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Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3

Cadernos PDE

I
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1

A ARTE CONTEMPORÂNEA UMA INCÓGNITA A SER REVELADA

Alessandra Siviero Martins ZITO1


Denise Cristina HOLZER2

RESUMO

A elaboração deste estudo parte da necessidade de estimular o aluno a se apropriar


do conhecimento sobre Arte Contemporânea, e refletir sobre sua realidade já que, a
arte não é neutra em relação ao contexto sócio-econômico, político e cultural em que
é criada. Nesse sentido, é importante mencionar que mesmo tendo o seu
fundamento no contexto em que foi produzida, passa a constituir uma nova realidade
gerando um processo de interação e interferência na sociedade. Instigando, assim,a
reflexão do aluno, sobre o lugar da arte contemporânea na atualidade e analisando a
relação existente entre o observador e o objeto observado para que perceba a arte
como uma provocação, espaço de reflexão e de interrogação. A partir desse
embasamento, produzir uma instalação. Esse projeto é direcionado aos alunos do 9º
ano do Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng de Foz do Iguaçu – Pr.

Palavras-chave: Arte - Contemporâneo – Educação - Reflexão – Instalação.

1 INTRODUÇÃO

As reflexões apresentadas nesse artigo têm como temática a arte


contemporânea. Sua escolha deve-se ao fato de que a arte, tanto na escola quanto
na vida é vista predominantemente apenas como a representação do belo, ou seja,
serve apenas para embelezar o ambiente em que se encontra.
Essa dificuldade conceitual, intrínseca ao aspecto teórico e prático, acaba
interferindo na criatividade, na opinião e consequentemente na visão de mundo do
aluno. Diante disso, convencer o educando que vivencia a adolescência sobre a
importância da arte, representa um grande desafio para os educadores, sobretudo,
para aqueles que trabalham com sua perspectiva contemporânea.
Assim, a justificativa para a elaboração deste estudo parte da necessidade
de estimular o aluno a se apropriar desse conhecimento fundamental para refletir

1
Aluna PDE
2
Orientadora do Artigo.
2

sobre sua realidade e também de outros povos já que a arte não é neutra em
relação ao contexto sócio-econômico, político e cultural em que é criada. Nesse
sentido, mesmo tendo o seu fundamento no contexto em que foi produzida, passa a
constituir uma nova realidade gerando um processo de interação e interferência na
sociedade.
É comum perceber-se que a escola, muitas vezes, prioriza o ensino de arte,
através de uma visão histórica se atendo aos movimentos artísticos do passado, a
técnicas reprodutivistas que limitam a criatividade, a capacidade de reflexão crítica
do aluno bem como sua participação efetiva nas situações de aprendizagem trazidas
por suas múltiplas linguagens.
Como consequencia, a Arte Contemporânea fica relegada a segundo plano
na esfera curricular visto que as manifestações artísticas contemporâneas e a arte
híbrida dos tempos atuais geralmente não são sequer citadas no contexto da sala de
aula.
Dessa forma verifica-se uma deficiência no conhecimento dos estudantes
que se mostram despreparados para interagir e dialogar com os artistas atuais. Esse
quadro possibilitou a elaboração do problema que direcionou as discussões
apresentadas a seguir: Qual é a importância do trabalho do arte-educador frente as
discussões contemporâneas da Arte e suas perspectivas sobre o cotidiano do
educando?
O objetivo geral a ser alcançado visa: Propiciar o conhecimento sobre as
transformações geradas pela arte, seu reflexo na sociedade, já que todo artista está
inserido em um tempo, em uma cultura com sua história e suas tradições e a obra
que produz será sempre, de certa forma a expressão de sua época.
Através do estudo da Arte Contemporânea são apresentados os seguintes
objetivos específicos: Analisar a poética de forma particular de alguns artistas;
provocar/instigar a reflexão no aluno sobre o lugar da arte na sociedade atual;
analisar a relação existente entre o observador e o objeto observado para que o
aluno perceba a arte como uma provocação, espaço de reflexão e de interrogação;
produzir uma instalação com alunos do 9º ano do ensino fundamental II e convidar
os pais e a comunidade para contemplar seu trabalho no Colégio Estadual Jorge
Schimmelpfeng em Foz do Iguaçu.
3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ASPECTOS GERAIS DO ENSINO DE ARTE

