≥ n2 .
|a|2
Fazendo ε0 = ε, que será um número positivo, teremos que
2
|a|2
|an − a| < ε, ∀n ≥ n2 ,
2
36
portanto, tomando n0 = max{n1 , n2 } temos
− = |an − a| < 2|an − a| < ε, ∀n ≥ n0 .
1 1
an a |an | · |a| |a|2
1 1
Logo, − < ε, para todo n ≥ n0 então
an a
1 1 1
lim = = .
an a lim an
37
a−b
Como ε é um valor qualquer, maior que zero, estimamos que ele seja , que é um número
2
positivo pois supomos que a > b.
Portanto
a−b a−b
|an − a| < , ∀n > n1 e |bn − b| < , ∀n > n2 . (3.5)
2 2
Desde que
a − b = a − an + an − b
a − an + an − b ≤ a − an + bn − b.
|a − an + bn − b| ≤ |a − an | + |bn − b|.
Observação 3.7. Notemos que a recíproca do Teorema 3.2 não é verdadeira, ou seja, basta
verificar que uma sequência não é limitada para concluir que ela não é convergente.
38
3.4 Limites Infinitos
Definição 3.6. Seja dada uma sequência (xn ) de números reais, dezemos que xn tende para
infinito (lim xn = ∞) quando para todo um número real qualquer a > 0 podemos encontrar
n0 ∈ N de forma que
xn > a, ∀n > n0 ,
c < yn , ∀n ∈ N.
E existe n0 ∈ N tal que xn > A − c para todo n > n0 , deste modo, somando as desigualdades
teremos que xn + yn > A − c + c = A, logo lim(xn + yn ) = ∞.
Propriedade 3.5.2. Se lim xn = +∞ e existe c > 0 tal que yn > c para todo n ∈ N, então
lim xn · yn = ∞.
Demonstração: Seja A > 0 então existe n0 ∈ N tal que
A
xn > , ∀n > n0
c
A
e segue da hipótese que yn > c, logo xn yn > c = A para todo n > n0 , portanto
c
lim(xn yn ) = ∞.
1
Propriedade 3.5.3. Seja xn > 0 para todo n. Então lim xn = 0 se, e somente se, lim = ∞.
xn
Demonstração:
(⇒) Primeiramente supomos que lim xn = 0. Dado A >0, então existe n0 ∈ N tal que
1 1 1
0 < xn < , para todo n > n0 , portanto > A. Logo lim = ∞.
A xn xn
39
1 1 1
(⇐) Da mesma forma, se lim = ∞, dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que > , para
xn xn ε
todo n > n0 , deste modo 0 < xn < ε e lim xn = 0.
Propriedade 3.5.4. Sejam (xn ) e (yn ) sequências de números positivos, então se existe c > 0
xn
tal que xn > c para todo n e se lim yn = 0 tem-se lim = ∞.
yn
c
Demonstração: Dado A > 0, existe n0 ∈ N tal que 0 < yn < , para todo n > n0 , então
xn c xn A
> c = A. Logo lim = ∞.
yn A
yn
Propriedade 3.5.5. Sejam (xn ) e (yn ) sequências de números positivos, então se (xn ) é limitada
xn
e lim yn = ∞ então lim = 0.
yn
Demonstração: Existe k > 0 tal que xn < k para todo n ∈ N. Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal
k xn k
que yn > , para todo n > n0 . Dessa forma 0 < < k = ε, e assim
ε yn ε
xn
lim = 0.
yn
a1 = 1 a2 = 1 a3 = 2
a4 = 2 a5 = 3 a6 = 4 · · ·
40
Assim podemos ver que
a1 ≤ a2 ≤ a3 ≤ a4 ≤ a5 ≤ a6 ≤ · · ·
1 2
a1 = 0 a2 = a3 =
2 3
3 4 5
a4 = a5 = a6 = ···
4 5 6
E a sequência é crescente.
1 1 1 1 1 1
Exemplo 3.14. Uma sequência 1, 1, , , , , , , · · · é não crescente.
2 2 3 3 4 4
De fato, note que
1
a1 = 1 a2 = 1 a3 =
2
1 1 1
a4 = a5 = a6 = ···
2 3 3
a1 ≥ a2 ≥ a3 ≥ a4 ≥ a5 ≥ a6 ≥ · · ·
1 1
a1 = 1 a2 = a3 =
2 3
1 1 1
a4 = a5 = a6 = ···
4 5 6
41
Assim podemos ver que
E a sequência é decrescente.
Temos, por hipótese, que a sequência limitada, então possui ínfimo e supremo (denotaremos
por α = sup{an |∀n ∈ N} e β = inf{an |∀n ∈ N}).
Vamos mostrar primeiramente, para (an ) não decrescente, que β = a1 e α = L1 .
De fato temos que para β = a1 é trivial. Vamos mostrar agora que α = L1 , onde lim(an ) = L1 .
Seja ε > 0, α > α − ε. Isso implica dizer que α − ε não é cota superior de (an ), portanto existe
an0 tal que α − ε < an0 .
Como a sequência é não decrescente, então para todo n > n0 , existe an ≥ an0 . Logo
e
α − ε < an < α + ε.
lim an = α = L1
Analogamente, vamos mostrar para (an ) não crescente que α = a1 e inf(a(N)) = L2 . Temos
que α = a1 é trivial. Vamos mostrar então que β = L2 , onde lim an = L2 .
Seja ε > 0, temos que β + ε > β. Isso implica dizer que β + ε não é uma cota inferior de (an ),
portanto, existe n0 ∈ N tal que an0 < β + ε.
42
Como a sequência é não decrescente, então para todo n > n0 , existe an ≤ an0 . Logo
e
β + ε > an > β − ε.
lim an = β = L2
Podemos concluir dos Teoremas 3.2 e 3.4 que uma sequência (an ) monótona é convergente
se, e somente se, é limitada, que é conhecido como Teorema da Sequência Monótona.
3.7 Subsequências
Definição 3.8. Seja X = (an ) uma sequência e n = (nk ) uma sequência crescente de números
naturais
n1 < n2 < · · · < nk < · · ·
Então a sequência
43
Exemplo 3.17. Dada uma sequência (an ) tal que an = (−1)n−1 , então tomando nk = 2k
teremos a subsequência (a2k ) onde a2k = (−1, −1, · · · , −1) e também, tomando nk = 2k + 1
teremos a subsequência (a2k+1 ) onde a2k+1 = (1, 1, · · · , 1).
Como o subconjunto dos indices de uma subsequência é infinito, então existe ni > n0 tal que
Portanto,
lim ani = L.
Corolário 3.1. Uma sequência que possui duas subsequências convergindo para limites
distintos é divergente.
