Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Com o objetivo de pensar sobre as possibilidades de contribuição que as formações para
professores em centros culturais, museus e institutos de Arte podem trazer para o
desenvolvimento do ensino de Artes Visuais nas escolas, apresento, parcialmente, a
pesquisa de mestrado que está sendo realizada, a partir das autobiografias artístico-
culturais de docentes. As programações de formação oferecidas para este público pelas
instituições culturais da cidade de São Paulo são vistas pelos professores participantes
como uma possibilidade de laboratório para o desenvolvimento das práticas de
Arte/educação.
PALAVRAS-CHAVE
arte/educação; museu e escola; formação de professores
ABSTRACT
In order to think about the possibilities of contribution that training for teachers in museums
and art institutes and cultural centers can bring to the development of teaching visual arts in
schools, I present, partially, the research of master´s degree being held from the artistic and
cultural autobiographies of teachers. The training programs offered to this public by the
cultural institutions of the city of São Paulo are seen by teachers participating as a possibility
of laboratory for the development of art/education practices.
KEYWORDS
art/education; museum and school; training for teachers
Neste contexto, pode haver um indivíduo que atua como elo entre as duas
instituições. É o professor de Artes que procura alinhavar o que acontece dentro dos
muros da escola com as ações oferecidas pelas instituições culturais. Como uma
costura entre o seu cotidiano profissional e pessoal, já que faz parte de sua vida
frequentar museus.
Chamo de formação continuada afetiva as escolhas que cada um deles faz em prol
de sua autoformação. Quais cursos e quais instituições culturais estes docentes
escolhem para frequentar?; como compõem, o que pesquisam e estudam ao
escolherem qual museu de Arte vão visitar numa manhã de sábado?; qual curso,
palestra, conversa com artista vão privilegiar em uma noite de quinta-feira?; a qual
lançamento de programa, ou material educativo, estarão presentes no próximo mês.
São escolhas!
Vale ressaltar que a busca por este tipo de formação continuada é feita de forma
espontânea, o professor as elege por conta própria, independente das
recomendações de coordenadores e diretores de suas escolas, independente de
dispensa de horas de trabalho.
Atenta ao fluxo entre estes dois espaços e ao dar início à pesquisa de mestrado,
passei, então, a investigar como esta relação, conduzida por professores de Artes
Visuais, pode contribuir para o processo de ensino e aprendizagem desta disciplina.
[...] esse contato com museu acabou me levando para um outro lado,
até em termos de linhas pedagógicas, de pensar coisas diferentes do
que seria uma educação tradicional.
[...] isso foi o grande boom na minha vida, porque até então acho que
eu era uma professorinha bem medíocre, recém-formada, com uma
visão muito limitada. E aí esse curso era orientado pela Ana Mae
Barbosa, era ela que orientava tudo, foi assim, abriu! Foi a luz na
minha vida! Abriu meus caminhos.
É importante ressaltar que Venâncio faz parte do grupo de educadores que estimula
a ampliação das práticas educativas para além dos muros da escola. Da mesma
forma que apostava na potência educacional dos museus, seu mestre, Roquete
Pinto, apostava no potencial do rádio para esta finalidade.
A proposta triangular, sistematizada por Ana Mae Barbosa, que pensa o ensino da
Arte estruturado em diálogo entre o fazer, ler e contextualizar, levou para escolas de
todo o país o uso de imagens em sala de aula (RIZZI, 2003). Uso de imagens
entendido como o fomento para os professores apresentarem aos estudantes,
reproduções e vídeos de objetos e manifestações artísticas, assim como, ampliar as
possibilidades de visitas aos museus e exposições quando possível. Para ela:
Apontamentos finais
Estes indivíduos assumem uma série de papéis: são professores nas escolas; são o
público e os multiplicadores nos museus; se ocupam de toda sorte de aspectos da
infraestrutura de uma visita ao levarem seus estudantes. Além de fazer parte de
suas vidas as formações diversas oferecidas pelas instituições culturais.
Notas
1
A ideia do museu como Laboratório de Arte também foi apresentada por Ana Mae Barbosa, como vemos a
seguir: “Museus são laboratórios de conhecimento de arte, tão fundamentais para a aprendizagem da arte como
laboratórios de química o são para a aprendizagem da Química. Compete aos educadores que levam seus
alunos aos museus estender em oficinas, ateliês e salas de aula o que foi aprendido e apreendido no museu.”
(BARBOSA, 2009, p.13)
2
Trechos transcritos das entrevistas com os cinco professores participantes desta pesquisa, concedidas entre
maio de 2015 e janeiro de 2016.
3
Idem.
4
Trecho transcrito da entrevista com professora participante desta pesquisa, concedida em maio de 2015.
Referências
BARBOSA, Ana Mae. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: Editora C/Arte, 1998.
COUTINHO, Rejane Galvão. A formação de professores de arte. In: BARBOSA, Ana Mae
(org,) Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2003.
RIZZI, Maria Christina de Souza. Caminhos Metodológicos. In: BARBOSA, Ana Mae (org.).
Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2003.
VENANCIO FILHO, Alberto (org.). Francisco Venancio Filho: Um educador brasileiro (1984-
1994). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.