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ENSINANDO

ARTE: RUMO AO
IMPREVISTO

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ENSINANDO ARTE: RUMO AO IMPREVISTO

A interferência do professor na produção do aluno deve ter


o objetivo de incentivar práticas de investigação, instigar e
estimular questões que auxiliam a reflexão sobre o objeto.
PEREIRA

INTRODUÇÃO

Nesta Unidade, estaremos trabalhando alguns aspetos


relevantes que o professor de artes poderá adotar.Grande
responsável pelo estímulo ao desenvolvimento da criatividade
de seus alunos, o professor tem um árduo caminho a percorrer.

3.1 Arte e seu Ensino - A Mediação

Refletindo sobre o trabalho como ensino de Arte,


questiono: como o professor realiza suas propostas de trabalho?
Quais metodologia adota? Como o aluno se vê mediante tais
apresentações? Qual é o trato dado ao ensino da arte?De
que maneira ele vivência a sua construção do conhecimento?
Consegue mediar ?

Quando pensamos na formação do professor de Arte,


várias são as questões que podem ser problematizadas além da
já anunciadas. Há uma multiplicação de caminhos que levam
os professores a desenvolver trabalhos de Arte-Educação.
Há a necessidade de teoria e prática. O professor precisa ter
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oportunidade de discutir com seus colegas questões pertinentes
à educação, trocando ideias, buscando soluções, levantando
angústias, dúvidas. Além da formação básica inicial, necessita da
formação contínua. Como estratégia entendemos a necessidade
da participação em eventos, congressos, jornadas, seminários
e tantos outros encontros em que a categoria profissional terá
a oportunidade de assumir. Exemplificando , na Figura 05, 06
em que os professores se reúnem para o estudo e palestras.Na
Figura 07, professores e a prática artística, em busca dos saberes
de técnicas e da poética artística.

Figura 5 – Professores em momento de estudo.

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Figura 6 – Professores em palestras.

Figura 7 – Professores vivenciando práticas artísticas.

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Estes momentos citados, servem para a reflexão para
o arte-educador, mediador entre arte e aluno, em busca de um
ensino aprendizagem significativo. Caso as propostas artísticas
não sejam elaboradas significativamente,como consequência , a
Arte passa a ser vista como algo distante, não direcionada para
o público escolar, criam-se barreiras. Barbosa (1998), salienta
que “uma das funções da arte-educação é fazer a mediação entre
a arte e o público” (BARBOSA,1998, p.18). Mas o público se
ressente, acredita que a produção artística não pertence a sua
condição social, sente medo de entrar em museus, galerias, pois
não lhe é confortável tal ambiente, não entende as linguagens
ali apresentadas. Comenta a autora com olhar crítico, que “os
museus são lugares para a educação concreta sobre a herança
cultural que deveria pertencer a todos, não somente a uma classe
econômica e social privilegiada” (BARBOSA, 1998,p.19).

Figura 8 - Alunos do Normal Superior – UEMS


Visitação - MARCO

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Sobre estas barreiras em relação ao objeto artístico,
concordo com Bellochio (2004), quando discute sobre o
professor dos anos iniciais de escolarização e a educação
musical escolar e suas práticas, “é necessário, principalmente,
tomar a Arte como uma linguagem cultural que é construída e
representa o conhecimento de determinado grupo de indivíduos,
situados historicamente” (BELLOCHIO,2004, p. 121), com o
direito de todos ao acesso do saber, em diálogo com as diversas
manifestações artísticas.

Sem ter claro o seu papel de mediador cultural, muitas


vezes o professor acaba se distanciando dos objetos artísticos.
Esta situação é evidenciada na Figura 08, em que acadêmicos
de curso de licenciatura, apreciam obras no Marco (Museu de
Arte Contemporânea). Muitos dos participantes afirmaram ser a
primeira visita a um espaço cultural. Olhares de estranhamento,
de dúvidas se o objeto apreciado é ou não arte. Se o professor
não está em constante contato com obras e artistas, como fará a
mediação?

Cabe ao professor a mediação, a ponte de ligação entre


os saberes artísticos e o seu aluno, auxiliando na elaboração de
conceitos, apontando caminhos, provocando novas descobertas. Na
Figura 09, registramos um momento em que o arte-educador, em
contato com seus alunos, apresenta caminhos, estimulando assim, o
desenvolvimento do processo criador, a percepção e a sensibilidades.

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Figura 9 – Arte-educador orientando alunos.