Demonstração: Afirmamos, por contradição, que a sequência (an ) é convergente e que as
sequências (anj ) e (ank ) são subsequências de (an ) e convergem para limites distintos, ou seja,
Onde L1 6= L2 , o que é uma contradição, pois afirmamos que (an ) é convergente e pela
Proposição 3.1 sabemos que se uma sequência é convergente então todas as suas subsequências
convergem para o mesmo limite. Portanto (an ) é divergente.
Definição 3.9. Diz-se que L é o valor de aderencia da sequência (an ) se existir uma
subsequência (ank ) tal que
lim ank = L.
nk →∞
(1, 1, 1, 1, · · · )
44
então a2k converge para 1.
Se tomarmos nk = 2k + 1 teremos
Corolário 3.2. Uma sequência limitada de números reais (an ) é convergente se, e somente se,
possui um único valor de aderência.
Demonstração:
(⇒) Se a sequência (an ) converge, então o valor de aderência é único.
De fato, se a sequência (an ) converge então existe L tal que lim an = L. Sabendo que (ank ) é
uma subsequência de (an ) e
lim ank = L.
nk →∞
Logo existe ε > 0 tal que |ank − L| < ε para todo nk > n0
Supomos que exista L1 tal que lim ani = L1 e L 6= L1 então pelo Corolário 3.1 a sequência
(an ) seria divergente, o que contraria a hipótese.
(⇐) Se o valor de aderência é único, então a sequência (an ) converge.
Sabendo que L é único, então
lim ank = L
nk →∞
Supomos então que (an ) diverge, para isso existem duas subsequências (ani ) e (anj ) tais que
Mas como por hipótese o valor de aderência é único, então L1 = L2 e temos duas subsequências
convergindo para o mesmo limite. Portanto (an ) é convergente.
Teorema 3.5. Toda sequência possui ou uma subsequência não crescente, ou uma subsequência
não decrescente, ou ambas.
Demonstração: Seja (an ) uma sequência e
45
Um subconjunto de N e supomos que A não é limitado superiormente (por ser um subconjunto
de N). Logo A possui elementos da forma
{k1 , k1 + 1, k1 + 2, · · · } = {k1 , k2 , k3 , · · · }
não pertencem a A mas também formam uma subsequência de N de tal forma que
Segue do Teorema 3.5 que (an ) possui uma subsequência não crescente ou uma subsequência
não decrescente ou ambas. Estudaremos então estes casos.
Se a subsequência for decrescente, e como ela é limitada, então ela convergirá para o ínfimo.
Da mesma forma se a sequência for não decrescente ela convergirá para o supremo. Portanto,
em todas as situações as sequências serão convergentes.
46
(a) Se r = 0, a sequência será constante, (0, 0, 0, · · · ), e, portanto, convergirá para 0.
(c) Se r = −1 a, sequência será (−1, 1, −1, 1, · · · ) divergente. Pois ela contém duas
subsequências convergentes: (1, 1, 1, · · · ), quando n = 2k e (−1, −1, −1, −1, · · · )
quando n = 2k − 1, k ∈ N.
e assim (an ) é decrescente e limitada inferiormente por 0. Daí, concluímos que (rn )
converge.
Seja L o seu limite. Como (rn ) converge, (rrn ) também convergirá e
ou
lim rn+1 = rL
e como (rn+1 ) também converge para L (observe que (rn+1 ) é subsequência de uma
sequência convergente), teremos L = rL e assim (1 − r)L = 0. Mas 1 − r 6= 0, pois
r < 1, e então L = 0. Portanto, se 0 < r < 1 a sequência (rn ) converge para 0.
(e) Se r < 0 a sequência será oscilante, como ocorre em (c), ou seja, os termos de ordem
ímpar serão negativos e os termos de ordem par serão positivos.
(f) Suponhamos que r > 1. Desse modo, r = 1 + h, para algum h > 0. Pela Desigualdade
de Bernoulli, temos
rn = (1 + h)n ≥ 1 + nh.
Portanto é divergente.
47
3.9 Sequência de Cauchy
Definição 3.10. Dizemos que uma sequência de números reais (an ) é chamada sequência de
Cauchy se, dado ε > 0, existir n0 ∈ N tal que
1
Exemplo 3.19. Tomando a sequência (an ) onde an = queremos mostrar que (an ) é uma
n
sequência de Cauchy.
Devemos mostrar que dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que
1
− 1 < ε, ∀n, m ≥ n0 .
n m
1
Convencionamos que 0 < ε < 1 e pela Propriedade Arquimediana 1 < εn0 , logo n0 > .
ε
1 1 1
Como n ≥ n0 temos que n ≥ n0 > e por transitividade n > , daí < ε.
ε ε n
1
De modo análogo < ε. Portanto
m
1
− ≤ 1 + 1 < ε + ε = 2ε, ∀n, m ≥ n0 .
1
n m n m
Lema 3.1. Se uma sequência de Cauchy (an ) possui uma subsequência convergindo para a ∈ R
então lim an = a.
Demonstração: Queremos mostrar que se uma subsequência converge para a, então a sequência
também converge para a.
ε
De fato, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |am − an | < , para todo m, n > n0 . Como sabemos
2
que existe uma subsequência que converge para a, então podemos escrever
ε
|an1 − a| < , ∀n1 > n0
2
E, pela desigualdade triangular
ε ε
|an − a| ≤ |an − an1 | + |an1 − a| < + = ε, ∀n > n0
2 2
Logo, |an − a| < ε, para todo n > n0 . Portanto
lim an = a.
48
Proposição 3.2. Toda sequência de Cauchy é limitada.
Demonstração: Seja (an ) uma sequência de Cauchy, então tomando ε > 0, existe n0 ∈ N tal
que n > n0 , logo
|an − an0 +1 | < ε ⇒ an0 +1 − ε < an < an0 +1 + ε.
min A ≤ an ≤ max A, ∀n ∈ N.
Teorema 3.7. Uma sequência (an ) é convergente se, e somente se, é de Cauchy.
Demonstração:
(⇒) Se (an ) é Convergente, então (an ) é de Cauchy.
Supondo que (an ) é uma sequência convergente com lim an = L. Então para todo ε > 0, existe
n0 ∈ N tal que
ε
|xn − L| < , ∀n > n0 .
2
Assim para todo m, n > n0
|xm − xn | = |xm − L + L − xn |
ε ε
|xm − L + L − xn | ≤ |xm − L| + |L − xn | < + =ε
2 2
Por fim, temos que
|xm − xn | < ε
Logo, se uma sequência (an ) é convergente, ela é de Cauchy. Resta mostrar então que toda
sequência de Cauchy é convergente.
(⇐) Se (an ) é de Cauchy, então (an ) é convergente.
Seja (an ) uma sequência de Cauchy, sabemos que ela é limitada, pela Proposição 3.2, e que
existe uma subsequência convergente, pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass.
Supondo que lim ani = a. Vamos mostrar que lim an = a. Portanto, seja ε > 0, então
ε
i) lim ani = a e existe n1 tal que |ani − a| < , para todo ni > n1
2
49
ii) Se (an ) é uma sequência de Cauchy, então existe n2 , para todo m, n > n2 tal que
ε
|am − an | < .