A arte é um campo de conhecimento científico que passou por inúmeras


mudanças ao longo da história. Em seus primórdios, no período conhecido como
pré-história (5 milhões de anos a.C a 3200 a.C), por exemplo, os povos primitivos
realizavam desenhos e registros nas paredes das cavernas sobre situações e
animais comuns em seu cotidiano, por exemplo, o Bisão (lascaux) comumente
caçado; no Egito (3200 a 1000 a.C) a expressão artísticas retratava aspectos da
religião, as pinturas feitas preservavam traços de frontalidade; séculos mais tarde,
na Europa (séc.XII e XV) foi desenvolvida a arte gótica na qual predominavam
diversos manuscritos ilustrados, entre outras características.
O que se pretende com essa breve retrospectiva é demonstrar que a
expressão artística evolui em conjunto com o próprio homem e suas técnicas,
tomando diversos desdobramentos de acordo com a sociedade analisada, o período
histórico e as formas de expressão desenvolvidas. Portanto, está presente em todas
as nações se desdobrando em muitas linguagens que nos levam a pensar, sentir e
criar.
Barbosa (2002) afirma que a arte é uma manifestação individual
representada pela subjetividade sendo fruto de uma coletividade, portanto, emerge
interrelacionada com outros discursos visuais. Cada obra de certa maneira traz
inserida em si a história que permeia a vida de seu criador, os aspectos econômicos,
históricos e culturais que caracterizam a sociedade em que está inserido, sua
vivência e compreensão de mundo. (TESCH e VERGARA, 2012 p.14).
Frente ao reconhecimento dos inúmeros benefícios trazidos pela a arte, seus
fundamentos teóricos possibilitaram sua inserção na educação básica como
disciplina curricular, assume o status de obrigatoriedade no ensino fundamental II (6º
ao 9º ano) e, optativo em uma das séries do ensino médio. Sua correta abordagem
possibilita que o aluno tenha um desenvolvimento integral em seus aspectos físicos,
motores e intelectuais, contribui para que possam se libertar da condição de
alienação e repressão de seus sentidos na medida em que tem condições de criar
buscando conhecimentos produzidos históricamente ao mesmo tempo em que
constrói seus próprios saberes. (PARANÁ, 2008).
4

Por meio da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71 instituiu no currículo a


Educação Artística, na qual o professor deveria trabalhar suas diversas linguagens.
Contudo, a promulgação da lei efetivou-se sem que fossem tomadas medidas
anteriores que garantissem a formação dos professores o que levou a contratação
de profissionais sem formação inicial e, consequentemente, o ensino teve sua
qualidade reduzida.
Os desdobramentos da Educação paranaense trazem em seu bojo a
necessidade de construção de uma escola emancipadora na qual sejam formados
cidadãos críticos/criativos, capazes de ingressar no mercado de trabalho e exercer
sua cidadania. Como facilitadora desse processo, encontra-se a arte uma vez que
integra a realidade social de todos os cidadãos, ao mesmo tempo em que, estrutura
a sociedade possibilitando a expressão social e espiritual do homem. Isso se torna
possível por meio da utilização de seus sentidos para transcender sua própria
condição humana e histórica. (PARANÁ, 2008).
Ao caracterizarem a importância de seu ensino, Tesch e Vergara concluem:

Tratar a arte como conhecimento é fundamental para promover o


desenvolvimento cultural dos alunos [...] a arte é um componente curricular
com conteúdos próprios ligados à cultura, alicerçado em três campos
conceituais: a produção (ou criação), fruição (ou percepção) e reflexão (ou
análise), e não mais à mera habilidade, o fazer.
A arte é uma linguagem, ou várias linguagens, que requer um entendimento
de seus códigos e signos, como a linguagem das palavras, por exemplo, do
qual é necessário conhecer, interpretar para darmos sentidos a ela. Assim
também ocorre com a arte. Por isso a importância em valorizá-la como
disciplina com conteúdos específicos, e não apenas como um eixo
norteador de interdisciplinaridade nas escolas, ou melhor, fazer cartazes
para decorar a escola em datas comemorativas ou em conclusão de
projetos. (2012, p.13)

Parte da desvalorização do ensino da arte, deve-se a adoção de práticas


tradicionais como a elaboração de cartazes e a pintura de desenhos impressos pelo
professor, que não despertam a sensibilidade do aluno frente as manifestações
artísticas tampouco permitem conhecer os fundamentos que a constituem como
ciência.
Tais práticas, infelizmente, acabam sendo comuns na rotina de docentes
que não tem a formação inicial adequada, ou seja, fizeram outro curso de
licenciatura, mas possuem 120 horas como determina a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (9394/96) e, portanto, estão “capacitados” para ensinar arte.
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O domínio dos aspectos teóricos da arte, de métodos/estratégias de ensino


e recursos a serem utilizados para a efetivação do Plano de Trabalho Docente, são
aspectos básicos da rotina docente permitem ao professor estabelecer processos de
ensino e aprendizagem abordando as múltiplas linguagens da Arte. Cotidianamente,
o professor irá estimular a capacidade dos educandos ver além do real e da vivência
criando uma série de relações pelas quais poderá expressar seus sentimentos e
perspectivas enquanto ser social.
Corroborando com estas discussões, ao descrever a importância de seu
ensino, Barbosa evidencia:

A Arte na educação como expressão pessoal e como cultura é um


importante instrumento para a identificação cultural e desenvolvimento
individual. Por meio da arte é possível desenvolver a percepção e a
imaginação apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a
capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e
desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi
analisada. (2002, p.18)

Nesse sentido, o ensino de arte emerge como um grande aliado de todos os


professores, uma vez que desperta a criatividade, sensibilidade, capacidade de
análise, comparação e senso crítico do aluno - habilidades importantes para a
aprendizagem de qualquer disciplina curricular.
Um exemplo claro disto é representado por Bourriaud (2009), ao afirmar que
a análise da obra de arte exige que o aluno exercite sua habilidade relacional,
identificando a obra e os inúmeros correspondentes e destinatários. Para isso,
deverão perceber que qualquer produção não se destina a um público universal ou
ao consumo, sendo um acontecimento que pode ser contemplado pelo espectador
por meio da constatação e da forma como utiliza seus sentidos.
Diante das concepções iniciais apresentadas nesse subitem, torna-se claro
que o ensino de arte assume grande importância frente à educação básica na
medida em que o professor trabalha suas diversas abordagens e sua construção
histórica.
Pelo fato de sua evolução acompanha a história humana e, portanto,
compreende um longo período temporal, optou-se por discutir nesse artigo apenas
especificidades da arte contemporânea que comumente não abordada de forma
critica no ensino regular.
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2.2 DESDOBRAMENTOS DA ARTE COMTEMPORÂNEA NO BRASIL