Para mediar, é necessário de conhecimentos artísticos,


passa, pelo conhecimento em arte, em suas múltiplas linguagens.
A formação inicial de professores de artes é um tópico
extraordinário na área da educação, e que transpassa para uma
reflexão profunda e ampla do seu currículo formal, proposto
pelo sistema educacional vigente. Abrange suas disciplinas
básicas e complementares que compõem a sua habilitação nas
licenciaturas específicas. A formação é um crescer contínuo que
percorre todo o caminho profissional. Não se esgota e sempre
renova. A cada descoberta, um novo caminhar, uma nova
relação desperta.

Saber bem arte e saber bem ser educador em arte, não


é uma tarefa fácil. Segundo Barbosa (1991), o ensino da arte
no Brasil só agora, e muito lentamente, se vem libertando do
acirrado preconceito com o qual a cultura brasileira o cercou
durante quase 150 anos que sucederam à sua implantação.
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A preocupação de como a arte é concebida e ensinada,
está presente em vários estudos sobre arte-educação. Quais
propostas são apresentadas? Acredita-se que e a educação
deveria prestar maior atenção a leitura visual, ao discurso
visual,proporcionando um currículo que faça interação às
culturas diversas, em que a participação do professor mediador
é fundamental para o desenvolvimento cognitivo do educando.
A Arte-educação possibilita a preparação do público para
a Arte, fazendo a mediação entre a arte e o público, em que
“Uma proposta clara feita pelo professor impulsiona o processo
criativo dos alunos.” (PEREIRA,2007, p.14).

3.2 Percorrendo Caminhos Investigativos:


Proposta Metodológica

A professora e pesquisadora Mirian Celeste Martins,


ressalta a importância de se preparar para uma viagem, mesmo
que seja para a visita a um museu. Professores, alunos, todos com
atitudes que investiga, de curiosidade, com uma imprescindível
bagagem de propostas. Uma vez que:

Visitar um museu ou espaço cultural pode ter o mesmo


sabor de uma viagem a um novo território. Mesmo para
que já o conhece, penetrar em suas obras e histórias cria a
oportunidade de novos encontros estéticos, seja porque
frequentemente o acervo exposto passa por mudanças
devido à preservação das obras, seja porque é sempre
possível ter novos insights e experiências aos ver as mesmas
obras ou objetos. É o mesmo que acontece na leitura de um
livro já lido.(MARTINS , 2005, p.12).
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É enorme a emoção de estar em frente a um trabalho
original.Olhares curiosos, investigativos, relações estabelecidas
rumo ao imprevisto. Na Figura 10, exemplificamos com
alunos de uma escola pública, apreciando produções artísticas,
sob a orientação de um arte-educador. Para este trabalho, foi
organizado uma Mostra de Artes dentro do próprio espaço
escolar, oportunizado que alunos e comunidade escolar
apreciassem trabalhos artísticos, rompendo com o preconceito
que a arte é destinada a um determinado público em que a
comunidade não pertence.

Na ocasião, buscou-se colocar na bagagem cultural dos


alunos e comunidade, estímulos para apreciação de trabalhos
artísticos, contato com obras e artistas, mundo de possibilidades,
ampliando a visão de mundo.

Figura. 10 - Crianças de escola pública apreciando trabalhos artísticos.

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Outro exemplo de apreciação artística, podemos
verificar na Figura 11, em que crianças da Ed. Infantil, visitam
um espaço cultural. A postura do professor é a de quem leva a
um passeio, a um mundo de descobertas. Uma viagem planejada,
organizada , rumo ao despertar de emoções.

Figura 11. Crianças da Ed. Infantil, visitando um espaço cultural.

No entanto, nem sempre dispomos de espaços


culturais com faço acesso e com estímulo a visitação de escolas.
Nem sempre a Arte Pública, encontradas em museus, espaços
culturais,monumentos, é valorizada como um patrimônio cultural.
É preciso encontrar soluções para o encontro com a obra artística.
Uma sugestão, é o professor estimular que os alunos tenham
olhos curiosos e atentos para as novas descobertas.

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Entrar em um museu ou instituo cultural sabendo o que
expõe não garante que possamos aproveitar a visita para
ampliar nossos conhecimentos. As informações são,
importantes, quer sejam dadas por leitura, pesquisa ou pelo
monitor ou mediador, mas o importante é também nosso
olhar/corpo singular, o encontro entre nossas referências
pessoais e sociais como o que nossos olhos vêem, com o
que nossos ouvidos ouvem, com que o nosso corpo sente
(MARTINS , 2005, p.14).

Na Figura 12, apresentamos outro grupo de alunos do


Ensino Fundamental, de uma escola rural do interior do Estado
de Mato Grosso do Sul, visitando a capital Campo Grande,
conhecendo um espaço cultural. Na ocasião, a arte-educadora
contextualizava as produções ali apresentadas.

Figura 12 - Espaço Cultural Morada dos Bais.

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