2
ε ε
|an − ani + ani − a| ≤ |an − ani | + |ani − a| < + =ε
2 2
50
Capítulo 4
Séries Numéricas
Após o estudo das sequências e tendo em mente os resultados que foram obtidos do capítulo
anterior daremos início ao estudo de série, ou ainda, série infinita, que surgiu da tentativa
de generalizar o conceito de soma para uma sequência de infinitos termos. Apresentaremos
alguns resultados básicos para verificarmos a convergência e a divergência de séries, assim
como exemplificar os mesmos.
Definição 4.1. Uma série infinita, ou simplesmente série, é um par de sequências reais (an ) e
(sn ) cujos termos estão ligados pelas relações
s1 = a1
s2 = a1 + a2
s3 = a1 + a2 + a3
..
.
s m = a1 + a2 + a3 + · · · + am .
Ou seja,
n
X
sn = ak ,
k=1
onde (an ) é a sequência de termos da série, an é o termo geral e sn a soma parcial das reduzidas.
Notação:
∞
X X
ak ou ak .
k=1
51
∞
X
Definição 4.2. Dada uma série an , se a sequência das somas parciais (sn ) convergir para
n=1
s diremos que a série converge, isto é
n
X ∞
X
s = lim sn = lim ak = an .
n→∞ n→∞
k=1 n=1
Caso a sequência das somas parciais não convirja, diremos que a série diverge.
∞
X
Exemplo 4.1. (Série Geométrica) Dada a série rn , denominada série geométrica,
n=0
estudaremos as diferentes situações para r.
sn = 1 + r + r 2 + r 3 + · · · + r n .
Notemos que sn é a soma dos termos de uma progressão geométrica de razão r, dessa forma
1 − rn+1
sn = 1 + r + r 2 + r 3 + · · · + r n = .
1−r
Assim,
1 − rn+1
lim sn = lim
1−r
rn+1
1
= lim −
1−r 1−r
n+1
1 r
= lim − lim
1−r 1−r
Desde que |r| < 1, então,
rn+1
1
lim sn = lim − lim .
1−r 1−r
Sabemos que |r| < 1, logo, 0 ≤ r < 1 e dessa forma, quanto maior for o valor de n, menor será
o valor de rn+1 , logo
rn+1
lim =0
1−r
1
lim sn = −0
1−r
1
= .
1−r
rn é convergente para |r| < 1.
P
Portanto a série
52
• r = 1 teremos
sn = 1 + 1 + 1 + · · · + 1 = n · 1 = n.
rn é
P
Assim, uma vez que a sequência das reduzidas não converge, segue que a série
divergente para r = 1.
• Para r = −1 teremos
X X
rn = (−1)n .
Que é divergente pois, se tomarmos a soma das parciais s2n e s2n+1 teremos
isto é, a sequência das reduzidas possui duas subsequências que tendem para limites distintos,
P n
logo pelo Corolário 4.1 a sequência das reduzidas diverge e assim a série r é divergente
para r = −1
• Para |r| > 1 analisaremos caso r > 0, então a sequência (sn ), onde sn = rn será crescente
e lim rn = ∞. Caso r < 0 a sequência (sn ) terá termos positivos e negativos, dessa forma
lim rn = ∞ se n = 2k e lim rn = −∞ se n = 2k + 1. Então,
lim rn = ±∞.
Definição 4.3. Diz-se que uma sequência (an ) é telescópica ou de Mengoli se for conhecida
uma outra sequência (un ), com n ∈ N, tal que para todo n ∈ N,
an = un − un+1 .
1 1 1
Exemplo 4.2. an = = − .
n(n + 1) n n+1
53
r
n 1 1
Exemplo 4.3. an = ln = ln(n) − ln(n + 1).
n+1 2 2
Notemos que o termo geral da sequência das somas parciais associado a uma sequência
telescópica (an ) pode ser obtido da seguinte forma:
n
X
sn = ak
k=1
n
X
= (uk − uk+1 )
k=1
= (u1 − u2 ) + (u2 − u3 ) + (u3 − u4 ) + · · · + (un−2 − un−1 ) + (un−1 − un )
= u1 − un+1 .
∞
X 1
Exemplo 4.4. (Série Telescópica) Considere denominada série telescópica,
n=1
n(n + 1)
usando frações parciais temos que
1 1 1
= − = un − un+1 .
n(n + 1) n n+1
= 1.
54
∞
X ∞
X
Demonstração: Queremos mostrar que λan converge se, e somente se, an converge,
n=1 n=1
para isso temos que
X∞ ∞
X
(⇒) Se λan converge então an converge.
n=1 n=1
∞
X
De fato temos que se λan converge, então existe s tal que
n=1
∞
X
s = λan
n=1
= λ(a1 + a2 + a3 + · · · ).
Mas,
∞
X
(a1 + a2 + a3 + · · · ) = an ,
n=1
então,
∞
X
s=λ an .
n=1
∞
X
Portanto a série an é convergente.
n=1
∞
X ∞
X
(⇐) Se an converge então, λan converge.
n=1 n=1
∞
X
De fato, temos que se an converge, então existe s tal que
n=1
∞
X
s = an
n=1
X∞
λs =λ an
n=1
λs = λ(a1 + a2 + a3 + · · · )
λs = λa1 + λa2 + λa3 + · · ·
X∞
λs = λan .
n=1
∞
X
Portanto, como λ é uma constante e λ 6= 0, a série λan é convergente.
n=1
∞
X ∞
X ∞
X
Teorema 4.2. Suponhamos que as séries an e bn convirjam. Então a série (an + bn )
n=1 n=1 n=1
converge.
55
P
Demonstração: Queremos mostrar que a série (an + bn ) converge.
P P
De fato, desde que as séries an e bn convergem, existem s e l tais que
X X
an = s e bn = l.
Dessa forma,
n
X
s = lim sn = lim ak
k=1
e
n
X
l = lim n = lim bk
k=1
então
lim(a1 + a2 + a3 + · · · + an ) = s e lim(b1 + b2 + b3 + · · · + bn ) = l
Dessa forma,
n
X
s = lim sn = lim ak
k=1
e
n
X
l = lim n = lim bk
k=1
então
lim(a1 + a2 + a3 + · · · + an ) = s e lim(b1 + b2 + b3 + · · · + bn ) = l.
56
Assim, temos que
n
X X
r = lim = (an − bn ).
k=1
P
Logo, (an − bn ) é convergente.
P 2
Exemplo 4.5. Seja + 7 arctan(n) − 7 arctan(n + 1) . Verifique a convergência
(−5)n
da série.
Note que
X 2 X 1 X 1 n
=2 =2 − .
(−5)n (−5)n 5
n
P 1 1
Observe que − é uma série geométrica de razão r = − .