Na medida em que a sociedade passa por mudanças em suas estruturas


sociais, políticas, econômicas e conjunturais, seus reflexos se refletem também são
sentidos nas produções artísticas e na forma como são elaboradas novas
representações.
Em meio a este contexto, surge Arte Contemporânea que remonta a meados
do século XX, logo após a Segunda Guerra Mundial estendendo-se até os dias
atuais. Seus artistas se utilizam diversas técnicas, estilos e tendências para se
expressar e recriar o cotidiano, como por exemplo, o grafite, art pop, minimalismo, a
fotografia, desenhos, vídeos, o Body Art, instalação, dentre outros.
A Arte Contemporânea emerge com o objetivo de romper com moldes
artísticos tradicionais que perduraram por séculos refletindo-se em aspectos formais,
técnicas, movimentos, materiais utilizados, etc. Assume, portanto, o papel do novo
sendo marcada predominantemente pela liberdade do artista para se expressar,
tomando para si “a propensão de querer nela incluir à força as manifestações atuais
[...]”. (CAQUELIN, 2005, p.19).
Com materiais cada vez mais inusitados (luzes, materiais reciclados, matéria
orgânica, dentre outros), os artistas direcionam seu foco de interesse objetos,
conceitos e atitudes que caracterizam a sociedade moderna afastando-se de
qualquer tipo de ideologia, seja política, religiosa ou outra. A interpretação destas
obras exige uma reflexão mais aberta e crítica, que pode não ser alcançada em um
primeiro olhar porque demanda uma leitura mais aberta e refinada sobre a realidade
que nos cerca (TESCH E VERGARA, 2012).
Segundo as considerações apresentadas por Martins:

[...] cada artista e sua obra são, portanto, modelos de linguagem revelando
experiências em todas as direções. O artista a faz, de fato, porque é
sensível aos signos da arte, Por isso escolhe dizer, trazer, fazer visíveis
suas reações às coisas do mundo, no contexto do seu tempo e lugar por
meio da criação artística. (1998, p. 46).

Como resultado desse contexto criativo, sobretudo, daquele que permeia as


obras contemporâneas, nota-se que não existe uma continuidade nas obras criadas
e, que seus representantes se utilizam de diversas técnicas e formas de
7

representação que não conseguem ser definidas por conceitos pré-estabelecidos ou


por um padrão produtivo.
Mesmo com uma presença cada vez mais significativa em exposições, por
exemplo, nota-se a existência de uma relativa falta de conhecimento de alguns
profissionais sobre a Arte Contemporânea, quadro que pode ser justificado pela sua
proximidade com a Arte Moderna.
Essa nova forma de produção artística visa inicialmente romper com
predominância da estética que abrangeu distintos séculos, para a partir disso,
conseguir ilustrar a forma atual como o mundo se estrutura, pondo em discussão
aspectos relativos a própria vida e cultura que permeia o cotidiano de todos os
cidadãos independente de sua posição geográfica e/ou classe social.
Corroborando com estas discussões, Menezes discute possíveis
desdobramentos de seu ensino no espaço escolar:

A arte contemporânea, caracterizada pela experimentação, abertura,


multiplicidade de meios, processos e liberdade de experimentações, se
trabalhada nas aulas de artes não apenas como conteúdo, mas como
pensamento e princípio, ou seja, como fundamento, acarretaria novas
posturas metodológicas, práticas e propostas; novos pensamentos e visões
do professor sobre o ensinar arte – e certamente promoveria interpretações,
questões e realizações diferenciadas por parte dos alunos. (2007, p.1005).

Para o alcance de tais objetivos se faz necessário o estabelecimento de


metodologias adequadas, abordagens críticas e reflexivas sobre a Arte
Contemporânea e o papel do novo que desempenha, sendo permitido que os alunos
compreendam que as obras produzidas são marcadas predominantemente pela
liberdade do artista para se expressar incluindo nela manifestações atuais.
Devido à proximidade dessa arte em seu cotidiano, o professor pode permitir
que os educandos tenham acesso a uma diversidade de produções estabelecendo
discussões sobre seus sentidos entre outros aspectos que exigem domínio teórico e
sensibilidade. (TESCH; VERGARA, 2012).
Sua abordagem contribui para ampliar a percepção estética dos alunos de
diversas faixas etárias uma vez que as produções estão próximas do seu cotidiano
e, portanto, facilitam seu entendimento e identificação de suas singularidades
permitindo o delineamento de uma nova forma de pensar sobre sua vida, cotidiano,
valores, entre outras temáticas. Esse desdobramento da arte “[...] não tenta mais
imaginar utopias, e sim construir espaços concretos”. (BOURRIAUD, 2009, p.63).
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Entre os desdobramentos da Arte Contemporânea encontra-se a instalação


(tema de interesse desse estudo) e que é definida por Leprun (1999) como algo que
relaciona espaço e campo plástico, sendo uma forma singular de ocupação do
espaço, oriunda de uma reflexão espacial posta em perspectiva no campo plástico.
Sua abordagem se fundamenta em noções do termo instalação, inserções
das instalações nas situações de apresentação, relações entre o projeto e a
execução. O papel plástico e didático do desenho na percepção e restituição do
espaço na/da instalação é fundamental, onde o elo entre a instalação e o espaço
constitui-se sobre a duração.
Ainda, de acordo com Leprun:

[...] a prática da instalação, baseada teoricamente nas proximidades do


campo artístico, constitui um verdadeiro território de pesquisa, que
estabelece uma relação essencial entre as artes plásticas, a arquitetura e as
ciências humanas. (1999, p.21).

No local onde a instalação se insere e recebe seus visitantes, Certeau


(1994) afirma coexistir o espaço da arte e o espaço da vida no qual os artistas agem
estabelecem uma teia de relações e significados apresentados de formas táticas em
períodos únicos e, recordados posteriormente apenas por fotos e imagens captadas
pela memória.
As instalações buscam apresentar, em espaços pré-determinados, e que
também são incorporados às produções do artista para representar coisas comuns
do momento vivenciado que foram transformadas em uma obra artística que só faz
sentindo naquele espaço tempo. Paralelamente, cada instalação permite ao publico
interagir com aquilo que estão contemplando, com seus significados e experiências
do artista que a pensou.
Diante do que se tem discutido é inaceitável pensar em processos de ensino
da Arte-educação, sem que o seu aspecto contemporâneo seja considerado,
simplesmente, por que as produções caracterizam o momento atual em que os
jovens vivem, relatam seu cotidiano e, portanto, facilitam o entendimento das
poéticas emitidas pelo seu artista criador.
O trabalho com as instalações permite sensibilizar os alunos sobre a
importância da arte contemporânea, despertando a sua sensibilidade diante de uma
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obra e também seu potencial de expressão e criatividade na medida em que são


estimulados a realizar suas próprias produções.
Para isso, é fundamental que os professores se qualifiquem frente aos
conhecimentos e técnicas constitutivas da arte contemporânea, reformulem seus
métodos de ensino, currículo e abordagens, permitindo que os alunos percebam as
transformações efetivadas e ilustradas pelos seus artistas.

3 METODOLOGIA

Ao trabalhar com a Arte Contemporânea e com a instalação no ensino


fundamental II almejou-se que os alunos alvo deste estudo ampliassem seus
saberes em relação as temáticas propostas conseguindo interferir no meio em que
vive de forma crítica e reflexiva.
A efetivação de projeto envolveu 30 educandos regularmente matriculados
em uma turma de 9º ano, no período matutino, com faixa etária de 14 anos do
Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng localizado na cidade de Foz do Iguaçu.
Os recursos utilizados ao longo do processo de ensino e aprendizagem
compreenderam inicialmente os aparatos tecnológicos disponibilizados no
Laboratório de informática da escola que serviram como mecanismo de pesquisa e
apresentação sobre Arte Contemporânea, o que é uma instalação e de seus
objetivos.
A aquisição dos materiais necessários para a criação das instalações ficou a
critério dos alunos, que tiveram liberdade para pensar em suas produções bem
como a forma de articulação entre a teoria ministrada e a atividade prática que foi
desenvolvida e exposta na escola. O tema da exposição das instalações foi
"Múltiplos Olhares". Os artistas consultados como bases para a pesquisa dos alunos
foram: Henrique Oliveira; Ernesto Neto; Os Gêmeos - Gustavo e Otávio Pandolfo e
Carmela Gross.
Para aplicação do projeto, foi desenvolvido um Caderno Pedagógico que
serviu de orientação e planejamento das atividades a serem executadas. Os
conhecimentos teóricos básicos que fundamentaram as intervenções, foram
produzidos e compartilhados, de forma parcial, com a professora Marisa Safranski
Soares, porque também optou por trabalhar Arte Contemporânea no PDE e, por
pertencermos ao quadro de professores da mesma instituição de ensino.
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O trabalho projetado teve como pressuposto, a afirmação de Barbosa (2002)