5 5
Como
1 1
|r| = − = < 1,
5 5
segue que
1 1 1 1
lim sn = = 1
= 1 = 6
1−r 1 − −5 1+ 5 5
Isto é,
5
lim sn = .
6
Logo, é convergente. Notemos agora que
X
(7 arctan(n) − 7 arctan(n + 1))
Logo,
π π
lim[arctan 1 − arctan(n + 1)] = arctan 1 − =− .
2 2
Logo, pelo Teorema 4.2 a série é convergente.
P P
Observação 4.1. Consideremos as séries an e bn podemos notar que
P P P
• Se an é convergente e bn é divergente, então (an + bn ) é divergente.
57
P
De fato, suponhamos, por absurdo, que cn , onde cn = an + bn é uma série convergente.
Sendo cn = an + bn , segue que
b n = c n − an
logo,
X X X
bn = (cn − an ) = [cn + (−1)an ]
P P
Como cn e an são convergentes teremos que, pelos Teoremas 4.2 e 4.1, a série
X
bn
P P
• Se an e bn são divergentes, nada podemos afirmar sobre a convergência ou
P
divergência da série (an + bn ).
P P
De fato, seja an = 1 e bn = −1, assim as séries an e bn são ambas divergentes, no entando
P
(an + bn ) = 0, portanto é convergente. Agora, tomando an = 1 e bn = 1 teremos as séries
P P P
an e bn ambas divergentes e (an + bn ) = 2, que também é divergente. Logo, nada
P
podemos afirmar com relação à convergência ou divergência da série (an + bn ).
P
Teorema 4.3. Se an é uma série convergente então lim an = 0.
P
Demonstração: Seja sn = a1 + a2 + · · · + an , desde que a série an é convergente, existe s
tal que
s = lim sn
n→∞
e também
s = lim sn−1 .
n→∞
58
X1
Contra-exemplo 1: (Série Harmônica) Dada a série , denominada série harmônica,
n
1
queremos mostrar que seu termo geral , tende para zero mas a série diverge.
n
Temos que a série pode ser escrita da seguinte forma
X1 1 1 1 1
= 1 + + + ··· + + + ···
n 2 3 n n+1
Agruparemos as parcelas de modo conveniente tal que
1 1 1 1 1
1+ + + + ··· + + + ···
2 3 4 n n+1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= 1+ + + + + + + + + + ··· + +···+ + +···
2 3 4 5 6 7 8 9 10 16 n n+1
1
Observe que os termos agrupados são maiores que .
2
De fato, visto que
1 1 1 1 2 1
+ > + = =
3 4 4 4 4 2
1 1 1 1 1 1 1 1 4 1
+ + + > + + + = = .
5 6 7 8 8 8 8 8 8 2
1 1 1 1 1 1 1 1 8 1
+ + ··· + + > + + ··· + + = =
9 10 15 16 16 16 16 16 16 2
Agora sabemos que
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1 + + + + + + + + + + ··· + + ··· +
2 3 4 5 6 7 8 9 10 16 n
1
sn > 1 + n .
2
Então
n
0<1+ < sn .
2
Aplicando o limite temos
n
0 < lim 1 + < lim sn .
2
Mas, sabemos que
n
lim 1 + = ∞.
2
Portanto lim sn não converge para zero, logo a série é divergente.
P 1 1
Contra-exemplo 2: Seja ln 1 + temos que an = ln 1 + , e assim
n n
1
lim an = lim ln 1 + = ln 1 = 0.
n
59
No entanto,
n
X 1
sn = ln 1 +
k=1
k
n
X k+1
= ln
k=1
k
n
X
= [ln(k + 1) − ln k
k=1
= ln(n + 1) − ln 1
= ln(n + 1).
Assim,
lim sn = lim ln(n + 1) = ∞.
P 1
Mostrando que a série ln 1 + é divergente, mas lim an = 0.
n
Corolário 4.2. (Um critério de divergência) Se lim an não existir ou, se existir e for não-nulo,
∞
X
então a série an diverge.
n=1
Demonstração: Primeiramente, se lim an não existir então contraria a definição logo a série não
convirgirá, portanto a série diverge.
Se lim an existe e é diferente de zero então teremos
Mas, como lim an 6= 0, então s1 6= s2 , dessa forma teríamos uma sequência (sn ) convergindo
P
para limites distintos. Portanto an é divergente.
P 1 1
Exemplo 4.6. Tomemos a série cos , sabemos que an = cos , dessa forma aplicando o
n n
limite teremos
1
lim an = lim cos = 1 6= 0.
n
Logo, pelo critério de divergência a série diverge.
60
limitada, isto é, se, e somente se, existe k > 0 tal que a1 + a2 + · · · an < k para todo n ∈ N.
Demonstração: Sendo an ≥ 0, para todo n ∈ N, então
s 1 = a1
s 2 = a1 + a2
s 3 = a1 + a2 + a3
..
.
Dessa forma temos s1 ≤ s2 ≤ s3 ≤ · · · , logo a sequência (sn ) converge se, e somente se, é
limitada.
Teorema 4.5. (Teste da Comparação) Sejam (an ) e (bn ) sequências tais que 0 ≤ an ≤ bn , para
P P
todo n ∈ N. Se a série bn converge então a série an converge.
Demonstração: Sejam Sn e sn as somas parciais
n
X n
X
Sn = bj e s n = aj .
j=1 j=1
0 ≤ sn ≤ Sn .
P
Como bn converge, existe K > 0 tal que Sn ≤ K, para todo n ∈ N e daí, como consequência
da comparação acima, obtém-se
0 ≤ sn ≤ Sn ≤ K,
Corolário 4.3. Sejam (an ) e (bn ) sequências tais que 0 ≤ an ≤ bn , para todo n ∈ N. Se a
P P
série an divergir então a série bn diverge.
P
Demonstração: Sabendo que an é uma série diverge, então
lim an = L1 6= 0.
0 ≤ an ≤ b n
61
lim 0 ≤ lim an ≤ lim bn
0 < L1 ≤ lim bn .
P
Portanto lim bn = L2 6= 0 e a série bn é divergente.