na qual o êxito do trabalho docente depende diretamente do domínio dos conceitos
fundamentais da arte bem como da linguagem artística. Dessa forma, além dos
conceitos a mediados, também houve uma grande preocupação com as correlações
sobre a obra, os momentos históricos que foram produzidos, as especificidades de
seus artistas e a valorização da diversidade cultural constitutiva da arte
contemporânea.
As aulas de arte foram utilizadas para estimular os alunos a observarem as
transformações ocorridas na sociedade e consequentemente nas Artes, tendo como
foco principal a Arte Contemporânea. A apropriação desses conhecimentos permitiu
que conseguissem refletir sobre sua realidade, a produção de artistas brasileiros e
também de outros países, já que, a arte não é neutra em relação ao contexto sócio-
econômico, político e cultural em que é criada.

5 DISCUSSÃO

O projeto foi apresentado a turma e definido como nota do 2º trimestre.


Receberam o caderno pedagógico e combinou-se que até o módulo 3 deveriam
fazer as atividades e guardá-las em uma pasta para entregar no fim do trimestre. Ao
longo da confecção da instalação deveriam fazer registros em vídeo e um relatório
que também estariam anexados.
As aulas do caderno pedagógico foram extremamente proveitosas, apenas a
atividade de poesia dadaísta que demandou mais tempo e trabalho pois precisava
ser feita com recortes e colagens e os alunos não entenderam muito bem a
proposta. Foi necessário realizá-la duas vezes, mas o resultado final dos trabalhos
foi maravilhoso.
Após dos módulos 1 e 2, teve início o trabalho com as Instalações, os alunos
se dividiram em grupos de 7, por afinidades e sorteie os artistas a serem
pesquisados pelo grupo. Para a pesquisa dos artistas, realizaram em casa pois não
tínhamos tempo por causa das greves, mas apresentaram seus artistas em sala
para todos os colegas, e também o projeto da instalação.
No dia da apresentação, os alunos adoraram, pois todos que visitavam
elogiavam. Como eles mesmo falaram, professora: “nosso trabalho não ficou bom,
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ficou muito feio” e após a exposição; “ eles adoraram, acho que devia estar bom né
profe?”
Esse caderno pedagógico foi muito proveitoso para os alunos e para mim,
pois consegui o que esperava mostrar as especificidades da arte contemporânea de
uma forma que eles gostaram de aprender.
A aplicação efetiva do projeto deu-se a partir da realização de 4 atividades:
Na primeira atividade a turma foi dividida em 4 grupos. Os alunos foram levados a
sala de informática onde deveriam pesquisar sobre um artista selecionado e a partir
disso, criar seu projeto de Instalação, tendo como parâmetro o artista escolhido e o
tema “Múltiplos Olhares”. A segunda atividade permitiu a apresentação do projeto
de cada grupo, para os colegas e a justificativa da escolha. A terceira atividade
envolveu o preparo dos materiais e discussões sobre a apresentação da Instalação.
A quarta atividade baseou-se na montagem da Instalação e exposição para os
professores, alunos e comunidade escolar. Na parte final do projeto, todos os
passos registrados, o processo e a conclusão das atividades foram apresentados
pelos colegas.
Para ilustrar a produção final dos alunos, inseriram-se as figuras abaixo:

FIGURA 01 Instalações produzidas pelos alunos do 9º ano.