P arctan n
Exemplo 4.7. Seja a série , estude sua convergência.
n(n + 1)
Note que
arctan n π 1
≤ .
n(n + 1) 2 n(n + 1)
Logo, para todo n ∈ N teremos que
X arctan n Xπ 1 πX 1
≤ = .
n(n + 1) 2 n(n + 1) 2 n(n + 1)
P 1
Como sabemos que é a série telescópica, portanto é convergente, temos pelo
n(n + 1)
P arctan n
Teorema 4.5, a série é convergente.
n(n + 1)
P 1 √
Exemplo 4.8. Tomando a série √ , note que n ≤ n, para todo n ∈ N, assim
n
1 1
0≤ ≤ √ , ∀n ∈ N.
n n
P1 P 1
Como diverge então pelo teste da comparação √ diverge.
n n
Exemplo 4.9. Verifique a convergência da série
∞
X 1
.
n=1
n2n
Temos que
X 1
=1
2n
1
é uma série geométrica de razão , então para todo n ≥ 1 teremos
2
1 1
0≤ ≤ .
n2n 2n
P 1
Então, pelo Teste da Comparação, a série é convergente.
n2n
62
4.2.1 Critério de comparação do limite
∞
X ∞
X
Teorema 4.6. Sejam an e bn duas séries, com an > 0 e bn > 0, para todo n ≥ k, onde
n=0 n=0
k é um natural fixo. Supomos que
an
lim =L
n→∞ bn
Então:
∞
X ∞
X
iii) Se L = 0 e se bn for convergente, an também será convergente.
n=0 n=0
an
Demonstração: (i) Segue de lim = L e que L > 0 que existe um ε > 0 tal que
n→∞ bn
an
− L < ε, ∀n ≥ n0
bn
L
Convencionamos ε = , dessa forma
2
an
− L < L , ∀n ≥ n0
bn 2
Pela definição de vizinhança teremos
L an L
− < − L < , ∀n ≥ n0
2 bn 2
L an L
L−< < + L, ∀n ≥ n0
2 bn 2
L an 3L
< < , ∀n ≥ n0
2 bn 2
L 3L
bn < an − L < bn , ∀n ≥ n0 .
2 2
P P P
Logo, pelo critério de comparação, se bn convergir, então an irá convergir e se bn
P
divergir, an irá divergir.
an
(ii)Segue de lim = ∞ que tomando ε = 1, existe p ∈ N tal que p > k, de modo que
bn
an
− ∞ < 1, ∀n > p.
bn
63
Então,
an
> 1, ∀n > p
bn
an > bn , ∀n > p
P P
Portanto, pelo critério de comparação temos que se bn diverge, então an diverge.
an
(iii) Segue de lim = 0 que existe um ε > 0 tal que
n→∞ bn
an
− 0 < ε, ∀n ≥ n0
bn
Assim, pelo Critério de comparação do limite as duas séries ou são ambas convergentes ou
P P 1
ambas divergentes. Sabendo que bn = é uma série telescópica, a qual é
n(n + 1)
P 1
convergente, segue que é convergente.
n2
∞
X
Exemplo 4.11. Verifique a convergência da série ne−n .
n=0
−n 1
, que é convergente pois é uma série geométrica de razão e− 2 < 1.
P
Tomemos a série e 2
Convencionalmente tomamos
n
an = ne−n e bn = e− 2
64
Analisando o limite do quociente abaixo teremos
an n
lim = lim k = 0.
bn e2
P
Portanto, pelo Critério de Comparação do limite, a série an é convergete.
Teorema 4.7. Se f for for uma função positiva definida no intervalo 0 ≤ x < ∞ e decrescente
com lim f (x) = 0, então a série
x→+∞
X
f (n)
converge.
(ii) Diverge se, e somente se, a integral
Z ∞
f (x)dx
1
diverge.
Demonstração: (i) Chamamos
an = f (n)
e Z n+1
bn = f (x)dx.
n
Como f é decrescente
Z n+1 Z n+1
f (n + 1) = f (n + 1)[(n + 1) − n] = f (n + 1)dx ≤ f (x)dx ≤ f (n),
n n
ou seja,
an+1 ≤ bn ≤ an .
P P P
Pelo Teste da Comparação, se an convergeZ ∞ então bn converge. Mas bn converge quando
bn converge, então a integral imprópria f (x)dx converge.
1
(ii) De modo análogo teremos
an+1 ≤ bn ≤ an .
P P
Pelo teste da comparação, se an+1 diverge, então bn diverge.
65
P1
Exemplo 4.12. A série converge ou diverge?
n ln n
1
Tomemos a função f tal que f (n) = para n ≥ 2 e sabemos que f é uma função positiva,
n ln n
contínua e decrescente, portanto, aplicando o critério da integral teremos
Z α
1
dn = [ln(ln n)]α2 = ln(ln α) − ln(ln 2).
2 n ln n
Z ∞
1
Como lim ln(ln α) = ∞, então dn = ∞ e a série diverge.
α→∞ 2 n ln n
∞
X 1
Exemplo 4.13. Seja α > 1, onde α ∈ R. Estude a convergência da série .
n=2
n(ln n)α
Aplicando o critério da integral tomamos a função
1
f (n) =
n(ln n)α
Então Z β
1 1 1 1
dn = − =0
2 n(ln n)α 1 − α (ln β)α−1 (ln 2)α−1
1
Então, para α > 1 teremos que lim = 0, portanto a série é convergente.
β→∞ (ln β)α−1
Teorema 4.8. Seja (an ) uma sequência não-crescente convergente para 0. Então a série
alternada
X
a1 − a2 + a3 − a4 + · · · ou (−1)n+1 an
66
é convergente.
Demonstração: Para mostrar que de fato a série alternada converge, mostraremos que (s2n )
e (s2n+1 ), que são subsequências de (sn ), convergem para o mesmo limite, desta forma
encontraremos que (sn ) é convergente.
Podemos ver que
s2n+2 − s2n = (a1 − a2 + · · · + a2n−1 − a2n + a2n+1 − a2n+2 ) − (a1 − a2 + · · · + a2n−1 − a2n )
= a2n+1 − a2n+2 ≥ 0.
pois os termos entre parênteses e o a2n são não negativos. Portanto a subsequência (s2n ) é
não-decrescente e limitada superiormente por a1 , então ela converge para s. Da mesma forma
s2n+1 → s.
(−1)n+1 an converge.
P
Então sn → s, ou seja, a série alternada
∞
X (−1)n
Exemplo 4.14. Dada a série , queremos estudar sua convergência.
n=2
ln n
∞
X (−1)n 1
Sabemos que é uma série alternada, onde an = e n ≥ 2. Note que an é
n=2
ln n ln n
decrescente pois,
ln 2 < ln 3 < ln 4 < ln 5 < ln 6 < · · · .
Portanto,
1 1 1 1 1
> > > > > ···
ln 2 ln 3 ln 4 ln 5 ln 6
Dessa forma,
a1 > a2 > a3 > a4 > a5 > a6 > · · · > an−1 > an .
1 P (−1)n
Assim, lim an = lim = 0 e pelo Teorema 4.8 a série é convergente.
ln n ln n
67
4.3.2 Teste da Razão ou de D’Alembert
P
Teorema 4.9. Seja an uma série de termos positivos e para cada n ∈ N consideremos a
an+1
razão .
an
an+1
(i) Se todas as razões são menores do que ou iguais a um número r < 1 então a série
an
converge;
an+1
(ii) Se todas as razões são maiores do que ou iguais 1 então a série diverge.
an
an+1
≤ r < 1, ∀n ∈ N
an
a2 ≤ ra1 ;
a3 ≤ ra2 ≤ r2 a1 ;
a4 ≤ ra3 ≤ r3 a1 ;
..
.
an+1
≥ r > 1, ∀n ∈ N.
an
68
a2 > a1 ;
a3 > a2 > a1 ;
a4 > a3 > a2 > a1 ;
..
.
P
Então 0 < a1 < a2 < a3 < · · · . Daí a sequência (an ) não converge para zero, e assim an
diverge.
Observação 4.2. Se forem iguais a 1 nada se pode afirmar sobre a convergência ou divergência
da série.
P
Corolário 4.4. (Teste da Razão ou de D’Alembert) Seja an uma série de termos positivos
para a qual a sequência an+1
an
converge para um certo limite r. Então
an+1
L−ε< < ε + L, ∀n ≥ n0 .
an
an+1
Mas, como é uma sequência de termos positivos, então
an
an+1
0< < ε + L, ∀n ≥ n0 .
an
Sabemos que 0 ≤ L < 1 e ε > 0 arbitrário, convencionamos que L + ε < 1, portanto pelo
Teorema 4.9 a série converge.
an+1
(ii) Queremos mostrar que uma sequência de termos positivos converge para L com
an
69
0 ≤ L < 1.
De fato, dado ε > 0 existe n0 ∈ N, tal que
an+1
an − L < ε, ∀n ≥ n0 .
an+1
−ε − L < − < ε − L.
an
an+1
+ε + L > > −ε + L.
an
an+1
Como é uma sequência de termos positivos, então
an
an+1
L−ε< < 0.
an
Sabendo que L > 1, tomando ε > 0 tal que L − ε > 1 podemos escrever
Assim,
Como L − ε > 1, temos que (L − ε)k , quando k → ∞, diverge. Logo, pelo Critério de
Comparação, (an0 +k ) é divergente e a série diverge.
(iii) Caso L = 1 nada podemos afirmar pois podem haver séries convergentes e divergentes.
Veremos nos exemplos a seguir.
70
P 1
Exemplo 4.15. (Convergente) Tomemos a série , com p > 1, que sabemos que é
np
1
convergente pois é uma série geométrica e < 1. Vamos analisar de acordo com o teste
n
da razão.
1 1
Sabemos que an = p e que an+1 = , então
n (n + 1)p
1
! p
np
an+1 (n+1)p n
lim = lim 1 = lim = lim =1
an np
(n + 1)p n+1
P1
Exemplo 4.16. (Divergente) Tomemos a série , com p > 1, que sabemos que é divergente
n
pois é a série harmônica. Vamos analisar de acordo com o teste da razão.
1 1
Sabemos que an = e que an+1 = , então
n n+1
!
1
an+1 n+1 n
lim = lim 1 = lim = 1.
an n
n+1
an+1
Podemos concluir dos Exemplos 4.15 e 4.16, quando lim = 1 nada podemos afirmar.
an
P 1
Observação 4.3. Observamos que a série é denominada Série de Dirichlet.
np
Daremos agora exemplos da utilização do teste da raiz para o estudo da convergencia de
séries numéricas.
P 2n
Exemplo 4.17. Dada a série queremos estudar sua convergencia.
n!
n
2 2n+1
De fato, seja an = , temos an+1 = . Dessa forma, aplicando o teste da razão teremos
n! (n + 1)!
2n+1
an+1 (n+1)! 2n+1 n! 2n 2n! 2
lim = lim 2n = n
= n
= = 0 6= 1.
an n!
(n + 1)! 2 (n + 1)n!2 n+1
P 2n
Logo, pelo teste da razão é convergente.
n!
√
n a são menores do que ou iguais a um número r < 1, então a série
(i) se todas as raízes n
converge;
71
√
(ii) se todas as raízes n an são maiores do que ou iguais a 1, então a série diverge.
√
n a
Demonstração: (i) Queremos mostrar que se todas as raízes de n são menores ou iguais a
P
um número L < 1, a série an será convergente.
De fato, temos que
√
n
an ≤ L < 1.
0 < an < Ln , ∀n ∈ N.
√
n a
Demonstração: (i) Queremos mostrar que uma sequência n de termos positivos converge
√
| n an − L| , ∀n ≥ n0 .
√
−ε + L < n
an < ε + L, ∀n ≥ n0 .
72
√
n a
Como n é uma sequência de termos positivos, então
√
0< n
an , ∀n ≥ n0 .
an < (ε + L)n , ∀n ≥ n0 .
Como (ε + L)n é uma série geométricae, por conveniência ε + L < 1, portanto, converge e pelo
P
teste da comparação, an converge.
√
(ii) Queremos mostrar que uma sequência n an de termos positivos converge para L com
L > 1.
De fato, temos que dado ε > 0, existe n ∈ N tal que
√
| n an − L| , ∀n ≥ n0 .
√
−ε + L < n
an < ε + L, ∀n ≥ n0 .
√
1<L−ε< n
an , ∀n ≥ n0
73
n2
P n−1
Exemplo 4.18. Tomemos a série . Vamos analisar sua convergência de acordo
n
com o teste da raiz.
Sabemos que
n2
n−1
an = .
n
Dessa forma,
√ 1
lim n
an = lim(an ) n
" n2 # n1
n−1
= lim
n
n2
n−1 n
= lim
n
n
n−1
= lim
n
n2
(−1)
= lim 1 +
n
−1
= e .
Até o momento, os critérios que foram estudados aplicam-se apenas a séries cujos termos
são positivos. Nesta seção estudaremos séries cujos termos não possuem sinal constante.
P P
Definição 4.5. Uma série an é dita absolutamente convergente se |an | for convergente.
Observação 4.4. Toda série absolutamente convergente é convergente mas nem toda série
convergente é absolutamente convergente.
P (−1)n
Contra-exemplo: Considere a série , usando o Critério de Leibniz prova-se que a
n
n
P (−1) P 1
série é convergente. No entanto, = , que é divergente.
n n
74
Observação 4.5. Toda série convergente que não é absolutamente convergente é dita
condicionalmente convergente.
P
Teorema 4.11. Toda série absolutamente convergente é convergente, ou seja, se |an |
P
convergir então an convergirá.
P
Demonstração: Seja |an | uma série absolutamente convergente então existe um s tal que
X
|an | = s.
P P
Como sabemos que kbn converge então, pelo teste da comparação, |an | é convergente,
P
portanto, pela Definição 4.5, an é absolutamente convergente.
75
Apêndice
Neste apêndice trabalharemos algumas questões que envolvem os assuntos que foram
estudados anteriormente, mostrando como analisar a convergência de diferentes diferentes tipos
de sequências e séries numéricas.
rn
Questão 4.1. Estude a convergência da sequência , onde r > 0.
n!