Fonte: Acervo da autora, 2015.
6. RESULTADOS
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A construção da prática docente proposta nesse estudo se fundamentou na


associação entre ensino-pesquisa em sala de aula, possibilitando aos educandos o
acesso a distintas fontes e linguagens relativas aos temas ou assuntos trabalhados.
Estes se relacionaram com o universo amplo ou particular de diferentes sujeitos
sociais situados nos mais variados contextos sociais, permitindo ao aluno se
perceber como sujeito social e construtor do conhecimento.
As atividades tiveram como objetivo o desenvolvimento de competências e
habilidades, que por sua vez, possibilitaram a concretização dos objetivos propostos
frente aos conteúdos curriculares trabalhados. Para isso, foram utilizadas
metodologias que estimularam à pesquisa, à experimentação e a resolução de
problemas, havendo a construção e reconstrução dos conhecimentos de 30 alunos
de 9º ano matriculados no Colégio Estadual Jorge Schimmelpfeng, em Foz do
Iguaçu – Pr.
Entre passos importantes dados para a efetivação deste estudo, citam-se:
apresentação do tema do projeto de estudo para os alunos e, as consequentes
orientações sobre a organização das atividades. Foram desenvolvidas ao longo
desse estudo, atividades práticas, explanação teórica, pesquisa e da discussão em
sala com os colegas.
No laboratório de informática, os alunos realizaram atividades de pesquisa
em sites, vídeos sobre o assunto em pauta, criações artísticas, interferência no
espaço do colégio e criação de uma instalação e culminou com uma exposição para
a comunidade escolar

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões teóricas apresentadas nesse estudo contribuíram para


compreender que a arte é uma linguagem que acompanhou o desenvolvimento da
humanidade e, gradualmente, foi incorporada escolas, estilos e movimentos que
contribuíram para sua constituição como ciência.
No âmbito educacional, encontra-se presente na educação básica oferecida
em instituições públicas e privadas no país há séculos, embora apenas com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação 5.692/71 inseriu-se definitivamente no currículo
com o nome de Educação Artística.
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Entre os inúmeros problemas enfrentados no país e, que infelizmente,


contribuem para a redução da importância da arte, encontra-se a falta de
profissionais habilitados adequadamente em cursos de licenciatura, permitindo o
desenvolvimento de um ensino mais critico e reflexivo.
Como resultado disso, muitos profissionais se utilizam de técnicas
tradicionais como a produção de cartolinas, pintura em folhas já impressas
lembrando datas comemorativas, entre outras práticas que não contribuem para ao
aprofundamento da expressão artística.
Portanto, a ampliação da qualidade de ensino, não apenas de arte mas de
todas as disciplinas curriculares, exige uma formação adequada do professor, que
far-se-á de forma inicial em cursos de licenciatura e, posteriormente na educação
continuada em especializações e/ou outras atividades que discutam a arte e sua
evolução ao longo da história.
Em decorrência da carência de profissionais habilidades adequadamente em
Foz do Iguaçu, após anos observando o pouco contato dos alunos em relação ao
conhecimento de Arte contemporânea, ao participar do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE/2014 optou-se por discutir sobre essa temática
possibilitando que os alunos produzissem uma instalação.
Entre as diversas intervenções efetivadas encontra-se a elaboração de um
Caderno Pedagógico que serviu como subsídio para as aulas de Arte desenvolvidas
e, que será disponibilizado posteriormente para outros professores consultarem e
desenvolver suas intervenções, adaptando-as sempre que necessário a realidade de
suas escolas e educandos.
Ao longo da execução do projeto de intervenção foi possível utilizar as aulas
de arte para estimular os alunos a observarem as transformações ocorridas na
sociedade e consequentemente nas Artes, sobretudo, na Arte Contemporânea que
se reflete diretamente em sua realidade.
Para que os educandos do 9º ano vivenciassem um de seus
desdobramentos, foi proposta como parte da avaliação bimestral a elaboração e
apresentação de uma Instalação. No inicio da apresentação, mostravam-se
inseguros sem ter certeza se o trabalho estava bom, contudo, diante dos diversos
elogios recebidos, motivaram-se e ficaram muito satisfeitos o resultado do trabalho
proposto.
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Em virtude dos resultados obtidos, sugiro que outros professores de arte


trabalham com os seus desdobramentos contemporâneos, e acima disso,
incentivem os alunos a produzirem e a perceber o quanto ela é comum em nosso
cotidiano, despertando sua sensibilidade e criatividade.

REFERÊNCIAS

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