Solução 4.1. Como queremos estudar a convergência da sequência em questão, e temos
0 < r ≤ 1, então analisaremos três situações:
(i) Para 0 < r < 1 sabemos que fazendo an = rn , teremos an+1 = rn+1 = rrn , logo an+1 < an
e a sequência é decrescente, portanto monótona, e limitada e a sequência (an ) converge. Mas
rn
rn ≤ . Então, pelo teste da comparação, a sequência converge.
n!
1
(ii) Para r = 1 teremos an = , que é decrescente pois
n!
1 1 1 1 1 1
a1 = a2 = = a3 = = =
1! 2! 2 3! 3·2 6
1 1 1 1 1 1 1 1 1
a4 = = = a5 = = = =a6 = = ···
4! 4·3·2 24 5! 5·4·3·2 120 6! 6·5·4·3·2 720
n
1
Logo a1 > a2 > a3 > a4 > a5 > a6 > · · · e é limitada, pois 0 < an ≤ 1, portanto
n!
converge.
√ p √
Questão 4.2. Mostre que a sequência cujos termos são dados por 2, 2 + 2,
√
q p
2 + 2 + 2, · · · , onde an > 0 é convergente e calcule para onde converge.
Solução 4.2. Para mostrar a convergência da sequência basta mostrar que ela é monótona e
limitada. De fato temos que ela é monótona pois
76
√ p √ √
q p
a = 2 a2 = 2 2 a3 = 2 2 2
r1 q
p √ √
a4 = 2 2 2 2 ··· an = 2an−1
Portanto, r q
√ √ √
q
2< 2 2< 2 2 2 < ···
Dessa forma,
a1 < a2 < a3 < · · ·
√
E a sequência é crescente. Além disso, podemos concluir que é limitada inferiormente por 2,
que é seu elemento mínimo.
Como a sequência é crescente, se ela for convergente o limite existirá e ela convergirá para o
elemento máximo da sequência, portanto basta calcular seu limite. Diremos que
lim an = L
Então
lim an = lim an+1
√
Como an+1 = 2an , então
√
lim an = lim 2an
√ 1
lim an = 2 lim an2
L = 2
Dessa forma, segue de lim an = 2 que a sequência será limitada superiormente por 2 e será
convergente.
77
Questão 4.3. Considere a sequência (an ) dada por,
3 √
a1 = e an = 3an−1 − 2, para n ≥ 2.
2
Solução 4.3. Para mostrar que uma sequência é estritamente crescente, verificamos o
comportamento de seus termos de acordo com a ordem crescente de seus indices. Notemos
então que
3
a1 =
2
r r
p √ 3 5
a2 = 3a2−1 − 2 = 3a1 − 2 = 3 −2=
2 2
s r
p √ 5
a3 = 3a3−1 − 2 = 3a2 − 2 = 3 −2
2
v s
u r
p √ u
5
a4 = 3a4−1 − 2 = 3a3 − 2 = 3 3 −2−2
t
2
v v
u u s
u u r
p √ u t 5
a5 = 3a5−1 − 2 = 3a4 − 2 = 3 3 3
t −2−2−2
2
···
Portanto,
a1 < a2 < a3 < a4 < a5 < · · · < an−1 < an
78
Que,
ln n
lim e n =1
E
√
lim n
an = 1
a1 + a2 + · · · + an
lim =a
n
Solução 4.5. Precisamos mostrar que dado ε > 0, existe um n0 ∈ N tal que
a1 + a2 + · · · + an
− a < ε, ∀n > n0
n
ε
Sabemos que por hipótese lim an = a, então dado > 0, existe m0 ∈ N tal que
2
ε
|an − a| < , ∀n > m0
2
ε ε
− < am+1 − a <
2 2
ε ε
− < am+2 − a <
2 2
ε ε
− < am+3 − a <
2 2
..
.
ε ε
− < an − a <
2 2
Somando as n − m0 desigualdades encontramos
ε ε
−(n − m0 ) < (am0 +1 − a) + (am0 +2 − a) + (am0 +3 − a) + · · · + (an − a) < (n − m0 )
2 2
ε (am0 +1 − a) + (am0 +2 − a) + (am0 +3 − a) + · · · + (an − a) ε
− < <
2 n − m0 2
79
(am+1 − a) + (am+2 − a) + (am+3 − a) + · · · + (an − a) ε
< (4.1)
n − m0 2
Portanto,
a1 + a2 + · · · + an
lim =a
n
∞
X sin n
Questão 4.6. Aplicando o teste de Cauchy estude a convergência da série .
n=1
n
Sabendo que
sin n 1
n ≤ n
Temos
1 1 1
|sm − sn | ≤ + + ··· +
n+1 n+2 m
Com m − n parcelas, dessa forma teremos que
1 1 1 1 1 1 m−p
+ + ··· + ≤ + + ··· + =
n+1 n+2 m n+1 n+1 n+1 n+1
80
Tomamos em particular m = n + 1 teremos
m−n 1
= ≤1
n+1 n+1
Daí teremos que
|sm − sn | ≤ 1
|an | < 1.
an < 1.
a2n < an .
Logo,
X X
a2n < an .
Teremos então pelo teste de comparação que se an é convergente, então a2n é convergente,
P P
81
1 2 3 4 5
Solução 4.8. a) Notemos que a soma + + + + + · · · pode ser escrita da seguinte
3 6 11 18 27
maneira
1 2 3 4 n
+ 2 + 2 + 2 + ··· + 2
12
+2 2 +2 3 +2 4 +2 n +2
∞
X n
Daí podemos escrever essa soma como , dessa forma
n=1
n + 2
∞ ∞
X 1 X n
0≤ ≤ 2
n=1
3n n=1 n + 2
∞ ∞
1X1 X n
0≤ ≤
3 n=1 n n=1 n2 + 2
∞
X 1
Mas diverge pois é a série harmônica, portanto, pelo critério de comparação segue que
n=1
n
∞
X n
diverge.
n=1
n2 + 2
1 2 3 4
b) Notemos que a soma − + − · · · pode ser escrita da seguinte maneira
∞
2 20 38 56
X (−1)n−1 n
.
n=1
2(9n − 8)
∞
(−1)n−1 n 1 1 X (−1)n−1 n
Temos que lim = − ou , dessa forma diverge pois a série tende
2(9n − 8) 18 8 n=1
2(9n − 8)
para limites distintos.
1 1 1 1 1 1 m−n
|sm − sn | ≤ + 2 + ··· + ≤ + + ··· + =
n+1 n m n+1 n+1 n+1 n+1
m−n 1
Fazendo em particular m = n + 1 teremos então = ≤1
n+1 n+1
1 1 1
Daí, se tomarmos ε = ou ε < teremos que |sm − sn | ≥ . Logo, pelo critério de Cauchy,
2 2 2
a série é divergente.
82
Note ainda que se
(n + 1)(n − 1)! > (n + 1)(n − 1)
então
1 1
<
(n + 1)(n − 1)! (n + 1)(n − 1)
Desde que n ≥ 2, ou seja
n 1
0< ≤
(n + 1)! (n + 1)(n − 1)
X 1
Note que pelo teste de comparação, basta mostrarmos que converge para
(n + 1)(n − 1)
concluirmos que esta série converge, então
1 1 (n + 1) − (n − 1) 2
− = =
n−1 n+1 (n + 1)(n − 1) (n + 1)(n − 1)
Logo,
1 1 1 1
= −
(n + 1)(n − 1) 2 n−1 n+1
∞ ∞
X 1 1X 1 1
= −
n=2
(n + 1)(n − 1) 2 n=2 n − 1 n + 1
(ln n)0 1
lim 0
= lim = 0
(n) x
∞ n
ln n X ln n
Como lim = 0 < 1, pelo teste da raiz a série converge.
n n=1
n
f) Utilizaremos o teste da razão para verificar a convergência da série
∞
X (−1)n nn
n=3
n!
83
Para isso, temos que
(−1)n nn
an =
n!
Então
(−1)n+1 (n + 1)n+1
an+1 =
(n + 1)!
Aplicando o teste teremos
(−1)n+1 (n + 1)n+1
|an+1 | (n + 1)!
lim = lim (−1)n nn
|an |
n!
(−1)n (−1)(n + 1)n (n + 1)
(n + 1)n!
= lim (−1)n nn
n!
(−1)(n + 1)n
= lim
nn
n
n+1
= lim
n
n
1
= lim 1 +
n
= lim e
∞
X (−1)n nn
Mas como e > 1, então a série diverge.
n=3
n!
g)Queremos verificar a convergência da série
∞
X n
ln
n=1
n+1
Para isso temos que
n
ln = ln n(n + 1)−1 = ln n + ln(n + 1)−1 = ln n − ln(n + 1)
n+1
Podemos então dizer que
∞ ∞
X n X
ln = [ln n − ln(n + 1)]
n=1
n+1 n=1
84
Logo,
sn = −lnn
lim sn = lim(− ln n)
= − ln(lim n)
= −∞
∞
X n
Portanto, sn diverge e a série ln diverge.
n=1
n + 1
√
P P an
Questão 4.9. Mostre que se an ≥ 0 e an converge, então converge.
n
Solução 4.9. Note que n
√
1
an − ≥0
n
√
√ 2 2 an 1
( an ) − + 2 ≥0
2 n
√
1 2 an
an + 2 ≥ ≥0
n n
Aplicando o somatório teremos
X X 1 X 2√an
an + ≥ ≥0
n2 n
P 1
Por hipótese temos que an converge e sabemos que 2 converge dessa forma, pelo critério
√ √ n
P 2 an P an
de comparação converge e converge.
n n
∞
X 1
Questão 4.10. Mostre que a série √ √ diverge.
n=1
n+ n−1
√ √ √ √ √
0< n+ n−1< n+ n = 2 n ≤ 2n
Logo
√ √
0< n+ n − 1 ≤ 2n
1 1
√ √ ≥ ≥0
n+ n−1 2n
85
∞
X 1 X 1 X1
Veja que diverge, pois se converge, então convirgiria, o que é uma
n=1
2n 2n n
X1 X 1
contradição pois a série é a série harmônica e diverge. Logo, diverge. Portanto
n 2n
X 1
√ √ diverge.
n+ n−1
∞
X (2n)!
Questão 4.11. Determine a convergência da série .
n=1
n!n!
Solução 4.11. Para determinar a convergência da série em questão utilizaremos o teste da
razão.
(2n)! (2(n + 1))!
Sabemos que an = , dessa forma, an+1 = . Então, aplicando o teste da
n!n! (n + 1)!(n + 1)!
razão teremos
(2(n+1))! !
an+1 (n+1)!(n+1)!
lim = lim (2n)!
an
n!n!
(2n + 2))! n!n!
= lim ·
(n + 1)!(n + 1)! (2n)!
2(2 + n1 )
= lim =4
1 + n1
an+1
Portanto, como lim = 4 > 1, a série é divergente.
an
∞
X 2 − sin2 (3n)
Questão 4.12. Investigue a convergência da série n + n2 + 1
.
n=1
2
Solução 4.12. Notemos que
2 − sin2 (3n) 2 − (1 − cos2 (3n))
2n + n2 + 1 =
2n + n2 + 1
1 + cos2 (3n)
= n
2 + n2 + 1
2
≤
2n + n2 + 1
2
<
2 + n2
n
2
<
n + n2
2
<
n2
2
<
n(n − 1)
86
Aplicando o somatório teremos
X 2 − sin2 (3n) X 2
2n + n2 + 1 <
n(n − 1)
P 2
Mas é a série telescópica e é convergente, portando, pelo teste de comparação
n(n − 1)
∞
X 2 − sin2 (3n)
n + n2 + 1
é convergente.
n=1
2
∞
X n−1
Questão 4.13. Estude a convergência da série e calcule seu limite.
n=2
n!
n
!
an+1 (n+1)!
lim = lim n−1
an n!
n n!
= lim ·
(n + 1)! n − 1
n
= lim =0
n2 − 1
P X √ an
Questão 4.14. Mostre que se an ≥ 0 e an converge, então converge.
n
Solução 4.14. Note que
2
√ 1
an − ≥0
n
√
√ 2 2 an 1
( an ) − + 2 ≥0
n n
√
1 2 an
an + 2 ≥ ≥0
n n
P X 1
Pela hipótese temos que an converge e sabemos que converge, daí resulta que
n2
X 1 X 2√an
(an 2 ) converge e pelo teste da comparação encontramos que converge,
n √ n
X an
portanto converge.
n
87
Questão 4.15. A série
1 2 1 2 1 2 1
1− + − + − + − + ···
2 3 3 4 4 5 5
tem seus termos alternados e seu termo geral tende a zero. Mostre que ela é divergente. Porque
esse resultado não contradiz o teste de Leibniz?
1 1 2
1> e < ,
2 2 3
1 2 2 1
< e >
3 4 4 4
e assim sucessivamente.
∞
X 1
Questão 4.16. Use frações parciais para mostrar que =1
n=0
(n + 1)(n + 2)
88
1
s0 = 1− 2
1 1 1 1
s1 = 1− + − +
2 2 3 3
1 1 1 1 1
s2 = 1− + − + −
2 2 3 3 4
1 1 1 1 1 1 1
s3 = 1− + − + − + −
2 2 3 3 4 4 5
..
.
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + − + − ··· + −
2 2 3 3 4 4 5 5 n+1 n+2
1 1
Logo, sn = 1 − daí temos que lim sn = lim 1 − = 1, portanto
n+2 n+2
∞
X 1
= 1.
n=0
(n + 1)(n + 2)
89
Referências Bibliográficas
1. LIMA, Elon L. Curso de Análise vol. 1. 14a edição. Rio de Janeiro: Associação Instituto
Nacional de Matemática Pura e Aplicada, 2012;
90